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QUIOSQUE: MODELO DE NEGÓCIO REDESCOBERTO,
TEM IMPORTANTE PAPEL DE INCLUSÃO ECONOMICO
– SOCIAL E CULTURAL NOS BRICS.
GRASSIOTTO, Maria Luiza Fava (1); GRASSIOTTO, Junker de Assis (2); JANUZZI, Denise de Cássia Rossetto (3)
(1) Arquiteta, geógrafa, Mestre e Doutora em Arquitetura e Urbanismo pela (FAU/USP), professora e pesquisadora do Departamento de Arquitetura e Urbanismo (DAU) da Universidade Estadual de Londrina (UEL). E-mail: [email protected] – Fone/Fax: 0** 43 3371-4535. (2) Engenheiro civil. Mestre e Doutor em Arquitetura e Urbanismo pela (FAU/USP), professor e pesquisador do Departamento de Estruturas (UEL). Sócio da Grassiotto Empreendimentos Imobiliários Ltda., Londrina – PR. E-mail: [email protected] (3) Arquiteta. Mestre e Doutora em Arquitetura e Urbanismo pela (FAU/USP), professora e pesquisadora do DAU-UEL. E-mail: [email protected]
RESUMO
Este texto tem a intenção de chamar a atenção para uma nova modalidade de
negócios que vem se expandindo principalmente nas duas últimas décadas, o
uso de quiosques. Surgidos no século XIII na Turquia, levados para a Europa
no século XVIII e trazidos para o Brasil no século XIX, tiveram naquela época
seu período de apogeu e depois de ocaso. Recentemente, os quiosques foram
redescobertos por novos grupos de usuários. Assumiram novas funções e com
tipologias diferenciadas e tecnologias inovadoras, se espalharam pelas cidades
de todo o mundo contribuindo para um novo desenho urbano, realçando seu
dinamismo. Incorporados também ao interior dos shopping centers significam a
inclusão de pequenos empresários e iniciantes no setor varejista. Com o intuito
de refletir a respeito das diversas possibilidades de uso dos quiosques esse
texto primeiramente discorre sobre suas origens e funções. Comenta
particularidades de sua utilização no espaço público e no interior dos shopping
centers. Para ilustrar, destaca alguns exemplos interessantes do uso dos
quiosques nos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Finalmente,
salienta a importância desse novo modelo de negócios, principalmente nos
países em desenvolvimento, podendo ser considerado como estratégico pelos
gestores, como alternativa de desenvolvimento das cidades, inclusão social,
cultural e comercial da população.
ABSTRACT
This text intends to attract attention for a new kind of business that is expanding
largely principally in the last two decades, the use of kiosks. Kiosks first
appeared in Turkey at XIII century and was taken to Europe at the XVIII and
brought to Brazil at the XIX century, having its apogee and decline period at that
time. Recently, the kiosks were re-discovered by new groups of users. They
assumed new functions and innovative technologies, spread all over the cities
of the world contributing to a new urban design and highlighting its vitality. Also
incorporated to shopping centers interior they mean small businessmen and
retail sector’s beginner’s inclusion. In order to reflect on several issues about
the use of kiosks, this paper first presents some aspects of its origins and
functions. Afterwards, comments peculiarities of its application in public space
and in shopping centers interior. To illustrate, some interesting examples are
detached concerning to kiosks and its application in the BRICS (Brazil, Russia,
India, China and South Africa). Finally, the importance of this new model of
business, principally in the developing countries, is pointed out in order to be
thought by managers as strategic alternative of cities development, social,
cultural and commercial inclusion of the population.
1. INTRODUÇÃO
Um estudo internacional sobre as tendências do varejo 2012 – Retail Trend
2012, conduzido pelo The Future Laboratory, mostra o florescer de um novo
consumidor advindo das diversas crises econômicas, do impacto da
disponibilização de novas tecnologias e do questionamento crescente relativo à
sustentabilidade do consumo contemporâneo. Os novos padrões de
comportamento e perfis de consumo estão contidos no dossiê produzido pela
pesquisa inclusive das tendências de varejo nos BRICS (MOTA, 2011). Esse
consumidor contemporâneo tem provocado a criação de novas fórmulas de
relacionamento pelos gestores de marcas e produtos dando origem a novas
tendências de negócios, e o de quiosques é uma delas.
A palavra quiosque1, kiosk em inglês, deriva do otomano “kösk” significando
um pequeno edifício (pavilhão) de planta octogonal, que nos primeiros
momentos era feito de madeira, folheados e pedras de metal, com abertura de
um lado ou em todos eles, geralmente utilizado para fins recreativos da
monarquia ou classes sociais de renda elevada (Figura 1). Os quiosques eram
comuns na Pérsia, Índia, Paquistão e por todo império otomano a partir de séc.
