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Racismo

Racismo - .NET Framework

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Confira uma Redação Modelo sobre o recorte temático: “Somos todos iguais”: expressão falaciosa da democracia moderna. O racismo ainda bate às portas.

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Nariz achatado e cetim no berçoPor Gislaine Buosi

Tem-se que democracia é o regime em que não existem desigualdades e/ou privilégios de classes; tem-se que racismo é o preconceito através da discriminação; discriminação é separação. Logo, à luz dessas considerações, a democracia anula o racismo. Ledo engano. Num país de raças, credos, costumes e religiões diferentes, é quase impossível não se falar em racismo. Aqui, a bandeira da democracia, sobretudo a da democracia racial, não se confirma.

O arremesso de uma banana ao jogador Daniel Alves foi o reinício da polêmica que nunca deixou de existir, enrustida nos corredores subterrâneos da sociedade. Orgulhar-se do oásis instalado na floresta amazônica, exaltar a mulata que rebola os quadris nas avenidas do Rio, provar dos parques gastronômicos da Bahia, comercializar em São Paulo, tudo isso compõe um belo cartão postal do Brasil. Porém, falta cor nesse cartão: o preto. Exatamente o preto que, como mercadoria, foi vendido, traficado – como também foram a madeira, as especiarias, o minério. Essas coisas, enfim.

A história registra que a Carta Áurea foi uma decisão política sem planejamento social. Com uma penada, os negros viram-se livres e. As porteiras

foram, literalmente, abertas para a evasão dos negros. E pelas mesmas porteiras entraram europeus e asiáticos que substituíram a mão-de-obra escrava, a troco de ínfimos salários. Data dessa época o começo do trabalho análogo ao de escravo, cujos reflexos colhem-se até hoje.

Todavia, falar do racismo do africano, elevando o negro ao patamar máximo da discriminação, é ingenuidade. A uma porque o negro não foi escravizado por conta da ausência de cor – um indivíduo sem alma, nas palavras fiéis da Igreja – mas porque, como coisa, repita-se, era a moeda da época; a duas porque racismo tornou-se sinônimo de intolerância e, assim, há uma lista volumosa de itens repudiados por grande parte da sociedade: “quem gosta de velho é reumatismo”; “quem não é nada, é professor”; “aluno de escola pública só passa se tiver cota“; “gay é criatura do demônio”; “preto, pobre e prostituta devem mofar na cadeia”. E os apontamentos grosseiros multiplicam-se ao sabor da ignorância.

É verdade que, até hoje, poucas intervenções afirmativas foram destinadas à inclusão daqueles que vivem às margens do chantilly social. As cotas raciais e afins devem ser implementadas. Mas não é só: ao embalar políticas desse naipe, é preciso afixar ao rótulo um prazo de validade. Vinte anos. Trinta anos. Até que a Educação, sem falsas máscaras, seja, de fato, garantida a todos os brasileiros, independentemente do nariz achatado ou do cetim no berço. Enquanto isso, comamos juntos a banana.

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