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Reboco caído nº 5 versão PDF

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AlexandreAlexandre

CX POSTAL: 100050, Niterói, RJ, Brasil, CEP 24020-971

[email protected]

Pedidos e contatos:

Pag 1 N° 5Reboco Caído

Acordo numa puta ressaca de um dia qualquer desse final de maio de 2011. Depoisde prometer a mim mesmo aquelas mentiras de sempre (Nunca mais vou beber...e tal e coisa), fico diante do teclado e penso que já está na hora de fechar o zinee esperar entrar alguma grana para mandar xerocar o maior número de cópiaspossível. Antes, resolvo tomar um analgésico. A dor de cabeça tava caótica.Começo então a dar uma conferida no que já tenho pronto e constato que já estátudo encaminhado. A capa com a grande logo produzida pelo irmão das antigas, oMurilouco (Murilo Pereira Dias), traz o nome da publicação escrita de acordocom os desenhos psicodélicos que se formaram no teto do quarto dele. Ficoumuito bacana. Textos, entrevistas e viagens mil seguem preenchendo página depoisde página. Tudo resolvido. É isso aí. Só me resta agradecer a galera que tem meajudado a tocar essa ideia. Tem muita gente aí que recebe a parada e multiplicatirando a grana do próprio bolso para poder passar a diante. Muito obrigado,rapaziada. Fiquei muito feliz em saber disso. Mesmo aqueles que de repente nãoestão podendo fazer isso, mas que fazem a propaganda, mostram aos amigos,passam a diante, colocam em locais com acesso para os demais e divulgam o

EDITORIAL

blog, entre outras formas de divulgação: Valeu. Tamo junto. Sóisso já demonstra que o caminho é esse mesmo.VALEU!!!

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Pag 2N° 5 Reboco Caído

Um dos principais argumentosutilizados para convencer que vivemos nu-ma sociedade verdadeiramente democráticaé que, no Brasil (quase todo privatizado),os homens são livres e tem direito a li-berdade de expressão. Lindo isso, não acha?Mas a realidade não é bem assim. Pelo me-nos, não para todos.

Cotidianamente nos deparamos como discurso de liberdade, do indivíduo livreque tem direito de fazer todas as suas esco-lhas – políticas, amorosas, profissionais, etc.A palavra escravidão foi abolida da so-ciedade neo capitalista democrática –apesar de chegarem ao conhecimento pú-blico denúncias de pessoas trabalhando emcondições escravas.

A grande verdade é que o homemnunca foi tão escravo do trabalho como naatualidade. O sistema apenas mudou a for-ma de escravizar. O chicote tornou-se desne-cessário frente ao novo método. A publi-cidade, a alma do negócio, é o recurso uti-lizado para submeter o indivíduo a es-cravidão. Hoje somos – não me exclua foradessa – escravos do consumismo desen-freado e do modismo ditado pela grandemídia. Trabalhamos e não vemos a cor dodinheiro que, já está todo pré-destinado aquitar parcelas do cartão de crédito. Na ver-dade, nem o direito a escolha temos, poisas sedutoras campanhas publicitárias criamem nós novas necessidades e desejos deconsumo que, na maioria das vezes, são su-pérfluos. No final das contas, nos pegamosvivendo para trabalhar e não trabalhandopara viver.

Democracia: novos tempos e antigas práticasPor: Cleber Araujo Liberdade de expressão: Muitos

acreditam que esse direito é garantido atodos os cidadãos brasileiros. Um grandeengano. Experimente organizar uma ma-nifestação reivindicando direitos ou pro-testar em algum ato político e verás a ca-lorosa recepção que o aguarda – Policiaisequipados com armas, ditas, não letais; ba-las de borracha, cassetete, spray de pi-menta, bombas de gás lacrimogêneo e deefeito moral. É sempre assim. Não importa aorigem da manifestação e quem delaparticipa. Todos são rotulados como vaga-bundos e desordeiros. E querem que acre-ditemos que a censura é coisa do passado,assim como a ditadura.

Outro exemplo de censura aconteceuno dia 03/05, quando a Polícia Federal, juntocom Agência Nacional de Telecomuni-cações (ANATEL), subiu o Morro SantaMarta exclusivamente para desarticular arádio comunitária local. Sem mandato,apreenderam o transmissor da Rádio SantaMarta e levaram os lideres desse movimento(Fiell e Peixe) para prestarem depoimentos.

A Rádio Santa Marta tem como prin-cipal finalidade dar voz aos moradores, ouseja, garantir sua liberdade de expressão.Mas iniciativas desse gênero, que temcomo proposta a organização política dacomunidade, são encaradas pelas auto-ridades governamentais como uma afronta.Censurar e desarticular movimentos sociaisque vão contra o sistema é uma cultura po-lítica do nosso país.

Ao final do que foi refletido aqui,podemos afirmar que os tempos mudaram,mas as práticas políticas, não.

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Pag 3 N° 5Reboco Caído

Por: Eduardo Marinho

Na internet

- www.rebococaido.blogspot.com

- www.twitter.com/RebocoCaido

-www.youtube.com/user/ fabiodasilvabarbosa

- www.umanodeberro.blogspot.com

-www.impressodascomunidades.blo gspot.com

- www.comunidadeeditoria.blogspot.com/

- www.slideshare.net/ARITANA

- www.slideshare.net/ComunidadEditoria

A fábrica acumulava dívidas:impostos, previdência, fundo de garantiados trabalhadores. Anos de dívidas parasustentar o luxo dos patrões: iates, man-sões, excessos. No limite da situação, oprocedimento padrão. Declara-se falência,despede-se os funcionários, fecha-se a fá-brica, rola-se na justiça a perder de vista,muda-se de lugar e abre-se outro negócio,pra novo ciclo de mais do mesmo. Osdemitidos que se danem.

Na Flaskô, os funcionários impe-diram esse procedimento, quebrando oscadeados, entrando e pondo a fábrica prafuncionar. Sem os patrões, começaram apagar as dívidas da fábrica, melhoraram oambiente de trabalho, diminuíram a cargahorária, aumentando a produção, e fizerambenfeitorias que jamais seriam feitas sobcontrole daqueles que se julgam seres hu-manos superiores (fazendo o enorme favorde permitir aos operários serem exploradosaté o talo, com salários insuficientes, con-

Sem patrão a vida melhora muito

dições de trabalho exaustivas e nenhumbenefício, além de não pagarem as taxas,impostos e outros, devidos por lei).

Claro que a mídia omitiu o fato. Seria umpéssimo exemplo para a massa trabalhadora,um precedente perigoso aos patrões - quecontrolam a mídia -, uma prova de como ospatrões são, não só desnecessários, masobstáculos ao funcionamento das empresas,no que diz respeito à qualidade de vida dosfuncionários, para criar condições de luxo,excessos, ostentações e desperdícios paraos donos, à custa da exploração da co-letividade. O sistema foi atirado para cimadesses “subversivos”, a polícia federalinvadiu a área, prendeu os integrantes dacomissão da fábrica, mas nada adiantou. Osoperários conseguiram passar por tudo e afábrica continua a pleno vapor. Um exemploa ser divulgado.

