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R$ 2,00 VITÓRIA-ES | TERÇA-FEIRA, 25 DE AGOSTO DE 2015 | ANO LXXVI | Nº 25.363 | FUNDADO EM 22/09/1938 | EDIÇÃO DE 120 PÁGINAS “Às vezes, trair é necessário” >AT2 26 novos direitos para o consumidor >25 ILUSTRAÇÃO: LEO RANGEL Pedida a suspensão de pedágios da Rodosol >4 ADEMIR RIBEIRO/AT ASSINE 3323-6333 União anuncia concurso com 847 vagas e salário inicial de 16 mil reais >33 O ESTUDANTE WESLEY SILVA DE MAGALHÃES, 18 anos, leva a égua Izabela para comer a vegetação que se formou em trecho do Rio Doce, que já está com volume reduzido em mais de 60% Os efeitos do El Niño, como é conhecido o fenômeno, afetarão os capixabas e toda a região Sudeste ainda este ano e vão se estender pelo menos até abril de 2016. >2e3 Fenômeno vai provocar calor extremo no Estado $ Governo decide pagar 1ª parcela do 13º de uma só vez no mês que vem >31 Hoje é dia de caderno do Enem > Suplemento As novidades na educação > Caderno Especial THIAGO COUTINHO/AT NILO TARDIN

R$ 2 ,0 0 Fenômeno vai provocar calor - ijsn.es.gov.br · O meteorologista Ivaniel Foro Maia, do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper),

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R$ 2 ,0 0

VITÓRIA-ES | TERÇA-FEIRA, 25 DE AGOSTO DE 2015 | ANO LXXVI | Nº 25.363 | FUNDADO EM 22/09/1938 | EDIÇÃO DE 120 PÁGINAS

“Às vezes,trair én e c e ss á r i o”>AT 2

26 novosdireitos para oconsumidor >25

ILUSTRAÇÃO: LEO RANGEL

Pedida asuspensãode pedágiosda Rodosol >4

ADEMIR RIBEIRO/AT

AS S I N E3323 -6333

União anuncia concurso com 847 vagas e salário inicial de 16 mil reais >33

O ESTUDANTE WESLEY SILVA DE MAGALHÃES, 18 anos, leva a égua Izabela para comer a vegetação que se formou em trecho do Rio Doce, que já está com volume reduzido em mais de 60%

Os efeitos do El Niño, como é conhecidoo fenômeno, afetarão os capixabas e todaa região Sudeste ainda este ano e vão seestender pelo menos até abril de 2016. >2 e 3

Fenômeno vai provocar calorextremo no Estado

$

Governo decidepagar 1ª parcela do13º de uma só vezno mês que vem >31

Hoje é dia de cadernodo Enem > Suplemento

As novidades naeducação > Caderno Especial

THIAGO COUTINHO/AT

NILO TARDIN

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Reportagem Especial2 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, TERÇA-FEIRA, 25 DE AGOSTO DE 2015

A P O STA

Incremento nas vendasA previsão de calor animou a empresária

Maria da Penha Pimentel dos Reis, a tia Penha,e sua equipe de profissionais: Anderson Vieira,gerente, e as atendentes Graziely Venerável eKeila Cezarino (foto).

Isso porque a empresária inaugurou umafranquia da Sorvetes Frutos de Goiás no últimodia 15, em Aracruz. “Não apresentamos todo ocardápio, mas podemos dizer que, em pleno in-verno, já é um sucesso. Imagina no calor. E te-mos novidades: vamos abrir uma filial na Barrado Sahy, no verão”, comemorou.

ENTENDA O EL NIÑO

Fonte: Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (Noaa).

NLEGENDA

Quente Seco ChuvasQuente e seco Chuvas e frio

BRASIL

EUA

CANADÁ

AUSTRÁLIA

JAPÃO

SUDESTEAFRICANO

SUDESTEASIÁTICO

SUDESTECHINÊS

Norte eNordeste

Sudeste

Sul

OceanoPacífico

N

BRASIL

AUSTRÁLIA

NOVAZELÂNDIA

Aquecimento

Chuvas

Secas Ventos

OceanoPacífico

OceanoAtlântico

Equador

MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Fenômeno vai provocarcalor extremo

Efeitos do El Niñovão afetar o Estadoa partir de setembroe se estenderãopelo menos atéabril de 2016

O ESTUDANTEWesley deMa ga l h ã e s l evaa égua Izabelapara a parteseca do RioDoce, emColatina, quese transformouem pastagem

NILO TARDIN

ESPERANÇA DE CHUVA

“O Rio Doce virou um deserto”A estiagem que assola o Noroes-

te do Estado e leste de Minas Geraisjá reduziu em mais de 60% o volu-me do Rio Doce, em Colatina.

