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INCLUSÃO Pedro Martendal aprendeu em casa JUSTIÇA Fogueira de vaidades no STF AGRO Cascavel aprende a pescar Cascavel, 20 de abril de 2018 - Ano XXII - Nº 2143 - R$ 12,00 A mais completa reportagem já produzida sobre a atuação da maçonaria em Cascavel QUEM SÃO OS MAÇONS?

Quem são os maçons? - pitoco.com.brpitoco.com.br/arquivos/edicoes/20180420_105652_76.pdf · humanidade pelo amor, pelo aperfeiçoamento dos costumes, pela igualdade, respeito à

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InclusãoPedro Martendalaprendeu em casa

JusTIçAFogueira de vaidades no STF

AGRoCascavelaprende a pescar

Cascavel, 20 de abril de 2018 - Ano XXII - Nº 2143 - R$ 12,00

A mais completa reportagem já produzida sobre a atuação da maçonaria em Cascavel

Quem são os

maçons?

sociedade discreta

Quem são os maçons de Cascavel, que interesses os mantém coesos, que fatores os dividem, e por que participam de rituais secretos?

Alguns minutos além de 19h30 de um dia de se-

mana de abril. Bairro nobre de Cascavel, na porção Oeste do município. Começa a movimentação de veículos nas imediações de uma das 13 lojas maçônicas da cidade. Pelo perfil dos bólidos é sereno estratificar o grupo no ângulo sócio-econômico: gente de classe média alta.

Um a um, os homens vencem as esca-darias em direção à denominada sala dos passos perdidos, já no interior do templo. Ali ocorre um primeiro contato mais infor-mal entre os “irmãos”, tratamento mútuo, local em que vestem seus paramentos: o guarda-pó preto e o avental.

Então o grupo se dirige à câmara, o local da cerimônia, pela única porta disponível,

maçonaria

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corrente, do banal, do cotidiano. Separá-la do profano e das indiscrições do mundo exterior.

O chão é um mosaico em branco e preto que lembra um tabuleiro de xadrez. O teto é o céu estilizado. Pontualmente às 20 horas, mestre, companheiros e aprendizes ocupam seus lugares. Naquela reunião, há pouco mais de 20 irmãos, o quórum mínimo é sete.

Um deles é o mestre de harmonia, uma espécie de DJ. Cabe a ele prover o som ambiente, conforme a etapa do ritual. Nor-malmente o pen drive do DJ traz músicas orquestradas, clássicas. Mas nada impede que ele toque cavaquinho, MPB. A tradição de musicar o encontro vem do Templo de Salomão, com o qual a maçonaria mantém vínculos históricos.

entre duas colunas desprovidas de função es-trutural, providas apenas de sentido simbólico.

O lugar tem a forma de quadrado, esten-dido do oriente ao ocidente, simbolizando a direção da luz. A largura é de norte ao sul. Não há janelas. É para não receber a luz de fora. A ideia é separar a câmara do nível da experiência

“Uma instituição com o objetivo de tornar feliz a

humanidade pelo amor, pelo aperfeiçoamento dos costumes,

pela igualdade, respeito à autoridade e à crença de cada

um, tolerância e direito à liberdade.”

20 de abril de 2018 | 05

“Juremos o mais profundo silêncio de tudo o que se passou aqui”

90 minutos após o início, o venerável mes-tre indica que está en-cerrando a reunião. O diácono se põe em pé, levanta o seu bastão, se dirige até o púlpito para ouvir as “palavras do grau”. Ele aproxima o ouvido esquerdo do interlocutor e recebe a palavra sussurrada, que será compartilhada em idêntico ritual com os demais. Transmite-se então a instrução “ao pé de ouvido”.

“Tudo está justo e perfeito em ambas as colunas”, avisa o diácono, ao fim do processo. “Meus irmãos, trabalhos encerrados, loja fechada, juremos o mais profundo si-lêncio de tudo o que se passou aqui”, determina o mestre, ao que seus pares respondem em uníssono: “Eu juro”.

Então fecha-se a Bíblia, o mestre de harmonia aciona o play para mais uma música orquestrada e os irmãos maçons fazem uma saudação em três sessões curtas de aplausos. Com o venerável mestre à frente, o grupo se retira da câmara.

O destino agora é o salão de festas. Cada loja tem a sua. Ali é servido um jantar, cujo grau de sofisticação varia de acordo com quem está incumbido do ágape. Em cada encontro, um dos irmãos irá preparar a confraternização.

Como as lojas possuem em média mais de 40 membros, com encontros semanais dificilmente alguém terá que bancar mais de um jantar por ano.

o Tronco dasolidariedade

Além do jantar, o maçom paga uma mensalidade que varia conforme a loja, algo da ordem de R$ 150 em média. Como todo Rotary e afins, surgem rifas e ações em que os irmãos são chamados a contribuir. Um dos even-tos mais tradicionais da maçonaria em Cascavel é a “Noite de Queijos e Vinhos”.

O u t r a a ç ã o p a r a a qual os presentes as reuniões semanais se cotizam, é o Tronco da Solidariedade. Um dos maçons está incumbido por determinado período de recolher doações em dinheiro de seus pares, em ritual discreto, dentro do próprio encontro.

Ali os maçons doam pequenos valores para ações de cunho social. O princípio da confiança e discrição é aplicado na prática no tronco. O irmão não presta contas da aplicação dos recursos, não dá publicidade dos nomes das pessoas auxiliadas. Ao final de seu mandato na função, ele relata generi-camente o número de colchões, cadeiras de rodas, medicamentos ou outras ações que executou com o dinheiro recolhido.

“A ideia é separar a câmara do nível da

experiência corrente, do banal, do cotidiano. Separa-lo do profano e

das indiscrições do mundo exterior.”

O venerável mestre bate um martelinho três vezes. Sinal de que há aprendizes no ambiente e que os lugares estão preenchidos conforme um ritual bastante específico.

Primeiro ato: verificar se o templo está “coberto”, ou seja, se o irmão que faz a guarda naquela noite está postado com sua espada na entrada do templo, de forma a impedir o acesso de qualquer intruso, no templo descrito por eles como “profano”.

“O templo está coberto, venerável mestre”, diz o incumbido de checar a informação. Segue o ritual. Agora é preciso checar se todos os presentes são maçons. A um comando, todos se postam em pé e levam a mão direita espalmada à altura do pescoço, repetindo um gesto usado no juramento de segredo e fidelidade.

O gesto significa que o irmão aceita ter a garganta cortada, caso traia os princípios jurados na organização. Calma! Não estamos em um campo de concentração e extermínio do Estado Islâmico.

A reunião da maçonaria no bairro nobre da

porção Oeste de Cascavel repete o mesmo ritual milenar da organização, onde tudo é simbólico, do guarda com a espada na entrada do templo até o gesto da mão espalmada na garganta.

Ninguém irá profanar o templo. Ninguém está com a garganta em risco. Há algo de tea-tral em tudo o que é feito ali. Com o quórum mínimo atingido, o primeiro diácono relata oralmente a posição de cada irmão na câmara, usando indicativos geográficos, como norte e sul.

“Por que nos reunimos aqui, irmão vigi-lante?”, pergunta o venerável mestre do alto de um púlpito. “Para combater a tirania, a

ignorância, os preconceitos e os erros. Para glorificar o direito, a justiça e a verdade, levantando templos à virtude e cavando masmorras ao vício”, responde o interlocutor.

“O que é a maçonaria, irmão chanceler”, questiona o mestre. “Uma instituição com o objetivo de tornar feliz a humanidade pelo amor, pelo aperfeiçoamento dos costumes, pela igualdade, respeito a autoridade e a crença de cada um, tolerância e direito a liberdade”, responde.

Então um maçom graduado desce até a área da câmara onde está aberta uma Bíblia e lê um trecho do livro, o Salmo 33. Vencidas essas etapas, invocando o princípio da moral e da razão, o venerável mestre dá por aberta a reunião.

A partir deste ponto, o encontro fica mui-to semelhante a uma reunião do Rotary, do Lions ou de qualquer entidade associativista. Leitura da ata, ordem do dia, apresentação de trabalhos, período de instrução. Somente ao final, o encontro retoma a ritualística ancestral, conforme relatado a seguir.

sociedade discreta

06 | [email protected]

Fogo amigo na campanha de Jorge Lange

Mesmo com todas as cautelas re-gimentais, a maçonaria não consegue evitar o violento choque de chifres de bodes na disputa territorial pela condi-ção de “macho Alfa”. O caso mais con-tundente envolveu o então candidato a prefeito Jorge Lange.

Na reta final da eleição de 2012, a candidatura dele à Prefeitura de Cascavel se apresentava em viés de alta. E passou a ameaçar seu principal concorrente, edgar Bueno. Foi então que um informativo fake, panfleto sujo de campanha, apresentou foto de Lange em trajes maçons. De avental e outros adereços, devidamente paramentado.

O impresso foi distribuído em por-tas de igrejas, associando a maçonaria ao culto demoníaco e a outras bobagens repetidas à exaustão sobre a irmandade ao longo de sua trajetória secular.

Quem “vazou” a foto para o panfleto

imundo? Fogo amigo, claro. Um maçom

restou afastado da irmandade, suspeito

do golpe baixo no confrade. Lange,

profundamente magoado, afastou-se

da loja.

“A maçonaria é a congregação do

exército de virtudes que se unem e se

dispõem à luta contra os instintos, os

vícios e as paixões que a escravizam e

lhe roubaram o seu reino. Ali morre o

homem para os vícios e as paixões e nas-

ce para praticar a virtude, a sabedoria

e o bem”, preconiza um texto maçom

na internet.

Em outro trecho, ressalta-se o

aprendiz como pedra bruta, que será

desbastada e polida. São belas pala-

vras. Porém, a maçonaria padece da

mesma fragilidade de todos os demais

agrupamentos humanos: ela é feita de

homens.

Como se vê, a luta milenar contra

os instintos, os vícios e as paixões é

quase sempre revestida do fino tecido

da utopia.

Confronto de “bodes”A maçonaria empenha-se em harmonizar seus “irmãos”, mas as paixões da política algumas vezes superaram os preceitos pacifistas em Cascavel

a maçonaria não é uma organi-zação secreta. Mais apropria-

do seria dizer discreta. Porém, no vale-tudo do processo eleitoral em Cascavel houve quem pusesse o bode na sala. Fogo amigo. Ou melhor, fogo “irmão”.

Informalmente e mesmo entre eles, os maçons são chamados de “bodes”. A origem da expressão não é depreciativa. Remete a tempos remotos e aos princípios da organização. Como os maçons juram discrição, reza a lenda que seus primeiros membros quando precisavam compartilhar segredos com alguém, eram acon-selhados a contá-los para os bodes que criavam, assim a informação morria por ali.

Grande parte do eleitorado cascavelense, no-tadamente as massas da periferia, desconhecia completamente a maçonaria e seus rituais até o final dos anos 1980.

No ano de 1988, o discreto se transformou em secreto, com tudo que a conversão possa implicar em um processo de disputa de votos. O agropecuarista e ex-presidente da Coopavel, salazar Barreiros, disputava sua primeira eleição em Cascavel.

Ele era um desconhecido aqui até assumir o comando da cooperativa. Até porque Salazar era relativamente novo na cidade, não fazia parte da “República da Gringolândia”, aquela turma de sobrenome italiano que veio de Erechim e ime-diações e, que carimbada como com o adjetivo pioneiros, dava as cartas por aqui.