*Maiores informações sobre:www.fabricasocupadas.org.br

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N° 5 Reboco Caído Pag 4

Por: Fabio da Silva Barbosa

A primeira personagem lésbica de quadri-nhos chegou e ficou. A Katita nem precisase apresentar, mas e sua mãe? Quem a ge-rou, concebeu e criou? Essa é outra perso-nagem de peso, mas do mundo real. Estápor este mesmo mundo em que nós anda-mos. Por acaso fizemos contato e logo quedescobri com quem falava não pude deixarde pedir uma entrevista. Fala, ProfessoraAnita. Diz aí:

De editora do Fanzine Gospel a criadora daprimeira personagem lésbica paraquadrinhos. Mudança radical ou duas facesda mesma moeda?Duas faces da mesma moeda. Mas podemsurgir outras. Como seres humanos, temosmultiplicidade; inúmeras “faces”, de acor-do com o momento vivido.

Falando na Katita, como vão as coisas paraela?Vão relativamente bem. Sem grandestiragens, mas com interesse crescente porparte de novos leitores, além dos que aKatita já conquistou. Ela é publicada men-salmente no jornal Graphic e ocasional-mente em publicações variadas. Nainternet, vários sites reproduzem suas tirase ilustrações, além do blog(Cafofo daKatita). Sobre publicações impressas, porenquanto, continuarei divulgando os trêslançamentos e não planejo outro.

E a poesia?A poesia está presente no meu cotidiano eatualmente faço poemetos para divul-gação virtual. Em publicação, o maior es-tímulo é da Editora da Tribo, que publicaanualmente uma agenda poética. É o Livro

Anita Costa Prado - A Mãe da Katita

da Tribo, com uma tiragem abrangente,reunindo poetas nas páginas coloridas eilustradas.

Está rolando também uma participação nocalendário Chabanais. Conte um poucosobre o que é e qual o principal objetivodesta iniciativa.O Calendário Chabanais escolhe anual-mente pessoas ligadas ao combate a homo-fobia, seja na arte, no cotidiano e na mili-tância. Recebi o convite para participarda edição deste ano, que foi lançada naParada Gay do Rio de Janeiro e aceitei fi-gurar nos meses de março e abril.

Mesmo com toda a luta, o preconceito con-tinua forte. Qual a principal causa e o melhorcaminho para combater o preconceito?A causa para o preconceito é obviamentea ignorância gerando intolerância e con-ceitos equivocados. A luta contra o pre-conceito está crescendo e dando maior no-toriedade ao tema na mídia. O melhor ca-minho é a união, as articulações políticas,eventos e protestos contra a homofobia.Por outro lado, são necessárias ações nocotidiano de cada um, para uma convivên-cia harmoniosa entre as pessoas, indepen-dente da orientação sexual.

Artista e militante: Onde começa uma eacaba a outra?Só artista. rs... Não sou militante, mas pelomeu trabalho com a Katita e na literatura,acabo sendo confundida como militante.A militância faz um trabalho árduo, con-tínuo e admirável. Sou apenas uma es-critora e roteirista de quadrinhos.

Quais os próximos passos?Quero continuar o processo de divulgaçãoe planejo um vídeo de animação com aKatita.

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Pag 5 N° 5Reboco Caído

Uma semente para plantarmos na cabeça do leitor:Deixe germinar a aceitação, a harmonia e o conhecimento.

Por: Fabio da Silva Barbosa

Sentado no meio fio,

continua invisível.

Com a mão estendia,

tenta garantir o anestésico do dia.

Não sente mais tanta fome

e nunca soube o que era lar.

As pernas inchadas já possuem uma coravermelhada

e a barba falhada cobre algumas partes doseu rosto.

O corpo magro possui uma camuflagemde sujeira

de onde exala um odor marcante.

Os cabelos se juntam,

formando cones grudados.

O eterno silêncio o transforma em umaestátua viva.

Espasmos trêmulos anunciam que aliainda existe vida.

Carros passam diante de seus olhos.

Motos e ônibus variam a paisagem.

Pessoas passam de um lado para outro.

Moscas e mosquitos já lhe são os únicosamigos.

Baratas e ratos fazem vistas também.

Restam poucos dentes

e o pus escorre dos cantos dos olhos.

O papelão disfarça o frio que emana dochão

e não tem ninguém para chamar de irmão.

Assim vive mais um homem.

Degradação, esquecimento e atropelo dosescombros sociais.

Assim é sua vida.

Nada mais.

Ele

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N° 5 Reboco Caído Pag 6

Por: Fabio da Silva Barbosa

Fazendo contato com Rogério Amorim e suaOFICINATIVA, pude oferecer mais estatroca de idéias para os leitores do Reboco.O projeto é daqueles que demonstram a im-portância das iniciativas culturais. Acreditoque a esperança da humanidade resida nes-te tipo de atitude. OFICINATIVE-SE!www.oficinativa.blogspot.com

Defina o Projeto OFICINATIVA em umapalavra:INTER-AÇÃOAgora, em muitas:INTERdependência, INTERculturalidade,INTERvenção, INTERferência, INTERjei-ção, IINTEResse, INTERrelacionamento +investigAÇÃO, inquietAÇÃO, autoges-t(AÇ)ÃO, experimentAÇÃO, criAÇÃO, mo-vimentAÇÃO, etc. Minhas mais orgânicase permanentes INTERpretAÇÃO e IN-TERrogAÇÃO do mundo e da vida.E o Rogerio Amorim?Um AFROECOARTIVEDUCANDOR: umAFROdescendente brasileiro que buscacompreender sua essência ECOlógica,utilizando a ARTe e o ATIvismo social paraatuar e refletir em relação à Cidadania,num infinito processo de EDUCAR-seEDUCANDO...Por que existem tantos projetos hoje emdia?Simplesmente porque somos / sou múltiplo.Costuro, lavo, me entristeço, cozinho, pin-to, canto, sou medíocre, danço, sou herói,sigo roubando. Isso, hoje. Amanhã, estareirealizando várias outras tarefas e conhe-cendo novas coisas, novos temas, que vãome encantar ou podem me desagradar. Ro-tina dinâmica, possibilidades instigantes.Qual a maior importância deste tipo de

projeto para a população?Pensando que também sou a população (eaí desponta meu forte individualismocoletivo), apenas estou praticando epropondo aquilo que acredito fazer sen-tido para um desenvolvimento sustentáveldo ser humano - eu mesmo - tentando am-pliar os horizontes além dos padrões a-lienantes impostos pelo capital e seus de-tentores, a nossa sociedade contempo-rânea. Ou, como também gosto de resumir:Apenas estou fazendo essas coisas parapassar meu tempo aqui, neste planeta.Vale a pena lutar por um mundo ideal?SIM. No fundo, tod@s estamos lutando pornossos mundos ideais. Logo, tantas guer-ras e tantos amores. Estamos tod@s cer-t@s e errad@s ao mesmo tempo.Falando nisso, como seria seu mundoideal?Seria não. Já é! Cada escolha que faço émeu mundo ideal. Estar aqui respondendosuas perguntas de madrugada (1h48) outer estado com a família no domingo mer-cantilizado de páscoa, são / foram minhasfelicidades por hoje.Se conformar e se acomodar é doença ouopção?É uma epidemia disseminada, como váriasoutras (consumir açúcar, fazer fanzines,embelezar-se, ver televisão, trabalhar...).Mas, também, é uma das mais singelas o-pções, pois somos seres livres e podemosSIM escolher nossos caminhos. QualquerAÇÃO será positiva e negativa e terá próse contras. Qual é a minha? Qual é a sua?Qual é a nossa?Considerações finais:Quem quiser se OFICINATIVAR é só darum toque e nos enlaçamos [email protected]