O leito seco coberto por gigan-tescos bancos de areia em algunstrechos virou pastagem de animaisque vivem soltos no meio do rio.

O estudante Wesley Silva deMagalhães, 18 anos, costuma le-var a égua Izabela, de 3 anos emeio, ao trecho com vasta vegeta-ção que se estende quase 1 km rioadentro, no centro de Colatina.

“O Rio Doce parece que virou umdeserto. Eu e meu pai sempre saía-mos para pescar, agora os peixess u m i ra m ”, disse.

O destino do Rio Doce preocupaWesley, mas ele acha que, apesarda seca severa, a natureza vai darum jeito de resolver a questão.“Daqui a uns dias, vai cair umachuva e ameniza a situação”, disseo jovem.

Wesley e colegas criam 11 animaisnas ‘pastagens ’ formada no Rio Do-ce devido à estiagem prolongada.

Eliane ProscholdtFrancine SpinasséNilo Tardin

Depois de quase 20 anos, omundo deve mais uma vezsofrer impactos fortes do

fenômeno El Niño. Segundo es-pecialistas, para o Estado a previ-são é de que os próximos meses,já a partir de setembro, sejam decalor extremo.

A Administração NacionalOceânica e Atmosférica dos Esta-dos Unidos (Noaa) informou queo El Niño, caracterizado por umaquecimento anormal das águasdo Oceano Pacífico que pode afe-tar o clima no mundo, tem ganha-do força e pode ter consequênciasmais intensas que as do último fe-nômeno, em 1997 e 1998.

Segundo o órgão, há uma altapossibilidade de que a temperatu-ra média na superfície do OceanoPacífico novamente se eleve em 2graus, podendo atingir 3 graus.Em 1997, por exemplo, quando oEl Niño deixou 23 mil pessoasmortas no mundo, a temperaturase elevou em até 2,3 graus.

Além de um alerta para os efei-tos mais drásticos que ainda estãopor vir, o órgão americano afir-mou que os efeitos do El Niño de-vem continuar ao menos até abrildo ano que vem. No País, o Noaainformou que o Sudeste deve serafetado pelo clima quente.

O meteorologista Expedito Re-

bello, do Instituto Nacional deMeteorologia (Inmet), explicouque o fenômeno faz chover acimada média no Sul do País e abaixoda média na região Norte e noNorte da região Nordeste.

“Para o Sudeste – e o EspíritoSanto fica no meio – a previsão éter uma primavera, a partir domês que vem, com temperaturasacima do normal, ou seja, um ca-lor extremo para a época do ano,acima de 30 graus, persistindopor vários dias.”

O meteorologista Ivaniel ForoMaia, do Instituto Capixaba de

Pesquisa, Assistência Técnica eExtensão Rural (Incaper), enfati-zou que ainda é cedo para falardos efeitos do El Niño no Estado,mas que é algo preocupante.

“No dia a dia, já conseguimossentir as temperaturas altas, típi-cas de verão, mesmo no inverno.E é possível que as temperaturasfiquem acima da média nos pró-ximos meses. Mesmo o Estadonão tendo um sinal forte, quandose trata de El Niño, os efeitospreocupam, já que se tivermosum regime de chuva abaixo damédia pode causar prejuízos.”

Como ocorreAparece com o aquecimento anor-

mal das águas do Oceano Pacífico. En-tre seus efeitos, o fenômeno altera pa-drões de vento, podendo afetar o climaregional e global.

Segundo órgão norte-americano, astemperaturas médias da superfície domar em uma zona do Pacífico pode-riam superar os 2 graus Celsius acimado normal, o que só foi registrado trêsvezes nos últimos 65 anos.

