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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Bruna Aguiar
Emerson Barão Rodrigues Soldado
QUEM QUER SER PROFESSOR? VISÃO DOS FORMANDOS DE UM
CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS.
São Paulo
2009
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Bruna Aguiar
Emerson Barão Rodrigues Soldado
QUEM QUER SER PROFESSOR? VISÃO DOS FORMANDOS DE UM
CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
na Universidade Presbiteriana Mackenzie
como requisito parcial à obtenção do grau de
Licenciado em Ciências Biológicas.
ORIENTADORA: Profa. Dra. Rosana dos Santos Jordão
São Paulo
2009
AGRADECIMENTOS
Agradecemos à Universidade Presbiteriana Mackenzie por nos propiciar a
elaboração deste trabalho.
Agradecemos, especialmente, à professora Prof. Dra. Rosana dos Santos
Jordão, não apenas por sua dedicação, prestatividade e empenho em orientar este
trabalho, mas também por ter feito parte de importantes momentos de nossa
formação acadêmica e da nossa personalidade, assim como o Prof. Dr. Adriano
Monteiro de Castro que nos acompanha desde os primeiros momentos de nossa
graduação. Agradecemos da mesma maneira, à Professora Msa. Magda Medhat
Pechliye por sua importante participação na construção de nossas concepções e no
aprimoramento de nossas técnicas de escrita, além de suas orientações e auxílio
para a elaboração desse trabalho.
Agradecemos especialmente aos nossos colegas de classe por terem,
gentilmente, respondido ao nosso questionário com seriedade e disposição.
Finalmente, mas não menos importante, agradecemos a Deus, que nos deu
força e sabedoria para a conclusão desta importante etapa de nossas vidas, bem
como a nossos pais e irmãos que constituem a base familiar e que sempre nos
apoiaram e orgulharam-se de nossas buscas e estudos. Julgamos que, sem estas
pessoas, o presente trabalho e nossa graduação não seria possível.
Ninguém nega o valor da educação e que um bom professor é
imprescindível. Mas, ainda que desejem bons professores para
seus filhos, poucos pais desejam que seus filhos sejam
professores. Isso nos mostra o reconhecimento que o trabalho de
educar é duro, difícil e necessário, mas que permitimos que
esses profissionais continuem sendo desvalorizados. Apesar de
mal remunerados, com baixo prestígio social e responsabilizados
pelo fracasso da educação, grande parte resiste e continua
apaixonada pelo seu trabalho.
(Paulo Freire)
RESUMO
Neste trabalho abordamos a desvalorização da profissão docente no Brasil. O
objetivo era caracterizar e analisar a preferência profissional de formandos de
licenciatura do curso de Ciências Biológicas da Universidade Presbiteriana
Mackenzie. Buscamos, ainda, identificar a presença de sentimentos de aversão na
fala dos licenciandos desse curso e fazer inferências sobre as conseqüências destes
aspectos. A coleta de dados foi feita por meio de um questionário, respondido por
um grupo de 33 alunos. A partir dos dados coletados, criamos cinco perfis que
caracterizavam as tendências identificadas no grupo. Constatamos que os
estudantes analisados, em linhas gerais, possuem outras preferências profissionais,
que não a docência e houve um sentimento de que esta profissão é por eles
considerada como uma segunda opção. Averiguamos, também, a presença de
desprestígio à docência arraigado em algumas falas. Pudemos, a partir dessas falas
inferir possíveis conseqüências para a educação e para o prestigio social da
profissão.
Palavras-chave: Preferência Profissional; Desvalorização Docente; Desprestigio do
Professor.
Abstract
In this present paper we talk about the discredit of the teaching career. Our goal is to
characterize and analyze the professional preference of the graduates form
Biology form Mackenzie University. Therefore, we try to identify the presence of
negative feelings towards the teaching career in the speech of the teachers to be and
also to talk about the consequences of these aspects. We collected our data by
making a questionnaire which was answered by a group of 33 students. 5 profiles
were created to characterize the group. The analyzed students have other
professional wishes than the teaching career, and we may say that they see this job
only as a second choice. We also discovered the presence of discredit to the
teaching career rooted in some statements. Therefore, we can from these
statements, infer possible consequences for the education system and the social
prestige of the profession.
Key words- Professional preference; teacher´s devaluation, discredit to the teaching
career
Lista de gráficos
Gráfico 1 Motivos para a escolha da Licenciatura.........................27
Gráfico 2 Principal razão pela escolha da licenciatura..................27
Gráfico 3 Escolha da oportunidade de emprego...........................28
Gráfico 4 Distribuição dos perfis....................................................29
Lista de Tabelas
Tabela 1. Categorização dos principais motivos que levaram os sujeitos a cursarem a licenciatura.
20
Tabela 2.. Sentimentos dos formandos em relação à atuação docente na escola básica
21
Tabela 3. Justificativas dos sentimentos apresentados pelos sujeitos em relação à sua atuação
docente na escola básica. 21
Tabela 4. Razões que dão suporte às escolhas profissionais dos licenciandos.
23
Tabela 5. Dados categorizados de todos os sujeitos, separando-os em perfis.
25
Tabela 6. Principais razões para cursar a licenciatura, apresentadas pelos sujeitos do perfil 1.
30
Tabela 7. Sentimentos e justificativas dos sujeitos do perfil 1 em relação à possibilidade de atuação
docente na escola básica. 31
Tabela 8. Razões pela escolha do trabalho como biólogo, dadas pelos sujeitos do perfil 1.
32
Tabela 9. Principais razões para cursar a licenciatura, apresentadas pelos sujeitos do perfil 2..
33
Tabela 10 . Sentimentos e respectivas justificativas dos sujeitos do perfil 2 em relação à possibilidade de atuação docente na escola básica. 33
Tabela 11. Razões pela escolha do trabalho de biólogo dadas pelos sujeitos do perfil 2
34
Tabela 12. Principais razões de cursar licenciatura apresentadas pelos sujeitos do perfil 3
35
Tabela 13. Sentimentos e respectivas justificativas dos sujeitos do perfil 3 em relação à
possibilidade de atuação docente na escola básica. 35
Tabela 14. . Razões pela escolha do trabalho como professor, dadas pelos sujeitos do perfil 3
36
Tabela 15. Principais motivos que levaram os sujeitos do perfil 4 a cursarem licenciatura
37
Tabela 16. Sentimentos e respectivas justificativas dos sujeitos do perfil 4 em relação à
possibilidade de atuação docente na escola básica 37
Tabela 17. Principais motivos que levaram os sujeitos do perfil 5 a cursarem licenciatura
38
Tabela 18. Sentimentos e respectivas justificativas dos sujeitos do perfil 5 em relação à
possibilidade de atuação docente na escola básica. . 38
Tabela 19. Razões apresentadas pelos sujeitos do perfil 5 em relação a escolha profissional
39
Sumário
1. Introdução 8
2. Fundamentação Teórica
2.1 Professor: histórico e formação, as raízes da desvalorização 11
2.2 A aversão à profissão docente 14
3. Procedimentos metodológicos 18
4. Resultados 20
Perfil 1 30
Perfil 2 33
Perfil 3 35
Perfil 4 37
Perfil 5 38
5. Análise 40
6. Considerações finais 48
7. Referencias Bibliográficas. 49
Apêndice A - Questionário Aplicado 51
Apêndice B - Descrição dos Sujeitos 53
Apêndice C - Questionários respondidos 59
8
1. Introdução
Atualmente, muito se tem discutido sobre a educação, que é apontada como
o principal meio de se promover o desenvolvimento sócio-econômico de um país.
Devido a isso, muitas políticas públicas vêm sendo voltadas para esse setor, bem
como investimentos e estudos teóricos.
Paradoxalmente, o professor, que exerce um dos principais papéis no atual
processo educacional, vem sofrendo um contínuo desprestígio social e financeiro.
Com isso, muitos docentes desmotivados pelo não reconhecimento de seu
importante ofício, têm diminuído seu empenho nas salas de aula e até mesmo
migrado para outras profissões.
Além dessa desmotivação, a desvalorização da profissão vem criando uma
aversão muito grande em relação a ela, impedindo vários jovens de ingressarem na
docência. Muitos dos que ingressam sofrem um repúdio da sociedade e são vistos
como um desperdício de potencial.
Isto vem de encontro com o grande esforço e empenho que alguns
estudantes, futuros professores, têm com a sua licenciatura. Apesar de serem vistas
por alguns como um curso fácil, as licenciaturas demandam grande dedicação, pois,
além de exigirem o domínio teórico dos conteúdos curriculares, demandam uma
grande carga horária de estágios supervisionados obrigatórios, além de leituras
diversas, produções de projetos e relatórios.
Outras dificuldades encontradas pelos graduandos são de cunho pessoal,
como as privações para financiar seus estudos, a locomoção até as universidades e
o tempo reduzido para conciliar as atividades escolares com suas demais
obrigações. Apesar de todos esses esforços, o desprestígio social, não só da
profissão, mas também dos estudantes, é cada vez maior na sociedade brasileira,
fazendo com que muitos cheguem a desistir tanto da profissão, quanto dos estudos.
Isso leva a uma falta de mão de obra qualificada e ao ingresso na docência
de pessoas despreparadas, as quais muitas vezes têm um baixo desempenho e
contribuem para um aumento dos estereótipos criados acerca dos professores.
Dentre esses estereótipos, o mais marcante é o relacionado à remuneração.
De certa forma, faz parte do senso comum afirmar que professor recebe baixos
salários. Tal idéia foi reforçada pelo censo realizado pelo INEP em 2007, segundo o
9
qual, o salário de professores formados no Brasil é em média de R$ 900,00,
equivalente ao de ofícios de pessoas que não possuem nível superior.
