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2ª FASE OAB – Direito Penal – Professor Rogério Cury 2ª FASE OAB – DIREITO PENAL Professor: Rogério Cury Aula nº 04 MATERIAL DE APOIO - MONITORIA Índice I – Anotações da Aula II - Lousas I – Anotações da Aula Queixa-crime Definição: A queixa-crime é a petição inicial da ação penal de iniciativa privada. Por outro lado, a denúncia é a petição inicial da ação penal pública. Legitimidade: o ofendido, a vítima do crime, por intermédio do seu advogado. Caso a vítima não tenha capacidade, será representada pelo seu representante legal. No caso de vítima que morreu ou está ausente, terá legitimidade para oferecer a queixa- crime o Cônjuge, companheiro, ascendente, descendente ou irmão – C.C.A.D.I. Embora não conste da Lei (art. 31 do CPP), a jurisprudência admite a legitimidade do companheiro. Espécies de ação penal privada: o Ação penal privada exclusiva/principal: A ação penal privada exclusiva é a regra entre os crimes de ação penal de iniciativa privada, com exceção do art. 236 do CP, que é de ação penal privada personalíssima. Ex.: em regra, os crimes contra a honra são de ação penal de iniciativa privada e quando são de ação penal privada, são de ação penal privada exclusiva/principal – art. 145 do CP. O crime de dano (art. 163 do CP) contra o patrimônio privado, haverá ação penal de iniciativa privada (art. 167 do CP). Na ação penal exclusiva, o prazo para oferecer a queixa-crime é de 6 meses (art. 28 do CPP e art. 103 do CP), contado do conhecimento da autoria delitiva. Trata-se de prazo decadencial e a sua inobservância gera a extinção da punibilidade, nos termos do art. 107, IV, do CP. Na contagem do prazo de 6 meses, inclui-se o dia do início e exclui-se o dia do fim. Exemplo: conhecimento da autoria delitiva no dia 10/11/2014. O último dia será 09/05/2015 – último dia do prazo. A contagem é feita nos termos do art. 10 do CP. o Ação penal privada personalíssima: há um único crime – o crime do art. 236 do CP (induzimento a erro essencial ou ocultação de impedimento para o casamento). A queixa-crime só pode ser oferecida pelo contraente/cônjuge enganado. Não pode ser oferecida pelo representante legal ou pelo C.C.A.D.I. Ninguém, em hipótese alguma, poderá substituir o cônjuge enganado.

Queixa Crime

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    2 FASE OAB DIREITO PENAL Professor: Rogrio Cury Aula n 04

    MATERIAL DE APOIO - MONITORIA ndice I Anotaes da Aula II - Lousas I Anotaes da Aula

    Queixa-crime

    Definio: A queixa-crime a petio inicial da ao penal de iniciativa privada. Por outro lado, a denncia a petio inicial da ao penal pblica.

    Legitimidade: o ofendido, a vtima do crime, por intermdio do seu advogado. Caso a vtima no tenha capacidade, ser representada pelo seu representante legal. No caso de vtima que morreu ou est ausente, ter legitimidade para oferecer a queixa-crime o Cnjuge, companheiro, ascendente, descendente ou irmo C.C.A.D.I. Embora no conste da Lei (art. 31 do CPP), a jurisprudncia admite a legitimidade do companheiro.

    Espcies de ao penal privada:

    o Ao penal privada exclusiva/principal: A ao penal privada exclusiva a regra entre os crimes de ao penal de iniciativa privada, com exceo do art. 236 do CP, que de ao penal privada personalssima. Ex.: em regra, os crimes contra a honra so de ao penal de iniciativa privada e quando so de ao penal privada, so de ao penal privada exclusiva/principal art. 145 do CP. O crime de dano (art. 163 do CP) contra o patrimnio privado, haver ao penal de iniciativa privada (art. 167 do CP). Na ao penal exclusiva, o prazo para oferecer a queixa-crime de 6 meses (art. 28 do CPP e art. 103 do CP), contado do conhecimento da autoria delitiva. Trata-se de prazo decadencial e a sua inobservncia gera a extino da punibilidade, nos termos do art. 107, IV, do CP. Na contagem do prazo de 6 meses, inclui-se o dia do incio e exclui-se o dia do fim. Exemplo: conhecimento da autoria delitiva no dia 10/11/2014. O ltimo dia ser 09/05/2015 ltimo dia do prazo. A contagem feita nos termos do art. 10 do CP.

    o Ao penal privada personalssima: h um nico crime o crime do art. 236 do CP (induzimento a erro essencial ou ocultao de impedimento para o casamento). A queixa-crime s pode ser oferecida pelo contraente/cnjuge enganado. No pode ser oferecida pelo representante legal ou pelo C.C.A.D.I. Ningum, em hiptese alguma, poder substituir o cnjuge enganado.

