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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI
Departamento de Ciências Térmicas e dos Fluidos
CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNÓLOGICA DE MINAS
GERAIS
Departamento de Engenharia Mecânica
Programa de Pós-Graduação em Engenharia da Energia
RAFAEL SIMÕES VIEIRA DE MOURA
ANÁLISE DA EFICIÊNCIA DE COMBUSTÃO
EM FORNOS INDUSTRIAIS DE
PELOTIZAÇÃO DE MINÉRIO DE FERRO
São João Del Rei
2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI
Departamento de Ciências Térmicas e dos Fluidos
CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNÓLOGICA DE MINAS GERAIS
Departamento de Engenharia Mecânica
Programa de Pós-Graduação em Engenharia da Energia
RAFAEL SIMÕES VIEIRA DE MOURA
ANÁLISE DA EFICIÊNCIA DE COMBUSTÃO
EM FORNOS INDUSTRIAIS DE
PELOTIZAÇÃO DE MINÉRIO DE FERRO
Disser tação apresentada ao
Programa de Pós-graduação em
Engenhar ia da Energia, Em
Associação Ampla entre o Centro
Federal de Educação Tecnológica de
Minas Gerais e a Univers idade
Federal de São João Del Rei , como
requis ito parc ia l para a obtenção do
t í tu lo de Mestre em Engenhar ia da
Energia.
Orientadora: Profª. Drª. Andrea Lúcia Teixeira Charbel
Co-Orientador: Prof. Dr. Julio Cesar Costa Campos
São João Del Rei
2017
Ficha catalográfica elaborada pela Divisão de Biblioteca (DIBIB) e Núcleo de Tecnologia da Informação (NTINF) da UFSJ,
com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
M929aMoura, Rafael Simões Vieira de . ANÁLISE DA EFICIÊNCIA DE COMBUSTÃO EM FORNOSINDUSTRIAIS DE PELOTIZAÇÃO DE MINÉRIO DE FERRO /Rafael Simões Vieira de Moura ; orientadora AndreaLúcia Teixeira Charbel; coorientador Júlio CésarCosta Campos. -- São João del-Rei, 2017. 92 p.
Dissertação (Mestrado - Mestrado em Engenharia deEnergia) -- Universidade Federal de São João delRei, 2017.
1. Gás Natural. 2. Eficiência Energética. 3.Combustão. Estequiometria. 4. Minério de Ferro.Pelotização. 5. Gaseq®.. I. Charbel, Andrea LúciaTeixeira, orient. II. Campos, Júlio César Costa, coorient. III. Título.
Resumo
O forno de uma usina de pelotização de minério de ferro é uma máquina térmica
complexa, em termos de balanceamento energético. Por contemplar ventiladores de
recirculação de gases e constantes variações no processo, a alteração de uma única
variável de processo pode influenciar em inúmeras mudanças nas condições
operacionais.
Este trabalho propõe um método para avaliar o quanto a melhora na eficiência da
reação de combustão reduz o consumo de combustível, mantendo a mesma taxa de
energia térmica fornecida pela reação, em um forno de pelotização de minério de ferro.
O presente trabalho demonstrou o quanto as principais variáveis relacionadas à
combustão na região da queima influenciam no consumo de combustível (gás natural),
utilizando como caso base o forno da Usina de Pelotização de Fábrica (propriedade da
VALE S/A), sem alterar as condições de processo que afetam a qualidade da produção.
Foram analisadas variáveis como a velocidade e pressão do combustível nos
queimadores, a temperatura dos gases de combustão e do ar reagente, a taxa de
conversão estequiométrica e a relação ar/combustível da reação. Para a análise, foram
utilizados dados reais do forno em operação, e, para a simulação das reações químicas,
utilizou-se o software Gaseq®.
O estudo mostrou que a melhoria do balçanço estequiométrico da reação de
combustão, aplicado no caso base do estudo, fazendo-se os ajustes sugeridos, pode
proporcionar uma redução de 9,25% no consumo de combustível, o que representa uma
economia de US$ 2,6 milhões por ano para a empresa.
PALAVRAS-CHAVE: Gás Natural. Eficiência Energética. Combustão.
Estequiometria. Minério de Ferro. Pelotização. Gaseq®.
Abstract
The iron ore pelletizing furnace is a complex thermal machine, in terms of energy
balance. It contains recirculation fan gases and constant variations in the process, and
the variation of a single process variable can influence numerous changes in operating
conditions.
This research proposes is to assess how much the improvement in the combustion
reaction efficiency can reduce fuel consumption, maintaining the same thermal energy
rate provided by the reaction in a pelletizing furnace.
This study demonstrated how the main variables related to combustion in the
burning zone influence fuel consumption (natural gas), using the case from the furnace
of the Usina de Pelotização de Fábrica (owned by VALE S/A), without changing process
conditions that affect production quality.
Variables were analyzed regarding the velocity and pressure of the fuel in the
burners, the temperature of the combustion air and reactant gases, the conversion rate
and the stoichiometric air/fuel ratio of the reaction. For the analysis, actual data of the
furnace in operation was used, and for the simulation of chemical reactions, the software
Gaseq® was used.
The study showed that the improvement of the stoichiometric balance of the
combustion reaction, applied in the base case of the study, making the suggested
adjustments, can provide a reduction of 9.25% in fuel consumption, which represents a
saving of US$ 2.6 million per year for the company.
KEYWORDS: Natural Gas. Energy Efficiency. Combustion. Stoichiometry.
Iron Ore. Pelletizing. Gaseq®.
7
Lista de Ilustrações
Figura 1 - Etapas do processo de benef ic iamento do minério de ferro . 22
Figura 2 - Minér io granulado .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Figura 3 - (a) Sínter; (b) Pelota . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Figura 4 - Fluxograma do processo de produção do aço a part ir de
tecnologias tradicionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Figura 5 - Distr ibuição da produção anual de minér io de ferro no Brasi l
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Figura 6 - Produção mundial de minério de ferro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Figura 7 - Produção brasi leira de minério de ferro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
Figura 8 - Fluxograma do processo de pelotamento de minér io de ferro
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Figura 9 - Visão geral de um forno de pelot ização .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
Figura 10 - Software de controle operacional dos parâmetros da zona de
queima .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
Figura 11 - Seção transversal da zona de queima de um forno de
pelot ização de minér io de ferro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Figura 12 - Distr ibuição percentual da oferta interna de energia na
matriz brasileira, para os anos de 2014 e 2015 .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Figura 13 - Consumo percentual de energia por setor na matriz
brasi leira, para os anos de 2014 e 2015 .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Figura 14 - Classif icação dos t ipos de chamas .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Figura 15 - Comportamento de chama difusa (esquerda) a pré-mixada
(direita) pela variação da disponibi l idade de oxidante. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Figura 16 - Estrutura de chama laminar pré -mixada .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Figura 17 - Distr ibuição da temperatura na chama (Velocidade = 10
(m/s), a diferentes pressões) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
Figura 18 - Comportamento do f luxo cruzado de gases .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
Figura 19 - Perf i l da temperatura ao longo da chama na saída do
queimador na câmara de combustão, simulado em CFD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
8
Figura 20 - Vista f rontal da saída do queimador do forno de pelot ização
de minér io de ferro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Figura 21 - Distr ibuição da temperatura na chama (P = 2 (bar) a
diferentes velocidades) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Figura 22 - Esboço da diferença nas l inhas de ação direcionais
(super ior) e na topograf ia da f rente de chama (inferior) entre uma
chama laminar e uma turbulenta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
Figura 23 - CFD da velocidade dos gases na região da queima .. . . . . . . . . 48
Figura 24 - Simulação de uma reação de combustão no sof tware
GASEQ® ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Figura 25 – Comportamento da Ef iciência da Combustão em fu nção da
Velocidade do Combustível e do Consumo de Combustível . . . . . . . . . . . . . . . . 57
Figura 26 - Comportamento da Ef iciência da Combustão em função da
Velocidade do Combustível e da Potência Térmica .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Figura 27 - Comportamento da Ef iciência da Combustão em função da
Pressão do Combustível e do Consumo de Combustível . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
Figura 28 - Comportamento da Ef iciência da Combustão em função da
Pressão do Combustível e da Potência Térmica .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
Figura 29 - Comportamento da Ef iciência da Combustão em função da
Relação Ar/Combustível e do Consumo de Combustível . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
Figura 30 - Comportamento da Ef iciência da Combustão em função da
Relação Ar/Combustível e da Potência Térmica .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
Figura 31 - Comportamento da Ef iciência da Combustão em função da
Temperatura do Ar de Combustão e do Consumo de Combustível . . . . . . . 63
Figura 32 - Comportamento da Ef iciência da Combustão em função da
Temperatura do Ar de Combustão e da Potência Térmica .. . . . . . . . . . . . . . . . . 64
Figura 33 - Comportamento da Ef iciência da Combustão em função da
Potência Térmica e do Consumo de Combustível . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
Figura 34 - Fluxograma de Anál ise de ef iciência da combustão em
fornos de pelot ização de minério de ferro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Figura 35- Efeito da Pressão sobre o Limite Super ior de inf lamabil idade
da Mistura Ar Gás .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
Figura 36 - Velocidade de Propagação da Chama para Diversos Gases
em Relação à Proporção de Ar Primár io da Combustão [m/s] . . . . . . . . . . . . . 90
9
Figura 37- Temperatura Adiabática da Chama em Função da
Composição do Combustível e Excesso de Ar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
Figura 38 - Planta baixa da câmara de combustão do forno de
pelot ização, com dutos de cogeração em destaque .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
10
Lista de Tabelas
Tabela 1 - Composição de ferro nos principais minerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Tabela 2 - Temperatura de ignição do Metano para várias proporções de
mistura ar/combustível . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Tabela 3 - Média de cinco meses da composição de gás natural, através
de coleta diár ia da composição fornecida pela concessionária . . . . . . . . . . . 53