Apesar de vários trabalhos já terem sido publicados sobre essa temática,
poucas mudanças efetivas na sociedade foram alcançadas. Embora haja
reconhecimento social sobre a importância do professor na vida dos cidadãos,
quando alguém opta for fazer um curso de licenciatura, essa atitude é mal vista pela
maioria das pessoas.
A desvalorização da profissão faz com que os professores migrem da área da
educação para outros campos profissionais e, também, os acabam levando a não se
empenharem ao máximo na sala de aula o que, por sua vez, traz danos muitas
vezes catastróficos ao sistema de ensino.
Devido a esses e outros motivos, a profissão docente apresenta uma
profunda ambigüidade: é de extrema importância e, ao mesmo tempo, bastante
desprestigiada. Isso demonstra certa hipocrisia em relação à educação, pois apesar
de ser tão utilizada como pretexto em campanhas políticas e considerada o único
meio de se elevar o status da nação, é amplamente desvalorizada pela sociedade.
Apenas com uma visão coerente entre todos os setores da educação e com o
reconhecimento de seus devidos merecimentos, a educação poderá atingir
patamares satisfatórios e condizentes com seus importantes objetivos.
Nós, na condição de estudantes e futuros professores, sentimo-nos
incomodados e desafiados a estudar essa problemática, pois estamos inseridos
nessa realidade e percebemos a situação de decadência em que a profissão
docente se encontra.
Nessa direção, o tema geral do nosso trabalho é a desvalorização da
profissão docente no Brasil, que está amplamente disseminada nos diversos setores
da sociedade, incluindo a população sem formação até os acadêmicos e,
principalmente, os próprios professores.
Nossa meta era caracterizar e analisar a preferência profissional de
formandos de licenciatura do curso de Ciências Biológicas da Universidade
Presbiteriana Mackenzie. Buscamos, ainda, identificar a presença de sentimentos de
aversão na fala dos licenciandos desse curso e fazer inferências sobre as
conseqüências destes aspectos.
10
O texto se encontra organizado em uma breve introdução sobre nosso tema,
seguida pelo referencial teórico. Nele, apresentamos autores que fazem um histórico
da profissão e tratam da problemática de sua desvalorização. Posteriormente,
explicamos nossa metodologia de pesquisa, com detalhes sobre as estratégias de
coleta e análise dos dados. A parte de resultados vem logo em seguida,
contemplando a apresentação de gráficos e tabelas, construídos a partir das
respostas do questionário que foi aplicado aos sujeitos investigados, além da
descrição desses sujeitos, que foram agrupados em cinco perfis. Por fim, na análise
procuramos interpretar nossos dados à luz do nosso referencial teórico.
11
2. Fundamentação Teórica
2.1 Professores: histórico e formação, as raízes da desvalorização.
Um dos trabalhos modernos mais humanizantes que podemos encontrar é o
de professor, pois pressupõe o ensino da cultura. Apesar do ensino estar presente
desde os primórdios da sociedade, a profissão de professor como conhecemos hoje
deriva de uma origem religiosa. Isto provém de um processo de catequização, ou
seja, está intimamente associado aos ensinos da doutrina religiosa. Segundo Nóvoa
(1995, p.15), isto fez com que a profissão docente constituísse uma “ocupação
secundária de religiosos”, ou seja, desenvolveu-se de forma não especializada. Na
segunda metade do século XVIII, na Europa, houve uma substituição desses
professores religiosos por professores laicos, porém isso não significou grandes
mudanças nos princípios originais da profissão, isto é, o professor ainda era visto
como um padre (NÓVOA, 1995). Adorno (2006) concorda com essa afirmação ao
citar que os professores são herdeiros dos monges escribas. Ambos autores
relacionam essa origem com uma visão da profissão como algo sacerdotal, ainda
hoje disseminada na população.
Além desse passado primordial da profissão, o ensino sempre esteve, de
certa forma, ligado a instituições religiosas. Triviños (1998) ressalta que as primeiras
instituições de ensino da América Latina estavam ligadas a Igreja Católica
Franciscana. No Brasil, o rei incentivava a criação de escolas para que a elite
aprendesse os conteúdos religiosos e isso possibilitou que se abrissem novas
instituições de ensino. Para poder lecionar nessas instituições, era necessário obter
uma licença do Estado, que era concedida através de um exame específico que
avaliava habilidades na escrita, na aritmética e principalmente aspectos morais e
religiosos. Provavelmente esse tipo de avaliação derivou do pensamento europeu.
Isso porque, de acordo com Nóvoa (1995), no final do século XVIII só era permitido
ensinar com uma autorização do Estado, que era concedida após um exame que
analisava inúmeras facetas, tais como idade e moral.
Ainda no Brasil Imperial, de acordo com Oliveira (1994), a formação de
professores acontecia nas chamadas “Escolas Normais”, e a primeira foi fundada em
1830. Aranha (1998) cita que nessa época, foi realizada uma ementa à Constituição
12
de 1834. Nela havia uma reforma que descentralizava o ensino, atribuindo à Coroa a
função de promover e regulamentar o ensino superior, enquanto os estados são
destinados à escola elementar e secundária.
Com a Proclamação da República em 1889, a precariedade do sistema de
ensino foi percebida pelas autoridades responsáveis e o ensino passou para o poder
da Federação, além disso, decidiram realizar reformas, pois com 80% da população
analfabeta e alienada, os objetivos da República, isto é, o voto e a participação do
cidadão na política, não poderiam ser alcançados. Sendo assim, ficou estabelecido
que deveria haver uma qualificação mais eficiente dos professores, com métodos
adequados. Essas reformas incluíram a adesão de disciplinas com conhecimentos
científicos, deixando visível a preocupação de formar professores com bases no
estudo das ciências naturais (OLIVEIRA,1994). Aranha (1998) destaca a
precariedade da situação do ensino nas Escolas Normais naquela época. Para essa
autora, o descaso pelo preparo e formação do professor faz sentido numa sociedade
não comprometida com a prioridade da educação.
Esse descaso com a formação dos professores é exemplificado por Oliveira
(1994) ao citar que a crise na área da educação, a desmotivação dos professores, a
insatisfação profissional vêm crescendo a cada dia mais e desde 1956, de acordo
com essa autora, as Escolas Normais brasileiras, estavam desprestigiadas
socialmente devido ao baixo salário dos professores e também pela falta de planos
de estudos para a formação dos futuros docentes. Segundo ela, os professores não
se sentiam motivados pelo sucesso do ensino, já que os mesmos se percebiam
dentro de um sistema que não valorizava seu trabalho.
A partir do século XX, houve aumento na procura pela mão de obra feminina,
em decorrência da expansão do sistema educacional brasileiro e também porque
havia falta de profissionais na área (LEON, 2009). Algumas formas de se atrair a
mão-de-obra feminina para o magistério, basearam-se no conceito de vocação.
Assim as mulheres escolhiam profissões desvalorizadas, pois eram as classificadas
como adequadas ao seu sexo (SCHAFFATH, 2000). Outro aspecto importante
mencionado por Schaffath (2000) era a possibilidade oferecida pela docência à
conciliação do trabalho fora de casa com os afazeres domésticos. Os horários na
escola não impossibilitavam a tarefa de cuidar da casa e da família e, por esse
motivo, o magistério foi uma opção profissional acolhida pelas mulheres.
13
Esta tendência a feminização é algo que prejudica, de certa forma, a
educação. Segundo Fernandéz (1998), essa característica repele o ingresso dos
homens na profissão. Assim, além da possível perda de potenciais bons
professores, a diversidade de sexos propiciaria aos alunos uma melhor vivência com
diferentes pontos de vista, o que contribuiria para uma melhor formação.
Outra questão que favorece a desvalorização da profissão é a não formação
específica de muitos professores atuantes. Apesar disso, a LDB de 1996, em seu
artigo 62, nos diz que a formação de professores deve ser em nível superior, nos
cursos de licenciatura. Para Triviños (1998) essa medida foi uma forma de amenizar
os problemas quanto à formação dos professores. Apesar dessa tentativa, o autor
afirma que a ausência de formação em nível superior, de muitos professores,
contribui para a desvalorização social do docente, pois sem a exigência de formação
superior, a profissão não é vista como algo sério ou importante. O mesmo autor
afirma que no Brasil existem aproximadamente 125 mil professores de ensino
fundamental sem nenhum tipo de formação e que, se fosse possível formar todos os
professores em universidades, teríamos um aumento no prestígio básico da
profissão. Esses dados, apresentados em 1998, ainda são uma realidade
atualmente, pois, segundo senso do INEP realizado em 2007, apenas 65% do
professorado brasileiro tem formação específica. Tal fato contribui, portanto, para a
desvalorização da profissão. É fundamental não esquecer das atuais condições de
trabalho na área da educação brasileira quando falamos de formação dos
professores, destacando os baixos salários e a precariedade do trabalho escolar.
(PEREIRA,1999).
Novas políticas para se melhorar a formação são caracterizadas pela
determinação da exigência do cursos de licenciatura, como consta na LDB de 1996.
Porém, de acordo com Nóvoa (1995), não adianta existirem locais exclusivos para a
formação de professores, se tais locais favorecem a entrada de indivíduos que
jamais pensaram em seguir a carreia docente e que não se realizam nessa
profissão. Essa afirmação pode ser usada para combater os cursos que oferecem
dupla graduação, isto é, diplomam simultaneamente o bacharel e o licenciado.
Apesar de investimentos em mudanças na formação e na clara tendência na
profissionalização do ofício, podemos notar que não existe uma solução milagrosa
para a questão da desvalorização da profissão docente. Porém, alguns problemas
14
poderiam ser minimizados se a profissão fosse melhor remunerada, já que quando a
profissão é valorizada monetariamente, a procura pela mesma aumenta e,
teoricamente, haveria uma melhora no processo de formação (LIBÂNEO, 2000).
