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B6 | CIDADES | SEXTA-FEIRA, 6 DE JUNHO DE 2014 Folha de Alphaville semanas, a partir das 20h, a água da rua é cortada e o es- tabelecimento, que funciona até as 22h de quarta a sábado, passa aperto. “Quando alu- guei o estabelecimento aqui, não sabia que poderia haver problemas e instalei três pias, porque aqui não era adaptado para restaurantes. É horrível, porque o pessoal, tanto funcio- nários como clientes, querem usar o banheiro e passamos constrangimento porque não há água. Sem contar a louça suja, que muitas vezes levamos para o segundo andar, quando não dá tempo de aproveitar a água para lavar tudo, e deixa- mos por lá até a manhã seguin- te, quando a caixa está cheia novamente.” Para acabar com o proble- ma, Milton terá que fazer mo- dificações de canos, caixa e pensa até em carro-pipa. Tudo saíra do próprio bolso. Questionado se entrou em contato com a Sabesp para A pesar da situação extrema- mente crítica do Sistema Cantareira, que tem apresenta- do uma significativa queda de 0,1% diariamente no nível de água – que na última quinta- -feira (5) chegou a 24,4% – ao abastecer cerca de 8 milhões de pessoas na Grande São Paulo, a Sabesp nega possibilidade de racionamento imediato, apesar de afirmar que, no pior dos ca- sos, a água acabará em outu- bro deste ano. Em Alphaville, porém, moradores e principal- mente comerciantes já começa- ram a sentir as consequências da crise e reclamam sobre tor- neiras secas durante parte da tarde e da noite, diariamente. No Centro Comercial Al- phaville (CCA), os comercian- tes da praça das Magnólias estão desesperados com a seca de seus estabelecimen- tos. Milton Melquiades, por exemplo, dono de um restau- rante, tem tido sérios proble- mas com a limpeza e o uso do banheiro e com a louça, que muitas vezes fica suja até o dia seguinte, quando a água volta a aparecer. Segundo ele, há algumas Concessionária confirma pressão mais baixa da água no período da noite, mas nega cortes Racionamento Sabesp nega cortes de água, mas comerciantes e moradores reclamam da seca que atinge o bairro à noite Falta de água já atinge bairro e afeta comércio discutir o problema, Milton explica: a concessionária nega racionamento, deixan- do o proprietário ainda mais indignado. “A Sabesp está há quantos anos utilizando essa água? Como que não perce- beu que isso poderia acon- tecer e o que fez para cuidar dessa água? A população pre- cisa cobrar a concessionária urgentemente.” Também no Tamboré 4 o ra- cionamento velado é um incô- modo diário. A administradora de empresas Tatiana Félix co- meçou a perceber o problema ao mudar a rotina da casa. “An- tes eu trabalhava no período da manhã, porque minha filha era muito nova, mas depois que ela completou um ano, voltei a trabalhar em período integral. Quando chego em casa, por volta das 20h, a primeira coi- sa que faço é dar banho nela e comecei a perceber que a água vinha muito fraquinha e depois de usar a água para dar banho nela, não tinha jeito de tomar- mos banho nem eu e nem o meu marido, porque já não ti- nha mais água.” De acordo com a moradora, a Sabesp havia confirmado, no mês passado, que estaria dimi- nuindo a pressão da água no período da noite, mas informou que a distribuição seguia nor- mal, sem cortes . “Eles negam de todas as maneiras. Entendo que se diminuem a pressão da água, ela vem mais fraca. Mas aqui ela acaba mesmo. E não sou só eu, meus vizinhos recla- mam diariamente da mesma coisa.” Em resposta à Folha de Alphaville, a concessionária informou que “em relação à reclamação de falta de água no período da tarde no Centro Co- mercial Alphaville, não tem re- cebido reclamações no período informado” e que “eventuais problemas podem acontecer com ocorrências pontuais de interrupção no fornecimento de energia elétrica, falhas de equipamentos e manutenções de rede.” Sobre ocorrências de falta de água na região, a Sabesp pede, mais uma vez, para que os clientes entrem em contato pelos canais de atendimento como o telefone 195. 3 MESES É o tempo médio que o comércio do CCA vem reparando em cortes de água 20 HORAS É o horário em que os estabelecimentos identificam o corte de água diariamente PROBLEMA. Em seu restau- tante, Milton nem sempre consegue lavar toda a louça do dia, por conta da seca no esta- belecimento O problema é horrível e agora tenho que mudar canos e caixas para ter certeza de que vou ter água de dia e à noite” Milton Melquiades Dono de restaurante Ana Carolina Pereira repor [email protected] Fotos: Sandro Almeida / Folha de Alphaville Lojistas citam problemas diários AES anuncia plano para a Copa Administração Atendimento Escutados pela reportagem, comerciantes do CCA relataram problemas cotidianos na rotina da área empresarial. Reclamações como a demo- ra na coleta dos materiais depo- sitados nas lixeiras, que estaria juntando mosquitos e deixando mau cheiro, bem como o com- portamento de alguns motoci- clistas, que estariam urinando nas paredes do Centro Comer- cial, foram algumas das situa- ções reportadas. De acordo com o gerente geral do Centro Comercial Al- phaville, Eduardo Pereira, po- rém, a coleta de lixo está sendo executada dentro dos padrões habituais. “No Centro Comer- cial Alphaville são recolhidos em média 8 toneladas de lixo por dia e a administração não recebeu nenhuma reclamação A AES Eletropaulo reforça seu contingente e terá mais de 2 mil colaboradores traba- lhando 24h durante os jogos da Copa do Mundo. Equipes da concessionária ficarão de prontidão para que, em casos de ocorrências na rede elétri- nesse sentido”, explica. Quanto às paredes servirem de banheiro para transeuntes e motociclistas, o gerente res- salta: “Infelizmente, esse tipo de atitude pode ocorrer, talvez à noite, mas nossa segurança está sempre atenta para coibir esse ou qualquer outro tipo de ocorrência.” Pereira conta ainda que está sendo estudada a possibilidade de fechamento dos portões do CCA no período da noite. ca, sejam realizadas mano- bras no sistema e trabalhos de campo, agilizando o tempo de atendimento. Os pontos estratégicos da área de concessão incluem circuitos de energia próximos a hospitais, aeroportos, rodo- viárias e hotéis, além de re- giões com grande concen- tração de torcedores como o Vale do Anhangabaú e o Arena Corinthians. O call center da AES funcionará no esquema normal e todos os dias. PORTÕES. Problemas podem levar CCA, que é 24h, a fechar à noite

