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Crime Organizado Sentença Penal Rafael Wolff Juiz Federal Substituto Vara Federal e JEFCrim de Lajeado, RS. Mestre pela UFF.

Rafael Wolff Juiz Federal Substituto Vara Federal e ...aulas.verbojuridico3.com/R2012/Sentenca_Wolff_Crime_Organizado... · A História da Máfia é importante para o estudo do crime

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Crime Organizado

Sentença Penal

Rafael Wolff

Juiz Federal Substituto

Vara Federal e JEFCrim de Lajeado, RS.

Mestre pela UFF.

I. Fenômeno do Crime Organizado.

II. Legislação sobre Crime Organizado no Brasil.

III. Sentença Penal

Planejamento da Aula

Por que o crime organizado é um tema que desperta

tanta atenção da sociedade?

I. Fenômeno do Crime Organizado

Numa visão sociológica, pode-se dizer que a

fascinação pelo crime organizado é trazida pelo

nosso próprio inconsciente.

Segundo Ziegler (2003, p. 51), “o capitalismo

encontra sua essência no crime organizado”.

Afinal, que empresário não sonha em estar imune ao

Estado, com ampla liberdade de lucros??

Rompimento do contrato social.

“Entre diversos e múltiplos conceitos jurídicos,

econômicos e político-sociais, há um consenso. A

existência do crime organizado é uma demonstração

de um poder paralelo não legitimado pelo povo,

que ocupa lacunas deixadas pelas deficiências do

Estado Democrático de Direito e demonstra a

falência do modelo estatal de repressão à macro-

criminalidade”

Rodrigo Carneiro Gomes (2008, p. 3, grifo nosso)

O Mito da Conspiração:

Existe um submundo tão ou mais forte que o Estado,

tanto que este optou, inicialmente, por negar a sua

existência!!

Isto se deve, e muito, à História da Máfia...

Como veremos:

1. Máfia é espécie (MENDRONI, 2009, p. 13)

2. Crime Organizado é gênero.

A História da Máfia é importante para o estudo

do crime organizado, mas este não se resume ao

fenômeno mafioso.

Atenção

História da Máfia (ZIEGLER, 2003, p. 56-66)

Decreto da Nápoles: redução dos privilégios feudais

e poder dos príncipes.

Senhores feudais contratam “homens de honra” e

criam sociedades secretas para resistir ao decreto.

Estas sociedades são chamadas de máfia.

A palavra máfia vem do árabe, e significa

“destemor”, “coragem”, mas também

“autoconfiança”, “arrogância”.

História da Máfia (ZIEGLER, 2003, p. 56-66)

Com a unificação forçada da Itália (1865), o inimigo

passa a ser o Piemontês (aquele que vem do norte do

país).

A máfia vira uma força de resistência e ganha

legitimidade popular.

Final do século XIX e início do Século XX: a

miséria na Itália leva imigrantes ao novo continente.

Surge a máfia italo-americana.

Nos EUA, a criminalidade organizada floresceu no

final da década de 20, em virtude da Lei Seca.

bootlegging

História da Máfia

Eduardo Araújo da Silva

(2009, p. 7)

História da Máfia (ZIEGLER, 2003, p. 56-66)

Em 1943, a máfia “adquire legitimidade

internacional”, auxiliando a OSS (Office for

Strategic Services – antecessora da CIA) na

preparação da invasão da Sicilia.

Muitos homens de honra se tornam Prefeitos.

Com a Guerra Fria, permanece o poder da máfia,

que é eminentemente anticomunista.

Nos EUA, Edgar Hoover, que foi diretor do FBI por

quase 50 anos, mantinha sua tese no sentido da

inexistência da máfia.

Todavia, a tese foi impossível de sustentar até que a

Polícia do Estado de Nova Iorque prendesse 60

mafiosos numa reunião da Comissão.

Fonte:

MANNION, James. The Everything Mafia Book.

Avon (MA): Adam Media, 2003.

História da Máfia (ZIEGLER, 2003, p. 56-66)

A década de 90 é marcada pela luta do governo

italiano contra a máfia.

Segundo o autor, o volume anual de negócios da

máfia italiana é de 50 bilhões de dólares, ao passo

que seu patrimônio imobiliária alcança 100

bilhões de dólares.

Dentre as máfias italianas, a Cosa Nostra é

considerada a mais forte.