2.2 A aversão à profissão docente
Abordar todos os fatores que englobam a desvalorização docente seria algo
extremamente complexo, pois alguns deles são intrínsecos ao subconsciente, como
citou Guerra (2008). Além disso, há os fatores externos ao sujeito como as más
condições de trabalho, baixas remunerações e a feminização.
Dentre estes fatores, a baixa remuneração é um dos principais elementos
para a desvalorização do professor. Segundo Triviños (1998), os salários dos
professores são precários desde o nascimento da profissão. A remuneração, nesses
primórdios era feita pelo Estado, apenas como forma de suplementação de um outro
emprego, já que a profissão era vista como secundária e altruísta e de cunho
filantrópico (NÓVOA, 1995 e SAVATER, 2000).
Nessa condição de filantropia, demandava uma mão de obra que não
buscasse grandes salários (SAVATER, 2000). Sendo assim, esse ofício foi sendo
paulatinamente designado às mulheres, uma vez que os homens já haviam migrado
para outros setores. Num círculo vicioso, o trabalho feminino era considerado
inferior, o que justificava os baixos salários.
Schaffath (2000) disserta que no início, a profissão docente era masculina.
Porém, aos poucos, por se sentirem desprestigiados, os homens começaram a
migrar para outros setores de trabalho, estimulados pela urbanização e pelo
movimento econômico gerado, principalmente, pelo comércio do café, sobretudo em
São Paulo. Além dessa migração dos docentes masculinos para outras áreas, outro
fator importante que possibilitou a entrada das mulheres na docência foi a Lei de 15
de Outubro de 1827, que legalizou as primeiras escolas para o sexo feminino no
Brasil. Como as turmas eram de sexos separados e apenas mulheres poderiam
lecionar para o sexo feminino, foram admitidas as primeiras professoras e, assim,
teve início o processo de feminização da profissão de professor (SCHAFFATH,
2000).
15
Apesar de existir um senso comum de que a feminização é um dos principais
fatores da desvalorização e dos baixos salários, Triviños (1998) afirma que culpá-la
totalmente pela desvalorização da profissão é não buscar as verdadeiras causas
para este fato. Para ele, a miserabilidade dos salários dos professores não têm
relação direta com a feminização, já que outras profissões possuem grande
contingente de mulheres e não são tão desvalorizadas. Esta visão da docência
como uma profissão “de fome”, segundo Adorno (2006, p.99) é decorrente de um
estereótipo criado ao longo do tempo.
Atualmente, o professor brasileiro ganha cerca de R$ 796,00, segundo dados
do INEP (2009), sendo que os com formação específica, de nível superior, recebem
em média R$ 900,00 reais. Dessa forma, o estereótipo citado por Adorno (2006) se
faz uma realidade na sociedade brasileira, tendo em vista que, mesmo com a
exigência do nível superior, muitos professores ganham menos do que ofícios que
exigem somente a educação básica.
Apesar deste fato, devemos destacar que a aversão à profissão docente não
se explica somente pela questão salarial e que ela não é restrita ao Brasil e nem à
atual época em que vivemos. Adorno (2006), já levantava hipóteses para explicar
essa aversão em 1969, no continente Europeu. Então quais seriam os demais
fatores para a desvalorização da docência?
O próprio Adorno, pioneiro e influente crítico da cultura de massas, fez uma
alusão à massificação do ensino, principalmente após a Revolução Industrial. Mafra
(2008) afirma que houve a proletarização da profissão docente, comparando o
professor a um operário que apenas aperta um parafuso, que não detém poder
algum sobre o que produz, sendo apenas um reprodutor de algo. Adorno (2006)
exalta algumas atitudes dos professores que favorecem esta visão. As aulas
expositivas dogmáticas aumentam o desprestígio do professor, pois criam uma visão
de que este é o senhor do saber e subestimam toda a capacidade dos alunos,
fazendo com que estes elaborem, ao longo do tempo, uma visão corrompida da
profissão docente. Sendo assim, este tipo de aula torna-se semelhante ao “apertar
parafusos” citado por Mafra (2008 p. 26).
Outro aspecto citado por esse autor, que favorece esta visão da
profissão, diz respeito aos livros didáticos. O autor afirma que estes vêm assumindo
a regência nas aulas e que os o professores apenas seguem suas ordens, assim
16
como um operário perante um manual. Para ele, tais atitudes favorecem a alienação.
Apenas se reproduz uma aula, não se levando em conta a individualidade e a
trajetória do professor, o que melhoraria a visão dos alunos sobre a aula e a
profissão. Estas atitudes são justificadas por Adorno (2006, p. 103) ao dizer que a
“máquina educativa dispensa atitudes humanas”. Ou seja, a massificação, cada vez
mais, produz professores operários, meros reprodutores. Adorno (2006) diz que os
professores não devem sufocar suas reações afetivas. Ao admitirem que possam
ser injustos e são passíveis de cometer erros, eles tornando mais justa suas inter-
relações pessoais, amenizando assim, a proletarização do ensino.
Não devemos, entretanto, colocar toda a culpa do desprestígio social desta
profissão nas atitudes dos professores. É evidente que este fato está permeado de
outros fatores, amplamente arraigados na sociedade. Como quando um aluno de um
curso de dupla graduação (como ciências biológicas, química ou física, por exemplo)
diz que está cursando também a licenciatura, algumas pessoas se surpreendem e
fazem certos comentários como: “Mas, você vai ser professor?”. Esta frase, com tom
de surpresa e desaprovação expressa diretamente o estereótipo e a aversão à
profissão de professor que grande parte da sociedade possui.
Há de se deixar claro que esta aversão não diz respeito exclusivamente às
pessoas que estão fora das licenciaturas. Uma parcela considerável de graduandos
e, até mesmo de professores formados, tem repúdio à profissão que exercem ou
irão exercer. Adorno (2006) exemplifica isto ao descrever que muito dos formandos
que ele pôde acompanhar sentiam uma grande aversão à docência e que esta
opção de trabalho se caracterizava por uma imposição, por falta de outras
alternativas. Nessa mesma direção, Libâneo (2000) afirma que os estudantes
procuram os cursos de licenciatura como última opção. Nóvoa (1995) exemplifica
que isso pode levar ao sentimento de uma simples passagem pelo ensino, que
muitos profissionais trabalham como professores, enquanto esperam por algo
melhor. Porém, muitas vezes acabam trabalhando nessa profissão por muitos anos,
sem ter a menor disposição para isto.
Corroborando essas afirmações, Lapo e Bueno (2003) realizaram uma
pesquisa com inúmeros professores da rede pública de ensino, que abandonaram o
magistério. Constataram que todos os sujeitos analisados não queriam ser
professores e entraram na profissão por falta de alternativas, como algo passageiro.
17
Apesar disso, muitos lecionaram por mais de uma década e desempenharam um
papel questionável como educadores.
Mafra (1998) elucida essa problemática e divide os docentes em exercício em
duas categorias: os professores por opção, que se tornam cada vez mais raros e
outros por falta de opção, a grande maioria. Para Nóvoa (1995), isso pode acarretar
em algumas conseqüências como: a desmotivação e a insatisfação pessoal e
profissional e o abandono da profissão. Essa condição coloca em xeque a
competência e a qualidade desses profissionais e causa uma autodepreciação
dentro da própria profissão. Libâneo (2000) nos diz que, com a desvalorização do
docente, o abandono da sala de aula em busca de outro trabalho é uma
conseqüência inevitável.
O preconceito com a própria profissão é amplamente sentido nos professores.
Adorno (2006) exemplifica isso ao citar os anúncios matrimoniais, nos quais a
maioria dos docentes não explicita a sua profissão, enquanto médicos, engenheiros,
advogados e etc. sempre destacam seu ofício. Evidente que isto tem relação com
visão do restante da sociedade, porém demonstra o estereótipo criado pela própria
classe profissional. Uma estatística interessante sobre fatos como estes, é
apresentada por Amiel (1980) apud Jesus (2000). Nesse estudo, 50% dos
professores entrevistados, todos em exercício da profissão, não aconselhariam seus
filhos a optarem por essa carreira.
Evidentemente, esse descontentamento dos próprios professores com seu
ofício possui uma relação direta com o seu status perante a sociedade, suas
condições de trabalho e de remuneração. Mas, por outro lado, essa visão contribui
para que sua profissão sofra ainda mais desprestígio, já que os próprios
profissionais não a valorizam.
As más condições de trabalho, os salários baixos, a jornada de trabalho de
muitas horas e a inexistência de planos de carreia agem como desestímulo nos
estudantes de licenciatura, quando os mesmos pensam em seguir a carreia docente
pelo resto da vida, além de servir como uma desmotivação dos atuais professores
para buscar uma melhora na vida profissional (PEREIRA, 1999).
18
3. Procedimentos metodológicos:
Com o intuito de caracterizar e analisar a preferência profissional de
formandos de licenciatura, selecionamos uma turma de formandos do curso de
Licenciatura da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
A escolha desta universidade, entre inúmeras outras possibilidades, se pauta
no fato de seu curso de Ciências Biológicas ser considerado uma referência
nacional, tendo obtido o conceito máximo no Exame Nacional de Desempenho dos
Estudantes (ENADE), realizado pelo INEP em 2008. Esse fato torna-se relevante,
pois os formandos desse curso tendem a ter uma boa aceitação no mercado de
trabalho e, portanto, desempenharão um papel na construção social da imagem do
professor.