Tabela 4 - Comparat ivo entre a situação atual e η = 0,90 para o aporte
térmico e o consumo de combustível . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Tabela 5- Propr iedades de Diversos Gases (a 15ºC e 1atm) .. . . . . . . . . . . . . . 80
Tabela 6 - Comparação da Temperatura de Ignição de Vár ios Gases em
Ar e em Oxigênio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
Tabela 7 - Temperatura de Ignição do Metano para Vár ias
Concentrações da Mistura Ar Gás e Riqueza de Oxigênio do Ar . . . . . . . . . 82
Tabela 8 - Temperatura de Ignição com Relação à Proporção de Etano
no Gás Natural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
Tabela 9 - Temperatura de Ignição com Relação à Proporção do Gás
Combustível na Mistura Ar Gás .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
Tabela 10 - Limite de Deslocamento da Chama para Diversos Gases .. 83
Tabela 11- Produtos da Combustão Perfeita de Diversos Gases (Sem
Excesso de Ar) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
Tabela 12 - Emissões de Diferentes Equipamentos Industr iais e
Comerciais Queimando Gás Natural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
Tabela 13 - Poder Caloríf ico de Diversos Gases (Combustão Perfeita) 86
Tabela 14 - Intensidade Específ ica da Chama e Velocidade de
Propagação da Chama .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
Tabela 15 - Característ icas da Radiação Emit ida por Queimadores
Infravermelhos a Gás .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
11
Lista de Abreviaturas e Siglas
[°C] Graus Celsius
[CH4] Metano
[C2h6] Etano
[C3h8] Propano
[C4h10] Butano
[g] grama
[J] Joule
[k] quilo (1000)
[K] Kelvin
[m] mili (0,001)
[m] metro
[Mt CO2-eq] Toneladas de dióxido de carbono equivalente
[N] Newton
[Pa] Pascal
[s] segundo
12
Lista de Símbolos
[A] Área (m²)
[𝒄𝒑𝒈] Calor específico dos gases de combustão (J/Kg.°C)
[D] Diametro (m)
[g] Aceleração da gravidade (m/s²)
[J] Razão da quantidade de movimento (adimensional)
[Ma] Número de Mach (adimensional)
[P1] Pressão de entrada (Pa)
[P2] Pressão de saída (Pa)
[PCI] Poder Calorífico Inferior (KJ/m³)
[Qjato] Quantidade de movimento do jato (Kg.m/s)
[Qfluxo] Quantidade de movimento do fluxo (Kg.m/s)
[Re] Coeficiente de Reynolds (adimensional)
[Rg] Constante molar dos gases (kJ/kmol.K)
[T] Temperatura (K)
[𝑻𝒂𝒓] Temperatura de entrada do ar (°C)
[𝑻𝒈] Temperatura dos gases de combustão (°C)
[V] Volume (m³)
[v1] Velocidade de entrada (m/s)
13
[v2] Velocidade de saída (m/s)
[Vr] Volume dos reagentes (m³)
[Vp] Volume dos produtos (m³)
[Z] Fator de compressibilidade (adimensional)
[𝒎𝒄̇ ] Vazão mássica de combustível (Kg/s)
[𝒎𝒈̇ ] Vazão mássica dos gases de combustão (Kg/s)
[�̇�𝒇(real)] Vazão mássica real de combustível (Kg/s)
[�̇�𝒄(η=0.90)] Vazão mássica de combustível para uma taxa de conversão de 90% da
combustão (Kg/s)
[�̇�] Potência térmica (J)
[�̇�𝐫𝐞𝐚𝐥] Potência térmica real (J)
[�̇�𝛈=𝟎.𝟗𝟎] Potência térmica para uma taxa de conversão de 90% da combustão (J)
[�̇�] Fluxo volumétrico (m³/s)
[ΔP] Diferencial de pressão (Pa)
[η] Taxa de conversão (%)
[μ] Viscosidade Dinâmica (N.s/m²)
[ρ] Massa específica (Kg/m³)
14
Sumário
1 INTRODUÇÃO ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2 OBJETIVOS .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.1 OBJETIVO GERAL .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3.1 BREVE HISTÓRICO DO FERRO ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.2 O MINÉRIO DE FERRO ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3.3 O MERCADO DE MINÉRIO DE FERRO ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.4 O PROCESSO DE PELOTIZAÇÃO DE MINÉRIO DE FERRO ... . 26
3.5 A ENERGIA E AS EMISSÕES NO PROCESSO DE
PELOTIZAÇÃO ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.6 O PROCESSO DE COMBUSTÃO ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
4 MATERIAIS E MÉTODOS .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
5.1 INFLUÊNCIA DA VELOCIDADE DO COMBUSTÍVEL .. . . . . . . . . . . . . . . 56
5.2 INFLUÊNCIA DA PRESSÃO DO COMBUSTÍVEL .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
5.3 INFLUÊNCIA DA RELAÇÃO AR/COMBUSTÍVEL .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
5.4 INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO AR DE COMBUSTÃO ... . . 62
5.5 EFICIÊNCIA DA COMBUSTÃO ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
6 CONCLUSÃO ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
8 REFERÊNCIAS .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
ANEXO 1 – Tabelas de Gases .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
ANEXO 2 – Gráf icos de comportamento de gases em combustão .. . . . . . . 89
ANEXO 3 – Planta baixa da câmara de combustão do forno .. . . . . . . . . . . . . . 92
15
1 INTRODUÇÃO
O minério de ferro protagoniza, atualmente, no cenário brasileiro, um mercado que
ultrapassa a faixa de dois bilhões de dólares por ano, somente em exportações. A
indústria de base que beneficia o minério de ferro, oferece uma vasta carta de produtos
que agregam o ferro como principal insumo (BALANÇO TRIMESTRAL, VALE, 2015).
A extração de minério de ferro ocorre em minas a céu aberto, em bancadas com
desmonte a explosivo, escavadeiras, carregamento por pás carregadeiras, transporte
em caminhões fora-de-estrada, usinas de tratamento com britagem, peneiramento,
lavagem, classificação, concentração e pelotização. O minério bruto (hematita com teor
médio de 60% de ferro e itabirito com teor médio de 50%) passa por beneficiamento nas
usinas de tratamento e unidades de pelotização existentes no Brasil, gerando os
produtos granulados (lump) e finos (sinter-feed e pellet-feed) (LUZ & LINS, 2004).
Os produtos granulados são utilizados pelas siderúrgicas nos fornos de redução
direta (ferro gusa), e os minérios finos são utilizados nos processos de aglomeração
como sinterização e pelotização, para produção do sinter (usinas integradas) e pelotas
(usinas de pelotização) e posterior adição nos fornos de redução (ferro gusa e ferro
esponja).
A qualidade física das pelotas de minério de ferro é conferida quando se agrega
resistência mecânica aos aglomerados através do seu processamento térmico em
fornos de Grelha Móvel (Straight Grate). Os fornos processam as pelotas em três etapas
sequenciais: secagem, queima e resfriamento. Segundo Meyer (1980), todas as
propriedades dos aglomerados são obtidas durante a queima, sendo esta etapa,
portanto, decisiva para garantir a qualidade da pelota.
Fornos de pelotização do tipo Grelha Móvel são equipamentos térmicos baseados
em troca interna de calor. Ao ar pré-aquecido proveniente do resfriamento das pelotas
16
na descarga do forno é fornecido calor pelos queimadores posicionados ao longo da
zona de queima e que utilizam gás natural como combustível. A queima das novas
pelotas se dá quando estas entram em contato com o fluxo de ar aquecido.
O consumo de gás natural, combustível da máquina de queima, é da ordem de 35%
do orçamento de uma planta de pelotamento de minério de ferro (BALANÇO
TRIMESTRAL, VALE, 2015). Todo o controle operacional de injeção de combustível no
forno, é realizado através de indicadores de “efeitos” do processo de combustão, tais
como a temperatura e a pressão do ar de combustão. Este tipo de controle não prioriza
a necessidade real de combustível para satisfazer as condições adequadas da câmara
de combustão.
Este trabalho tem o objetivo de estudar as condições adequadas à máquina de
queima de forma a fornecer a resistência necessária às pelotas de minério de ferro,
consumindo a menor quantidade possível de combustível e operando com elevada
eficiência energética.
17
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Elaborar uma metodologia de análise do desempenho da combustão em fornos de
pelotização de minério de ferro, estilo grelha móvel, de maneira a identificar os pontos
do sistema que influenciam de maneira mais significativa a eficiência energética do
forno, buscando atingir a melhor taxa de conversão da reação da combustão.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Elaborar um procedimento de análise matemática a fim de se atingir a melhor taxa
de conversão estequiométrica na combustão, a partir do estudo dos seguintes
parâmetros:
Velocidade do combustível nos queimadores;
Pressão do combustível nos queimadores;
Relação ar/combustível da reação de combustão;
Temperatura do ar de combustão.
18
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A extração e a transformação de minérios representam um segmento de grande
significado econômico para o Brasil. Dentre os bens minerais que mais se destacam
nesse cenário está o minério de ferro, por conter um dos elementos químicos mais
abundantes na crosta terrestre e de maior aplicação na vida do homem, o Ferro.
O ferro é o mais útil de todos os metais. As suas aplicações, bem como as das suas
ligas, na construção metálica de todos os tipos, são por demais conhecidas. Os
compostos de ferro têm aplicações muito diversas. Assim, o sulfato ferroso usa-se em
tinturaria e como fungicida, o oxalato ferroso em reveladores fotográficos; a limonite e a
hematite como pigmentos, adsorventes e abrasivos; e a magnetite na fabricação de
eletrodos industriais; o nitrato e o cloreto de ferro usam-se como mordentes, como
hemostáticos e como reagentes industriais, sobretudo na indústria dos corantes; o "azul-
da-prússia" e o "azul-de-turnbull" são utilizados na fabricação de tintas de escrever e
outras. Ainda, os carbonilos e nitrosilo de ferro, bem como o ferroceno, têm encontrado
frequente aplicação como catalisadores de muitas reações. (RUSSEL, 1994)
O abastecimento de ferro dos países industrializados foi severamente afetado em
razão da segunda guerra mundial, culminando com o esgotamento de grande parte das
minas. Nestas circunstâncias, dentre as soluções encontradas por tais países cita-se: a
procura de novas minas em países como Brasil, Chile, Venezuela, Peru e também na
África, Austrália e Canadá; o beneficiamento e concentração de minérios pobres para
torná-los economicamente utilizáveis no alto forno; a preparação de materiais com
qualidades superiores aos minérios naturais como produtos de sinterização, pelotização
e de redução direta ou ferro esponja. (MEYER, 1980)
19
Paralelamente, houve expansão da indústria siderúrgica, apoiada pela introdução de
novas técnicas, como também pelos melhoramentos de processos visando obter maior
produtividade operacional. Esta maior produtividade pôde ser obtida nos altos fornos,
observando-se que os mesmos marchavam com melhor rendimento à medida que se
condicionava mais racionalmente sua carga. A observância desta prática permite
trabalhar-se com menor consumo de combustível sólido, obtendo-se, ao mesmo tempo,
maior produção diária de ferro gusa. (ATHAYDE et al, 2012)
Para suprir as necessidades crescentes da indústria siderúrgica e a utilização de
minérios com baixo teor de ferro, desenvolveram-se as pesquisas no setor de
aglomeração, quer aperfeiçoando-se os métodos de sinterização, quer pesquisando-se
outros como a pelotização (MEYER, 1980).
