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INSTRUMENTOS
Jorge Pescara é artista-solo exclusivo da Jazz
Station Records e contrabaixista com Ithamara
Koorax. É autor do livro Dicionário Brasileiro de
Contrabaixo Elétrico
C
Realização pessoal aolado do The Stick®
Este mês faremos umabreve pausa nas sériespara conhecer oscaminhos sonoros de ummúsico de primeiragrandeza. Peço, portanto,licença ao estimado leitorpara seguir este bate-papo.
omo um verdadeiro artista, bus-cando desafiar seus limites e que-brar paradigmas, o músico argen-
tino (radicado na Espanha) GuillermoCides rompe com a contra-cultura e afalta de incentivo de seu país de origem,investe em uma mudança de continentee traça novos objetivos, munido de seuinusitado instrumento - The ChapmanStick - na música progressiva.
Desde seu começo como guitarristanos subúrbios de Buenos Aires, na Argen-tina, até seu estágio atual como diretor doStick Center (www.stickcenter.com) emum bucólico recanto de Barcelona, Espa-nha, o jovem expoente do ChapmanStick mundial, Guillermo Cides, já divi-diu o palco com os monstros sagrados doprogressivo como Emerson Lake & Pal-mer, Jethro Tull, Rick Wakeman (Yes),Roger Rodgson (Supertramp), JohnWetton (Asia, UK), Fish (Marillian) eTrey Gunn (King Crimson). Tendo trêsdiscos-solo gravados, o mais recente umtributo ao compositor J. S.Bach usando somente oChapman Stick de 12cordas, Cides roda ospalcos do mundoperiodicamentepassando pela Eu-ropa e pelas Amé-ricas do Norte edo Sul, incluindoReino Unido, Ho-landa, França, Peru,Brasil, Argentina, Cos-
ta Rica, México e USA. Em seus concer-tos, Cides esforça-se em divulgar suamúsica e sua ferramenta de expressão: OStick! Aliás, o Stick, criado em 1969, porEmmett Chapman, instrumento que foiprofundamente analisado em ediçõesanteriores, é uma espécie de contrabaixoelétrico e guitarra juntos em um só braço,estreito e comprido, utilizado especifica-mente para a técnica de tapping two-hands. Com esta idéia em mente, Gui-llermo mantém uma espécie de clubevirtual do Stick, o já comentado StickCenter, que promove seminários, encon-tros, shows, divulgação e promoção deartistas que usam o instrumento. Em seusprojetos, que incluem um giro de 24shows pela América do sul no mês denovembro, o Stick virtuose criou, ao ladode Ron Baggerman (Holanda) e JimLampi (Reino Unido), o The Stick Trio,que como o próprio nome diz, é um triode Stickistas.
Acompanhem esta entrevista (agra-decemos a colaboração da
revista Progession Ma-gazine).
Qual é o seu
objetivo princi-
pal criando o
Stick Center e
quais os futu-
ros planos com
isto?
- Basicamente,o Stick Center é a pla-
Jorge Pescara
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taforma para meus projetos incluindo ál-buns, bandas, promoção do Stick, meus es-tudantes e novos artistas do Stick. Isso tam-bém é uma perfeita forma para comunicardiretamente com a audiência. Na Espanha,as pessoas não sabem nada sobre o Stick,com exceção de uns poucos músicos; algosimilar ao que aconteceu na Argentina anosantes. O Stick Center tornou muitas idéias eprojetos realidade. Ao lado dos seminários epromoção de artistas, nós temos o maior ar-quivo de dados MP3 de Stick players do pla-neta! Temos também nosso próprio espaçoem três revistas musicais na Espanha. OStick Ensemble, que é um projeto recentedo Stick Center, está na televisão espanholae nós fizemos algumas entrevistas para a im-prensa. Um desafio recente é o recebimentode centenas de e-mails diariamente domundo inteiro – especialmente de músicoseuropeus que perguntam coisas a respeitodo instrumento. Estamos trabalhando em
uma compilação de Stick players que serálançada em breve. Estamos nos divertindomuito com o Stick Center. Imagino que umdia isto tudo irá terminar e eu começareiuma nova aventura!
Originalmente da Argentina, o que
o levou a viver e tocar na Espanha?
- Deixei a Argentina quando comecei ame tornar popular por lá. Um dos maioresmomentos da minha vida musical foi nocomeço de minha carreira. Ser under-ground é uma das melhores experiênciasque um músico pode ter. Quando vocêtem tudo à sua frente, sua música é dife-rente. Por sete anos na Argentina, eu luteicom todos os aspectos de se fazer música efazer o papel que usualmente seria feito poruma gravadora, como agendar meus pró-prios shows e aplicar minha própria políticade promoção. Eventualmente, tudo istofuncionou. A audiência podia vir aos meus
shows, jornais dedicaram páginas para mi-nhas entrevistas e as pessoas comprarammeus Cds. Um dia, três fãs apareceram naporta minha da minha casa e me pediramautógrafo. Naquele momento preciso, eusoube que deveria deixar tudo e começarem outro lugar. Escolhi a Espanha.
Qual é o seu processo artístico em
relação às gravações?
