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UFOP - CETEC - UEMG REDEMAT REDE TEMÁTICA EM ENGENHARIA DE MATERIAIS UFOP UEMG Dissertação de Mestrado “Estudo do comportamento de Sapatas de Freio de Resina Fenólica, em frenagem por atrito de Rodas Metroferroviárias” Autor: Rogério Eustáquio de Souza Orientador: Prof. Dr. Jose Roberto Tavares Branco Co-Orientador: Prof. Cristovam Paes de Oliveira Abril de 2004

R EDE TREDEMAT EMÁTICA EM E NGENHARIA DE MATERIAIS · Sapatas de Freio, a partir de uma melhor regulagem dos equipamentos do sistema de freio dos trens. Os resultados dos ensaios

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UFOP - CETEC - UEMG

REDEMAT REDE TEMÁTICA EM ENGENHARIA DE MATERIAIS

UFOP – UEMG

Dissertação de Mestrado

“Estudo do comportamento de Sapatas de Freio de

Resina Fenólica, em frenagem por atrito de Rodas

Metroferroviárias”

Autor: Rogério Eustáquio de Souza

Orientador: Prof. Dr. Jose Roberto Tavares Branco

Co-Orientador: Prof. Cristovam Paes de Oliveira

Abril de 2004

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UFOP - CETEC - UEMG

REDEMAT REDE TEMÁTICA EM ENGENHARIA DE MATERIAIS

UFOP – UEMG

Rogério Eustáquio de Souza

“Estudo do comportamento de Sapatas de Freio de Resina

Fenólica, em frenagem por atrito de Rodas

Metroferroviárias”

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Engenharia de Materiais da

REDEMAT, como parte integrante dos requisitos

para a obtenção do título de Mestre em Engenharia

de Materiais.

Área de concentração: Engenharia de Superfície

Orientador: Prof. Dr. Jose Roberto Tavares Branco

Co-Orientador: Prof. Dr. Cristovam Paes de Oliveira

Ouro Preto, abril de 2004

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AGRADECIMENTOS

A Deus, razão primeira de minha existência.

À minha esposa Elisa e aos meus filhos Taís, Cibele, Vitor e Hélen, que partilharam das

dificuldades enfrentadas para a conclusão deste trabalho, com amor, paciência e compreensão.

Aos meus pais João e Lia, pois seus exemplos me acompanham.

Ao Prof. José Roberto Tavares Branco pela orientação e estímulo.

À Direção da CBTU – METROBH, pelo apoio demonstrado durante o trabalho.

Aos colegas de trabalho da Coordenadoria de Manutenção da CBTU – METROBH, pelo

incentivo e auxílio.

Aos colegas do Laboratório de Engenharia e Modificações de Superfícies – LEMS, do Setor

de Tecnologia Metalúrgica do CETEC - MG, em especial ao amigo Ismael, pelo apoio

técnico.

E a todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste trabalho.

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“Tua, Senhor, é a grandeza, e o poder, e a honra, e a vitória, e a

majestade; porque Teu é tudo quanto há nos céus e na terra; Teu

Senhor, é o reino e Tu te exaltaste por soberano sobre todos”.

I Crônicas 29:11

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RESUMO

Considerando a gravidade e a magnitude dos prejuízos causados no Brasil e no mundo, pelos

inúmeros problemas decorrentes da deterioração prematura do sistema roda ferroviária -

sapata de freio, e a necessidade de se estabelecer parâmetros que levem à minimização de tais

problemas, buscou-se levantar, neste trabalho, dados de desempenho, evolução de desgaste e

coeficiente de atrito de sapatas de freio de resina fenólica, bem como de degradação de rodas

ferroviárias, em operação na Companhia Brasileira de Trens Urbanos - CBTU-METROBH.

Análise química, metalúrgica e ensaios de dureza em componentes novos ou que chegaram ao

“fim da vida” foram efetuadas. Os resultados obtidos foram avaliados comparativamente com

outros disponíveis na literatura e são discutidos de forma a contribuir para o desenvolvimento

de procedimentos e de materiais para rodas ferroviárias e sapatas de freio, que apresentem

performance mais adequada às aplicações operacionais. Verificou-se que as transformações

metalúrgicas e as descontinuidades apresentadas pelas rodas usadas, são equivalentes às

relatadas por outras companhias operadoras metroferroviárias e de transporte de carga, no

Brasil e em diversos países do mundo. Taxas de desgaste foram determinadas em corpos de

prova de sapatas de freio, através do ensaio tribológico de “Pino sobre Disco”. Estes

resultados foram comparados com medidas obtidas em Testes de Rodagem no Campo e

durante todo o processo foram identificados e registrados diversos fatores que influenciaram o

desgaste. Os testes de campo demonstraram aumento do desgaste das sapatas nos períodos

chuvosos o que foi usado para fundamentar uma proposta para o aumento da vida útil das

Sapatas de Freio, a partir de uma melhor regulagem dos equipamentos do sistema de freio dos

trens. Os resultados dos ensaios tribológicos de “Pino sobre Disco” permitiram determinar-se

um perfil de comportamento da evolução do desgaste das sapatas de f reio em laboratório,

tendo-se estabelecido uma correlação qualitativa desses resultados com os dados dos Testes

de Rodagem no Campo.

PALAVRAS-CHAVE: Ferrovia - Sapata de Freio - Roda Ferroviária - Frenagem - Pino sobre

Disco.

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ABSTRACT

Considering the seriousness and magnitude of the losses caused in Brazil and in the world,

due to countless problems of premature failures of the railway wheels- brake shoe system, and

the need to establish parameters to minimize such problems, this work armed at getting data

on the evolution of wear and friction coefficient of phenolic resin brake shoe, as well as on

the degradation of railway wheels, in operation at the CBTU-METROBH - Brazilian

Company of Urban Trains of Belo Horizonte City. Chemical analysis, hardness and

microstructural evaluations of new wheels and of wheels that reached the "end of life" were

carried out. The results show that the evidences of phase transformations and discontinuities

are equivalents to what has been previously shown by others passenger and freight railway

companies, in Brazil and in several countries. Wear rates were measured by Pin-on-Disk

Testing and Field Testing of Trains. The field tests showed an increase of the wear of brake

shoes in rainy periods, what was used to support a new procedure that was suggested to

CBTU, that will likely increase brake shoe life, for example by better regulation for the brake

system equipments of the train. The results of Pin-on-Disk testing materials of brake shoes

allowed the determination of a qualitative relationship between its results and performance in

the field.

KEYWORDS: Railway - Brake Shoe - Railway Wheel - Braking - Wear - Pin on Disk.

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SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS ............................................................................................................ iv

RESUMO ................................................................................................................................. vi

ABSTRACT ............................................................................................................................ vii

SUMÁRIO .............................................................................................................................. viii

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1

2. OBJETIVOS ...................................................................................................................... 6

2.1. Gerais ......................................................................................................................... 6

2.2. Específicos .................................................................................................................. 6

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................7

3.1. Sapata de Freio .......................................................................................................... 7

3.1.1. Introdução ........................................................................................................... 7

3.1.2. Principais características da Sapata de Freio ...................................................... 9

3.1.3. Resinas Fenólicas ............................................................................................. 14

3.1.4. Tipos e Aplicações das Sapatas de Freio ......................................................... 15

3.1.4.1. Classificação Quanto à Composição ............................................................ 15

3.1.4.2. Classificação quanto ao Coeficiente de Atrito – μ ................................... 16

3.1.4.3. Classificação quanto à Geometria ............................................................ 17

3.1.5. Desenvolvimento de uma Sapata de Freio ....................................................... 18

3.1.6. Fabricação da Sapata de Freio .......................................................................... 19

3.1.7. Testes e Ensaios ............................................................................................... 21

3.1.8. Controle de Qualidade ...................................................................................... 22

3.2. Bancadas de Teste .................................................................................................... 23

3.3. Máquina de Ensaio de Desgaste tipo “PINO SOBRE DISCO” .............................. 25

3.4. Ensaio em Dinamômetro .......................................................................................... 26

3.5. Roda Metro – Ferroviária ........................................................................................ 28

3.5.1. Introdução ......................................................................................................... 28

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3.5.2. Fadiga em Rodas Ferroviárias .......................................................................... 33

3.5.2.1. Fadiga Térmica ......................................................................................... 33

3.5.2.2. Tensões Residuais .................................................................................... 35

3.5.2.3. Origem das Tensões Residuais nas Rodas ............................................... 35

3.5.2.3.1. Processos de Manufatura das Rodas ..................................................... 35

3.5.2.3.2. Prensagens das Rodas no Eixo .............................................................. 37

3.5.2.3.3. Cargas Estáticas e Dinâmicas ................................................................ 38

3.5.2.3.4. Cargas Térmicas de Frenagem .............................................................. 38

3.5.2.4. Redução das Tensões Residuais ............................................................... 39

3.5.2.4.1. Configuração da Roda ........................................................................... 39

3.5.2.4.2. Limite de Escoamento do Material da Roda ......................................... 40

3.5.3. Deslizamento Roda – Trilho ............................................................................ 41

3.5.4. Mudanças na estrutura da Roda ....................................................................... 42

3.5.5. Falhas Térmicas em Rodas Metroferroviárias ................................................. 44

3.6. Tração e Frenagem .................................................................................................. 46

3.6.1. Introdução ......................................................................................................... 46

3.6.2. Aderência ......................................................................................................... 46

3.6.2.1. Introdução ................................................................................................. 46

3.6.2.2. Fatores que afetam a Aderência ............................................................... 48

3.6.2.3. Efeitos da Perda de Aderência ................................................................. 49

3.6.2.4. Níveis de Aderência adotados para Tração .............................................. 50

3.6.3. Resistência ao Movimento ............................................................................... 50

3.6.3.1. Introdução ................................................................................................. 50

3.6.3.2. Resistência na Partida ............................................................................... 51

3.6.3.3. Resistência de Rampa ............................................................................... 51

3.6.3.4. Resistência das Curvas ............................................................................. 52

3.6.3.5. Rampa Compensada ................................................................................. 52

3.6.4. Frenagem .......................................................................................................... 52

3.6.4.1. Força de Frenagem (Ff ) ............................................................................ 55

3.6.4.2. Taxa de Frenagem (Tf) ............................................................................ 56

3.6.4.3. Força de Desaceleração ............................................................................ 57

3.6.4.4. Taxa de Desaceleração (δ) ....................................................................... 57

3.6.5. Efeito das Massas Girantes .............................................................................. 58

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3.6.6. Freio Dinâmico ................................................................................................. 59

4. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS ................................................................... 61

4.1. Materiais .................................................................................................................. 61

4.2. Equipamentos ........................................................................................................... 61

4.3. Metodologia ............................................................................................................. 63

4.3.1. Ensaios e Testes Preliminares .......................................................................... 64

4.3.1.1. Análises e Ensaios para Identificação do Material da Roda ........................ 64

4.3.1.2. Testes de Rodagem no Campo ................................................................. 66

4.3.1.3. Ensaios de “Pino sobre Disco” ................................................................. 68

4.3.2 Ensaios e Testes Complementares .......................................................................... 68

4.3.2.1 Ensaios de “Pino sobre Disco” ............................................................................. 68

4.3.2.2 Testes de Rodagem no Campo ..................................................................... 71

5 RESULTADOS ............................................................................................................... 74

5.1 Caracterização dos Materiais Testados ................................................................... 74

5.2 Resultados Preliminares .......................................................................................... 86

5.2.1 Testes de Rodagem no Campo ......................................................................... 86

5.2.2 Ensaios de “Pino sobre Disco” ......................................................................... 91

5.3 Ensaios Complementares ......................................................................................... 92

5.3.1 Ensaios de “Pino Sobre Disco” .................................................................................. 92

5.3.2 Testes de Rodagem no Campo ......................................................................... 98

5.4 Fatores Influentes no desgaste das Sapatas em Teste de Rodagem no Campo ..... 106

6 DISCUSSÃO ................................................................................................................. 114

6.3 Resultados Preliminares ........................................................................................ 114

6.4 Resultados Complementares .................................................................................. 116

6.5 Testes de Rodagem no Campo ............................................................................... 124

7 CONCLUSÕES ................................................................................................................ 125

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 127

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9 ANEXOS ......................................................................................................................... 132

9.1 Ensaios em Dinamômetro ...................................................................................... 132

9.1.1 Metodologia do Ensaio Dinamométrico ........................................................ 132

9.1.1.1 Ensaio de Rampa ........................................................................................ 133

9.1.1.2 Ensaio de Parada ........................................................................................ 133

9.1.2 Equipamentos utilizados ................................................................................ 134

9.1.3 Características principais do Dinamômetro ................................................... 134

9.1.4 Resultados dos Ensaios Dinamométricos realizados na Sapata “A” .............. 136

9.1.5 Discussão dos Resultados do Ensaio Dinamométrico .................................... 139

9.2 Procedimento para Implantação da Sistemática de Ensaio .................................. 140

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LISTA DE FIGURAS

Figuras 1.1 – Sapatas de Freio ................................................................................................... 2

Figura 1.2 – Tipos de Discos de Freio [1]

. .................................................................................. 4

Figura 1.3 – Truque com 04 Discos de Freio por Eixo, ............................................................. 5

Figura 3.4–Variação Típica do Coeficiente de Fricção/Atrito, ................................................ 10

em função da Temperatura [7]

. .................................................................................................. 10

Figura 3.5 - Estrutura Química dos Fenólicos [11]

. ................................................................... 14

Figura 3.6 - Sapata de Freio de Composição [3]

....................................................................... 16

Figura 3.7 - Sapatas de Freio de Composição, cônica. ............................................................ 18

Figura 3.8 - Esquema do Ensaio Pino sobre Disco .................................................................. 25

Figura 3.9 – Terminologia das partes da Roda Metroferroviária. ............................................ 28

Figura 3.10.a -Distribuição de dureza (HB) no aro da roda Classe “B” [17]

. ............................ 31

Figura 3.10.b - Distribuição de dureza (HB) no aro da roda Classe “C” [17]

. ........................... 31

Figuras 3.11 - Representação esquemática dos três fatores que geram fadiga térmica: .......... 34

Figura 3.12-Linhas de Tensão, obtidas por foto-elasticidade .................................................. 36

Figura 3.13 – Disco de Roda com Perfil em forma de “S” [17]

................................................ 40

Figura 3.14- Contato Roda – Trilho, tensões atuantes [17]

. ....................................................... 41

Figura 3.15 – Achatamento da Roda no deslizamento sobre o Trilho ..................................... 43

Figura 3.16 – Zona Termicamente Afetada – ZTA [32]

. ........................................................... 43

Figura 3.17 - Esquema típico de Freio Pneumático e Eletro – Pneumático ............................. 54

Figura 3.18- Forças que agem nas Rodas durante uma frenagem [37]

...................................... 55

Figura 4.19–Local de retirada de amostras na Pista de Rolamento das Rodas ........................ 65

Figura 4.20 - Amostras retiradas das Rodas Ferroviárias ........................................................ 65

Figura 4.21 - Desenho Esquemático das posições de fixação de Sapatas ................................ 67

Figura 4.22 – Desenho esquemático da medição da rugosidade do Disco .............................. 69

Figura 5.23 – Perlita predominante e Ferrita típica, Amostra 2642. ....................................... 75

Figura 5.24 – Perlita predominante e Ferrita típica, Amostra 2641. ........................................ 75

Figura 5.25– Perlita predominante e Ferrita típica, Amostra 2643. ......................................... 76

Figuras 5.26 a – Inclusões na Superfície da Roda. ................................................................... 77

Figuras 5.26 b – Inclusões na Superfície da Roda. .................................................................. 77

Figura 5.27 – Fotografia da Amostra 2, polida com pasta de diamante ................................... 78

Figura 5.28– Fotomicrografia da Amostra 1, camada superficial ............................................ 79

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Figura 5.29 - Fotomicrografia da Amostra 1, extremidade da fratura ................................... 80

Figura 5.30 – Fotomicrografia da Amostra 1, inclusões superficiais ....................................... 81

Figura 5.31 - Fotomicrografia da Amostra 3, extremidade da fratura ..................................... 82

Figuras 5.32-a e 5.32-b – Falhas Térmicas na Pista de Rolamento das Rodas ........................ 83

Figura 5.33 – Falha Térmica em Roda – Thermal Crack (Trinca Térmica) ........................... 84

Figura 5.34 – Roda apresentando “calo” ou depressão. ........................................................... 84

Figura 5.35 - Taxa de desgaste de Sapatas “A”, após 17.056km rodados, ............................. 89

Figura 5.36 - Taxa de desgaste de Sapatas “A”, após 24.983km rodados , ........................... 89

Figura 5.37 - Taxa de desgaste de Sapatas “A”, após 48.485km rodados, ............................ 90

Figura 5.38 – Taxa de desgaste de Sapatas “B”, após 37.103km rodados, ............................. 91

Figura 5.39 – Desgaste em Discos de Sapatas de Freio, .......................................................... 92

Figura 5.40 –Taxa de Desgaste x Distância Percorrida, Sapata “A”. ...................................... 93

Figura 5.41–Taxa de Desgaste x Distância Percorrida, Sapata “B”. ....................................... 93

Figura 5.42–Taxa de Desgaste x Distância Percorrida, Sapata “C”. ........................................ 94

Figura 5.43 - Desgaste x Distância Percorrida – Trilha 55d. ................................................... 95

Figura 5.44 - Desgaste x Distância Percorrida – Trilha 60d .................................................... 96

Figura 5.45 – Desgaste x Distância Percorrida – Trilha 65d ................................................... 96

Figura 5.46- Evolução do Desgaste de Sapatas “A”, no Campo - TUE 23 ........................... 98

Figura 5.47- Evolução do Desgaste de Sapatas “A”, no Campo - TUE 24 ............................ 99

Figura 5.48 – Evolução do Desgaste de Sapatas “A”, no Campo – TUE 25 ........................... 99

Figura 5.49- Evolução do Desgaste de Sapatas “C”, no Campo - TUE 10 ............................ 100

Figura 5.50 - Desgaste de Sapatas “A” específicas, no TUE 23 ............................................ 101

Figura 5.51 - Desgaste de Sapatas “A” específicas, no TUE 23 ........................................... 101

Figura 5.52 - Desgaste de Sapatas “A” específicas, no TUE 23 ............................................ 102

Figura 5.53 - Desgaste de Sapatas “A” específicas, no TUE 24 ............................................ 103

Figura 5.54 - Desgaste de Sapatas “A” específicas, no TUE 24 ............................................ 103

Figura 5.55 - Desgaste de Sapatas “A” específicas, no TUE 25 ............................................ 104

Figura 5.56- Desgaste de Sapatas “A” específicas, no TUE 25 ............................................. 104

Figura 5.57 - Desgaste de Sapatas “C” específicas, no TUE 10 ............................................ 105

Figura 5.58 – Desgaste de Sapatas “C” específicas, no TUE 10 ........................................... 105

Figura 5.59- Precipitação Chuvosa no período dos Testes de Campo [31]

. ............................. 106

Figura 5.60 - Frenagens de Emergência durante Testes de Campo - TUE 23 ....................... 107

Figura 5.61 - Frenagens de Emergência durante Testes de Campo - TUE 24 ....................... 107

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Figura 5.62 - Frenagens de Emergência durante Testes de Campo - TUE 25. ...................... 108

Figura 5.63 – Frenagens de Emergência e Desgaste de Sapatas, no TUE 23. ....................... 109

Figura 5.64 – Frenagens de Emergência e Desgaste de Sapatas, no TUE 24 ........................ 109

Figura 5.65– Frenagens de Emergência e Desgaste de Sapatas, no TUE 25 ......................... 110

Figura 5.66 - Precipitação Chuvosa no período e Desgaste de Sapatas, no TUE 23 ............. 111

Figura 5.67- Precipitação Chuvosa no período e Desgaste de Sapatas, no TUE 24 .............. 111

Figura 5.68- Precipitação Chuvosa no período e Desgaste de Sapatas, no TUE 25 .............. 112

Figura 5.69 – Precipitação Chuvosa e Desgaste Sapatas Selecionadas - TUE 24 ................. 113

Figura 5.70 - Precipitação Chuvosa e Desgaste Sapatas Selecionadas - TUE 25. ................ 113

Figura 71 - Esquema da Instrumentação do Dinamômetro [41]. ........................................... 135

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LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 – Características de diversas sapatas de freio [9]

..................................................... 12

Tabela 3.2 – Rodas Metroferroviárias - Classificação AAR ................................................. 29

Tabela 3.3 – Roda Ferroviária - Classificação UIC. .............................................................. 30

Tabela 4.4: Valor Médio da Rugosidade nos pontos da Figura 4.22 ....................................... 70

Tabela 5.5 - Análise Química da Roda Ferroviária .................................................................. 74

Tabela 5.6 - Dureza Brinell (HB), da superfície e núcleo das Rodas ...................................... 74

Tabela 5.7- Resultados Qualitativos e Semiquantitativos da Amostra 2, ................................ 78

Tabela 5.8 - Resultados Qualitativos e Semiquantitativos da Amostra 1, ............................... 79

Tabela 5.9 - Resultados Qualitativos e Semiquantitativos da Amostra 1, .............................. 80

Tabela 5.10 - Resultados Qualitativos e Semiquantitativos da Amostra 1, ............................. 81

Tabela 5.11 - Resultados Qualitativos e Semiquantitativos da Amostra 3, ............................. 82

Tabela 5.12 - Resultados Qualitativos e Semiquantitativos da Região da Fratura .................. 83

Tabela 5.13 – Características das Sapatas de Freio “A”, “B” e “C” ........................................ 85

Tabela 5.14 – Resultados de Desempenho das Sapatas de Freio testadas no Campo, ............. 87

Tabela 5.15 – Avaliação macrográfica das superfícies de contato das Rodas ......................... 88

Tabela 6.16 - Desgastes percentuais comparativos entre as Sapatas “A” e “B”. ................... 121

Tabela 6.17- Desgastes percentuais comparativos entre as Sapatas “A” e “C”. .................... 121

Tabela 6.18- Desgastes percentuais comparativos entre as Sapatas “B” e “C”. .................... 121

Tabela 6.19 – Resumo Testes Complementares de Rodagem no Campo. ............................. 122

Tabela 20 – Ensaio de Rampa com frenagem leve e pesada .................................................. 136

Tabela 21 – Ensaio de Parada, distância de parada. ............................................................... 136

Tabela 22 – Ensaio de Parada, com frenagem leve e pesada. ................................................ 137

Tabela 23 – Ensaio de Parada, força e coeficiente de atrito ................................................... 137

Tabela 24 - Ensaio de Parada, força e coeficiente de atrito. ................................................ 138

Tabela 25 – Verificação do desgaste das Sapatas ensaiadas ................................................. 138

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1. INTRODUÇÃO

No extremo norte da Alemanha perto da divisa com a Holanda, região de Emsland, o

Transrapid é, rigorosamente, um trem sem rodas, pois eletromagnetos mantêm seus vagões

suspensos e ao mesmo tempo os deslocam. Ele parece um motor elétrico cortado e estendido

ao longo das vigas condutoras durante todo o trajeto, criando um campo magnético itinerante,

que levita e puxa consigo os magnetos elétricos instalados no trem. Assim sendo, de certa

forma, ele voa. Para parar o Transrapid, é só inverter a corrente desse campo magnético que a

propulsão passa a funcionar como um freio. Inconvenientes das ferrovias comuns, como o

barulho, desgastes e perda de energia por meio do atrito das rodas, eixos e trilhos, não

existem, pois o princípio é a pura levitação magnética, sem contato nenhum. Nos 31

quilômetros de seu percurso, a aerodinâmica do modelo atual consegue atingir a velocidade

de 450 quilômetros por hora, sempre pairando a rígidos dez milímetros acima da pista, sendo

energizado apenas o segmento do trecho onde o trem está se deslocando. Na China, em

Shangai, uma recém inaugurada linha que utiliza essa tecnologia de levitação magnética

(conhecida pela sigla MagLev), liga o aeroporto de Pudong à estação de trem de Longyang,

percorrendo 30 quilômetro em 7,5 minutos. Com passageiros, um trem MagLev consome 5

vezes menos que um Boeing 747 e viaja quase à mesma velocidade, o que o torna uma

solução interessante para transporte entre os grandes centros.

O trem francês TGV - Train à Grande Vitesse (Trem a Grande Velocidade) movido a motor

elétrico, se desloca sobre trilhos à velocidade comercial de 320 quilômetros por hora, com

frenagem por diversos discos de freio distribuídos no eixo das rodas. Nos testes, em condições

otimizadas, ele chegou a atingir 515,3 quilômetros por hora em Maio/1990, de acordo com

filme promocional do fabricante. Outros países da Europa e da Ásia têm adquirido esta

tecnologia para seus sistemas de trens rápidos. No Japão a geração Shinkansen com frenagem

por discos de freio possui linhas regulares de trens circulando com velocidade superior a 250

quilômetros por hora.