Rogério Amorim e aOFICINATIVA

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www.barracoadentro.com

Pag 7 N° 5Reboco Caído

Por: Murilo Pereira Dias

não quero pensar

palavras explicar

subterfugios criar...

estou aqui...estarei...

momento único...

talvez....

se for permitido

se não abrir as portas

e não ouvir o telefone

colocando em ordemdigitos expressando

significadosincompreensíveis

proposital.......

quem sabe???

quem soube??

o saber ...saberá...

a hora de dizer....

reconhecer

a hora de parar

continuar...

não saber...ser....

querendo estar

sem ter

ver

apenas querer

sem sentir

sem entender

acende

ascender

aprender

encarar

desencantar

descartar

acreditar

créditos......banais...

Jesus...Barrabás....

Ser Humano

Satanás

proferindo a verdademaldita

a ser dita....

perdida......enfim

esperando aqui ser o fim

encontrar...

esperança

sanar...reencarnar

desfigurante...duvidar

ressuscitar....

enterrar

recomeçar........

em paz

.........

.......

.....

...

..

.

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N° 5 Reboco Caído Pag 8

Por: Josué de Castro

Não foi na Sorbonne, nem em qualqueroutra universidade sábia que travei co-nhecimento com o fenômeno da fome. Afome se revelou espontaneamente aosmeus olhos nos mangues do Capiberibe,nos bairros miseráveis do Recife - Afo-gados, Pina, Santo Amaro, Ilha do Leite.Esta foi a minha Sorbonne. A lama dosmangues de Recife, fervilhando de caran-guejos e povoada de seres humanos feitosde carne de caranguejo, pensando e sen-tindo como caranguejo. São seres anfibios- habitantes da terra e da água, meio ho-mens e meio bichos. Alimentados nainfância com caldo de caranguejo - esteleite de lama -, se faziam irmãos de leitedos caranguejos. Cedo me dei conta desseestranho mimetismo: os homens se as-semelhando em tudo aos caranguejos. Ar-rastando-se, acachapando-se como caran-guejos para poderem sobreviver. A impres-são que eu tinha, era de que os habitantesdos mangues - homens e caranguejosnascidos à beira do rio - à medida que iamcrescendo, iam cada vez se atolando maisna lama. Foi assim que senti formigar den-tro de mim a terrível descoberta da fome.Pensei a princípio que era um triste pri-vilégio desta área onde eu vivo - a áreados mangues. Depois verifiquei que, no

cenário de fome do Nordeste, os mangueseram uma verdadeira terra da promissão, queatraía homens vindos de outras áreas de maisfome ainda - das áreas da seca e damonocultura da cana-de-açúcar, onde aindústria açucareira esmagava, com a mesmaindiferença, a cana e o homem, reduzindo tudoa bagaço. Vê-los agir, falar, lutar, viver emorrer, era ver a própria fome modelando comsuas despóticas mãos de ferro, os heróis domaior drama da humanidade - o drama dafome. E foi assim que fiquei sabendo que afome não era um produto exclusivo dosmangues. Que os mangues apenas atraíramos homens famintos do Nordeste: os da zonada seca e os da zona da cana. Todos atraídospor esta terra de promissão, vindo se aninharnaquele ninho de lama, construído pelos doise onde brota o maravilhoso ciclo docaranguejo. A fome age não apenas sobre oscorpos das vítimas da seca, consumindo suacarne, corroendo seus órgãos e abrindoferidas em sua pele, mas também age sobreseu espírito, sobre sua estrutura mental,sobre sua conduta moral. Nenhumacalamidade pode desagregar a personalidadehumana tão profundamente e num sentidotão nocivo quanto a fome, quando atinge oslimites da verdadeira inanição. Excitados pelaimperiosa necessidade de se alimentar, osinstintos primários são despertados e ohomem, como qualquer outro animal faminto,demonstra uma conduta mental que podeparecer das mais desconcertantes.

Homens E Caranguejos

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Pag 9 N° 5Reboco Caído

Por: Murilo Pereira Dias

era uma vez um dia.................

...e então....

- então o que???

- quem é esse garoto ai.???..estácausando alteração....!!!!!!!!!!!

- pqp.... mas que merda!!!!!!!!!!!!

- acabei de ganhar uma porrada!!!!!!!!!!

- seus filhos das putas....

- o que significa isso???

- vai se foder sua vaca...quem é vc suafilha da puta!!!!!!!?????????!!!!!!!!!vouchamar a policia nessa merda....

-chama mesmo...vamos ver no que vaidar....

-anota placa do carro....

- anota o tamanho da minha pirocatbm...... quer ??? sua maldita fiha daputa.....

- está me ameaçando sua vaca doinferno...????

-vc está perdendo a sua razão gritando exingando dessa forma....!!!!!!!!

- VAI TOMAR NO CÚ SUA FILHA DAPUTA....ESTOU PERDENDO MINHA RAZÃO ÉO CARALHO....SE VC NUNCA OUVIU PALAVRÃOFODA-SE...VAI SE FODER ...TOMAR NO CÚ SUA FILHA DA PUTADO INFERNO MALDITO....

Sem títuloVOU PERDER MINHA RAZÃO É OCARALHO!!!!!! O CARALHO !!!!!!!

- então agora eu quero ver nessa porra.....vai todo mundo tomar nocu!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

-segura ele....

-será meu dia!!!!!!!!!!!!

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PENSO, LOGO CAGO

Eu não nasci, pois não me lembro de issoter acontecido. Não morri, pois também nãome lembro que isso tenha acontecido. E, senão nasci nem morri, das duas uma: ou souDeus ou não existo. Ora, como nem tudoque eu quero acontece e nem tudo que a-contece eu quero, não sou Deus. Portanto,não existo. Logo, não penso. Então este ra-ciocínio é falso, e nesse caso eu não passode um mero amnésico. De qualquer maneira,nada tem importância: se perco a memória,tanto faz que tudo seja ou não verdade.Basta dar a descarga e passar pro papel.

Por: Glauco Mattoso

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N° 5 Reboco Caído Pag 10

Por Fabio da Silva Barbosa

Busquei fazer contato com o AcampamentoIndígena Revolucionário (AIR) para tra-zer até os leitores deste veículo informa-ções sobre a quantas andam essa importan-te movimentação pelos direitos indígenase pela preservação do planeta.