Apesar de todo o exposto, e da exposição do assunto

na mídia, de glamour o crime organizado não tem

nada!!!

Por que ele deve ser combatido?

Ofende a Dignidade da Pessoa

Humana

Tráfico de seres humanos para:

a) prostituição;

b) exploração de trabalho escravo;

c) remoção de órgãos

Coloca em risco a vida e a saúde

das pessoas

● Tráfico de entorpecentes;

● Falsificação de remédios;

● Tráfico de armas;

Ameaça o Meio Ambiente

● Tráfico de animais silvestres

● Contrabando de agrotóxicos

Ameaça a livre iniciativa e a

liberdade de mercado

● Contrabando e descaminho

● Oferecimento de “segurança”

● Lavagem de Dinheiro – Chega-se a estimar que

envolva entre 2% e 5% do PIB mundial (GOMES,

2008, p. 5)

TODOS VALORES EXPRESSAMENTE

PROTEGIDOS PELA NOSSA CONSTITUIÇÃO

FEDERAL.

Em virtude disto:

a) A punição deve ser proporcional ao dano (aspecto

penal – criminalização do crime organizado);

b) A persecução penal deve ser ainda mais eficiente,

pela necessidade de sustar os efeitos danosos

(aspecto processual penal – meios especiais de

investigação);

Proibição de Insuficiência

Diante desta teoria, “os direitos fundamentais passam

a ostentar uma função complementar, de assegurar a

proteção dos bens jurídicos de direito fundamental

contra agressão de terceiros não-estatais, por meio da

tomada de medidas legislativas e operacionais, em

casos nos quais a omissão do legislador tem

praticamente a mesma qualidade de uma intervenção

indevida”

(BALTAZAR, 2010, p. 53-54)

Direitos Fundamentais

Isto é, os direitos fundamentais não são apenas em

prol do indivíduo, mas de toda a coletividade.

Nesse sentido, como veremos, o princípio da

proporcionalidade assumirá importante função na

ponderação de interesses, de sorte que nenhum seja

totalmente anulado.

Direitos Fundamentais

Exemplos:

● Infiltração de agentes e contraditório postergado.

● Infiltração de agentes e prática de crimes pelo

agente infiltrado.

● Filmagem ambiental e direito à privacidade.

Assim....

Antes de conceituar o crime organizado, que,

veremos, não é sinônimo de máfia, precisamos

analisar algumas doutrinas existentes sobre o

fenômeno da criminalidade organizada.

Há quem sustente o que Baltazar (2010, p. 77)

chamou de discurso do mito, segundo o qual a idéia

do crime organizado tinha por escopo sustentar a

visão funcionalista do direito e do processo penal.

Nesse sentido, Eugênio Raul Zaffaroni.

Discurso do Mito

ZAFFARONI, Eugenio Raul. Crime organizado:

uma categorização frustrada. In: Discursos

Sediciosos. Rio de Janeiro: Relume/Dumará, a.1,

v.1, p. 46, 1996.

Para o autor, “o crime organizado constitui denominação aplicada a

número incerto de fenômenos delitivos por diversos especialistas, pelos

meios de comunicação de massa, pelos autores de ficcção, pelos

políticos e pelos operadores de agências do sistema penal

(especialmente policiais, ainda que também juízes e administradores

penitenciários), cada um deles com objetivos próprios”.

“(...) a diversidade que aquela categoria pretende abranger continua

dispersa e carente de uma análise particularizada (...)”

(ZAFFARONI, 1996, fl. 45, grifo meu)

ZAFFARONI, Eugenio Raul. Crime organizado:

uma categorização frustrada. In: Discursos

Sediciosos. Rio de Janeiro: Relume/Dumará, a.1,

v.1, p. 46, 1996.

Segundo o autor, o crime organizado exerce sobre o público

“a fascinação própria de toda conspiração” (como ocorreu

com os Protocolos dos Sábios de Sião).

(ZAFFARONI, 1996, fl. 48)

Admite a existência das organizações criminosas e

sua inquestionável danosidade social.

Por isto, elas devem ser combatidas, em uma

verdadeira guerra ou cruzada.

Teoria da Conspiração

(BALTAZAR, 2010, p. 79-80)

● Admissão da idéia de um inimigo público n.º 1

● E, sobretudo, da idéia de que é preciso combatê-lo

● Custe o que custar...