XIII. Foi levado para a Europa durante o século XVIII e acabou evoluindo em
direção a uma tipologia característica, a conhecida nos dias atuais. No Brasil, o
quiosque apareceu primeiramente na cidade do Rio de Janeiro, em 1870. Foi o
“chalet chinez” do negociante Manuel de Souza Pinheiro, que o instalou para
festejar o fim da guerra do Paraguai (Figuras 2 e 3). Um ano depois, a câmara
municipal desencadeou o procedimento de concessão das unidades aos
comerciantes para diversos fins: vendas de jornais, livros e revistas, frutas,
doces, flores, charutos e cigarros, café e sucos (FABRIS, 1987). Naquela
época chegaram a constituir característica da paisagem urbana. Vistos como
objetos exóticos e pitorescos identificados com o ambiente oriental da Turquia
eram destoantes do contexto urbano modernista da época. Em 1911 foram
banidos das ruas, “hostilizados pela prefeitura, sob o pretexto da higiene, da
moral e da estética”, além de serem considerados redutos da vadiagem pelas
ruas e ponto de encontro das “ralés” (FABRIS, 1987, p. 38).
Recentemente, os quiosques foram redescobertos por novos grupos de
usuários. Presentes nas cidades de todo o mundo (nas ruas, estações de
metrô, trem, aeroportos) atualmente contribuem para um novo desenho urbano.
E, principalmente nas últimas décadas, foram incorporados ao interior dos
shopping centers adquirindo ainda, novas funções. Os quiosques evoluíram em
1 KIOSK III: Theory. GuteSeiten – curated kiosk & magazine club. Disponível em: <www.gute-seiten.net/site/news/kiosk-iii-theory>. Acesso em: 07 mar. 2012.
sua tipologia e atualmente a maior expansão de negócios acontece em relação
aos quiosques interativos, totens digitais, que oferecem serviços, informações,
propaganda, etc.. A interatividade no design das unidades contempla
flexibilidade, uso de novos materiais, inovações tecnológicas, cor e
comunicação visual, todos os elementos estrategicamente trabalhados tendo
em vista atrair os usuários consumidores (Figura 4).
2. FUNÇÕES2
Os quiosques atendem uma diversidade de funções principalmente comerciais
(vendas) e de serviços (atendimento bancário, consultas, etc.). Podem ser
temporários (oferecendo produtos sazonais, lançamento ou demonstração de
novos produtos, de propaganda, etc.) ou fixos, por concessão ou aluguel, se
instalando tanto nas ruas e praças das cidades quanto no interior dos shopping
centers. Em todos eles o princípio da interatividade está presente. O usuário
pode se utilizar dos diversos sentidos interagindo com o elemento criado. Os
quiosques mais comuns até há pouco tempo se dedicavam à venda no setor de
alimentação, de revistas e jornais, souvenires, presentes, flores. Nas últimas
décadas, com a revolução tecnológica na comunicação, os totens digitais, ou
2 Mall Kiosks and Retail Merchandising Unit (RMU) from Instore Masters for Saudi... Disponível em: <www.instoremasters.com/mallretailkiosk-rmu-portableunit-islandcofeeshop.html>. Acesso em: 07 mar. 2012; KIOSK. In: WIKIPEDIA, the free encyclopedia. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Kiosk>. Acesso em: 07 mar. 2012.
Figura 1 – 1º Quiosque Istambul
Figura 2 – Quiosque Santana RJ
Figura 3 – Quiosque Saúde RJ
Figura 4 – Quiosque Passarela Catuaí SC
Londrina
quiosques interativos, tiveram um “boom” (explosão) no seu desenvolvimento,
e, instalados principalmente nas estações de metrô, trem, aeroportos, atendem
com as vendas de bilhetes, consulta de horários de embarque-desembarque,
preços, propaganda, expositores de produtos, de fotografia, venda de petiscos
etc.. Cada vez mais são disponibilizados ao público os quiosques eletrônicos,
sofisticados, com telas touch screen (sensível ao toque), para atendimento
bancário, acesso à Internet, carga de celular, informativos, etc.. No interior dos
shoppings as funções também se ampliaram para atendimento de serviços
como cabeleireiro, maquiagem, pequenos consertos, artesanatos,
especialidades, jóias, relógios, bijuterias, produtos farmacêuticos e de
perfumaria, dentre outros. São frequentes também para lançamentos de
imóveis, exposições de trabalhos, lançamento de novas coleções de moda,
propaganda de produtos sazonais e de turismo em quiosques provisórios.
Função importante dos quiosques é que além de constituírem braços de
grandes redes de lojas ou empresas, atualmente são espaços interessantes
como inclusão de pequenos empresários e/ou iniciantes no ramo varejista.