Um melhor conhecimento dos processos de degradação do sistema roda ferroviária – sapata

de freio é importante, pois o aquecimento de rodas e sapatas é função de fatores como

materiais empregados, superfícies de contato, força despendida, velocidade da roda,

freqüência e tempo de frenagem, dentre outros.

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O calor gerado pode ocasionar diversas alterações na superfície de rolamento das rodas como

transformações de fases, deformações, desprendimento de material, nucleação de trincas,

dentre outros. Estas alterações são normalmente causadas, por uma série de expansões e

contrações da roda, fadiga térmica, fadiga mecânica e choque térmico. No caso de ruptura da

roda, quando em serviço, prejuízos irreparáveis podem ser ocasionados. A magnitude desses

problemas pode ser comprovada pelos dados estatísticos de acidentes em ferrovias, no nosso

país e em todo o mundo.

Embora a aplicação do sistema de frenagem por disco de freio seja crescente nos novos

projetos, a maioria dos veículos ferroviários atualmente em utilização no mundo e

principalmente no Brasil, ainda emprega o sistema de sapata de freio em atrito com as rodas,

mostrado na Figura 1.1(a e b).

Figura 1.1-a) Sapata de Ferro Fundido Figura 1.1-b) Sapatas de Resina Fenólica

Figuras 1.1 – Sapatas de Freio

Uma roda ferroviária além de ser um elemento de sustentação e apoio para o peso do carro é

um elemento de tração em contato com o trilho, e nos veículos com frenagem por atrito na

própria roda, serve também como elemento de freio (tambor de freio), estando sujeita a cargas

combinadas de origem mecânica e origem térmica, funcionando como dissipador do calor

gerado pela variação da energia cinética do veículo ferroviário.

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Foram transportados sobre trilhos em 2003 no Brasil, próximo de 300 milhões de toneladas de

carga e 1,2 bilhões de passageiros. Encontram-se circulando no Brasil em 2004,

aproximadamente 2.000 Locomotivas de Carga, 2.000 Locomotivas e Carros de Passageiros,

69.300 Vagões de Carga, em 12 empresas operadoras de transporte de carga e 12 empresas de

transporte urbano de passageiros[1]

. Nos E.U.A. no ano 2000, em 660 empresas ferroviárias e

metroferroviárias, estavam em circulação aproximadamente 20.000 Locomotivas de Carga,

8.800 Locomotivas e Carros de Passageiros e 1.300.000 Vagões de Carga [2]

.

O desgaste da sapata de freio e da roda durante a operação comercial constitui item de

expressiva influência no custo de manutenção dos sistemas ferroviários, atingindo 10% do

total gasto em algumas operadoras. Nos E.U.A., estimam ser de US$200 milhões as perdas

anuais do país, devido à diminuição da vida útil de rodas, afetando cerca de 120.000 rodas

nesse período [2]

.

Nos trens equipados com freios a disco, a pastilha de freio entra em contato com o disco de

freio, solidário à roda ou ao eixo, para realizar o trabalho de frenagem. Em trens de alta

velocidade normalmente são utilizados discos de freio fabricados em fibra de carbono,

operando em conjunto com sapatas de alto desempenho, para melhor dissipação do calor

gerado. As pastilhas de freio a disco para trens são também conhecidas por sapatilhas.

Possuem, atualmente, desenhos e características como mostrados na Figura 1.2 e aplicações

como exemplificado na Figura 1.3, que mostra um sistema de freio com diversos discos de

freio solidários aos eixos de um truque, que é a estrutura mecânica que contém os motores

elétricos, as rodas e suporta o peso da caixa do vagão.

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Figura 1.2 – Tipos de Discos de Freio [1]

.

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5

Figura 1.3 – Truque com 04 Discos de Freio por Eixo,

para Trens de Alta Velocidade [4]

.

A definição do tema deste trabalho ocorreu a partir da vivência do autor deste trabalho, no

exercício de suas atividades na Coordenadoria de Manutenção da Companhia Brasileira de

Trens Urbanos – Superintendência de Belo Horizonte (CBTU – METROBH), reconhecendo a

importância do desenvolvimento constante dos sistemas de freio dos veículos de transporte de

carga e passageiros sobre trilhos, em função do grande aumento das velocidades e dos pesos

transportados e, nesse contexto, ao verificar as dificuldades das empresas ferroviárias e

metroferroviárias no Brasil para testarem de forma segura, prática e econômica as sapatas de

freio adquiridas.

Foi possível levar o trabalho a termo graças às facilidades para a realização de ensaios

tribológicos existente no LEMS – Laboratório de Engenharia e Modificações de Superfícies,

do Setor de Tecnologia Metalúrgica do CETEC-MG, hoje integrante do Núcleo de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Materiais Solares, uma parceria entre o

CETEC e a CEMIG.

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2. OBJETIVOS

2.1. Gerais

Desenvolvimento e divulgação de tecnologias de materiais de aplicação ferroviária e

metroferroviária.

Adquirir conhecimento sobre o desgaste de rodas e sapatas de freio e as técnicas de

mensurá-los.

Estudar o desempenho, a durabilidade e a degradação de rodas e sapatas de freio

metroferroviárias, visando aumentar a vida útil das mesmas;

Levantar dados sobre desempenho de sapatas de freio em companhias operadoras

metroferroviárias.

Identificar ações e indicar procedimentos técnicos que contribuam para a segurança,

economia e aperfeiçoamento do segmento de transporte ferroviário e metroferroviário

de cargas e passageiros.

2.2. Específicos

Investigar a correlação entre desgastes verificados nas sapatas de freio de resina

fenólica de três fabricantes, em ensaios tribológicos de “Pino sobre Disco” e em

Testes de Rodagem no Campo.

Verificar se os ensaios de “Pino sobre Disco”, podem ser opção prática e econômica

para inspeção de lotes de sapatas de freio, definindo-se uma relação entre os resultados

de desempenho obtidos nos testes de campo e os resultados obtidos nos ensaios de

“Pino sobre Disco”.

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Sapata de Freio

3.1.1. Introdução

O freio é o sistema que permite reduzir a velocidade de um veículo, e assim participa de seu

controle. O tipo de freio mais comum é o freio de fricção que opera absorvendo a energia

cinética através de fricção. A sapata de freio é o componente estático do sistema de freio que

entra diretamente em contato com a roda, com a finalidade de controlar a velocidade do trem

em movimento, ou de conduzi-lo a uma parada, ou ainda, de mantê-lo estacionário caso já

esteja parado. Durante o contato deslizante entre sapata e roda, as energias, cinética e

potencial, do trem são consumidas e dessa forma, sua velocidade é reduzida. Este processo

gera uma considerável quantidade de calor.

O desempenho de uma sapata de freio pode ser avaliado pela sua capacidade de desacelerar

um veículo ferroviário em movimento de maneira segura e pela sua influência sobre a roda.

No passado, as sapatas de freio ferroviárias eram feitas de ferro fundido, aço doce, latão,

bronze, madeira, tecidos de amiantos, fibras têxteis ou couro. Mais recentemente, porém,

como resultado do aumento da velocidade e da severidade de operação dos trens de carga e de

passageiros, alguns metais sinterizados ou compósitos contendo materiais inorgânicos e

metálicos, têm sido usados.

No Brasil, as sapatas de composição não metálica surgiram por volta de 1954, quando foram

introduzidas na Estrada de Ferro Santos a Jundiaí, pelo Comendador Francisco de Assis

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Soares, sendo que nessa época a matéria-prima básica das sapatas era a borracha [3]

. Embora

este tipo de sapata apresentasse durabilidade superior à de ferro fundido, ocorriam alguns

inconvenientes associados a ele, como:

Travamento de rodas ainda frias, provocando escoamento e calosidades na pista de

rolamento das rodas;

Redução do coeficiente de atrito entre rodas e sapatas, com aquecimento das

superfícies em contato;

Desgaste das rodas, provocando sulcos profundos;

Redução da vida útil do rodeiro;

Seu alto custo de produção final.

Em função de tais inconvenientes, houve a necessidade de se desenvolver novas composições

de sapatas. Atualmente, o material das sapatas de freio na sua quase totalidade, é do tipo

polimérico inorgânico, de composição fenólica, uniforme em todo o seu volume e conforme

formulação e processo de cada fabricante, mas com as restrições de não poder conter amianto

em nenhuma de suas classes, nem chumbo em estado metálico ou combinado.

Como principais requisitos, esse material de atrito não pode, durante o uso, desprender

partículas ou gases que possam afetar a saúde ou que provoquem desconforto ao ser humano;

não pode produzir vibração ou ruído elevado, por ocasião da frenagem [4]

.

O calor gerado resultará em um aumento na temperatura das superfícies em atrito, que

dependerá, além da energia dissipada, da capacidade térmica dos componentes do freio e da

velocidade de dissipação do calor por condução, convecção e radiação [5]

.

Algumas características importantes para esse tipo de material de fricção são:

RECUPERAÇÃO: Todo material de atrito, quando submetido a trabalho em temperaturas

elevadas, até 350ºC, por exemplo, apresenta redução no seu coeficiente de atrito. Esta perda

de atrito, entretanto, deve manter-se dentro de limites toleráveis, de modo que o conjunto

mantenha uma boa eficiência. Resfriando o mesmo até a temperatura ambiente, e fazendo

medições do coeficiente de atrito, os valores obtidos devem ser similares àqueles que eram

obtidos antes da elevação da temperatura. A este fenômeno chamamos de recuperação.

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RESISTÊNCIA MECÂNICA: Os materiais de atrito devem possuir resistência mecânica

suficiente para suportar os esforços inerentes à aplicação da frenagem.

Entre os esforços mecânicos, salientamos a compressão (ação contra as superfícies de atrito) e

o cisalhamento (resultado das forças tangenciais, em virtude dos movimentos de rotação).

ESTABILIDADE DIMENSIONAL: Todo material de fricção aquecido e a seguir resfriado

deve manter sua forma e dimensões aproximadamente inalteradas.

DURABILIDADE: A vida útil do material de atrito é um fator muito importante, e depende

da qualidade e do tipo selecionado para uma aplicação. O fator principal que governa a

durabilidade dos materiais de atrito é a temperatura. Os materiais de fricção são aglutinados

por resinas orgânicas, impondo limitações à sua temperatura de utilização, e caso os freios

sejam operados constantemente em temperaturas elevadas, o desgaste desses materiais é

acelerado. A durabilidade também é afetada pela geometria do freio, material da roda e

acabamento da superfície das pistas de rolamento [6]

.

3.1.2. Principais características da Sapata de Freio

As principais características de uma boa sapata de freio são:

Coeficiente de atrito adequado sob as várias condições de trabalho, tais como

velocidade, temperatura e umidade;

Durabilidade;

Baixa taxa de desgaste;

Não causar agressão excessiva às rodas;

Não produzir ruídos excessivos;

Não gerar odores ofensivos;

Não conter compostos nocivos à saúde.

Obviamente, o coeficiente de atrito é o fator mais importante num material de fricção e é

determinado pelos coeficientes de atrito de cada um dos seus componentes. O seu valor deve

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manter-se praticamente constante, numa determinada faixa de temperatura como mostrado na

Figura 3.4.

Deve-se salientar que qualidade para o material de fricção não é necessariamente alto

coeficiente de atrito, pois muitas vezes uma frenagem excessiva representa tanto perigo,

quanto não ter freio. A estabilidade do atrito é um fator primordial, e é função da temperatura,

da velocidade, da pressão e de outros fatores externos [8]

.

A variável operacional que pode exercer maior influência sobre o desempenho de uma sapata,

em relação à sua capacidade de frenagem e também em relação à sua vida útil, é a

temperatura. À medida que esteja operando com uma temperatura média mais alta, existe a

tendência de que o desempenho da Sapata, tanto no que se refere à capacidade de frenagem

como a durabilidade, sejam mais baixas [3]

.

A sapata de freio ideal seria aquela que, junto com a roda, possuísse um coeficiente de atrito

que não variasse durante uma frenagem e que também possuísse uma grande capacidade de

dissipação de calor, absorvendo parte significativa da energia cinética do veículo, tudo isso

com a mais baixa taxa de desgaste. Esses fatores somados aumentariam a segurança e a vida

Figura 3.4–Variação Típica do Coeficiente de Fricção/Atrito,

em função da Temperatura [7]

.

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11

útil das rodas, pela não fragilização da superfície de rolamento, de onde se origina a grande

maioria das falhas de rodas ferroviárias, causadoras ou não de acidentes.

O material de atrito para sapata de freio de boa qualidade deve ser também um isolante

térmico que proteja as partes mais profundas, sobre as quais está montado, das altas

temperaturas geradas durante os acionamentos do freio. O desgaste dos materiais de atrito é

necessário, para que se possa assegurar a renovação da superfície de atrito; caso contrário,

chegaríamos a extremos como o espelhamento dessa mesma superfície. Por outro lado, se a

renovação vier a ser muito rápida, teremos sua durabilidade (vida útil da sapata de freio)

excessivamente reduzida [12]

.

A Tabela 3.1 mostra valores característicos de 04 (quatro) tipos de sapatas de freio : alto e

baixo coeficiente de atrito (μ) para freio de veículos ferroviários, ale, de sapatas de ferro

fundido e sapata de freio especial. As várias características dos compósitos para sapatas de

freio informadas foram obtidas experimentalmente em laboratório [9]

.

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12

A estabilidade do coeficiente de atrito de uma sapata de freio é uma importante e necessária

característica para o desempenho do freio. O valor do coeficiente de atrito (μ), pode mudar

grandemente em aplicações ao ar livre, particularmente durante período chuvoso, quando

diminui como resultado da existência de água entre a sapata de freio e a roda [10]

.

É então essencial que a diferença no valor do coeficiente de atrito (μ) entre as condições de

operação em ambientes molhados e secos, seja minimizada.

Os materiais de fricção para sapatas de freio, basicamente são formados por três grupos de

matérias-primas:

Características gerais de diversos materiais de frenagem

Características das

Sapatas →

Sapata de Freio

em resina com

alto (μ)

Sapata de Freio

em resina com

baixo (μ)

Sapata de Freio

em ferro

fundido

Sapata de Freio

especial

Coeficiente de Atrito

(μ) 0,25 – 0,37 0,10 – 0,25 0,10 – 0,25 0,07 – 0,15

VOLUME DE DESGASTE

EM RELAÇÃO AO FERRO

FUNDIDO

0,2 – 0,3 0,2 – 0,3 1 0,2

Condutividade térmica

kW/(m²k) 1,2 – 2,9 x 10

-1 1,6 – 3,3 x 10

-1 46 – 62 x 10

-1 0,8 – 1,6 x 10

-1

RESISTÊNCIA À

COMPRESSÃO (N/MM²) 70 – 150 70 – 200 150 – 400 100 – 250

Dureza SHORE (HS) 35 – 60 35 – 60 40 – 60 40 – 70

Tabela 3.1 – Características de diversas sapatas de freio [9]

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COMPOSTO ATRITANTE: O mais eficiente é o amianto, devido a sua grande resistência

altas temperaturas, à corrosão e a ataques ácidos. O tipo mais usado é o crisotila, devido a sua

abundância na natureza.

Atualmente, utilizam-se fibras alternativas, não amianto, que se adaptam às exigentes

condições de frenagem dos veículos atuais, tendo em vista a proibição da utilização do

amianto, em grande parte dessas aplicações.

RESINA: É o material aglutinante. Normalmente, são usadas resinas fenólicas puras ou

modificadas devido a sua boa estabilidade e resistência a temperaturas elevadas.

CARGA: A sua finalidade pode ser como antioxidante, dissipador de calor, agente

modificador de atrito, lubrificante e outras mais. Também são usadas cargas com a finalidade

única de baratear um material de fricção, como, por exemplo, a barita e o caulim [7]

.

Uma formulação típica empregada atualmente em Sapatas de Freio de resina fenólica, não

amianto, é composta de:

Minerais: 0,5 a 33,5% (calcita, caulim, barita, pirita, grafite, dentre outros); têm

função de dissipador de calor, lubrificante, etc.;

Resinas (carga): 15,0 a 20,0% (resina fenólica); tem a função de massa e assim

melhorar a compactação;

Fibras Naturais e sintéticas: 2,0 a 8,0% (celulose, fibra de vidro, fibra cerâmica, dentre

outros); que fornecem resistência mecânica;

Metais: 1,5 a 6,0% (cavaco de latão e cobre, pó de aço, dentre outros); que têm a

função de dissipar o calor e de reduzir o atrito, a fim de contrabalançar a ação do

abrasivo, para evitar que o material se torne excessivamente agressivo;

Óxidos (abrasivos): 0,5 a 6,0% (de cálcio, de alumínio, dentre outros); que constituem

o material abrasivo;

Borrachas: 1,0 a 6,0% (SBR – Borracha Estireno - Butadiênica, pó de pneu); que

servem como aglomerantes ou materiais de liga entre os componentes;

Aceleradores modificadores para borracha: 0,01 a 2,0% (MBTS – Dissulfeto de

Benzotiazila, enxofre, dentre outros);

Corantes: Melhoram a estética do material;

Catalisadores: Consolidam a resina;

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Outros componentes: Propriedade industrial sigilosa que a bibliografia omite.

3.1.3. Resinas Fenólicas

As resinas fenólicas são as mais antigas e as mais utilizadas entre as resinas termorrígidas,

tendo sido desenvolvidas por L.H. Baekeland, em 1909 [11]

. Elas são polímeros termorrígidos,

que com o calor e pressão do processo de moldagem, formam uma estrutura de excelente

estabilidade dimensional e térmica e elevada capacidade de suportar carga a temperaturas

elevadas. As resinas fenólicas têm sido especificadas para moldagens de peças de precisão

(pequenas tolerâncias dimensionais) que têm que funcionar em ambientes hostis. Resinas

fenólicas são produtos da reação de condensação de fenol e formaldeído, como mostrado na

Figura 5. A água é o subproduto desta reação [11]

.

O polímero fenólico não reforçado é um material muito frágil, de pequena significação nas

aplicações de engenharia. Porém, uma gama extensa de propriedades pode ser obtida porque a

resina é compatível com uma variedade de reforçadores e enchimentos/espessantes.

Usualmente, uma combinação de reforçadores e enchimentos/espessantes compõe

aproximadamente 45 a 65% do volume do material específico e das propriedades necessárias

ao processo de moldagem de peças. Lubrificantes, corantes e outros modificadores são

também utilizados.

Fenol Formaldeído

Figura 3.5 - Estrutura Química dos Fenólicos [11]

.

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15

As resinas fenólicas têm um custo de produção muito baixo em comparação com as resinas

termoplásticas ou com os metais e até mesmo com outras resinas termorrígidas. Entre as

propriedades e características importantes das resinas fenólicas, pode-se destacar:

Moldabilidade: As resinas fenólicas permitem facilidade de processamento e

desempenho vantajosos. Podem ser moldadas em formas complicadas e já nas

dimensões finais, por injeção, compressão, ou processo de transferência com pequeno

ou nenhum acabamento subseqüente;

Estabilidade dimensional: As resinas fenólicas retêm estabilidade dimensional por um

período indefinido de tempo sob condições atmosféricas normais;

Resistência à Fluência: Têm um alto nível de resistência à deformação sob carga,

especialmente a temperaturas acima de 200°C;

Estabilidade térmica: As resinas fenólicas podem resistir a 150°C continuamente.

Alguns tipos podem resistir a 260°C por períodos curtos e a 230°C por períodos

maiores de tempo;

Dureza: As ligações cruzadas nas resinas fenólicas fazem com que elas resultem em

polímeros que estão entre os mais duros disponíveis;

Resistência à Compressão: Alta resistência a cargas de compressão é outro benefício

disponível com uso das resinas fenólicas [11]

.

3.1.4. Tipos e Aplicações das Sapatas de Freio

3.1.4.1.Classificação Quanto à Composição

Sapatas Metálicas

Fabricadas inteiramente em ferro fundido, apresentam baixo coeficiente de atrito.

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Sapatas de Composição

São as sapatas amplamente utilizadas atualmente, sendo assim chamadas por apresentarem

uma matriz polimérica (borrachas e resinas) com cargas inertes, modificadores de atrito e

fibras em sua composição. Este tipo de sapata permite oferecer diferentes coeficientes de

atrito, em função de sua aplicação.

A Figura 3.6 mostra uma sapata de composição e apresenta seus componentes, que são

descritos a seguir:

Patim: reforço metálico da sapata não metálica, sobre o qual é assentada a massa;

Caixilho: parte da sapata não metálica fixada ao patim, no qual atua a chaveta de

fixação da sapata na contra-sapata;

Material ou massa de atrito (Composição): parte da sapata não metálica que atua sobre

a superfície de rolamento da roda;

Trava: parte saliente do patim que serve como batente para encaixe na contra-sapata;

3.1.4.2.Classificação quanto ao Coeficiente de Atrito – μ

Alto Coeficiente de Atrito

São sapatas de composição com coeficiente de atrito superior a 0,30, sendo largamente

utilizadas em trens de carga.

Médio Coeficiente de Atrito

Figura 3.6 - Sapata de Freio de Composição [3]

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São sapatas de composição que possuem coeficiente de atrito entre 0,21 e 0,30, sendo

utilizadas em trens para transporte de passageiros.

Baixo Coeficiente de Atrito

São sapatas metálicas ou de composição com coeficiente de atrito menor que 0,20, sendo

utilizadas principalmente em locomotivas e vagões de carga [3].

3.1.4.3.Classificação quanto à Geometria

Sapata Paralela

São sapatas que apresentam sua superfície paralela, e, portanto não reproduzem a conicidade

apresentada no perfil da roda. A aplicação deste tipo de sapata é possível, pois existe um

ângulo de compensação nas extremidades do triângulo de freio onde está fixada a contra-

sapata, permitindo assim uma acomodação perfeita entre as superfícies da sapata e da roda.

Normalmente este tipo de geometria é aplicado em trens de carga.

Sapata Cônica

São sapatas que apresentam sua superfície cônica, conforme mostrado na Figura 3.7, e

portanto, reproduzem a conicidade apresentada no perfil da roda.

Este tipo de sapata é montado em sistemas com bloco de freio. Normalmente esta geometria é

aplicada em trens para transporte de passageiros.

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3.1.5. Desenvolvimento de uma Sapata de Freio

Para que se possa definir as especificações de projeto para o desenvolvimento de uma sapata

de freio, é necessário conhecer no maior nível de detalhamento possível, as condições de

operação em que ela irá trabalhar e qual o desempenho desejado naquelas condições.

Basicamente, é necessário conhecer:

A força real disponível em cada sapata, para as condições de frenagem de serviço e de

emergência;

A condição de utilização de freio dinâmico, ou freio motor;

O número de sapatas por vagão de carga ou carro de passageiro;

O número de vagões ou carros, em uma composição;

O peso de cada vagão ou carro, vazio e com carga;

A porcentagem estimada de vagões ou carros com freios inoperantes (se for uma

provável realidade);

Figura 3.7 - Sapatas de Freio de Composição, cônica.

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A inclinação da rampa máxima da via de rolamento;

O tipo de operação, se de longa distância ou metropolitano;

As velocidades máxima e normal;

A distância do centro da roda ao pivô da sapata de freio;

O dimensionamento da roda.

Um dos fatores que mais pode afetar o desempenho de uma sapata de freio é a temperatura a

que ela está submetida durante sua utilização. Como esta é uma informação dificilmente

disponível, faz-se uma inferência desta temperatura através das informações relativas às

velocidades de operação e freqüência de frenagem. Estas informações, também são

fundamentais para definir os intervalos de velocidade e de temperatura, dentro dos quais o

produto em desenvolvimento deve ser testado. De posse destas informações, é possível iniciar

o trabalho de desenvolvimento propriamente dito.

O processo de desenvolvimento de materiais de atrito, apesar de fundamental para o

desenvolvimento de sapatas de freio, é ainda considerado, por muitos, mais uma arte do que

ciência. Tradicionalmente utiliza-se a metodologia de tentativa e erro.

Métodos mais modernos utilizam técnicas de análise estatística de experimentos, que

permitem o estabelecimento de uma base tecnológica mais sólida e reduzem, em geral, o

tempo de obtenção de um novo produto, aumentando o nível de conhecimento tecnológico de

quem o utiliza [3]

.

3.1.6. Fabricação da Sapata de Freio

Como as sapatas de freio são feitas de compósitos de fricção moldados, nos quais as fibras e

outros materiais de reforço são misturados diretamente com os modificadores de atrito e os

ligantes; as misturas são geralmente obtidas por um dos seguintes processos: [3]

.

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20

Mistura Úmida

Utiliza um misturador adequado para materiais sintéticos. Geralmente a borracha utilizada

neste processo é macerada com solvente, antes de ir para o misturador. Esta massa se mistura

facilmente com as fibras e os demais componentes, à medida que eles são adicionados.

A mistura é então moída e prensada para formar as sapatas de freio. O ligante principal deste

tipo de mistura é uma resina fenólica;

Mistura Seca

Os componentes secos são misturados por processo de agitação ou tombamento. A mistura

resultante possui um volume aparente elevado e necessita um molde profundo para conter a

quantidade necessária à formação da Sapata ou deve passar por um processo de pré-

formagem. O ligante utilizado é em geral uma resina fenólica em pó.