Entre os estudantes dessa universidade, os que estão mais próximos de
desempenhar o papel de professor e, assim, de participar da construção social da
profissão, são os do grupo de formandos da modalidade Licenciatura. Esses
compreendem os estudantes do sexto semestre que cursam a dupla graduação.
Vale lembrar que na universidade em questão, há um único vestibular e os alunos,
ao terminarem o primeiro semestre, podem optar ou não por cursar a licenciatura.
Para se coletar os dados desse grupo foram utilizados questionários.
Segundo Pádua (1998), estes instrumentos são adequados para a quantificação dos
resultados, pois possuem questões padronizadas, facilitando o agrupamento das
respostas. A mesma autora explica que a utilização de perguntas abertas nesses
instrumentos pode ser feita com intuito de se atingir um determinado objetivo.
Assim, a fim de obtermos não apenas uma quantificação, mas também uma
caracterização dos sujeitos, optamos pelo uso de questões abertas no questionário.
Primeiramente, construímos instrumentos que foram aplicados como pilotos, pois,
segundo Pádua (1998), a realização de pré-testes é importante para se verificar a
viabilidade e clareza das perguntas, o tempo para as respostas e outros fatores.
Após os pré-testes, elaboramos o questionário definitivo (apêndice A). Este
continha quatro questões abertas que deveriam ser preenchidas à caneta. A
primeira questão era para mencionar e justificar as três principais razões que
levaram a pessoa a cursar licenciatura. O objetivo dessa questão era saber o porquê
que a pessoa escolheu cursar licenciatura. Buscávamos identificar se exercer a
19
docência era uma das três razões apontadas pelos sujeitos. A segunda questão
exigia dos licenciandos que colocassem em ordem de importância as razões
mencionadas na pergunta anterior. Com isso, era esperado poder saber qual razão
foi a determinante para o sujeito de pesquisa cursar licenciatura. A terceira pergunta
do questionário pedia que os sujeitos completassem a seguinte frase “quando me
imagino atuando como professor da escola básica, eu me sinto....” e que
justificassem seus sentimentos. A última questão colocava os sujeitos da pesquisa
em uma situação hipotética. Eles estariam formados, sendo bacharéis e licenciados,
e receberiam duas propostas de emprego com salários parecidos e condições de
trabalho semelhantes. Uma proposta era para ser professor na escola básica e a
outra era para atuar como biólogo em uma determinada instituição. Com essa
questão, era esperado captar a real preferência profissional dos sujeitos
investigados.
A aplicação desse questionário aconteceu em um determinado momento de
aula, cedido gentilmente por uma professora, de uma disciplina da licenciatura. Essa
disciplina é própria do último semestre do curso e possuía 36 alunos matriculados.
No momento da aplicação havia 33 alunos, os quais se tornaram os sujeitos desta
pesquisa.
Os dados obtidos por esses questionários foram lidos e relidos atentamente,
buscando-se uma primeira aproximação com as idéias neles apresentadas.
Posteriormente, as respostas dos indivíduos foram categorizadas a fim de se realizar
agrupamentos entre as semelhantes, facilitando uma tabulação e a análise
quantitativa geral. Esta categorização foi feita como é sugerido por Szymaski (2008).
Posteriormente, os sujeitos foram agrupados em perfis a partir das semelhanças
entre suas respostas.
Esses perfis foram construídos a partir das principais justificativas e
sentimentos apresentados pelos sujeitos constituintes. Para isso, foram utilizadas as
categorias criadas e trechos de falas encontradas nas respostas.
Todos esses dados coletados, desde os estatísticos gerais, os perfis criados
e as falas transcritas foram caracterizados e analisados com base no referencial
teórico e assim pudemos fazer inferências relativas às preferências profissionais do
grupo estudado.
20
4. Resultados:
Como explicado anteriormente, a partir das respostas dos questionários
respondidos pelos alunos (apêndice C), foi realizada uma categorização das
mesmas a partir da construção de uma tabela, na qual as falas apresentadas
foram interpretadas e agrupadas em categorias por semelhança. Para cada uma
das questões foi utilizada uma tabela que, a título de exemplificação das
interpretações realizadas, serão apresentadas subseqüentemente.
Primeiramente, foram categorizadas as respostas dadas à principal razão
apontada pelos sujeitos para a escolha pela licenciatura.
Tabela 1. Categorização dos principais motivos que levaram os sujeitos a cursarem a licenciatura.
Categorização do principal motivo pela escolha da licenciatura.
Depoimento Explicitação dos significados CATEGORIA
Sujeito 33. “*Principal razão] foi como financiamento do mestrado”
Vemos que esse sujeito pretende atuar como docente para possuir um salário fixo, enquanto faz seu mestrado.
Empregabilidade
Sujeito 19. “O emprego de professor é fácil de achar, logo fiz licenciatura como seguro desemprego”
Aqui vemos que a profissão docente é vista como uma maneira mais rápida de se arrumar um emprego.
Empregabilidade.
Sujeito 16. “*Fiz licenciatura], pois [nesse campo] existem mais opções de trabalho.”
Aqui a profissão docente é encarada como uma maneira de se garantir um salário fixo e arrumar um emprego.
Empregabilidade.
Sujeito 24. “Ganhei bolsa de 100% em licenciatura, e por isso decidi fazer”
Aqui vemos que o sujeito apenas fez licenciatura por possuir bolsa na universidade.
Bolsa.
Sujeito 11. “Tenho bolsa integral e não ia desperdiçar/deixar de fazer licenciatura ‘de graça’”.
Aqui vemos que o sujeito cursou licenciatura por ter bolsa.
Bolsa.
Sujeito 2. “O Mack oferece os dois cursos então não custava fazer”
Aqui vemos que o sujeito cursou licenciatura pelo fato da universidade oferecer o curso.
Por estar na grade curricular.
Sujeito 13 “Como o curso abrangia a licenciatura também decidi fazê-la”
Nessa fala vemos que o sujeito cursou licenciatura porque o curso era oferecido junto com bacharelado.
Por estar na grade curricular..
Sujeito 12. “ Ter um currículo mais completo”
Aqui vemos que o sujeito fez licenciatura para ter as 2 graduações.
Para ter 2 diplomas.
Sujeito 25. “Mais um diploma garantindo um futuro melhor foi a razão inicial [de cursar licenciatura].
A preocupação de ter os dois diplomas (licenciatura e bacharel) é evidente.
Para ter 2 diplomas.
Sujeito 28 “ A razão de cursar licenciatura é a razão de cursar biologia”
Vemos que, esse sujeito fez biologia com intenção de dar aulas.
Desejo de ser professor.
Sujeito 26 “Decidi fazer biologia para dar aula, sempre me vi como professor”.
Aqui vemos que esse sujeito cursou licenciatura com desejo claro de ser professor.
Desejo de ser professor.
Sujeito 29 “Sempre tive por ideologia trabalhar em algo que pudesse fazer a diferença, e a área da
Esse sujeito nos conta em sua fala, que espera fazer mudanças na sociedade com base na educação.
Ideologia.
21
educação me oferece essa possibilidade”
Sujeito 18. “*Cursei licenciatura, pois] sou interessado pela área da educação”.
Vemos aqui que esse sujeito cursou licenciatura, pois, quer aprender mais sobre a área da educação.
Aprendizagem.
Sujeito 9. “*Existe] a necessidade de ser licenciado para ministrar aula na universidade”.
Vemos, nessa fala, que o sujeito mostra a relação entre ser licenciado e dar aulas na universidade.
Para lecionar em universidades.
Os sentimentos expressos pelos sujeitos perante a atuação docente foram
considerados literalmente como apareceram no questionário. Aqueles expressos em
uma forma de frase, sem uma palavra específica na fala, foram por nós
interpretados conforme mostra a tabela a seguir:
Tabela 2. Sentimentos dos formandos em relação à atuação docente na escola básica.
Categorização dos sentimentos diante da atuação docente.
Depoimento Explicitação dos significados CATEGORIA
Sujeito 3 “Mais responsável para formar novos alunos” porque “hoje percebo a importância de certos temas que antes não sabia tão bem.”
Apresenta maior confiança diante da atuação docente
Confiante
Sujeito 12 “Como se tivesse uma grande responsabilidade nas minhas mãos”
A responsabilidade da profissão docente
Com uma grande responsabilidade
Sujeito 13 “Responsável por contribuir com uma aprendizagem real dos alunos”
A responsabilidade da profissão docente
Com uma grande responsabilidade
As razões que subsidiam esses sentimentos também foram interpretadas,
conforme mostra a tabela a seguir:
Tabela 3. Justificativas dos sentimentos apresentados pelos sujeitos em relação à sua atuação docente na escola básica.
Categorização das justificativas para os sentimentos diante da atuação docente.
Depoimento Explicitação dos significados CATEGORIA
Sujeito 1 “Acho que é uma profissão de imensa responsabilidade e quanto mais eu estudo sobre educação,mais noção eu tenho da profissão e com mais medo fico.”
Percebe a grande responsabilidade e
importância de ser professor
Devido à importância da
profissão docente.
Sujeito 6 “Não sei se daria conta de uma profissão tão importante e difícil quanto essa. Minha incapacidade pode refletir em muitas gerações futuras.”
Percebe a grande responsabilidade e
importância de ser professor
Devido à importância da
profissão docente.
Sujeito 9 “É uma área que necessita de muito
Percebe a grande responsabilidade e Devido à importância da
22
mais preparação por se tratar da formação de jovens, e que cada momento poderá (ou não) refletir muito nos alunos.”
importância de ser professor profissão docente.
Sujeito 2 “Não me sinto capaz para lidar com uma turma de crianças ou adolescentes, de controlá-los.”