3. QUIOSQUES NAS CIDADES
No espaço público3 - os quiosques contribuem para realçar o estilo de vida das
áreas metropolitanas, sua qualidade e vitalidade, provendo venda de
mercadorias e serviços localizados em suas ruas e praças, nestas criando seu
caráter e identidade. Servem para: evidenciar o senso de conexão com a
paisagem do entorno; favorecem a expressão do individualismo da cidade
mercantil; auxiliam na criação da atmosfera, da ambiência para o encontro e
convívio social entre as pessoas, possibilitando o conhecimento pessoal do
comerciante varejista; dão colorido e textura ao ambiente (Figura 5).
Representam a oportunidade do florescimento de pequenos negócios,
3 BEEKMANS, Jeroen. On Kiosks, Part 1: Urbanism. The Pop-Up City. July 29, 2009. Disponível em: <http://popupcity.net/2009/07/on-kiosks-part-1-urbanism/>. Acesso em: 07 mar. 2012; Mall Kiosks and Retail Merchandising Unit (RMU) from Instore Masters for Saudi... Disponível em: <www.instoremasters.com/mallretailkiosk-rmu-portableunit-islandcofeeshop.htm>l. Acesso em: 07 mar. 2012.
divulgam festivais sazonais, celebram feriados e datas comemorativas,
oferecem entretenimento e lazer, evidenciando a vida pública. As inúmeras
possibilidades de projeto e soluções para as diversidades auxiliam os atores
envolvidos a contribuir para o sucesso econômico e social do espaço público e
na criação de um significado para ele, correspondendo às expectativas
culturais do usuário consumidor (CARR, et al., 1992, p.228 - 239).
Iniciativa interessante promovida pelo London Sustainable Development
Commission (Comissão londrina para o desenvolvimento sustentável) foi a
adoção do KiosKiosk4, projeto que oferece, sem custos, pequenos quiosques
para iniciativas inovadoras (artistas, designers, pequenos comerciantes),
funcionando como uma incubadora de negócios. Serve para que seus
ocupantes se deparem com as dificuldades de empreender e de iniciar
pequenos negócios próprios. Para empresários iniciantes, o aluguel de
espaços comerciais geralmente inviabiliza o negócio. O projeto KiosKiosk faz
parte de uma estratégia urbana de promoção do varejo independente, e
também como uma vitrine da criatividade local (Figura 6).
No espaço privado – interior de grandes lojas e shopping centers5 - Nesse
ambiente interior, o quiosque também desempenha o papel de inclusão. Aderir
a uma pequena ou micro franquia ou iniciar um pequeno negócio próprio em
um quiosque significa menor investimento e melhor possibilidade de viabilidade
econômico-financeira e consequente sucesso. No interior dos centros
comerciais o consumidor faz seu percurso livremente pelas circulações ou mall.
A instalação de quiosques ao longo do percurso, com interessante visibilidade,
ajuda a captar esse consumidor flutuante, disponível para compras de impulso.
São chamarizes para as compras de todos os produtos expostos. Em seus
projetos, os quiosques são desenhados para confirmar a arquitetura e a
identidade do centro comercial. Mesmo quando as unidades representam
marcas de grandes redes com identidade própria os quiosques são projetados
4 BEEKMANS, Jeroen. On Kiosks, Part 3: Strategy. The Pop-Up City. August 2, 2009. Disponível em: <http://popupcity.net/2009/08/on-kiosks-part-3-strategy>. Acesso: 07 mar. 2012.
segundo diretrizes6, e com certos ajustes completam a ambiência do centro
comercial (Figuras 7 e 8).
4. QUIOSQUES NOS BRICS – DESTAQUES
No Brasil7 o destaque é dado principalmente para o estrondoso crescimento
da implantação de quiosques no interior dos shopping centers e mais
recentemente na presença dessas unidades nas estações de metrô. Com
valores de renda mais acessíveis os quiosques têm atraído pequenos e novos
empresários. No interior dos shoppings são os “shop spots” (pontos de
comércio), ou “mall cart”. De design contemporâneo, flexíveis podem ser
adaptados às inúmeras áreas de negócios, e a ideia principal é a
comercialização de produtos alternativos não muito presentes no mix principal
dos shoppings. Segundo Carlos Jesus, da Sonae Sierra (SOARES, 2012)7, a
rede lançou o novo conceito de negócios para rentabilizar seus centros
5 Mall Kiosks and Retail Merchandising Unit (RMU) from Instore Masters for Saudi... Disponível em: <www.instoremasters.com/mallretailkiosk-rmu-portableunit-islandcofeeshop.html>. Acesso em: 07 mar. 2012.