O processo de mistura por via úmida fornece maior flexibilidade na escolha do sistema de

ligantes para o material de atrito e, em geral, oferece mais possibilidades de adaptar o material

de atrito às condições desejadas.

A mistura pode ser moldada por dois processos:

Moldagem a Frio: a mistura é prensada à temperatura ambiente e depois é curada em

estufa, com as peças colocadas em dispositivos que as mantém sob pressão;

Moldagem a Quente: após prensagem a quente, para poder fundir a resina e formar a

Sapata, esta sofre uma pós-cura em estufa, para completar o tratamento térmico dos

ligantes. Condições de temperatura e pressão devem ser definidas em função do tipo

de mistura e do sistema de ligantes escolhido.

Em ambos os casos, a mistura é prensada diretamente sobre o patim metálico. O patim passa,

previamente, por um processo de limpeza composto de desengraxe e jateamento, antes da

aplicação do adesivo, que promove a fixação do material de atrito sobre a superfície metálica

do patim. A cura do adesivo ocorre ao longo da cura da sapata.

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21

Após a estufa, a sapata é pintada em cores que possibilitam a identificação e facilitam sua

correta aplicação, geralmente conforme indicação do usuário. É carimbada ou tipada, para

identificação do lote, visando garantir a rastreabilidade do produto [3]

.

3.1.7. Testes e Ensaios

Os testes e ensaios a que são normalmente submetidos as sapatas ou sapatilhas de freio

metroferroviário, podem ser divididos em dois grupos: os testes para homologação de uma

sapata ou sapatilha para uma dada aplicação, e os testes para o controle de qualidade pelo

fabricante e/ou controle de recebimento pelo usuário.

Testes para Homologação

Como cada ferrovia possui suas características peculiares, a homologação das sapatas e

sapatilhas deve necessariamente ser também efetuada através de Teste de Rodagem no

Campo.

Teste de Desaceleração ou Distância de Parada

Serve para avaliar a performance das sapatas com relação ao seu coeficiente de atrito (μ). O

teste de desaceleração é realizado nos trens urbanos e metrôs e o da distância de parada, nos

trens de carga. Os valores-alvo de distância de parada e desaceleração variam em função do

tipo de veículo ferroviário onde está sendo aplicado o freio.

Teste de Durabilidade

Outra característica também avaliada na sapata é a durabilidade. A durabilidade de uma

sapata está diretamente ligada às condições de aplicação do freio (timonerias e triângulos de

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freio alinhados, etc.) e ao trajeto percorrido pela composição (planos, serras, curvas, etc.); e,

por isso, deve ser avaliada nas condições reais de trabalho. Sapatas de mesma composição

ferroviária podem ter valores de durabilidade diferentes, o que depende das condições em que

foram aplicadas.

A durabilidade deve, necessariamente, ser avaliada nas condições reais de trabalho. Por ser

dependente de vários fatores que são peculiares a cada aplicação, tais como temperatura

máxima e média de trabalho, nível e tipo de contaminação das rodas e sapatas, estado das

rodas, estado de manutenção do sistema de freios e outros, dificultando efetuar-se analogia de

uma aplicação para outra, ou de dados laboratoriais para uma aplicação real.

De outro lado, em função do intenso intercâmbio de vagões de uma composição para outra

(no caso de trens de carga), é extremamente dificultoso o acompanhamento necessário das

sapatas, para medição de sua vida média.

Assim, somente é possível realizar uma medição adequada da vida útil de uma sapata através

de seu consumo médio, durante um período de tempo determinado; naquelas situações

especiais em que se disponha de uma composição unitária, sem intercâmbio de vagões, onde

pode ser efetuado o acompanhamento da vida das sapatas de forma mais precisa [3]

.

3.1.8. Controle de Qualidade

Para o controle de qualidade do produto acabado, normalmente são executados testes físicos,

químicos e mecânicos, tais como: densidade, absorção de água, absorção de óleo, extração em

acetona e teor de cinzas, resistência à compressão, resistência à flexão, resistência ao impacto,

dureza Gogan, Teste para Determinação de Desprendimento por Fricção (FAST - Friction

Assessment Screening Test), e o Ensaio em Dinamômetro. Todos esses ensaios são

normalizados pela ABNT.

Como os testes de homologação são impossíveis de serem realizados com uma freqüência

elevada, os testes citados são normalmente realizados na fase de homologação de um novo

produto. Em conjunto com os resultados dos primeiros lotes de fornecimento, os resultados da

fase de homologação devem ser utilizados para a elaboração de uma especificação para a

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Sapata, que será utilizada no decorrer do fornecimento, para verificação da conformidade dos

diferentes lotes de fabricação em relação à homologação. Ambos, usuário e fabricante devem

utilizar a mesma especificação.

A avaliação de recebimento de um lote de Sapatas de Freio se constitui, principalmente, de

uma inspeção para se verificar:

Certificado de conformidade do lote;

Estado geral das sapatas (não danificadas pelo transporte);

Dimensões básicas das sapatas;

Identificação do fabricante e número de rastreabilidade;

Cor.

Os testes de controle são importantes para verificação da homogeneidade da fabricação. Para

isso, deve-se considerar como especificação, as faixas de resultados, cujos valores foram

avaliados durante os testes, na fase de desenvolvimento do produto.

3.2. Bancadas de Teste

As bancadas de testes mais comuns são: Máquina "FAST" (norma ABNT NBR-7813),

Máquina “Krauss” (norma ABNT MB-13l8) e Máquina “Chase” (norma SAE - J661A).

Nestas bancadas basicamente mede-se a variação do coeficiente de atrito em função da

temperatura, mantendo-se a velocidade constante e variando-se a pressão de contato ou torque

[12].

A Máquina F.A.S.T. - Friction Assessment Screening Test (Teste para Determinação de

Desprendimento por Fricção), foi desenvolvida pela Ford Motor Company, como uma

Ferramenta de Qualidade Assegurada, objetivando verificar a manutenção das características

de fricção ao longo do tempo. Tinha também o objetivo de avaliar variações na formulação do

material de fricção durante o trabalho de desenvolvimento, além de monitorar matérias

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24

primas, comparar a lubricidade de grafites, efeitos de diferentes abrasivos, etc. Não foi

desenhada para medir como será a performance no veículo [12]

.

A Máquina Krauss de teste de fricção, resultado de um desenvolvimento conjunto de Teves e

Krauss na década de 1960, com objetivo de obter um teste total do freio, que fosse mais

econômico e fácil de executar do que o ensaio completo em Dinamômetro de Inércia.

Destina-se em especial, a estabelecer as características de fricção e desgaste dos materiais de

fricção utilizados em pastilhas de freio a disco, de automóveis. Opera à velocidade constante,

torque constante ou pressão constante durante todo o teste. Permite ainda escolha da

velocidade e medição de temperatura através de termo-elemento de fricção ou inserido [12]

.

A Máquina Chase de teste de fricção foi desenvolvida para determinação dos níveis de

fricção. Entretanto, ela não permite predizer com precisão qual será a performance do material

de fricção, no freio.

O corpo de prova utilizado possui dimensões e 1”x 1” (25,4 x 25,4mm), não podendo

substituir efetivamente o teste completo em escala normal. É previsto para ser aplicado em

uma amostragem de cinco leituras [13]

.

Os testes realizados nas bancadas dos tipos "Fast”, “Chase” ou “Krauss”, são também de

utilidade para comparar diferentes lotes de produção de uma mesma sapata, sendo que os

valores obtidos não podem ser interpretados como o valor real do coeficiente de atrito do

produto, nem para comparar diferentes tipos de sapatas, no sentido de analisar o desempenho

de uma contra a outra.

A grande dificuldade prática dessas bancadas é a quase total indisponibilidade das mesmas,

pois as grandes montadoras de automóveis e alguns fabricantes de componentes de atrito é

que, em geral, as possuem, sendo quase impossível testar ou contratar testes para inspeção de

recebimento de lotes de sapatas de freio.

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25

3.3. Máquina de Ensaio de Desgaste tipo “PINO SOBRE DISCO”

É um equipamento, mostrado esquematicamente na Figura 3.8, destinado à realização do

ensaio tribológico de desgaste e atrito do tipo Pino sobre Disco, segundo a norma ASTM G

99 – 95a [14]

. Esta norma descreve o procedimento para a determinação do desgaste de

materiais durante o escorregamento (deslizamento), ao nível de laboratório.

Os materiais são ensaiados aos pares sob condições nominalmente abrasivas ou não. Através

deste equipamento é possível efetuar a análise de uma grande gama de materiais, tanto

metálicos como cerâmicos, poliméricos ou compósitos.

Para estes materiais é possível determinar a influência dos diversos parâmetros, nas taxas de

desgaste para várias combinações de materiais, entre pino e disco, ou ainda, realizar análises

para determinação do lubrificante mais adequado a uma determinada situação de atrito e

mesmo medir o coeficiente de atrito e sua variação com o tempo de ensaio.

Figura 3.8 - Esquema do Ensaio Pino sobre Disco

Parâmetros variáveis nos materiais em análise

Qualidade do material ensaiado;

Dureza da superfície;

Influência de tratamentos térmicos e termoquímicos;

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Condições de acabamento da superfície, rugosidade;

Concentração de material cerâmico em compósitos de matriz metálica e polimérica.

Parâmetros variáveis do processo e do meio envolvente:

Velocidade de deslizamento;

Temperatura;

Distância percorrida no desgaste;

Carga normal aplicada e pressão de contato;

Aplicação de lubrificante;

Controle da umidade e da atmosfera do ensaio.

Neste trabalho o ensaio de “Pino sobre Disco” estará sendo empregado em uma de suas

aplicações típicas que é para estudo de mecanismos de desgaste que atuam no atrito roda

ferroviária – sapata de freio de resina fenólica não-amianto, e levantamento de gráficos de

desgaste.

A opção pelo ensaio tribológico de Pino sobre Disco, deve-se não só à sua comprovada

validade tecnológica para esse tipo de avaliação, mas especialmente pelo fato da máquina que

realiza esse ensaio ser encontrada em grande número de laboratórios tecnológicos, instituições

de ensino e de pesquisa, relacionados com ensaios tribológicos em todo o Brasil.

3.4. Ensaio em Dinamômetro

Sem dúvida o mais completo teste de laboratório para avaliar uma sapata de composição é o

Ensaio Dinamômetro. Neste tipo de equipamento podemos variar a pressão, temperatura,

torque e velocidade, podendo-se aproximar das condições em que as sapatas serão submetidas

no campo [15]

.

Os valores de coeficiente de atrito e distância de parada e desgaste, obtidos no Ensaio

Dinamométrico, são os que mais se aproximam da realidade, porém tais testes são realizados

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27

em condições ideais de laboratório, não considerando, portanto, variáveis como condições da

Via de Rolamento, sistema de freio, manutenção [16]

.

Quando obtemos resultado de que uma sapata de freio apresenta maior coeficiente de atrito

que outra sapata, podemos na realidade esperar com grande chance de certeza que, de fato, no

teste de veículo, a sapata irá apresentar distâncias de paradas menores, porém nem sempre a

menor distância de parada e a que se desejaria. O importante é que o produto em

desenvolvimento apresente resultados de distância de parada dentro dos limites especificados

pelas ferrovias.

O Dinamômetro de Inércia é um equipamento que exige um investimento relativamente alto

(cerca de US$ 1milhão). Durante a realização dos ensaios são monitorados continuamente,

parâmetros para registro da velocidade da roda, força normal na sapata, força de atrito entre

roda e sapata, tempo de parada, distância de parada e temperatura da superfície de rolamento

da roda [17]

.

O coeficiente de atrito instantâneo da sapata é calculado através da divisão da força de atrito

pela força normal na sapata. A taxa de desaceleração é calculada com base nos dados obtidos

de tempo e distância de parada [16]

.

A simulação de carga é feita por meio de volantes de inércia, para frenagem de parada; por

meio do motor de acionamento, para frenagem contínua (descida longa); e misto {volantes +

motor} para simulação de parada ou redução de velocidade em rampas.

Servem para comparar materiais sob condições ideais e padronizadas, sendo importantes no

desenvolvimento de um novo produto quando se necessitam respostas em maior quantidade e

mais rápidas do que testes realizados no campo.

Estes testes também podem ser utilizados para eventuais verificações de homogeneidade de

lotes de fabricação como nos testes descritos anteriormente, sempre em comparação com os

resultados iniciais. Custo e tempo de execução são fatores limitantes de uma utilização mais

freqüente deste tipo de teste. É importante ressaltar que os testes em dinamômetro não

reproduzem as condições reais existentes em cada ferrovia e, portanto, não devem ser

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utilizados em substituição aos Testes de Rodagem no Campo, para homologação de uma

sapata de freio [18]

.

3.5. Roda Metro – Ferroviária

3.5.1. Introdução

As rodas metroferroviárias são classificadas segundo sua utilização, material empregado,

tratamento térmico e propriedades mecânicas; sendo fabricadas por forjamento ou fundição, e

normalmente com desenho e nomenclatura mostrada na Figura 3.9.

Figura 3.9 – Terminologia das partes da Roda Metroferroviária.

(Padrão RFFSA –SPE/DM-13-19-00)

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No Brasil as rodas metroferroviárias são fabricadas em Aço ABNT 1045 a 1080, seguindo as

especificações da norma AAR – Association of American Railroads (AAR-M 107 - U.S.A –

Tabela 3.2), ou as especificações da norma UIC – International Union of Railways (UIC 812-

3 - Comunidade Européia – Tabela 3.3).

Tabela 3.2 – Rodas Metroferroviárias - Classificação AAR

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30

Tabela 3.3 – Roda Ferroviária - Classificação UIC.

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31

As rodas são normalmente tratadas termicamente no aro, consistindo de austenitização,

têmpera e revenimento. Nas Figuras 3.10.a e 3.10.b, são mostrados os perfis de dureza

obtidos. Após fabricação, as rodas são normalmente tratadas termicamente no aro, consistindo

de austenitização, normalmente submetidas a um processo de jateamento de granalha de aço

(Shot-Peening) e balanceamento, se especificados.

Figura 3.10.a -Distribuição de dureza (HB) no aro da roda Classe “B” [17]

.

Figura 3.10.b - Distribuição de dureza (HB) no aro da roda Classe “C” [17]

.

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32

A roda ferroviária recebe solicitações não apenas de natureza mecânica, mas também de

natureza térmica. Ao contrário dos veículos rodoviários onde a roda suporta apenas a carga e

o sistema de freio é separado, a roda ferroviária quando é também utilizada na frenagem por

atrito, tem que suportar a carga e ao mesmo tempo servir de tambor de freio, absorvendo

elevadas cargas térmicas durante a frenagem.

A fratura nas rodas ferroviárias continua sendo um grande problema em todo o mundo, e

aumentou significativamente em ocorrência, após a introdução da sapata fabricada com resina

de composição fenólica.

Este fato deve-se não somente ao aumento da eficiência do freio, pois a sapata de ferro

fundido cinzento possui um coeficiente de atrito ( ) inicial de 0,12 a 0,15 (variando até 0,60

durante a frenagem); enquanto a sapata de resina fenólica possui um coeficiente de atrito ( )

inicial de 0,26 a 0,35 (variando de 0,20 a 0,40 durante a frenagem). Ou seja, com as sapatas

de resina fenólica, mais do que dobrou o coeficiente de atrito inicial.

Também é comprovado experimentalmente, que a introdução da sapata fenólica prejudicou

sensivelmente a dissipação do calor gerado durante a frenagem, uma vez que no caso da

Sapata de ferro fundido aproximadamente 40% do calor dissipa-se pela Sapata e os 60%

restantes pela Roda [19]

.

No caso da sapata de composição fenólica, devido as suas propriedades isolantes, quase 90%

do calor é dissipado pela própria Roda, aumentando sua temperatura em maior intensidade.

A Condutividade Térmica das sapatas de freio de resina fenólica é da ordem de 3 a 8 x 10-3

Cal/cm2.°C.s ; enquanto a Condutividade Térmica das sapatas de ferro fundido cinzento é da

ordem de 1,1 a 1,5 x 10-1

Cal/cm2.°C.s , ou seja, uma ordem de grandeza maior

[9].

A aderência entre a roda e o trilho regula o gradiente de esforço de tração ou de frenagem que

pode ser transmitido através da interface roda-trilho. Na tração, ela determina o peso do trem

possível de ser tracionado, e, na frenagem, estabelece a distância de parada segura.

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A tensão mais prejudicial às rodas ferroviárias provém do superaquecimento, como

conseqüência das desacelerações rápidas ou prolongadas nos declives, e bem menos pelas

cargas mecânicas, de natureza estática e dinâmica [17]

.

A partir destas considerações, pode-se perceber que o fenômeno de fadiga térmica e o

surgimento de tensões residuais possuem importância relevante.

A fratura na roda ferroviária ocorre pela fadiga térmica, em conseqüência de ciclos repetitivos

de solicitações, caracterizados pelas tensões térmicas no estado de superaquecimento da roda,

e após resfriamento, pelas tensões residuais de sinal oposto [20]

.

3.5.2. Fadiga em Rodas Ferroviárias

O processo de fadiga começa com a nucleação da trinca por deformação plástica localizada,

geralmente na superfície do aro da roda. O crescimento da trinca acontece no plano radial

perpendicular à direção da tensão circunferencial de tração, sob a influência de tensões

alternadas térmicas e residuais.

A fratura frágil ocorre quando a trinca atinge seu tamanho crítico e torna-se instável.

As tensões residuais, como conseqüência das deformações plásticas, desempenham um papel

muito importante nos três estágios do processo de fadiga, influenciando decididamente o

início da trinca, a sua propagação e a fratura final [21]

.

3.5.2.1.Fadiga Térmica

Entre os tipos mais conhecidos de fadigas, destacam-se a fadiga mecânica e fadiga térmica

São três fatores necessários para criar condições e gerar fadiga térmica:

Ciclo térmico repetitivo;

Restrição física na livre expansão ou contração do corpo;

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34

Deformação plástica localizada [22]

.

Exemplificando os três fatores num sistema simples de uma barra de aço em balanço,

mostrados nas Figuras 3.11. O ciclo térmico representa o aquecimento/resfriamento

alternativo da extremidade livre da barra, representada na Figura 3.11-a.

Neste caso a temperatura não deve ultrapassar o limite de transformação da estrutura,

permitindo a livre dilatação térmica e, no estado de resfriamento, a livre contração da barra. O

ciclo térmico desta natureza não causa por si a fadiga do material.

A restrição física, ou seja, o impedimento da livre expansão da barra através de uma parede, é

esquematizado na Figura 3.11-b. Esta restrição não terá efeito prejudicial quando as tensões

térmicas, como conseqüência dessa restrição, permanecem no regime elástico do material. Se

com o aumento de temperatura as tensões térmicas ultrapassam o limite de escoamento e o

material é sujeito a deformação plástica localizada (Figura 3.11-c), surgem no material como

conseqüência disso, após o resfriamento, tensões "congeladas" chamadas tensões residuais.

Figuras 3.11 - Representação esquemática dos três fatores que geram fadiga térmica:

a) ciclo térmico, b) restrição física, c) deformação plástica localizada [22]

.

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35

3.5.2.2. Tensões Residuais

Na sua definição mais antiga, as tensões residuais são chamadas tensões que permanecem

num corpo elástico após a remoção de todas as forças externas.

Como conseqüência do ciclo alternativo de aquecimento / resfriamento as tensões residuais

resultantes da deformação plástica aumentam significativamente o campo de tensões que

levam ao início da trinca nas rodas ferroviárias.

Igualmente, a determinação quantitativa dessas tensões é indispensável para uma definição

criteriosa do crescimento da trinca até o seu tamanho crítico, ou seja, a fratura frágil. Numa

roda fraturada radialmente nota-se, através da grande desproporção entre a área de fadiga, a

elevada participação das tensões residuais no processo de fratura final da roda. A roda

ferroviária funciona neste caso simplesmente como um acumulador de tensões residuais [22]

.

3.5.2.3.Origem das Tensões Residuais nas Rodas

Quanto à origem, podemos dizer que as tensões residuais podem surgir a partir dos (das):

Processos de manufatura das rodas;

Prensagens das rodas no eixo;

Cargas estáticas acrescidas das componentes dinâmicas em serviço;

Cargas térmicas de frenagem.

3.5.2.3.1. Processos de Manufatura das Rodas

Numa roda nova (sem uso) a magnitude e a distribuição das tensões residuais não é

desprezível.

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36

O processo de forjamento ou a fundição, mais particularmente os tratamentos térmicos

deixam tensões residuais em algumas regiões da roda, apesar de todo o aprimoramento desses

processos.

Num exemplo clássico conhecido, foram determinadas pelo método extensométrico, tensões

residuais em torno de 10kgf/mm2, ilustrado na Figura 3.12. Para fins comparativos, essas

tensões correspondiam no caso citado à metade das máximas tensões causadas pelas cargas

mecânicas e a 1/3 das tensões oriundas das cargas térmicas [23]

.

A usinagem inicial de algumas superfícies da roda e, particularmente a usinagem do aro da

roda na passagem de uma vida (uma usinagem durante a utilização) para a outra, deixam

como conseqüência algumas tensões residuais nas superfícies usinadas.

Figura 3.12-Linhas de Tensão, obtidas por foto-elasticidade

para contorno Roda - Trilho [17]

.

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37

Durante o processo de usinagem a camada superficial do material está sujeita à deformação

plástica, ou seja, o material ultrapassa o limite de escoamento em conseqüência do

cisalhamento na formação do cavaco.

A magnitude das tensões residuais e a profundidade da zona afetada dependem em maior ou

menor grau da velocidade de corte, do avanço, da forma e do estado geral da ferramenta.

Neste contexto, o processo de jateamento de granalha de aço (Shot – Peening) é normalmente

executado para induzir tensões de compressão nas regiões de concordância da roda, para

prevenir fadiga por tensões superficiais, produzidas pelo processo de fabricação.

3.5.2.3.2. Prensagens das Rodas no Eixo

É fato conhecido que a união prensada de uma engrenagem com um eixo afeta a resistência à

fadiga dos dentes. No caso da roda ferroviária seria importante conhecer a profundidade da

penetração radial das tensões devido à prensagem, considerando-se os limites da tolerância de

interferência. Em geral, pode-se dizer que a união se realiza no regime elasto-plástico.

Deste modo, uma camada relativamente estreita do cubo em torno do eixo (zona de contato) é

submetida a tensões acima do escoamento; além desta zona, o cubo da roda e provavelmente

uma grande parte do disco da roda, encontra-se no regime elástico das tensões. Estas tensões

de natureza residual participam efetivamente no processo de fratura da roda [24]

.

Para as frenagens prolongadas, o sobre aquecimento e a conseqüente dilatação radial do cubo

pode prejudicar seriamente a união de interferência cubo da roda - eixo e, em casos extremos,

causar o deslizamento da roda no eixo. Neste caso é necessária uma revisão das

especificações da interferência utilizada.

O Manual de roda e eixo da AAR – Associação Ferroviária Americana – Décima Terceira

Edição – Julho/1981 (Wheel and Axle Manual of the AAR – Association of Americam

Railroads – Thirteenth Edition – July/1981); recomenda uma interferência de 0,001 polegadas

de interferência (2,54 x10-2

mm), por polegada (25,4mm) do diâmetro da roda.

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3.5.2.3.3. Cargas Estáticas e Dinâmicas

A carga estática proveniente do peso sobre a roda, que é expressa como força de contato roda

– trilho, é uma carga cíclica repetitiva, para cada revolução da roda.

Para uma roda dentro da especificação, esta carga variável devido aos efeitos esforços laterais

e dinâmicos, provoca tensões bem abaixo do limite de escoamento do material, não gerando,

portanto, tensões residuais [25, 26]

.

As tensões resultantes dessas cargas podem ser suficientemente elevadas, a ponto de

influenciar a propagação de trincas já existentes e prejudicar, em particular, a resistência à

fadiga devido ao grande número de vezes que elas atuam em ciclos durante a vida da roda.

Por exemplo, a roda de 36” (914,4mm de diâmetro), é sujeita a 350 ciclos de carga por km

percorrido.

3.5.2.3.4. Cargas Térmicas de Frenagem

As mais severas tensões nas rodas ferroviárias são causadas pelo aquecimento não uniforme,

resultante da aplicação de frenagens bruscas e freqüentes (muito freqüentes em sistemas

metroferroviários) ou prolongadas de desaceleração em declives (muito freqüentes em

composições ferroviárias de carga).

Este aquecimento diferencial causa uma expansão e uma torção no aro da roda em relação ao

disco, o qual por sua vez, tenta impedir essa dilatação assimétrica do aro. Como

conseqüência, surgem tensões radiais no disco e tensões circunferenciais no aro [14]

.

Dependendo da forma geométrica do disco da roda e da magnitude da carga térmica, essas

tensões ultrapassam em algumas regiões da roda, o limite de escoamento do material. As

regiões deformadas plasticamente aumentam proporcionalmente com a potência térmica, e

assumem no aro proporções particularmente elevadas no caso da roda gasta [27]

.