Então foi fácil carimbar na testa de Salazar

a palavra maçom, com todos os mistérios que o termo agregava. Era a primeira vez que a irmandade surgia no noticiário, embalada nos fake news dos primórdios.

A exploração da ignorância alheia não foi o suficiente para Barreiros perder a eleição. Mas todas as outras vezes que ele disputou, o tema voltou, sempre lhe subtraindo alguns sufrágios.

Barreiros governou com gente da confraria em cargos estratégicos: secretaria de Finanças (João Cunha), de Administração (Gilberto Gonzaga), Saúde (Lísias Tomé) e IPMC (Beck Lima), entre outros. Não quer dizer que fez um governo maçom.

“A maçonaria não indica membros para os governos, e nem os indicados de governantes submetem suas decisões de aceitar ou não cargos à maçonaria”, disse um integrante da confraria ao Pitoco, pedindo anonimato. A fonte vai além. Informa que o debate partidário está vetado dentro das reuniões formais da maçonaria. E que em período eleitoral, o venerável mestre conduz a reunião de forma a impedir que o tema divida o grupo.

No processo de seleção de novos membros, a peneira mais fina é exatamente aquela que separa gente polêmica e controversa de candi-datos harmoniosos e pacificadores (veja no box).Reunindo-se institucionalmente pelo menos desde o século XVIII, portanto há mais de 300 anos, os maçons conhecem a face desagregadora da disputa pelo poder.

Fachada de loja maçônica na região do Lago, em Cascavel: a confraria é feita de homens

Desde o final dos anos 1980, integrantes da maçonaria

têm ocupado papel central na política de Cascavel. Em todos os governos municipais, nos últimos 20 anos, eles tiveram assento em secretarias-chave.

Em quatro das últimas seis eleições para

a Prefeitura de Cascavel, o prefeito eleito ou

seu vice eram maçons. Como pergunta Tadeu

schmidt nos “Gols do Fantástico”: o que isso

significa? Nada!

Os maçons não estão ali porque foram

escolhidos em um ritual secreto por seus

pares. Como esta reportagem mostra, a

maçonaria não é homogênea.

Ela é tão fragmentada politicamente como qualquer outro agrupamento humano. Então dizer que havia maçons em cinco das seis chapas que concorriam à Prefeitura de Cascavel, é o mesmo que dizer que no secretariado do Paranhos há seis corinthianos, quatro palmeirenses e um torcedor do Botafogo.

É mais sensato atribuir a presença de

20 de abril de 2018 | 07

os maçons ao alcance dos olhos

Constrangido pelo estigma, um dos maçons com crescimento hierárquico (me-dido em graus) mais rápido de Cascavel, somente aceitou falar ao Pitoco mediante absoluto sigilo na identificação. O nome dele não poderia ser revelado de nenhuma forma.

Ainda assim, o graduado irmão foi evasivo em algumas respostas e não acei-tou, em nenhum momento, romper temas protegidos pelo juramento de discrição, mesmo que o assunto esteja ao alcance de uma busca na internet.

“Há regras na maçonaria. Se existem regras, é para serem cumpridas”, disse ele, ao ser questionado sobre sinais que os ma-çons trocam entre si e que possibilitam uma comunicação não verbal entre os membros.

Como a irmandade não é um uníssono, há correntes que defendem uma exposição pública mais abrangente da instituição, até para desmistificar tabus que foram constru-ídos no entorno.

Ritos maçonicos em sepultamentos: espadas sempre presente

eles em posições relevantes

Templo maçom no bairro Tropical: classe media alta

alej

andr

o Ga

rcia

Quando a maçonaria organiza seus even-tos, como a “Noite dos Queijos e Vinhos”, de alguma forma ela publiciza e identifica seus membros. Afinal os maçons estão ali, servindo as pessoas.

Eles estão vendendo convites, angariando fundos, e para tanto precisam se apresentar pessoalmente.

Então neste momento você vê o médico, o magistrado, o empresário, o advogado, o pro-fessor. Todos maçons, gente como a gente. Ali percebe-se que ninguém tem rabo com ponta de lança, chifres aparentes, pele avermelhada

ou um tridente na mão

Outra oportunidade em que os maçons se apresentam em público, é por ocasião do velório de um dos seus. Foi o caso re-cente, em Cascavel, do falecimento do ex--presidente da Associação Comercial, José Torres sobrinho, em janeiro de 2017.

Os membros da loja dele fizeram em público todo o ritual maçom para a ocasião, na sede da Acic. Nas despedidas, os irmãos trajam passeio completo – em alguns casos os paramentos maçons – e postam-se com suas espadas na guarda ao lado do caixão.

Ritual maçônico: com espadas ao alto e devidamente paramentados, “irmãos” despedem-se de um companheiro falecido

“bodes” em posições relevantes da sociedade (como no poder Judiciário) ao fato de os maçons serem mais estudiosos que a média, lapidados para a liderança em suas irmandades, escolhidos para usar o guarda-pó

e o avental sob regras mais rígidas.

Afora essa constatação óbvia, todo o resto fica por conta das teorias da conspiração, da ignorância, fanatismo religioso ou da fofoca.

É mais sensato atribuir a presença de “bodes” em funções de destaque ao fato de os maçons serem mais estudiosos que a média

sociedade discreta

o cabo Daciolo, deputado carioca, em discurso no

plenário da Câmara, declarou: “Temer, abandone a maçonaria, o satanismo, e volte correndo para Deus”. Ninguém o levou a sério, pois o parlamentar é dado a delírios de fanatismo religioso. Porém, de alguma forma, ele ressoa palavras de outros segmentos que estigmatizam os maçons.

De fato, michel Temer atuou por 14 anos na irmandade. Quatro anos atrás, ele pediu licença da loja Maçônica Colunas Paulistas. O vínculo, porém, não impediu que o grupo denominado “Maçons Progressistas do Brasil” pedisse o impeachment de Temer, indicativo do caráter politicamente fragmentado da or-ganização.

Embora os maçons evitem o debate parti-dário em seus encontros semanais, eles partici-param ativamente das manifestações de apoio a Operação Lava Jato. Em um desses momentos, a maçonaria rendeu homenagem ao juiz sérgio Fernando moro.

Outros maçons famosos na história do Brasil: rui Barbosa, Dom Pedro i, Luiz Gonzaga, José do Patrocínio, milton Gonçalves e o marechal Deodoro, primeiro presidente do Brasil, entre outros.

Em âmbito internacional, a maçonaria tem muita força na América do Norte. 15 presiden-tes americanos foram maçons, entre eles os célebres George Washington, Theodore

Temer é “bode”? a sala dos passos perdidos...

“No edifício Maçônico, o Templo (câmara) situa-se na parte mais interna e vem separado da Sala dos Passos Perdidos pelo Átrio.

“A denominação da Sala dos Passos Perdidos é poética; significa o mundo em que a humanidade transita sem rumo certo, porque, se a vida é apenas uma fase passageira, rara-mente o homem planeja com acerto a trajetória que deve seguir nos anos que lhe são determinados pela vonta-de superior.

“A Sala dos Passos Perdidos é a continuidade do espaço profano, em que subsiste a promiscuidade e perdu-ra a individualidade. Não há qualquer seleção de cargos ou graus; todos são maçons, todos são iguais.

“É hábito o maçom chegar à sua loja um pouco antes do horário pre-visto para o início dos trabalhos. Esse lapso é necessário para a “descarga” das pressões, para “purgação” dos efeitos resultantes da promiscuidade do mundo e para a “limpeza” da área espiritual.

“Pelo fato da Sala dos Passos Per-didos preceder o Átrio, ela mantém a energia necessária para que os ímpetos profanos se amenizem, a fim de preparar a mente para o ingresso.

“Não é aconselhável a circulação na Sala dos Passos Perdidos dos ma-çons já vestidos com suas insígnias, cada qual com seu respectivo grau, pois as vibrações emanadas das in-sígnias, dos adornos, do avental, do balandrau diferem uma das outras gerando confusões e conflitos.

“No templo de Salomão, esse espa-ço se situava ao ar livre, limitado por muros protetores.”

(trecho extraído do blog arte real - trabalhos Maçônicos)

O juiz Sérgio Moro foi homenageado pela maçonaria por sua atuação contra a corrupção

08 | [email protected]

roosevelt, Franklin Delano roosevelt, Harry Truman, Gerald Ford e Lyndon Baines Johnson. Algumas listas incluem ainda Barack obama, porém a informação é fake news. Na América do Sul também houve maçons famosos, como simon Bolivar e, acreditem, Hugo Chaves.

George Washington, o primeiro presidente norte-americano, teria determinado as linhas arquitetônicas do Capitólio, o parlamento do país, com base em preceitos maçons.

Na nota de um dólar, há quem veja influência dos maçons Thomas Jefferson e Benjamim Franklin, heróis da independência americana, que incluíram a pirâmide com um olho no topo. A frase presente em todas as notas de dólar, “In God We Trust” (em Deus nós confiamos), também é atribuída à influência maçônica.

Escolhido por Lula para ser vice de Dilma Rousseff, Michel Temer atuou por 14 anos na irmandade

10 | [email protected]

Padres e maçons no Cemitério Central de Cascavel

Padres e bispos têm espaço de-finido para sepultamento no Cemi-tério Central de Cascavel. A cripta reservada aos religiosos está ornada pelo Monumento da Ressurreição, construído pela Igreja Católica. A cripta era um desejo do arcebispo mais longevo da história regional, o italiano dom armando Círio.

A maçonaria também tem seu “loteamento”

no Cemitério Central. Os “irmãos” da loja Acácia,

entre outras, reservaram espaços décadas atrás

para marcar o encontro com o Grande Arquiteto

do Universo (G.A.D.U.), no linguajar maçônico,

também conhecido como Deus. Os maçons foram

bem racionais. O “irmão” é sepultado e quatro anos

depois os restos são transferidas para ossários em

pequenas gavetas ali mesmo, no Central, liberando

espaço para outros.

sociedade discreta

A cripta reservada aos religiosos está ornada pelo Monumento da Ressurreição

carlo

s ca

dini

- se

com

cas

cave

lPergunta sem resposta

O Pitoco enviou para líderes re-ligiosos, com pequenas variações no texto, a seguinte pergunta:

“Na campanha eleitoral de 2012,

para prefeito de Cascavel, políticos

usaram o fato de um dos candidatos

participar da maçonaria, para tirar

votos do postulante entre os religiosos.

Um panfleto foi distribuído em igrejas e

templos com este objetivo. A pergunta:

Os líderes religiosos condenam a ma-

çonaria? Há uma repulsa aos maçons

neste meio?”

A pergunta foi enviada ao presidente da Ordem dos Pastores de Cascavel (Opevel) Daniel orlandi, e não re-

cebeu resposta. Da mesma forma, uma entrevista sobre o tema maçonaria foi solicitada junto ao arcebispo dom mau-ro. Ele delegou a resposta para terceiros, esquivando-se de tocar no tema, que parece mesmo ser um tabu tanto entre lideranças católicas como evangélicas.

12 | [email protected]

os “irmãos” e a ajuda mútua

Maçons são influentes em poderes como o Judiciário e podem livrar seus irmãos de infortúnios com a Justiça? Talvez. Vale lembrar, a maçonaria é feita de homens.