Racionamento e moradores reclamam da seca que atinge o ... · tes da praça das Magnólias estão desesperados com a seca de seus estabelecimen-tos. Milton Melquiades, por exemplo,

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B6 | CIDADES | SEXTA-FEIRA, 6 DE JUNHO DE 2014 Folha de Alphaville

semanas, a partir das 20h, a água da rua é cortada e o es-tabelecimento, que funciona até as 22h de quarta a sábado, passa aperto. “Quando alu-guei o estabelecimento aqui, não sabia que poderia haver problemas e instalei três pias, porque aqui não era adaptado para restaurantes. É horrível, porque o pessoal, tanto funcio-nários como clientes, querem usar o banheiro e passamos constrangimento porque não

há água. Sem contar a louça suja, que muitas vezes levamos para o segundo andar, quando não dá tempo de aproveitar a água para lavar tudo, e deixa-mos por lá até a manhã seguin-te, quando a caixa está cheia novamente.”

Para acabar com o proble-ma, Milton terá que fazer mo-difi cações de canos, caixa e pensa até em carro-pipa. Tudo saíra do próprio bolso.

Questionado se entrou em contato com a Sabesp para

Apesar da situação extrema-mente crítica do Sistema

Cantareira, que tem apresenta-do uma signifi cativa queda de 0,1% diariamente no nível de água – que na última quinta--feira (5) chegou a 24,4% – ao abastecer cerca de 8 milhões de pessoas na Grande São Paulo, a Sabesp nega possibilidade de racionamento imediato, apesar de afi rmar que, no pior dos ca-sos, a água acabará em outu-bro deste ano. Em Alphaville, porém, moradores e principal-mente comerciantes já começa-ram a sentir as consequências da crise e reclamam sobre tor-neiras secas durante parte da tarde e da noite, diariamente.

No Centro Comercial Al-phaville (CCA), os comercian-tes da praça das Magnólias estão desesperados com a seca de seus estabelecimen-tos. Milton Melquiades, por exemplo, dono de um restau-rante, tem tido sérios proble-mas com a limpeza e o uso do banheiro e com a louça, que muitas vezes fi ca suja até o dia seguinte, quando a água volta a aparecer.