Não se sente confiante para desempenhar o papel de professor
Não possui as qualidades para ser professor
Sujeito 14 “Sinto que não seria uma boa professora e que não me sentiria segura”
Não se sente confiante para desempenhar o papel de professor
Não possui as qualidades para ser professor
Sujeito 3 “Hoje percebo a importância de certos temas que antes não sabia tão bem o que eram”
Apresenta maior confiança com a prática docente
Teve a formação necessária
Sujeito 4 “Não me sinto preparada para dar aula em um futuro próximo.”
Não possui o preparo suficiente A formação inicial não foi efetiva
Sujeito 5 “Na teoria é uma coisa e na pratica é totalmente diferente e o curso de licenciatura não me prepara a prática.”
A formação não propiciou o preparo suficiente
A formação inicial não foi efetiva
Sujeito 7 “Eu sei que já terei tentado de tudo e fracassado e por isso parti para a ultima escolha.”
Explicita que ser professor não é sua preferência profissional.
Preferiria não ser professor.
Sujeito 8 “Aprendi a gostar de atuar na área de licenciatura apesar de me sentir insegura com a responsabilidade e dificuldade da profissão”
Gosta da idéia de ser professor, mas não se sente confiante.
Gosto pela docência mas não se sente totalmente preparado.
Sujeito 11 “Seria um meio de ajudar na formação dos alunos dessa escola básica, principalmente se fosse em uma escola pública, onde buscaria promover um ensino de qualidade, mas frustrada por outro, porque depois de estudar tanto, acabar com um salário de ´profs´ de escola básica é triste.”
Percebe a importância da atuação docente, mas não sente-se satisfeita com as questões financeiras da profissão
Gosto pela docência, mas a acha desvalorizada.
Sujeito 26 “É o motivo ‘de eu estar’ fazendo biologia e a carreira profissional que quero seguir”
Mostra que ser professor é seu objetivo profissional.
A docência é seu objetivo profissional.
Sujeito 28 “Estarei atuando no que sempre quis, mudando a visão de muitas pessoas, abrindo olhos, mostrando a imensidão que nos cerca.”
Mostra que ser professor é seu objetivo e a ideologia da docência
A docência é seu objetivo profissional
Sujeito 15 “Ao ver o desinteresse dos alunos e profissionais da educação, é difícil crer em melhoras.”
Mostra que alguns problemas da educação interferem muito para sua escolha
Devido aos problemas da docência.
Sujeito 17 “Não acho que seja a realidade ‘ideal’, pois prefiro bacharelado e farei isso se possível.”
Demonstra que prefere atuar como Biólogo
Pois prefere atuar como biólogo.
Sujeito 18 “Eu imagino que assumir a
Seus sentimentos provem da desvalorização que sente sobre a
Devido aos problemas da docência.
23
responsabilidade de um educador seja uma tarefa árdua em um país que não tem reconhecimento pela profissão”
profissão docente
Sujeito 19 “As situações de sala de aula podem oferecer um certo risco físico ao professor, alem do desrespeito de alguns alunos pelo professor.”
As atuações e os problemas enfrentados pelos professores, fazem com que tenha um sentimento de preocupação diante desta atuação.
Devido aos problemas da docência.
Sujeito 20 “Estou empregada, fazendo algo que me agrada e ´lhe´ dando com pessoas.”
Demonstra uma satisfação em atuar como docente.
Devido ao gosto pela docência.
A tabela a seguir mostra as justificativas dadas pelos sujeitos para a escolha
do emprego, referente à questão 4.
Tabela 4. Razões que dão suporte às escolhas profissionais dos licenciandos.
Categorização das justificativas da escolha do emprego.
Depoimento Explicitação dos significados CATEGORIA
Sujeito 16 “Escolheria *o trabalho+ na instituição, pois socialmente no Brasil a profissão é totalmente desvalorizada”
Vemos aqui que esse sujeito prefere o emprego de bacharel, pois sente que a profissão docente é desvalorizada socialmente.
Profissão docente é desvalorizada.
Sujeito 11. “Escolheria trabalhar como bióloga, acredito que o trabalho de professor é bem menos reconhecida”
Aqui vemos que esse sujeito escolheria o trabalho de biólogo por considerar a profissão docente desvalorizada.
Profissão docente é desvalorizada.
Sujeito 19 “A carreira de biólogo me atrai mais, (...) só enfrentarei a sala de aula se estiver passando fome”
Vemos que a carreira de biólogo é a primeira opção do sujeito e que a mesma agrada mais.
Prefere trabalho de biólogo.
Sujeito 20. “Se fosse algo voltado para área que mais gosto que é zoologia ou ecologia eu escolheria o emprego bacharel”
Esse sujeito se interessa mais pelo trabalho do biólogo nos ramos de zoologia e ecologia.
Prefere trabalho de biólogo.
Sujeito 31. “Dependeria da proposta do emprego de biólogo, se fosse uma área que tenho afinidade aceitaria”
Vemos aqui que o sujeito escolheria o emprego de biólogo se tivesse afinidade pelo mesmo.
Depende exclusivamente do emprego como biólogo
Sujeito 32. “Depende do trabalho do biólogo, se fosse algo relevante escolheria a de biólogo”
Vemos aqui que o sujeito escolheria o trabalho de bacharel se fosse de seu agrado.
Depende exclusivamente do emprego como biólogo.
Sujeito 18. “Eu escolheria ser professora da escola básica, pois é meu objetivo lecionar.”
Aqui vemos claramente, que esse sujeito deseja lecionar.
Objetivo de ser professor.
Sujeito 26. “Trabalhar como professor, pois é a carreia profissional que eu desejo”
Aqui vemos que esse sujeito exibe na sua fala que deseja ser professor.
Objetivo de ser professor.
Sujeito 21. “Aceitaria o trabalho na instituição preferencialmente se fosse um local
Aqui vemos que o sujeito aceitaria o emprego na escola básica se fosse um lugar de educação não formal. E que se
Educação não formal.
24
de educação não- formal” não fosse, ficaria com o bacharel.
Sujeito 22. “Escolheria dar aula na escola básica, depois que comecei licenciatura passei a gostar da área”
Aqui vemos que houve uma mudança de concepção do sujeito e que agora ele se interessa pela área.
Começou a gostar da área.
Sujeito 23. “Escolheria trabalhar como professor, pois a educação é a área do biólogo que mais me atrai”
Na fala desse sujeito notamos que a área da educação é o que mais o atrai no ramo da biologia.
Biólogo na educação.
Sujeito 24 “Em escola pública me sinto mais a vontade para colocar em pratica meus ideais, se a escola fosse particular preferiria o emprego como biólogo”
Aqui vemos que esse sujeito possui certos ideais que sente que serão possíveis de por em prática somente na escola pública.
Somente em escola pública.
Sujeito 25 “*Escolheria] dar aulas, pois acredito no poder que a profissão exerce na sociedade.”
Nessa fala vemos que o sujeito pensa que a educação tem um grande poder talvez até de mudança na sociedade.
Poder da profissão.
Sujeito 33 “Escolheria as duas profissões, sendo imensa a vontade e necessidade de conciliar pesquisa ao ensino”
Esse sujeito mostra sua vontade e intenção de seguir carreira na pesquisa e na docência.
Conciliar pesquisa com ensino.
Sujeito 8. “Escolheria atuar como biólogo por considerar uma oportunidade mais difícil de ocorrer”
Aqui vemos que esse sujeito considera que o trabalho de biólogo é mais difícil de ser encontrado.
Por ser mais raro esse emprego
Sujeito 4 “Atuaria como biólogo, porque não pretendo trabalhar como professor”
Nessa fala, vemos que o sujeito não deseja ser professor.
Por não querer ser professor.
A partir dessas tabelas, construímos uma tabela única com todos os dados já
analisados e agrupados nos respectivos perfis:
25
Tabela 5. Dados categorizados de todos os sujeitos, separando-os em perfis.
Dados Categorizados
SUJEITO
Principal razão
pela escolha da
licenciatura
Sentimento
diante da
atuação
docente
Justificativa para
os sentimentos.
Escolha
profissional
Razão pela escolha
profissional
1 Empregabilidade Inseguro Devido à importância
da profissão docente.
Bacharel Prefere trabalho de biólogo.
2 Por estar na grade Inseguro Não possui as
qualidades para ser
professor
Bacharel Prefere o trabalho de biólogo
3 Por estar na grade curricular
Confiante Teve a formação
necessária
Bacharel Por não querer ser professor
4 Empregabilidade Inseguro A formação inicial não
foi efetiva
Bacharel Por não querer ser professor
5 Empregabilidade Despreparado A formação inicial não
foi efetiva
Bacharel Prefere o trabalho de biólogo
6 Empregabilidade Angustiado Devido à importância
da profissão docente.
Bacharel Prefere trabalho de biólogo.
7 Empregabilidade Desiludida Preferiria não ser
professor.
Bacharel Por não querer ser professor
8 Empregabilidade Bem e Inseguro
Gosto pela docência
mas não se sente
totalmente
preparado.
Bacharel Por ser mais raro esse emprego
9 Para lecionar em universidades
Inseguro Devido à importância
da profissão docente.
Bacharel Prefere trabalho de biólogo.
10 Por estar na grade curricular
Bem Devido à importância
da profissão docente.
Bacharel Prefere trabalho de biólogo
11 Por ter bolsa Feliz e triste Gosto pela docência,
mas a acha
desvalorizada.
Bacharel Profissão docente é desvalorizada.
12 Para ter 2 diplomas
Com uma grande responsabilidade
Devido à importância
da profissão docente.
Bacharel Prefere o trabalho de biólogo
13 Por estar na grade curricular
Com uma grande responsabilidade
Devido à importância
da profissão docente.
Bacharel Depende exclusivamente do emprego como biólogo
14 Empregabilidade Estranho Não possui as
qualidades para ser
professor
Bacharel Prefere trabalho de biólogo.