Tanto assim, que na corte inglesa, em determinado período, os juízes maçons precisavam declarar tal condição antes de assumir a magistratura, para que orga-nismos de controle avaliassem como ele se portaria nos autos quando lidasse com “irmãos da confraria”.

“É mito”, disse o maçom cascavelense para o Pitoco, sob anonimato. “Há muitos juízes na maçonaria. A recomendação que o magistrado recebe ao ingressar é clara: não há nenhuma obrigação de tratar de forma diferenciada os irmãos maçons”, garante.

O anônimo, porém, deu um exemplo

Para se tornar um maçom bas-ta pedir para ingressar? Não.

O ingresso na maçonaria se dá por convite. Há um processo secular de admissão, que pode durar até meio ano. O curioso é que – em tese, talvez nem sempre – o “calouro” não sabe que será convidado.

Os maçons observam a sociedade. E pro-curam extrair deste meio os melhores. Exercer liderança na comunidade é uma qualidade desejável. Ficha limpa, bons costumes, caráter, são palavras repetidas quando se pede as quali-ficações do candidato.

“Influência política e econômica não vetam ninguém, mas também não configuram critério para admissão”, diz um maçom ouvido pelo Pitoco.

Uma vez indicado, o nome vai circular por todas as lojas da cidade na condição de indicação sob avaliação. Se não surgir óbice neste período, o indicado será entrevistado. A ele serão dirigi-das, entre outras, perguntas como: acredita na existência de um ser superior? O que é virtude? O que é vício?

Depois dessa etapa, o currículo vem para o templo, ocasião em que será lido para os irmãos. Nesta etapa alguém já pode vetar oralmente o pretenso candidato.

Quem pode ser “irmão”? Bolinhas brancas e pretas, questionário com pergunta teísta e submissão ao veto são caminhos a percorrer pelo indicado

Glossário maçônicopara não iniciadoslmaçom - o termo maçom ou mação pro-

vém do inglês mason e do francês maçon, que quer dizer pedreiro, construtor. O termo “ma-çonaria” provém do francês franc-maçonnerie e de franc-maçon, tradução de free mason (livre construtor).

lGrão-mestre ou grande mestre - é

o mais alto grau em ordens honoríficas ou de

mérito, isto é, título dada a máxima autoridade

de uma ordem, tem poder quase absoluto, geral-

mente limitado no tempo por uma eleição entre

os membros da ordem a que pertence.

lVenerável mestre - é o mestre maçom que preside uma loja maçônica, sendo eleito pelos seus pares (somente votam os membros colados no grau de mestre)

lCunhadas - assim são tratadas as esposas

dos maçons, já que dentro da irmandade todos

são definidos como irmãos.

lordem Demolay - é uma organização

para-maçônica fundada nos Estados Unidos.

Criada a partir de princípios filosóficos, frater-

nais, iniciáticos e filantrópicos, para jovens do

sexo masculino com idade compreendida entre

os 12 e os 21 anos incompletos.

l Tronco da solidariedade - remete à época da construção do templo de Salomão em Jerusalém. Foi criada uma coluna em miniatura que girava por entre as bancadas, recebendo contribuições destinadas à assistência social.

Se o veto não vier aberto, ele pode vir anô-nimo. É que, na etapa seguinte, cada um dos irmãos recebe uma bola branca e outra preta. As esferas são depositadas em escrutínio secreto no interior de bolsas.

Se nenhuma bola preta aparecer, o candidato está admitido. “O irmão foi aprovado límpido”, diz o maçom encarregado de comunicar o resul-tado do passeio das bolinhas brancas e pretas.

que se aplica fora do Judiciário, em qual-quer instância política de poder: “Se em uma relação comercial você tem dois orça-mentos em valores iguais ou semelhantes, nós maçons vamos escolher o fornecedor maçom. Se o orçamento do irmão não for competitivo, nós vamos optar pelo concorrente dele. É assim que todos agem no círculo de amizade em que atuam; portanto, nada de outro mundo”.

em tempo: já que falamos em boli-nhas, vale ressaltar que a maçonaria é o legítimo “Clube do Bolinha”, embora eles relutem em aceitar o rótulo, em tempos de politicamente correto e igualdade de gênero.

As “cunhadas” (ver glossário), são par-ticipativas nos eventos da maçonaria, como na “Noite de Queijos e Vinhos”, entre outras ações. E já existem lojas maçônicas com-postas de mulheres, porém tais iniciativas não são reconhecidas pelas potências, como são denominadas os organismos maçônicos de representação nacional.

sociedade discreta

No Ocidente, a Bíblia está presente em todas as lojas. A maçonaria não reconhece expressamente a divindade de Jesus, mas enfatiza que “os verdadeiros valores cristãos são totalmente compatíveis com a doutrina maçônica”

PÁGiNa 13

20 de abril de 2018 | 13

JAIROEDUARDO

Jornalista, editor do Pitoco e cronista nas Rádios Colméia e T. Interaja com o editor: [email protected]. WhatsApp: 991131313

o reacionárioFlagrei-me flertando com uma ideia bem maluca: por que eu

deveria pagar, através do SUS, o tratamento de saúde do tabagista?

Dia desses, acidentalmente, encontrei-me com a professora Liliam Borges, da Unioeste. Apres-

sada, sem parar para conversar, ela foi dizendo:- Você foi melhor na juventude, quando era líder

estudantil na universidade. Você virou um reacionário!Dito isso, sempre caminhando a passos largos, se-

guiu de mãos dadas com meu amigo Paulo Porto, o vereador do PCdoB, marido dela. Minhas divergências de opinião com o Porto, eu liberal, ele socialista, nunca impediram uma relação fraterna. Mas as mulheres são mais francas e diretas, qualidades apreciáveis, diga-se de passagem. Fiquei pensando: sou mesmo um “reaça”, como a esquerda qualifica seus inimigos ideológicos?

De fato, em algumas circunstâncias me flagro fler-tando com os extremos. Cheguei, esses dias, a pensar: por que eu deveria pagar o tratamento de saúde do tabagista? Não seria mais sensato o SUS dar um susto no sujeito, com uma legislação algo assim: - Ou o senhor para de fumar em seis meses – e para isso lhe oferta-mos um tratamento – ou contrate um plano de saúde privado. Nós, dos SUS, não vamos colocar na conta dos pagadores de impostos o caríssimo tratamento de seu câncer no pulmão. Será que isso é fascista demais?

E se fizesse com os contrários a Reforma da Previ-

dência o mesmo que o fundo de pensão dos Correios está fazendo com os carteiros? Ou seja, trabalhadores da ativa e aposentados, estão pagando o rombo que os petralhas e associados produziram na Postales. E pagam no holerite, devidamente descontado.

E se o buraco de R$ 22 bilhões/mês da Previdência

fosse descontado do salário de cada um dos brasileiros

cobertos pela seguridade social? Será que assim en-

tenderíamos melhor a conta? De alguma forma, este

desconto já está acontecendo, na medida que recursos

que deveriam ser destinados para segurança pública,

saúde, educação e rodovias estão sendo devorados pela

Previdência. Mas não sentimos a mesma dor do carteiro

do Correio. Por essa razão consideramos normal o gover-

no usar o dinheiro de todos para pagar belas aposenta-

dorias a jovens senhores e senhoras egressos do serviço público com proventos integrais. Minha mente inquieta passeia também pela gastança sem fim das “universida-des públicas e gratuitas”. Mas não quero mais encrenca com a professora Liliam. Pensando bem, eu também me preferia naquela bolha ideológica da juventude . Lá era mais confortável, sempre havia alguém em quem pôr a culpa. Talvez eu tenha mesmo me transformado em um velho gagá, implicante e reacionário...

Presentes ao “Café com Pitoco” de março, o advogado José alberto Dietrich e o

juiz rosaldo Pacagnan foram provocados a traçar um perfil do Supremo Tribunal Fe-deral (STF), órgão que ganhou protagonismo e visibilidade a partir do maior escândalo de corrupção do planeta, a Lava Jato.

Respeitosos e reverentes com o Poder Ju-diciário, porém críticos qualificados de alguns atos e fatos do Supremo, Pacagnan e Dietrich expressaram no encontro o que milhões de brasileiros percebem nas transmissões ao vivo das sessões do supremo: vaidades afloradas, casuísmos e compadrio na mais elevada corte. O Café com Pitoco é um momento de debate realizado mensalmente no Bourbon Hotel, com apoio cultural do Sicoob Credicapital e JN Construtora. Acompanhe os principais trechos.

em tempo: As falas aqui compiladas ocorreram uma semana antes do julgamento do habeas corpus do ex-presidente Lula.

Vaidade e casuísmo no sTFAdvogado e juiz traçam perfil do Supremo Tribunal Federal e apontam

a instabilidade jurídica e fraquezas emanadas da mais elevada corte brasileira

“A meu ver, a exposição midiática mexeu com vaidades dos senhores ministros, diga-se de passagem, em sua maioria

advogados.”

eNtrevista

FachinO STF é uma corte essencialmente política que

pode revelar bons quadros para o Judiciário.

Veja o caso do Edson Fachin. Tenho uma re-

lação de mais de três décadas com ele. Fomos

ainda jovens para Curitiba. Tivemos a opor-

tunidade recente de conversar longamente. É

dono de uma formação jurídica de altíssimo

nível. Inegável nele a tendência de esquerda

que se apresentava desde a juventude, militan-

do na Pastoral da Terra e outros movimentos.

Mas uma coisa é certa: extremamente sério,

não vai levar ideologia para dentro do Supremo

nem se curvar.

ComposiçãoDiscute-se muito se está correto ou não delegar ao presidente da República, um político no exercício do mandato, a palavra final sobre a indicação de ministros do Supremo. Bem, a leitura que se fez ao conceder este poder ao presidente é bastante incontroversa: ele, o presidente, é o sujeito que mais votos recebeu dentro do processo democrático de eleições no País. Em seus atos, o presidente tem a delega-ção por voto da maioria da população. Os fatos têm mostrado que os indicados pelo presidente nem sempre ficaram lhe devendo gratidão.

Prisão de 2ª instânciaO que é o trânsito em julgado? Um carimbo

em um processo? Ou é quando não cabe mais recursos? Não cabe revisão de provas em Bra-sília. Isso a segunda instância já fez e o juiz de primeiro grau examinou e comprovou. Em tese, quando a sentença da primeira instância for confirmada pelo segundo grau de jurisdição, o processo transitou em julgado. Embargos dos embargos são procrastinatórios. E eles não estão ao alcance para 300 mil apenados que nem em primeira instância foram julgados ainda, mas estão presos.

show na telaQuando as sessões do STF não eram trans-

mitidas ao vivo, me parece que transcorriam

de forma mais sóbria e também mais céleres.

Não tinha isso de ministro ler voto por uma

hora e meia. Eram votos de dez linhas, lidos

em cinco minutos. A meu ver, a exposição

midiática mexeu com vaidades dos senhores

ministros, diga-se de passagem, em sua maio-

ria advogados. Temos apenas dois magistrados

de carreira no Supremo.