Para tanto, admitir-se-ia (BALTAZAR, 2010, p. 80):

● Modificação das tradicionais regras de imputação

penal

● A diminuição das garantias processuais

● A adoção de medidas específicas de investigação

Combate ao crime organizado ou ao criminoso

(inimigo)??

Obviamente, a primeira opção.

Questão do combate

Existe crime organizado??

Difícil de negar...

Um exemplo??

Tráfico de Seres Humanos

● Campanha da United Nations

Office on Drugs and Crime

(UNDOC)

● www.undoc.org

Tráfico de seres humanos em

números

● 27 milhões de pessoas traficadas no mundo

● US$ 32 bilhões é o lucro anual deste “mercado”

● US$ 90 é o preço médio de um ser humano

● 80% das pessoas traficadas são mulheres e crianças

● Fonte:

http://www.lexisnexis.com/redlight/human_traffickin

g.html

No Brasil, afigura-se difícil de negar a existência de

tais organizações, dentre as quais se destacam

aquelas que emergem do sistema carcerário, como o

Primeiro Comando da Capital (PCC).

Mas, o que o PCC tem em comum com uma

organização que verse sobre tráfico de órgãos?

Da mesma forma, o PCC tem as mesmas

características que a Camorra italiana, por exemplo?

Possuem características em comum, que acabaram

lavrando o conceito de organização criminosa aceito

pela comunidade Internacional (Convenção de

Palermo)!!

Mas como o Brasil trata desta matéria?

II. Legislação sobre Crime

Organizado no Brasil.

A Constituição Federal, ao proteger uma série de

bens ameaçados pelo crime organizado, rechaça-o de

forma implícita.

II. Legislação sobre Crime

Organizado no Brasil.

Art. 5º

(…) XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de

graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de

entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como

crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os

executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;

XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de

grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional

e o Estado Democrático;

● A Lei 9.034/95, conhecida como Lei das

Organizações Criminosas, não criminalizou as

organizações criminosas.

● Isto é, não há tipo penal.

II. Legislação sobre Crime

Organizado no Brasil.

II. Legislação sobre Crime

Organizado no Brasil.

E a Convenção de Palermo?

Nela, o Brasil comprometeu-se, no âmbito

internacional, a contemplar um tipo penal que verse

sobre organizações criminosas.

Todavia, até o momento não o fez...

E a Convenção de Palermo, por si só, não criou um

tipo penal (SILVA, 2009, p. 28).

II. Legislação sobre Crime

Organizado no Brasil.

● Então, para que serve o conceito da Convenção de

Palermo??

II. Legislação sobre Crime

Organizado no Brasil.

● É instrumental, a permitir a aplicação da Lei

9.034/95, sobretudo o uso dos seus meios

investigativos.

● Já serviu para firmar competência (Recomendação

n.º 3 do CNJ), no tocante a Vara Federal

especializada em crime organizado (aqui haveria o

problema da amplitude).

Convenção de Palermo

Para efeitos da presente Convenção, entende-se por:

a) "Grupo criminoso organizado" - grupo estruturado de três ou mais

pessoas, existente há algum tempo e atuando concertadamente com

o propósito de cometer uma ou mais infrações graves ou enunciadas

na presente Convenção, com a intenção de obter, direta ou

indiretamente, um benefício econômico ou outro benefício material;

b) "Infração grave" - ato que constitua infração punível com uma pena

de privação de liberdade, cujo máximo não seja inferior a quatro anos

ou com pena superior;

c) "Grupo estruturado" - grupo formado de maneira não fortuita para a

prática imediata de uma infração, ainda que os seus membros não

tenham funções formalmente definidas, que não haja continuidade na

sua composição e que não disponha de uma estrutura elaborada;

Outras normas

Lei 12.694/12

Outras normas

Preocupação com a segurança dos

magistrados

Criação de colegiados para julgamento

de organizações criminosas.

Outras normas

Leitura do art. 1º

Outras normas

Rol meramente exemplificativo

O colegiado pode praticar qualquer ato

processual

Outras normas

● A menção a processo ou procedimento não foi em

vão....

● a formação do colegiado poderá se dar em ação

penal, inquérito policial ou qualquer incidente

processual...

Outras normas

● ...bastando que o magistrado indique os motivos e

as circunstâncias que acarretam risco à sua

integridade física.

