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Quem foi Michel Foucault? Michel Foucault (pronúncia francesa:AFI: [miʃɛl fuko]); Poitiers, 15 de outubro de 1926Paris, 25 de junho de 1984) foi um filósofo, historiador das ideias, teórico social,filólogo e crítico literário. Suas teorias abordam a relação entre poder e conhecimentoe como eles são usados como uma forma de controle social por meio de instituições sociais. Embora muitas vezes seja citado como um pós- estruturalista e pós-modernista, Foucault acabou rejeitando essas etiquetas, preferindo classificar seu pensamento como uma história crítica da modernidade. Seu pensamento foi muito influente tanto para grupos acadêmicos, quanto para ativistas. [1] https://pt.wikipedia.org/wiki/Michel_Foucault

Quem Foi Michel Foucault

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Trabalho sobre Michel Foucault

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Quem foi Michel Foucault?

Michel Foucault (pronúncia francesa:AFI: [miʃɛl fuko]); Poitiers, 15 de

outubro de 1926— Paris, 25 de junho de 1984) foi um filósofo, historiador das ideias, teórico

social,filólogo e crítico literário. Suas teorias abordam a relação

entre poder e conhecimentoe como eles são usados como uma forma de controle social por

meio de instituições sociais. Embora muitas vezes seja citado como um pós-

estruturalista e pós-modernista, Foucault acabou rejeitando essas etiquetas, preferindo

classificar seu pensamento como uma história crítica da modernidade. Seu pensamento foi

muito influente tanto para grupos acadêmicos, quanto para ativistas.[1]

https://pt.wikipedia.org/wiki/Michel_Foucault

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Há trinta anos, em junho de 1984, morria em Paris Michel Foucault. Um pensador

do século XX que inventou certo modo radical de pensar, que atravessa este

início de século: suas reflexões permanecem fundamentais para os movimentos

de contestação política e social; para todos aqueles que desejam “saber como e

até onde seria possível pensar de modo diferente”.

Foucault participou teórica e praticamente dos movimento sociais que

poderíamos chamar de vanguarda de seu tempo, sobretudo durante as décadas

de sessenta e setenta: a luta antimanicomial (sua experiência num hospital

psiquiátrico foi uma das motivações que o levou a escrever História da Loucura);

as revoltas nos presídios franceses (junto com Gilles Deleuze criou o GIP –

Grupo de Informação sobre as Prisões, que buscava dar voz aos presos e às

outras pessoas diretamente envolvidas no sistema prisional; com base nessa

experiência escreveu Vigiar e Punir); o movimento gay (uma das motivações

para sua História da Sexualidade).

O pensador francês também escreveu artigos para jornais e revistas no calor da

hora sobre acontecimentos importantes, deu conferências e entrevistas em

diversos países, inclusive no Brasil. Contrapunha seu papel de intelectual ao

“intelectual universal”, isto é, uma espécie de líder que pensa pelas massas e as

dirige para a “verdadeira” luta. O filósofo via a si mesmo como um “intelectual

específico”, aquele que em domínios precisos contribui para determinadas lutas

em curso no presente. Parafraseando Deleuze, Foucault foi o primeiro a ensinar

a indignidade de falar pelos outros.

Ele dizia que suas pesquisas nasciam de problemas que o inquietavam na

atualidade: evidências que poderiam ser destruídas se soubéssemos como

foram produzidas historicamente; por isso fez da ontologia (o estudo do ser, um

modo de reflexão geralmente desligado da realidade histórica, uma vez que

busca princípios – as ideias, para Platão; o cogito, para Descartes; o sujeito

transcendental, para Kant – que antecedem e, por assim dizer, fundam a história)

uma reflexão em cujo cerne está o presente e, portanto, a investigação histórica.

Através de estudos transdisciplinares (e não entre disciplinas, pois trata-se de

colocar em questão os limites entre elas), Foucault deu forma a uma crítica

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filosófica que recorre sobretudo à pesquisa histórica, para questionar as

maneiras pelas quais certas verdades e seus efeitos práticos vieram a se formar

e se estabelecer no presente.