Gilmar, o suspeitoO ministro Gilmar Mendes deveria se dar por

suspeito no caso do Baratta, o rei do ônibus

no Rio de Janeiro. Gilmar foi padrinho de

casamento da filha do paciente. Convivi com

juízes amigos de cerveja, de jantar na casa do

magistrado, tomamos vinho juntos. Dali dois

dias levamos um cacete no processo, ele indefe-

riu tudo o que eu estava pedindo e não precisa

me explicar nada por que agiu assim. Não é

porque sou amigo do juiz que devo receber

tratamento diferenciado.

José alberto Dietrich

14 | [email protected]

Políticos demaisO STF é um tribunal político, mas alguns deles são políticos demais, são supremos, a última palavra. Porém, o presidente da República é o magistrado supremo da nação. Ele edita leis e faz dar cumprimento, indica a composição do Supremo.

aqui e láPara segurar convicções tem que ter muito princípio. O que vejo no Supremo são muitos casos de casuísmo, mas também de hipertrofia. O Supremo norte-americano, composto de nove ministros, julga 100 casos por ano. Cada ministro se ocupa de 10 processos.

Casuísta iNossa constituição é imensa, emendada mui-tas vezes, porém a cláusula do transitado em julgado não mudou. Nós, aqui, trabalhamos na ponta. Quando o Supremo é casuísta, como na preferência de apreciar o caso Lula, acaba criando jurisprudência, seja 11 a 0 ou 6 x 5.

Casuísta iiPor que casuísta? Morreu o Teori, muda a juris-prudência? O STF não pode fazer isso. Há mais de 200 mil brasileiros presos sem condenação, sem julgamento em primeira instância. Agora, quando o condenado é ilustre ou por que foi ilustre, aí seremos casuístas? População vai entender que o Supremo abriu um janelão para o Lula, faltando decência dos ministros.

indecenteSe acontece aqui no Fórum de Cascavel 10% do que aconteceu na sessão do STF (NR: aquele bate-boca entre Luiz Roberto Barroso e Gilmar Mendes) , estamos com processo administrati-vo e provável afastamento. Foi muito indecente aquilo.

BizarriceVejo, ministros decidindo despreparados. Vejo a Carmen Lúcia se embananar, quando abriu a boca mostrou que não estava preparada. Coisa bizarra, queixo caído, dar aquela imunidade ao Lula. O Supremo que tenha respeito aos prece-dentes que estabelece. O que dizem hoje parece não valer nada na semana seguinte. O País precisa de estabilidade nas relações jurídicas.

Discrição iJuiz também tem que viver a vida. A magistra-tura não me define, eu sou o Rosaldo que se tornou juiz. Antes de ser juiz, sou o Rosaldo, assim na minha casa com meus familiares, assim na sociedade. Lógico que a função nos precede, o cargo chega antes, para o bem ou para o mal. Não sou da badalação, eventos, arroz de festa, me permito alguma reserva.

Luciano Braga Cortes,procurador do município de Cascavel

rosaldo Pacagnan

Discrição iiO juiz não deve apenas ser honesto, como tam-bém deve aparentar ser honesto. Porém, isso não deve torna-lo um recluso. Não adianta o magistrado tal possuir um conhecimento en-ciclopédico e não saber lidar com as pessoas. Se não conviver em sociedade, vai ser um mau juiz. Se você não está interagindo com a comu-nidade que o cerca, não conseguirá entendê-la.

sicrano GilmarPor que Gilmar Mendes julgou três habeas corpus sendo padrinho da filha do preso? Acho que deveria se afastar. Ainda que use argumentos técnicos e reproduzindo decisões anteriores para fulano, sicrano ou beltrano.... aquele que ele estava julgando não era fulano, sicrano ou beltrano.

suspeito iUm grupo de passageiros teve problemas com a TAM. Estava fácil dar a sentença, pois tenho centenas de casos semelhantes em meu arqui-vo pessoal. Olhei as partes e notei: - Conheço esses caras! Estamos todos os domingos juntos na igreja. Não vou julgar. Me afastei da causa.

suspeito iiOutro caso envolvia débitos de um condomí-nio, ação trivial, simples. Olhei, ali estava meu professor de ensino bíblico, me afastei. Depois fui homologar um acordo, as partes concorda-ram, era só eu assinar eletronicamente. Vi que um sobrinho meu esteve na audiência. Não homologuei, estou suspeito para homologar. Ninguém ali sabia que o Alex é meu sobrinho, mas eu sabia e preciso zelar por isso.

20 de abril de 2018 | 15

Se não conviver em sociedade, vai ser

um mau juiz. Se você não está interagindo

com a comunidade que o cerca, não conseguirá

entendê-la.”

FóruM de debates

Cabeleireiro Miguel Arcanjo Mendes e Reginald Armstrong

Procurador da Câmara Municipal de Cascavel, Rodrigo Tesser

Márcio Berti, presidente da Comissão Eleitoral da OAB

Presidente da Cohavel, Nei Haveroth, e Luciano Braga Cortes

Acadêmico João Eduardo Lemos e Paulo Roberto Flopas

Empresário Fabiano Cursino com Waldemar, do Sicoob

Almir Graeff e Gladis Jungs, da Digicor

O corretor Ademar Alves de Almeida e Caroline Bernardon

Campeão de bike Marcos e o pai Maurão, da Soldavel

Advogado Leonardo Antonio Nizer

Café supremoEvento debateu o protagonismo do STF na cena política nacional

16 | [email protected]

Também constribuíram no debate das patacoadas do STF

e seus ministros estrelados, os advogados rodrigo Tesser,

marcio Berti (OAB) e o procurador do município de Cascavel,

Luciano Braga Cortes. Confira alguns momentos do evento

que tem o apoio cultural do Sicoob Credicapital e JN Construtora.

18 | [email protected]

ass.

com

unic

ação

Pre

feitu

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sta

da a

pare

cida

a legislação no entorno do reservatório de Salto Caxias

está defasada pelo menos desde 2006. Muita coisa aconteceu ali neste espaço de 12 anos. E as restrições legais colocaram um torniquete no desenvolvimento imobiliário dos municípios, nota-damente Boa Vista da Aparecida, cujos condomínios às margens do espelho d’água lembram, dada a imponência das moradas lá edificadas, Beverly Hills, o chique balneário californiano.

Conforme previsão legal, a cada 10 anos é possível revisitar o plano diretor a partir de audiên-cias públicas. Foi o que fizeram os municípios em 2016. Cumpridas as formalidades, chegou-se ao teor da portaria assinada pela cúpula do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) no último dia 4. O lapso de tempo entre as audiências e o cha-megão das autoridades ambientais dá a noção de como é moroso esse mundo dos licenciamentos.

Portaria permite regularizar condomínios e impulsionar mercado imobiliário às margens de Salto Caxias; IAP avisa que será rigoroso na liberação de licenças

oportunidade na “Beverly”

LaGo de saLto caxias

segurança jurídical Mesmo entre os negócios imobiliários já estabelecidos

havia insegurança jurídica, e não raro faltavam papéis para legalizá-los. Muita gente vivia à margem da água e da lei, em um ambiente clandestino. Agora todos têm a possibilidade de regularizar a situação.

l “Há regras para seguir”, lembra o chefe do IAP em Cas-cavel, Helio netson. “Seremos criteriosos e rigorosos com a distância de 30 metros do lago , com as estações de esgoto e acesso único para água, bem como com a recomposição da vegetação”, avisa ele. Netson reconhece que a portaria permitirá novos investimentos, gerando postos de trabalho e oportunida-des. “Mas isso passa por um processo de regularização que será acompanhado de perto pelos técnicos do IAP”.

l Os efeitos da portaria beneficiam os nove municípios do chamado Pro-Caxias: Boa Vista, Capitão, Boa Esperança, Cruzeiro do Iguaçu, Nova Prata, Quedas, Salto do Lontra, São Jorge do Oeste e Três Barras do Paraná. Outro “efeito colateral” esperado é o aumento nas receitas municipais, notadamente com a cobrança do IPTU.

l De longe, a Beverly Hills do Oeste terá os maiores ganhos, pois ali está a “praia” alternativa de ricos e novos ricos da Ca-pital do Oeste.

A portaria permite ampliar as áreas de expansão urbana, possi-bilitando a implantação de novos loteamentos e empreendimentos turísticos. Para dar uma noção do represamento neste setor em Boa Vista da Aparecida, há apenas três empreendimentos desta natureza implantados no município, nem todos 100% regularizados.

Pela regulamentação vigente até então, a maioria das áreas eram enquadradas como agrosil-vopastoris, com aplicação vedada de empreendimentos turísticos ou loteamentos. A configuração es-tava moldada pela realidade lá de trás, quando o lago se constituiu.

E com esse desenho, a distân-cia da edificação para o espelho d’água é de 100 metros. Na nova configuração urbana, será preciso resguardar 30 metros. As pessoas vão ficar mais perto da água. E é esse o principal atrativo turístico e para novas moradias.

iNcLusão sociaL

20 | [email protected]

Pedro, o acolhedorCascavelense assume presidência do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa

com Deficiência (Coede). Experiência própria o qualifica para o desafio

recém conduzido à presidência do Conse-lho Estadual dos Direitos da Pessoa com

Deficiência (Coede), o advogado cascavelense Pedro maria martendal de araújo já co-meçou a percorrer o Paraná para compartilhar a causa de uma vida.

Há mais de três décadas Martendal convive dentro da própria residência com o desafio de incluir o filho em uma estrutura social produ-zida por e para pessoas ditas “normais”.

Nesta entrevista, o ex-vereador comenta o recente episódio da magistrada que ironizou uma professora com Síndrome de Down e põe o dedo na ferida: mudar aspectos físicos que conduzam para a acessibilidade é importante, mas mudar padrões mentais na lida com pes-soas com deficiência ainda é o maior desafio.

Pitoco – Você convive bem de per-

to com o dilema da inclusão social de pessoas com deficiência e agora terá a oportunidade de compartilhar isso com todos os paranaenses, no Coede...

Pedro martendal - Estou trabalhando em função desta causa 24 horas por dia, 30 dias no mês. Ter em meu lar uma pessoa com deficiência, meu filho, é uma missão que Deus me deu. A minha eleição para a presidência do Conselho Estadual me traz imensa respon-sabilidade, mas também a oportunidade de compartilhar mais de três décadas de experi-ência com famílias em igual situação em todo o Estado do Paraná. Minha experiência com meu filho é fundamental nesta tarefa.

Como é conviver com a deficiência em família?

É muito especial. A missão divina que rece-bemos é algo maravilhoso. A nossa relação com o filho com deficiência traz sim momentos de dificuldades, de complexa aceitação no início, mas o amor supera tudo. As alegrias superam os momentos difíceis. O fato nos lapidou como gente, nos tornamos pessoas melhores.

Quais os principais desafios?

Preocupa-nos sobremaneira a questão da

acessibilidade, que vai além de uma rampa e

um corrimão, barreiras urbanísticas, arquite-

tônicas e nos transportes. Pior ainda que as

barreiras físicas são as barreiras atitudinais.

o que são barreiras atitudinais?É o tratamento que as pessoas “normais”

designam para as pessoas com deficiência. Não basta adequar fisicamente o ambiente de traba-lho. É preciso que as pessoas sejam preparadas e capacitadas para lidar com as pessoas com

deficiência. Isso inclui todo um aprendizado,

um jeito de lidar, interagir e mesmo de falar.

estamos atrasados neste quesito?