ConsequênciasOs efeitos globais do El Niño de

2015, segundo órgão do governo nor-te-americano, já tiveram início de for-ma mais branda, mas devem se inten-

sificar e se prolongar por 2016.Entre as consequências para a ano-

malia climática estão alterações nastemperaturas médias e no regime dechuva de cada região.

Entre efeitos mais acentuadosesperados para o El Niño noPaís, meteorologistas preveemchuva forte no Sul e período deseca na região Norte.

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Reportagem Especial

VITÓRIA, ES, TERÇA-FEIRA, 25 DE AGOSTO DE 2015 ATRIBUNA 3

O QUE ELES DIZEM

“O estrago (enchente) sónão irá acontecer se a

faixa de nuvens estiver maisao sul de São Paulo. Se estiverno Rio, Minas ou EspíritoSanto, aí sim teremosenchentes, uma calamidade”Expedito Rebello, meteorologista do Inmet

“É preciso esperar paraque o El Niño possa

se estruturar. O Sudeste vaisentir, mas quanto, quandoe com que intensidade aindanão dá para prever”Paulo Eduardo Artaxo Netto,professor do Instituto de Física da USP

“Efeitos do fenômeno sãopreocupantes, pois, se

tivermos regime de chuvasabaixo ou até dentro danormalidade, poderemosvoltar a falar em crise hídricanos próximos meses”Ivaniel Foro Maia, meteorologista

Previsões de especialistasvão de seca a enchentes

Quando se fala em condições cli-máticas, não existe um consenso:as previsões vão desde seca a en-chentes para os próximos meses,no Estado.

O professor da Universidade Fe-deral do Espírito Santo (Ufes) An-tônio Sérgio Ferreira Mendonça,PhD em Engenharia de RecursosHídricos, explicou que o El Niñoafeta o clima no mundo inteiro e,no Estado, um dos episódios maisanalisados são os reflexos em 1983,quando se teve recordes de tempe-raturas máximas e mínimas.

“Em 1998, o Estado também foicastigado pela seca, principalmen-te no Norte. Por isso, as mudançasclimáticas devem ser observadas eé preciso se preparar.”

O especialista afirmou, ainda,que não se sabe ao certo o reflexopara o Estado nos próximos me-ses, mas a população e o poder pú-blico devem se preparar para doiscenários: seca ou período de chu-vas, que podem começar a partirde outubro.

O professor do Instituto de Físi-ca da USP Paulo Eduardo ArtaxoNetto, que é referência mundial emmudanças climáticas, conversou

com a reportagem e preferiu falarem larga escala: da região Sudeste enão apenas do Espírito Santo.

“Para o Sudeste, a previsão érealmente ter um aumento na taxade precipitação, quebrando umpouco essa seca que estamos so-frendo em São Paulo, por exemplo.Mas é preciso esperar para que es-se El Niño possa se estruturar e es-tabelecer. Sem dúvida, o Sudestevai sentir, mas a questão do quan-to, quando e com que intensidadeainda não dá para prever.”

Já o meteorologista ExpeditoRebello, do Instituto Nacional deMeteorologia (Inmet), disse que atendência é que a partir de outu-bro comece a chover acima donormal no Estado, com possibili-dades de enchentes.

“Temos de monitorar a zona deconvergência Atlântico Sul. Existeprevisão de chover muito na baciado Rio Doce e, se isso acontecer,teremos enchente no Espírito San-to. O estrago só não irá acontecerse a faixa de nuvens estiver mais aosul de São Paulo. Se estiver no Rio,Minas ou Espírito Santo, aí sim te-remos enchentes, uma calamidademesmo”, disse Expedito.

MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Governo prepara planopara amenizar impactosEm um cenário de possibilida-

des, governo do Estado eprefeituras anunciaram me-

didas para amenizar tanto os im-pactos da seca como de eventuaise n c h e n t e s.

No primeiro caso, entre as medi-das estão conscientização para eco-nomizar água, construção de bar-ragens e capacitação. As prefeiturasapostam em ações na prevenção dedeslizamentos e alagamentos.

A Prefeitura de Vitória, porexemplo, informou que trabalhaem caráter permanente na pre-venção de deslizamentos.