- Minha forma de gravar não é usual,porque me vejo envolvido em uma espé-cie de “agitação obsessiva” durante todoo processo de gravação de uma canção.De fato, gravação é algo muito difícil.Isto não é o que os fãs poderiam imaginar,que você, excitado e feliz está tentandofazer uma pintura e a inspiração vem deuma forma mágica e então... você pintauma linha! Isto é mais um processo decatarse externa onde cada nota torna-sealgo muito importante. Algumas vezes
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Que espécie de música você gosta de
tocar ao vivo e em estúdio?
- As performances-solo me proporcio-nam bons sentimentos, viagens e bonsmomentos na vida. Também tenho ou-tros projetos, como o trio The ElektricConsort. Um dos instrumentos deste gru-po é o Hurdy-Gurdy, um tipo de violinoancião que se toca enquanto gira umamanivela. Nós tocamos uma estranha es-pécie de música, com esta formação,usando loops, ritmos eletrônicos e percus-são étnica. Outro dos meus favoritos pro-jetos atuais é um CD colaborativo queincluem o fantástico baterista TimAlexander, do Primus. Obrigado e abra-ços a todos.
“Cides realizou o que eu tive em men-te quando criei este instrumento.”
(Emmett Chapman, inventor del Stick)
“O melhor Stickista que vi em minhavida foi na Argentina: Guillermo Cides”
(Trey Gunn -King Crimson)
“Ele tem o talento, e penso que os fa-náticos da música em qualquer lugaramarão sua música”
(John Wetton - Asia, U.K.)
“É um grande músico. Tenho seus dis-cos em minha coleção”
(Peter HammillVan der Graff Generator)
“El Mundo Interior de los Planetas éum disco instrumental do Stick-mestreGuillermo Cides que o coloca no nívelde seus contemporâneos Tony Levin eTrey Gunn. Sua coragem em seu traba-lho está em igualdade com sua paixão ebrilhante técnica”
(Progression Magazine, USA)
e-mail para esta coluna:
vou dormir pensando que esta ou aquelanota não deveria estar ali. Assim eu retornono dia seguinte e removo aquela nota e ficocompletamente feliz com o resultado. Afi-nal, os artistas que mais cativam minhaatenção são aqueles que vivem somentepara sua arte. Eu invejo os artistas que du-rante sua vida inteira são totalmente com-prometidos e envolvidos com sua arte, horaapós hora. O modo de vida europeu não nospermite muito disto, isto é, um artista fazersua arte o tempo inteiro, mas acredito queesta seja a vida de um artista real. O equipa-mento que eu uso para gravar é o mais rústi-co e tradicional possível. Gravei o CD de tri-buto a J S Bach usando um velho gravadorADAT de 8 canais alugado, quando estavavivendo na Holanda. Toquei as vozes de vi-olino com um pedal de volume e consegui oefeito de arco nas cordas com uma colher depau (de cozinhar). Muitas pessoas que ou-vem este disco não acreditam que foi grava-do somente com o Stick. Com o Stick, fuiapto a tocar as vozes de cravos, clavicórdios etudo o que é necessário para o trabalho deviolinos nas composições de Bach.
Qual é a sua filosofia de música?
- Acho que a questão correta deveriaser “qual sua filosofia de vida”? Não achoque você possa aplicar uma filosofia dife-rente para a música do que para sua própriavida, para compor, para escrever, ou mesmopara preparar uma “omelete”. Paixão é umelemento vital que sempre me traz proble-mas... É sério! (risos). Este não é um mundoque acomoda pessoas apaixonadas. Ser umapaixonado e dizer o que pensa e sente,sem hipocrisias, é um verdadeiro problema,em um mundo com tal estrutura. Se vocêgrava uma canção, acaba por deixar seunome mostrando a todos, quem você é.
Tocar o Stick mudou seu modo de
ouvir música?
- Esta é uma boa questão. Pensan-do bem, na maior parte do tempo,
quando você toca o Stick. Pois alémde tocar uma nova e di ferenciadatécnica, você também está tocandoum novo instrumento. Agora, pode-se tocar as partes do baixo, da guitar-ra, do piano e seus dedos também tor-nam-se percussionistas táteis. Assim,isto é uma coisa inteiramente nova equando você ouve outra música, suaatenção irá desviar-se para estas par-tes da canção, e as combinações quefazem o todo da composição. Destemodo, a partir daí, você também setorna um arranjador, mais do que so-mente um baixista ou guitarrista.
Esse fato abriu seus olhos para outros
estilos de música para a sua performance?
- Penso que outros estilos musicaisvêm a você por sua própria curiosidade,não somente por um instrumento. Músi-cos e jornalistas são similares, o espírito notrabalho de ambos é a curiosidade.
O que você faz quando encontra di-
ficuldade em obter uma nova idéia ou
sonoridade?
- Fico angustiado, deprimido! Sou ba-sicamente obsessivo pelo som e trabalhopor longos períodos de tempo, para en-contrar a sonoridade que ouço em mi-nha mente. Eu percebi que é uma boaidéia para mim quando me deparo comesses problemas, parar e começar umanova canção. Quando retorno para a pri-meira, ela soa diferente, minhas idéiasestão mais frescas.