● A decisão é do juiz do processo, sendo que a

comunicação aos órgãos correicionais não objetiva

a obtenção de uma autorização, mas apenas a

designação dos outros dois componentes do

colegiado.

Outras normas

● Não há ofensa ao princípio do juiz natural, pois é

sabido, de antemão, quais os magistrados que

poderão ser convocados a compor o colegiado em

caso de crime praticado por org. crim.

● Eventual preliminar neste sentido deveria ser

rechaçada.

Outras normas

● As decisões devem ser tomadas por maioria, sem a

identificação do voto divergente (proteção do

magistrado)

Outras normas

● Não se trata de um “juiz sem rosto”, mas de três

magistrados bem identificados, que prolatarão uma

decisão única, de sorte a dividir a responsabilidade

por esta.

Post de 25 de julho de 2012

Outras normas

Art. 2o Para os efeitos desta Lei, considera-se

organização criminosa a associação, de 3 (três) ou

mais pessoas, estruturalmente ordenada e

caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que

informalmente, com objetivo de obter, direta ou

indiretamente, vantagem de qualquer natureza,

mediante a prática de crimes cuja pena máxima seja

igual ou superior a 4 (quatro) anos ou que sejam de

caráter transnacional.

Outras normas

Conceito desenvolvido exclusivamente para os

fins previstos na própria norma.

No tocante ao restante do ordenamento, continua-

se, ao menos no meu entender, a ser aplicável o

conceito previsto na Convenção de Palermo,

recebida em nosso ordenamento como lei

ordinária.

Outras normas

Conceito bastante semelhante ao da Convenção de

Palermo.

Ver comparação no Blog Direito e Processo Penal,

no post do dia 26 de julho de 2012.

Outras normas

Lei 12.720/12

Outras normas

Videocomentário de 29 de setembro de 2012

Não há número mínimo de componentes!!

Não trouxe um tipo de organização criminosa,

mas, no máximo, de algumas de suas espécies,

como, por exemplo, as milícias privadas.

III. Sentença Penal

Se não há tipo penal, já sabemos, de antemão, que

não haverá uma sentença penal que condene alguém

neste tipo (QUE NÃO EXISTE!!)

Mas a Lei 9.034/95 traz consequências na seara

criminal, que serão tratadas nesta aula.

Análise da Lei 9.034/96

A análise desta Lei, mormente em virtude da

amplitude do conceito de organização criminosa,

deve ser feita sob o prisma do princípio da

proporcionalidade, segundo o qual os direitos

fundamentais em colisão devem ser ponderados,

sem que o núcleo essencial de nenhum deles seja

anulado.

Atenção

Art. 35 da Lei 11.343/06 (associação para o tráfico –

2 ou mais pessoas)

Convenção de Palermo (grupo organizado = a partir

de 3 pessoas)

Quadrilha = 4 pessoas

Meios investigatórios

Art. 2º

Meios investigatórios

Ação controlada

Meios investigatórios

Art. 2o Em qualquer fase de persecução criminal são permitidos, sem

prejuízo dos já previstos em lei, os seguintes procedimentos de

investigação e formação de provas: (Redação dada pela Lei nº

10.217, de 11.4.2001)

I - (Vetado).

II - a ação controlada, que consiste em retardar a interdição policial

do que se supõe ação praticada por organizações criminosas ou a ela

vinculado, desde que mantida sob observação e acompanhamento

para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz do

ponto de vista da formação de provas e fornecimento de informações;

(...)

Meios investigatórios ● (...)

● V. Este Superior Tribunal de Justiça

possui entendimento de que a ação

policial controlada, nos termos da Lei nº

9.034/95, não exige prévia autorização

judicial.

● (...)

● (RHC 29.658/RS, Rel. Ministro GILSON

DIPP, QUINTA TURMA, julgado em

02/02/2012, DJe 08/02/2012)

Lei 11.343/06

Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes

previstos nesta Lei, são permitidos, além dos previstos em lei,

mediante autorização judicial e ouvido o Ministério Público, os

seguintes procedimentos investigatórios:

(...)

II - a não-atuação policial sobre os portadores de drogas, seus

precursores químicos ou outros produtos utilizados em sua produção,

que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade de

identificar e responsabilizar maior número de integrantes de

operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal

cabível.

Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo, a autorização

será concedida desde que sejam conhecidos o itinerário provável e a

identificação dos agentes do delito ou de colaboradores.

Meios investigatórios

Acesso a dados

Meios investigatórios

Art. 2o Em qualquer fase de persecução criminal

são permitidos, sem prejuízo dos já previstos em

lei, os seguintes procedimentos de investigação e

formação de provas: (Redação dada pela Lei nº

10.217, de 11.4.2001)

(...)

III - o acesso a dados, documentos e informações

fiscais, bancárias, financeiras e eleitorais.

Meios investigatórios

● Necessidade de autorização judicial (a intenção é

que a diligência fosse feita pelo próprio

magistrado)

● Vide Art. 3º

● Revogação do tocante ao sigilo bancário e

financeiro pela LC 105 (ADI 1570)

Meios investigatórios

Captação e

interceptação

ambiental

Meios investigatórios

● Art. 2o Em qualquer fase de persecução criminal são

permitidos, sem prejuízo dos já previstos em lei, os

seguintes procedimentos de investigação e formação

de provas: (Redação dada pela Lei nº 10.217, de

11.4.2001)

● (...)

● IV – a captação e a interceptação ambiental de sinais

eletromagnéticos, óticos ou acústicos, e o seu

registro e análise, mediante circunstanciada

autorização judicial; (Inciso incluído pela Lei nº

10.217, de 11.4.2001)

Meios investigatórios

Infiltração de agentes

Meios investigatórios

● Art. 2o Em qualquer fase de persecução criminal são permitidos,

sem prejuízo dos já previstos em lei, os seguintes procedimentos

de investigação e formação de provas: (Redação dada pela Lei nº

10.217, de 11.4.2001)

● (...)

● V – infiltração por agentes de polícia ou de inteligência, em tarefas

de investigação, constituída pelos órgãos especializados

pertinentes, mediante circunstanciada autorização judicial. (Inciso

incluído pela Lei nº 10.217, de 11.4.2001)

● Parágrafo único. A autorização judicial será estritamente sigilosa e

permanecerá nesta condição enquanto perdurar a infiltração.

(Parágrafo incluído pela Lei nº 10.217, de 11.4.2001)

Meios investigatórios

● A Lei 9.034/95 deixou ao magistrado a tarefa de oferecer os

contornos ao instituto da infiltração de agentes nos termos do art.

3º do Código de Processo Penal.

● A matéria é complexa. Demandaria uma aula apenas para esta

finalidade.

● Nesse sentido: WOLFF, Rafael. Agentes Infiltrados: o

magistrado como ferramenta de aprimoramento deste meio

especial de investigação. São Paulo: Editora Almedina, 2012.

Art. 3º

ADI 1570-2

Sistema acusatório

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI

9034/95. LEI COMPLEMENTAR 105/01. SUPERVENIENTE.

HIERARQUIA SUPERIOR. REVOGAÇÃO IMPLÍCITA. AÇÃO

PREJUDICADA, EM PARTE. "JUIZ DE INSTRUÇÃO". REALIZAÇÃO

DE DILIGÊNCIAS PESSOALMENTE. COMPETÊNCIA PARA

INVESTIGAR. INOBSERVÂNCIA DO DEVIDO PROCESSO LEGAL.

IMPARCIALIDADE DO MAGISTRADO. OFENSA. FUNÇÕES DE

INVESTIGAR E INQUIRIR. MITIGAÇÃO DAS ATRIBUIÇÕES DO

MINISTÉRIO PÚBLICO E DAS POLÍCIAS FEDERAL E CIVIL.

1. Lei 9034/95. Superveniência da Lei Complementar 105/01.

Revogação da disciplina contida na legislação antecedente em relação

aos sigilos bancário e financeiro na apuração das ações praticadas por

organizações criminosas. Ação prejudicada, quanto aos procedimentos

que incidem sobre o acesso a dados, documentos e informações

bancárias e financeiras.

(...)

Sistema acusatório

(...)

2. Busca e apreensão de documentos relacionados ao pedido de quebra de

sigilo realizadas pessoalmente pelo magistrado. Comprometimento do

princípio da imparcialidade e conseqüente violação ao devido processo legal.

3. Funções de investigador e inquisidor. Atribuições conferidas ao Ministério

Público e às Polícias Federal e Civil (CF, artigo 129, I e VIII e § 2o; e 144, §

1o, I e IV, e § 4o). A realização de inquérito é função que a Constituição

reserva à polícia. Precedentes. Ação julgada procedente, em parte.