26
15 Ideologia Aflito Devido aos problemas
da docência.
Bacharel Prefere trabalho de biólogo
16 Empregabilidade Com uma grande responsabilidade
Devido à importância
da profissão docente.
Bacharel Profissão docente é desvalorizada
17 Empregabilidade Surpreso Pois prefere atuar
como biólogo.
Bacharel Prefere o trabalho de biólogo
18 Aprendizagem Desgastado Devido a
desvalorização da
profissão docente.
Bacharel Prefere trabalho de biólogo
19 Empregabilidade Preocupado Devido aos problemas
da docência.
Bacharel Prefere trabalho de biólogo
20 Empregabilidade Satisfeita Devido ao gosto pela
docência.
Bacharel Prefere trabalho de biólogo
21 Ideologia (Ed ambiental)
Com uma grande responsabilidade
Devido à importância
da profissão.
Bacharel Educação não formal
22 Empregabilidade Medo A formação inicial não foi efetiva
Docência Começou a gostar da área.
23 Empregabilidade Realizado A docência é seu objetivo profissional.
Docência Biólogo na educação
24 Bolsa Preocupado Devido à importância da profissão docente.
Docência Somente em escola publica
25 Para ter 2 diplomas
Despreparado A formação inicial não foi efetiva
Docência Poder da profissão
26 Desejo de ser professor
Realizado A docência é seu objetivo profissional.
Docência Objetivo de ser
professor.
27 Desejo de ser professor
Inseguro Devido à importância da profissão.
Docência Objetivo de ser
professor.
28 Desejo de ser professor
Realizado A docência é seu objetivo profissional.
Docência Objetivo de ser
professor.
29 Ideologia Realizado A docência é seu objetivo profissional
Docência Objetivo de ser
professor.
30 Aprendizagem Realizado Devido à importância
da profissão.
Bacharel Prefere trabalho de biólogo.
31 Ideologia Despreparado e realizado
Gosto pela docência
mas não se sente
totalmente
preparado.
Bacharel Depende exclusivamente do emprego como biólogo
32 Desejo de ser professor
Satisfeito Teve a formação
necessária
Bacharel Depende exclusivamente do emprego como biólogo
33 Empregabilidade Nervoso A formação inicial não foi efetiva
Ambas Conciliar pesquisa com ensino
27
A partir das tabelas construídas, fizemos uma análise estatística dos dados.
Primeiramente, levantamos todos os motivos apresentados pelos sujeitos para a
escolha da licenciatura (Fig. 1):
Figura1: Gráfico mostrando a freqüência dos diferentes motivos para a escolha da licenciatura
Com intuito de detalhar melhor os motivos pela escolha da licenciatura,
elaboramos uma análise quantitativa dos principais motivos apontados por esses
sujeitos para cursar a licenciatura (Fig. 2).
Figura 2: Gráfico mostrando a freqüência dos principais motivos apresentados para a escolha da licenciatura
39,4
15,1 12,1 9 6 6 6 6
0,010,020,030,040,050,060,070,080,0
aum
ento
da
emp
rega
bili
dad
e ideo
logi
a
po
r es
tar
na
grad
e cu
rric
ula
r
des
ejo
de
ser
pro
fess
or
par
a te
r d
ois
d
iplo
mas
apre
nd
izag
em
po
r te
r b
ols
a
ou
tro
s
% d
e a
par
eci
me
nto
motivos
Principal razão pela escolha da Licenciatura
72,7
48,4
33,3
21,2 21,212,0 9,0 6,0 6,0 6,0
0,010,020,030,040,050,060,070,080,0
% d
e a
par
eci
me
nto
motivos
Motivos para a escolha do curso de Licenciatura
28
Outra questão relevante neste trabalho, que foi de grande importância para a
construção dos perfis, foi a escolha profissional dos sujeitos. Este dado é
apresentado na figura 3, a qual mostra que 72,7% dos entrevistados escolheriam o
emprego de biólogo e apenas 24,2% optaria por lecionar.
Figura 3: Gráfico mostrando a porcentagem das escolhas da profissão (questão 4).
Todos os sujeitos foram agrupados em cinco perfis distintos. Para que
pudéssemos fazer isso, levamos em consideração uma correlação entre a primeira
questão, que era relativa às razões que os levaram a cursar licenciatura e a última
questão, com a opção entre as duas carreiras distintas.
Obtivemos assim as seguintes correlações:
PERFIL 1: grupo formado por pessoas que não possuíam nenhuma
fala indicando afinidade com a docência para o ingresso na licenciatura
e que optou pelo emprego de biólogo;
PERFIL 2: grupo cuja a principal razão para cursar a licenciatura não
era a vontade de ser professor. Entretanto, apresentaram falas
indicando uma aproximação com a docência. Porém, escolheram o
emprego de biólogo;
PERFIL 3: composto por pessoas cujo principal motivo para o ingresso
na licenciatura não era a vontade de ser professor, mas agora optariam
por dar aulas;
72,7%
24,2%
3,0%0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
Biólogo Professor Ambos
%
Escolhas
Escolha da oportunidade de emprego
29
PERFIL 4: formado por pessoas que entraram na licenciatura, pois
desejavam lecionar e, coerentemente com esse desejo, optaram pelo
emprego de professor;
PERFIL 5: formado por pessoas que entraram na licenciatura, pois
desejavam lecionar, mas optaram pelo emprego de biólogo.
Observação: o sujeito 33 não se enquadrou em nenhum destes perfis, pois
respondeu que desejaria ambos os empregos. Portanto, será analisado
individualmente.
A porcentagem de sujeitos, que cada um destes perfis contempla, está
representada graficamente a seguir:
Figura 4: Gráfico mostrando a porcentagem de sujeitos presentes em cada perfil.
Detalhamos a seguir, cada um desses perfis, com auxilio de tabelas, com
alguns dados das respostas e algumas falas destacadas. A descrição individual de
cada sujeito constituinte dos perfis consta no apêndice B.
1; 42,4%
2; 21,2%
3; 12,1%
4; 12,1%
5; 9,0%
Distribuiçao dos perfis
1
2
3
4
5
Perfis
30
Perfil 1
Este perfil representa quase metade dos formandos entrevistados (42,4%) e
nele constam os sujeitos que não apresentaram nenhum motivo relacionado com a
vontade de ser professor para o ingresso na licenciatura. Quando confrontados entre
a escolha de um emprego como biólogo e outro como professor, escolheram a
primeira opção.
Dentre as principais razões que levaram os sujeitos a cursarem a licenciatura,
destaca-se a empregabilidade, como podemos ver na tabela a seguir:
Tabela 6. Principais razões para cursar a licenciatura, apresentadas pelos sujeitos do perfil 1.
Principal razão pela escolha da Licenciatura- Perfil 1
Motivo valores absolutos %
Aumento da empregabilidade 7 50
Por estar na grade curricular 4 28,5
Para ter dois diplomas 1 7,1
Para lecionar em universidades 1 7,1
Por ter bolsa 1 7,1
Total 14 100
A empregabilidade foi o principal motivo neste grupo, com 50% das respostas,
representadas por falas como a do sujeito 4: “[cursei licenciatura] como segunda
opção de emprego”. Outro motivo marcante nesse grupo é o fato de a licenciatura
estar presente na grade curricular do curso, como podemos notar na fala do sujeito 3
: “A primeira razão [de cursar licenciatura] foi pelo motivo de estar presente no curso
de Biologia as disciplinas de licenciatura”.
Outros fatores também são apresentados, como possuir bolsa de estudos e
para lecionar em universidades atreladas à pesquisa.
Em relação aos sentimentos, a tabela 7 mostra aqueles citados pelas pessoas
que compõem esse perfil, conjuntamente com a justificativa apresentada.
31
Tabela 7. Sentimentos e justificativas dos sujeitos do perfil 1 em relação à possibilidade de atuação docente na escola básica.
Sentimento e respectiva justificativa diante da atuação docente. Perfil 1
Sentimento Justificativa
Inseguro Devido à importância da profissão docente.
Inseguro Não possui as qualidades para ser professor
Confiante Teve a formação necessária
Inseguro A formação inicial não foi efetiva
Despreparado A formação inicial não foi efetiva
Angustiado Devido à importância da profissão docente.
Desiludida Preferiria não ser professor.
Bem e Inseguro Gosto pela docência mas não se sente totalmente preparado.
Inseguro Devido à importância da profissão docente.
Bem Devido à importância da profissão docente.
Feliz e triste Gosto pela docência, mas a acha desvalorizada.
Com uma grande responsabilidade
Devido à importância da profissão docente.
Com uma grande responsabilidade
Devido à importância da profissão docente.
Estranho Não possui as qualidades para ser professor
Podemos destacar a insegurança e o despreparo como o sentimento mais
marcante deste grupo, como o notado na fala do sujeito 5: “na teoria é uma coisa e
na prática é totalmente diferente e o curso de licenciatura não me preparou a
prática”. Porém, temos o sujeito 3 que demonstra ter uma confiança maior: “hoje
percebo a importância de certos temas que antes não sabia tão bem o que era”.
Algumas falas interessantes podem ser destacadas quanto a alguns
sentimentos como a desilusão do sujeito 7: “eu sei que já terei tentado de tudo e
fracassado e por isso parti para a última escolha”; e o estranheza do sujeito 14
“estranha e fora de possibilidade, sinto que não seria uma boa professora e que não
me sentiria segura.”
Sentimentos ambíguos também foram explicitados, como o do sujeito 11 “feliz
por um lado, triste por outro. Seria um meio de tentar ajudar na formação dos alunos
dessa escola básica, principalmente, se fosse em uma escola pública, onde buscaria
promover um ensino de qualidade, mas frustrada por outro, porque depois de
estudar tanto, acabar com um salário de ´profs´ de escola básica é triste.”