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39

O escoamento nas regiões indicadas desenvolve altas tensões residuais nessas áreas, quando,

após a interrupção do processo de frenagem, as rodas assumem a temperatura do ambiente.

Neste caso o disco restringe também a contração do aro superaquecido e plasticamente

deformado. Portanto, as tensões residuais desenvolvidas na roda, são causadas pela interação

disco-aro.

Resumindo o exposto anteriormente, o ciclo repetitivo de solicitações: aquecimento (dilatação

restringida) tensões térmicas - resfriamento (contração restringida) tensões residuais;

atua em regiões críticas da roda ferroviária e promove o início e o crescimento da trinca à

fadiga, nos lugares mais susceptíveis.

A presença de entalhes, inclusões e microfissuras, associadas a elevadas tensões residuais

aumentam drasticamente a tendência de início de trincas. As tensões residuais, como

conseqüência das deformações plásticas desempenham um papel muito importante nos

estágios do processo de fadiga, influenciando o início da trinca, a sua propagação e a fratura

final [28]

.

3.5.2.4. Redução das Tensões Residuais

3.5.2.4.1. Configuração da Roda

As tensões residuais no aro da roda nova são inicialmente de compressão e mudam depois

para tensões de tração, sob a ação de prolongadas cargas térmicas. A magnitude dessas

tensões depende significativamente da configuração geométrica do disco da roda, ou seja, da

rigidez do disco que impede a livre deformação do aro.

Um disco de menor rigidez reduz comprovadamente as tensões residuais de tração no aro. Nas

mesmas condições de frenagem uma configuração do disco mais elástica em forma de “S", do

tipo mostrado na Figura 3.13, permite a redução das tensões residuais circunferenciais no arco

de 28kgf/mm2 para 12kgf/mm

2 [14, 29]

.

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40

Tendo-se em vista esse fato, nos projetos mais recentes de rodas ferroviárias tenta-se reduzir a

rigidez do disco a um nível mínimo tolerável pela sua resistência mecânica [38]

.

3.5.2.4.2. Limite de Escoamento do Material da Roda

O escoamento é uma propriedade de um material que indica o início da plasticidade ou da

deformação permanente. O limite de escoamento é a referência adotada no projeto para

exprimir a resistência mecânica do material, pois as tensões operacionais são geralmente

baseadas no valor numérico do limite de escoamento.

Como já foi citado no caso da roda ferroviária sujeita a elevadas cargas térmicas, as

conseqüentes deformações nas regiões do disco e do aro, o tamanho e a localização dessas

regiões escoadas depende de um lado da carga térmica induzida à roda, e de outro da forma

do disco e do limite de escoamento do material empregado. Desta forma, quanto maior for o

limite de escoamento, menores serão as regiões escoadas [22]

.

Figura 3.13 – Disco de Roda com Perfil em forma de “S” [17]

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41

3.5.3. Deslizamento Roda – Trilho

O deslizamento roda - trilho é um complicado processo tribológico. Os fatores de maior

influência na transformação do material da roda durante o deslizamento são pela ordem as

“características do material”, principalmente porque as transformações cinéticas são

grandemente dependentes da composição química, tamanho de grão e estrutura metalográfica.

Em segundo lugar está a “carga sobre o eixo”. Quanto maior a carga maior o calor gerado, a

deformação e a taxa de desgaste [30]

. Conforme a Figura 3.14, são muitas as forças atuantes.

A velocidade do veículo ferroviário é o terceiro fator, influenciando também na quantidade de

calor gerado, na taxa de desgaste e na distribuição da temperatura [31]

.

Em quarto lugar estão os fatores climáticos, contaminações e outros fatores que afetam o

coeficiente de atrito.

Figura 3.14- Contato Roda – Trilho, tensões atuantes [17]

.

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42

A combinação de todos esses efeitos mencionados determina se vai ou não ocorrer o

deslizamento, e influencia na geração de calor.

O quinto e último fator mais importante, é o “tempo de deslizamento da roda”, bem como a

velocidade de resfriamento quando a roda retorna a girar. O tempo de deslizamento e a

velocidade de resfriamento da roda determinam a formação ou não de estrutura martensítica

na superfície que deslizou sobre o trilho.

3.5.4. Mudanças na estrutura da Roda

A Zona de Transição entre a camada de martensita e o material de base adjacente, terá uma

espessura que dependerá da carga sobre o eixo e do tempo de frenagem; como é ilustrado na

Figura 3.15.

Em testes recentes, foi verificado que curtos espaços de tempo de deslizamento criam Zonas

de Transição com espessura de 20% ou menos, da espessura de martensita; e para tempos

mais longos, acima de meio minuto, a Zona de Transição possui espessura entre 40 a 80% da

espessura de martensita. Esta diferença reflete um menor crescimento do gradiente de

temperatura após um mais longo tempo de deslizamento [32]

.

A Zona de Transição, ilustrada na Figura 3.16, essencialmente consiste de remanescentes de

um volume de material parcialmente austenitizado, tendo a temperatura atingido a chamada

Zona Crítica, conduzindo para a esferoidização dos carbonetos, associado com algum

amolecimento localizado.

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43

Figura 3.16 – Zona Termicamente Afetada – ZTA [32]

.

Figura 3.15 – Achatamento da Roda no deslizamento sobre o Trilho

e Zona Termicamente Afetada –ZTA [32]

.

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44

3.5.5. Falhas Térmicas em Rodas Metroferroviárias

As principais falhas térmicas encontradas em rodas ferroviárias, cuja causa principal é o

contato roda - sapata, são:

Cavitação (“Spalling”)

É um dano térmico caracterizado pelo descolamento localizado de material da superfície de

rolamento, isto leva à formação de cavidades características.

A presença de martensita é uma grande evidência da falha térmica Cavitação (“Spalling"),

assim como a presença de marcas causadas por deslizamento é uma provável evidência de

martensita; essas marcas são, algumas vezes, caracterizadas por saliências na bandagem [33]

.

Escamação (“Thermal Shelling”)

Define-se como uma falha, perda de material causada por solicitações mecânicas (“Shelling"),

facilitada grandemente pela presença de cargas térmicas. Trincas oxidadas que surgem nas

vizinhanças da região danificada; normalmente ocorrem em temperaturas acima de 500ºC.

Geralmente se encontra este tipo de falha em conjunto com cavitação ("Spalling"); no entanto,

se não houver constatação de martensita ou sinais de deslizamento, sabe-se que a roda foi

apenas sujeita a escamação ("Thermal Shelling") [34]

.

Entre a temperatura ambiente e 500ºC, o limite de resistência à tração dos aços mencionados

para a fabricação de Rodas, se reduz praticamente à metade, e o limite de escoamento diminui

por volta de 30%. Quando se somam a esta diminuição de resistência mecânica da roda,

cargas mecânicas, verifica-se a ocorrência de Escamação ("Thermal Shelling") [17, 24]

.

Trinca Térmica (“Thermal Crack”)

Do ponto de vista metalúrgico pode-se dizer que, na presença de certos fatores, o

superaquecimento devido à frenagem causa descontinuidades na superfície da roda.Estas

descontinuidades se apresentam sob a forma de trincas térmicas.

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45

As trincas surgem devido à ruptura em uma camada externa frágil, principalmente na

superfície de rolamento, em regiões que atingiram altas temperaturas, causando transformação

estrutural do aço (formando principalmente martensita).

Esta teoria se baseia na presença de martensita nas vizinhanças das descontinuidades, sendo

que a profundidade inicial não excedia 0,02mm. Este mecanismo de iniciação de trincas, até

0,1mm de profundidade, se baseia na teoria de formação de martensita. Desta forma relaciona

a suscetibilidade às trincas térmicas com a temperatura de inicio de transformação da

martensita [32]

.

Quanto maior a porcentagem de carbono e de elementos de liga, menor será essa temperatura,

e maior a suscetibilidade a trincas térmicas. O surgimento das trincas é uma conseqüência das

tensões criadas devido à presença da martensita [35]

.

A trinca térmica não é, por si só, um problema grave. É comum a constatação nas empresas

metroferroviárias e de transporte de carga, de que aproximadamente 60 a 70% das Rodas

apresentam trincas térmicas. O problema se agrava é com a sua propagação, quando pode

atingir dimensões críticas.

O que se verifica na prática, na maioria dos casos, é que as fissuras são eliminadas através do

desgaste de rolamento e da própria frenagem. Se, no entanto, esse desgaste não é suficiente

para eliminar a fissura, esta pode se propagar como uma trinca de fadiga até sair da região

onde as tensões são permanentemente de compressão.

Esta zona é uma camada externa, medindo de 3 a 4mm de profundidade, onde há solicitação

de tração e compressão, podendo favorecer a propagação da trinca. Entretanto, esta

propagação é freqüentemente interrompida em uma camada interna de tensões residuais

compressivas [36]

.

Em situações extremas, quando as tensões compressivas desaparecem totalmente no aro da

roda devido ao superaquecimento, a trinca se propaga até provocar a fratura radial da roda.

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46

3.6. Tração e Frenagem

3.6.1. Introdução

Os principais tópicos relacionados à tração e à frenagem de um sistema ferroviário são, os

seguintes [37]

:

Aderência;

Potência e força de tração ou esforço trator;

Resistência ao movimento;

Quantidade tracionada de carga ou de passageiros;

Consumo de combustível;

Capacidade de aceleração e frenagem;

Via férrea;

Material rodante.

A seguir, são feitas considerações acerca de alguns dos tópicos mencionados, com maiores

relações, seja com a questão da tração, seja com a da frenagem [37]

.

3.6.2. Aderência

3.6.2.1. Introdução

O fator físico fundamental que determina e limita a capacidade de tração, frenagem e

aceleração de um veículo é a aderência. Aderência é o atrito que existe entre as duas

superfícies em contato, que assegura o deslocamento do veículo por se opor à patinagem da

roda. No caso dos veículos ferroviários, entre a roda ferroviária e o trilho.

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Esse fenômeno pode ser explicado pelo fato de que ambas as superfícies em contato

possuírem um certo grau de rugosidade, e se entrelaçam durante o contato. As forças de

atração intermolecular também contribuem sensivelmente para que este “agarramento" ocorra.

Quando uma força tangencial é aplicada à roda, as deformações elásticas permitem uma

ligeira rotação à roda, mesmo que não haja desligamento entre as duas superfícies, havendo,

porém uma pequena variação entre o deslocamento linear do cubo da roda e o percurso real

efetuado por um ponto situado na periferia do seu aro: o pseudodesligamento.

Esse pseudodesligamento persiste até o limite elástico do material da roda, quando então

ocorre o desligamento puro da roda sobre o trilho. Saliente-se que sem essas deformações

nenhuma força seria transmitida.

Pode-se observar que:

Para uma roda de 914mm (36") de diâmetro e carga de 10.000kgf, a área de contato

em virtude das deformações, é de apenas 150mm2, sendo que somente uma fração

disso é responsável pela aderência;

As deformações causam os seguintes esforços:

NA RODA:

Na frente da superfície de contato - compressão;

Atrás da superfície de contato - tração.

NO TRILHO:

Na frente da superfície de contato - tração;

Atrás da superfície de contato - compressão.

Na prática, a força de tração possível de ser transmitida começa crescendo ligeiramente, e

depois decresce rapidamente na medida em que a velocidade de deslizamento aumenta.

Com os sistemas modernos de detecção e correção de patinação tem sido conseguido níveis

de aderência bastante elevados: cerca de 26% onde antes se atingia média de apenas 20%.

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Isto pode causar um pequeno aumento do desgaste das rodas e dos trilhos, mas o acréscimo na

tração é muito mais vantajoso do que este desgaste.

Por outro lado, deve-se levar em consideração o fato de que as rodas do primeiro rodeiro do

veículo, além de guiarem as outras, também limpam os trilhos, melhorando assim as

condições de aderência das rodas posteriores do trem; favorecendo a tração de locomotivas

comandadas ou de motrizes acopladas a uma composição ferroviária.

Como observação interessante, uma locomotiva ou um carro motor moderno, com motores de

tração de corrente alternada, pode manter um nível de aderência de até 36%, mesmo em

condições meteorológicas adversas.

3.6.2.2. Fatores que afetam a Aderência

Os níveis de aderência podem sofrer influências de muitos fatores, como por exemplo:

Rodas desbalanceadas são um item muito importante, principalmente nas altas

velocidades;

Rodas excêntricas, empenadas, ou montadas fora do centro do rodeiro;

Rodas de um mesmo rodeiro com diâmetros diferentes;

Condições das superfícies dos trilhos e da via permanente, junções, fixações etc.;

Efeitos de transferência de peso e de massas girantes;

Ligações elétricas dos motores de tração em série, série - paralelo ou todos em

paralelo, sendo esta última condição que resulta em melhor aproveitamento da

aderência;

Sistemas de detecção e correção de patinação;

Habilidade do maquinista.

Saliente-se que o efeito de transferência de peso, é também conhecido como efeito de

cabragem. Em tração, por exemplo, quando uma locomotiva ou carro motriz de peso bem

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49

distribuído está estacionado, todos os seus eixos estão recebendo a mesma quantidade de

carga.

Todavia, quando o veículo motriz está puxando uma composição, o centro de gravidade do

veículo tende a se deslocar para trás, e em conseqüência o eixo líder de cada truque tende a

empinar, transferindo parte de sua carga para os outros eixos do truque.

3.6.2.3. Efeitos da Perda de Aderência

Em um veículo ferroviário, a aderência tanto poderá ser afetada durante a tração (patinação),

como na frenagem (deslizamento).

Assim, na tração são passíveis de ocorrer os seguintes defeitos:

Redução, ou até mesmo, perda da força de tração;

Choques internos na composição;

Problemas nos motores elétricos e geradores;

Desgastes anormais nas rodas e nos trilhos;

Sobre-aquecimento súbito das rodas, com conseqüências graves.

Já na frenagem pode existir deslizamento, aumentando as distâncias de parada e causando

covas (ou calos) nas superfícies de rolamento das rodas e sobre-aquecimento; sendo que este

último pode ser responsável pelo aparecimento de defeitos térmicos (e mecânicos) nas rodas e

nos trilhos.

As covas (calos) nas rodas são causadoras de diversos problemas, tais como:

Defeitos nos comutadores dos motores de tração;

Trepidações, aumentando os “movimentos parasitas” e, por conseguinte, diminuindo o

nível de aderência;

Defeitos na estrutura do veículo e nos rolamentos das mangas dos eixos;

Necessidade de imobilização do veículo para torneamento das rodas;

Aumento da resistência ao rolamento do trem.

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50

3.6.2.4. Níveis de Aderência adotados para Tração

Na partida adotam-se níveis de aderência de 25% a 35%, enquanto que com o trem em

marcha os valores variam de 20% a 26%.

Observe-se, ainda, que os coeficientes de aderência maiores correspondem a veículos

equipados com eficientes sistemas de detecção e correção de patinação. Por outro lado,

veículos equipados com motores de tração a corrente alternada, podem obter níveis de

aderência superiores a 45% na partida e cerca, de 36% em marcha.

3.6.3. Resistência ao Movimento

3.6.3.1.Introdução

O termo resistência ao movimento, ou resistência do trem; pode ser definido como uma força

que está constantemente retardando o trem. Esta força é uma resultante do somatório de várias

forças que se opõem à movimentação do trem; entre as quais, as seguintes:

Atrito nas mangas dos eixos dos rodeiros;

Atrito pelo contato roda/trilho, e pelos frisos das rodas;

Resistência do ar;

Peso do veículo;

Características da Via Permanente (ou de Rolamento);

Movimentos parasitas dos veículos;

Resistência causada por ventos, principalmente ventos laterais;

E quaisquer outras perdas aplicáveis durante o tráfego.

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51

3.6.3.2.Resistência na Partida

A resistência na partida, mesmo em um trecho plano, em tangente, pode ser bastante elevada,

principalmente se o trem tiver permanecido parado durante um tempo longo.

Os valores adotados variam de ferrovia para ferrovia. Na realidade, vários fatores exercem

influência nessa resistência, entre os quais: trem esticado ou trem encolhido (folgas entre

carros já esticadas ou não), consistência da graxa dos rolamentos das mangas dos eixos, tipos

dos mancais (de rolamentos ou de escorregamento), suspensão do veículo, condições

atmosféricas, etc.

3.6.3.3.Resistência de Rampa

O que é denominado rampa ferroviária, é a quantidade de metros que os trilhos se elevam em

uma extensão de 100 metros. A resistência de uma rampa de 1% (elevação de 1m em 100m de

extensão) é 10kgf/tf, ou seja, rampa é a quantidade de metros em que a Via se eleva (rampa

ascendente), ou baixa (rampa descendente), indicada em porcentagem.

Se em um trecho de via ferroviária de 100m de extensão os trilhos subirem (ou descerem) 1m,

ter-se-á uma rampa de 1%. Por causa da ação da gravidade, cada 1% de rampa ascendente

representa uma resistência ao movimento de 10kgf/tf. Assim, um trem pesando 24.540tf,

trafegando em uma rampa ascendente de 0,4%, sofre uma resistência de: [24.540 (t) x 0,4 (%)

x 10 (kgf/tf)] = 98.160kgf; e, em cada 1% de rampa descendente, o trem sofre uma aceleração

de 10kgf/tf.

Nos cálculos de frenagem em rampa descendente, deve ser examinado o perfil do trecho

quanto à existência de curvas e os seus raios, pois, em frenagem, enquanto a gravidade está

acelerando, as curvas estão desacelerando o trem.

A resistência/aceleração nas rampas independe da velocidade.

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52

3.6.3.4.Resistência das Curvas

No Sistema Métrico as curvas são designadas em “graus 20”, ou pelo raio de curvatura dos

trilhos, em metros. Um grau 20 é equivalente a um raio de 1.146m. Na América do Norte

(norma AAR), 1° (um grau) equivale a uma curva de 5.729 pés de raio (1.746m); e a

resistência de 1° é 0,8lbf/tf (0,363kgf/tf), para uma bitola de 1.435mm.

No Brasil, algumas ferrovias simplesmente converteram este valor de resistência para poder

ser aplicado ao grau 20, nas duas bitolas de nossas ferrovias (1.000mm e 1.600mm). Isto

resulta em uma resistência de 0,6kgf/tf para 1°.

3.6.3.5.Rampa Compensada

No passado, quando ocorria uma curva em uma rampa, para que o valor da resistência total

fosse um só (rampa mais curva), calculavam-se os valores das duas resistências

separadamente. Assim, um trecho em uma rampa não compensada ascendente, com

inclinação de 1%, teria uma resistência de rampa de 10kgf/tf.

Considera-se que 1° (um grau) de curvatura, oferece a mesma resistência que uma rampa

0,6%. Isso é denominado rampa equivalente de uma curva.

Como nem sempre todo o trem está dentro da curva, tem-se que estabelecer um valor médio

para um trecho com várias curvas.

3.6.4. Frenagem

Se a ferrovia veio acelerar a revolução industrial, a invenção de um sistema de freio veio

acelerar o desenvolvimento da ferrovia, pois antes de sua existência, os trens trafegavam a

velocidades baixíssimas. Para ilustrar esse fato, é bom lembrar que durante os primeiros anos

da ferrovia na Inglaterra, um decreto real exigia que uma pessoa montada a cavalo andasse na

frente do trem, com uma bandeira e uma corneta, para prevenir acidentes [37]

.

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53

Em um caminhão pesado tem-se o freio de atrito, que pode ser suplementado pelo

denominado freio motor. Na ferrovia, pode-se ter:

Freio de atrito independente, nas locomotivas;

Freio de atrito automático, nas locomotivas, vagões de carga e carros de passageiros;

Freio elétrico dinâmico, reostático e regenerativo, em veículos com motores de tração;

Freios controlados por computador em locomotivas e Trens-Unidade-Elètrica (TUE) e

de subúrbio;

Freio hidrodinâmico, nas locomotivas diesel - hidráulicas;

Freio a corrente de Foucault (corrente parasita), em casos específicos;

Freio magnético de trilhos, também em casos específicos.

Nota-se a vantagem da ferrovia sobre a rodovia, pois no caso do freio regenerativo ou

recuperativo a energia é recuperada; os motores de tração são convertidos em geradores e

realimentam a rede elétrica.

Os freios a ar de uma locomotiva, VLT (Veículo Leve sobre Trilho), trem de subúrbio ou

metrô; podem ser controlados pneumaticamente ou através de micro-processadores, com

aplicação através de sistema eletro-pneumático.

Nos vagões de carga antigos, existe apenas o sistema de freio pneumático, mas já existem

novos sistemas elétricos, eletro-pneumáticos e hidro-eletro-pneumáticos em desenvolvimento.

Convém salientar que:

O equipamento de freio de uma locomotiva e de um carro motriz, além do seu próprio

freio, comanda também o sistema de frenagem de toda a composição;

Normalmente, no caso de locomotivas, os freios dos vagões é que param o trem.

Nos Trens-Unidade de subúrbio e metrô, o sistema de frenagem pneumático, eletro-

pneumático ou eletrônico dos seus carros, é atuado a partir da cabine de condução, sendo dali

enviados sinais pneumáticos ou elétricos às válvulas de controle de freio, as quais então

liberam ar para os cilindros de freio dos carros da composição, como mostrado

esquematicamente na Figura 3.17.

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54

A partir do esquema da Figura 3.18, pode-se notar que tanto os valores de Fs – força nas

sapatas, e Fr – força de frenagem, como os valores do peso por roda, e Fa – força de atrito

máxima para que não ocorra deslizamento, estão diretamente relacionados.

Em todos os casos, o fator que os relaciona é o coeficiente de atrito entre as superfícies onde

estão aplicados.

No primeiro caso, o coeficiente de atrito entre a sapata e a roda, multiplicado pelo valor de Fs ,

dá o valor de Fr ; e no segundo, o coeficiente de atrito entre a roda e a superfície do trilho

multiplicado pelo peso a que está submetida cada roda do veículo ferroviário, dá o valor de Fa

– máximo [17]

.

Figura 3.17 - Esquema típico de Freio Pneumático e Eletro – Pneumático

de Veículos Ferroviários [37]

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55

3.6.4.1. Força de Frenagem (Ff )

A força gerada pela pressão dos cilindros de freio é transmitida às sapatas de freio através de

um sistema de alavancas e tirantes, chamado de timoneria de freio (Figura 3.18). Esse

conjugado de alavancas produz uma relação de força que, multiplicada pelo rendimento da

timoneria (η) e pela força transmitida pelos cilindros de freio, resulta na força de frenagem ou

força das sapatas de freio (ou pastilhas, em caso de freio a disco) [37]

.

Chama-se força de frenagem à força que comprime as sapatas de freio contra as rodas (força

normal entre sapata-roda) ou contra os discos de freio. A força de frenagem é teoricamente

igual à força produzida pelo cilindro de freio multiplicado pela relação da timoneria, pelo

cilindro do bloco do freio (ou pelas pinças dos discos de freio) [37]

.

F f = P x A x R x E x N (3.1)

Figura 3.18- Forças que agem nas Rodas durante uma frenagem [37]

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56

em que:

P : pressão no cilindro de freio (MPa);

A : área do pistão do cilindro de freio (cm2);

R : coeficiente de multiplicação da timoneria;

E : eficiência da timoneria (%);

N : número de cilindros de freio.

3.6.4.2. Taxa de Frenagem (Tf)

A taxa de frenagem é o resultado da divisão da força de frenagem pelo peso do veículo.

Exprimindo a taxa de frenagem em porcentagem chega-se a:

Tf = (Ff x 100) / Pv (3.2)

em que:

Tf : taxa de frenagem (%);

Ff : força de frenagem (kN);

Pv : peso do veículo (kN).

Devido às normas de intercâmbio de veículos entre as várias ferrovias, os vagões de carga,

devem seguir certas normas para que a força de retardamento ao longo do trem, isto é, a

frenagem do trem, seja tão uniforme quanto possível.

Para os trens metropolitanos, o cálculo da frenagem é elaborado a partir da taxa de

desaceleração adotada pela operadora, que a estipula em função do desempenho operacional

planejado e do conforto e segurança do usuário. As pressões nos cilindros de freio não são,

portanto pré-determinadas, variando em função do peso do veículo, do tipo de timoneria e do

sistema de freio adotado [37]

.

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57

3.6.4.3. Força de Desaceleração

A força de desaceleração é a que vai parar o trem, sendo igual ao produto da força de

frenagem real pelo coeficiente de atrito entre a sapata de freio ou pastilha (sapatilha) de freio

e a roda ou disco:

Fd = Ff x µ (3.3)

em que:

Fd : força de desaceleração (kN);

Ff : força de frenagem (kN);

µ : coeficiente de atrito entre sapata de freio e roda.