6 Cada shopping center possui seu manual de projeto arquitetônico a disposição dos lojistas, para elaboração e decoração das unidades comerciais individuais. As diretrizes, com maior ou menor rigor, dizem respeito à localização, dimensionamento, alturas possíveis, uso de materiais, comunicação visual, propaganda, dentre outras.
7 SOARES, Elizabeth. “Sonae Sierra lança quiosques para rentabilizar centros comerciais”. Disponível em: <http://economico.sapo.pt/noticias/sonae-sierra-lanca-quiosques-para-rentabilizar-centr...>. Acesso: 06 mar. 2012; “FRANQUIAS e shopping centers optam por quiosque para acelerar expansão”. 09 out. 2009. Disponível em:<http://www.suafranquia.com/pontos-comerciais/franquias-e-shopping-centers-optam-...> Acesso: 06 mar.2012; “METRÔ de SP vai reformar 48 quiosques em estações”. Agência Estado. 21 Fev. 2008. Disponível em: <http://www.dgabc.com.br/News/645818/metro-de-sp-vai-reformar-48-quiosques-em-e...>. Acesso em: 06 mar. 2012; “FRANQUIAS descobrem oportunidades nas estações de metrô”. Disponível em: <http://www.arquivar.com.br/espço_profissional/notícias/dicas-e-noticias-franquias/fr...>. Acesso em: 06 mar.2012; Fotos dos autores (Parque D. Pedro), 2011 e sites.
Figura 5 – Quiosque Revista Londres
Figura 6 – Kioskiosk Incubadora Londres
Figura 7 – Fábrica de chocolate – Catuaí SC
Londrina
Figura 8 – Entre Meias – Shopping
Barigui Curitiba
comerciais, aumentar a área locável, ocupar maior fatia de mercado e criar
oportunidades para os iniciantes. Pretende adotar esse modelo em todos os
seus empreendimentos tanto na Europa quanto no Brasil que conta com dez
shopping centers da marca. No Parque D. Pedro de Campinas, pertencente ao
grupo, os quiosques já estão presentes. As figuras 9 a 11 mostram algumas
unidades funcionando, e, a exposição de um modelo flexível, padrão, pronto, à
disposição para ser alugado. Estão sendo ofertados quiosques temporários
além dos permanentes. Inúmeras franquias estão também aderindo ao formato
mais barato tendo em vista acelerar sua expansão. É o caso de algumas redes
bem conhecidas como: Cacau Show, MegaMatte, Mc Donald´s e Bob´s –
sorvetes, Fran´s Café, livraria Laselva e a novata no Brasil Salad Creations.
Para elas as unidades compactas custam até três vezes menos do que uma
loja satélite.
A Companhia do Metropolitano de São Paulo também descobriu uma
oportunidade de negócios e renda disponibilizando espaços em suas estações
para instalação de quiosques. Segundo pesquisa realizada recentemente junto
ao usuário dos trens, 88% deles se manifestou a favor desse tipo de comércio
(METRÔ...,2008)7. Com isso, o metrô está realizando adequações, com novas
instalações elétricas, hidráulicas, e padronização visual de modo a tornar mais
atraente o ambiente. Das 55 estações, 45 possuem 230 pontos comerciais. As
franquias também descobriram esses novos espaços e estão aderindo ao
metrô: livraria Laselva, o quiosque de sorvetes das redes McDonald´s e Bob´s,
Figura 9 – Lanches –
Parque D. Pedro
Campinas
Figura 10 –
Propaganda – Parque
D. Pedro Campinas
Figura 11 – Quiosque
aluguel – Parque D.
Pedro Campinas
Figura 12 – Casa do
Pão de Queijo – Metrô SP
a Casa da Empada, sapataria do futuro, Casa do pão de queijo, dentre outros
(Figura 12) (FRANQUIAS...,2012)7. O negócio avança muito bem, de tal
maneira que regras estão sendo elaboradas com diretrizes de uso, ocupação,
tipologia e projeto dos quiosques, além da elaboração de modelos de contrato
que beneficiem ambas as partes; contratantes e contratados. Quiosques
digitais, informativos e de propaganda também estão previstos.