Sim, estamos. No Direito, área de minha

formação acadêmica e atuação profissional,

se fala que devemos tratar desigualmente

os desiguais como premissa para eliminar a desigualdade. Acredito que esta frase ajude a entender melhor como superar as barreiras atitudinais.

na contramão deste esforço, recen-temente uma magistrada carioca disse em rede social: “professor com síndro-me de Down? Espera aí que vou ali na esquina me matar e já volto...”. Como você analisa esta postura?

É despreparo, ela não conviveu com as pessoas com a síndrome. Não se instruiu com a problemática da deficiência. Certamente a

“Direito que não se efetiva não é direito. É apenas uma

perspectiva de direito.”

Martendal com o filho Pedro Leandro e o neto Vitor: beijos e abraços no pai são uma rotina diária de afeto

20 de abril de 2018 | 21

Pedro Martendal e conselheiros na posse do Coede, no último dia 9 de abril, em prestigiada solenidade: causa de uma vida

professora recebeu graduação, uma preparação que permita ministrar aulas. Do contrário não estaria executando a tarefa. Não se espera uma galhofa destas de ninguém, muito menos de uma juíza. Lamentável!

outro dia um vídeo de pessoas com deficiência em carícias públicas circulou pelo Whatsapp...

Sim, neste caso precisamos entender que as pessoas com Down agem diferente. As pessoas com a síndrome são muito espontâneas, dire-tas, puras, elas não têm maldade. Esse vídeo, que pode chocar alguns, traz isso da pureza, algo sem malícia. Meu filho beija amigos na face, ele não vê maldade nisso, até porque não há. Cristo tinha o hábito de beijar apóstolos na face.

Percebe-se que seu filho é carinhoso,

afetuoso, sempre de mãos dadas com

você...

Ele é carinhoso sempre. No amanhecer vai

me acordar em meu quarto com um abraço e

um beijo. É assim o dia todo. Ao visitar escolas

especiais como a Apae, você vai perceber que

essa é uma atitude comum entre eles. Reco-

mendo a todos uma visita. É conhecer para

melhor entender, melhor interagir.

Você tem uma longa caminhada na apae...

A Apae é extensão da minha casa e das pes-soas com deficiência. Atuo há mais de 30 anos ali. Nossos filhos recebem toda instrução lá. E os apaeanos o fazem com carinho e especiali-zação na prestação deste serviço. O problema

está em setores da sociedade, começando pelo

poder público, que é rigoroso na cobrança de

adequações físicas, mas nem sempre mantém

os próprios prédios públicos adequados.

sua passagem pela Câmara de Casca-vel trouxe a causa para a pauta. Como foi sua experiência no Legislativo?

Foi produtivo, mas convivemos também

com algumas frustrações. Um projeto de reso-lução de minha autoria previa a contratação de

um intérprete de Libras, a linguagem gestual

dos surdos, para atuar em solenidades públi-

cas, sessões da Câmara. Faz cinco anos já, e

o profissional não foi contratado. Pergunto:

como um policial vai abordar uma pessoa com

deficiência auditiva? Em que linguagem?

as obras do PDi trouxeram avanços

na acessibilidade, concorda?

Sim, avançamos, já foi muito pior. Mas

temos uma longa caminhada. Enfrentamos

um retrocesso quando tiraram o cobrador do ônibus. Não se pensou no cadeirante, na pessoa com deficiência. Nossas calçadas fora

do eixo central são horríveis, é desrespeitoso e humilhante para o cadeirante e impraticável para o cego e pessoas com outras deficiências.

Qual deve ser atitude do cidadão diante de um deficiente que pede es-molas?

Não se deve dar esmola. Deve-se orientar as pessoas para ir até a Secretaria de Ação Social se informar-se a respeito do amparo previsto legal-mente e que irá assegurar o suporte básico para estes casos. A esmola fere a dignidade humana.

as novas tecnologias presentes em aparelhos celulares vão levar mais ci-dadania aos deficientes?

Novas tecnologias são bem-vindas. E no celular são de grande valia para os deficientes. Mas toda a tecnologia do mundo pouco vale se as pessoas ditas normais não souberem convi-ver com as pessoas especiais. Antes de uma tela fria de celular, vale o calor humano, o amor, o respeito e o acolhimento que elas precisam.

“Ter em meu lar uma pessoa com deficiência, meu filho, é

uma missão divina.”

nos últimos dias temos observado um fenômeno de idolatria a um político que recentemente foi preso,

pelos seus seguidores que acampam em frente ao local onde ele se encontra. Não quero aqui discorrer sobre o fato em si, porém quero usar o exemplo dele para puxar uma outra discussão que repousa sobre a cabeça dos líderes dentro das organizações: como engajar seu pessoal a lutar todos os dias pela sua empresa?

Esses fanatismos recentes são semelhantes àqueles acontecidos na década de 40, com mussolini e Hitler, os quais arrebanhavam milhares de pessoas e que aca-baram por dizimar a vida de tantas outras. Claro que existe um abismo enorme entre esses conceitos, de fanatismo político e engajamento de pes-soas por uma boa causa, porém o mecanismo intrínseco entre ambos é o mesmo: motivar pessoas a um objetivo comum através de ideias.

Concatenar equipes para

que todos apontem para um

mesmo lado passa principal-

mente pelos valores e visões

bem definidas, o que tem a ver

com o que se agrega à vida das

pessoas que estão sob a sua ban-

deira. Você pode perceber que

a única coisa que esses “líderes”

que citei acima não ofereceram

foram grandes quantidades de

dinheiro para que as pessoas as

seguissem. Deram apenas motivação através de pala-

vras e posturas. E observe que não eram boas.

Vamos parar com os exemplos ruins e passemos para um outro mais adequado. martin Luther King usou apenas o seu discurso, no dia 28 de agosto de 1963,

MáRcIO DAnIEl FOllE

Natural de Campo Erê (SC) e cascavelense há 18 anos. Graduado nas áreas de administração, marketing e vendas.Coordenador comercial da Funcional Consultoria e coordenador de Planejamento, Desenvolvimento e Inovação da Funcional Contabilidade.

LideraNça

engaje as pessoas!Movimente-se, lidere! Chame as pessoas para uma boa causa!

“Mais vale acender uma luz do que amaldiçoar a escuridão”

para movimentar em torno de 250 mil pessoas e mudar a história do seu país. Dizia ele em um dos trechos: “Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos descedentes dos donos de escravos poderão se sentar juntos à mesa da fraternidade”. Vejam que ele não pregava que os negros se revoltassem contra todos os seus opressores, e sim congregava a todos que se unissem por um objetivo maior.

O engajamento é uma ligação afetiva da equipe com o objetivo da empresa. Não tem a ver com sobra ou escassez de recursos, investimento maior ou menor

de capital. Tem a ver com produzir resultados ligados a uma verdadeira vontade e sentimento de fazer parte do negócio, e não apenas como expectador. O time enga-jado não espera a ordem, é reconhecido não só pelo dinheiro e está disposto a assumir riscos.

Todos devemos cultivar

uma boa causa, que cons-

trua uma sociedade melhor

e que dê oportunidade de

constante evolução das pes-

soas. E isso deve começar

dentro das organizações,

seja qual for o fim delas.

Empresas que atingem esse

patamar conhecem um am-

biente com alto nível de produtividade. Produção de

ideias, valores e formação de bons indivíduos que

almejam o melhor para todos, assim como o grande

Martin fez.

Engaje as pessoas, por uma boa causa, claro!

Luther King: “I have a dream...”

22 | [email protected]

20 de abril de 2018 | 23

MuNdo dos NeGócios

o cruzeiro da Guaçu TurFundada em meados da década de 1990, agência de turismo

estréia novo endereço para melhor atender seus clientes

novas instalações em área de 2,4 mil m2

Se fosse possível ao turista desembarcar do luxuoso navio de cruzeiro diretamente na nova sede da Guaçu Tur, ele notaria poucas diferen-ças no padrão de acabamento e sofisticação. O prédio que abriga a agência de viagens do menino de Guaraniaçu é deslumbrante.

Construída no terreno de 2,4 mil metros quadrados que outrora sediava a Triunfante Alimentos (perto do Super Beal, da Carlos Gomes), a nova sede da Guaçu Tur oferece 1,8 mil metros quadrados de área construída em altíssimo padrão. Ali o comprista chega em seu próprio carro, deixa o veículo estacionado em área coberta e protegida, parte às 13h e 16h30 rumo a São Paulo em ônibus novo e confortável às 2h e às 5h da manhã já está na capital paulista.

Pela inconstância no atendimento do ae-

roporto local, é provável que a via rodoviária chegue antes ao destino. No retorno, o ônibus abrigado em um mini-terminal rodoviário im-plantado na sede da Guaçu, enquanto a merca-doria do lojista é descarregada em segurança, o cliente serve-se de um café da manhã ofertado no refeitório próprio da empresa.

Fabio Tessari e sua equipe profissiona-lizaram cada etapa, com rigor e cuidado. O polo comercial, universitário e de turismo de Cascavel está muito bem atendido.

menino ainda, 23 anos de idade, Fabio Tessari ambicionava outros cenários

para além da topografia acidentada e os morros de Guaraniaçu, sua cidade natal. Então ele vol-tou os olhou para as luzes do espigão, enxergou Cascavel e suas potencialidades lá no meio da década de 1990.

O nascente polo universitário embutia oportunidades. Fabio começou ali, transpor-tando acadêmicos e professores de Cascavel para outras cidades. A poltrona confortável de motorista nunca acomodou o empreendedor inquieto. Fabio abriu o portfólio da Guaçu Tur e descortinou várias frentes.

Afinal, havia demandas antigas mal aten-didas e outras novas, mal exploradas. O polo comercial de Cascavel e suas centenas de lojistas/compristas precisam se deslocar para São Paulo periodicamente. Aqui ele ampliou a frota e abriu portas. Hoje a Guaçu Tur, dona de uma frota de mais de 20 ônibus, parte diariamente de Cascavel em direção à capital paulista para atender os lojistas. Para tanto montou uma estrutura própria sem equiva-lente no Paraná.

Versátil, eclética, a agência de viagens virou um canivete suíço, atende em todas as pontas. A comodidade e o conforto são palavras-chave e fruto de quem vivenciou longas viagens. Fa-bio foi ao volante inúmeras vezes no início do empreendimento. “É preciso saber fazer para

saber mandar”, costuma repetir. Assim ele guarda no currículo viagens rodoviárias conti-nentais, como aquela de Paranavaí a Fortaleza (ida e volta, 9 mil quilômetros), em que se revezou ao volante com um colega de trabalho.

Hoje a agência de viagens possui a frota de idade média mais nova do Paraná no setor de turismo, oferecendo uma alternativa econômi-ca, confortável e segura ao transporte aéreo.

“O leque no turismo é imenso, infinito. Pode ser a Disney, cruzeiros marítimos,

Buenos Aires, Montevidéu, Terra do Fogo, Gramado, Bonito, praias. Enfim, atendemos com equipe própria, incluindo guia, hospe-dagem e nossa experiência de mais de duas décadas”, pontua.

Inevitável perguntar ao navegante: por que deveríamos viajar mais? “Viajar é viver. O que se leva desta vida, é a vida que se leva”, diz o dono da Guaçu Tur, que um dia, menino ainda, subiu no alto do morro em Guaraniaçu para enxergar longe as oportunidades que a sua região lhe oferecia.