Normalmente a força de desaceleração aplicada em um veículo deve ser igual ou inferior ao

valor de aderência ou força adesiva, que é o peso do veículo multiplicado pelo coeficiente de

atrito entre a roda e o trilho[37]

:

Fd ≤ Pv x φ ou Ff x μ ≤ Pv x φ (3.4)

em que:

Fd : força de desaceleração (kN);

Ff : força de frenagem (kN);

Pv : peso do veículo (kN);

μ : coeficiente de atrito sapata de freio - roda

φ : coeficiente de atrito roda - Trilho.

3.6.4.4.Taxa de Desaceleração (δ)

δ = (Tf x μ x g) / 100 (3.5)

em que:

δ : taxa de desaceleração(%);

Tf : taxa de frenagem (%);

μ : coeficiente de atrito da sapata com a roda

g : aceleração da gravidade (m/s2).

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58

Observa-se que a força de aderência tem que ser maior ou igual à força de desaceleração, caso

contrário, as rodas do trem deslizarão.

3.6.5. Efeito das Massas Girantes

Um fator que afeta sensivelmente o nível de aderência dos veículos ferroviário é o efeito

causado pela transferência de peso dos equipamentos dos Vagões, Carros de Passageiros e

Locomotivas.

Esse efeito é também conhecido como efeito de cabragem. Em alguns tipos de veículos as

forças geradas por esse efeito, devem ser rigorosamente determinadas antes de serem feitos os

cálculos de frenagem, para se saber o exato nível de aderência que se poderá contar nas

acelerações e desacelerações.

Vários são os fatores que influem no cálculo do efeito de cabragem, entre os quais:

Taxa de desaceleração;

Distância entre centros dos truques, que é a estrutura metálica que suporta a caixa do

vagão e contém as rodas;

Altura do centro de gravidade acima do pino central (pião), que prende a caixa no

truque;

Peso total do carro (vazio e carregado);

Forças de reação horizontais nos aparelhos de choque e tração, que fazem a ligação

entre os carros;

Tipo de suspensão;

Peso dos truques, motores de tração, engrenagens, eixos e rodas.

Mesmo as condições atmosféricas e dos trilhos, são capazes de influenciar esses fatores.

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59

Na prática ferroviária norte-americana, o efeito de cabragem para fins de cálculo da frenagem

só é considerado em trens de subúrbio e metrôs. Isso porque os níveis de aceleração e

desaceleração nesses veículos são bastante elevados.

O efeito de cabragem também não é considerado ao se calcular os freios de uma locomotiva.

Como se sabe, é prática comum aliviar-se o freio da locomotiva mantendo-se os freios do

trem aplicados, durante as operações normais de frenagem. Deste modo, os freios das

locomotivas só são usados nas manobras (freio independente) ou nas paradas de emergência.

3.6.6. Freio Dinâmico

O freio dinâmico tem inúmeras vantagens:

Dá maior segurança à operação, mantendo os freios carregados e prontos para serem

utilizados quando necessário;

Diminui a carga térmica nas rodas dos vagões; economiza ar comprimido e, por isso, a

potência para acionar os compressores;

Representa uma grande economia em sapatas de freio, em rodas das composições.

Para aplicar o freio dinâmico, a ação do maquinista estabelece condições de variar o campo

independente do gerador principal. O gerador principal passa a excitar os campos dos motores

de tração, todos estes campos ligados em série.

A movimentação da alavanca de controle do freio dinâmico irá variar a corrente de excitação

dos motores de tração e isto é observado no amperímetro de carga. Quanto maior for a

corrente de excitação, maior será o campo magnético gerado pela passagem dessa corrente.

Como os motores estão sendo girados pelo contato roda/trilho, aparece uma força eletro-

motriz induzida nas armaduras destes motores. A armadura de cada motor está ligada às

resistências de dissipação. Isto faz aparecer uma corrente de armadura que dá origem a um

campo magnético (campo transversal), cuja polaridade fica defasada dos pólos indutores.

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60

A rotação da armadura faz com que os pólos induzidos e indutores de mesmo nome se

aproximem. Isto provoca o aparecimento de uma força de repulsão magnética que, transferida

ao eixo da armadura, é chamada de força de frenagem elétrica ou força do freio dinâmico.

A energia elétrica gerada nas armaduras dos motores de tração, agora transformados em

geradores por causa deste fenômeno, será dissipada pelas grades de resistência do freio

dinâmico. Na maioria das locomotivas estas grades são esfriadas por um soprador alimentado

pela corrente gerada pelo freio dinâmico; e nos Trens Unidades Elétricas (TUE’s) são

colocadas no teto ou sob – estrado para resfriamento pelo ar atmosférico durante o

deslocamento [37]

.

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61

4. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS

Investigou-se o sistema roda ferroviária – sapata de freio de composição, usadas pela CBTU-

METROBH nos trens de passageiros do sistema metroviário de Belo Horizonte.

4.1. Materiais

As rodas são monoblocos em aço, forjada e laminada, conforme norma AAR-M-107-80 Classe

“B” – MW – A – 38 e/ou ABNT A-965 – E – S; com diâmetro de 965 mm (38”), tipo múltiplo

uso, e contorno da superfície de rolamento conforme AAR – G4, desenho SGE/DM – 13 –16 –

00 e/ou ABNT CN – 24 PB – 422.

As sapata de freio têm composição não metálica, de médio coeficiente de atrito (0,27), sem

asbesto, para carros de passageiros, conforme ABNT - Projeto 06:200.01-001, Setembro/2001

e desenho CBTU nºGE-r023-0XX-001.

4.2. Equipamentos

Uma Balança Pesadora marca FILIZOLA, capacidade máxima de 15kg com precisão de 20g;

foi utilizada para verificação do peso das sapatas de freio ao término de cada intervalo do Teste

de Rodagem no Campo. Para verificação de danos localizados, das sapatas de freio e rodas, ao

término de cada intervalo do Teste de Rodagem no Campo, utilizou-se de uma lupa.

Uma Balança Eletrônica marca SARTORIUS, modelo BP-211D, com capacidade máxima para

210g, precisão de 0,01mg e com variabilidade de mg ≤ 0,05, foi usada para a pesagem dos

pinos durante o ensaio de Pino sobre Disco.

Na Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV), empregou-se o sistema de microanálise -

Espectrômetro por Dispersão de Energia (EDS), fabricante JEOL, modelo JSM-T330A, para

micro-análise química semiquantitativa com aceleração de 25kV e tempo de aquisição de 60s,

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62

o qual não detecta os elementos de número atômico menor do que 10 (H, He, Li, Be, B, C, N,

O, F, Ne). Ensaio realizado conforme Procedimento PP/CETEF/LAB/135 e 138 – SENAI-

MG/Itaúna.

Na microscopia ótica, empregou-se um Microscópio Ótico marca PME OLYMPUS, ampliação

de 50 a 1.000X, com Polaroid, tela de vidro fosco, câmera digital, acoplado a um monitor Sony

e color - vídeo printer Sony UP-250MD.

Para a análise química, empregou-se um Espectrômetro de Emissão Ótica marca

SPECTROLAB, modelo 8485/96.

Na medição da dureza Brinell, utilizou-se um Durômetro Óptico Motorizado, fabricante

REICHERTER, modelo 3.000D.

Para medição de microdureza, empregou-se um Microdurômetro Ótico WOLPERT V, modelo

Testor 2, carga de 10 a 10.000g, ampliação de 200 e 400X.

Para medição da rugosidade superficial dos discos usinados em material da roda ferroviária

utilizou-se um Rugosímetro marca TAYLOR – HOBSON, modelo SURTRONIC 37 - Padrão

de Referência Tipo 112/1534 – Rugosidade do Padrão : Ra = 6,0μm (236μin) – Medições do

Padrão: 6,00 / 6,02 / 6,04μm.

O equipamento utilizado para realização do ensaio de desgaste e atrito, é do tipo Pino sobre

Disco, segundo a norma ASTM G 99 – 95 a – Método de Teste Padrão para Teste de Desgaste

com Aparelho de Pino sobre Disco (Standard Test Method for Wear Testing with a Pin-on-

Disk Apparatus), é de fabricação da empresa CSEM, Ref. Tribometer Pin on Disk – CH2000,

S/N-12-172. Foram utilizados, Software de Aquisição de Dados LABVIEW 5.0 e Placa de

Interface.

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63

4.3. Metodologia

Análise química quantitativa, ensaio de dureza Brinell na superfície e núcleo, Microscopia

Ótica e Eletrônica de Varredura, do único tipo de roda ferroviária em utilização na CBTU-

METROBH, foram realizados nos laboratórios do SENAI/Itaúna-MG.

Os ensaios de campo, aqui tratados como Testes Preliminares e Complementares de Rodagem

no Campo, foram usados para estabelecer o comportamento das sapatas durante a vida útil. As

rodas e sapatas utilizadas nos testes de campo eram novas e foram retiradas do estoque ou de

lotes enviados pelos fornecedores para serem testados.

Foram investigadas sapatas de freio de composição, produzidas por três diferentes

fornecedores, cada qual adotando diferente formulação do compósito. Não foram realizados

ensaios de identificação do material, tendo sido transcritos os resultados de testes, contidos no

certificados de qualidade recebidos desses fornecedores, os quais foram acatados sem

comprovação.

Em laboratório, no CETEC-MG, procurou-se através do ensaio tribológico de Pino sobre

Disco, formular ou definir uma relação com os resultados do desempenho prático, obtido pelos

Testes de Rodagem no Campo.

Os materiais dos corpos de prova para a realização dos ensaios de Pino sobre Disco foram: os

pinos, do material de sapatas novas de cada fornecedor e os discos, do material de uma única

roda após o final de sua vida útil.

A sapata de freio do fornecedor “A”, foi submetida aos Testes Preliminares e Complementares

de Rodagem no Campo, Ensaios Preliminares e Complementares de Pino sobre Disco e

Ensaios Dinamométricos, realizados para as finalidades desta pesquisa.

A sapata de freio do fornecedor “B” foi submetida aos Testes e Ensaios Preliminares de Pino

sobre Disco e de Rodagem no Campo, e devido à indisponibilidade de sapatas desse

fornecedor, esse produto não foi submetido aos testes e ensaios complementares, por ser

grande o número de sapatas necessárias.

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64

A sapata de freio do fornecedor “C” foi submetida aos ensaios e testes somente durante os

trabalhos complementares, por não estar disponível naquela ocasião.

Quanto ao Ensaio Dinamométrico, por questões econômicas, optou-se por ensaiar apenas a

sapata de freio do fornecedor “A”, que já havia sido submetida aos testes preliminares.

O objetivo da realização do Ensaio Dinamométrico foi tão somente o de confirmar que a sapata

do fornecedor “A”, atendia às especificações da Norma AAR M-926-92, usualmente utilizada

para aprovação em caso de desenvolvimento/aprovação inicial desse tipo de sapata de freio. No

capítulo de ANEXOS, estão registrados o Procedimento e os Resultados do Ensaio

Dinamométrico realizado na sapata de freio do fornecedor “A”, tendo sido avaliada como

aprovada.

No Capítulo de ANEXOS, está também registrado um Procedimento para garantir a eficácia do

ensaio tribológico de “Pino sobre Disco”, nestas aplicações propostas.

4.3.1. Ensaios e Testes Preliminares

4.3.1.1.Análises e Ensaios para Identificação do Material da Roda

Foram retiradas amostras de material de rodas ferroviárias, que haviam sido descartadas /

sucatadas pela CBTU-METROBH, devido ao término da vida útil durante o período dos testes

de campo iniciais. Também foram selecionadas rodas que apresentavam descontinuidades na

superfície de rolamento, para testes e ensaios de laboratório. A preparação / usinagem dos

Corpos de Prova foi feita nas Oficinas da própria empresa.

O objetivo da realização de Análise Química Quantitativa, Ensaio de Dureza Brinell na

superfície e núcleo, Microscopia Ótica e Eletrônica foi verificar a conformidade com as

características especificadas (previstas ou não na normalização) e proporcionar elementos para

comparação e justificação dos resultados dos demais ensaios e testes. Além disso, visou-se

avaliar e identificar os constituintes estruturais da roda e de algumas descontinuidades

superficiais, bem como inclusões verificadas no material da pista de rolamento, que vem

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65

ocorrendo nas rodas ferroviárias da CBTU-METROBH, em especial na região de contato roda

- sapata.

Para os Ensaios Metalográficos, foram retiradas amostras das seções transversais de uma roda

representativa das que foram usadas nesse trabalho, na região mostrada na Figura 4.19. Foi

provocada uma fratura em cada amostra conforme indicado na Figura 4.20. Após linchamento

e polimento, parte das amostras teve a superfície polida atacada com reagente NITAL a 3%, e

juntamente com as amostras sem ataque, foram avaliadas por Microscopia Ótica e Microscopia

Eletrônica de Varredura.

Figura 4.19–Local de retirada de amostras na Pista de Rolamento das Rodas

Figura 4.20 - Amostras retiradas das Rodas Ferroviárias

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66

4.3.1.2.Testes de Rodagem no Campo

Inicialmente, foram feitos testes preliminares no campo, em sapatas de freio de resina fenólica

(não-amianto) comercializadas por 02 (dois) fabricantes brasileiros, fornecedores A e B, as

quais foram retiradas aleatoriamente do estoque de peças novas da CBTU-METROBH

(companhia operadora do sistema metro-ferroviário da cidade de Belo Horizonte). As rodas

ferroviárias utilizadas nos testes tinham sempre o mesmo perfil inicial na superfície de

rolamento, mesmo material e processo de fabricação (conforme Norma AAR M 107–A 38 –

Classe B). Todas as rodas ferroviárias utilizadas eram novas e da mesma especificação padrão,

conforme Norma AAR M 107–A 38, Classe B. Os testes ocorreram entre Janeiro e Dezembro

de 2001.

O objetivo dos testes preliminares foi o de se obter um registro “inicial”, do comportamento

das sapatas de freio e rodas ferroviárias, em operação comercial normal na CBTU-METROBH;

sendo ao máximo fiel às condições reais de utilização.

Estes resultados preliminares dos testes no campo em Belo Horizonte foram comparados com

os resultados de Testes de Campo obtidos pela empresa operadora do sistema metro –

ferroviário da cidade de Porto Alegre – RS, a TRENSURB, os quais foram transcritos, cujos

trens têm as mesmas características que os de Belo Horizonte, descritas abaixo [30]

.

Esses testes foram realizados conforme procedimentos de execução cujos detalhes mais

relevantes são:

Sapatas de freio novas montadas nos carros de passageiros reboques (não motorizados);

Rodas ferroviárias novas;

Sem atuação de freio motor (dinâmico);

Sem ejeção de areia durante a frenagem;

Sem prévio assentamento das sapatas na roda;

As sapatas eram pesadas antes da instalação nos trens e após cada parada.

Em cada trem do sistema da cidade de Belo Horizonte existem 04 (quatro) carros de

passageiros, sendo 02 Carros Motores - (MA e MB); e 02 (dois) Carros Reboques (RA e RB).

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67

Em cada um desses carros, existem 16 (dezesseis) posições diferentes de fixação de sapatas de

freio. A Figura 4.21 apresenta um esquema das posições de fixação de sapatas de freio nos

carros reboque (R), de uma composição do trem da CBTU-METROBH.

Assim, existem 64 posições de fixação de sapatas de freio, identificadas como se segue:

De 01MA até 16MA / 01MB até 16MB / 01RA até 16RA / 01RB até 16RB.

Neste trabalho, não foi realizado estudo do desgaste das sapatas de freio que são utilizadas nos

02 (dois) carros motores (MA e MB) dos trens, pois neles existe um sistema de freio

eletrodinâmico, o qual converte o motor em gerador durante a desaceleração, dissipando a

energia cinética sob a forma de calor e desta forma agindo como um freio.

Figura 4.21 - Desenho Esquemático das posições de fixação de Sapatas

nos Carros Reboque ( RA e RB )

16RA

02 RA 1 5RA

01 RA

14RA

04RA 1 3RA

03 RA

12RA

06 RA 11RA

05RA

10RA

08 RA 09RA

07 RA

08RB

10RB 07RB

09RB

06RB

12RB 05RB

11RB

04RB

14RB 03RB

13RB

02RB

16 RB 01RB

15RB

Carro Reboque RA Carro Reboque RB

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Este é o motivo pelo qual nos carros motores, apenas após ter sido atingida a velocidade de

aproximadamente 2km/h na desaceleração, é desligado o freio eletrodinâmico e

automaticamente acionadas as sapatas de freio para frenagem até a parada do trem.

Por conseqüência, o desgaste das sapatas de freio nos carros motores, chega a ser 10 (dez)

vezes menor do que nos carros reboques, o que torna excessivamente demorado o estudo do

comportamento de sapatas de freio nos carros motores dos trens, em Testes de Rodagem no

Campo.

4.3.1.3.Ensaios de “Pino sobre Disco”

Utilizando-se de 03 (três) amostras de cada uma das sapatas de freio “A” e “B” usadas como

discos, e 06 (seis) amostras das rodas ferroviárias como pinos, foram realizados testes

tribológicos em configuração “Pino sobre Disco”, executados de acordo com a Norma ASTM

G99 – 95a, obedecendo-se as seguintes condições de teste:

As amostras foram pesadas antes do ensaio;

Carga normal de ensaio de 10N;

Velocidade do disco de 0,1m/s;

Diâmetro da trilha de 14mm;

Distância percorrida de 0 – 1.000m;

A cada 100m de ensaio os discos foram pesados, e trocados a cada 1000m.

4.3.2 Ensaios e Testes Complementares

4.3.2.1 Ensaios de “Pino sobre Disco”

Foram realizados testes de desgaste em Tribômetro “Pino sobre Disco” no LEMS, fazendo-se

os pinos do material da sapata de freio e os discos do material da roda ferroviária

(diferentemente dos testes preliminares, quando foi feito o inverso, ou seja, o disco com

amostra da sapata de freio e o pino com amostra da roda ferroviária), adotando-se parâmetros

de teste que permitissem a melhor similaridade possível com as condições práticas (ou de uso),

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das sapatas de freio no contato com a roda ferroviária. Foram testadas sapatas de freio dos

fabricantes designados por “A”, “B” e “C”.

O objetivo foi o de estabelecer o desempenho e características das sapatas no Tribômetro “Pino

sobre Disco”, para comparações entre as mesmas.

O pino (retirado da sapata de freio de composição fenólica), constituiu-se de um cilindro de

6mm de diâmetro com ponta esférica (raio 3mm) e comprimento total de 10mm; fabricado por

processos de usinagem a frio e acabamento final por torneamento fino. Para fixação do pino ao

Tribômetro, foi confeccionado um suporte em alumínio pesando 15,53264g;

O disco (retirado da roda ferroviária em Aço ABNT 1060), constituiu-se de um disco de 80mm

de diâmetro e 8mm de espessura, com encaixe para fixação pela mesa do Tribômetro,

fabricado por processos de usinagem a frio e acabamento por fresamento com ferramenta

monocortante e com avanço de corte de 25mm/min e rotação de 645rpm.

A rugosidade superficial de cada disco utilizado nos ensaios foi verificada conforme ilustrado

na Figura 4.22 e registrado na Tabela 4.4.

Figura 4.22 – Desenho esquemático da medição da rugosidade do Disco

1

2

43

D1

D2

D1

D2

D1

D2

D1

D2

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As condições e procedimentos de ensaio foram os seguintes:

Para cada disco, foram ensaiados 03 (três) pinos da mesma sapata (“A”, “B” ou “C”),

em trilhas sucessivas com diâmetros de 55mm / 60mm / 65mm;

Rotação do disco de 100rpm;

Carga normal constante sobre o pino de 10N;

A Temperatura ambiente variou de 22,4 a 25,1°C, e a Umidade Relativa do Ar variou

de 40 a 62%, durante a execução do ensaio;

Ambiente condicionado, com utilização de luva plástica e pincel para limpeza;

Distância percorrida no desgaste: Cada pino que esteve em contato com cada trilha (um

pino por trilha), percorreu a distância total de 1.800m, dividida em 06 (seis) percursos

de 300m;

A distância de 300m foi definida por corresponder ao percurso aproximado do trem

desde o início da aplicação da frenagem até a parada total, na grande maioria das

Tabela 4.4: Valor Médio da Rugosidade nos pontos da Figura 4.22

Pontos Direção Sapata "A" Sapata "B" Sapata "C"

Disco 3 (*) Disco 2 (*) Disco 1 (*)

D1 0,57 0,66 0,81

D2 0,44 0,33 0,78

D1 0,59 0,77 0,57

D2 0,46 0,53 0,45

D1 0,58 0,70 0,63

D2 0,50 0,65 0,50

D1 0,47 0,72 0,62

D2 0,49 0,69 0,56

1

2

3

4

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aplicações de freio durante a operação comercial;

Não houve aplicação de lubrificante;

Lavagem dos discos com jato de água quente, e antes da utilização, limpeza com

flanela embebida em álcool comercial. Fixação do disco no Tribômetro, do qual só é

removido após execução do ensaio nas três trilhas;

Pesagem do pino depois de fixado no suporte de alumínio, de onde não é removido até

a totalização da distância do ensaio em cada trilha;

Fixação no equipamento do suporte contendo o pino, na posição vertical, a 90° em

relação à superfície do disco, sem a utilização de anel de borracha de amortecimento;

Regulagem do diâmetro da trilha desejada;

Fechamento da tampa isolante de acrílico do equipamento, e anotação da temperatura e

umidade relativa do ar do laboratório de ensaio;

Liberação da carga normal de ensaio;

Acionamento do motor que fará girar o disco, até atingir o número de rotações, que em

função do perímetro da trilha, irá completar a distância a ser percorrida, interrompendo

a rotação automaticamente;

Durante a rotação, o Software de Aquisição de Dados faz o registro da Força de Fricção

na freqüência de 05 (cinco) aquisições de valores, por cada segundo de ensaio (foi

considerada a média da força por segundo);

Ao término de cada percurso de 300m, é retirada a carga e o suporte onde está fixado o

pino; sendo feita a limpeza do pino com pincel (Atlas nº4 – Ref. 915), e a pesagem

utilizando balança eletrônica de precisão, sendo a leitura feita 05 (cinco) segundos após

apoio no prato da balança, por três vezes consecutivas (é considerada a média do peso);

Para iniciar novo percurso, é feita a limpeza da trilha em utilização no disco com outro

pincel, retirando as partículas soltas e novamente fixado o suporte contendo o pino no

equipamento, reiniciando todo o processo descrito.

4.3.2.2 Testes de Rodagem no Campo

No período de Setembro de 2002 a Junho de 2003, foram feitos novos Testes de Rodagem no

Campo, com sapatas de freio de resina fenólica (não-amianto) comercializadas pelo Fabricante

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“A”, em 03 (três) trens novos, que estavam iniciando nessa época sua operação comercial na

CBTU-METROBH.

Sapatas de freio do Fabricante “C” foram testadas utilizando-se um trem já há algum tempo em

operação comercial, mas tendo rodas ferroviárias novas para todas as sapatas de freio em teste,

no período de Abril a Dezembro/2003.

Os trens utilizados nos testes são identificados na CBTU-METROBH como: TUE (Trem

Unidade Elétrica) + Número seqüencial de fabricação do trem. Assim, foram testados com

sapatas de freio do Fornecedor “A”, o TUE 23, o TUE 24 e o TUE 25; e com sapatas de freio

do Fornecedor “C” o TUE 10.

Todas as rodas ferroviárias utilizadas nos testes eram novas e tinham sempre o mesmo perfil

inicial na superfície de rolamento, mesmo material e processo de fabricação (conforme Norma

AAR M 107– Classe A 38).

O objetivo nesse período era o de obter-se um registro mais apurado do comportamento das

sapatas de freio e rodas ferroviárias na operação comercial normal da CBTU-METROBH,

reduzindo o quanto possível as variáveis de regulagem e condições operacionais entre os trens

utilizados nos testes. Estes resultados seriam comparados com o do desempenho das mesmas,

nos demais ensaios e testes realizados.

Cada trem circulou em média 7.000km por mês, e a pesagem das sapatas foi feita nas datas de

manutenção preventiva de cada trem, cuja periodicidade é de 35 a 45 dias corridos. O

Planejamento Operacional de Circulação de cada trem é feito de modo que todos os Trens

percorram aproximadamente a mesma quilometragem entre os períodos de manutenção

preventiva. Foi feita a pesagem das sapatas de cada trem, por 06 (seis) manutenções

preventivas consecutivas.

Foi considerado um peso inicial único para as sapatas de cada fornecedor, pois a variação

observada em uma pesagem de 20 sapatas de cada fornecedor, constatou uma variação de

± 20g, que corresponde à menor divisão da escala da Balança Pesadora, e a aproximadamente

0,4 % do peso médio das sapatas de cada fornecedor.

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73

A perda total de massa (em gramas) verificada em cada sapata nas diversas posições de fixação

no trem (Ex.: 01RA, 16RB, etc.) durante os períodos considerados, foi dividida pela distância

percorrida pelo trem naquele período (em quilômetros), determinando-se assim o desgaste em

função da distância percorrida (g/km).