Como se iniciou a organização do Acam-pamento Indígena Revolucionário?Iniciou-se a partir do momento em que váriastribos se movimentaram para lutar pela Re-vogação do Decreto 7.056/09. O governoenganou várias pessoas e as convenceu avoltarem, mas ficaram uns 15 índios pararevogar o Decreto. Os 15 índios foramKrahô-Kanela, Terena, Fulni-Ô, Pankararu,Korubo e Munduruku. Por estarmos empoucas pessoas, o governo não acreditavano movimento e achava que não ia dar emnada. Foi aí que eles se enganaram. Nós,esses poucos guerreiros, fizemos a diferen-ça no movimento. Fizemos o que 700 índios,em janeiro de 2010, não fizeram: Enfrentar ogoverno. Abrir faixas na Câmara dos Depu-tados, colocar bandeira, acampar na frentedo Ministério da Justiça (provocando Au-diências Públicas), invadindo posses doMinistro da Justiça, mostrando a indigna-ção e tudo mais. Abrimos faixas e gritamosna Convenção do PT, em comício de Lula eDilma Roussef, fazendo com que nossasvozes fossem ouvidas. Participamos dasaudiências contra Belo Monte e através doblog do AIR, do Mércio Gomes e da impren-sa levamos ao conhecimento de outros ín-dios o que estava acontecendo em Brasíliae o que estávamos fazendo, chamando a a-tenção de todos e convidando a todos parase juntar a nós. Desta forma, cresceu o mo-vimento indígena, chegando a ter cerca de

250 barracas de lona em frente do Congres-so Nacional e no Ministério da Justiça. Aí,eram mais ou menos 800 índios deixando ogoverno, principalmente a Presidência daFUNAI e o Ministério da Justiça, desorien-tados. Eles violaram as leis do país, botarama Força Nacional na FUNAI, perseguiramfuncionários públicos indigenistas, perse-guiram os próprios índios, assinaram BeloMonte sem consultar os índios etc. Istopor se encontrarem desesperados, saben-do que os indígenas do Brasil, através doAIR, já estavam atentos aos incompetentesque se encontram na FUNAI decidindo assuas vidas.

E hoje?Nossos objetivos estão sendo alcançados:- Há negociações: O governo chama o AIRpara negociar sobre o Decreto 7.056.- Nossa luta junto com a população do Paráchegou ao seu objetivo: A OEA parou BeloMonte.- O presidente da FUNAI está sendoprocessado.- Tiramos a Força Nacional de dentro daFUNAI.- Está em tramitação no Senado a CNDI(Conselho Nacional de Direitos Indígenas)- O Movimento Indígena Revolucionário,hoje, é conhecido a nível nacional einternacional como os guerreiros da paz.

Aconteceu a III Confederação Tamoia dosPovos Originários e Sem Teto. Qual aimportância desse evento para a lutaindígena e em que ponto se unem as lutasdos povos originários e a dos sem teto?Os pobres e suas lutas, independente deserem índios, camponeses ou sem tetos,sofrem as mesmas discriminações. Vivemos

Carlos Pankararu fala sobre o Acampamento IndígenaRevolucionário

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Pag 11 N° 5Reboco Caído

em um país onde a desigualdade é imensa.Um deputado ou senador pode grilhargrandes quantidades de terra e se esconderatrás da Constituição. Pode também desviarmilhões e achar meios de dizer que é legal.Porém, o índio não pode usufruir de nadaque esteja dentro da terra dele. Um índionão pode cortar um caminhão de madeiraou vender uma grama de ouro porque é cri-me ambiental. O governo pode deixar co-berto de água milhões de metros cúbicosde madeiras no coração da Amazônia e dizerque tudo é legal. O progresso não para. Émais do que certeza que os índios que aindaexistem isolados, sem contato com acivilização, por questões de sobrevivênciaserão obrigados a se intelectualizar nomundo dos brancos. Por isso, não devemosdeixar de ajudar e apoiar os movimentossociais ou qualquer outro movimento. Elessão tão injustiçados quanto nós. Hoje, ohomem branco invadiu o Brasil formandomuitas cidades e desmatando as florestas,por isso já estamos vendo os animais inva-dindo as cidades. Quem nunca viu capivaranos rios das cidades? Há poucos meses oIbama teve que tirar uma onça puma queinvadiu um frigorífico em uma cidade deBrasília. Ano passado encontrei na Asa Sulum homem, morador de rua, com uma jibóiano pescoço, que havia pego nas margensdo Lago Sul, dentro do DF. E outros apare-cimentos de animais invadindo as cidadestêm acontecido pelo Brasil afora. Se os ani-mais irracionais estão vindo para cidade,porque não os índios daqui há algum tem-po? Da forma que o governo está tratandoeles – invadindo as suas terras... Por isso,ajudamos o sem teto, pois não sabemos oamanhã.

Os povos originários passam por diversosproblemas em diversas regiões do país.Existe uma fonte comum de todos essesproblemas e uma forma única de resolver

todas essas batalhas?Sim. Quem causa o problema é o GrandeCapital, a ambição. Desde 1500 os gover-nantes de Portugal têm invadido esse Brasilpara roubar as riquezas que aqui existem,como: madeira, ouro e outras riquezas. Hojenão é diferente. As riquezas que se encon-travam com facilidade, como no estado deSão Paulo, Minas Gerais, Pará (exemplo deSerra Pelada), hoje não se têm mais a mesmafacilidade em se encontrar. Isso se encontracom facilidade nas terras indígenas porquesão intocáveis. Nós, indígenas, preserva-mos a natureza. Não fazemos dela algo deaproveito e depois jogamos fora, como senão tivesse valor. Tratamos da natureza co-mo uma mãe. Tiramos dela o sustento comoum filho que amamenta no peito de sua mãe,mas que depois abraça e tem amor pela mes-ma e chora a falta dela. Assim é o índio coma natureza. Diferente do homem branco, quedesmata, faz grandes plantações, destrói edepois fica chorando pelo mau feito e di-zendo que está preocupado com o aque-cimento global.

A criminalização dos movimentos sociaisnão para de expandir. Qual o posiciona-mento do Acampamento diante dessa atitudedo governo e de suas instituições?Não existiria revolta se estivesse tudo bem.O problema é que enquanto uns ganhammensalão, outros são flagrados com dinhei-ro nas cuecas, meias e outros nas corru-pções (como Jader Barbalho - do Pará, comoPaulo Rocha - do PT/Pará, Zé Dirceu – PT/São Paulo, Genoíno – PT/São Paulo, MárcioMeira – presidente da FUNAI/Pará). Elesviolam as leis do país, roubam e não sãopunidos. Continuam no governo, ganhandoseus altos salários graças aos nossos im-postos. Tem muita gente passando fomedentro das aldeias. Tem muita gente moran-do debaixo das pontes na cidade. Tem muitagente morrendo nos hospitais por falta de

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Pag 12N° 5 Reboco Caído

recurso na saúde. Como é que pode nãoexistirem revoltas e movimentos sociais?

A mídia convencional e as grandes empresascontribuem muito para esse processo decriminalização. Qual o interesse deles emver lutas legítimas como algo perigoso paraa sociedade?Muitas imprensas são corrompidas pelo Ca-pital. Muitas também são de pessoas envol-vidas na política ou dependem de projetosdo governo como abate de Imposto de Ren-da, como aprovações de direitos autorais,direito de imagem... Por vários motivos mui-tos se calam. Mas o mais importante é quetambém têm muitos grandes ou pequenospublicando a verdade e fazendo a diferença.