3.1 BREVE HISTÓRICO DO FERRO
O nome "ferro" deriva do latim "ferrum", enquanto o anglo-saxónico "iron" tem origem
no escandinavo "iarn". Acredita-se que o primeiro ferro produzido foi obra do acaso,
quando pedaços de minério de ferro foram usados em vez de pedras nas fogueiras nos
banquetes, onde o fogo era mantido tempo suficiente para permitir a redução. Seguiu-
se a observação que as mais altas temperaturas obtidas quando o vento soprava,
produziam um melhor material. Tentou-se então conseguir através de várias artimanhas
uma rajada de vento artificial, até se conseguir criar uma fornalha de fundição.
Pouco tempo depois da queda do Império Romano, a produção do ferro desenvolveu-
se bastante na Espanha através da confecção pelos artesãos das lâminas de aço. Estes
iriam para a França e Alemanha onde introduziram a forja catalã, cujo desenvolvimento
viria a originar as grandes fornalhas de fundição em meados do século XI. Os produtos
da forja catalã eram ou uma espécie de ferro maleável ou aço. As grandes fornalhas
20
produziam uma variedade de ferro que não podia ser forjado ou temperado, embora
fosse adequado para todos os tipos de moldagem de resistência moderada.
A descoberta, por Cort, de um processo de transformação deste tipo de ferro em ferro
forjado, com custos de produção consideravelmente mais baixos que os possíveis com
a forja Catalã, deu um grande ímpeto à produção de ferro na Inglaterra no século XV,
onde teve início a escalada tecnológica do processo de fabricação do ferro,
impulsionada pelas duas grandes guerras, e tornando o ferro um dos metais de mais
importantes commodities produzidos e exportados pelo mundo (MAHAN e MYERS,
2002).
No Brasil, os primeiros registros remontam ao século XVI, logo após a colonização
portuguesa, e entre os primeiros minérios extraídos no território brasileiro, pode-se
destacar o ouro, o diamante, a prata e o ferro.
Atualmente, o Brasil é o 2° produtor mundial de minério de ferro, são cerca de 199
milhões de toneladas de ferro beneficiada anualmente (BEN, 2015). O ferro é o minério
mais explorado e também o mais exportado pelo Brasil. Suas jazidas estão
concentradas principalmente no Quadrilátero Ferrífero (MG) na Serra dos Carajás (PA)
e no Maciço do Urucum (MS) (BALANÇO TRIMESTRAL, VALE S/A, 2015).
3.2 O MINÉRIO DE FERRO
Mineral é toda substância sólida, inorgânica e cristalina, com composição química e
propriedades físicas bem definidas, resultado de um processo geológico terrestre ou
extraterrestre, sem intervenção humana. Minério é toda rocha constituída de um ou mais
minerais valiosos, aproveitáveis economicamente. A parte mineral não aproveitável do
minério é denominada ganga (MEYER, 1980).
21
O ferro é um dos elementos mais abundantes da crosta terrestre, representando
cerca de 5% em massa, e é encontrado como constituinte, em maior ou menor
quantidade, em todas as classes minerais (BEN, 2015). Como a combinação do ferro
com outros compostos pode ocorrer de formas variadas, existem muitos minerais de
ferro diferentes, conforme demonstra a Tabela 1. Nas condições atuais, apenas os
óxidos são utilizados para a extração de ferro.
Tabela 1 - Composição de ferro nos principais minerais (FONTE: "Insumos Básicos". BNDES Setorial 39, p. 197-234)
Mineral Fórmula química Conteúdo teórico em ferro (%)
Conteúdo teórico em ferro após calcinação (%)
Hematita Fe2O3 69,96 69,96
Magnetita Fe3O4 72,4 72,4
Magnesioferrita MgO·Fe2O3 56-65 56-65
Goethita Fe2O3·H2O 62,9 70
Hidrogoethita 3Fe2O3·4H2O 60,9 70
Limonita 2Fe2O3·3H2O 60 70
Siderita FeCO3 48,3 70
Pirita FeS2 46,6 70
Pirrotita Fe1-xS 61,5 70
Ilmenita FeTiO3 36,8 36,8
Como nem sempre estão na forma em que serão utilizados pelas indústrias, seja por
sua granulometria ou por conter impurezas indesejáveis ao processo, os minérios de
ferro precisam passar pela etapa de beneficiamento. Esta etapa visa purificar o minério,
modificar sua granulometria, a sua forma e a concentração química de suas espécies
componentes, através de métodos físicos ou químicos sem que haja alteração de sua
constituição química (MEYER, 1980).
22
Um típico fluxograma de processo de beneficiamento de minério de ferro pode ser
visto na Figura 1.
Figura 1 - Etapas do processo de beneficiamento do minério de ferro (Borim, 2000)
O minério de ferro é lavrado a céu aberto na maioria das minas. Os produtos do
beneficiamento têm características e granulometrias distintas e cada qual passará ou
não por mais etapas de beneficiamento para posterior utilização, em função de sua
classificação. Segundo MEYER (1980), pode ser adotada a seguinte classificação:
• Granulado (Lump ore): tem granulometria entre 6,3 mm e 31,7 mm e forma irregular
(Figura 2).
Figura 2 - Minério granulado (Disponível em: <www.vale.com>. Acesso em: 26/10/2016)
• Sinter Feed: partículas com tamanho variando entre 0,15 mm e 6,3 mm.
23
• Pellet Feed: partículas finas, com granulometria abaixo de 0,15 mm.
Figura 3 - (a) Sínter; (b) Pelota (Disponível em: <www.vale.com>. Acesso em 26/10/2016)
Sinter feed e pellet feed geralmente não são utilizados diretamente nos fornos de
redução devido a sua granulometria. Estes materiais passam por processos de
aglomeração proporcionando, assim, a utilização destes finos de minério, antes
considerados rejeitos. Tais processos, chamados sinterização e pelotização geram,
respectivamente, o sínter (Figura 3-A) e a pelota (Figura 3-B).
Os bolos de sínter têm estrutura irregular, muito porosa e medem cerca de alguns
centímetros, já as pelotas são aproximadamente esféricas, com diâmetro de cerca de
12 mm, como no caso da Vale (TAKEHARA, 2004).
A aceitação das pelotas na siderurgia se sobrepõe à dos minérios de ferro naturais.
Isto se deve às seguintes razões (MEYER, 1980):
garantem uma uniformidade física e química na composição da carga do alto
forno, aumentando o teor de ferro por metro cúbico de forno, ao substituir
minérios de baixo teor de ferro por pelotas de mais de 65% de Ferro. Isto faz
com que o calor que antes se empregava para formar escórias, seja utilizado
agora para fundir ferro diminuindo, consequentemente, o consumo de
combustível (coque ou carvão vegetal);
24
a uniformidade de tamanhos, a ausência de finos e a sua forma esférica,
permitem uma melhor permeabilidade à passagem de gases através da
coluna do alto forno;
as pelotas se reduzem mais rápido e facilmente que o minério natural, devido
à sua estrutura microporosa e composição química uniforme;
a resistência das pelotas ao manuseio diminui a formação de finos, reduzindo
as perdas.
A Figura 4 mostra o fluxograma com as etapas do processo de fabricação do aço a
partir de tecnologias tradicionais, mostrando a rota do minério de ferro até o produto
acabado. Em destaque na figura, se encontra uma das matérias-primas do processo, a
pelota, que é o material de interesse do presente trabalho. Os produtos intermediários
(ferro gusa e ferro-esponja) passam por outras etapas de refino, nas quais parte do
carbono contido é removida juntamente com impurezas, até chegar ao aço.
Figura 4 - Fluxograma do processo de produção do aço a partir de tecnologias tradicionais
A indústria siderúrgica é a maior consumidora de minério de ferro beneficiado,
utilizando-o como insumo para a produção de aço, que pode conter até 98,5% de ferro
em sua composição (BORIM, 2000).
25
3.3 O MERCADO DE MINÉRIO DE FERRO
O minério de ferro está entre os quatro principais produtos da pauta exportadora
brasileira. Inserido em minérios metalúrgicos, responde por 7,6% das exportações totais
do país (BALANÇO TRIMESTRAL, BRADESCO, 2016). A Figura 5 demonstra esta
distribuição.
Figura 5 - Distribuição da produção anual de minério de ferro no Brasil (Fonte: Bradesco, 2016)
A Figura 6 e a Figura 7 mostram, respectivamente, a produção mundial e
brasileira de minério de ferro:
Figura 6 - Produção mundial de minério de ferro (Fonte: World Steel, 2015)
26
Figura 7 - Produção brasileira de minério de ferro (Fonte: World Steel, 2015)
A usina em estudo possui um orçamento anual de produção na faixa de 4 milhões
de toneladas de pelotas de minério de ferro (BALANÇO TRIMESTRAL, VALE, 2015).
A pelotização de minérios de ferro tem a função mercatória de cobrir demandas que
os minérios in natura não podem atender. Também as restrições ambientais à expansão
da sinterização, já em andamento nos países desenvolvidos, poderão induzir ao maior
consumo de pelotas. Grandes quantidades de pelotas serão ainda necessárias para
promover o crescimento do processo de redução direta. Mais ainda, com a crescente
geração de pellet feed, a pelotização consolida-se como a tecnologia mais adequada
para tratamento desse material superfino no mercado (BALANÇO TRIMESTRAL, VALE,
2015).
3.4 O PROCESSO DE PELOTIZAÇÃO DE MINÉRIO DE FERRO
No caso do minério de ferro, a pelotização de partículas ultrafinas (abaixo de 0,15
mm) encontradas desta forma na natureza ou geradas no beneficiamento, se dá através
de um tratamento térmico. A pelotização tem como produto aglomerados esféricos de
tamanhos na faixa de 8 a 18 mm, com características apropriadas para alimentação das
unidades de redução, tais como altos-fornos (LUZ & LINS, 2004).
27
São três os processos de pelotização, em função do equipamento no qual ocorre:
forno vertical, forno rotativo com grelha móvel e grelha móvel. O forno, objeto de estudo
desta dissertação, é um modelo Grelha Móvel "LURGI" e, considerando-se todos os
aspectos, pode-se afirmar que este processo apresenta algumas vantagens
significativas (MEYER, 1980):
grandes tonelagens podem ser produzidas por ano numa única máquina
(acima de 2 milhões de t/ano);
a qualidade de queima das pelotas é excelente para todos os tipos de
minérios de ferro;
os cinquenta anos de experiência em sinterização resultaram no
desenvolvimento de equipamentos de desempenho e confiabilidade
comprovados.
O processo de pelotização consiste em três importantes etapas, são elas:
preparação, pelotamento e queima, conforme ilustrado na Figura 8.