Nas datas de pesagem, as sapatas foram retiradas de cada posição de fixação no trem, somente

após estarem à temperatura abaixo de 50°C, e foram sopradas com pistola de ar comprimido

(0,68MPa) para retirada das partículas soltas. As sapatas de freio que durante o período de teste

se quebraram ou foram substituídas por motivos alheios aos objetivos dos testes, não foram

incluídas na compilação dos dados, sendo esse o motivo de não constarem em alguns dos

resultados, expressos nos gráficos traçados, todas as 16 posições possíveis de fixação de

sapatas em cada carro (RA ou RB).

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74

5 RESULTADOS

5.1 Caracterização dos Materiais Testados

Foi realizada Análise Química e Ensaio de Dureza da roda em utilização, no laboratório do

SENAI-MG/CETEF, obtendo resultados dentro das especificações, conforme Tabelas 5.5 e

5.6.

Tabela 5.5 - Análise Química da Roda Ferroviária

Elemento Químico Carbono

( % )

Manganês

( % )

Silício

(% mín.)

Fósforo

( % máx )

Enxofre

( % máx )

Especificado 0,57– 0,67 0,60 – 0,85 0,15 0,05 0,05

Amostra “ 1 ” 0,65 0,74 0,33 0,025 0,046

Amostra “ 2 ” 0,59 0,69 0,27 0,025 0,031

Tabela 5.6 - Dureza Brinell (HB), da superfície e núcleo das Rodas

Local Ensaiado Superf. de Rolamento Núcleo

Especificado 227 a 341 HB 227 – 341 HB

Amostra 1 326 293

Amostra 2 331 302

Amostra 4 323 295

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75

As Figuras 5.23, 5.24, 5.25 e 5.26, mostram os resultados dos Ensaios Metalográficos

utilizando a Microscopia Ótica, os quais objetivaram identificar os constituintes estruturais da

roda e de algumas descontinuidades superficiais e inclusões, verificadas no material da pista de

rolamento das rodas.

Figura 5.23 – Perlita predominante e Ferrita típica, Amostra 2642.

Nota-se a presença de inclusões típicas de Sulfeto.

Figura 5.24 – Perlita predominante e Ferrita típica, Amostra 2641.

Nota-se presença de inclusões típicas de Sulfeto

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76

Figura 5.25– Perlita predominante e Ferrita típica, Amostra 2643.

Apresentando microdureza de 332HV 1/20 – foto lado esquerdo. Na superfície, presença de

constituinte refinado com microdureza 369HV 1/20. Junto à fenda típica de trinca, nota-se

presença de Martensita, apresentando microdureza de 758HV 1/20 – foto lado direito. Nota-

se presença de inclusões típicas de Sulfeto.

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77

Figuras 5.26 a – Inclusões na Superfície da Roda.

Figuras 5.26 b – Inclusões na Superfície da Roda.

Nas duas Figuras, verifica-se presença de Inclusões Tipo “A” (Sulfetos), Série Grossa –

Grau 2, e Inclusões Tipo “D” (óxido globular) Série Fina – Grau 1. (Classificação de

Inclusões conforme norma ASTM E 45/1995).

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78

Para os Ensaios Metalográficos utilizando o Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV),

foram retiradas amostras da roda na região mostrada na Figura 4.19, tendo sido provocada uma

fratura em cada amostra conforme indicado na Figura 4.20.

Alguns resultados relevantes ao MEV estão registrados em 05 (cinco) fotomicrografias

mostradas nas Figuras 5.27 a 5.31, e o resultado da Microanálise Eletrônica Química

Qualitativa e Semiquantitativa feita em pontos selecionados, como os do encontro das linhas

brancas ou dentro do quadrado branco das Figuras, esta registrada nas Tabelas 5.7 a 5.12.

Figura 5.27 – Fotografia da Amostra 2, polida com pasta de diamante

Tabela 5.7- Resultados Qualitativos e Semiquantitativos da Amostra 2,

polida com pasta de diamante

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79

Figura 5.28– Fotomicrografia da Amostra 1, camada superficial

Tabela 5.8 - Resultados Qualitativos e Semiquantitativos da Amostra 1,

camada superficial

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80

Tabela 5.9 - Resultados Qualitativos e Semiquantitativos da Amostra 1,

extremidade da fratura

Figura 5.29 - Fotomicrografia da Amostra 1, extremidade da fratura

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81

Figura 5.30 – Fotomicrografia da Amostra 1, inclusões superficiais

Tabela 5.10 - Resultados Qualitativos e Semiquantitativos da Amostra 1,

de inclusões superficiais

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82

Figura 5.31 - Fotomicrografia da Amostra 3, extremidade da fratura

Tabela 5.11 - Resultados Qualitativos e Semiquantitativos da Amostra 3,

extremidade da fratura

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83

Foram pesquisados os tipos de falhas que ocorrem nas rodas ferroviárias em operação

comercial nos trens da CBTU – METROBH, tendo sido identificadas e fotografadas as que são

apresentadas nas Figuras 5.32, 5.33 e 5.34.

5.32-a) Spalling (Cavitação) 5.32-b) Thermal Shelling (Escamação)

Figuras 5.32-a e 5.32-b – Falhas Térmicas na Pista de Rolamento das Rodas

Tabela 5.12 - Resultados Qualitativos e Semiquantitativos da Região da Fratura

fora do defeito

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84

Figura 5.33 – Falha Térmica em Roda – Thermal Crack (Trinca Térmica)

Figura 5.34 – Roda apresentando “calo” ou depressão.

Mostra uma das conseqüências do deslizamento prolongado da roda, que é a formação de

“calos”, ou mais exatamente depressões, que exige a imediata usinagem da roda.

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85

Direcionados às sapatas de freio, para os fins desta dissertação, não foram realizados testes

para identificação de material ou comprovação das características das mesmas. No Brasil, as

Especificações e Padrões Técnicos para Aquisição de Sapatas de Freio de Composição pelas

operadoras ferroviárias, não incluem quaisquer exigências ou definições das matérias primas

que devem se utilizadas, exceto a exigência legal de não conter Amianto. São especificados

Ensaios Físico-Químicos e em Dinamômetro, de acordo com Métodos das Normas ABNT, e

também testes de desempenho a serem realizados nas próprias operadoras que verificam a

desaceleração obtida, a vida útil da sapata, problemas causados nas rodas, e estrutura da sapata

no que se refere a defeitos e odores.

Na Tabela 5.13, são apresentadas algumas das características e valores típicos para os Ensaios

Físico-Químicos normalmente especificados, e foram transcritos os resultados que constam dos

Certificados de Qualidade enviados pelos respectivos fornecedores.

Tabela 5.13 – Características das Sapatas de Freio “A”, “B” e “C”

Dureza GOGAN – Norma ABNT MB 1016 de Março/1991.

Sapata do

fornecedor "A"

Sapata do

fornecedor "B"

Sapata do

fornecedor "C"

- 80 70

60 - -

Características e valores

típicos

Peso específico (g/cm3)

Extração em acetona (%)

2,40

Resultados (*)

2,12 1,83

- 3,30 0,59

Espessura Média 58mm

Resistência a Compressão

(MPa)

Teor de cinzas (%)

Absorção em água (%)

Absorção em óleo (%)

Dureza SHORE "D" ou

Dureza GOGAN

59,00

0,10

0,12

-

-

-

-

0,25

-

58,00

-

-

58,50

-

Coeficiente de atrito: 0,27

Resistência ao Impacto Izod

(kJ/m2)

60,36

5,02

6,27

0,30

17,80

58,00

83,17

(*) Resultados transcritos dos Certificados de Qualidade do produto que acompanharam os lotes

de Sapatas

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86

5.2 Resultados Preliminares

5.2.1 Testes de Rodagem no Campo

As Tabelas 5.14 e 5.15 contém os resultados do desempenho e evolução de desgaste e

degradação verificados nos testes de campo realizados no sistema metro – ferroviários de Belo

Horizonte. Nela estão também relacionados, os resultados dos testes de campo executados na

companhia operadora do sistema metro – ferroviário da cidade de Porto Alegre – RS, a

TRENSURB, os quais foram transcritos, para efeito de comparação [30]

.

Os testes de campo realizados em Porto Alegre, tiveram procedimento de execução diferente

dos de Belo Horizonte, pelo fato de que em Porto Alegre o desempenho das sapatas foi

verificado em um trecho retilíneo e plano da via de permanente (Linha), enquanto em Belo

Horizonte foi utilizado todo o trecho operacional durante a operação comercial normal do

sistema metro-ferroviário da cidade. Fora esse fator, os demais parâmetros para avaliação

comparativa do desempenho das sapatas “A” e “B” nos dois sistemas operacionais citados

podem ser considerados iguais, pois Trens têm características muito semelhantes, e as matérias

primas das rodas e das sapatas de freio utilizadas não se modificaram significativamente no

intervalo de tempo entre os testes.

Nas observações visuais com lupa, das sapatas “A” e “B” após os testes no campo, verificou-se

que em todas elas ocorreram trincas sem perda de material. Nas rodas verificou-se a presença

de pontos quentes, trincas térmicas e descoloração. Todos esses efeitos estão muito mais

acentuados na sapata “B” e respectivas superfícies de rodas.

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87

Tabela 5.14 – Resultados de Desempenho das Sapatas de Freio testadas no Campo,

no período de Janeiro a Dezembro de 2001 em Belo Horizonte.

Operadoras

Características

TRENSURB – RS [30]

CBTU-METROBH

SAPATA

“A”

SAPATA

“B”

SAPATA

“A”

SAPATA

“B”

Volume de Material

de Desgaste (cm3)

1.795

1.445

1795

1.445

Desgaste (cm3/km)

0,021

0,045

0,016

0,017

Desgaste (g/km)

0,045

0,078

0,036

0,037

Utilização Máxima

Teórica, Projetada (km)

85476

32.111

112.187

85.000

Distância Percorrida

em Teste (km)

48.657

17.655

48.485

37.103

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88

Tabela 5.15 – Avaliação macrográfica das superfícies de contato das Rodas

e das respectivas Sapatas de Freio nos Testes de Campo; com a utilização de Lupa

Operadoras

Características

TRENSURB - RS

CBTU-METROBH

SAPATA

“A”

SAPATA

“B”

SAPATA

“A”

SAPATA

“B”

Agressividade à Roda

Descoloração

por aquecer,

sem trincas, c/

pontos quentes

Muitas trincas

térmicas, c/

pontos quentes

e descoloração

por aquecer

Trincas térm.,

descoloração,

pontos quentes

Trincas térm.,

maior desgaste

da roda,

descoloração,

pontos quentes

Estrutura da Sapata

da Freio

Trincas centro

superior e inf.,

sem delocam.

de material

Sem

anormalidade

na

estrutura

Trincas centro

superior e inf.,

com fragmento

de roda

Trincas centro

superior e inf.,

com superfície

polida

As Figuras 5.35, 5.36 e 5.37 mostram a evolução do desgaste das sapatas do fabricante “A”,

em posições diversas, nos três trens de Belo Horizonte utilizados, TUE’s 02, 05 e 08, nos quais

cada grupo de sapatas indicadas percorreu quilometragens diferentes.

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89

PARA 17056 km RODADOS

0,039

0,049

0,036

0,031

0,037

0,030

0,000

0,010

0,020

0,030

0,040

0,050

0,060

0,070

0,080

11RA 14RA 03RB 04RB 12RB 16RB

POSIÇÃO SAPATA "A" - TUE02

De

sg

as

te (

g/k

m)

Desgaste Médio : 0,037g/km - Desvio Padrão : 0,0068g/km

Figura 5.35 - Taxa de desgaste de Sapatas “A”, após 17.056km rodados,

em seis posições de fixação de Sapatas no TUE 02.

PARA 24983 km RODADOS

0,028

0,069

0,0390,042

0,026

0,020

0,000

0,010

0,020

0,030

0,040

0,050

0,060

0,070

0,080

08RA 10RA 12RA 08RB 11RB 13RB

POSIÇÃO SAPATAS "A" - TUE05

Des

gas

te (g

/km

)

Desgaste Médio : 0,037g/km - Desvio Padrão : 0,0175g/km

Figura 5.36 - Taxa de desgaste de Sapatas “A”, após 24.983km rodados ,

em seis posições de fixação de Sapatas no Trem - TUE 05.

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90

A Figura 5.38 relaciona o desgaste (g/km) de sapatas do fabricante “B” em posições em um

mesmo trem – TUE 12; sendo 14 sapatas no carro RA e outras 14 sapatas no carro RB; depois

de percorrida a quilometragem de 37.103km.

PARA 48485 km RODADOS

0,033 0,0350,029

0,0460,039

0,000

0,010

0,020

0,030

0,040

0,050

0,060

0,070

0,080

01RA 02RA 03RA 07RA 10RA

POSIÇÃO SAPATA "A" - TUE08

Des

gas

te (

g/K

m)

Desgaste Médio: 0,036g/km - Desvio Padrão : 0,0064g/km

Figura 5.37 - Taxa de desgaste de Sapatas “A”, após 48.485km rodados,

em cinco posições de fixação de Sapatas no Trem - TUE 08.

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91

5.2.2 Ensaios de “Pino sobre Disco”

Os Gráficos da Figura 5.39 relacionam os resultados obtidos nos Ensaios Preliminares de “Pino

sobre Disco”, registrando o desgaste provocado por um pino, retirado do material da roda,

sobre um disco, retirado do material das sapatas dos fornecedores “A” e “B”, respectivamente.

Desgaste Médio: 0,037g/km - Desvio Padrão: 0,0035g/km

Figura 5.38 – Taxa de desgaste de Sapatas “B”, após 37.103km rodados,

em vinte e oito posições de fixação de Sapatas no Trem – TUE 12.

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92

DESGASTE x DISTÂNICA

SAPATA "A"

0

50

100

150

200

250

300

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Distância - m x 10(-2)

Des

ga

ste

g x

10

(-5

)

A1

A2

A3

DESGASTE x DISTÂNCIA

SAPATA "B"

0

50

100

150

200

250

300

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Distância - m x 10(-2)

De

sga

ste

g x

10

(-5

) B1

B2

B3

Figura 5.39 – Desgaste em Discos de Sapatas de Freio,

dos fabricantes “A” e “B”, durante os Ensaios Preliminares de “Pino Sobre Disco”.

5.3 Ensaios Complementares

5.3.1 Ensaios de “Pino Sobre Disco”

As Figuras 5.40, 5.41 e 5.42, mostram o desgaste das sapatas “A”, “B” e “C” respectivamente,

permitindo comparar linearmente o desgaste verificado em cada diâmetro de trilha do ensaio.

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93

Desgaste Sapata "A" - comparativo entre três Trilhas

y = -0,0001Ln(x) + 0,0006

y = -0,0003Ln(x) + 0,0008

y = -0,00001Ln(x) + 0,00019

0,0000

0,0002

0,0004

0,0006

0,0008

0,0010

0,0012

0,0014

300

600

900

1200

1500

1800

Distância (m)

De

sg

as

te (

g/k

m)

"A"-100rpm-55d

"A"-100rpm-60d

"A"-100rpm-65d

Log. ("A"-100rpm-55d)

Log. ("A"-100rpm-60d)

Log. ("A"-100rpm-65d)

Figura 5.40 –Taxa de Desgaste x Distância Percorrida, Sapata “A”.

Desgaste da Sapata "B" - comparativo entre três Trilhas

y = -0,0003Ln(x) + 0,001

y = -0,0004Ln(x) + 0,0012

y = -0,0004Ln(x) + 0,0013

0,0000

0,0002

0,0004

0,0006

0,0008

0,0010

0,0012

0,0014

300

600

900

1200

1500

1800

Distância (m)

De

sg

as

te (

g/k

m)

"B"-100rpm-55d

"B"-100rpm-60d

"B"-100rpm-65d

Log. ("B"-100rpm-55d)

Log. ("B"-100rpm-60d)

Log. ("B"-100rpm-65d)

Figura 5.41–Taxa de Desgaste x Distância Percorrida, Sapata “B”.

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94

Os 03 (três) gráficos das Figuras 5.40, 5.41 e 5.42 foram montados a partir das Taxas de

Desgaste (perda de massa) verificados nos pinos fabricados com o material das sapatas “A”,

“B” e “C”, obtidos no ensaio de Pino sobre Disco.

Na interpretação da Figura 5.40, que pode ser estendida para as Figuras 5.41 e 5.42, vemos na

ordenada a informação de que os Pinos, todos usinados com o material da Sapata “A”, foram

pesados a cada 300m até atingir 1.800m de distância percorrida no ensaio. Na ordenada, temos

os valores de desgaste (perda de massa) verificados nos Pinos, em gramas, projetados para uma

distância de 01 (um) quilômetro, para permitir uma comparação com o desgaste obtido nos

Testes de Campo, os quais foram computados também na unidade de gramas por quilômetro

percorrido (g/km).

Nos 03 (três) Gráficos, a variação da altura das colunas (03 em cada distância percorrida de

300mm), representa a influência dos diâmetros das Trilhas de Rotação (55d, 60d e 65d –

correspondentes aos diâmetros de 55mm, 60mm e 65mm, respectivamente), sobre o desgaste

dos Pinos, todos feitos com o material da Sapata “A”.

Desgaste Sapata "C" - comparativo entre três Trilhas

y = -0,000086Ln(x) + 0,000393

y = -0,000002Ln(x) + 0,000316

y = -0,000144Ln(x) + 0,000600

0,0000

0,0002

0,0004

0,0006

0,0008

0,0010

0,0012

0,0014

300

600

900

1200

1500

1800

Distância (m)

De

sg

as

te (

g/k

m)

"C"-100rpm-55d

"C"-100rpm-60d

"C"-100rpm-65d

Log. ("C"-100rpm-55d)

Log. ("C"-100rpm-60d)

Log. ("C"-100rpm-65d)

Figura 5.42–Taxa de Desgaste x Distância Percorrida, Sapata “C”.

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95

Aplicando-se a função logarítmica, foi obtida uma representação linear do desgaste, permitindo

visualizar e comparar a tendência/perfil do desgaste dos Pinos nos 03 (três) diferentes

diâmetros de trilhas percorridos.

Nas Figuras 5.41 e 5.42, são mostradas as mesmas constatações com relação às Sapatas “B” e

“C”, respectivamente.

As Figuras 5.43, 5.44 e 5.45 mostram em mesmos gráficos, o desgaste das Sapatas “A”, “B” e

“C”, verificado em cada diâmetro de trilha do ensaio, permitindo comparar linearmente o

desgaste das Sapatas dos três fornecedores.

Gráfico comparativo Sapatas "A", "B" e "C" na Trilha 55d

y = -0,00014Ln(x) + 0,00057

y = -0,00009Ln(x) + 0,00039

y = -0,00027Ln(x) + 0,00096

0,0000

0,0002

0,0004

0,0006

0,0008

0,0010

0,0012

0,0014

300

600

900

1200

1500

1800

Distância (m)

Des

gas

te (g

/km

)

"A"-100rpm-55d

"C"-100rpm-55d

"B"-100rpm-55d

Log. ("A"-100rpm-55d)

Log. ("C"-100rpm-55d)

Log. ("B"-100rpm-55d)

Figura 5.43 - Desgaste x Distância Percorrida – Trilha 55d.

Sapatas “A”, “B” e “C”, para uma trilha de 55mm de diâmetro.

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96

Gráfico comparativo Sapatas "A", "B" e "C" na Trilha 60d

y = -0,00038Ln(x) + 0,00120

y = -0,00025Ln(x) + 0,00082

y = -0,00000Ln(x) + 0,00032

0,0000

0,0002

0,0004

0,0006

0,0008

0,0010

0,0012

0,0014

300

600

900

1200

1500

1800

Distância (m)

Des

gas

te (

g/k

m)

"A"-100rpm-60d

"C"-100rpm-60d

"B"-100rpm-60d

Log. ("B"-100rpm-60d)

Log. ("A"-100rpm-60d)

Log. ("C"-100rpm-60d)

Figura 5.44 - Desgaste x Distância Percorrida – Trilha 60d

Sapatas “A”, “B” e “C”, para uma trilha de 60mm de diâmetro.

Gráfico comparativo Sapatas "A", "B" e "C" na Trilha 65d

y = -0,00040Ln(x) + 0,00128

y = -0,00014Ln(x) + 0,00060

y = -0,00001Ln(x) + 0,00019

0,0000

0,0002

0,0004

0,0006

0,0008

0,0010

0,0012

0,0014

300

600

900

1200

1500

1800

Distância (m)

Des

gas

te (

g/k

m)

"A"-100rpm-65d

"C"-100rpm-65d

"B"-100rpm-65d

Log. ("B"-100rpm-65d)

Log. ("C"-100rpm-65d)

Log. ("A"-100rpm-65d)

Figura 5.45 – Desgaste x Distância Percorrida – Trilha 65d

Sapata “A”, “B” e “C”, para uma trilha de 65mm de diâmetro.

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97

Os 03 (três) gráficos das Figuras 5.43, 5.44 e 5.45, foram montados a partir dos valores de

desgaste (perda de massa) verificados nos pinos fabricados com o material das Sapatas “A”,

“B” e “C”, obtidos no ensaio de Pino sobre Disco, para um mesmo diâmetro de Trilha,

respectivamente 55mm, 60mm e 65mm.

Assim, na Figura 5.43, cuja interpretação pode ser estendida para as Figuras 5.44 e 5.45, vemos

na ordenada a informação de que os pinos feitos com o material das Sapatas “A”, “B” e “C”,

foram pesados a cada 300m até atingir 1.800m de distância percorrida no ensaio. Na ordenada,

temos os valores de desgaste (perda de massa, em gramas) verificados nos pinos, projetados

para uma distância de 01 (um) quilômetro, para permitir uma comparação com o desgaste

obtido nos Testes de Campo, os quais foram computados também na unidade de gramas por

quilômetro percorrido (g/km).

Em cada um dos três gráficos, está representada pela altura das colunas (03 em cada distância

de 300mm, a 100rpm), a variação do desempenho da Sapata de cada fornecedor ao longo da

trilha de rotação de 55mm de diâmetro.

Aplicando-se a função logarítmica, foi obtida uma representação linear do desgaste, permitindo

visualizar e comparar a tendência/perfil do desgaste dos Pinos de cada Sapata (“A”, “B” e “C”)

no diâmetro de 55mm da trilha percorrida por cada um.

Nas Figuras 5.44 e 5.45, são mostradas as mesmas constatações com relação às Sapatas “B” e

“C”, respectivamente.

Comparando-se o desgaste total em gramas (g), verificado nos Pinos de cada Sapata “A”, “B” e

“C”, em função da distância total percorrida por todas elas em metros (1.800m), foi constatada

a seguinte proporção:

- O Pino da Sapata “A” se desgastou na proporção de 57% do desgaste do Pino da Sapata “B”;

- O Pino da Sapata “A” se desgastou na proporção de 96% do desgaste do Pino da Sapata “C”;

- O Pino da Sapata “C” se desgastou na proporção de 59% do desgaste do Pino da Sapata “B”.

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98

5.3.2 Testes de Rodagem no Campo

Nas Figuras 5.46, 5.47, 5.48 e 5.49, são mostrados os gráficos do Desgaste de todas as Sapatas

“A” e “C”, as quais chegaram ao final do teste em cada Trem, nos períodos e posições

indicadas:

Posições Sapatas “A” - TUE 23

Figura 5.46- Evolução do Desgaste de Sapatas “A”, no Campo - TUE 23

DESGASTE DAS SAPATAS "A" TUE 23 - SETEMBRO DE 2002 A JUNHO DE 2003

0,000

0,010

0,020

0,030

0,040

0,050

0,060

0,070

0,080

0,090

01RA

02RA

03RA

04RA

05RA

06RA

07RA

08RA

09RA

10RA

11RA

13RA

14RA

15RA

16RA

01RB

02RB

03RB

04RB

05RB

07RB

08RB

09RB

10RB

11RB

12RB

13RB

14RB

15RB

16RB

Des

gas

te g

/km

28/10/02

10/12/02

27/01/03

06/03/03

23/04/03

04/06/03

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99

Posições Sapatas “A” - TUE 24

Figura 5.47- Evolução do Desgaste de Sapatas “A”, no Campo - TUE 24

Posições Sapatas “A” - TUE 5

Figura 5.48 – Evolução do Desgaste de Sapatas “A”, no Campo – TUE 25

DESGASTE DAS SAPATAS "A" TUE 24 - OUTUBRO DE 2002 A JUNHO DE 2003

0,000

0,010

0,020

0,030

0,040

0,050

0,060

0,070

0,080

0,090

01RA

02RA

03RA

04RA

05RA

06RA

07RA

08RA

09RA

10RA

11RA

12RA

13RA

14RA

15RA

16RA

01RB

03RB

04RB

05RB

06RB

07RB

08RB

09RB

10RB

11RB

12RB

13RB

14RB

16RB

de

sg

as

te g

/km

29/10/02

11/12/02

28/01/03

10/03/03

25/04/03

05/06/03

DESGASTE DAS SAPATAS "A" TUE25 - OUTUBRO DE 2002 A JUNHO DE 2003

0,000

0,010

0,020

0,030

0,040

0,050

0,060

0,070

0,080

0,090

01RA

02RA

03RA

04RA

05RA

06RA

07RA

08RA

09RA

10RA

11RA

12RA

01RB

02RB

03RB

04RB

05RB

06RB

07RB

08RB

09RB

10RB

11RB

12RB

13RB

14RB

15RB

16RB

De

sg

as

te g

/km 30/10/02

12/12/02

29/01/03

11/03/03

29/04/03

06/06/03

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100

Durante o período de testes foram trocadas sapatas por uma vez em todas as posições de

fixação nos TUE’s 23 E 24, e assim o perfil de desgaste levantado representou o desgaste de 02

(duas) sapatas “A”. No TUE 25, em 80% das posições de fixação ocorreu o desgaste de 02

(duas) sapatas, e em 20% das posições ocorreu o desgaste de 03 (três) sapatas “A”. No TUE 10

Em 70% das posições de fixação ocorreu o desgaste de 02 (duas) sapatas, e em 30% das

posições ocorreu o desgaste de 03 (três) sapatas “C”.