Muitos colaboradores tem apoiado a causado Acampamento. Como se dá essa apro-ximação?São pessoas inteligentes que reconhecemque a luta é justa e sabem que nosso movi-mento não é apenas em nossa defesa, masna defesa de todo o planeta. Exemplo: Esta-mos defendendo nossas tribos, ao defendernossas florestas. O pulmão do mundo é oAmazonas e a maior quantidade de tribosdo mundo também é no Amazonas. Se nãoexistissem tribos na Amazônia, a selva já esta-ria transformada em pasto para gado e gran-des territórios de soja, milho, arroz e outrasplantações. Prova disso são os arrozeirosde Roraima, na Raposa Serra do Sol. Ao de-fendermos nossas florestas, estamos defen-dendo o ar que nós, índios, respiramos ebrancos também.

Qual a perspectiva para esse novo governo?Existe esperança de melhora no diálogoentre os detentores do capital e os atropela-dos pelo que os governantes chamam deprogresso?Temos nossos planos governamentais,como os 15 pontos do AIR, a verdadeira

reestruturação, a construção do órgão emque o próprio índio assuma a sua orga-nização: a FUNAI. Vários projetos de auto-sustento, como roças comunitárias, irriga-das pelos rios (para as tribos que ficam asmargens de rios e igarapés). Queremos umacordo com o governo para que tudo quese trate a respeito dos índios no Senado ena Câmara seja consultado aos PovosIndígenas antes das decisões e que os ín-dios possam participar de todas as audiên-cias públicas que dizem respeito aos mes-mos. através do CNDI, conselho criado peloMIR.

Quais os próximos passos da luta?Alcançar nossos objetivos, defender nos-sas populações indígenas e ficar de olhonas ciladas do governo, que por mais quefechem acordos, não podemos confiar.Muitas coisas virão, mas só o dia a dia diráo que temos que fazer.

Lá vem elesPor: Fabio da Silva Barbosa

Lá vem eleLá vem eleCarregando sua cruzNão é o abençoadoNão é o senhor Jesus

Lá vem elaLá vem elaResistindo em seu CalvárioNão é a donzela da tvNão espera o galã otário

Lá vem aquiloLá vem aquiloFustigado pela vidaNão parece ser humanoNão tem pele, só ferida

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N° 5Reboco CaídoPag 13

Por: Diego El Khouri

luto contra a maré que me molha o rosto

as convicções que me movem a alma

os dias devoram, trincheiras gritam

o dinheiro que ganho mesmo pouco meenvergonha

nas noites turbulentas me perco na bronha

fomes e miséria do meu lado na minha bocamolhada

rindo uma garganta seca da última batalha

SOU SÓ

granito na areia movediça do acaso

acaso eu tô vivo ou sinto os sentidos mecortar a face?

a face me levar pra mata

sozinho o infinito xinga albergues de aljôfrasubteendidas

em inúmeras máscaras que me mata

na mácula do dessabor caminho

VOCÊ ESTÁ COMIGO?

VOCÊ ESTÁ COMIGO?

quem me move nessa terra triste num beijoamigo?

sinto você nua como o abismo

você solidão sem roupa de linho, elegânica

ALMAsem paz

sem um minuto de paz.

Agora é isso: a doença me lavando aalma,

a barriga inchada, cigarro na face

que empunho vil

frouxo e sem graça

clown embriagado

que dança nas esferas subliminares

necessito de novos ares

venha Rio de Janeiro

preciso fugir dessa louca cidade!

Conexões, tubos, válvulas, ferros,chapas, fábricas, concretos, bombas,gaxetas, parafusos, porcas, arruelas,discos de corte, pistola de pintura,registros, equipamentos, máquinas,

MÁQUINAS, MÁQUINAS,MÁQUINAS, MÁQUINASMÁQUINAS, MÁQUINAS ,MÁQUINAS, MÁQUINAS

me aniquilam a cara

fatiam a alma

me roubam a paz.

Que paz?

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N° 5 Reboco Caído Pag 14

Por: Fabio da Silva Barbosa

Troquei uma idéia com Hulkabilly, o cara quegarante os vocais da primeira banda dePsychobilly do Brasil. O Kães-Vadius já estácaminhando para três décadas de estrada enão pretende parar por aí. Então, aumente ovolume, pois isso aí é Rock mesmo.

Como foi a construção do movimentoPsycho no Brasil?Cara... Pesquisamos muita coisa antiga naépoca (Bill Halley, Chuck Berry, Trashmen,etc.), um monte de coisas que estavamaparecendo (Cramps, Meteors, Guana Batz,Batmobile e por aí vai), juntamos tudo coma nossa realidade, Terror- B, Cachaça, Ne-urose e coisas que curtíamos (Alice Cooper,Stoogies, MC-5, Kiss...). A soma de tudo foio que deu Kães-Vadius na cabeça.

E atualmente, a quantas anda?Regravando algumas músicas que nãoficaram bem gravadas como queríamos egravando músicas novas. No total, acho quevão rolar umas 17 novas gravações, fora umDVD de 25 anos dos Kães, com muitaimagem, som e comentários da galera queviu a coisa nascer.

Muita gente monta uma banda com opensamento em arrumar grana. Como émontar uma banda pensando em divulgaruma cultura? O que move esse processo?Não é fácil. Grana é sempre a última coisaque acaba sobrando pras bandas. Mas, émuuuuito gratificante saber que seu tra-balho é ouvido e curtido por pessoas que,muitas vezes, você nunca viu, em lugaresonde você nem sequer esteve. Isso é muito

foda. Na verdade, o Kães-Vadius já era parater acabado. Não acabou por que sou chatoe uma galera que curte não permite. Então,é isso: pura curtição e respeito. É isso quemove a parada. Mas tem que ter respon-sabilidade e não deixar a “peteca” cair.Isso é difícil as vezes. Mas, não impossível.

E o segredo da Longevidade?Ser honesto com você e com seu público,ter pau duro, aguentar as adversidades enão se vender para ninguém. Per-sonalidade e características próprias sãofundamentais.

Como divulgar um som sem nenhum tipode apoio?Ter muitos amigos, propaganda boca-a-boca, internet e cair na estrada pro queder e vier.

Como está o trabalho da banda hoje?Maduro, consistente, pesado e, para alguns,ainda soa como novidade quando ouvem.Um amigo me disse uma vez que: “Vocêssão como OVNIS... Todo mundo sabe queexiste, mas pouca gente viu!”.Huahuahuahuahua.

E o futuro? O que está por vir?Enquanto o sangue jorrar dentro da veia, osom não vai parar. Para mim, não tenhomuito o que esperar do futuro, a não ser ofuturo que eu mesmo possa fazer! Então, épau na moleira e pimba na gorduchinha.Som, cerveja e mulheres (se a patroapermitir. Huahuahua) o resto vamos le-vando na boa.

Abraços a todos e muita curtição.

Hulkabilly e os Kães-Vadius

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N° 5Reboco CaídoPag 15

inspiração do vazio....Por: Murilo Pereira Dias

obscuro o caminho de incertezas coe-rentes...é preciso viver o sozinho....esquecer as palavras trocadas em buscade carinhosombras de corpos opacostranslucidos onde não há luz...onde há certeza de não estar acom-panhado da própria assombra...que faz sombrio o sentimento de buscarno vazio o que não conseguem captar...necessárias são precisas as palavraspreciosasdescrevendo dor e solidão....falta compreensãoser feliz é distanteuniverso inconstanteperante...paralelocicatrizante....tem-se como pressãodepressãoqueda...abismo...nada de lindonada de que???o que é preciso???para um sorriso???um cigarro enquanto quanto contos deamigos...???...o exilio é a saídaa chegada ao fim da escada...enquanto os enfins querem seresumir...por não mais saber contar...querendo dormir porque precisa acordar...sem pressa do fim que não dizse vem ou quando virá.........