Na década de 90 quando o país foi aberto para o consumismo, a Rússia8 foi
invadida pelos quiosques, já que era muito caro abrir uma loja aliado à sua falta
de flexibilidade. Comprava-se de tudo. Nas ruas, calçadas, ou estações de
metrô e trem se encontravam snacks (lanches rápidos), bebidas, picles,
chocolates e doces, cigarros, padarias, sorveterias, comidas típicas, e, até
mesmo móveis, produtos para casa, mesa e banho, dentre outros. O destaque
no país refere-se a essa “economia de quiosques” instalada em Moscou
(SIMON, 2008)8. Nas passagens subterrâneas ou estações formou-se uma
verdadeira linha de quiosques, permanentes ou temporários. Um quiosque
confeitaria, de tão excepcional foi responsável pela fabricação do melhor pão
da cidade, outro por deliciosos sanduíches de frango. É famosa a vila de
quiosques instalada em um acre próximo à estação de trem Belaruskaya
(Figura 13). Três alas, ou malls repletos de unidades feitas de metal corrugado
foram constituídas, vendendo uma miscelânea de mercadorias como: produtos
hidráulicos, elétricos, ferragens, roupas íntimas, produtos de limpeza, roupas
de mesa, vasos de flores, e até mesmo produtos de jardinagem. Quiosques
temporários oferecendo roupas, frutas e legumes da estação, se instalando às
sextas-feiras e desaparecendo aos domingos à tarde. Segundo Simon (2008) 8,
o espaço parece um “picnic ao ar livre”. Qual o lucro desses trabalhadores?
8 SIMON, Ann. “Moscows’s Kiosk Economy”. March, 2008. Disponível em: <http://www.bootsnall.com/articles/08-03/moscows-kiosks-economy-russia-europe.html>. Acesso em: 07 mar. 2012; “You can buy anything in a Russian kiosk!”. Disponível em <http://www.bellybuttonwindow.com/1999/russia/you_can_buy_anything.html>. Acesso em: 07 mar.2012; “Street Stalls/Kiosks Russia”, Euromonitor International – Consumer Foodservice – Country report. out. 2011. Disponível em: <http://www.euromonitor.com/street-stalls-kiosks-in-russia/report>. Acesso em: 07 mar. 2012. “SHOPPING Kiosks in Svirstroy, Russia”. Disponível em: <http://cruises.about.com/od/russiarivercruises/ig/Svirstroy-Russia/Svirstroy-Shoppin..>. Acesso em: 07 mar. 2012.
Eles labutam por horas a fio, e, provavelmente nada fazem durante o inverno.
Comumente são trabalhadores imigrantes dos ex - estados soviéticos que não
são os proprietários, e, que recebem ínfimos salários. Oferecem produtos
frescos e mais baratos que nas lojas. Com esse perfil, instalou-se na Rússia,
em 2007, uma campanha contra os quiosques e em 2008 o mercado
Belaruskaya foi desativado. Alegações foram dadas como justificativa para
essa ação: falta de higiene, conexões elétricas ilegais, muito barulho
perturbando o transporte público e inclusive a contratação ilegal dos imigrantes
(STREET... 2011) 8. Infelizmente os quiosques eram a economia de Moscou,
onde a competição entre cidadãos comuns lhes dava o meio de subsistência
principalmente aos menos favorecidos. Após esse incidente Moscou foi
recentemente declarada como a cidade mais cara do mundo. O mercado
temporário sofreu um duro golpe do governo, mas felizmente os quiosques
permanentes não foram atingidos e continuam desempenhando seu papel,
agora incorporando novos segmentos (SIMON, 2008) 8. As grandes
companhias e redes de quiosques a partir de 2010 passaram a se instalar no
interior dos novos shoppings centers e o espaço público perdeu a “economia
dos quiosques” que tanto dinamismo propiciava à cidade.
Merece menção também, uma série de quiosques feitos com madeira natural,
instalados ao longo do Rio Svir, que constituem uma atração à parte, chamariz
para a realização de cruzeiros com intuito de turismo e compras (Figura 14).
É de grande relevância o programa de Quiosques Rurais implantado na Índia9
(KIRI, et al, 2004) 9. Com o florescer da indústria de tecnologia de comunicação
no país, diversos atores [grandes empresas, empreendedores, universidades, o
9 KIRI, Karishma ET al. Rural Kiosks in India. Jul, 2004. Disponível em: <http://research.microsoft.com/apps/pubs/default.aspx?id=70150>. Acesso em: 07 mar.2012. FRONTLINE/WORLD. “India – Hole in the Wall. Kids-Eye View. Looking Throu”. Disponível em: <http://www.pbs.org/frontlineworld/stories/índia/kids.htm>. Acesso em: 07 mar.2012. RAHGASWAMY, Nimmi. “ICT for development and commerce: A case study of Internet cafés in India. In: Proceedings of the 9th International Conference on Social Implications of Computers in Developing Countries. São Paulo: may, 2007. “Elections 2.0: Congress to install Kiosks in India”. Techtree News Staff, mar, 2009. Disponível em: <http://archive.techtree.com/techtree/jsp/article.jsp?article_id=100035&cat_id=547>. Acesso em: 07 mar.2012; Fotos finais. Disponíveis em: <http://windowstorussia.com/russian-kiosk.html>. Acesso em: 07 mar. 2012.