Nenhuma dessas posições foi descartada do acompanhamento, por representar a realidade da

utilização das sapatas. De fato, sendo essa a condição normal de utilização das sapatas de freio

nos trens, sempre haverão sapatas novas sendo colocadas em operação, influenciando o

resultado geral de desgaste das demais sapatas. Para obter-se o perfil de desgaste especifico de

cada sapata, foram traçados gráficos mostrando o desgaste de cada uma durante seu período de

utilização. Os gráficos representados nas Figuras 5.50 a 5.58 mostram o agrupamento de perfis

de desgaste de sapatas de um mesmo trem durante o período de testes.

Posições Sapatas “C” – TUE 10

Figura 5.49- Evolução do Desgaste de Sapatas “C”, no Campo - TUE 10

DESGASTE DAS SAPATAS "C" TUE 10 - FEVEREIRO A DEZEMBRO DE 2003

0,000

0,010

0,020

0,030

0,040

0,050

0,060

0,070

0,080

0,090

01RA

02RA

03RA

04RA

05RA

06RA

07RA

08RA

09RA

10RA

11RA

12RA

13RA

14RA

15RA

16RA

03RB

04RB

05RB

06RB

07RB

08RB

09RB

10RB

11RB

12RB

13RB

14RB

15RB

16RB

de

sg

as

te g

/km 12/05/03

25/06/03

04/08/03

17/09/03

29/10/03

09/12/03

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101

Desgaste de Sapatas "A" no TUE23 - dezembro a junho de 2003

0,000

0,010

0,020

0,030

0,040

0,050

0,060

0,070

0,080

0,090

0 10000 20000 30000 40000 50000 60000

Quilômetros rodados (km)

De

sg

as

te (

g/k

m)

01RA 02RA 03RA 13RA 14RA 15RA

TUE - Trem Unidade Elétrica

Figura 5.50 - Desgaste de Sapatas “A” específicas, no TUE 23

Desgaste de Sapatas "A" no TUE23 - janeiro a junho de 2003

0,000

0,010

0,020

0,030

0,040

0,050

0,060

0,070

0,080

0,090

0 10000 20000 30000 40000 50000 60000

Quilômetros rodados (km)

De

sg

as

te (

g/k

m)

04RA 05RA 08RA 16RA 02RB 04RB 05RB 13RB 11RB 15RB 16RB

TUE - Trem Unidade Elétrica

Figura 5.51 - Desgaste de Sapatas “A” específicas, no TUE 23

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102

Desgaste de Sapatas "A" no TUE23 - janeiro a junho de 2003

0,000

0,010

0,020

0,030

0,040

0,050

0,060

0,070

0,080

0,090

0 10000 20000 30000 40000 50000 60000

Quilômetros rodados (km)

De

sg

as

te (

g/k

m)

06RA 07RA 10RA 11RA 01RB 03RB 07RB 10RB

TUE - Trem Unidade Elétrica

Figura 5.52 - Desgaste de Sapatas “A” específicas, no TUE 23

Nas Figuras 5.50 a 5.58 a abscissa dos gráficos, sob a indicação de “Quilômetros Rodados

(km)”, tem o ponto 0 (zero) significando o início de contagem da quilometragem de utilização

das sapatas, e a traçagem dos gráficos se inicia na quilometragem em que foi feita a primeira

verificação do desgaste (pesagem) das mesmas e a última, significando a pesagem na data da

retirada das mesmas do trem (fim de vida útil).

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103

Desgaste Sapata "A" no TUE 24 - outubro de 2002 a junho de 2003

Carro Reboque RB

0,000

0,010

0,020

0,030

0,040

0,050

0,060

0,070

0,080

0 10000 20000 30000 40000 50000 60000

Quilômetros rodados (km)

De

sg

as

te (

g/k

m)

01RB 03RB 04RB 05RB 07RB 08RB 10RB 12RB 13RB 14RB 16RB

TUE - Trem Unidade Elétrica

Figura 5.54 - Desgaste de Sapatas “A” específicas, no TUE 24

Desgaste Sapatas "A" no TUE 24 - outubro de 2002 a junho de 2003

Carro Reboque RA

0,000

0,010

0,020

0,030

0,040

0,050

0,060

0,070

0,080

0 10000 20000 30000 40000 50000 60000

Quilômetros rodados (km)

De

sg

as

te (

g/k

m)

1RA 2RA 3RA 4RA 5RA 6RA 7RA 8RA 9RA

10RA 11RA 12RA 13RA 14RA 15RA 16RA 1RA1 2RA1

7RA1 9RA1 14RA1

TUE - Trem Unidade Elétrica

Figura 5.53 - Desgaste de Sapatas “A” específicas, no TUE 24

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104

Desgaste de Sapatas "A" no TUE25 - setembro de 2002 a abril de 2003

0,000

0,010

0,020

0,030

0,040

0,050

0,060

0,070

0,080

0 10000 20000 30000 40000 50000 60000

Quilômetros rodados (km)

De

sg

as

te (

g/k

m)

01RA 04RA 05RA 08RA 09RA 10RA 01RB 02RB 03RB 04RB

05RB 07RB 08RB 13RB 14RB 15RB 16RB

TUE - Trem Unidade Elétrica

Figura 5.56- Desgaste de Sapatas “A” específicas, no TUE 25

Desgaste de Sapatas "A" no TUE25 - setembro de 2002 a abril de 2003

0,000

0,010

0,020

0,030

0,040

0,050

0,060

0,070

0,080

0 10000 20000 30000 40000 50000 60000

Quilômetros rodados (km)

De

sg

as

te (

g/k

m)

02RA 03RA 06RA 07RA 11RA 12RA 06RB 09RB 10RB 11RB 12RB

TUE - Trem Unidade Elétrica

Figura 5.55 - Desgaste de Sapatas “A” específicas, no TUE 25

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105

Desgaste Sapata "C" no TUE 10 - fevereiro a agosto de 2003

0,000

0,010

0,020

0,030

0,040

0,050

0,060

0,070

0,080

0 10000 20000 30000 40000 50000 60000

Quilômetros rodados (km)

De

sg

as

te (

g/k

m)

01RA 02RA 04RA 05RA 06RA 07RA 08RA 09RA 10RA 11RA

12RA 13RA 14RA 15RA 16RA

TUE - Trem Unidade Elétrica

Figura 5.57 - Desgaste de Sapatas “C” específicas, no TUE 10

Desgaste Sapatas "C" no TUE10 - fevereiro a agosto de 2003

0,000

0,010

0,020

0,030

0,040

0,050

0,060

0,070

0,080

0 10000 20000 30000 40000 50000 60000

Quilômetros rodados (km)

De

sg

aste

(g

/km

)

01RB 02RB 03RB 04RB 05RB 06RB 07RB 08RB 09RB 10RB

11RB 12RB 13RB 14RB 15RB 16RB

TUE - Trem Unidade Elétrica

Figura 5.58 – Desgaste de Sapatas “C” específicas, no TUE 10

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106

5.4 Fatores Influentes no desgaste das Sapatas em Teste de Rodagem no Campo

Para racionalizar os resultados de desgaste obtidos nos Testes Práticos de Campo buscou-se

identificar variáveis da operação dos trens e fatores atmosféricos e ambientais relevantes.

Verificou-se que a precipitação pluvial e a freqüência de frenagens de emergência deveriam

causar maior impacto nas taxas de desgaste. Foi então pesquisado o Índice Pluviométrico da

cidade de Belo Horizonte registrado no período dos testes. As medidas usadas nesse trabalho

foram obtidas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, Instituto

Nacional de Meteorologia – INMET, 5º Distrito de Meteorologia – 5º DISME, Seção de

Observação e Meteorologia Aplicada - SEOMA, em Belo Horizonte – MG.

O quantitativo de Frenagens de Emergência é uma informação armazenada pelo Tacógrafo de

cada trem, e também foi coletado durante o mesmo período de monitoramento. A Frenagem de

Emergência não faz parte do procedimento operacional normal dos trens, e pode acarretar

desgaste anormal e prematuro das sapatas e de outros componentes, pelo que suas causas são

sempre investigadas. As Figuras 5.59, 5.60, 5.61 e 5.62 mostram, respectivamente, as

informações do Índice Pluviométrico e das frenagens de emergências do TUE 23, TUE 24 e

TUE 25.

Precipitaçao mensal em Belo Horizonte - set/02 a dez/03

0

100

200

300

400

500

600

700

800

set/0

2

out/0

2

nov/02

dez/02

jan/

03

fev/03

mar

/03

abr/0

3

mai/0

3

jun/

03

jul/0

3

ago/

03

set/0

3

out/0

3

nov/03

dez/03

Pre

cip

itaçã

o (m

m)

Mês / Ano

Figura 5.59- Precipitação Chuvosa no período dos Testes de Campo [31]

.

Page 123: R EDE TREDEMAT EMÁTICA EM E NGENHARIA DE MATERIAIS · Sapatas de Freio, a partir de uma melhor regulagem dos equipamentos do sistema de freio dos trens. Os resultados dos ensaios

107

Figura 5.60 - Frenagens de Emergência durante Testes de Campo - TUE 23

Figura 5.61 - Frenagens de Emergência durante Testes de Campo - TUE 24

Aplicação de Freio de Emergência no TUE 23 - setembro de 2002 a junho de 2003

0

5

10

15

20

25

30

35

40

27/09/2002 a

28/10/2002

28/10/2002 a

10/12/2002

10/12/2002 a

27/01/2003

27/01/2003 a

06/03/2003

06/03/2003 a

23/04/2003

23/04/2003 a

04/06/2003

de a

pli

cações

Aplicação de freio de emergência no TUE 24 - Setembro de 2002 a Junho de 2003

0

5

10

15

20

25

30

35

40

23/09/2002 a

29/10/2002

29/10/2002 a

11/12/2002

11/12/2002 a

28/01/2003

28/01/2003 a

10/03/2003

10/03/2003 a

25/04/2003

25/04/2003 a

05/06/2003

de a

pli

cações

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108

Para melhor avaliar a influência das Frenagens de Emergência foram traçados gráficos

confrontando o Desgaste Médio (de todas as sapatas de um mesmo trem em cada período),

com o Número de Frenagens de Emergência desse trem no mesmo período, conforme

mostrado nas Figuras 5.63 a 5.65.

Figura 5.62 - Frenagens de Emergência durante Testes de Campo - TUE 25.

Aplicações de freio de emergência no TUE25 - Setembro de 2002 a junho de 2003

0

5

10

15

20

25

30

35

40

24/09/2002 a

30/10/2002

30/10/2002 a

12/12/2002

12/12/2002 a

29/01/2003

29/01/2003 a

11/03/2003

11/03/2003 a

29/04/2003

29/04/2003 a

06/06/2003

de a

pli

cações

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109

Figura 5.63 – Frenagens de Emergência e Desgaste de Sapatas, no TUE 23.

Figura 5.64 – Frenagens de Emergência e Desgaste de Sapatas, no TUE 24

Comparativo frenagens de emergência e média de desgaste nas Sapatas TUE23

0

5

10

15

20

25

30

35

40

27/09/02 a 28/10/02 28/10/02 a 10/12/02 10/12/02 a 27/01/03 27/01/03 a 06/03/03 06/03/03 a 23/04/03 23/04/03 a 04/06/03

de F

renagens d

e E

merg

ência

0,000

0,010

0,020

0,030

0,040

0,050

0,060

0,070

Desgaste

(g/k

m)

Frenagens de Emergência Média de desgaste

Comparativo frenagens emergência e média de desgaste nas Sapatas do TUE24

0

5

10

15

20

25

30

35

40

23/09/02 a 29/10/02 29/10/02 a 11/12/02 11/12/02 a 28/01/03 28/01/03 a 10/03/03 10/03/03 a 25/04/03 25/04/03 a 05/06/03

de a

pli

cações

0,000

0,010

0,020

0,030

0,040

0,050

0,060

0,070

Desgaste

(g/k

m)

Frenagens de Emergência Média de desgaste

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110

Figura 5.65– Frenagens de Emergência e Desgaste de Sapatas, no TUE 25

Para avaliar a influência do fator chuva, foram traçados gráficos confrontando o Desgaste com

a Precipitação Chuvosa do mesmo período, conforme Figuras 5.66 a 5.68. Cada coluna que

representa a Precipitação Chuvosa do período (número de dias) considerado, e foi obtida pela

somatória da Precipitação Média em cada mês, multiplicada pelo número de dias do período.

Verificou-se que a Precipitação Chuvosa tem grande relevância e impacto sobre o desgaste das

sapatas de freio.

Comparativo frenagens de emergência e média de desgaste nas Sapatas do TUE25

0

5

10

15

20

25

30

35

40

24/09/02 a 30/10/02 30/10/02 a 12/12/02 12/12/02 a 29/01/03 29/01/03 a 11/03/03 11/03/03 a 29/04/03 29/04/03 a 06/06/03

de a

pli

cações

0,000

0,010

0,020

0,030

0,040

0,050

0,060

0,070

Desgaste

(g/k

m)

Frenagens de Emergência Média de desgaste

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111

Figura 5.66 - Precipitação Chuvosa no período e Desgaste de Sapatas, no TUE 23

Figura 5.67- Precipitação Chuvosa no período e Desgaste de Sapatas, no TUE 24

Comparativo precipitação e média de desgaste nas Sapatas do TUE23

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

27/09/02 a 28/10/02 28/10/02 a 10/12/02 10/12/02 a 27/01/03 27/01/03 a 06/03/03 06/03/03 a 23/04/03 23/04/03 a 04/06/03

Pre

cip

itação (

mm

)

0,000

0,010

0,020

0,030

0,040

0,050

0,060

0,070

Desgaste

(g/k

m)

Precipitação no período Média de desgaste

Comparativo precipitação e média de desgaste nas Sapatas do TUE24

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

23/09/02 a 29/10/02 29/10/02 a 11/12/02 11/12/02 a 28/01/03 28/01/03 a 10/03/03 10/03/03 a 25/04/03 25/04/03 a 05/06/03

Pre

cip

itação (

mm

)

0,000

0,010

0,020

0,030

0,040

0,050

0,060

0,070

Desgaste

(g/k

m)

Precipitação no período Média de desgaste

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112

Figura 5.68- Precipitação Chuvosa no período e Desgaste de Sapatas, no TUE 25

Como explicado anteriormente, os dados de desgaste das sapatas de freio representados nas

Figuras 5.46 a 5.49, incluem o desgaste de vida útil de mais de uma sapata de freio, que foram

repostas na mesma posição do trem durante o período dos testes. Por isso, como o desgaste é

maior no início da utilização de uma sapata de freio; foram também traçados gráficos

correlacionando o Índice Pluviométrico do período, com o desgaste médio obtido em posições

no trem (aqui identificadas como “Sapatas SELECIONADAS”), em que somente uma única

sapata foi fixada durante o período. As Figuras 5.69 e 5.70, referentes aos TUE’S 24 e 25,

respectivamente. Comprova-se que não há significativa mudança no perfil do Desgaste Média

das sapatas do trem.

Comparativo precipitação e média de desgaste das Sapatas do TUE25

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

24/09/02 a 30/10/02 30/10/02 a 12/12/02 12/12/02 a 29/01/03 29/01/03 a 11/03/03 11/03/03 a 29/04/03 29/04/03 a 06/06/03

Pre

cip

itação (

mm

)

0,000

0,010

0,020

0,030

0,040

0,050

0,060

0,070

Desgaste

(g/k

m)

Precipitação no período Média de desgaste

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113

Figura 5.69 – Precipitação Chuvosa e Desgaste Sapatas Selecionadas - TUE 24

Figura 5.70 - Precipitação Chuvosa e Desgaste Sapatas Selecionadas - TUE 25.

Comparativo precipitação e média de desgaste nas Sapatas TUE24 - SELECIONADAS

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

23/09/02 a 29/10/02 29/10/02 a 11/12/02 11/12/02 a 28/01/03 28/01/03 a 10/03/03 10/03/03 a 25/04/03

Pre

cip

itação (

mm

)

0,000

0,010

0,020

0,030

0,040

0,050

0,060

0,070

Desgaste

(g/k

m)

Precipitação no período Média de desgaste

Comparativo precipitação e média de desgaste nas Sapatas TUE25 - SELECIONADAS

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

24/09/02 a 30/10/02 30/10/02 a 12/12/02 12/12/02 a 29/01/03 29/01/03 a 11/03/03 11/03/03 a 29/04/03

Pre

cip

ita

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mm

)

0,000

0,010

0,020

0,030

0,040

0,050

0,060

0,070

De

sg

as

te (

g/k

m)

Precipitação no período Média de desgaste

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114

6 DISCUSSÃO

6.3 Resultados Preliminares

Os Testes Preliminares de Rodagem no Campo, efetuados na CBTU-METROBH, quando

comparados com os resultados obtidos com sapatas dos mesmos fornecedores “A” e “B” na

TRENSURB – Porto Alegre, publicados na literatura, mostraram diferenças significativas no

desempenho das sapatas de freio em diferentes ensaios de campo, como pode ser comprovado

pelas Tabelas 5.14 e 5.15. Foi verificado desgaste por quilômetro, 20% menor da sapata “A”

em Belo Horizonte comparado com o resultado de Porto Alegre, e um Desgaste por quilômetro

50% menor da sapata “B” em Belo Horizonte comparado com o resultado de Porto Alegre. As

diferenças construtivas dos trens de cada operadora, dos perfis das vias de circulação dos trens,

das características operacionais de cada sistema e condições climáticas de cada região,

possivelmente contribuíram para as diferenças de desempenho das sapatas “A” e “B” nessas

duas condições de campo.

Os dados levantados nos trens da CBTU-METROBH indicaram a existência de variação

significativa no desgaste das sapatas de freio de acordo com sua posição e localização no trem,

conforme mostrado nas Figuras 5.35 a 5.38. Foi verificada diferença de até 340% entre

desgastes de sapatas em posições diferentes de fixação no mesmo trem. A hipótese mais

provável para justificar a variação está relacionada com os esforços não padronizados a que são

submetidas às mesmas, em função do perfil da via de circulação dos trens (curvas, rampas,

inclinações laterais, etc.), agravado pela não existência de correção diferencial de rotação das

rodas quando das inserções em curvas, e até mesmo pela distribuição da carga ao longo do

trem.

Analisando as Figuras 5.35 a 5.38, pode-se também verificar que o Desgaste nos Testes

Preliminares de Rodagem no Campo das sapatas de freio “A” e “B” é igual; porém, as

condições de realização dos testes da sapata “B” estavam mais adequadamente padronizadas,

uma vez que todas as rodas do trem foram usinadas e foram colocadas sapatas novas nas 32

posições de fixação de sapatas dos dois carros reboques em teste (RA e RB).

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115

Por sua vez, nos Testes de Rodagem no Campo da sapata “A”, foram instaladas e monitoradas

somente algumas sapatas novas substituídas nos carros (RA e RB) dos três trens utilizados,

sem usinagem das rodas e com sapatas velhas nas demais posições, o que aumentou

desigualmente a possibilidade de desgaste da sapata “A”. Nessas condições era possível

esperar que ocorresse um maior desgaste nas sapatas “A” do que ocorreria se as condições de

realização dos testes fossem as mesmas da sapata “B”.

A diferença verificada no desgaste das sapatas de freio dos fornecedores “A” e “B”, nos

Ensaios de Pino sobre Disco, mostrada na Figura 5.39, não possui uma correspondência com os

resultados das mesmas sapatas nos Testes Preliminares de Rodagem de Campo. Pelos dados da

Figura 5.39 verificou-se que a sapata “A” apresentou uma Média de Desgaste 3,6 vezes menor

do que a sapata “B” nos Ensaios Preliminares de Pino sobre Disco, ou seja, a sapata “A”

desgastou 28% do que desgastou a sapata “B”, nas mesmas condições de ensaio. Em utilização

normal na operação comercial do sistema metroferroviário de Belo Horizonte (Testes

Preliminares de Rodagem no Campo), a sapata “A”, apresentou uma Média de Desgaste

praticamente igual à da sapata “B”.

É grande a probabilidade de que a não proporcionalidade entre os resultados acima

mencionados, tenha sido motivada pelas diferenças nas condições a que foram submetidas as

sapatas “A” e “B” nos Testes Preliminares de Campo, em Belo Horizonte. Também os

parâmetros utilizados nos Ensaios Preliminares de Pino sobre Disco, em especial o fato de ter

sido utilizado o material das sapatas sob a forma de disco, acarretou em baixa eficiência na

remoção das partículas arrancadas da superfície.

Nos Testes de Rodagem no Campo realizados na TRENSURB – Porto Alegre, cujos resultados

estão registrados na Tabela 5.14, a sapata “A” desgastou 58% do que desgastou a sapata “B”,

nas mesmas condições de teste. Tomando-se também os resultados obtidos por essas sapatas

“A’ e “B” nos Ensaios Preliminares de Pino sobre Disco realizados no CETEC-MG e

desconsiderando-se as demais variáveis já mencionadas, pode-se estabelecer uma relação entre

os resultados obtidos nessas condições experimentais, para ilustrar o objetivo proposto por este

trabalho.

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116

6.4 Resultados Complementares

As Análises e Ensaios das rodas ferroviárias, em laboratórios, permitiram comprovar a

conformidade das mesmas com as características especificadas, Tabelas 5.5 e 5.6, e constatar

as transformações metalúrgicas e descontinuidades que vem ocorrendo nas rodas ferroviárias

da CBTU-METROBH durante a vida útil das mesmas, em especial na região de contato roda –

sapata, independentemente da origem ou fornecedor da sapata de resina fenólica (não-amianto)

utilizada, conforme mostrado nas Figuras 5.23 a 5.34.

Quando confrontadas com informações de publicações sobre ocorrências de descontinuidades e

transformações metalúrgicas em rodas ferroviárias nas operadoras ao redor do mundo, várias

delas registradas na Revisão Bibliográfica pudemos verificar que há quase total coincidência

de resultados no que se refere, por exemplo, aos tipos de descontinuidades e inclusões

apresentadas, e à formação de estrutura martensítica [13,16,17,18,20,25,26,36,37]

.

Nos resultados dos ensaios em Dinamômetro, executados em sapatas de freio do fornecedor

“A”, cujo procedimento experimental e resultados são detalhados no item dos ANEXOS,

observa-se que as sapatas ensaiadas apresentaram desempenho satisfatório em relação à Norma

AAR M-926-92 [40]

. A única não conformidade ocorreu em uma das três sapatas “A”

ensaiadas, que no Ensaio de Parada para distância de parada mínima na frenagem leve,

especificada como 85 a 128 metros, verificou-se 78 metros (9% abaixo do valor mínimo). Esta

diferença não é suficiente para a reprovação do lote de sapatas, porque a média das três Sapatas

ensaiadas foi de 92 metros, e é a média dos resultados de todas as Sapatas que caracteriza a

Distância de Parada do Trem. Nesses casos, o procedimento adotado pela CBTU-METROBH é

a liberação do lote de sapatas para utilização e o envio de solicitação de correção ao fornecedor

para o próximo lote de fornecimento.

Quanto aos Ensaios Complementares de Pino Sobre Disco, aos quais foram submetidas sapatas

de freio dos fornecedores “A”, “B” e “C”, foi estabelecido um perfil de desempenho de cada

uma nas condições dos ensaios realizados. Os resultados são comparados em função das trilhas

utilizadas, Figuras 5.40, 5.41 e 5.42, assim como em função das sapatas de diferentes

fornecedores, Figuras 5.43, 5.44 e 5.45.

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117

Um pino usinado de sapata do fornecedor “A” e ensaiado no trilha de 65mm de diâmetro (Fig.

5.40), e outro pino usinado de sapata do fornecedor “C” ensaiado na trilha de 60mm de

diâmetro (Fig. 5.42), apresentaram desgaste proporcionalmente insignificante, tendo como

causa provável a presença de grãos duros na tangente do raio da ponta do pino usinado.