A maior parte dos sentimentos são justificados devido a importância da
profissão do professor, como exemplo da fala do sujeito 1: “me sinto com
medo/inseguro porque acho uma profissão de imensa responsabilidade e quanto
32
mais eu estudo sobre educação, mais noção eu tenho da profissão e com mais
medo fico.”
Em relação à escolha do emprego, este grupo inteiro, como citado
anteriormente, escolheu o de biólogo e as justificativas são encontradas na tabela
abaixo:
Tabela 8. Razões pela escolha do trabalho como biólogo, dadas pelos sujeitos do perfil 1.
Razão pela escolha profissional como Biólogo - Perfil 1
Justificativa Valores absolutos %
Prefere o trabalho de biólogo 8 57,2
Por não querer ser professor 4 28,6
Profissão docente é desvalorizada 1 7,1
Depende exclusivamente do emprego como biólogo 1 7,1
Total 14 100
Como se pode verificar, mais da metade do grupo prefere o trabalho de
biólogo, pois gosta mais dessa área, o que pode ser exemplificado pela fala do
sujeito 12: “[prefiro] atuar como biólogo, pois me interesso mais por esta área.”
Boa parte do grupo também se coloca em uma posição de não querer ser
professor, por falta de interesse, como o sujeito 3 : “atuar como biólogo, pois me
interesso mais. Não sei se desejo ser professor atualmente, mas o curso me fez dar
mais valor a esta profissão.” Outra fala que expressa a falta de vontade de dar aula
é a do sujeito 7: “não pretendo dar aulas pois não é meu objetivo de vida, mas como
eu já disse se eu tiver desempregada e necessitada vou apelar para as aulas.”.
Outros sujeitos justificaram a escolha como biólogo apontando problemas em
relação à profissão de professor como o sujeito 11: “porque mesmo com salários
semelhantes, acredito que o trabalho de professor é bem mais desgastante e menos
reconhecido, ou seja, as condições de trabalho nunca serão iguais”.
33
Perfil 2
Esse perfil compreende menos de um quarto do total da amostra (21,2%) e
engloba os sujeitos que escolheriam trabalhar como biólogo em alguma instituição
de pesquisa, mas apresentaram falas que demonstram a existência de afinidades
com a área da educação. Como exemplo temos o sujeito 16 que alegou ter
ingressado na licenciatura por “afinidade pela área; devido ao interesse pelo ramo
da educação”. Porém, deve-se destacar que nenhum dos sujeitos colocou as falas
de afinidade com a profissão docente como o principal motivo pela escolha da
licenciatura e nenhuma fala expressava diretamente uma vontade de ser professor,
como podemos verificar na tabela abaixo:
Tabela 9. Principais razões para cursar a licenciatura, apresentadas pelos sujeitos do perfil 2.
Principal razão pela escolha da Licenciatura- Perfil 2
Motivo valores absolutos %
Aumento da empregabilidade 4 57,1
Ideologia 2 28,5
Aprendizagem 1 14,2
Total 7 100
A empregabilidade continua sendo o principal motivo pela escolha da
licenciatura neste perfil, assim como no perfil 1. Nesse sentido podemos exemplificar
com a fala do sujeito 19 : “Seguro desemprego; emprego de professor é fácil de
achar.” Constatamos, também nesse grupo, a presença de motivos ideológicos para
justificar o ingresso na licenciatura, como por exemplo o explicitado pelo sujeito 15:
“Querer que a educação melhore, pois com o estágio noto que só há decadência.”
Em relação aos sentimentos e suas justificativas, podemos sintetizar os
resultados apresentados pelos sujeitos deste perfil na tabela 10 :
Tabela 10. Sentimentos e respectivas justificativas dos sujeitos do perfil 2 em relação à possibilidade de atuação docente na escola básica.
Sentimento e respectiva justificativa diante da atuação docente. Perfil 2
Sentimento Justificativa
Aflito Devido aos problemas da docência.
Com uma grande responsabilidade Devido à importância da profissão docente.
Com uma grande responsabilidade Devido à importância da profissão docente.
Desgastado Devido a desvalorização da profissão docente.
Preocupado Devido aos problemas da docência.
Satisfeito Devido ao gosto pela docência.
Surpreso Pois prefere atuar como biólogo.
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Podemos notar que a importância da profissão continua sendo uma grande
justificativa para os sentimentos apresentados, mas a justificativa que mais aparece
é devido aos problemas da profissão como podemos destacar na fala do sujeito 18:
“me sinto desgastado, porque eu imagino que assumir a responsabilidade de um
educador seja uma tarefa árdua em um país que não tem reconhecimento pela
profissão.” Outra fala neste sentido é a do sujeito 15: “me sinto aflito,porque ao ver
o desinteresse dos alunos e profissionais da educação, é difícil crer em melhorias.”
E também a opinião do sujeito 19: “me sinto preocupado, porque as situações em
sala de aula podem oferecer um certo risco físico ao professor, além do desrespeito
de alguns alunos pelo professor.”
Em relação à escolha profissional, todos deste perfil escolheram trabalhar
como biólogo e as justificativas estão na tabela 11.
Tabela 11. Razões pela escolha do trabalho de biólogo dadas pelos sujeitos do perfil 2.
Razão pela escolha profissional- Perfil 2
Justificativa Valores absolutos %
Prefere o trabalho de biólogo 5 71,4
A profissão docente é desvalorizada 1 14,2
Prefere educação não formal 1 14,2
Total 7 100
A preferência pelo trabalho de biólogo pode ser encontrada na maior parte
destes sujeitos, como podemos constatar na fala do individuo 19: “Com certeza a
segunda opção [biólogo]. Se as condições de trabalho são semelhantes, a carreira
de biólogo me atrai mais, até porque a escolha pela licenciatura é seguro
desemprego, só enfrentaria a sala de aula se estritamente necessário (passando
fome).” Outros apontam problemas na profissão docente como o sujeito 16: “a
princípio na instituição, pois socialmente, no Brasil, a profissão [de professor] é
totalmente desvalorizada.”
Vale destacar que um dos sujeitos manifestou desejo de trabalhar com a
educação, porém, em um campo não formal: “[escolheria a instituição] se fosse um
local de educação não formal.”
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Perfil 3
Este perfil compreende 12,1% de todos os sujeitos pesquisados. Eles,
inicialmente, não escolheram cursar licenciatura pelo desejo de serem professores,
mas apresentaram mudança de concepção ao longo do curso e, diante da situação
hipotética apresentada, optariam por trabalhar como professor.
Dentre os motivos apresentados para a escolha da licenciatura, este grupo
apresentou os seguintes:
Tabela 12. Principais razões de cursar licenciatura apresentadas pelos sujeitos do perfil 3.
Principal razão pela escolha da Licenciatura- Perfil 3
Motivo Valores absolutos %
Aumento da empregabilidade 2 50
Por ter bolsa 1 25
Para ter dois diplomas 1 25
Total 4 100
Como podemos observar, novamente a empregabilidade foi a principal razão
que levou os sujeitos a cursarem a licenciatura como podemos notar no sujeito 21:
“porque é mais fácil conseguir um emprego nesta área”. Um outro motivo é uma
melhoria do currículo, obtendo dois diplomas universitários, como notamos no sujeito
25: “ mais um diploma, garantindo um futuro.”
Em relação aos sentimentos, este grupo apresentou os seguintes, com as
seguintes justificativas:
Tabela 13. Sentimentos e respectivas justificativas dos sujeitos do perfil 3 em relação à possibilidade de atuação docente na escola básica.
Sentimento e respectiva justificativa diante da atuação docente. Perfil 3
Sentimento Justificativa
Medo A formação inicial não foi efetiva
Realizado A docência é seu objetivo profissional.
Preocupado Devido à importância da profissão docente.
Despreparado A formação inicial não foi efetiva
Podemos notar um sentimento de apreensão entre os sujeitos como podemos
ver na fala do sujeito 22: “me sinto com medo porque não me sinto preparado para
enfrentar a realidade”. E que este grupo aponta problemas relativos à formação
inicial e, portanto, ao curso da licenciatura, como por exemplo o sujeito 25: “me sinto
despreparado quanto a prática, porque considero que os estágios obrigatórios não
me prepararam para tal.” Apesar de todos desejarem ser professores, apenas um
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sentimento neste sentido foi explicitado como citou o sujeito 23: “me sinto realizado
porque esse é meu objetivo profissional”.
Como citado, todos escolheriam ser professores e as justificativas para isto
estão apresentadas, de forma geral, na tabela 14:
Tabela 14. Razões pela escolha do trabalho como professor, dadas pelos sujeitos do perfil 3.
Razão pela escolha profissional- Perfil 3
Justificativa Valores absolutos %
Começou a gostar da área 1 25
A ação do biólogo na educação 1 25
Atuaria se fosse em escola pública 1 25
Devido ao poder da profissão 1 25
Total 4 100
Podemos perceber que os sujeitos deste perfil, ao final do curso, desejam dar
aula, por diversos motivos, como os apontados pelo sujeito 22: “hoje, escolheria dar
aulas na escola básica, pois depois que comecei o curso de licenciatura passei a
gostar da área, mas não sei se passaria o resto da vida como professor, depende de
como as coisas andariam”. Outro sujeito escolheria lecionar devido a possibilidade
de mudança social que essa profissão apresenta, como o sujeito 25 : “ser docente,
pois acredito muito no poder que a profissão exerce na sociedade.”