governo e organizações não governamentais (ONGs)] uniram-se para viabilizar
a implantação de 150 quiosques em vilas rurais por toda a Índia (Figura 15). O
objetivo, além da realização de lucro, é de alavancar crescimento econômico e
social, melhorar, agilizar e democratizar a burocracia governamental. Através
dos quiosques/computadores informativos, interativos, viabilizar a inclusão
digital de pelo menos 700 milhões de pessoas. Se de um lado, a maior parte da
população vive com menos de 1 dólar ao dia, lutando por itens básicos como
água, alimentação, abrigo, eletricidade e saúde adequada, de outro lado, essa
mesma população passou a ter a opção de gastar um pouco de suas
economias na compra de mercadorias e serviços que prometem melhor
qualidade de vida. Nesse sentido, o acesso às novas tecnologias de
informática pode exercer um papel relevante no desenvolvimento
socioeconômico das áreas rurais. Evidências recentes indicam que os
quiosques rurais permitiram a elevação do padrão de vida dos habitantes ao
oferecer novas opções de informações, ferramentas, mercadorias, serviços
educacionais e de saúde. O projeto dos quiosques para grandes empresas fez
surgir um perfil corporativo, gerando aspectos positivos, criando valores
perenes nos usuários. A ITC´s e-Choupal, por exemplo, passou a oferecer
informações de mercado para os fazendeiros possibilitando a venda direta de
produtos para a empresa (ITC). A EID-Parry em Tamil Nadu disponibilizou aos
agricultores de cana de açúcar informações sobre o mercado agrícola. A ICIC
implementou o rural banking (atendimento bancário rural), além dos serviços de
pequenas cargas. A Hundustan Lever Limited´s e-Shakti implantou compras
online para o mercado rural.
Figura 13 – Fila de
Quiosques Rússia
Figura 14 – Svirstray
Rússia
Figura 15 – Quiosque
rural Índia
Figura 16 – Buraco na
parede Índia
Quanto às iniciativas empresariais individuais a ideia é oferecer serviços à
comunidade sem visar lucro, mas sim impacto social que com o tempo reverta
em desenvolvimento econômico. Por exemplo, conectar a Índia Vila por Vila.
Alavancar incubadoras de negócios. Viabilizar crescimento educacional à
distância. Sempre via Internet.
O terceiro tipo de iniciativa é dos governos estaduais e nacional que cada vez
mais têm se voltado para a introdução das tecnologias nas áreas rurais, tendo
em vista o crescimento econômico das vilas, e de agilizar processos
burocráticos, como pagamentos de taxas, pedidos de certidões, de petições, de
licenças, preenchimento de formulários, etc.. Em nações industrializadas o
acesso à informação e serviços já existe naturalmente, mas em comunidades
isoladas, a inclusão digital é muito mais do que uma conveniência. Na maioria
dos casos o quiosque oferece ao usuário informações até então inacessíveis,
ou mesmo serviços que dependem de viagens que levam dias pela distância
por bicicleta ou outro meio. Estudos mostram que esses serviços passaram a
promover economia de 15 mil dólares anuais em viagens e tempo perdido.
Entre os serviços mais oferecidos podem-se citar ainda diversos. Na área
educacional os computadores de quiosques servem para: desenvolvimento de
habilidades e treinamento; serviços de tutorial com ensino a distância para
estudantes; obtenção de resultados de concursos ou provas realizadas;
videoconferências; dentre outros. No setor de comunicação os quiosques rurais
podem ser o único acesso dos moradores à telefonia; oferecem acesso à
Internet possibilitando o e-mail, participação nas redes sociais; consulta a
especialistas sobre aplicações; oferta de empregos; contratação de
casamentos e festas; telemedicina; compra de seguros; acesso a videogames;
serviços de fotografias instantâneas; notícias esportivas em tempo real;
disponibilidade de músicas; etc.. Além disso, uma melhor qualidade de vida é
oferecida aos operadores de quiosques, através da recompensa financeira,
respeito profissional, oportunidade de emprego para as mulheres, do
surgimento natural de um local de encontro de pessoas de todas as idades e
classes sociais. Apesar dos benefícios existem os desafios de
operacionalidade dos quiosques: custos iniciais altos; a presença de obstáculos
na infraestrutura; a dependência de operadores bons e qualificados; utilização
de pouca energia; ser compostos de hardware robustos que demandem pouca
manutenção e de fácil execução. Os softwares devem contemplar o
entendimento universal com disponibilidade das línguas conhecidas. A
operação por controle remoto deve ser uma possibilidade a ser considerada.
Finalmente o sucesso dos quiosques depende muito de uma boa localização e
da densidade populacional local.