SERVIÇO Rua Doutor Sandino Erasmo de Amorim, 1872 | Fone (45) 3225-5555 | www.guacutur.com.br

24 | [email protected]

Luiz inácio da silva e o LulaResta torcer que nestes dias de cárcere Lula reencontre

o homem idealista, corajoso, e o operário Luiz Inácio da Silva

o Brasil e o mundo estavam com o olhar voltado para Brasília mais especificamente nos onze juízes da

Suprema Corte que encerrariam um triste capítulo da história política da República. Os próximos capítulos serão escritos e roteirizados nos próximos meses.

Mas voltemos àquela quarta-feira em Brasília. Eu estava na capital e logo pela manhã percebi na Esplanada dos Ministérios que seria um dia difícil para todos os bra-sileiros. Afinal, o desfecho mexeria com nossas emoções, favoráveis ou contrários ao ex-presidente Lula. Ruas impedidas no entorno do STF, muitos policiais e por fim os grupos pró ou contra Lula.

Vi mais do que isso. Aqueles grupos com seus carros de som e bandeiras refletiam uma nação dividida. Que de norte a sul, leste a oeste, não lá estando acompanhavam pela TV ou internet aquela sessão do Supremo que se ar-rastou por longas 11 horas até a proclamação do resultado.

E voto a voto com as justificativas de cada ministro, que em uma linguagem rebuscada e incompreensível para maioria dos brasileiros se sucederam. O resultado todos sabem, acompanharam em tempo real.

Mas o que me levou a refletir foi os acontecimentos de sábado (07/04). Acompanhando pela TV a prisão do ex-presidente Lula, fui tomado por misto de dúvida, tristeza e pena daquele senhor de cabelos brancos e ralos sendo encarcerado. Questionei-me: quem é aquele? O Luiz Inácio da Silva ou o Lula? Alguém mais atento pode questionar. Afinal não se trata da mesma pessoa? Penso que não. Aquele senhor conduzido gentilmente pelos agentes da PF se tratava do Lula. Ex-presidente do Brasil.

Mas e o Silva, como tantos brasileiros, onde estava então? Pensei sobre isso. E num breve retrospecto acre-dito que o Luiz Inácio foi substituído pelo Lula, quando na eleição de 2002, depois de ter sido vencido em três disputas eleitorais, resolveu mudar o tom, se transformou no “lulinha paz e amor”. Seu vice foi um dos maiores empresários do ramo têxtil do Brasil, o já falecido José alencar. Fez alianças políticas e concessões que o leva-ram a se tornar o primeiro presidente operário do Brasil. Pior: depois para garantir a governabilidade, continuou fazendo concessões e alianças questionáveis para um partido so-cialista, com figuras de reputação duvidosa (José sarney, renan, meirelles, roberto Jefferson, Jucá e Geddel Vieira entre outros ”ilustres senhores da República”). Acredito que foi aí que o Luiz Inácio foi sepultado e deu vida ao Lula.

Aquela bela história do menino que saiu do Nordeste e foi para São Paulo transformando-se no mais admirável líder político do Brasil e do mundo (saga que se trans-

aNÁLise

formou em filme) e trouxe esperança e de fato avanços inquestionáveis para o povo brasileiro, foi maculada no exercício do poder.

Lula foi seduzido, ou, se preferirem, abduzido pela nossa elite , que domesticou a esquerda, que incorporou os princípios da social-democracia do PSDB. Muitos haverão de discordar desse texto. Que assim seja, afinal, ninguém pode se achar dono da verdade. Mas infelizmen-te os fatos depõem a nosso favor. Tenho reserva moral para fazer esta reflexão, pois fui um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores na minha cidade.

Eu mais do que ninguém conheço a trajetória de Lula e ainda acho que ele foi uma figura extraordinária. Apesar de tudo, não pode ser tratado com escárnio, reduzido a um mero criminoso (nem tão bandido como alguns se-tores querem fazem crer, e nem tão inocente como seus apoiadores acreditam).

Mas o que levou Lula ao cárcere? Paixões à parte, acredito que Lula pagou um preço alto por suas opções, talvez não tivesse muito o que fazer para tocar seu governo. Rendeu-se, provavelmente pelas forças das circunstâncias, entrou no “esquema” . Sim no esquema, ou somos ingênuos a ponto de acreditar que foi o PT, o Lula, Palocci ou Zé Dirceu que inventaram toda essa estrutura corrupta que permeia o Estado brasileiro?

Ali, em nome da governabilidade, o Luiz Inácio da Silva foi deixando de lado e o Lula e passou a governar de acordo com os interesses que contrariavam todos os princípios do Partido dos Trabalhadores. Começou pelo “mensalão” e aí já era tarde para voltar, e foi sendo com-placente com a ganância do lucro fácil, do dinheiro que vinha fácil e foi tomado pela força da corrupção.

Entregou-se aos engravatados, confiou naqueles que por anos o combateram e sempre contaram com as benesses governamentais. Aceitou ou foi induzido a aceitar tacitamente as regras das construtoras e grupos corporativistas. Apesar da grande história desse homem de trajetória admirável, sua biografia ficou manchada.

Os mesmos engravatados que abraçaram o Lula, exal-tavam sua história, hoje apontam o dedo e entregam o “esquema”. Paga hoje o preço de confiar e se aliar àqueles que de fato têm o poder no Brasil. Afinal, Lula governou livre até onde eles permitiram. Pois aqui no Brasil, uns são governo e outros têm o poder, e o Lula se colocou a serviço deles, aceitou suas regras e agora paga um elevado preço.

Resta torcer que nestes dias de cárcere Lula reencontre o homem idealista, corajoso, e o operário Luiz Inácio da Silva.

Entregou-se aos engravatados, confiou naqueles que por anos

o combateram e sempre contaram com as benesses governamentais. Aceitou ou foi induzido a aceitar

tacitamente as regras das construtoras e grupos

corporativistas.”

cARlOs REIs

Professor e prefeito de Anahy (PSC)

o gigante acordou?

Cascavel está entre os cinco maiores ter-ritórios municipais do Paraná. Olhando

o copo meio vazio, é possível enxergar a ti-tânica missão de manter 3 mil quilômetros de estradas rurais em condições de escoar a produção. Para ligar os dois pontos extremos do torrão cascavelense, é necessário vencer 100 quilômetros. É o mesmo que percorrer, pela BR 277 a distância entre a “Capital do Oeste” e São Miguel do Iguaçu.

Olhando a metade cheia do copo, a leitu-ra pode ser outra: o potencial de intercalar outras atividades produtivas nesta vastidão. A piscicultura é uma opção historicamente negligenciada por aqui.

Um estudo das bacias hidrográficas de Cascavel e seu potencial hídrico, realizado aqui pela C.Vale, chegou a um número espetacular: é possível designar 600 hectares para espelhos d’água e ali “semear” tilápias, peixe de carne nobre, frequentador dos pratos mais saudáveis.Com tantas aguadas e vasto território, Cascavel poderia tirar dos açudes até 6 mil toneladas por temporada. Hoje o município produz apenas 5% do que as 317 mil potenciais boquinhas

cascavelenses consomem.

anZoL na áGua - A escassez dos esca-mosos pode estar no fim. Técnicos da Emater, Secretaria Municipal da Agricultura e Sindicato Rural Patronal formaram um grupo e lançaram o anzol, chamando para si a responsabilidade.

Eles revisitaram um programa que já exis-tia. Introduziram nova metodologia, reuniram uma centena de potenciais produtores e puse-ram o pé na estrada. Foram 102 visitas técnicas, onde se analisava desde caraterísticas da terra e a topografia até a aptidão dos agricultores, passando pela disponibilidade da água.

Vários ficaram na primeira peneirada. 26 agricultores estão em processo final de habi-litação, outros 12 labutam com a papelada. E alguns já estão produzindo.

VoLTa às auLas - Entre os novos pis-cicultores está a professora que foi para a roça, nereide Tebaldi Dola. Em quatro gestões, ela foi diretora da escola do distrito de São João. Após 33 anos nas lides da educação, aposentou--se. Ou melhor, apenas mudou de ramo.

Programa cascavelense de piscicultura é finalista em

concurso nacional; Cascavel tem imenso

potencial, mas “importa” 95% do peixe que consome

aGroNeGócio

Nereide apresenta uma das 62 mil tilápias que cultiva em São João: aprendizado extenuante

Talvez ela rale agora mais do que antes da aposentadoria. Colocou 62 mil tilápias em três tanques na pequena propriedade recém herdada em São João.

Nereide, a professora, precisou voltar aos “bancos escolares”. Afinal, o peixe só entrava na vida dela já prontinho, no prato. Era preciso entender as particularidades da criação.

Os técnicos auxiliaram no licenciamento ambiental, capacitação para financiamento do

26 | [email protected]

“Colheita” em junho ou julho l Oxigenar a água, principal-

mente à noite, é uma das tecnolo-gias implementadas pelo projeto, e que possibilita ampliar a povoação do açude, permitindo um salto de até quatro vezes na produção. Os açudes da professora Nereide dispõem de aeradores.

l Ela pretende “colher” a pri-meira safra de tilápias em junho ou julho, quando os peixes pesarão, em média, 750 gramas cada. Nesta dimensão, ela terá 45 mil quilos nos três açudes somados. Se vender o quilo vivo por R$ 4,10, obterá uma receita de R$ 184 mil.

l Nereide terá investido mais de R$ 100 mil em ração e precisa quitar parcelas do financiamento do açudes. Ela está ansiosa para adiantar a quitação. O prazo é de 10 anos (um de carência) a juros camaradas.

l Detalhe: o peixe não está en-tre os pratos preferidos da professo-ra e ela não aprecia prepará-lo. Mas negócios são negócios, preferências gastronômicas à parte...

Pronafinho e principalmente no manejo dos bi-chos. Ou seja, ensinaram a professora a pescar.

Ela é uma aluna dedicada, apesar de algum receio de pegar na mão o peixe de cerca de 600 gramas para as fotos desta reportagem.

PesCar e suar - A atividade, diferente do que o ofício de pescador possa sugerir, é trabalhosa. Com os peixes ainda pequenos, ela precisava tratá-los quatro vezes por dia. Cada sessão consome pelo menos uma hora. “Aproveitei para fazer minhas caminhadas”, disse Nereide.

Fato que a preocupa é o preço que os poten-ciais compradores estão acenando pelo peixe vivo: R$ 4,10 o quilo.

O custo para implantação dos tanques e o custeio se somam nesta etapa do processo. Foram R$ 265 mil na construção dos açudes e outros R$ 80 mil designados para o custeio. Os peixes têm fome. Alimentá-los custa R$ 800 por dia.

A última compra de ração gerou uma fatura de R$ 12 mil. É para testar mesmo a aptidão empreendedora da professora. Os parentes já andam meio assustados com o arrojo dos Dola.

Na construção de açudes, a Prefeitura ajuda com algumas horas-máquina, porém as “ama-relas” são insuficientes para atender todos.

o que rende mais:frango ou peixe?