Figura 8 - Fluxograma do processo de pelotamento de minério de ferro, com destaque na região da máquina de queima, objeto de estudo (cedido por VALE S/A)
28
Na preparação, a matéria prima passa por processos de moagem, filtragem,
mistura e segue para a etapa de aglomeração ou pelotamento. As pelotas de minério
ainda cruas e úmidas são, então, enviadas para tratamento térmico em fornos de grelha
móvel (Straight Grate). A Figura 9 mostra uma visão geral do forno de pelotização.
Figura 9 - Visão geral de um forno de pelotização (cedido por VALE S/A)
A Figura 10 mostra a visão geral (sinótico) dos queimadores do forno de
pelotização em estudo.
Figura 10 - Software de controle operacional dos parâmetros da zona de queima (cedido
por VALE S/A)
29
A queima se dá com o auxílio dos queimadores, responsáveis pela combustão do
gás natural. Os gases de combustão misturam-se aos gases quentes recuperados de
uma etapa posterior de resfriamento e esta mistura é forçada, por ventiladores
centrífugos, a permear o leito de pelotas cruas trazidas pelos carros de grelha,
transferindo calor às mesmas. Nesta “zona de queima” diferentes fenômenos definem
as propriedades finais das pelotas, como é o caso do endurecimento, fundamental para
que se obtenha a adequada resistência mecânica das pelotas (MEYER, 1980).
Os gases quentes, sugados pelos ventiladores centrífugos, passam por caixas de
vento, que retêm qualquer material sólido de maior massa, por gravidade. Ao todo, são
37 caixas de vento no forno, ligadas aos dutos dos ventiladores responsáveis pela
circulação os gases dentro do forno. A região da queima, representada em seção
transversal pela Figura 11, compreende 12 caixas de vento (numeradas de 12 a 23).
Figura 11 - Seção transversal da zona de queima de um forno de pelotização de minério de ferro (MATOS, 2007)
30
Ao deixar a zona de queima as pelotas seguem para a câmara de resfriamento e
cedem calor ao entrar em contato com ar à temperatura ambiente. O ar aquecido e com
temperatura elevada é então conduzido através do duto de recuperação (downcomer)
para a câmara de combustão, onde reage com o gás natural em reação de combustão.
Em seu trabalho sobre o balanço global de energia para o forno da Usina 1 da
CVRD Tubarão, Souza e Machado (1975) propuseram um rendimento térmico da ordem
de 29,18%. Os autores destacam que as perdas energéticas na zona de queima
representam cerca de 43% das perdas térmicas totais do forno.
O custo anual orçado para o combustível (gás natural) que alimenta o forno da
usina em estudo é da ordem de US$ 28 milhões, e é a maior parcela dos gastos totais
de produção, correspondendo a 35%.
O presente trabalho propõe a análise da energia cedida na reação de combustão
que ocorre na zona da queima. Busca-se a sua racionalização a fim de se obter um
menor consumo de combustível.
3.5 A ENERGIA E AS EMISSÕES NO PROCESSO DE PELOTIZAÇÃO
Segundo o Balanço Energético Nacional (BEN, 2016), em 2015, o total de
emissões antrópicas associadas à matriz energética brasileira atingiu 462,3 milhões de
toneladas de dióxido de carbono equivalente (Mt CO2-eq), sendo que (87,6 Mt CO2eq)
são referentes ao setor industrial.
A intensidade de carbono na economia foi de 0,17 kg CO2/US$ppp [2005]. A
economia brasileira permanece sendo, em média, 26% menos intensa em carbono que
a economia europeia, 51% menos do que a economia americana e 73% vezes menos
do que a economia chinesa (IEA, 2013).
31
A oferta interna de energia tem o gás natural, combustível objeto de estudo deste
trabalho, com uma parcela de 13,7% na matriz global de energia brasileira, no ano de
2015, conforme observado na Figura 12.
Figura 12 - Distribuição percentual da oferta interna de energia na matriz brasileira, para
os anos de 2014 e 2015 (Fonte: adaptado de BEN, 2016)
O setor industrial absorve cerca de um terço da energia ofertada no país, conforme
ilustrado na Figura 13:
Figura 13 - Consumo percentual de energia por setor na matriz brasileira, para os anos de
2014 e 2015 (Fonte: adaptado de BEN, 2016)
A indústria de pelotização e mineração de ferro consumiu, em 2015, 3.346 x 103
tep (BEN, 2016), dos quais, aproximadamente 20%, ou 657 x103 tep, estão associados
32
ao gás natural. É um setor com baixo índice de autoprodução energética, e, segundo o
balanço energético nacional de 2016, nenhum investimento em fontes renováveis de
energia.
O setor de pelotização e mineração de ferro pode ser considerado de alto impacto
ambiental, com índices elevados de poluição por gás carbônico em suas operações
(BEN, 2015).
3.6 O PROCESSO DE COMBUSTÃO
A reação de combustão é uma reação química durante a qual um combustível é
oxidado e uma grande quantidade de energia é liberada, caracterizando uma reação
exotérmica. O oxidante mais usado nos processos de combustão é o ar, por conter o
gás oxigênio em sua composição. O oxigênio puro (O2) é usado como oxidante apenas
em algumas aplicações especializadas, como corte e solda, nas quais o ar não pode
ser empregado.
Em mol ou em uma unidade de volume, o ar seco é composto de 20,9% de
oxigênio, 78,1% de nitrogênio, 0,9% de argônio e pequenas quantidades de dióxido de
carbono, hélio, neônio e hidrogênio. Na análise dos processos de combustão, o argônio
do ar é tratado como nitrogênio e os gases que existem em quantidades muito pequenas
são desconsiderados. Assim, a composição do ar seco pode ser aproximada para uma
proporção de 21% de oxigênio e 79% de nitrogênio em mols. Cada mol de oxigênio que
entra em uma câmara de combustão é acompanhado por 0,79/0,21 = 3,76 mols de
nitrogênio (TURNS, 2013). A Equação 1 exemplifica a relação:
1𝐾𝑚𝑜𝑙 𝑶𝟐 + 3,76 𝐾𝑚𝑜𝑙 𝑵𝟐 = 4,76 𝐾𝑚𝑜𝑙 𝒂𝒓 (1)
33
3.6.1. A RAZÃO AR-COMBUSTÍVEL
O fato de expor um combustível em contato com o oxigênio não é suficiente para
iniciar um processo de combustão. O combustível deve ter sua temperatura elevada
acima de sua temperatura de ignição para iniciar a combustão. Além disso, as
proporções entre combustível e ar devem estar dentro do intervalo adequado para que
a combustão se inicie.
O nitrogênio presente no ar interfere no balanço energético da reação de
combustão, uma vez que entra nas câmaras de combustão em grandes quantidades
(próximo a 80% em volume) a baixas temperaturas e sai a temperaturas
consideravelmente mais altas, absorvendo uma grande proporção da energia química
liberada no processo.
Os reagentes da queima em câmara de combustão normalmente contêm água (ou
umidade), formado durante a combustão. A energia cedida à água para que atinja o
estado de vapor, devido à temperatura proporcionada pela combustão, é também
considerada no balanço energético e já subtraída de seu poder calorífico superior (PCS),
gerando, assim, seu poder calorífico inferior (PCI) (TURNS, 2013).
De acordo com o princípio da conservação de massa, a massa total de cada
elemento é conservada durante uma reação química (TURNS, 2013). Uma relação
muito usada na análise dos processos de combustão para quantificar as quantidades
de combustível e ar é a razão AC: ar/combustível. Em geral, ela é expressa em base
mássica e é definida como a razão entre a massa do ar e a massa do combustível para
um processo de combustão, conforme Equação 2:
𝐴𝐶 = 𝑚𝑎𝑟
𝑚𝑐𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡í𝑣𝑒𝑙 (2)
34
Um processo de combustão é considerado completo quando todo o carbono do
combustível é queimado para formar CO2, todo o hidrogênio é queimado para formar
H2O e todo o enxofre (se houver) é queimado para formar SO2. Ou seja, todos os
componentes que podem entrar em combustão reagem por completo, o que é uma
situação teórica e ideal. Da mesma forma, o processo de combustão é incompleto se os
produtos da combustão contêm combustível não queimado, como C, H2, CO ou OH.
O oxigênio insuficiente é um dos motivos para a combustão incompleta, mas não
é o único. A combustão incompleta ocorre mesmo quando há́ mais oxigênio presente
na câmara de combustão do que o oxigênio necessário para a combustão completa.
Isso pode ser atribuído à mistura insuficiente na câmara de combustão durante o tempo
limitado em que o combustível e o oxigênio estão em contato. Outra causa da
combustão incompleta é a dissociação, que se torna importante em altas temperaturas.
O oxigênio tem uma tendência muito maior de se combinar ao hidrogênio do que
ao carbono. Assim, o hidrogênio do combustível normalmente queima até́ o final,
formando o H2O, mesmo quando há́ menos oxigênio do que o necessário para a
completa combustão. Parte do carbono, porém, acaba como CO ou apenas como
partículas simples de C (fuligem) nos produtos (TURNS, 2013).
A quantidade mínima de ar necessária para a completa combustão de um
combustível é chamada de ar estequiométrico ou ar teórico. Assim, quando um
combustível é queimado completamente com o ar teórico, nenhum oxigênio não
combinado está presente nos gases do produto. O ar teórico também é chamado de
quantidade de ar quimicamente correta, ou 100% ar teórico. O processo de combustão
ideal durante o qual um combustível é completamente queimado com o ar teórico é
chamado de combustão estequiométrica ou combustão teórica daquele combustível. A
35
combustão teórica do metano, combustível em estudo neste trabalho, componente do
gás natural, é representada na Equação 3:
𝑪𝑯𝟒 + 2(𝑶𝟐 + 3,76𝑵𝟐) → 𝑪𝑶𝟐 + 2𝑯𝟐𝑶 + 7,52𝑵𝟐 (3)
Nos processos de combustão reais é prática comum usar mais ar do que a
quantidade estequiométrica para aumentar as chances de combustão completa ou para
controlar a temperatura da câmara de combustão. A quantidade de ar acima da
estequiométrica é chamada de excesso de ar. A quantidade excedente de ar geralmente
é expressa em relação ao ar estequiométrico como percentual de excesso de ar ou
percentual de ar teórico. Por exemplo, 50% de excesso de ar é equivalente a 150% de
ar teórico, e 200% de excesso de ar é equivalente a 300% de ar teórico. Quantidades
de ar menores do que a quantidade estequiométrica são chamadas de deficiência de ar
e são expressas como percentual de deficiência de ar. Por exemplo, 90% do ar teórico
corresponde a 10% de deficiência de ar. A quantidade de ar usada nos processos de
combustão também é expressa pela taxa de equivalência, que é a relação entre a razão
real combustível/ar e a razão estequiométrica combustível/ar.