PESTINOEle odeia o que fazentretanto

Por: AlexandreMendes

nisso, manda muito bemvinculabom dia e obrigadodesvinculae amém

Carrinho de brinquedopequeninotentando virar tremvinculabom dia e obrigadodesvinculae amémCanudinho de coca colabem fininhoquerendo ser tubo de cemvincula

bom dia e obrigadodesvinculae amémCidadão desconhecidouma sombraquerendo se tornar alguémvinculabom dia e obrigadodesvinculae amém

Apagando o seu passadopõe negritoo que ainda vemvinculabom dia e obrigadodesvinculae amém

Lutando sempre contrao pestino*procura ir pra mais alémvinculabom dia e obrigadodesvinculae até amanhã

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Pag 16N° 5 Reboco Caído

Como surgiu o relacionamento com aimprensa alternativa do ABC?A partir de uma pesquisa que iniciei nafaculdade, em 2005, dentro no núcleo Me-mórias do ABC, da Universidade Municipalde São Caetano do Sul. O “Memórias” é umprojeto que visa levantar aspectos interes-santes, mas pouco estudados da históriada região. Como na época cursava jornalis-mo e por me interessar pelas práticas cultu-rais, achei na imprensa alternativa um meioque une ambas as coisas. Mas foi preci-samente durante um bate papo com aescritora e agitadora cultural Dalila TellesVeras, proprietária de um espaço culturalem Santo André, que descobri que a impren-sa alternativa, também colecionada por ela,ainda não possuía um merecido estudo, nocaso especifico, as publicações do ABCPaulista. Foi então que decidi o tema da mi-nha iniciação científica. Logo no inicio dapesquisa, descobri que os museus e cen-tros responsáveis pelos arquivos da região,não catalogavam ou mesmo sabiam o queera essa tal imprensa alternativa.

E como chegou ao ponto de pensar: “Voulançar um livro sobre esse assunto”?Achei que minha pesquisa podia sair doâmbito acadêmico e que merecia uma visibi-lidade maior, pois percebi que havia muitagente interessada no assunto. Um dos inte-ressados, o poeta Zhô Bertolini, veteranoda imprensa alternativa no ABC, sugeriuque eu inscrevesse o projeto do livro noFundo de Cultura de Santo André. Inscrevie fui contemplada em 2008. Para escrever olivro, ampliei a pesquisa, busquei outraspublicações e tentei dar ao texto um aspectomais literal e menos acadêmico.

O que você acrescentaria e o que vocêretiraria em uma nova edição.Ah, tem muita coisa para acrescentar. Desdea publicação e a posterior criação do blog(http://imprensaalternativanoabc.blogspot.com) recebi muito material. Na maioriafanzines. Eu pouco conhecia dos fanzines.Até o início da pesquisa, o foco do livroeram os jornais e revistas de caráter indepen-dente, por isso dediquei apenas um capítuloaos zines. Eles mereciam um espaço maior.São planos para uma próxima edição....

Qual a principal diferença entre os veículosalternativos e os convencionais?Como o próprio nome diz, os veículos alter-nativos são uma alternativa à imprensa con-vencional. Essa imprensa independente dáespaço para assuntos que não tem grandeimportância ou não são divulgados na mídiaoficial. São muitas diferenças. A IA, normal-mente, não obedece a regras de periodici-dade, distribuição, venda, assuntos e nú-mero de páginas. Tudo é feito de forma in-dependente. Alguns mais profissionais,outros menos... Mas sem o compromissode alcançar um retorno financeiro. Acreditoque a idéia principal de quem decide editaruma dessas publicações é poder escreversobre o que quiser, da forma como quiser equando quiser. É este o espírito da coisa!

Qual a maior importância deste tipo deveículo?Na história do Brasil, a IA teve grande impor-tância, principalmente na época do regimemilitar. Esses jornais denunciavam abusosde poder e ajudavam a manter bem infor-mada parte da população interessada, já quea mídia oficial omitia muita coisa.

Olga Ribeiro Defavari

Olga Ribeiro é pesquisadora de mídias alternativas e autora do livro “A Imprensa Alternativano ABC”. Batemos um papo sobre seu trabalho e sobre a tal imprensa alternativa. Confiram:

Por: Fabio da Silva Barbosa

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N° 5Reboco CaídoPag 17

Por: Evandro Santos Pinheiroe Fabio da Silva Barbosa

- E que Deus acompanhe vocês.Pastor João termina o culto com sua

frase habitual. Tinha de se apressar para areunião do partido. Pastor, político e donode uma clínica de reabilitação. O tempo esta-va curto. Entrou no carro e partiu rumo aofuturo político.

Em uma rua próxima, Areovaldocatava comida azeda do lixo de um restau-rante. Papelão, latinhas e outros recicláveiseram recolhidos para o sustento da família.Analfabeto, pai de seis filhos, seu endereçoera embaixo de um viaduto. Sentia certa de-cepção por não poder proporcionar uma vi-da melhor aos filhos. Tinha quase certezaque sua prole estava fadada ao fracasso.Prédios, edifícios, condomínios de luxo, áre-as cercadas por seguranças em meio ao tu-multo normal da grande metrópole. Suaesposa o ajudava na complementação darenda, vendendo balas e doces no sinal.

Ao atravessar a rua, avistando umapromissora pilha de lixo, Areovaldo sedescuidou e foi atingido em cheio por umcarro 0 km que vinha em alta velocidade. Ocorpo subiu, caindo no pára-brisa, que seespatifou. Pastor João socou o volante, sol-tando um sonoro “Puta que o pariu”. Abriua porta e se pôs de frente para o corpo quejazia em sua última aquisição material. Olhoupara os lados, percebendo a rua deserta.Pensou alguns segundos e atirou a vítimano asfalto. Entrou no carro e partiu em reti-rada. Foi blasfemando até a casa de um ir-mão de fé e companheiro de partido quemorava nas redondezas.

Após algumas horas de conversa sé-ria, articulações e conchavos, os acordospolíticos estavam firmados. Os recursos

financeiros viriam de várias fontes, mas umaem especial era o dinheiro sagrado, depo-sitado pelos fieis para a obra de Cristo. Di-nheiro conquistado pelo pastor, após horasde milagres, orações e profecias. Nada maisjusto. Aliás, a justiça divina nunca falha.Muito menos a política divina realizada porhomens de conduta ética ilibada. A questãode levantar mais grana era simples: Realizarcampanhas de cura e libertação. Como sa-bemos, Pastor João tinha contato forte como criador. Nada mais que um diálogo serianecessário para que as coisas se resolves-sem. Todos se dariam bem.

- Obrigado por mais essa, irmão.- E a reunião que você teria agora?