Os pinos correspondentes à sapata do fornecedor “B” apresentaram maior desgaste em todos os

três diâmetros de trilha de contato. Os pinos correspondentes à sapata do fornecedor “C” foram

os segundos maiores em desgaste em duas trilhas, e um último em uma trilha. Os pinos

correspondentes à sapata do fornecedor “A” foram os últimos em desgaste em uma trilha e um

foi o segundo maior em uma trilha, conforme gráficos das Figuras 5.43, 5.44 e 5.45.

Comparando-se o desgaste total em gramas (g), verificado nos pinos de cada sapata “A”, “B” e

“C”, em função da distância total percorrida por todas elas (1.800m) em todas as três trilhas

dos Ensaios de Pino sobre Disco, foi constatada a seguinte proporção:

O pino da sapata “A” desgastou-se na proporção de 57% (43% a menos) do desgaste do

pino da sapata “B”.

O pino da sapata “A” desgastou-se na proporção de 96% (4% a menos) do desgaste do

pino da sapata “C”.

O pino da sapata “B” desgastou-se na proporção de 59% (41% a menos) do desgaste do

pino da sapata “C”.

Os pinos das sapatas dos fornecedores “A”, “B” e “C”, apresentaram na maioria dos casos um

perfil de desgaste em função da distância maior na fase inicial, diminuindo gradativamente ao

longo do teste, tendendo a uma estabilização da taxa de desgaste ao final do ensaio, conforme

Figuras 5.43, 5.44 e 5.45. A elevada taxa de desgaste inicial verificado, com apenas duas

exceções, pode ser justificada pela acomodação que ocorre entre os materiais no início dos

ensaios, e pela maior rugosidade das superfícies no início do processo, assim favorecendo um

maior desgaste inicial.

Nos Testes de Rodagem no Campo realizados na TRENSURB – Porto Alegre registrados na

Tabela 5.14, a sapata “A” desgastou 58% do que desgastou a Sapata “B” nas mesmas

condições de teste. Verificou-se portanto que a diferença de desgaste entre as sapatas “A” e

“B” nos Ensaios Complementares de Pino sobre Disco foi praticamente igual à diferença de

desgaste entre as sapatas “A” e “B” no Teste de Rodagem no Campo na TRENSURB.

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118

Os Testes Complementares de Rodagem no Campo, de sapatas de freio de resina fenólica (não-

amianto), dos fabricantes “A” e “C” foram executados com um acompanhamento mais apurado

do comportamento e das variáveis de regulagem e condições operacionais dos trens, em

comparação com o que ocorreu nos Testes Preliminares de Rodagem no Campo. Foram

excluídos durante a compilação dos resultados dos Testes Complementares de Rodagem no

Campo, os dados referentes às sapatas e posições de fixação de sapatas, que durante os testes

foram de alguma forma afetados por ocorrências alheias aos objetivos deste trabalho. Isto

significou a exclusão das informações de 16 das 128 posições ou sapatas (correspondendo a

12,5% das mesmas), o que aumentou a representatividade dos resultados apresentados, por

considerar apenas as sapatas cujo desgaste ocorreu por utilização do freio nas condições

operacionais normais.

Analisando os gráficos de desgaste obtidos nos Testes Complementares de Rodagem no

Campo, Figuras 5.46 a 5.49, é possível identificar alguns comportamentos curiosos, como o

fato de que em alguns meses dentro do período de testes a amplitude da variação do desgaste

das sapatas, apresentou-se destacadamente maior (aumento dos grandes picos e profundos

vales), deixando aparente uma maior instabilidade no desgaste das sapatas. O caso mais

marcante foi observado nas pesagens efetuadas ao final do mês de Janeiro/2003, conforme

registrado nas Figuras 5.46, 5.47 e 5.48, que nos alertou para a possibilidade do elevado Índice

Pluviométrico desta época do ano em Belo Horizonte ter influenciado nos resultados, o que foi

comprovado posteriormente.

Outra constatação de destaque na análise dos gráficos de acompanhamento do desgaste ocorreu

nos Testes Complementares de Rodagem no Campo, identificado na Figura 5.47, onde nas

pesagens das sapatas “A” instaladas no TUE 24 foi verificada grande diferença de desgaste

entre as sapatas instaladas no carro reboque “RA” e as sapatas instaladas no carro reboque

“RB”. Esta diferença significou uma vida útil menor entre sete e dezessete mil quilômetros

para as sapatas do carro “RB”.

Outro caso surpreendente refere-se à diferença no desgaste das sapatas instaladas nos carros

“RA e RB”, no mesmo TUE 10, Figura 5.49, podendo-se verificar que a maioria das sapatas do

carro “RA” teve vida útil até sete mil quilômetros menor, em relação às sapatas do carro “RB”.

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119

Verificou-se que as regulagens dos equipamentos eletropneumáticos dos sistemas de freio dos

TUE’s 10 e 24, estavam todas dentro das tolerâncias de projeto.

Nas Figuras 5.50 a 5.58, estão agrupados em gráficos, os desgastes de várias sapatas dos quatro

trens testados, as quais apresentavam coincidência de período de utilização no mesmo trem,

permitindo verificar que nos primeiros quilômetros rodados os desgastes são maiores e

apresentam uma maior dispersão, e que ao se aproximar o final da sua vida útil ocorreu em

quase todas uma diminuição e estabilização do desgaste, tendendo a valores muito próximos.

Esta constatação é semelhante à verificada nos Ensaios de “Pino sobre Disco”, como visto nas

Figuras 5.40 a 5.42. A dispersão inicial do desgaste verificada em praticamente todas as

Figuras pode ser justificada pela acomodação inicial que ocorre entre os materiais, pela maior

rugosidade inicial das superfícies da roda e da sapata, e pelas diferenças de dureza, composição

e recobrimento das superfícies em relação ao interior do material, as quais somadas favorecem

a obtenção dessa dispersão inicial.

Pelas Figuras 5.50 a 5.58, verifica-se também que a vida útil média das sapatas “A” esteve

compreendida entre 25.000 e 51.000km, nos três trens monitorados; enquanto que a vida útil

média das sapatas “C” esteve compreendida entre 27.000 e 34.000km, no único trem equipado

com a mesma.

A influência do Índice Pluviométrico da cidade de Belo Horizonte, nos resultados do desgaste

das sapatas, em cada um dos períodos de Teste de Rodagem no Campo das sapatas de freio,

Figura 5.59, ficou comprovada e é significativa, tendo em vista sua confrontação com o

desgaste das sapatas de freio, mostrado nas Figuras 5.66 a 5.68, e confirmados pelas Figuras

5.69 e 5.70. Verifica-se que aos períodos de maior Índice Pluviométrico correspondem a um

maior desgaste médio das sapatas.

A influência do número de Frenagens de Emergência nos resultados do desgaste das sapatas de

freio, em cada um dos períodos de Teste de Rodagem no Campo, como mostrado nos gráficos

das Figuras 5.64 e 5.65, não ficou conclusivamente comprovada pela razão da existência de

uma gradação na severidade do desgaste das sapatas quando provocado pelas Frenagens de

Emergência, de acordo com as causas que as motivaram. Por razões operacionais dos trens e

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120

da via de rolamento, a quantidade de Frenagens de Emergência varia proporcionalmente ao

Índice Pluviométrico de cada período.

Os gráficos mostrados nas Figuras 5.66 a 5.68 representam em alguns casos o desgaste médio

de duas e não somente de uma sapata de freio, devido a trocas por fim da vida útil de algumas

das sapatas das 32 posições de fixação existentes nos dois carros reboques dos trens. Os

gráficos das Figuras 5.69 e 5.70 foram traçados sem a inclusão das posições que utilizaram

duas sapatas durante os testes nos TUE’s 24 e 25 e confirmaram que as sapatas trocadas no

período dos Testes de Rodagem no Campo pouco alteraram os valores médios de desgaste das

sapatas. Os gráficos das Figuras 5.69 e 5.70 registram cinco dos seis períodos dos Testes de

Rodagem no Campo contidos nas Figuras 5.67 e 5.68.

Nas Tabelas 6.16, 6.17 e 6.18 a seguir estão representados os percentuais de comparação do

volume total desgastado das sapatas “A”, “B” e “C”, confrontadas duas a duas, ou seja, sapata

“A” com “B”, sapata “A” com “C” e sapata “B” com “C”, cujos resultados foram verificados

nos Testes de Rodagem no Campo (Preliminares e Complementares) e nos Ensaios de Pino

sobre Disco (Preliminares e Complementares), realizados na CBTU-METROBH e no CETEC-

MG, respectivamente.

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121

Estão sendo comparadas as somatórias do volume total dos desgastes obtidos nos Testes de

Rodagem de cada sapata, e as somatórias do volume total dos desgastes de todas as trilhas,

obtidos nos Ensaios de Pino sobre Disco.

Tabela 6.16 - Desgastes percentuais comparativos entre as Sapatas “A” e “B”.

Tabela 6.17- Desgastes percentuais comparativos entre as Sapatas “A” e “C”.

Tabela 6.18- Desgastes percentuais comparativos entre as Sapatas “B” e “C”.

Sapata "A" Sapata "B"

Testes preliminares 28% 100%

Testes complementares - Não testada

Ensaios preliminares 40% 100%

Ensaios complementares 57% 100%

Testes de Rodagem

no Campo (RC)

Ensaios de Pino

sobre Disco (PSD)

Sapata "A" Sapata "C"

Testes preliminares - Não testada

Testes complementares 80% 100%

Ensaios preliminares - Não testada

Ensaios complementares 96% 100%

Testes de Rodagem

no Campo (RC)

Ensaios de Pino

sobre Disco (PSD)

Sapata "B" Sapata "C"

Testes preliminares - Não testada

Testes complementares Não testada -

Ensaios preliminares - Não testada

Ensaios complementares 100% 59%Ensaios de Pino

sobre Disco (PSD)

Testes de Rodagem

no Campo (RC)

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122

Utilizando os dados da Tabela 6.17 verifica-se que para as condições experimentais

apresentadas, 4% de diferença de desgaste entre as sapatas “A” e “C” no Ensaio de Pino sobre

Disco corresponderam a 20% de diferença de desgaste entre as sapatas “A” e “C” no Teste de

Rodagem no Campo na CBTU-METROBH.

A Tabela 6.19 resume e totaliza as características e os resultados dos Testes Complementares

de Rodagem no Campo dos quatro trens que estiveram envolvidos no processo.

Notas:

- Desgaste total das sapatas (g/km): corresponde à somatória da massa perdida por todas as

sapatas testadas em cada trem, por quilômetro rodado.

- Desgaste médio por posição (g/km): corresponde à média da massa perdida pelas sapatas

testadas, nas diversas posições de fixação no trem, por quilômetro rodado.

Tabela 6.19 – Resumo Testes Complementares de Rodagem no Campo.

N° de Posições de Sapatas testadas

Quilometragem Total do Teste

(km) Trem Unidade Elétrica

TUE 23 (Sapata "A")

TUE 24 (Sapata "A")

TUE 25 (Sapata "A")

TUE 10 (Sapata "C")

85.415

74.449

60.425

70.514 9,605

Período do Teste Desgaste Total

das Sapatas (g/km)

Fev/03 a Dez/03

Desgaste Médio por

posição (g/km)

Set/02 a Jun/03

Out/02 a Jun/03

Out/02 a Jun/03

10,066

8,388

7,480

30

30

28

30

0,336

0,280

0,267

0,320

290.803 Total Geral 1,504 118 35,539 36 meses

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123

A somatória do desgaste em gramas por quilômetro percorrido pelos pinos das sapatas “A”,

“B” e “C”, submetidos aos Ensaios Complementares de Pino sobre Disco nas três trilhas

(diâmetros de 55, 60 e 65mm), foi respectivamente:

Os pinos da sapata “A” tiveram desgaste total (soma) nos Ensaios, de 51,33x10-4

g/km;

Os pinos da sapata “B” tiveram desgaste total (soma) nos Ensaios, de 90,22x10-4

g/km;

Os pinos da sapata “C” tiveram desgaste total (soma) nos Ensaios, de 53,12x10-4

g/km.

Utilizando os dados da Tabela 6.19, verifica-se que a sapata “A” que teve 51,33x10-4

g/km de

desgaste nos Ensaios de Pino sobre Disco na somatória dos pinos fabricados com seu material,

teve 10,066g/km de desgaste total das sapatas dos trens submetidos aos Testes de Rodagem no

Campo, realizados nas condições experimentais deste trabalho.

Para a sapata “C”, os resultados da Tabela 6.19 indicam que 53,12x10-4

g/km de desgaste nos

Ensaios de Pino sobre Disco na somatória dos pinos fabricados com seu material, teve

9,605g/km de desgaste total das sapatas dos trens submetidos aos Testes de Rodagem no

Campo, realizados nas condições experimentais deste trabalho.

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124

6.5 Testes de Rodagem no Campo

Os Testes de Rodagem no Campo de sapatas de freio ferroviárias, quando adequadamente

realizados, exigem um tempo de preparação e execução que muitas vezes ultrapassa os prazos

comerciais para devolução ou pagamento dos lotes de sapatas em processo de recebimento.

Além disso, se os Testes de Rodagem no Campo forem utilizados como a única forma de

inspeção de sapatas de freio, no caso de má qualidade das sapatas em inspeção haverá durante

o período dos testes um risco considerável para a segurança do sistema operacional em que o

teste estiver sendo realizado, pela possibilidade de ocorrência de excesso ou insuficiência de

frenagem no trem utilizado. Também importante, é o risco econômico, em função de possíveis

gastos elevados decorrentes de perda de mão de obra de manutenção e de vida útil das rodas

ferroviárias, além do maior tempo de imobilização dos trens.

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125

7 CONCLUSÕES

- Com a realização dos Ensaios Preliminares de Pino sobre Disco de sapatas de freio de resina

fenólica (não amianto), verificou-se ser possível obter deles resultados que podem ser

relacionados com os obtidos pelas mesmas sapatas nos Testes de Rodagem no Campo,

realizados na TRENSURB.

- Os Ensaios Complementares de Pino Sobre Disco realizados com maior controle sobre as

variáveis de regulagem e condições de execução, permitiram reforçar a relação de seus

resultados com os resultados de mesmas sapatas nos Testes de Rodagem no Campo realizados

na TRENSURB, sendo verificada a quase igualdade entre as comparações de desgaste.

- As transformações metalúrgicas e descontinuidades, que ocorrem durante a vida útil das

rodas ferroviárias em operação na CBTU-METROBH, em especial na região de contato roda –

sapata de resina fenólica (não-amianto), não diferem significativamente dos resultados

relatados pelas demais operadoras metroferroviárias e de transporte de carga no Brasil, bem

como pela grande maioria das empresas do segmento ferroviário mundial.

- Os resultados obtidos nos Testes de Rodagem no Campo demonstraram um significativo

aumento do desgaste das sapatas nos períodos de maior Índice Pluviométrico, justificando

recomendar, para aumento da segurança dos sistemas ferroviários, que as periodicidades de

inspeção das sapatas de freio sejam definidas diferenciadamente, levando-se esse fator em

consideração, ou seja, deve-se realizar inspeções nas sapatas de freio em intervalos de tempo

menores durante os períodos chuvosos.

- Comprovou-se a grande aplicabilidade dos Testes Práticos de Campo das sapatas de freio,

quando criteriosamente realizados, para a maximização de sua vida útil, uma vez que os

resultados obtidos podem servir como referência para a otimização das regulagens dos

equipamentos que compõem o Sistema de Freio dos Trens, baseado na verificação prática do

desempenho e do desgaste desse sistema.

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126

- O Ensaio Tribológico de “Pino Sobre Disco”, permitiu estabelecer comparações do

desempenho tribológico entre sapatas de freio ferroviárias e permitiu estimar, também de

forma comparativa, o desempenho de uma determinada sapata de freio nos Testes de Rodagem

no Campo.

- Os resultados apresentados nesta dissertação autorizam o autor a concluir que o Ensaio

Tribológico de “Pino sobre Disco”, o qual implica em poucas horas de preparação e execução,

é capaz de avaliar com razoável grau de acerto, o desgaste de sapatas de freio em Testes de

Rodagem no Campo.

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127

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Meteorologia - INMET – 5º Distrito de Meteorologia-5ºDISME – Seção de Observação e

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Técnica ABNT – Comitê Brasileiro do Equipamento e Material Ferroviário – CB6 – Sub-

Comitê Brasileiro de Freio – SCB 6:08, São Paulo , 1984.

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132

9 ANEXOS

9.1 Ensaios em Dinamômetro

Com o objetivo de verificar o desempenho e características das sapatas de freio do fornecedor

“A” no Ensaio Dinamométrico, foram efetuados testes em Bancada de Teste Dinamométrico,

onde foram testadas 03 (três) amostras de sapatas de freio do fabricante “A”, com

acompanhamento, no Laboratório de Ensaio Dinamométrico do Instituto de Pesquisas

Tecnológicas -IPT-SP, em Junho/2003 [40].

Os dados foram sistematizados, tendo o auxílio de um "software" desenvolvido para esse tipo

de ensaio, que permitiu o monitoramento e aquisição dos seguintes parâmetros: temperatura,

cargas equivalentes sobre a roda, pressão aplicada no cilindro de freio, distância percorrida,

aceleração, tempo de frenagem e velocidade, possibilitando a avaliação do desempenho, em

relação ao coeficiente de atrito do freio, em laboratório.

9.1.1 Metodologia do Ensaio Dinamométrico

As sapatas foram ensaiadas, com base em norma da AAR - Association of American Railroads

para Sapatas de Freio Não Metálicas, de Composição de Alto Coeficiente de Atrito -

Especificação M-926-92 ("Especification M-926-92 -Brake Shoes High Friction Composition

Type"), considerando os procedimentos para realização de dois tipos de ensaios: Rampa

(manutenção da velocidade em rampa decrescente) e Parada (a partir da velocidade inicial

especificada).

Para determinar o desempenho de uma amostra, esta deve ser constituída de corpos-de-prova

formados por 03 (três) unidades da sapata em teste. As amostras da sapata “A”, receberam a

designação (CA) do laboratório como segue: CA-04103, CA-05103 e CA-06103. Sendo 103 o

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133

número seqüencial do serviço contratado, e 04, 05 e 06 o número seqüencial das unidades

ensaiadas.

A densidade 2,20g/cm3 do material da sapata de freio, foi conhecida através do Certificado de

Qualidade do fabricante da sapata “A”.

O assentamento inicial da sapata na roda que foi efetuado a frio, atingiu a 100% da área de

atrito; e cada nova seqüência do ensaio só era iniciada após a temperatura da roda estar abaixo

de 50°C.

9.1.1.1 Ensaio de Rampa

Significa simular uma frenagem constante do trem durante a descida de um longo trecho em

Rampa. O Ensaio de Rampa foi realizado por 02 (duas) vezes, em cada corpo de prova, sempre

mantendo a velocidade de 32km/h, com forças de aplicação diferentes na Sapata, identificada

pela denominação leve ou pesada, e equivalentes a 14,64kN e 26,78kN, respectivamente.

9.1.1.2 Ensaio de Parada

Significa simular a frenagem do trem até a parada completa, a partir de velocidades iniciais

diferentes. O Ensaio de Parada foi realizado por 18 (dezoito) vezes, em cada corpo de prova,

sendo 9 (nove) delas com força de aplicação leve e outras 9 (nove) com força de aplicação

pesada. Cada grupo de 9 (nove) ensaios, foi dividido em 3 (três) grupos de 3 (três) ensaios,

partindo de velocidades iniciais distintas a saber: 96,5km/h; 64,5km/h e 32km/h.

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134

9.1.2 Equipamentos utilizados

Os equipamentos utilizados neste ensaio foram:

Balança digital para medição de perdas de massa, com sensibilidade de 0,1g

(Certificado de Calibração nº42611 do IPT-SP); para pesagem da sapata após cada aplicação;

Termopar para medição de temperatura do corpo de prova (sapata), durante o ensaio,

com sensibilidade de 0,1°C (Certificado de Calibração n° 43360 do IPT-SP);

Um Dinamômetro acoplado a uma placa de aquisição de dados e um computador – PC,

que permitiu a determinação das cargas equivalentes sobre a Roda Ferroviária de teste,

coeficientes de atrito, pressão aplicada no cilindro de freio, distância percorrida e

desaceleração.

9.1.3 Características principais do Dinamômetro

A roda ferroviária do Dinamômetro deve ter o contorno (perfil) definido na Norma

AAR, ser de Classe B (que define o Tratamento Térmico e Dureza) e ter diâmetro mínimo de

31” (787,4mm) e no máximo 38” (965,2mm);

A roda ferroviária do Dinamômetro deverá ser usinada para estar isenta de imperfeições

(garantir sua concentricidade);

O Termopar de medição da temperatura da roda durante o ensaio deve ser posicionado

no centro da superfície de rolamento da roda (região do contato roda-sapata);

O Dinamômetro deve conter um ventilador de jato e/ou sucção, para resfriar a roda e

movimentar o ar entre 25 a 30km/h, de encontro à mesma, simulando o movimento do veículo

ferroviário;

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135

A pressão do cilindro de freio deve ser uniformemente aplicada, e o equivalente a 70%

da pressão final, deve ser obtido depois de decorridos 1,5 a 3,0s da aplicação.

A Figura 71 ilustra esquematicamente, a configuração e instrumentação de um Dinamômetro

para ensaio de sapatas de freio ferroviárias.

Figura 71 - Esquema da Instrumentação do Dinamômetro [41].

Legenda : 01 → Célula de Carga para medir a força de aplicação

02 → Medidor de torque

03 → Sensor de velocidade

04 → Sensor de temperatura

Fb → Força aplicada pelo cilindro de freio

Ff → Força de frenagem

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9.1.4 Resultados dos Ensaios Dinamométricos realizados na Sapata “A”

Tabela 20 – Ensaio de Rampa com frenagem leve e pesada

Tabela 21 – Ensaio de Parada, distância de parada.

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Tabela 22 – Ensaio de Parada, com frenagem leve e pesada.

Tabela 23 – Ensaio de Parada, força e coeficiente de atrito

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Tabela 24 - Ensaio de Parada, força e coeficiente de atrito.

Tabela 25 – Verificação do desgaste das Sapatas ensaiadas

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9.1.5 Discussão dos Resultados do Ensaio Dinamométrico

(Relatório Técnico Nº 65.918 do IPT – Divisão de Tecnologia de Transportes Ferroviário e

Rodoviário – Junho/2003)

Observa-se, nos resultados apresentados nas tabelas demonstrativas, que as sapatas “A”

ensaiadas, apresentaram desempenho satisfatório em relação à Norma AAR M-926-92, exceto

no requisito do Ensaio de Parada (a segunda Tabela) para distância de parada mínima (Sapata

CA-04), na frenagem leve (14,64kN).

A roda utilizada não apresentou alteração de coloração na superfície de contato sapata-roda

durante a realização dos ensaios; e as superfícies de contato da roda ferroviária e das sapatas de

freio, não apresentaram defeitos superficais.

Durante o ensaio, não foram percebidos cheiros, faísca, fumaça ou ruído anormal.

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9.2 Procedimento para Implantação da Sistemática de Ensaio

Para garantir a eficácia do Ensaio Tribológico de “Pino sobre Disco” nestas aplicações

propostas, indica-se que seja seguido o seguinte procedimento para implantação:

Submeter aos Testes de Rodagem no Campo as diversas sapatas de freio já em

utilização na operadora interessada, obedecendo a parâmetros como os que constam desta

dissertação, para estabelecer o comportamento típico de cada sapata de freio nas características

operacionais dessa companhia operadora ferroviária ou metroferroviária.

Realizar, paralelamente, Ensaios Tribológicos de “Pino sobre Disco” em sapatas de

freio dos mesmos lotes, obedecendo a parâmetros como os que constam desta dissertação, para

estabelecer o comportamento típico de cada sapata de freio, em laboratório.

Determinar, através dos resultados, as correspondências relativas de desempenho entre

os Testes de Rodagem no Campo e os Ensaios de Pino sobre Disco. Essas proporcionalidades

deverão ser determinadas levando-se em consideração os outros “fatores influentes no

desgaste” que sejam significativos, como os que foram identificados nesta dissertação.

Quando de novas aquisições de sapatas de freio desses mesmos fornecedores e, a partir

de então, dentro de um processo normal de inspeção e aprovação dos lotes recebidos; executar

novos Ensaios de Pino sobre Disco e confrontar esses resultados com os registros já existentes,

referentes aos Ensaios de Pino sobre Disco anteriormente executados, e às proporcionalidades

relativas de desempenho no campo já estabelecidas, para comparação.

É importante salientar que, uma vez que o Ensaio de Pino sobre Disco seja estabelecido como

o método freqüente e prioritário para avaliação de lotes de sapatas de freio em uma operadora,

dever-se-á definir também uma periodicidade para realizar Testes de Rodagem no Campo, em

lotes de sapatas de freio até mesmo já em utilização, ou seja, recentemente aprovados no

Ensaio Tribológico de Pino sobre Disco pelo processo comparativo de desempenho, o que

permitirá revalidar e até atualizar as proporcionalidades relativas de desempenho anteriormente

estabelecidas.