Um dispositivo muito usado para analisar a composição dos gases de combustão
é o analisador de gás de Orsat. Nesse dispositivo, uma amostra dos gases de
combustão é coletada e resfriada à temperatura e à pressão ambientes, ponto em que
seu volume é medido. Em seguida, a amostra é colocada em contato com um produto
químico que absorve o CO2. Os gases restantes são restituídos à temperatura e à
pressão ambiente, e o novo volume que eles ocupam é medido. A relação entre a
redução de volume e o volume original é a fração de volume do CO2, que é equivalente
à fração molar se o comportamento de gás ideal for admitido. As frações de volume dos
outros gases são determinadas pela repetição desse procedimento. Na análise de
Orsat, a amostra de gás é coletada e mantida em contato com a agua, de modo que
36
permaneça saturada durante todo o tempo. Assim, a pressão do vapor de agua
permanece constante durante todo o teste. Por esse motivo, a presença de vapor de
agua na câmara de teste é ignorada e os dados são reportados em base seca.
Entretanto, a quantidade de H2O formada durante a combustão é facilmente
determinada pelo balanceamento da equação de combustão.
A primeira lei da termodinâmica enuncia que a energia se conserva. Logo, com o
conhecimento da entalpia dos reagentes e produtos, a transferência de calor durante
um processo de combustão é simplesmente a diferença entre a energia dos reagentes
que entram e a energia dos produtos que saem da câmara de combustão.
Na falta de interações de trabalho e de variações das energias cinética ou
potencial, a energia química liberada durante um processo de combustão se perde como
calor para a vizinhança ou é usada internamente para elevar a temperatura dos produtos
da combustão (TURNS, 2013). Quanto menor for a perda de calor, maior será́ a
elevação da temperatura. No caso limite de nenhuma perda de calor para a vizinhança
(Q = 0), a temperatura dos produtos atinge um valor máximo que é denominado
temperatura teórica de chama ou temperatura adiabática de chama da reação, que será
utilizada neste trabalho como referência nas situações teóricas. A temperatura
adiabática de chama varia em função do estado dos reagentes, do grau de conclusão
da reação e da quantidade de ar usada.
A taxa de conversão (η) de uma reação de combustão refere-se ao percentual de
conversão de reagentes em produtos numa determinada reação, tendo como referência
a estequiometria de uma combustão completa, na qual η=1.
Uma das maneiras de se atingir uma elevada taxa de conversão é através da
relação ar/combustível. O combustível tem a necessidade de reagir com a maior
quantidade de massa de oxigênio possível, próxima do balanceamento estequiométrico
37
da reação, para realizar uma combustão mais próxima possível de ser completa.
Variações de 20% de volume de ar excedente na reação de combustão do gás metano
podem reduzir a temperatura de ignição em até 10%. A Tabela 2 demonstra a relação
entra a variação da razão ar/combustível e a temperatura de ignição do gás metano,
principal componente do gás natural.
Tabela 2 - Temperatura de ignição do Metano para várias proporções de mistura
ar/combustível
Proporção de Ar Teórico
(%) m³ar/m³metano
Temperatura de Ignição
(°C)
80 6,85 740
100 8,00 705
110 9,52 698
120 10,67 666
(adaptado de Gas Engineers Handbook/ SINDE)
Uma menor temperatura de ignição implica em uma menor quantidade de energia
desprendida para realizar a reação, e consequentemente melhor aproveitamento da
energia liberada pelo combustível. Logo, excesso de ar pode aumentar a performance
da combustão, desde que analisado para que o ar excedente que não reage na
combustão não absorva parte da energia liberada. Vlassov (2001) admite em sua obra
que um excesso de 7% de ar em relação ao volume de combustível nas reações do gás
natural é o ideal, enquanto Bazzo (1995) afirma que 12% de excesso seria o indicado.
O processo de combustão é responsável por mais de 85% da energia utilizada
pelo homem, sendo estratégico para a economia de todos os países.
38
A queima de derivados do petróleo, gás natural, carvão mineral, lenha, carvão
vegetal e dos resíduos agroindustriais corresponde a mais de 80% da energia utilizada
no Brasil (BEN, 2016). Portanto, a combustão tem grande impacto nos setores industrial,
de transporte e de geração de energia elétrica.
3.6.2. ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO DAS CHAMAS
As chamas têm estrutura e composição bastante complexas. A emissão de luz
nestas, resulta da presença não só de átomos e íons excitados, mas também de
fragmentos de moléculas e partículas sólidas incandescentes. O processo de
combustão envolve, com raras exceções, muitas etapas e depende de fatores tais como
composição do combustível, fração relativa deste e do oxigênio, temperatura e pressão
(TURNS, 2013).
A combustão de compostos orgânicos (por exemplo, hidrocarbonetos e álcoois) é
conhecida apenas em seus aspectos mais gerais. Os mecanismos que envolvem a
combustão destes compostos são complexos em função da diversidade de moléculas,
radicais e fragmentos moleculares que tomam parte no processo (TURNS, 2013).
Diversos produtos podem ser gerados, em função da composição do combustível
e sua concentração relativa ao oxigênio. Em geral o excesso de oxigênio conduz à
combustão completa, gerando gás carbônico e água, com chama normalmente azulada
(TURNS, 2013).
A diminuição na quantidade relativa de oxigênio conduz à oxidação parcial da
matéria orgânica, podendo-se gerar, por exemplo, monóxido de carbono e água. No
caso extremo, formam-se partículas de carbono (negro de fumo) incandescentes e em
parte responsáveis pela cor amarelada das chamas fuliginosas.
39
A diminuição da quantidade de oxigênio disponível para combustão, gera produtos
que vão do CO2 para o CO e finalmente para carbono livre (C). Este, na forma de
partículas de fuligem, pode ser observado nas chamas pobres em oxigênio, sendo o
principal responsável pela cor amarelada destas. Deste modo, o controle da quantidade
de oxigênio presente na mistura vai determinar as características de temperatura, cor e
luminosidade da chama formada.
3.6.3 TIPOS DE CHAMAS
As chamas podem ser classificadas em dois tipos: chamas de pré-mistura e
chamas de difusão. Nas primeiras, o combustível, normalmente gasoso, é misturado ao
oxigênio antes a queima. O que se inflama, portanto, é a mistura desses dois
componentes (TURNS, 2013).
As chamas ainda podem variar de laminar a turbulentas, de acordo com o
escoamento da frente de chama, conforme demonstrado na Figura 14.
Figura 14 - Classificação dos tipos de chamas
40
A Figura 15 mostra a variação de comburente formando chamas difusas e de pré-
mistura.
Figura 15 - Comportamento de chama difusa (esquerda) a pré-mixada (direita) pela
variação da disponibilidade de oxidante.
Chamas de pré-mistura geram uma combustão normalmente de temperatura
muito alta e de baixa luminosidade, controladas pela proporção combustível/oxigênio. A
Figura 16 ilustra as características da estrutura de uma chama pré-misturada.
Figura 16 - Estrutura de chama laminar pré-mixada (adaptado de Turns, 2013)
41
As chamas de difusão são aquelas em que não houve pré-mistura de seus
componentes. A difusão molecular, que ocorre muitas vezes de modo turbulento, é
responsável pela mistura de gases nesse tipo de chama (TURNS, 2013).
Nesses casos, a proporção combustível/oxigênio é de difícil controle, resultando
muitas vezes em baixa quantidade de comburente, gerando chamas luminosas,
turbulentas e fuliginosas. Chamas de difusão são geradas normalmente pela combustão
livre de sólidos e líquidos expostos ao ar (TURNS, 2013).
Como pode ser observado nas figuras, as chamas não-turbulentas apresentam
uma estrutura definida. Cada uma das regiões observáveis é conhecida como cone de
chama. Os cones têm diferente composição e temperatura. A parte mais interna da
chama é conhecida como zona de combustão primária, enquanto a parte mais externa
é dita zona de combustão secundária. Entre essas duas situa-se a região interzonal, a
mais quente da chama. A temperatura alcançada pelas chamas depende de vários
fatores, entre os quais os tipos de combustível e comburente usados (TURNS, 2013).
A taxa de energia térmica, ou potência térmica (�̇�), cedida pela chama para elevar
a temperatura de determinado corpo de massa m, de uma temperatura T1 a uma
temperatura T2, pode ser descrita pela equação da energia química liberada pelo
combustível, responsável pelo aumento da temperatura do ar, de massa m, conforme
descrito na Equação 4:
�̇� = �̇�𝑐𝑝(𝑇2 − 𝑇1) (4)
Através desta equação, e das características termoquímicas dos combustíveis, é
possível deduzir a eficiência de um processo de combustão.
Khalil et al. (2010), em estudo sobre a influência da variação da pressão na
temperatura da chama, ilustra que para diferentes pressões, à uma mesma velocidade
42
do combustível, a variação da temperatura na chama não muda em grandes proporções,
conforme Figura 17.
Figura 17 - Distribuição da temperatura na chama (Velocidade = 10 (m/s), a diferentes
pressões) (por Khalil, 2010)
No caso do forno estudado neste trabalho, o ar que adentra a câmara de combustão
é proveniente da zona de resfriamento e, devido aos ventiladores, ocorre um
cruzamento entre o fluxo de gases de combustão advindos dos queimadores e o fluxo
de gases que chegam à câmara de combustão.
Existe uma deflexão no interior da câmara de combustão causada pela variação de
pressão resultante do cruzamento entre os dois escoamentos. Lefebvre (1990) citado
por Athayde et al. (2012), modelou esta deflexão em função da variação de pressão,
conforme equação 5.
𝐽 =𝑄𝑗𝑎𝑡𝑜
𝑄𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 (5)
Onde J representa a razão entre as quantidades de movimento e Qjato e Qfluxo
representam as quantidades de movimento do jato e do fluxo de gás.
43
Figura 18 - Comportamento do fluxo cruzado de gases (Lefebvre, 1990 citado por Athayde
et al., 2012)
A Figura 18 ilustra o comportamento do cruzamento dos fluxos de gases na
câmara de combustão
A distribuição da temperatura na chama defletida de um queimador de forno de
usina de pelotização similar ao estudado neste trabalho, foi modelado por Athayde et al.
(2012) através de CFD (Computational Fluid Dinamics) e é ilustrado na Figura 19.
Figura 19 - Perfil da temperatura ao longo da chama na saída do queimador na câmara de
combustão, simulado em CFD (Athayde et al., 2012)
44
3.6.4 QUEIMADORES
A função do queimador é a de fazer com que o combustível e o oxidante fiquem
em contato o tempo suficiente e à temperatura suficiente para ocorrer e completar a
reação de combustão. Uma vez que a maioria das reações de combustão acontecem
na fase gasosa, o contato eficiente depende de: tempo, temperatura e turbulência.