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    O prazo para oferecimento tambm ser de 6 meses, iniciando-se a contagem do transito em julgado da sentena anulatria do casamento, desde que o contraente enganado, na data do transito em julgado, j tenha completado 18 anos.

    o Ao penal privada subsidiria da pblica: trata de um crime que, originariamente era crime de ao penal pblica. Em regra, o prazo para oferecimento de denncia vem previsto no art. 46 do CPP:

    Preso: 5 dias; Solto: 15 dias.

    Dentro do prazo para oferecimento de denncia, o MP poder:

    Oferecer denncia; Requerer o arquivamento; Requerer novas diligncias.

    Se o MP ficar inerte, surge para a vtima a possibilidade de oferecer a queixa-crime subsidiria. O prazo para oferecimento de queixa-crime de 6 meses. Ex.: acusado solto, o prazo para oferecimento de denncia 15 dias. O MP ficou inerte, deixando de oferecer denncia, requerer arquivamento ou requerer novas diligncias. O 16 dia o primeiro dia do prazo de 6 meses para o oferecimento da queixa-crime subsidiria da ao penal privada subsidiria da pblica.

    Ao privada Exclusiva e personalssima: queixa-crime; Ao privada Subsidiria da pblica: queixa-crime subsidiria.

    Pea nica. Possui algumas divises: Endereamento; Prembulo da pea; Fatos; Direito; Pedido.

    Endereamento: 1 instncia. Excelentssimo Senhor Doutor Juiz

    - de direito / Federal - da Vara Criminal/Vara do Jri/Juizado Especial Criminal/Juizado de Violncia Domstica e Famlia contra a mulher - da Comarca de / Subseco / subseo Judiciria de Prembulo: - qualificao do ofendido (querelante):

    Nacionalidade; Estado civil; Profisso; RG/CPF; Endereo

    - Oferecer Queixa-crime / queixa crime subsidiria;

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    - Previso Legal: Queixa-crime: art. 100, 2, do CP, artigos 30, 41 e 44 do CPP. Queixa-crime subsidiria: art. 5, LIX, da CF, art. 100, 3, do CP, artigos 29, 41 e

    44 do CPP. - Procurao especfica / procurao com poderes especiais em anexo; - qualificao do querelado/autor do crime:

    Nacionalidade; Estado civil; Profisso; RG/CPF; Endereo

    Fatos.

    - Incio / meio / fim. - Narrao objetiva. - pargrafos de at 5/6 linhas. - no repetir palavras ou frases dentro do mesmo pargrafo. - No discutir o mrito da causa. Direito. - Acusao. - autoria/participao. - materialidade delitiva. - dolo / culpa (negligncia, imprudncia, impercia). - Mostrar: tipo penal imputado ao indivduo. - causa de aumento de pena; - qualificadora. Obs.: concurso de crimes. Pedido. - recebimento da queixa-crime / queixa-crime subsidiria. - Citao do querelado. - seja processado e ao final condenado nas penas do(s) artigo(s). - Intimao e oitiva das testemunhas cujo rol segue abaixo. - Fixao de valor mnimo de indenizao pelos prejuzos sofridos pelo querelante, nos termos do artigo 387, IV, do CPP.

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    Caso Prtico: Caio, no dia 03 de junho de 2014 (02/12/2014), sabendo que o fato era falso, mediante o uso de twitter, portanto em ambiente pblico, disse a Tcio (que leu a mensagem) que Mvio havia praticado crime de furto contra a Lotrica Estrela, em data de 20 maio do mesmo ano. Mvio teve conhecimento de tal imputao, no mesmo dia que a mensagem foi postada na rede social em questo. CALNIA (ART. 138, CP). CAUSA DE AUMENTO DE PENA ART. 141, III, CP. No dia seguinte (04/06/2014 03/12/2014), Caio encontrou Mvio e com a inteno de ofender-lhe disse voc um sujeito desonesto e trapaceiro. INJRIA (ART. 141, CP). Tal fato foi presenciado por Mria. Por sua vez, Mvio se sentiu ofendido com as condutas praticadas por Caio. Questo: Com base somente nas informaes constantes no caso acima, elabore pea processual, exclusiva de advogado, tendo em vista que Mvio, em data de 01/12/2014 procurou seu escritrio e pediu que ingressasse com a medida judicial cabvel. H processo? No. Eliminadas todas as peas durante o processo (ex. Resposta acusao, memoriais) H sentena? No. Eliminados os recursos. H trnsito em julgado? No. Eliminadas as peas em fase de execuo penal e reviso criminal. Momento: antes do processo. PEA QUEIXA-CRIME 2 crimes - calnia e injria. Concurso de crimes. Caio duas condutas / dois crimes (no previstos no mesmo artigo. Logo, no so da mesma espcie) Concurso material art. 69, CP penas somadas. Calnia pena mxima 2 anos 1/3 Injria pena mxima 6 meses Causa aumento calnia 1/3