(ADI 1570, Relator(a): Min. MAURÍCIO CORRÊA, Tribunal Pleno, julgado em

12/02/2004, DJ 22-10-2004 PP-00004 EMENT VOL-02169-01 PP-00046 RDDP

n. 24, 2005, p. 137-146 RTJ VOL-00192-03 PP-00838)

Sistema acusatório

Art. 5º A identificação criminal de pessoas

envolvidas com a ação praticada por organizações

criminosas será realizada independentemente da

identificação civil.

Identificação criminal

LVIII - o civilmente identificado não será submetido

a identificação criminal, salvo nas hipóteses

previstas em lei

Constituição Federal

Art. 5º

Não revogou a Lei 9.034/95, que é especial.

Lei 12.037/2009

Art. 6º Nos crimes praticados em organização

criminosa, a pena será reduzida de um a dois terços,

quando a colaboração espontânea do agente levar ao

esclarecimento de infrações penais e sua autoria.

Colaboração

Entende-se aplicável a Lei de Proteção às

Testemunhas, já tratada por ocasião da aula sobre

Lavagem de Dinheiro, eis que mais benéfica!

Colaboração

Art. 13. Poderá o juiz, de ofício ou a requerimento das partes,

conceder o perdão judicial e a conseqüente extinção da punibilidade

ao acusado que, sendo primário, tenha colaborado efetiva e

voluntariamente com a investigação e o processo criminal, desde que

dessa colaboração tenha resultado:

I - a identificação dos demais co-autores ou partícipes da ação

criminosa;

II - a localização da vítima com a sua integridade física preservada;

III - a recuperação total ou parcial do produto do crime.

Parágrafo único. A concessão do perdão judicial levará em conta a

personalidade do beneficiado e a natureza, circunstâncias, gravidade

e repercussão social do fato criminoso.

Colaboração

Art. 14. O indiciado ou acusado que colaborar

voluntariamente com a investigação policial e o

processo criminal na identificação dos demais co-

autores ou partícipes do crime, na localização da

vítima com vida e na recuperação total ou parcial

do produto do crime, no caso de condenação, terá

pena reduzida de um a dois terços.

Colaboração

Art. 7º Não será concedida liberdade provisória,

com ou sem fiança, aos agentes que tenham tido

intensa e efetiva participação na organização

criminosa.

(...)

Art. 9º O réu não poderá apelar em liberdade, nos

crimes previstos nesta lei.

Prisão Cautelar

PRISÃO EM FLAGRANTE – TRÁFICO DE DROGAS – ARTIGO

310 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL.

Ante a declaração de inconstitucionalidade do artigo 44 da Lei nº

11.343/06, que vedava a liberdade provisória em se tratando de

tráfico de entorpecentes, cumpre a substituição do título alusivo

à custódia, presente o artigo 310 do Código de Processo Penal.

Ordem concedida para o Juízo observar o preceito.

(HC 109758, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma,

julgado em 20/11/2012, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-237

DIVULG 03-12-2012 PUBLIC 04-12-2012)

Prisão Cautelar

Habeas corpus. 2. Tráfico de entorpecentes e favorecimento real. Prisão em

flagrante. Superveniência de sentença condenatória. 3. Decreto fundamentado

apenas na gravidade abstrata do crime e na vedação de liberdade provisória

prevista no art. 44 da Lei 11.343/2006. Constrangimento ilegal configurado.

(...)

(HC 112896, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em

16/10/2012, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-221 DIVULG 08-11-2012 PUBLIC

09-11-2012)

Prisão Cautelar

Inafiançabilidade não pode impedir a concessão de liberdade

provisória, porquanto a prisão antes do trânsito em julgado é

exceção e apenas se justifica se fundamentada no art. 310 do

CPP.

Ponderação dos princípios da presunção da inocência, devido

processo legal, ampla defesa e dignidade da pessoa humana

com a inafiançabilidade do tráfico determina a preponderância

dos primeiros com base no princípio da proporcionalidade

(proibição do excesso).

Leitura do HC 104339/SP, julgado em 10/05/2012 pelo

Plenário do STF

Prisão Cautelar

(...)