Em geral os queimadores não podem ser considerados isolados do forno pois os
arredores obviamente vão ter um efeito sobre a quantidade de calor perdida pela chama,
consequentemente sobre a sua temperatura, sobre o tempo em que os gases da chama
são mantidos na zona de combustão e, sobre a recirculação do gás. Porém, para efeito
de pesquisa, utilizando-se da metodologia adequada, convém realizar a análise isolada
do queimador (TURNS, 2013).
Pode-se classificar os queimadores de gás em 3 tipos básicos, conforme a
maneira em que é misturado o ar e o gás combustível (TURNS, 2013):
queimadores de chama de difusão
queimadores com pré-mistura
queimadores com bicos de mistura (ou de mistura direta).
Os queimadores em estudo neste trabalho são do tipo com pré-mistura.
O corpo dos 38 queimadores possui 1.067 mm de comprimento longitudinal e 50
mm de diâmetro, com paredes de 10 mm de espessura, e tem um bocal formado por 30
ou 36 tubos menores, de 3 mm de diâmetro e 10 mm de comprimento cada, distribuídos
conforme a Figura 20.
45
Figura 20 - Vista frontal da saída do queimador do forno de pelotização de minério de ferro
(fornecido por Vale S/A)
Existe uma linha de distribuição de gás natural para os queimadores, que opera
com uma pressão na faixa de 200 KPa, medida por manômetros instalados na linha dos
queimadores do forno em estudo.
Em relação à velocidade de saída do combustível nos queimadores, Khalil et al.
(2010), em um experimento com a distribuição de temperatura na chama do gás metano,
principal constituinte do gás natural, mostra que para uma pressão de 200 KPa, quanto
maior a velocidade do combustível, melhor a distribuição da energia da reação de
combustão pela chama (Figura 21).
Figura 21 - Distribuição da temperatura na chama (P = 2 (bar) a diferentes velocidades).
(Khalil et al. 2010)
46
Em condições turbulentas no escoamento do combustível, o qual possui
velocidade diferente da de propagação da chama, uma chama laminar frontal distorcida
(enrugada) aparece em função da complexidade do perfil no campo de velocidades, tal
como mostrado na Figura 22.
Figura 22 - Esboço da diferença nas linhas de ação direcionais (superior) e na topografia da frente de chama (inferior) entre uma chama laminar e uma turbulenta (Chatrathi et al., 2001)
Localmente, a mistura ainda se propaga com a velocidade de queima laminar,
logo, o consumo de combustível aumenta proporcionalmente ao aumento de área de
superfície. O resultado é equivalente a uma velocidade de combustão mais rápida e
turbulenta, cuja grandeza está relacionada com a intensidade da turbulência local, bem
como outros parâmetros de turbulência. A consequência é que a taxa de formação de
47
produtos é maior, devido à diminuição da densidade resultante da reação. (GRIFFITHS
& BARNARD, 1995).
Uma chama turbulenta provoca o aumento do consumo de combustível na reação.
Este efeito pode ser minimizado alterando a geometria do queimador, uma vez que se
torna inviável alterar a pressão do combustível na rede de abastecimento, por questões
fluidodinâmicas do projeto de fornecimento.
Em estudo sobre os efeitos das velocidades de combustíveis e chamas em
queimadores, Chatrathi et al. (2001), demonstraram que para razões de comprimento
sobre diâmetros de tubos (L/D) que variam entre 1 e 50, a velocidade não é afetada pelo
diâmetro, e para razões que excedem 50, a velocidade tende a aumentar
proporcionalmente ao diâmetro. No o caso do queimador em estudo (L/D = 1067/40 =
26,675), através de um teste simples de bancada, é possível racionalizar o consumo de
combustível através de alterações no diâmetro e/ou no comprimento do queimador em
estudo, testando protótipos que obedeçam à razão L/D<50 e medindo a vazão mássica
de combustível, correlacionando os dados coletados, buscando um ponto ótimo de
operação.
Em relação ao comportamento das velocidades do ar proveniente do resfriamento
e também dos gases de combustão, Athayde et al (2012) demonstram em simulação
CFD, conforme visto na Figura 23, que a velocidade dos gases influencia diretamente o
perfil de acomodação no leito de pelotas, e, consequentemente, a distribuição de
temperatura no mesmo. Quanto maior a velocidade (acima de 150 m/s), menor a
estabilidade na distribuição do escoamento no leito. Neste caso, sugere-se o ajuste do
damper no sistema de ventilação forçada a jusante da câmara de combustão.
49
4 MATERIAIS E MÉTODOS
A metodologia científica adotada para o estudo, utiliza-se, a princípio, do método
de procedimentos (coleta direta de variáveis), e, posteriormente, do método indutivo
(partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade
geral ou universal).
Os dados operacionais e construtivos do forno de pelotização de minério de ferro
utilizados neste trabalho foram cedidos integralmente pela VALE S/A. Esta pesquisa
contemplou as seguintes variáveis, que afetam a energia consumida ou cedida pela
reação de combustão: a velocidade e pressão do combustível nos queimadores, a
temperatura dos gases de combustão e do ar reagente, a taxa de conversão
estequiométrica e a relação ar/combustível da reação.
Alguns dados fundamentais não são possíveis de coletar com o forno em
operação, porém, as variáveis primárias que compõem as equações destes dados,
possuem instrumentos de leitura no equipamento. Logo, as equações finais foram
desenvolvidas e foram feitas propostas, de acordo com o estudo, de variáveis
fundamentais e compostas no forno, objetivando a redução do consumo de combustível.
Os dados para desenvolvimento destes parâmetros, através das informações primárias
coletadas no forno, encontram-se nas Tabelas 1 a 12 do Anexo 1.
Para a simulação das reações de combustão, foi utilizado o Gaseq®. É um
software destinado ao cálculo de equilíbrio químico de reações de combustão, que pode
ser obtido gratuitamente. O software possui uma plataforma simples e objetiva, com
situações de equilíbrio químico pré-definidas e uma carta de elementos e substâncias
que podem ser selecionados como reagentes e produtos. O programa permite o cálculo
de combustão incompleta através da entrada das concentrações das espécies
químicas, além de informar todas as propriedades termoquímicas dos reagentes e
produtos envolvidos na reação.
50
A Figura 24 mostra a plataforma do software Gaseq®.
Figura 24 - Simulação de uma reação de combustão no software GASEQ®
É importante enfatizar que a manipulação das variáveis de processo neste
trabalho, visando à obtenção de uma menor vazão mássica de combustível, obedeceu
alguns critérios operacionais importantes, tais como a manutenção da taxa de energia
calorífica (�̇�) uma vez que os parâmetros termoquímicos necessários no processo de
endurecimento das pelotas de minério de ferro devem permanecer inalterados para que
se mantenha a qualidade de produção.
51
Ainda em relação à taxa de energia calorífica, modelos em CFD (Computational
Fluid Dinamics) como o apresentado no estudo realizado por Athayde et al. (2012),
demonstram que é possível racionalizar a transferência de calor entre o fluxo convectivo
de gases de combustão e o leito de pelotas cruas, buscando maximizar a transferência
de energia.
Devido às características construtivas do sistema de fornecimento de combustível
do forno, considerou-se o estudo do único combustível em operação, que é o gás
natural. Logo, mostrou-se inviável considerar o PCI de outros combustíveis, também
possíveis na alimentação do forno, o que levaria também a variações no calor específico
e na temperatura dos gases de combustão.
Seguem as considerações referentes à abordagem das principais variáveis em
estudo, considerando a metodologia adotada.
PROPRIEDADES DO COMBUSTÍVEL
Através da composição do gás natural fornecido pela concessionária fornecedora
do combustível, foi possível calcular a massa específica (ρ), a viscosidade dinâmica do
fluído combustível (μ) e o coeficiente de compressibilidade (Z), resultantes das espécies
que compõem o combustível pelo software Gaseq®.
PRESSÃO DE ENTRADA DO COMBUSTÍVEL
Conhecendo a pressão de entrada (P1) nos queimadores e a pressão da câmara
de combustão (P2), onde o combustível é injetado, chega-se à diferença de pressão
(ΔP), que contempla as perdas de carga reais no queimador, em função da rugosidade
52
do material de construção, turbulência, entre outros. A influência da temperatura na
massa específica foi obtida pela Equação 6.
𝑃𝑉 = 𝑍𝑅𝑔𝑇 (6)
VELOCIDADE DO COMBUSTÍVEL
Através da área de transporte de combustível nos queimadores (A) e a leitura da
vazão (�̇�) fornecida pelo sensor instalado na linha de distribuição de gás do forno, a
velocidade inicial (v1) foi definida. De posse destes dados, calculou-se a velocidade de
saída (v2) do combustível no queimador, sendo igual a 332,12 m/s, através da Equação
7.
𝑑𝑚
𝑑𝑡) = 0 =
𝜕
𝜕𝑡∫𝜌 𝑑𝑣 + ∫(𝜌�⃗� 𝑑𝐴 ) (7)
Este cálculo tem por objetivo a obtenção de uma velocidade de referência, a fim
de determinar o tipo de escoamento e a sua influência sobre a combustão. A hipótese
do contínuo e de conservação de massa foram consideradas, bem como um fluxo
forçado em um duto de seção constante, sem acúmulo ou geração de massa no sistema
de injeção de combustível.
Considerou-se também o fluído newtoniano não-ideal em escoamento
compressível (número de Mols ≤ 0,3), corrigido pelo coeficiente de compressibilidade
(Z) através do Gaseq® para ajuste das equações de estado.
53
TAXA DE CONVERSÃO DA REAÇÃO
A composição do gás natural na Tabela 3 compreende a média dos cinco
primeiros meses do ano de 2015 do gás recebido da concessionária pela VALE S/A.
Tabela 3 - Média de cinco meses da composição de gás natural, através de coleta diária
da composição fornecida pela concessionária
Composição do Gás Natural
Mês Metano (%) Etano (%) Propano
(%)
Butano
(%)
N2 + CO2
(%)
N2 (%)
1 88,11 6,56 2,29 0,66 2,37 0,59
2 88,28 6,44 2,28 0,65 2,35 0,58
3 88,06 6,47 2,30 0,76 2,41 0,57
4 88,44 6,20 2,22 0,72 2,41 0,56
5 88,68 6,10 2,19 0,76 2,27 0,59
Média 88,32 6,35 2,26 0,71 2,36 0,58
Neste trabalho, fez-se um estudo comparativo, através da modelagem de uma
equação estequiométrica com taxa de conversão de valor η=0,90, valor ideal de uma
reação de combustão para o caso em estudo, conforme pode ser observado nas
Tabelas 1 a 12 do Anexo 1.