Outro sujeito atribui sua escolha devido à importância dos conhecimentos
biológicos na educação: “Escolheria trabalhar como professor, pois a educação é a
área de atuação do biólogo que mais me atrai e onde eu poderei usar meus
conhecimentos para contribuir para um mundo melhor.”
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Perfil 4
Esse perfil corresponde a 12,1% de todos os pesquisados e é constituído
pelos sujeitos que escolheram a licenciatura devido a uma relação positiva com a
profissão docente e optaram pelo o emprego como professor.
Dentre os motivos que levaram este grupo a fazer licenciatura encontramos
os seguintes:
Tabela 15. Principais motivos que levaram os sujeitos do perfil 4 a cursarem licenciatura.
Principal razão pela escolha da Licenciatura- Perfil 4
Motivo Valores absolutos %
Desejo de ser professor 3 75
Ideologia 1 25
Total 4 100
Podemos notar que a grande maioria tinha o desejo de ser professor, como o
sujeito 26: “Eu decidi fazer biologia para dar aulas, por isso eu curso licenciatura.
Sempre gostei dessa área. Na área da biologia sempre me vi como professor”.
Encontramos também uma fala de cunho ideológico para escolher a licenciatura,
como o sujeito 29: “sempre tive como ideologia trabalhar em algo que pudesse fazer
a diferença e a área da educação me oferece essa possibilidade”.
Em relação aos sentimentos e suas justificativas diante da atuação como
professor, encontramos os seguintes:
Tabela 16. Sentimentos e respectivas justificativas dos sujeitos do perfil 4 em relação à possibilidade de atuação docente na escola básica.
Sentimento e respectiva justificativa diante da atuação docente. Perfil 4
Sentimento Justificativa
Realizado A docência é seu objetivo profissional.
Inseguro Devido à importância da profissão.
Realizado A docência é seu objetivo profissional.
Realizado A docência é seu objetivo profissional
Podemos notar que a grande maioria se sente realizado ao se imaginar como
professor e novamente temos a presença da insegurança. Podemos notar que o
motivo da insegura é novamente a importância da profissão. Observamos esse fato
no sujeito 27: “sei da minha responsabilidade como professor e ainda não me sinto
completamente preparado para isto”. Mas, o principal sentimento e justificativa é a
realização, pois este é seu objetivo profissional como notamos no sujeito 26:
“trabalhar como professor da escola básica, pois é a carreira profissional que eu
desejo e seria mais realizado lá.”
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O mesmo ocorre com a escolha da profissão de professor. Todos assim
fizeram justificando que este é o seu objetivo profissional, como notamos na fala do
sujeito 28: "escolheria ser professora da escola básica, pois é meu objetivo. Não
pretendo trabalhar com rédeas em algum escritório fazendo pesquisas „inéditas‟, ou
até auxiliando testes em animais. O objetivo da minha formação é lecionar. Estarei
realizada com o brilho nos olhos dos meus alunos”
Perfil 5
Este perfil é formado por apenas três dos sujeitos pesquisados (9%) e
compreende as pessoas que entraram na licenciatura devido a uma vontade de ser
professor, mas optariam pelo emprego de biólogo. Entre a principal razão pela
escolha da licenciatura, temos as seguintes:
Tabela 17. Principais motivos que levaram os sujeitos do perfil 5 a cursarem licenciatura.
Principal razão pela escolha da Licenciatura- Perfil 5
Motivo Valores absolutos %
Aprendizagem 1 33,3
Ideologia 1 33,3
Desejo de ser professor 1 33,3
Total 3 100
Podemos notar que a vontade de ser professor está presente na fala de
todos, mesmo que não seja apresentada como a principal razão, como no sujeito 30:
“Aprendizagem, vontade de dar aulas e currículo.” O sujeito 32 nos diz: “Para
ensinar ciência para os alunos, mostrando a importância da ciência na vida das
pessoas. Para contribuir com a organização dos conteúdos a serem ensinados, pois
atualmente isso não parece ser relevante. Para, a partir dos conteúdos definidos,
definir os métodos mais eficazes.”
Em relação aos sentimentos e suas justificativas, os sujeitos deste perfil
apresentaram apenas os relacionados à satisfação e realização, como podemos
notar na tabela abaixo:
Tabela 18. Sentimentos e respectivas justificativas dos sujeitos do perfil 5 em relação à possibilidade de atuação docente na escola básica.
Sentimento e respectiva justificativa diante da atuação docente. Perfil 4
Sentimento Justificativa
Realizado Devido à importância da profissão.
Despreparado e realizado Gosto pela docência mas não se sente totalmente
preparado.
Satisfeito Teve a formação necessária
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Diante da profissão docente, notamos as seguintes falas “Satisfeita, porque
certamente estarei cumprindo meu trabalho com êxito” (sujeito 32). Ou, como disse o
sujeito 30: “muito feliz e empenhado, porque se trata de uma profissão nobre que é
ensinar os outros”. O sujeito 31 apresentou a seguinte justificativa: “apavorada e ao
mesmo tempo realizada, porque é um desafio trabalhar na educação, que muitas
vezes apresentam barreiras, porém romper esses desafios e trabalhar de maneira
que acredito me dá muita satisfação.”.
Apesar destes sentimentos, todos os membros deste perfil optaram pelo
emprego como biólogos, com as seguintes justificativas:
Tabela 19. Razões apresentadas pelos sujeitos do perfil 5 em relação a escolha profissional.
Razão pela escolha profissional- Perfil 5
Justificativa Valores absolutos %
Depende exclusivamente do emprego como biólogo 2 66,6
Prefere o trabalho de biólogo. 1 33,3
Total 3 100
Para esta escolha profissional os sujeitos apresentaram as seguintes falas,
como o sujeito 30: “Atuar como biólogo em uma determinada instituição, por se tratar
de uma realização pessoal maior ainda, comparada a lecionar em escolas”. Os
sujeitos 31 e 32 condicionaram sua escolha ao tipo de emprego de biólogo, como
podemos notar: Sujeito 31: “Dependeria do local de trabalho e da proposta de
emprego de biólogo. Dependeria mais do tipo de trabalho como biólogo, se fosse em
uma área que tenho afinidade aceitaria, do contrário iria dar aula.” Sujeito 32:
“Depende do trabalho de biólogo, da pesquisa a ser feita. Se fosse uma pesquisa
relevante escolheria a de biólogo, se não, seria professora.”.
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5. Análise
Os perfis encontrados apresentaram justificativas para a escolha de cursar
licenciatura e algumas falas e sentimentos semelhantes. Portanto, esta análise não
será dividida exclusivamente em função dos perfis, em diversos pontos serão
explorados sentimentos e justificativas semelhantes encontradas em perfis
diferentes, mas evidentemente que os perfis serão analisados individualmente
também.
Como podemos notar na figura 1, grande parte dos estudantes analisados
ingressaram na licenciatura por outros motivos, que não foram o desejo de ser
professor. Além disso, a maior parte (72,7%) optou pelo emprego de biólogo, como
consta na figura 3.
Estes fatos influenciaram a construção dos perfis, que coincidiram, com a
divisão realizada por Mafra (1998). Este autor divide os docentes em exercício em
duas categorias: os professores por opção, que se tornam cada vez mais raros e
outros por falta de opção, a grande maioria. Podemos notar que apenas os sujeitos
dos perfis 3 e 4 escolheriam trabalhar como professor e isto totaliza apenas 24,2% e
o restante, têm como preferência atuar em outra profissão. Desta forma, caso estes
estudantes venham atuar como professores, o que é bem provável, a divisão de
Mafra se manterá válida para este grupo pesquisado.
Assim, podemos afirmar que a grande maioria dos sujeitos analisados não
pretende atuar como professores e, caso venham a desempenhar esta atividade, é
possível que o façam sem o compromisso que a profissão requer, como elucida
Nóvoa (1995), ao dizer que os professores, que não tem a docência como objetivo
profissional, colocam em xeque a competência e a qualidade de suas atuações
profissionais.
O perfil 1 compreendia quase metade dos formandos entrevistados (42,4%) e
nele constam os sujeitos que não apresentaram nenhum motivo relacionado com a
vontade de ser professor para o ingresso na licenciatura e quando confrontados
entre a escolha de um emprego de biólogo e outro de professor, escolheram a
primeira opção. Isto mostra que a maior parte dos estudantes analisados poderá
ingressar na profissão docente por outros motivos, como a empregabilidade, e só
atuariam nela caso não ocorressem outras possibilidades.
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A empregabilidade foi a principal razão apontada pelos membros desse grupo
para justificar seu ingresso na licenciatura (50% das respostas). Especialmente em
relação a esse fator, destacamos o sujeito 33, que afirmou ter ingressado na
licenciatura para financiar seu mestrado. Ou seja, ministrar aulas seria uma forma
rápida e passageira de se obter um salário. Lapo e Bueno (2003) destacaram que
muitos professores que apresentam esse objetivo inicial, permanecem em atuação
por muito tempo e que essa idéia de efemeridade em relação à atuação docente não
muda, podendo durar décadas. Esses autores contestam qual a competência
desses profissionais e destacam seu mau desempenho como professores. Além do
sujeito 33, em nossa amostra identificamos outra pessoa que demonstrou um
sentimento de transitoriedade em relação à sua atuação docente: “hoje, escolheria
dar aulas na escola básica, pois depois que comecei o curso de licenciatura passei a
gostar da área, mas não sei se passaria o resto da vida como professor, depende de
como as coisas andariam” (sujeito 22).
Outro motivo marcante que leva as pessoas a cursar a licenciatura foi o fato
desse curso ser oferecido conjuntamente com o bacharelado, como podemos notar
na fala do sujeito 3 : “A primeira razão [de cursar licenciatura] foi pelo motivo de
estar presente no curso de Biologia as disciplinas de licenci