“É um negócio rentável”, diz o zootecnista da Emater, sergio Haroldo Henn.“Comparando com a rentabilidade por quilo de frango produzido após deduzidas todas as despesas, temos resultado de 5% líquidos na avicultura contra até 30% na piscicultura, seis vezes mais”, afirma o especialista. Ele destaca que municípios como Maripá já colo-cam suas tilápias em mercados distantes, como o Nordeste brasileiro. E que as grandes cooperativas da região entraram no segmento, sinalizando para o mercado a viabilidade do setor.

Outro fator que torna Cascavel mais competiti-va, segundo o zootecnista, é a presença da inspeção municipal. O Cisme carimba o peixe e permite que a produção seja comercializada em todo território nacional.

O único frigorífico de peixes do município, da família marmentini, está se capacitando para aten-der a expansão da produção. A capacidade de abate vai saltar de 30 toneladas semanais para 100 mil quilos a cada sete dias. Será que agora o município do território gigante e das generosas aguadas acordou?

em tempo: o Programa de Piscicultura de Cascavel está entre os 15 selecionados pelo Prêmio Municiência, voltado para incentivar e reconhecer ações inovadoras nos municípios.

Os técnicos Edson Duarte da Silva e Sergio Henn orientam a estreante no mundo do peixe: volta às aulas

28 [email protected]

Praias

BC engorda 60 metros

Quando os mais novos moradores de Balne-ário Camboriú, renato e Ódina silva,

forem fazer a caminhada matutina na orla, eles vão enxergar mais 60 metros de faixa de areia.

E, por algum tempo, terão que conviver com as obras do novo calçadão, estacionamen-to, ciclovia, pista de corrida, rampas de acesso

à praia, recomposição vegeral e quiosques para

comércio e serviços.

É que Camboriú obteve a licença ambien-

tal prévia, a primeira de três, para o arrojado

projeto de alargamento da faixa de areia da

praia central. A ampliação elevará de 30 para

90 metros a faixa.

A solução encontrada na mais concorrida praia do Sul parece meio invertida: como não é possível empurrar os grandes edifícios que sombreiam a praia, então o município vai em-purrar o Oceano Atlântico para mais longe. O alargamento da orla engloba seis quilômetros de extensão. As obras devem durar 18 meses e devorar R$ 100 milhões na primeira etapa.

Sem superpoderes para empurrar o paredão de prédios para mais longe do mar, catarinenses vão “afastar” o Oceano Atlântico da orla

Cartão postalde santa Catarinal “Balneário Camboriú é cartão postal

de Santa Catarina. Obra turística no mu-nicípio causa um reflexo no estado todo“, comentou o presidente da IMA, alexan-dre Waltrick rates, para a repórter da “Gazeta do Povo”, alexia saraiva.

l Rates explica que uma comissão do

instituto foi a Fortaleza, única outra cidade

do Brasil autorizada a alargar suas faixas de

areia, para analisar os estudos de impacto

ambiental realizados junto às universida-

des e garantir um melhor resultado em

Santa Catarina.

l “Uma outra conotação intrínseca [à

obra] é abrir precedente para o engorda-

mento de outras praias. Agora a gente tem

base acadêmica para poder licenciar com

mais tranquilidade e facilidade, e o órgão

está preparado para isso”, acrescenta o

presidente.

o Paraná vai ganhar a primeira eletrovia do País, com a instalação de postos de

abastecimento para veículos elétricos (também chamados de eletropostos). No total, serão instaladas dez estações de recarga em 700 qui-lômetros da BR-277, entre Paranaguá e Foz do Iguaçu. A iniciativa é uma parceria de Itaipu e Copel. O primeiro eletroposto foi inaugurado dia 27 de março em Curitiba, no Km 3 da rodovia.

Itaipu vai fornecer oito dos dez eletropostos e dará suporte técnico; a Copel será responsável pelos outros dois eletropostos, arcará com os custos de instalação e vai fornecer a energia elé-trica. Como ainda não há uma regulamentação do segmento pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), nesta primeira fase o usuário não vai pagar pelo serviço. Cada eletroposto terá 50 kVA (kilovoltampere) de potência, o equivalente a dez chuveiros elétricos ligados ao mesmo tempo. A unidade também contará com três tipos de conectores, próprios para atender os modelos de carros elétricos ou híbridos

susteNtabiLidade

Primeira eletrovia do BrasilCom instalação de postos de abastecimento para veículos elétricos,

Paraná está se preparando para atender a nova tendência internacional da mobilidade

disponíveis no mercado.

Para antonio sergio Guetter, da Copel, “a troca de carros convencionais pelos elétricos vai transformar o setor de mobilidade e a empre-sa pretende oferecer uma rede de energia robus-ta e inteligente para essa mudança”. O secretário de Estado de Meio Ambiente de Portugal, José mendes, que participou do evento, lembrou que a redução das emissões é uma preocupação mundial. “A intenção é descarbonizar a cadeia toda e a Copel está fazendo isso, ao gerar energia de uma fonte limpa”, disse.

O coordenador brasileiro do Programa Veículo Elétrico da Itaipu, Celso novais, destacou o caráter pioneiro da iniciativa e elogiou a parceria com a Copel. “É uma clara demonstração de visão de futuro e ratifica os investimentos feitos por Itaipu na última década”, disse. “Cada vez mais, a mobilidade elétrica deixa de ser uma aposta de futuro para se tornar realidade”, concluiu.

novas estaçõesAlém da estação de Curitiba, entrou

em operação o eletroposto em Parana-guá. Ainda neste ano serão instaladas as unidades de Foz do Iguaçu, Medianeira, Cascavel, Laranjeiras do Sul, Guarapuava e Irati. Todos serão hospedados em postos de combustíveis ao longo da rodovia, com distância de 100 quilômetros entre um e outro.Os eletropostos serão todos de carga rápida ou semirrápida, levando de meia hora a uma hora para carregar 80% da ba-teria da maioria dos carros elétricos hoje em circulação. Esses modelos rodam de 150 a 300 quilômetros com uma carga completa.

em tempo: Cascavel já tem um eletroposto instalado na sede Amop, no Centro Cívico . O equipamento abastece o único carro elétrico da cidade, um Renault Zoe cedido por Itaipu * com informações da agência estadual de Notícias e da assessoria de itaipu

Está aposentado com mais de R$ 2,4 mil mensais e quer viver no exterior ? Portugal, na porta da Europa, recebe você de braços abertos

diÁrio de bordo

Portugal, a bola da vez

Torre de Belém: construída em 1519, é o símbolo maior de Portugal

Os “elétricos”, um dos símbolos de Lisboa, e o bairro Alfama, berço do fado

Teatro Dona Maria II, uma instituição histórica. Abriu as portas em 1846. Neste teatro brilharam muitas estrelas nacionais e internacionais.

Portugal nunca esteve tão lotado como neste ano de 2018. Hoje é o país da moda na Eu-

ropa. Baixa criminalidade, preços generosos, transporte público de qualidade e nível zero de ataques terroristas, isso faz de Portugal um destino altamente atraente.

Em 2017, Lisboa ganhou o título de melhor cidade em arquitetura, pela famosa revista inglesa “Wallpaper”. Também Porto foi eleito o melhor destino turístico europeu do ano em um concurso popular com votos de nada menos que 174 países.

Esse conjunto de fatores faz com que pesso-

as do mundo inteiro adotem o país para viver.

A mais ilustre é nada mais nada menos que a

cantora madonna, que recentemente anun-

ciou mudança para Lisboa. Portugal também

virou o principal destino de brasileiros que

decidem morar no exterior.

Estive em Portugal em 2011, e agora em

2018. Curiosamente, em 2011 os portugueses

viviam uma grande crise econômica, depen-

dendo de recursos da União Europeia para

evitar uma quebradeira, e na época eram o

portugueses que queriam morar em outros

países, e o Brasil era um dos preferidos.

Pois bem, passados sete anos as coisas se

inverteram, são os brasileiros que com a crise

optam pela terrinha como principal destino.

Para os brasileiros que desejam fixar residência

e trabalhar em Portugal, há inúmeras ofertas de

emprego, principalmente no setor de serviços.

O salário mínimo é de 580 euros, podendo

chegar até 1200, dependendo da atividade.

Para os estudantes, o ensino de qualidade

e os preços generosos das universidades são

muito atrativos.

Aposentados brasileiros com renda su-

perior a 580 euros (ver os demais requisitos

em site oficial) podem lá residir no regime

de “residente não habitual”, tendo isenção

fiscal de 10 anos, desde que seja tributado

no Brasil.

Para quem quer passear ou viver na Eu-

ropa, falar português, comer bem, ter segu-

rança, saúde pública de qualidade e um povo

acolhedor, Portugal é o destino. O que você

está esperando?

Nelson Rogério Grutzmacher

empresário cascavelense,retornou de Portugal no dia 3 de abril

20 de abril de 2018 | 31

32| [email protected]

Fc cascaveL

Contelle Assessoria de Comunicação

Depois de algumas alterações de datas, o Departamento de Competições da

Federação Paranaense de Futebol divulgou o regulamento e a tabela do Campeonato Pa-ranaense de Futebol Sub-19. As disputas da primeira fase começam no dia 28 de abril. O elenco do Futebol Clube Cascavel está no grupo A e vai estrear jogando contra o Foz do Iguaçu, às 15h30 no Estádio ABC, em Foz.

O time já vem sendo preparado desde o início de março pelo técnico romildo santo rosa, que é paranaense . Como jogador, atuou em 18 clubes dentro e fora do Brasil e, como técnico e auxiliar, também já adquiriu bastante experiência. “Trabalhei muito no estado de Goiás, onde consegui três acessos para a pri-meira divisão no campeonato goiano. Espero poder contribuir com isso dentro de campo com os meninos do FC”, deseja Romildo.

No Centro de Treinamento, a movimenta-ção tem sido intensa. Novos contratados estão em uma fase de entrosamento com os jogadores que já vestiam a camisa do clube cascavelense. O meia-atacante robinho, natural de Curiti-ba, que já atuou no elenco profissional do FC Cascavel, agora está atuando na categoria Sub-19. “Foi importante estar no time principal neste ano, agora estou passando a experiência que adquiri para os demais meninos. Estamos fortalecendo a amizade e trabalhando forte para fazer uma boa competição”, comenta.

Algumas peças pontuais ainda estão em fase de contratação, mas a maior parte do grupo já está alinhada. “No ano passado começamos uma reestruturação para que não tenhamos que remontar o time toda vez. 2017 foi o início e agora estamos fazendo uma remontagem completa do elenco com atletas nascidos em 1999 e 2000. Vamos precisar ter um pouco

Para iniciar bem na competição, grupo do FC Cascavel está treinando desde o começo de março sob o comando do técnico Romildo Santo Rosa

sub-19 no Paranaense

“Vamos precisar ter um pouco de paciência, para que esses jogadores 2000 ganhem

experiência dentro do campeonato.”

cont

elle

ass

esso

ria d

e co

mun

icaç

ãode paciência, para que esses jogadores 2000 ganhem experiência dentro do campeonato. Assim vamos começar a ter resultados e alcan-çar o principal objetivo do clube que é revelar bons atletas para o profissional”, explica o gerente de futebol, Gustavo Caiche.