Já obteve resposta do suplente?- Quando liguei para ele, pedindo que

me substituísse, pedi que ligasse apenasse tivesse algum problema. Amanhã meumecânico vai vir concertar o carro em suagaragem. Pode deixar que vou cuidar bemdo seu carro.

- Não tem problema. Tenho mais trêsna garagem da frente. Vá em paz, Pastor.

- Que Deus o acompanhe, irmão.Amém.

A POLÍTICA DIVINA

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Pag 18N° 5 Reboco Caído

Por: Fabio da Silva Barbosa

Em um mundo dominado por falsos conceitos, é natural que a mentira seja colocada noaltar e todos se ajoelhem perante ela. Vamos separar alguns exemplos que fariam o próprioPinóquio sentir vergonha de sair repetindo por aí.

Ler jornais diariamente nos deixa bem informados – Se os jornais a que se refere este ditofaz parte da mídia convencional, essa mentira tem de estar no primeiro lugar. Dizer “beminformado” é determinar que aquela informação recebida é de boa qualidade. Já olhou aprimeira página dos jornais hoje? Eu também não, mas pode correr até a banca maispróxima para conferir: Bunda, fofoca (Artistas separando, casando, namorando, cagando...Opa... Desculpe... Artistas não cagam!) e assassinato (Pobre matando pobre e pobrematando rico... Só quando o rico mata o pobre não se comenta. Vê se a matança deindígenas e o constante estado de opressão em que vivem pequenos agricultores sãoprimeira página. Latifundiário só entra nesse rolo quando o pobre se revolta. Aí sai comopobre mata rico, pobre invade, pobre rouba... Mas a notícia fica incompleta, já que não senoticiou antes que rico mata, rico invade, rico rouba...)

A imprensa é imparcial – Continuando o assunto “mídia convencional”, temos mais umexemplo de Mentiras do Mundo Cão. Se existe uma coisa chamada linha editorial, aimparcialidade já fica de lado. Simples assim.

O usuário é quem sustenta o tráfico – Os usuários das chamadas drogas sempre estiverampor aí, mas a proibição criou e sustenta o tráfico até os dias de hoje. Isso, sem falar nogrande esquema para a chegada de mercadorias nos varejistas. Como no morro não templantação de maconha, nem fábrica de armas, é fácil chegar a conclusão que existe muitomais gente envolvida nisso do que o cara que está com uma bolsa recheada dos taisprodutos ilícitos e uma pistola na cintura e o usuário. Mas fica fácil manter tudo na contadeles, já que não têm espaço para se exporem livremente, sem o julgamento de umasociedade frustrada e hipócrita.

Trabalhar dignifica – Esse aí pegou pesado. Hahahahaha... Como sabemos bem que essejargão se refere ao tipo de trabalho assalariado e submisso ao patrão, só gostaria deentender como se associa exploração a dignidade. Nem o explorador, nem o explorado sãoportadores da tal dignidade. Para o trabalho ser digno, ele tem de ser livre de qualquerpressão ou coação. Isso, só para início de conversa.

Mentiras do Mundo Cão

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Por: Fabio da Silva Barbosa

Law Tissot montou uma fanzinoteca no RioGrande do Sul, onde acontecem oficinas ecursos, além de abrir espaço para osamantes dos fanzines conhecerem muitomaterial legal. A Fanzinoteca Mutação é otipo de iniciativa que vale a pena divulgar.

Como se deu a iniciativa de criar umafanzinoteca?Creio que desde os anos 80 eu jámanifestava o desejo de criar um espaçopúblico para preservação e promoção dosfanzines. Sabia que um projeto deste tiponecessitaria de uma infraestrutura ade-quada e não tinha os recursos para tal. Otempo passava e acumulava uma coleçãode muitos zines na mesma medida em queeditava os meus próprios títulos ou aindacolaborava em outros tantos espalhadospelo Brasil e no exterior. Somente em 2009,com o apoio do Ponto de CulturaArtEstação (Rio Grande, RS) é que pudecomeçar a criação da tão desejadafanzinoteca.

Observei que você conseguiu apoio até doGoverno Federal para seu projeto. Qual ocaminho a seguir para se obter este tipo deapoio?Como disse, o início foi o Ponto de CulturaArtEstação, com sua equipe coordenadapor Miguel Isoldi, Célia Pereira e CelsoSantos, que sempre incentivaram minhaprodução artística e promoveram algumasações a partir da minha relação com osfanzines, como exposições, lançamentos,palestras... Depois, a partir do edital daFunarte “Interações Estéticas 2009Residências Artísticas em Pontos deCultura”, escrevi o projeto “Resgate dasmúltiplas linguagens dos fanzines e suasrelações com as poéticas visuais da arte-

Law Tissot e a Fanzinoteca Mutaçãoxerox”, que possibilitou por completo a via-bilização da Fanzinoteca Mutação numasala do ArtEstação, com a infraestrutura eos recursos necessários para a manutençãode um acervo, além de oficinas livres e espa-ço de exposição e discussão para ações quetenham relações com os zines e a arte urbanacontemporânea.

A Fanzinoteca é aberta ao público?Sim, a Fanzinoteca Mutação é aberta aopúblico. Abrimos aos sábados à tarde, das14H as 20H, onde realizamos oficinas livrese gratuitas de fanzines e outras ações dearte urbana como graffiti e lambe-lambe, emparceria com o grafiteiro Diego “N3” Franz.Como disse, estamos localizados numa salado ArtEstação, na Avenida Rio Grande,balneário Cassino, em Rio Grande, RS. Oscontatos podem ser feitos através do meue-mail [email protected], pelo fone53 9953-9646 ou ainda pelo blogwww.fanzinotecamutacao.blogspot.com.Hoje, contamos com um acervo de mais de3000 títulos de todos os gêneros, estilos, é-pocas e origens (tanto nacionais quanto deoutros países).

Você continua atuando na produção defanzines?Desde 1984, quando criei o fanzine Mutaçãoao lado de Marco Muller e Rodnério Rosa,tenho mantido intima relação com a produ-ção de zines e com a cena. Seja como editorou colaborador em zines de companheirosespalhados pelo underground mundial.Atualmente, lancei o zine Charlotte # 03,em parceria com o amigo Fabiano Costa,que pode ser baixado aqui: fanzinote-camutacao.blogspot.com/2011/01/fanzine-charlotte.html . Também participei doCircuito Interações Estéticas 2010, daFunarte, onde pude realizar zines durante o

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evento, nas cidades de São Paulo, BeloHorizonte, Recife e Rio de Janeiro.

Com essa retomada e fortalecimento dacultura do fanzine, você acredita que estetipo de veículo será mais valorizado eaumentará o número de leitores?Não tenho muita certeza disso. Acredito,que em certa medida, os zines aindacirculam nas trocas entre os editores.Talvez, em certos eventos, como exposi-ções, shows, bares ou ações urbanas, elespossam atingir um outro público. Mas osfanzines têm mesmo essa característica deserem efêmeros, com pouca tiragem edestinados a ser como garrafas jogadas aomar. Sabe-se lá em que mãos poderão che-gar. Essa magia do leitor do acaso é muitofascinante.