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    EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ..., ESTADO DE ... MVIO, nacionalidade ..., estado civil ..., profisso ..., portador do RG n ... e do CPF n ..., residente e domiciliado sito Rua ..., na cidade de ..., vem, respeitosamente presena de Vossa Excelncia, por intermdio de seu advogado que esta subscreve (procurao com poderes especiais em anexo), oferecer QUEIXA-CRIME, com fundamento no artigo 100, 2 do Cdigo Penal, artigos 30, 41 e 44 do Cdigo de Processo Penal, contra CAIO, nacionalidade ..., estado civil ..., profisso ..., portador do RG n ... e do CPF n ..., residente e domiciliado sito Rua ..., na cidade de ..., pelos fatos e fundamentos a seguir expostos. DOS FATOS: - incio / meio / fim - pargrafos at 5/6 linhas - objetiva - no discutir teses - no repetir palavras DO DIREITO: Em data de 03 de junho do corrente, o Querelado, sabendo que era falsa a imputao, postou em rede social notcia de que o Querelante havia praticado furto contra a Lotrica Estrela, em data de 20 de maio. Tal publicao foi lida pela testemunha abaixo arrolada, Tcio. O Querelante, no mesmo dia, tambm tomou conhecimento da imputao falsa de fato definido como crime contra a sua pessoa. No caso, resta evidente a autoria delitiva, inclusive corroborada por prova testemunhal, quer dizer que Caio, praticou o fato em questo e, com efeito, seu autor. Ademais, no que tange a materialidade, tambm inequvoca, seja pela postagem, bem como pela prova testemunhal. Vale ainda ressaltar, a ao dolosa por parte do Querelado, pois imputou falsamente fato definido como crime ao Querelante, ou seja, agiu com vontade livre e consciente em atingir a honra objetiva da vtima, logrando xito em seu intento. Desta feita, a conduta do agente se adequa perfeitamente ao crime de calnia, figura tpica prevista no artigo 138 do Cdigo Penal. No obstante, vale frisar que o delito foi praticado por meio de rede social, local que, sem dvida, facilita a divulgao do crime em

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    tela, devendo ser aplicada a causa de aumento de pena constante do inciso III do artigo 141 do Cdigo Penal. No bastasse o crime praticado no dia 03/06/2014, no dia seguinte, o Querelado encontrou o ora Querelante e com a evidente vontade de ofender-lhe a honra subjetiva, disse voc um sujeito desonesto e trapaceiro. Tal fato, foi testemunha pela Sra Mria. Deste modo, resta inequvoca a autoria e materialidade delito, alm do dolo em atacar a honra interna da vtima, fato que configura a prtica do delito de injria, previsto no artigo 140 do Cdigo Penal. No caso em pauta, o Querelado, mediante pluralidade de condutas praticou uma pluralidade de crimes, quais sejam, calnia e injria. Desta feita, h concurso de crimes, na modalidade concurso material, regido pelo artigo 69 do Cdigo Penal, que prev, como consequncia, que em caso de condenao as penas de todos os crimes sejam somadas, o que deve ocorrer no caso em apreo. DOS PEDIDOS: Por tudo quanto foi exposto e inequivocamente demonstrado, requer: a O recebimento da presente Queixa-Crime; b A citao do Querelado para vir ao processo se defender das acusaes que lhe so formuladas; c Que seja processado e ao final condenado nas penas dos artigos 138 c.c 141, III e 140, todos conforme o artigo 69 do Cdigo Penal; d Manifestao do Ministrio Pblico; e A intimao e oitiva das testemunhas, cujo rol segue abaixo; f Por derradeiro a fixao de valor mnimo de indenizao pelos prejuzos sofridos pela vtima em razo das condutas criminosas, nos termos do artigo 387, IV do Cdigo de Processo Penal. Termos em que, Pede deferimento. Local e data. ADVOGADO OAB n ... ROL DE TESTEMUNHAS:

    1. TCIO (qualificao); 2. MRIA (qualificao);

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    PROCURAO COM PODERES ESPECIAIS MVIO, nacionalidade ..., estado civil ..., profisso ..., portador do RG n ... e do CPF n ..., residente e domiciliado sito Rua ..., na cidade de ..., nomeia e constitui seu advogado e procurador o Dr ..., nacionalidade ..., estado civil ..., advogado, inscrito nos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil, Seo de ..., sob o n ..., com escritrio profissional sito Rua ...., na cidade de ..., a quem confere poderes especficos para oferecer Queixa-Crime contra CAIO, nacionalidade ..., estado civil ..., profisso ..., portador do RG n ... e do CPF n ..., residente e domiciliado sito Rua ..., na cidade de ..., pelos seguintes fatos: (BREVE RELATO DOS FATOS UM PARGRAFO 5/6/7 LINHAS). Local e data MVIO II Lousas

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