No ano passado, o FC Cascavel conquistou o vice-campeonato no Campeonato Para-naense Sub-19 e a expectativa, neste ano, é aprimorar esse desempenho. “Reparamos que esta é uma equipe muito técnica, que tem jogadores de frente muito rápidos, estamos aplicando no dia a dia a nossa filosofia de jogo ainda. Mesmo sendo jovens, vou cobrar muito deles, porque no futuro vão ter essa cobrança no profissional. E busco um time que tenha uma boa pegada, marcação forte, mas gosto que não fique só na marcação, que vá para o ataque com qualidade, toque de bola e velocidade”, detalha o técnico Romildo Santo Rosa.

29 de março de 2018 | 31

34| [email protected]

Vossa excelência, o povoO pensamento da maioria se reúne em forma de movimento

coletivo de modo jamais vivenciado pela humanidade

Quem colocou o ex-presidente Lula na cadeia? Foram os ministros do STF. Correto? Não. Foi o

juiz sergio moro, ou o twitter do general? Também não. Foi o povo. O poder de comunicação e mobilização que cada um de nós ganhamos com as mídias digitais é algo ainda a ser melhor estudado. Cada um mostrou individualmente e depois todos juntos, que tomamos uma posição pelo bem do País, segundo suas convicções. Foi uma demonstração massiva de apoio a Moro e ao posicionamento correto do STF.

O fenômeno designado “Primavera Árabe”, que sacu-diu os governos autoritários do outro lado do planeta e a resposta popular ao ataque ao Charlie Hebdo, jornal francês, são demonstrações históricas da força que há na expressão coletiva de pensamento.

Pessoas, conectadas como nunca antes, permitem reunir o pensamento da maioria em forma de movimento coletivo de uma forma jamais vivenciada pela humanidade.

Não há organização humana que não se curve a essa força. A Rede Globo, em sua campanha “Brasil Que eu Quero”, já entendeu que não tem mais a força de mídia do passado.

A milenar Igreja Católica compreendeu a mensagem e elegeu um papa afinizado com este momento de comu-nicação fluída. Um papa que consegue se comunicar com cada cristão. Este novo cenário é demolidor das estruturas verticalizadas, desafia hierarquias rígidas e fortalece a tese de que a fé está em cada um.

Esta nova realidade, avassaladora, chegou ao mundo das urnas também. Nas próximas eleições, teremos – ga-rimpando nas fontes certas – informações em profusão para escolhermos líderes verdadeiros, autênticos e que não utilizem as estruturas de governo para esconder seus inconfessáveis interesses.

Escolha os seus e compartilhe. Você, junto com todos, pode fazer a mudança que nosso País precisa.

“Este novo cenário é demolidor

das estruturas verticalizadas,

desafia hierarquias rígidas e fortalece a tese de que a fé está em cada um.”

aNÁLise

GUIDO BREsOlIn JúnIOR

Presidente do Conselho de Administração do Sicoob Credicapital, presidente do Conselho Superior da Faciap e vice-presiden-te da CACB.

36 | [email protected]

uMas & outras

notas capricórniasEstará o Pitoco sendo abduzido pela confraria da pedra polida?Algumas considerações sobre a maçonaria ao longo da história

Com nada menos que sete páginas dedica-das a um tema cercado de controvérsias

e teorias conspiratórias - a maçonaria - esta edição do Pitoco pode lançar uma dúvida na cabeça do leitor: estará o simpático vira-lata sendo abduzido pela confraria da pedra polida?

Como poderia um cãozinho midiático nascido

sob os eflúvios do lulosocialismo de baixos teo-

res e ora entrincheirado em posição neoliberal

coxinha, transmutar-se em “bode”?

Brincadeira à parte, seguem alguns tópi-

cos, colhidos aqui e acolá, em complemento à

reportagem de capa desta edição:

1- Catolicismo e maçonaria protagonizam

desde o século XVIII uma espécie de guerra

fria. Formalmente estabelecida em 1717 com

a fundação da Grande Loja da Inglaterra por

iniciativa de dois pastores protestante, a maço-

naria entrou na alça de mira da Igreja Católica

já em 1738: os “bodes” foram excomungados

pelo papa Clemente Xii por suas posições

anticlericais. De 1751 a 1890, oito papas as-

sestaram suas baterias teológicas contra os

maçons, que a essa altura do campeonato já haviam instalado lojas em dezenas de países da Europa e conquistado as Américas.

2 - A encíclica “Humanum Genus”, promul-gada em 1884 por Leão Xiii, “é uma das mais fortes e extensas no que diz respeito a indicar os erros da maçonaria e sua incompatibilidade com a doutrina cristã. O papa ensina, nessa en-cíclica, que a Igreja Católica e a maçonaria são como dois reinos em guerra”, escreve o padre reginaldo manzotti em interessante artigo sobre “Igreja Católica e Maçonaria”. Leão XIII empunhou o tacape da ortodoxia católica para apontar que:w A finalidade da maçonaria é destruir toda

ordem religiosa e política do mundo inspirada pelos ensinamentos cristãos e substituí-las por uma nova ordem de acordo com suas idéias.w Suas idéias procedem de um mero “na-

turalismo”. A doutrina fundamental do natu-ralismo é a crença de que a natureza e a razão humana devem guiar tudo.w O conceito de Deus é diferente daquele

apresentado na Bíblia e na doutrina católica. Para a maçonaria, Deus é um conceito filosófico e natural. Deus passa a ser a imagem do ho-

mem. Por isso, não existe uma clara distinção entre o espírito imortal do homem e Deus.

3 - Mais de um século depois, hierarcas católicos e mestres capricórnios evitam pole-mizar. Pelo menos publicamente. Mas ainda na década de 1970 o padre Finatto advertia seus paroquianos em Nova Aurora que “maçonaria é coisa do diabo”. E em 1983 a Sagrada Con-gregação para a Doutrina da Fé, organismo da Santa Sé presidido na época pelo cardeal alemão Joseph ratzinger (futuro papa Ben-to XVI), emitia parecer sobre as associações maçônicas com um recado claríssimo: “Per-manece, portanto, imutável o parecer negativo da Igreja a respeito das associações maçônicas, pois os seus princípios foram sempre conside-rados inconciliáveis com a doutrina da Igreja e por isso permanece proibida a inscrição nelas. Os fiéis que pertencem às associações maçô-nicas estão em estado de pecado grave e não podem aproximar-se da Sagrada Comunhão”.

4- Regimes ditatoriais têm dificuldades de lidar com a maçonaria. Aliás, não lidam, em geral a liquidam. A Revolução Bolchevique de 1917 aboliu a confraria na Rússia, declarando-a

Heinz Schmidt

20 de abril de 2018 | 37

“inimiga infame” do proletariado. Exilados po-líticos transferiram suas lojas para Paris, Lon-dres, Berlim e Cairo. Hitler via nos maçons um instrumento da “conspiração judaica”. Não os considerava perigosos, mas ainda assim proi-biu a irmandade e perseguiu seus integrantes. “É inadmissível - advertia já em 1934 o ministro do Interior, Frick - que uma sociedade secreta com objetivos escusos continue existindo no III Reich.” No ano seguinte, o peso do regime caiu sobre os maçons. Foi-lhes vedado o acesso ao serviço público e à Wehrmacht. Em 1938/39 houve uma anistia parcial para “irmãos” de baixa graduação. Alguns aderiram às idéias do Führer.

5 - O catolicão ultramontano antónio oli-veira salazar, que governou Portugal de 1932 a 1968, perseguiu duramente a maçonaria. “Irmãos” tiveram de cair na clandestinidade ou emigrar. Seu congênere, o general Francisco Franco, caudillo de España por la gracia de Dios, fuzilava comunistas e maçons no mesmo paredão. Devotou um ódio mortal à irmandade até seu último dia de vida. Na antiga Alemanha Oriental, sob ulbricht e Honecker, o Partido da Unidade Socialista não admitia concorren-tes. Quanto mais organizações com atuação semi-clandestina. Mas - sabe-se hoje - durante muitos anos pelo menos um grupo maçônico se manteve ativo sob o nariz da Stasi (polícia secreta, mais eficiente que a KGB soviética). Para escapar da vigilância dos arapongas que existiam em todos os quarteirões do “paraíso” socialista, a irmandade reunia-se em local pú-

blico. E ali, em meio a rodadas de cerveja ou taças de café, exercia seus secretos misteres na medida que a situação permitia.

6 - Diz-se que lojas maçônicas não admitem vermelhinhos. E que países de perfil socialista não toleram a maçonaria. Há exceções à re-gra. O marxista salvador allende, senador durante 25 anos e presidente do Chile de 1970 a 1973, era “bode”. Encontrou o caminho “da verdadeira luz” ainda jovem, em 1935. Era filho e neto de maçons. Foi deposto por um golpe de Estado urdido nos gabinetes de richard nixon e de seu assessor Heinz/Henry Kis-singer - este membro de outra confraria que inspira elocubrações conspiratórias urbi et orbi, o célebre grupo Bilderberg. Na China do camarada Xi Jinping - comunista de carteiri-nha e grande parceiro comercial do Brasil e do Oeste paranaense -, maçonaria dá enquadra-mento em lei de segurança nacional ou equi-valente. Em contrapartida, na Cuba castrista existe uma Gran Logia maçônica. Deve estar infiltrada até as tampas pela Seguridad del Estado, mas funciona, é tolerada pelo regime.

7 - Maçons estão na raiz da formação dos Estados Unidos e da Constituição mais liber-tária que o mundo já conheceu. Na história do Brasil, é preciso reconhecer, a confraria também produziu em várias oportunidades lampejos de vida inteligente, mas em geral perfila-se com o conservadorismo. Existem, pois, maçonarias e maçonarias. Que são im-pactadas pelo meio em que se situam/atuam.

Os EUA têm sua ancestralidade nos Pilgrims do veleiro Mayflower. No DNA ideológico do Brasil, se assim se pode definir, estão a corrup-tocracia colonial lusitana e o (atrasadíssimo) Concílio de Trento.

8 - A reportagem do Pitoco apurou que são 13 as lojas maçônicas instaladas em Cascavel. É razoável estimar em pelo menos 400 o número de maçons ativos na “Capital do Oeste”. E são ativos mesmo, sua presença é claramente per-ceptível - em que pese a discrição - em vários estamentos do serviço público, entidades de classe, sindicatos e assemelhados. Adeptos da teoria da conspiração concluiriam que isso não acontece por acaso. Piadinha infame diz que em Cascavel a única instituição ainda não tomada pelos “irmãos” é a Cúria Diocesana.

9 - Foi por iniciativa do advogado ezuel Portes que a maçonaria estabeleceu-se for-malmente em Cascavel. Nos idos de 1960. Mas já havia “irmãos” na paróquia no final da década de 1940, conforme relembra o professor alberto Pompeu. Eram antônio rodri-gues de almeida, chefe de Polícia, e Tar-quínio Joslin dos santos. Ambos ligados ao governador Bento Munhoz, também maçom. Tarquínio chefiava o grupo local do Partido Republicano. Sob a capa do PR escondia sua real identidade ideológica - era militante do “Partidão” (PCB), posto na ilegalidade em 1947. Comunista enrustido e ao mesmo tempo “bode”, pode? É uma contradição capaz de fundir a cuca até de um grão-mestre do grau 33.

38 | [email protected]

coLuNa do assiNaNtecoLuNa do assiNaNte

Cascavel (PR), sexta-feira, 20 de abril de 2018 Ano XXII - Nº 2143 | Clipping News Agência de Notícias

(45) 3037-5020 - 45 991339058 | www.pitoco.com.br

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