Outro exemplo de projeto bem sucedido é o “Hole in the wall” (o buraco na
parede), que consiste na disponibilidade de computadores nas ruas para
acesso principalmente das crianças e estudantes, possibilitando a exploração
do cyber espaço (ÍNDIA...,2012)9. Instalados a partir de 1999 o projeto se
expandiu por toda a Índia, em inúmeras províncias desde o interior de Nova
Delhi em favelas ou comunidades de baixa renda até a costa de Banda (Figura
16). Ao final de 2003 havia 108 buracos de parede funcionando em 22
diferentes comunidades financiadas pelo governo indiano, em parceria com o
Banco Mundial e a “International Finance Corporation” (Corporação Financeira
Internacional). Especialistas e psicólogos confirmam os vários benefícios
obtidos: inclusão social, cultural, digital, educacional; integração entre classes
sociais e de renda diversificada; eliminação da discriminação; democratização
do conhecimento.
Outra iniciativa inédita na Índia é a campanha estratégica dos congressistas ao
instalar cerca de 600 quiosques informativos das ações do congresso pelo
país. A intenção é a transmissão contínua de informações, discursos e ações
realizadas pelo Congresso, e divulgação de campanhas eleitorais. Além disso,
a população pode se inscrever em partidos políticos e se engajar
voluntariamente como colaboradora.
Na China10 o destaque fica para as inúmeras fábricas de quiosques que aí
surgiram que vendem seus produtos para todas as partes do mundo. Com mão
de obra barata e muitos incentivos fiscais e financeiros do governo a China se
industrializou e vem cada vez mais exportando seus produtos com enorme
competitividade. A empresa Quembet marca estabelecida em 1998, foi a
primeira empresa na fabricação de mobiliário urbano – quiosques de rua – a se
instalar em Hong Kong e Shenzhen. É muito competente na elaboração de
projetos que atendam as necessidades funcionais e de design do mundo atual.
Oferece quiosques para bancas de revista, abrigos de ônibus, boxes
informativos, cabines telefônicas, dentre outros (Figura 17). Além do propósito
principal de embelezar a cidade com suas propostas possui ainda quiosques
multifuncionais (flexíveis) para vendas a varejo e também para stands de
propaganda. Outra empresa a Nantong Huasha House Co. Ltd. oferece
também diversos tipos de quiosques para outras partes do mundo. São todos
pré-fabricados, flexíveis (adaptáveis a funções diversas), podendo ser
montados e desmontados. Com diferentes dimensões variedade estrutural e de
materiais, serviços personalizados também são realizados, através da
fabricação sob medida. A tradebit oferece quiosques em aço e vidro adaptáveis
a várias funções, mas principalmente para usos culturais como exposições de
arte, cultura, objetos, fotos, etc. (Figura 18). Na China também foi
implementado um programa de quiosques navegadores informativos, chamado
de nova mídia chinesa (China New Media), com a função principal de
propaganda (mercado imobiliário, bolsa de valores, bilhetes, promoção de
eventos, etc.). Sua instalação ocorre nas grandes cidades, Dalian, Beijing,
Shenyang, Tianjin e Shangai, em shoppings, aeroportos, hotéis, dentre outros.
10Quembet – China Street Furniture – Newspaper Kiosk – Booth – Bus Shelter – Public… Disponível em <http://www.qumbet.com/>. Acesso em: 07 mar.2012; Prefabricated Kiosk, China Prefab Kiosk Manufacturer. Disponível em: <http://www.prefabhousechina.com/14-application.html>. Acesso em: 07 mar. 2012; Tradebit - Side view of glass kiosk, Shangai, China. Disponível em:< http://www.tradebi.com/filedetail.php/58004089v6063199-side-view-of-glass-kiosk-s...>. Acesso: 07 mar. 2012; Digital out-of-home: Navigator kiosks help boost revenue for China New Media. Disponível em: <http://www.screenmediamag.com/screenmedianews/4104-digital-out-of-home-navigat...>, Acesso em: 07 mar. 2012.