Um fanzine inesquecível:Pergunta difícil. Cada fanzine representa ummomento, uma fase de criação e de relaçãocom amigos e idéias. Mas, se for para citarapenas um, que seja o Mutação. Este zinefoi criado ao lado dos amigos que já citeianteriormente, no distante ano de 1984, deuma forma um tanto inocente, mas repletode sonhos que desde sempre trouxeramgrandes resultados, sejam em termosartísticos ou nas amizades que aindamantenho desde aquela época.

O destaque atual:Tenho recebido muitos zines de novoscompanheiros que contribuem com aampliação do nosso acervo. Não gostariade ser injusto com nenhum editor, poistenho uma relação passional e de respeitopor toda e qualquer iniciativa zineira. A mimnão importa a qualidade da impressão ou aproposta editorial, mas sim que existamsujeitos entusiasmados com a manutençãodo espírito zineiro, seja pela sua poética oupela sua importância para a mídia livre.

Poderia citar, para não deixar a perguntaincompleta, o La Permura, do companheiroRodrigo Okuyama, como um zine que foirealizado com muita criatividade ecompetência.

O que é indispensável?Ter um milhão de amigos zineiros trocandoseus zines repletos de artes, idéias, ações epaixões.

O que é dispensável?A nicotina. Malditos cigarros!

------------------xx------------------Por: Eduardo Galeano

As pulgas sonham com comprar um cão, eos ninguéns com deixar a pobreza, que emalgum dia mágico a sorte chova de repente,que chova a boa sorte a cântaros; mas aboa sorte não chove ontem, nem hoje, nemamanhã, nem nunca, nem uma chuvinha caido céu da boa sorte, por mais que os nin-guéns chamem e mesmo que a mão esquerdacoce, ou se levantem com o pé direito, oucomecem o ano mudando de vassoura.Os ninguéns: os filhos de ninguém, osdonos de nada.Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos,morrendo a vida, fodidos e mal pagos:Que não são, embora sejam.Que não falam idiomas, falam dialetos.Que não praticam religiões, praticamsupertições.Que não fazem arte, fazem artesanato.Que não são seres humanos, são recursoshumanos.Que não têm cultura, têm folclore.Que não têm cara, têm braços.Que não têm nome, têm número.Que não aparecem na história universal,aparecem nas páginas policiais da imprensalocal.Os ninguéns, que custam menos do que abala que os mata.

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SOS botequins

Fabio da Silva Barbosa

Não sei se isso está ocorrendo em todo Brasil, mas aqui em Niterói eu posso lamentar, semmedo de estar enganado: Os botequins estão acabando. Esses locais onde a nata dacultura e da contracultura de nosso País sempre se reuniu para animadas conversas em umambiente descontraído, sem o moralismo dos “bons costumes”, estão sendo substituídospor locais repletos da frieza que a arrogância do requinte consegue oferecer melhor queninguém.

A primeira grande mudança observada é a televisão prendendo a atenção das pessoas quecostumavam estar ali em uma extravagante troca de idéias. Depois, podemos observar ospetiscos que antes ficavam expostos na vitrine e que agora vem em cardápios trazidos porgarçons. Chouriço, moela, batatinha a calabresa, cu de galinha frito... Tudo isso ésubstituído por uma pálida porção de batatas fritas (daquelas congeladas, que vem numsaquinho) ou vá lá saber o que.

Os que ainda ostentam esse nome, não lembram em nada aquele balcão super confortável,onde nos debruçávamos e muitas vezes conversávamos com pessoas que estávamosacabando de conhecer. Um enriquecedor papo de balcão, ou conversa de botequim, comomuitos gostam de chamar.

Desde moleque, sempre freqüentei os botecos de Niterói. Outro dia, fui caminhar com meuparceiro de elucubrações, Alexandre Mendes, e fizemos uma verdadeira peregrinação porSanta Rosa em busca de um botequim onde pudéssemos encostar e colaborar com oburburinho de vozes que fazem a sinfonia desses lugares. De vez enquanto uma gargalhadacorta o ar. AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA... Estávamos precisando dealgo assim para reorganizar as idéias. Mas, para nossa surpresa, todos os botequins deverdade foram reformados. Agora eles têm toalhas sobre as mesas e substituíram o copoamericano por tulipas finas.

Coitadas das pessoas. Vão perder um reduto onde a interação com a diversidadecaracterística do ser humano está dando lugar à uniformidade das ilhas mesas. E a conversaque começava com um e terminava com outro? Essa está sendo travada apenas com atelevisão.

Este texto faz parte do Livro Um Ano de Berro: Para pedir o seu: www.editoraindependente.com.br

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Quem cala consente...Grite!

Por: Winter Bastos

Hoje em dia as pessoas em geral encontram-se muito apáticas. Poucas se interessam emlutar por uma transformação social. O pro-blema não é tanto a falta de boas idéias,mais sim não se ter ideia ou ação nenhuma.Ou seja: o pior não são atitudes inadequa-das, mas a absoluta inação dos indivíduos.

Os meios de cominucação de massa (TVprincipalmente) não estimulam a reflexão.Eles manipulam a opinião pública, fomentamo consumismo e promovem a alienação. Emvez de simplesmente aceitar o que a televi-são mostra, devemos pensar, refletir. Deve-mos ler mais e assistir menos à TV. E princi-palmente nunca acreditar em algo antes semantes questionar e repensar.

Criar seu próprio meio de comunicação livreé um bom modo de propagar ideias e que-brar o atual monopólio da mídia alienante.

Para fazer um fanzine (revista alternativa)basta um computador com uma impressora(pode ser uma antiga matricial), ou mesmouma máquina de escrever. Depois de se im-primir o origial é só tirar cópias e grampearcada uma delas (caso o fanzine tenha maisde uma folha). Em seguida vendem-se ascópias e se utiliza o dinheiro para xeroxarmais.

E então? Vai ficar aí sem fazer nada? Vaipermitir que o autoritário Sílvio Santos, afamília Marinho, defensora da ditadura, eoutros burguesões continuem monopo-lizando os meios de comunicação no Brasil?Que tal dizer não à apatia e começar agoramesmo seu próprio jornal alternativo, rádiolivre ou fanzine?

Uma obra inteligente einstigante

Por: Winter Bastos

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O provocativo diretor americano MichaelMoore continua em ótima forma - cine-matograficamente, claro. Sua vitalidade co-mo cineasta pode ser, mais uma vez,constatada no excelente documentário “Ca-pitalismo: uma história de amor” (Capitalism:a love story) lançado em 2009.

São 127 minutos de análise da sociedadeamericana contemporânea a partir da his-tória de seu desenvolvimento econômico.

O sistema capitalista é prescrito pela Cons-tituição estadunidense? Lucro condiz comCristianismo? Capitalismo se coaduna mes-mo com democracia? Essas são algumas dasperguntas feitas pelo filme. O documen-tarista deixa a cargo dos espectadoresrespondê-las com base nas informações,depoimentos e relatos, deixando entrever,contudo, sua visão de mundo também.

Vale a pena alugar o DVD, que já estádisponível em locadoras brasileiras. Alémde bastante crítico e instrutivo, o filme émuito engraçado, cheio de ironias e piadasacerca dos contrassensos dum regime finan-ceiro que, dogmaticamente, quer se afirmargrande arauto das liberdades individuais

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Argumento: Fabio da Silva Barbosa / Ilustração: Eduardo Marinho