I. Quanto a vedação legal à concessão da liberdade provisória, mesmo em caso de

crimes hediondos (ou equiparados), remanesce a necessidade de fundamentação

concreta para o indeferimento do pedido, prestigiando-se, assim, a regra

constitucional da liberdade em contraposição ao cárcere cautelar, quando não

houver demonstrada a necessidade de segregação.

II. O Pleno do STF declarou a inconstitucionalidade da expressão "e liberdade

provisória", constante do art. 44, caput, da Lei 11.343/2006, assim, não é

cabível a manutenção da prisão preventiva aos crimes de tráfico de

entorpecentes, em face do óbice legal afastado.

III. A segregação cautelar é medida excepcional, mesmo no tocante ao crime

de tráfico de entorpecente, e decreto de prisão processual exige a especificação

de que a segregação atende a pelo menos um dos requisitos do art. 312 do

Código de Processo Penal.

(...)

(HC 240.256/GO, Rel. Ministro GILSON DIPP, QUINTA TURMA, julgado em

26/06/2012, DJe 01/08/2012)

Prisão Cautelar

(...)

2 - Segundo entendimento jurisprudencial e doutrinário, a apuração de

diversos crimes (roubo de cargas, falsificação de documentos, corrupção

ativa e passiva) praticados, ao que tudo indica, por intrincada

organização criminosa, com diversos denunciados (15), redundando em

investigações em variados municípios e em mais de um Estado da

Federação, justifica, em face da razoabilidade, eventual atraso na

instrução criminal, notadamente tendo em conta que o prazo de 81 dias

não é de peremptória observância, erigindo-se apenas como parâmetro,

utilizado pelos Tribunais, para aferir a duração do processo.

3 - Recurso parcialmente conhecido e, nesta parte não provido.

(RHC 32.164/MG, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA,

SEXTA TURMA, julgado em 03/05/2012, DJe 14/05/2012)

Duração da Ação Penal

Art. 10 Os condenados por crime

decorrentes de organização criminosa

iniciarão o cumprimento da pena em

regime fechado.

Art. 10

(...) 3. O Plenário deste Supremo Tribunal Federal, sob a óptica do princípio constitucional da individualização da pena, previsto no art. 5º, inciso XLVI, da Carta da República, ao julgar o HC nº 111.840/ES, de minha relatoria, declarou incidenter tantum a inconstitucionalidade do § 1º do art. 2º da Lei nº 8.072/90, com a redação dada pela Lei nº 11.464/07, o qual impõe que as penas pelos crimes descritos na cabeça do artigo serão cumpridas inicialmente em regime fechado. (...) (AI 779444 AgR-ED, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em 30/10/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-226 DIVULG 16-11-2012 PUBLIC 19-11-2012)

Inicio em Regime Fechado

(...) 3. O Plenário do Supremo Tribunal Federal declarou incidentalmente a inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei n.º 8.072/1990, com a redação que lhe foi dada pela Lei n.º 11.464/2007, afastando, assim, a obrigatoriedade do regime inicial fechado para os crimes hediondos e equiparados. Logo, independente de ser o crime hediondo ou a ele equiparado, quando da fixação do regime inicial de cumprimento de pena, deve o julgador observar o disposto no art. 33, §§ 2º e 3º, do Código Penal, o que não ocorreu no caso em apreço, em que o regime fechado foi estabelecido apenas em razão de o delito de tráfico ser equiparado a crime hediondo, ocasionando ilegalidade manifesta. (...) (HC 207.507/RS, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em 18/09/2012, DJe 21/09/2012)

Inicio em Regime Fechado

(...)

1 - Com a declaração incidental de inconstitucionalidade do

artigo 2º, parágrafo 1º da Lei 8.072/90, esta Corte firmou o

entendimento de que não há qualquer óbice legal à fixação da

pena dos crimes hediondos e a eles equiparados em regime

diverso do fechado, devendo ser observado o artigo 33, parágrafo

2º, do Código Penal.

(...)

(HC 172.061/RS, Rel. Ministro HAROLDO RODRIGUES

(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/CE), SEXTA

TURMA, julgado em 22/03/2011, DJe 25/04/2011)

Inicio em Regime Fechado

Art. 11 Aplicam-se, no que não forem

incompatíveis, subsidiariamente, as

disposições do Código de Processo

Penal.

Aplicação Subsidiária do CPP

Leitura do PL 6578

PL 6578