Questionava assim os sistemas de exclusão criados pelo Ocidende quando do

início da época moderna (na cronologia de Foucault, desde fins do século XVIII):

- o saber médico e psiquiátrico – a patologização e a medicalização como formas

modernas de dominação sobre seres economica e socialmente inconvenientes,

os loucos;

- o nascimento das ciências humanas e da filosofia moderna como saberes que

atestam a invenção do conceito de homem, transformando o ser humano, ao

mesmo tempo, em sujeito do conhecimento e objeto de saber: o grande dogma

da modernidade filosófica;

- a prisão e outras instituições de confinamento (tais como a escola, a fábrica, o

quartel) não como um avanço nos sentimentos morais e humanitários, mas como

mudança de estratégia do poder, que visa o disciplinamento e a docilização dos

corpos;

- a sexualidade como dispositivo histórico de objetivação (o indivíduo como

objeto de saber e ponto de aplicação de disciplinas) e subjetivação (o modo

segundo o qual o sujeito se reconhece enquanto tal) do corpo, através dos quais

se implica uma verdade essencial do homem. Não deixa de ser notável o fato de

o Ocidente ter inventado um ritual singular segundo o qual algumas pessoas

alugam os ouvidos de outras (os psicanalistas) para falarem de seu sexo.

Às suas pesquisas, ele chamou ontologias do presente: um modo de reflexão,

segundo Foucault iniciado por Kant, em que está em jogo o vínculo entre

filosofia, história e atualidade. A tarefa de pensar o hoje como diferença na

história. Mas se a questão para Kant era a de saber quais limites o conhecimento

deve respeitar (os limites da razão), em Foucault a questão se converte no

problema de saber quais limites podemos questionar e transgredir na atualidade,

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isto é, “dizer o que existe, fazendo-o aparecer como podendo não ser como ele

é” (2008, p. 325).

Nesse sentido, o filósofo procurava dar visibilidade às partes ocultas que formam

o presente e os fragmentos de narrativas que nos constituem lá mesmo onde

não há mais identidade, onde o “eu” se encontra fracionado pela história plural

que o engendrou. De modo que esse questionamento histórico-filosófico não nos

conduz à reafirmação de nossas certezas, de nossas instituições e sistemas,

mas ao afastamento crítico dessas instâncias e de si próprio como exercício ético

e político. Como indica Deleuze (1992, p. 119): “a história, segundo Foucault,

nos cerca e nos delimita; não diz o que somos, mas aquilo de que estamos em

vias de diferir; não estabelece nossa identidade, mas a dissipa em proveito do

outro que somos”.

A história (não a narrativa histórica ou a escrita da história, mas as condições de

existência dos homens no decorrer do tempo, que lhes escapa à consciência),

não é da ordem da necessidade; ela diz respeito à liberdade, à invenção;

pertence à ordem mais da casualidade do que da causalidade; é feita mais de

rupturas e violência do que de continuidades conciliadoras. Esse modo de

conceber a história se opõe à imagem tranquila que a narrativa histórica

tradicional criou: a história do homem como a manifestação de um progresso

inevitável – o lento processo de realização de uma utopia –, que seria alcançado

após o iluminismo pela aplicação dos métodos racionais. Como se a ciência, o

pensamento e a vida estivessem continuamente mais próximos de verdades que

aos poucos são reveladas como o destino final do homem.

Se os estudos de Foucault mostram que os seres humanos não dominam os

acontecimentos que constituem o solo de suas experiências, eles atestam ao

mesmo tempo que, no espaço limitado do presente, as pessoas dispõem da

possibilidade de questionar o que muitas narrativas apresentam como

necessário, assim como as formas de poder e dominação que se pretendem

absolutas.

Os procedimentos de Foucault postulam, tal como Nietzsche descobrira no final

do século XIX, que é possível fazer uma história de tudo aquilo que nos cerca e

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nos parece essencial e sem história – os sentimentos, a moral, a verdade etc.

Essa descoberta indica que, mesmo esses elementos aparentemente universais

ou imunes à passagem do tempo, se dão como contingências históricas, como

coisas que foram criadas em um dado momento, em circunstâncias precisas.

Trata-se, assim, para Foucault, de pensar a história de determinadas

problematizações: a história de como certas coisas se tornam problemas para o

pensamento, dignas de serem pensadas por um ou outro domínio do saber e,

através de formas de racionalização específicas, verdades são fabricadas. De

maneira que suas pesquisas mostram que nossas evidências são frágeis e

nossas verdades, recentes e provisórias.

Textos citados:

FOUCAULT, Michel. Estruturalismo e Pós-estruturalismo 1983. Ditos e Escritos

II, Arqueologia das Ciências e História dos Sistemas de Pensamento, Trad. Elisa

Monteiro, Rio de Janeiro: Forense, 2008.

DELEUZE Gilles. A vida como obra de arte, Conversações. Ed. 34, Rio de

Janeiro, 1992.

Link para o filme “Foucault por ele

mesmo”:https://www.youtube.com/watch?v=Xkn31sjh4To

http://www.cartacapital.com.br/blogs/outras-palavras/para-compreender-michael-foucault-

9711.html