54
TEMPERATURA DOS GASES DE COMBUSTÃO
As reações foram simuladas no Gaseq®, e a temperatura dos gases de
combustão foi calculada no software para a obtenção da energia térmica liberada. O
balanço estequiométrico segue na Equação 8.
η=0,90:
[𝐶1.1064𝐻4.1656 + 0.0178 𝐶𝑂2 + 0.0058 𝑁2] + 2.0925 ∗ (𝑂2 + 3.76 𝑁2) → 1.0136 𝐶𝑂2 +
0.1106 𝐶𝑂 + 0.0058 𝑁2 + 2.0828 𝐻2𝑂 + 3.76 ∗ 2.0925 ∗ 𝑁2 (8)
Foi possível calcular através do software Gaseq® todas as propriedades, dos
reagentes e dos produtos, necessárias para o desenvolvimento da pesquisa.
EFICIÊNCIA DA COMBUSTÃO
Com a temperatura dos gases de combustão para η=0,90, e as temperaturas
medidas nos queimadores do forno, foi possível determinar a taxa de energia fornecida
pela combustão (�̇�) nos dois casos (teórico para η=0,90 e real), através do
desenvolvimento da Equação 4, chega-se a Equação 9, que relaciona a energia liberada
pelo combustível com a energia para a elevação da temperatura dos gases de
combustão.
�̇� = 𝑚𝑐̇ 𝑃𝐶𝐼𝑔𝑛 − 𝑚�̇�cp𝑔(𝑇𝑔 − 𝑇𝑎𝑟) (9)
Na qual a vazão mássica de combustível (�̇�𝑐 = 1,741 Kg/s) para ambos os casos
foi considerada pelo produto entre a vazão volumétrica de combustível (�̇�𝑐 = 2,318
Nm³/s) medida no forno em condições normalizadas de operação e a massa específica
do combustível (ρc) em condições normalizadas. O poder calorífico inferior (PCI =
55
36.048 KJ/m³) do combustível gás natural corresponde a uma média de 150 dias dos
laudos fornecidos pela concessionária, considerado o mesmo nos dois casos.
A vazão mássica de gás de combustão (�̇�𝑔) corresponde à relação da razão entre
volume de reagentes e volume de produtos (Vr/Vp) obtida através do software Gaseq®,
a massa específica dos reagentes (ρr) e a taxa de consumo de combustível (�̇�𝑐). O
calor específico dos gases de combustão (Cpg) foi obtido para a composição das
espécies em ambos os casos. As variações no calor específico dos gases de combustão
tem influência direta no consumo de combustível, uma vez que toda a energia gerada
na reação de combustão depende do calor específico da composição dos gases de
combustão para ser transferida ao leito de pelotas cruas numa taxa com maior ou menor
efetividade, dependendo do seu valor, Turns (2013) apresenta um modelo polinomial
para a obtenção do calor específico em misturas, sendo que é possível simular no
software Gaseq® com excelente aproximação este cálculo. A metodologia de cálculo
está descrita no link: http://www.gaseq.co.uk/calc.doc. A temperatura de saída dos
gases (Tg) foi obtida através do Gaseq® para η=0,90 e coletada experimentalmente para
a situação real. A temperatura do ar de combustão (Tar = 859 °C) foi medida através de
termopares instalados no forno e é considerada a mesma para os dois casos.
56
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 INFLUÊNCIA DA VELOCIDADE DO COMBUSTÍVEL
O número de Mach (Ma) relaciona a velocidade de um corpo ou escoamento com
a velocidade do som no meio em que se encontra. Através da composição das espécies
do gás natural, sua temperatura e pressão no queimador, obteve-se a velocidade do
som no escoamento, calculada através do Gaseq®. O resultado calculado para o
escoamento do gás natural foi da ordem de Ma = 0,77. Para valores entre 0,2 < Ma <
0,8, o fluído desloca em velocidade subsônica, mostrando que dentro do queimador não
existe elevação de pressão e temperatura oriundas de ondas de choque (que ocorrem
quando Ma > 1), o que poderia provocar ignição espontânea no combustível. O sistema
de fornecimento de combustível do forno possui válvulas pneumáticas que controlam a
vazão de combustível nos queimadores de acordo com as necessidades do processo.
No cálculo anterior, estas válvulas foram consideradas totalmente abertas, situação em
que o combustível atinge maior vazão volumétrica.
Verifica-se que o aumento da velocidade do gás natural no queimador analisado
favorece uma distribuição mais homogênea de temperatura na chama.
Utilizando o software Gaseq®, obteve-se os valores da viscosidade dinâmica do
fluído combustível (μ), e, juntamente com o valor da velocidade de saída (v2), calculou-
se o número de Reynolds (Re) do escoamento.
𝑅𝑒 =𝜌𝑣𝐷
𝜇 (10)
O número de Reynolds (Re) do fluxo de combustível para a saída no bocal do
queimador analisado é da ordem de 106, evidenciado pela Equação 9, o que caracteriza
um escoamento turbulento (Re > 4000).
57
A velocidade do combustível no queimador deve ser diminuída. A relação L/D do
queimador é 26,675. Para L/D abaixo de 50, o diâmetro não afeta a velocidade, mas
testes de protótipos devem ser feitos, alterando a relação L/D, buscando reduzir a
velocidade através de testes de diferentes materiais, com rugosidades variadas. A
instalação de uma válvula na linha de alimentação de gás é uma alternativa eficiente
para a redução da velocidade.
A Figura 25 ilustra o resultado numérico relacionando a eficiência da combustão
com a velocidade e o consumo do combustível, constatando que o aumento da
velocidade do combustível tende a aumentar a eficiência e reduzir o consumo de
combustível.
Figura 25 – Comportamento da Ef iciência da Combustão em função da
Velocidade do Combust ível e do Consumo de Combustível
O aumento da velocidade do combustível resulta no aumento da potência térmica,
conforme demonstrado na Figura 26.
1,45
1,50
1,55
1,60
1,65
1,70
1,75
1,80
0,00
50,00
100,00
150,00
200,00
250,00
300,00
350,00
64,65 66,23 67,80 69,38 70,95
Co
nsu
mo
de
com
bu
stív
el (Kg/s)
Vel
oci
dad
e d
o C
om
bu
stív
el (m/s)
Eficiência da Combustão (%)
Velocidade do Combustível
Velocidade do Combustível Consumo de Combustível
58
Figura 26 - Comportamento da Ef iciência da Combustão em função da
Velocidade do Combust ível e d a Potência Térmica
5.2 INFLUÊNCIA DA PRESSÃO DO COMBUSTÍVEL
Neste estudo revelou-se a deflexão ocorrida na chama em função do cruzamento
dos escoamentos.
A deflexão observada na chama, causada pelo ar de cogeração proveniente do
resfriamento do forno, provoca variações na pressão que aumentam o consumo de
combustível. É necessário diminuir a velocidade do fluxo de ar proveniente da zona de
resfriamento, através do damper existente na linha, até que se atinja a estabilidade da
chama.
A redução da velocidade do ar proveniente da câmara de resfriamento certamente
irá resultar em um menor consumo de combustível, pela redução da deflexão na chama
provocada pela alteração da pressão oriunda dos escoamentos cruzados, resultando
em uma melhor propagação da chama e consequentemente melhor troca térmica.
49,00
50,00
51,00
52,00
53,00
54,00
55,00
56,00
57,00
58,00
59,00
0,00
50,00
100,00
150,00
200,00
250,00
300,00
350,00
64,65 66,23 67,80 69,38 70,95
Po
tên
cia
Térm
ica (M
J)
Vel
oci
dad
e d
o C
om
bu
stív
el (m/s)
Eficiência da Combustão (%)
Velocidade do Combustível
Velocidade do Combustível Potência Térmica
59
O gráfico da Figura 27 relaciona a eficiência da combustão com a pressão e o
consumo do combustível, demonstrando que o aumento da pressão do combustível nos
queimadores tende a aumentar a eficiência e reduzir o consumo de combustível.
Figura 27 - Comportamento da Ef iciência da Combustão em função da
Pressão do Combustível e do Consumo de Combustível
O aumento da pressão do combustível provoca o aumento da potência térmica,
conforme demonstrado na Figura 28.
Figura 28 - Comportamento da Ef iciência da Combustão em função da
Pressão do Combustível e da Potência Térmica
1,45
1,50
1,55
1,60
1,65
1,70
1,75
1,80
0,00
50,00
100,00
150,00
200,00
250,00
64,65 66,23 67,80 69,38 70,95
Co
nsu
mo
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com
bu
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el (Kg/s)
Pre
ssão
do
Co
mb
ust
ível
(KPa)
Eficiência da Combustão (%)
Pressão do Combustível
Pressão do Combustível Consumo de Combustível
48,00
50,00
52,00
54,00
56,00
58,00
60,00
0,00
50,00
100,00
150,00
200,00
250,00
64,65 66,23 67,80 69,38 70,95
Po
tên
cia
Térm
ica (M
J)
Pre
ssão
do
Co
mb
ust
ível
(KPa)
Eficiência da Combustão (%)
Pressão do Combustível
Pressão do Combustível Potência Térmica
60
5.3 INFLUÊNCIA DA RELAÇÃO AR/COMBUSTÍVEL
As “caixas de vento” configuram a região de saída da câmara de combustão, nas
quais os gases de combustão são direcionados para recirculação no forno. A Figura 29
relaciona a quantidade de volume de ar pela região de cada caixa de vento na zona da
queima no forno, disponível para a reação de combustão com o volume de combustível
na mesma região. Através dos cálculos de vazão de combustível nos queimadores e da
vazão de ar proveniente dos downcomers no forno em estudo, foi possível traçar o perfil
da razão entre o volume de ar disponível na câmara e o volume de combustível em cada
caixa de vento na região da queima.
Figura 29 - Relação entre o volume de ar disponível, e o volume de combustível nas caixas
de vento da câmara de combustão do forno
O resultado demonstrou que existe excesso de volume de ar em relação ao
volume de combustível na câmara de combustão, a uma razão diferente. Uma análise
das espécies químicas dos gases de combustão deve ser realizada, para se definir qual
a taxa real de oxigênio está sendo consumida pelo combustível e, portanto, definir a
relação real ar/combustível. Dadam (2005), em seu trabalho, variando a relação
ar/combustível na combustão de gás natural, atingiu uma economia de 18,9% de
combustível, apenas ajustando o excesso de ar nos reagentes.