Segundo ele, há algumas

Concessionária confi rma pressão mais baixa da água no período da noite, mas nega cortes

Racionamento Sabesp nega cortes de água, mas comerciantes e moradores reclamam da seca que atinge o bairro à noite

Falta de água já atinge bairro e afeta comércio

discutir o problema, Milton explica: a concessionária nega racionamento, deixan-do o proprietário ainda mais indignado. “A Sabesp está há quantos anos utilizando essa água? Como que não perce-beu que isso poderia acon-tecer e o que fez para cuidar dessa água? A população pre-cisa cobrar a concessionária urgentemente.”

Também no Tamboré 4 o ra-cionamento velado é um incô-modo diário. A administradora de empresas Tatiana Félix co-meçou a perceber o problema ao mudar a rotina da casa. “An-tes eu trabalhava no período da manhã, porque minha fi lha era muito nova, mas depois que ela completou um ano, voltei a trabalhar em período integral. Quando chego em casa, por volta das 20h, a primeira coi-sa que faço é dar banho nela e comecei a perceber que a água vinha muito fraquinha e depois de usar a água para dar banho nela, não tinha jeito de tomar-mos banho nem eu e nem o meu marido, porque já não ti-nha mais água.”

De acordo com a moradora, a Sabesp havia confi rmado, no mês passado, que estaria dimi-nuindo a pressão da água no

período da noite, mas informou que a distribuição seguia nor-mal, sem cortes . “Eles negam de todas as maneiras. Entendo que se diminuem a pressão da água, ela vem mais fraca. Mas aqui ela acaba mesmo. E não sou só eu, meus vizinhos recla-mam diariamente da mesma coisa.”

Em resposta à Folha de Alphaville, a concessionária informou que “em relação à reclamação de falta de água no período da tarde no Centro Co-

mercial Alphaville, não tem re-cebido reclamações no período informado” e que “eventuais problemas podem acontecer com ocorrências pontuais de interrupção no fornecimento de energia elétrica, falhas de equipamentos e manutenções de rede.”

Sobre ocorrências de falta de água na região, a Sabesp pede, mais uma vez, para que os clientes entrem em contato pelos canais de atendimento como o telefone 195.

3MESESÉ o tempo médio que o comércio do CCA vem reparando em cortes de água

20HORASÉ o horário em que os estabelecimentos identifi cam o corte de água diariamente

PROBLEMA. Em seu restau-tante, Milton nem sempre consegue lavar toda a louça do dia, por conta da seca no esta-belecimento

O problema é horrível e agora tenho que mudar canos e caixas para ter certeza de que vou ter água de dia e à noite”

Milton MelquiadesDono de restaurante

Ana Carolina [email protected]

Fotos: Sandro Almeida / Folha de Alphaville

Lojistas citam problemas diários AES anuncia plano para a CopaAdministraçãoAtendimento

Escutados pela reportagem, comerciantes do CCA relataram problemas cotidianos na rotina da área empresarial.

Reclamações como a demo-ra na coleta dos materiais depo-sitados nas lixeiras, que estaria juntando mosquitos e deixando mau cheiro, bem como o com-portamento de alguns motoci-clistas, que estariam urinando nas paredes do Centro Comer-cial, foram algumas das situa-ções reportadas.

De acordo com o gerente geral do Centro Comercial Al-phaville, Eduardo Pereira, po-rém, a coleta de lixo está sendo executada dentro dos padrões habituais. “No Centro Comer-cial Alphaville são recolhidos em média 8 toneladas de lixo por dia e a administração não recebeu nenhuma reclamação

A AES Eletropaulo reforça seu contingente e terá mais de 2 mil colaboradores traba-lhando 24h durante os jogos da Copa do Mundo. Equipes da concessionária fi carão de prontidão para que, em casos de ocorrências na rede elétri-

nesse sentido”, explica.Quanto às paredes servirem

de banheiro para transeuntes e motociclistas, o gerente res-salta: “Infelizmente, esse tipo de atitude pode ocorrer, talvez à noite, mas nossa segurança

está sempre atenta para coibir esse ou qualquer outro tipo de ocorrência.”

Pereira conta ainda que está sendo estudada a possibilidade de fechamento dos portões do CCA no período da noite.

ca, sejam realizadas mano-bras no sistema e trabalhos de campo, agilizando o tempo de atendimento.

Os pontos estratégicos da área de concessão incluem circuitos de energia próximos a hospitais, aeroportos, rodo-

viárias e hotéis, além de re-giões com grande concen-tração de torcedores como o Vale do Anhangabaú e o Arena Corinthians.

O call center da AES funcionará no esquema normal e todos os dias.

PORTÕES. Problemas podem levar CCA, que é 24h, a fechar à noite