Foi na África do Sul11 que se realizou a Primeira Exposição de Self Service –
JusTTouchIT 2009 Conference – em julho (29-30) de 2009. Foi um evento que
o idealizador Frank Nunan uniu líderes de empresas de quiosques (S.A.) a um
fórum educacional a respeito do tema “quiosques” de interesse e sucesso
recente. Nesse tempo de constantes desafios quando “é mais fácil esperar
sentado para que as mudanças aconteçam” Nunan realizou a conferência que
mudou a face da indústria na África do Sul (JUST...2009) 11. Estiveram
presentes diversos atores, entre eles marcas conhecidas como IBM, Wincor
Nixdorf, Microsoft, Epson, Yeahpoint Holdings Pty Ltd, Laxton, para citar
algumas. Da IBM South Africa, a presença do representante da divisão de
soluções de lojas varejistas (Retail Store Solutions) Kevin Kitchin, foi importante
no desenvolvimento do perfil da conferência, dada a precoce adoção do
conceito pela empresa e provendo suporte para as decisões. Segundo Nunan,
a indústria de quiosques na África do Sul está na infância, mas o imenso
espectro de soluções e aplicações top de hardware e software apresentados na
exposição indicou que a indústria está vibrante e a todo vapor, pronta para
desenvolver-se cada vez mais. Excelentes exemplos foram apresentados,
aplicações para o setor de varejo, foto-quiosques, tecnologia holográfica, o
mais recente totem interativo para venda de celulares (MultiVendor Cell Phone
Top Up), além dos aplicativos (softwares) top de linha, a maioria produzidos
localmente (Figuras 19 e 20). Diversos setores estavam presentes, varejista,
bancário (banking), governamental, de hardware, software e outros provedores.
Delegados dos maiores bancos, líderes de grandes empresas de varejo
(shopping centers), do setor de mineração (de grande relevância no país),
empresários de telecomunicações, de marketing e propaganda, representantes
governamentais, participaram da conferência. O evento foi uma ótima
combinação das lideranças pensantes, na demonstração do poder do self-
11 “JusTTouchIT 2009 – South Africa´s First Kiosk Conference Report from Johannesburg”. Aug, 2009. Disponível em:< http://www.eurokioks.org/09press/art17-08-2009.html >. Acesso em: 07 mar.2012; SILVA, Issa Sikiti. “Emphasising interactive kiosks role in retail sector”. In: Retail service news – Biz Community.com. – Daily industry news, 16 Apr, 2010. Acesso em: 07 mar.2012; “StarPOS South África (PTY) Ltd – Success Stories = Kiosk”. Disponível em: <http://www.starpos.co.za/data/succ-kiosk.html>. Acesso: 07 mar. 2012.
service, aliado aos últimos detalhes tecnológicos desenvolvidos para
desencadear um enorme desenvolvimento do negócio de quiosques. A África
do Sul se credenciou para ser o maior centro de desenvolvimento e produção
de quiosques interativos (serviços de self-service) do mundo, principalmente
em decorrência da parceria com a IBM. Da conferência saiu uma plataforma de
ações a ser desempenhada pelos atores envolvidos (varejistas, redes,
empresas de tecnologia, fabricantes, etc.), interessados no consumo e trabalho
no ramo, uma conjugação de ideias e entendimentos de qual é o real caminho
dessa indústria. Em 2010 realizou-se também em Johannesburg, a
JusTTouchIT 2010 Conference and Expo com o objetivo de reforçar as
potencialidades do uso dos quiosques.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O fato é que os quiosques estão adquirindo uma nova face, com um
entendimento mais teórico de sua importância estratégica para o
desenvolvimento das cidades, e, como elemento de inclusão, tanto com sua
localização em espaços públicos quanto nos privados. Nesse sentido é que
foram relatados alguns exemplos destacando particularidades do uso dos
quiosques nos países em desenvolvimento, especialmente nos BRICS, tema
deste evento.
Figura 17 – Abrigos de ônibus
Figura 18 – Quiosque para arte China
Figura 19 - Quiosques de venda e foto África
do Sul
Figura 20 – Quiosques de pesquisa África do
Sul
A adoção do modelo de negócios em suas diferentes opções causou grandes
mudanças no nível da mobilidade individual. Sua inserção acontece tanto no
contexto da cidade rica, bem planejada, moderna, estruturada, quanto em
vilarejos rurais, distantes, permitindo democraticamente a inclusão dos mais
pobres através do acesso à informação, serviços e consumo.
O tamanho do mercado é imenso. Números indicam que na África do Sul,
somente no setor de varejo o país contava com 1.000 quiosques interativos em
2010 enquanto nos Estados Unidos seriam entre 50.000 e 100.000 (SILVA,
2010)11. Reportagem da Wordlwide Installed Base and Projections (2008-2011)
(KIOSKS...,2012) mostra que aproximadamente 700 empresas estão
envolvidas na indústria de quiosques. Quem poderia imaginar esse cenário há
20 anos atrás? A indústria de quiosques se desenvolveu de tal maneira que o
modelo de negócios já merece ser tratado como estratégico tanto pela iniciativa
privada, quanto pelo setor público, como alternativa de desenvolvimento das
cidades, inclusão social, cultural e comercial da população.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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MOTA, Hermano. Pesquisa internacional revela o surgimento de uma nova geração de consumidores. Disponível em: <http://hermanomota.com.br/2011/11/26/pesquisa-internacional-revela-o-surgimento-d...>. Acesso em: 06 mar. 2012.