61
Os resultados do presente estudo evidenciaram que o ajuste deste parâmetro
tende a reduzir consideravelmente o consumo de combustível no forno de pelotização.
A análise numérica na saída da zona de queima, nas seções do forno
denominadas “caixas de vento”, mostra que existe excesso de ar na câmara de
combustão. Porém não se sabe a composição dos gases de combustão para definir a
relação A/C real. A instalação de um analisador de gases na chaminé do forno é
fundamental para ajustar a relação A/C.
Dependendo do resultado da concentração dos produtos, manobras nas válvulas
do sistema de fornecimento de combustível podem ser efetuadas para reduzir o
consumo de combustível.
O gráfico da Figura 30 relaciona a eficiência da combustão com a relação
ar/combustível e o consumo do combustível, demonstrando que o aumento da relação
ar/combustível na câmara de combustão tende a aumentar a eficiência e reduzir o
consumo de combustível.
Figura 29 - Comportamento da Ef iciência da Combustão em função da
Relação Ar/Combustível e do Consumo de Combustível
1,45
1,50
1,55
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1,70
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40,00
60,00
80,00
100,00
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64,65 66,23 67,80 69,38 70,95
Co
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com
bu
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el (Kg/s)
Rel
ação
Ar/
Co
mb
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ível
(%)
Eficiência da Combustão (%)
Relação Ar/Combustível
Relação Ar/Combustível Consumo de Combustível
62
Na Figura 31 observa-se que o aumento da relação ar/combustível aumenta a
potência térmica.
Figura 30 - Comportamento da Ef iciência da Combustão em função da
Relação Ar/Combustível e da Potência Térmica
5.4 INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO AR DE COMBUSTÃO
Uma propriedade importante na análise da temperatura da chama é a temperatura
do ar para combustão (Tar), em seu trabalho, Dadam (2005) mostra que quanto maior a
temperatura do ar que reage com o gás natural, maior será a temperatura da chama, e,
consequentemente, maior a energia cedida pela reação.
A temperatura do ar na câmara de combustão do forno em estudo é da ordem de
Tar = 859°C, o que possibilita uma redução no consumo de combustível. Porém, uma
análise da concentração dos reagentes deve ser efetuada, monitorando a temperatura
na câmara de combustão, pois altas temperaturas do ar de combustão tendem a reduzir
sua massa específica, o que, para um sistema fechado como a câmara de queima, pode
afetar a relação ar/combustível.
49,00
50,00
51,00
52,00
53,00
54,00
55,00
56,00
57,00
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40,00
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100,00
120,00
140,00
160,00
180,00
200,00
64,65 66,23 67,80 69,38 70,95
Po
tên
cia
Térm
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J)
Rel
ação
Ar/
Co
mb
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ível
(%)
Eficiência da Combustão (%)
Relação Ar/Combustível
Relação Ar/Combustível Potência Térmica
63
Um analisador de gases também possibilitará a análise da concentração dos
reagentes da queima, monitorando sua temperatura na câmara de combustão. Altas
temperaturas do ar de combustão tendem a reduzir sua massa específica, o que, para
um sistema fechado como a câmara de queima, pode afetar a relação ar/combustível.
A Figura 32 ilustra o comportamento da eficiência da combustão com a
temperatura do ar de combustão e o consumo do combustível, demonstrando que
quanto maior a temperatura do ar na câmara de combustão, maior a eficiência e menor
o consumo de combustível.
Figura 31 - Comportamento da Ef iciência da Combustão em função da
Temperatura do Ar de Combustão e do Consumo de Combust ível
Os resultados demonstrados na Figura 33 reforçam que o reaproveitamento do ar
de combustão proveniente do resfriamento, que adentra a câmara de combustão em
temperatura elevada, tende a aumentar a potência térmica.
1,45
1,50
1,55
1,60
1,65
1,70
1,75
1,80
680,00
700,00
720,00
740,00
760,00
780,00
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64,65 66,23 67,80 69,38 70,95
Co
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el (Kg/s)
Tem
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o A
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e C
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bu
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(°C)
Eficiência da Combustão (%)
Temperatura do Ar de Combustão
Temperatura do Ar de Combustão Consumo de Combustível
64
Figura 32 - Comportamento da Ef iciência da Combustão em função da
Temperatura do Ar de Combustão e d a Potência Térmica
5.5 EFICIÊNCIA DA COMBUSTÃO
Pelos cálculos realizados, a potência térmica da combustão nas condições atuais
é �̇�𝑟𝑒𝑎𝑙 = 52,018 MJ e �̇�(η=0,90) = 57,822 MJ, ou seja, um aporte térmico 11,15% maior
através do ajuste da reação de combustão.
Considerando que se mantenha a mesma taxa de geração de energia, similar à
atual, necessária para o endurecimento das pelotas, e ajustando a vazão mássica de
combustível (�̇�𝑐) para o modelo em que �̇�(η=0,90), chegou-se a um valor de �̇�𝑐 = 1,579
Kg/s para as mesmas condições de operação do forno. Uma redução de 9,25% no
consumo de combustível. A Tabela 4 ilustra os comportamentos.
49,00
50,00
51,00
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54,00
55,00
56,00
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58,00
59,00
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700,00
720,00
740,00
760,00
780,00
800,00
820,00
840,00
860,00
880,00
64,65 66,23 67,80 69,38 70,95
Po
tên
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Térm
ica (M
J)
Tem
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o A
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om
bu
stão
(°C)
Eficiência da Combustão (%)
Temperatura do Ar de Combustão
Temperatura do Ar de Combustão Potência Térmica
65
Tabela 4 - Comparativo entre a situação atual e η = 0,90 para o aporte térmico e o
consumo de combustível
Mantendo o consumo
(�̇�𝑐)
Mantendo a potência
(�̇�)
�̇�real (MJ) �̇�η=0,90 (MJ) �̇�𝑐(real) (Kg/s) �̇�𝑐(η=0,90) (Kg/s)
52,018 57,822 1,741 1,579
Ganho de 11,15% na potência térmica
Redução de 9,25% no consumo de
combustível
É indicada a instalação de um analisador de gás de combustão no sistema de
tiragem do forno (existem modelos na indústria que analisam a concentração das
espécies COx, NOx e SOx). Através da análise da composição das espécies dos
produtos da combustão, é possível ajustar o fornecimento de combustível para uma
melhor taxa de conversão (η), o que pode resultar em 9,25% de redução de consumo.
Através do desenvolvimento da Equação 4, chaga-se a Equação 11 e,
consequentemente, à eficiência térmica real da combustão no forno de pelotização.
𝜂𝑡é𝑟𝑚𝑖𝑐𝑎 =�̇�𝑟𝑒𝑎𝑙
𝑚𝑐̇ 𝑃𝐶𝐼𝑔𝑛 (11)
A eficiência calculada foi de 64,65% da combustão para a situação real, podendo,
através dos ajustes supracitados, atingir 70,95% de eficiência na combustão.
A Figura 34 ilustra o comportamento da eficiência da combustão em relação à
potência térmica e o consumo do combustível, de acordo com os resultados numéricos.
Com o aumento da eficiência da combustão, é possível se atingir um menor consumo
de combustível e um maior aporte térmico.
66
Figura 33 - Comportamento da Ef iciência da Combustão em função da
Potência Térmica e do Consumo de Combust ível
Através dos métodos aplicados, foi possível elaborar um fluxograma para análise
da eficiência da combustão em fornos de pelotização de minério de ferro, conforme
ilustra a Figura 35, com o objetivo de elevar a potência térmica, aumentando o
rendimento.
1,45
1,50
1,55
1,60
1,65
1,70
1,75
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49,00
50,00
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64,65 66,23 67,80 69,38 70,95
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Eficiência da Combustão (%)
Potência Térmica x Consumo de Combustível
Potência Térmica Consumo de Combustível
67
Figura 34 - Fluxograma de Análise de eficiência da combustão em fornos de pelotização
de minério de ferro
68
6 CONCLUSÃO
O consumo de combustível de uma máquina térmica, do porte de um forno de
pelotização, está atrelado a inúmeros fatores de ordem estrutural, térmica, química e
fluidodinâmica. A análise do desempenho da combustão é apenas o primeiro passo de
futuros estudos que devem englobar a maior quantidade de variáveis possíveis para a
determinação da eficiência global do sistema, principalmente da área da queima, região
de maiores perdas térmicas.
A metodologia sugerida para análise da eficiência energética da câmara de
combustão do forno se mostrou funcional e adequada ao modelo em estudo, em
conformidade com as condições de intervenção com o forno em operação.
É possível se atingir uma melhor taxa de conversão estequiométrica, através dos
ajustes sugeridos pela análise dos resultados obtidos.
É fundamental para o ajuste da combustão, a instalação de um analisador de gás
de combustão no sistema de tiragem do forno.
Concluiu-se que o ajuste dos parâmetros determinados para melhorar a eficiência
da combustão, podem fazer o sistema atingir uma taxa de conversão estequiométrica
de η=0,90, o que proporciona uma redução de 9,25% no consumo de combustível,
resultando em uma economia de até US$ 2,6 milhões por ano para a empresa.
69
7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
É importante observar que a eficiência global de um forno de pelotização de
minério de ferro envolve inúmeros fatores, dentre os quais se destacam:
a efetividade dos mecanismos de transmissão de calor e
a análise termofluidodinâmica dos ventiladores de cogeração,
não considerados neste trabalho, e, por conseguinte, temas recomendados para
estudos futuros.
70
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81
Fonte: Gas Engineers Handbook / SINDE
Tabela 6 - Comparação da Temperatura de Ignição de Vários Gases em Ar e em Oxigênio
82
Tabela 7 - Temperatura de Ignição do Metano para Várias Concentrações da Mistura Ar
Gás e Riqueza de Oxigênio do Ar
Tabela 8 - Temperatura de Ignição com Relação à Proporção de Etano no Gás Natural 1; 2;
*
83
Tabela 9 - Temperatura de Ignição com Relação à Proporção do Gás Combustível na
Mistura Ar Gás 1; 2; *
Tabela 10 - Limite de Deslocamento da Chama para Diversos Gases
84
Tabela 11- Produtos da Combustão Perfeita de Diversos Gases (Sem Excesso de Ar)
Fonte: Gas Engineers Handbook / SINDE
89
10 ANEXO 2 – Gráficos de comportamento de gases em
combustão
Figura 35- Efeito da Pressão sobre o Limite Superior de inflamabilidade da Mistura Ar Gás
90
Figura 36 - Velocidade de Propagação da Chama para Diversos Gases em Relação à
Proporção de Ar Primário da Combustão [m/s]
91
Figura 37- Temperatura Adiabática da Chama em Função da Composição do Combustível
e Excesso de Ar