Na Serra, o diretor do Departa-mento da Defesa Civil, Olimar Rosa

da Silva, falou sobre o trabalho deconscientização. O olhar está maisvoltado para 49 bairros, por seremconsiderados com maior incidênciade risco, entre eles José de AnchietaI, II e III, Jardim Carapina e a partebaixa de Jacaraípe.

Uma empresa de São Paulo foicontratada e está fazendo um ma-peamento que irá apontar áreascom risco de deslizamento e inun-dação no município.

Trabalhando nos dois cenários,Silva disse que existem campanhaspara que a população continueeconomizando água.

As prefeituras de Vila Velha eCariacica também anunciaram as

medidas que estão adotando.Ações também são feitas em ou-

tras cidades. O diretor de operaçãodo Sanear, Antônio Demuner, disseque é preciso economizar ou podefaltar água em Colatina. Há seismeses não há chuva volumosa naregião, mas ainda não há desabas-tecimento. “Somos obrigados, comfrequência, a escavar canais naareia do rio e furar bolsões parainstalar as bombas flutuantes.”

A vazão média de 600 metroscúbicos por segundo, de acordocom ele, caiu para 160 metros porsegundo e a lâmina d’água nãopassa de 20 centímetros no RioDoce em Colatina.

KADIDJA FERNANDES - 19/12/2013

ALAGAMENTO EM VILA VELHA: prefeituras dizem que estão investindo em prevenção para evitar transtornos

ALGUMAS AÇÕES

Novas barragens e obras de drenagemGoverno do EstadoC ESA N> NO INÍCIO DO ANO o governo ped iu

apoio da população, que mudou há-bitos. Com isso, foram economiza-dos no primeiro semestre, em rela-ção ao mesmo período de 2014, 8 bi-lhões de litros de água nos 52 muni-cípios capixabas.

S E AG> O GOVERNO vai investir R$ 60 mi-

lhões na construção de 60 novasbarragens, até o final de 2018. Serão26 para assentamentos de trabalha-dores rurais e 34 de uso múltiplo.

CORPO DE BOMBEIROS> FAZEM PARTE das ações do Corpo de

Bombeiros Militar e da Coordenado-ria Estadual de Proteção e Defesa Ci-vil o cronograma de atividades cha-madas de Fase de Preparação, queestabelece as principais ações paraenfrentamento a situações adversas.

> ESTÁ SENDO dada sequência à capa-citação e estruturação das Coorde-nadorias Municipais e as Regionaisde Defesa Civil, entre outras ações.

Pre f e i t u ra sV I TÓ R I A> TRABALHA na prevenção de desliza-

mentos. De janeiro de 2013 até agora,foram investidos R$ 23 milhões em37 obras de contenção de encostas.

> FAZ AINDA a manutenção da rede dedrenagem; conta com um trabalhopreventivo limpando cerca de 3.500bueiros por mês; faz o Mapeamentodas Áreas de Risco das Encostas,entre outras ações.

SERRA> ENTRE AS AÇÕES que o município de-

sempenha estão aquelas com focoem evitar inundações e deslizamen-tos. Para isso, conta com trabalho deconscientização em bairros onde hámaiores incidência de riscos.

> CONTRATOU uma empresa, que fazum mapeamento de áreas de risco.Paralelo a isso, faz obras de conten-ção em Planalto Serrano e JardimCarapina I, entre outras ações.

CA R I AC I CA> PROMOVE LIMPEZA contínua dos

canais, dragagem de galerias, elimi-nação de pontos de lixo, muro decontenção, monitoramento dasáreas de risco e outras medidas.

VILA VELHA> ESTÃO EM OBRAS de macrodrena-

gem o Canal do Congo e Canal daCosta, com previsão de término em2016. Contratou empresa para fazero estudo de viabilidade e elaboraçãodo projeto de uma Estação de Bom-beamento do Canal da Costa.

> EM SANTOS DUMONT, faz obra demacrodrenagem da bacia do Rio Ari-biri III, entre outras ações.

ADEMIR RIBEIRO - 30/12/2013

CRIANÇAS em área alagada: riscos

“Ainda não se sabe aocerto como o Estado

será afetado, mas é precisose preparar tanto para umapossível época de seca,quanto de fortes chuvas”Antônio Sérgio Ferreira Mendonça, professor daUfes e PhD em Eng. de Recursos Hídricos