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Rebuscando a memória frases e fatos

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Este é um livro para ser lido com calma, sem compromisso com o tempo dispendido ou com a conclusão de sua leitura. Relata trezentos e doze (312) Frases proferidas por diversos e pelo Autor. Descreve ocorrências históricas de Mato Grosso Uno, Mato Grosso do Sul, do Brasil e do Mundo. A maioria encerra ensinamentos / experiências que necessitam ser analisadas detidamente. Deverão ser motivo de reflexões por parte do Leitor para alcançar o seu objetivo e obter-se bom aproveitamento. O implícito, muitas vezes, supera o explícito.

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REBUSCANDO A MEMÓRIA

FRASES E FATOS

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Rubens Nunes da Cunha

REBUSCANDO A MEMÓRIA

FRASES E FATOS

Campo Grande / MS

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REBUSCANDO A MEMÓRIA – FRASES E FATOS Cunha, Rubens Nunes da. Campo Grande / MS

É proibida a reprodução:

Nenhuma parte desse livro poderá ser reproduzida, copiada, transcrita ou

mesmo transmitida por meios eletrônicos ou gravações sem prévia

permissão por escrito do Autor, na conformidade da lei no 9.610/98.

Impressão e Acabamento:

Gráfica Pantanal

Fotolitos:

Digital Tecnologia em Pré-Impressão

Este livro é uma produção independente, seu conteúdo é

de responsabilidade do autor.

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EQUIPE DE ELABORAÇÃO

Pesquisas e textos

Rubens Nunes da Cunha

Organização/Paginação

José de Araújo Alencar

Revisão

Maria Nunes da Cunha

Martha do Amaral Fonseca

Ilustração Artística

Guilherme N. da Cunha Fernandes

Apoio Editorial

Livraria Hamurabi

José Cícero de Pino

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AO LEITOR

Este é um livro para ser lido com calma, sem

compromisso com o tempo dispendido ou com a

conclusão de sua leitura.

Relata trezentos e doze (312) Frases

proferidas por diversos e pelo Autor.

Descreve ocorrências históricas de Mato

Grosso Uno, Mato Grosso do Sul, do Brasil e do

Mundo.

A maioria encerra ensinamentos /

experiências que necessitam ser analisadas

detidamente.

Deverão ser motivo de reflexões por parte

do Leitor para alcançar o seu objetivo e obter-se

bom aproveitamento.

O implícito, muitas vezes, supera o

explícito.

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SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS..........................................Pág. 11

DEDICATÓRIA..................................................Pág. 13

PREFÁCIO. ............................................................... Pág. 05

INTRODUÇÃO ......................................................... Pág. 08

REGISTRANDO HISTÓRIAS .................................. Pág. 12

FRASES E FATOS

o DIVERSAS FIGURAS EXPRESSIVAS

o Século XIX .................................................... Pág. 21

o Século XX

Década de 30 .................................... Pág. 22

Década de 40 .................................... Pág. 24

Década de 50 .................................... Pág. 42

Década de 60 .................................... Pág. 68

Década de 70 .................................... Pág. 86

Década de 80 .................................... Pág. 95

Década de 90 .................................... Pág. 109

o Século XXI

2000 – Primeira Década ................... Pág. 115

FRASES DE GRANDES PENSADORES ................ Pág. 120

HOMENAGEANDO O CENTENÁRIO DE MANOEL

BONIFÁCIO NUNES DA CUNHA

o BIOGRAFIA ................................................. Pág. 126

o FRASES ........................................................ Pág. 136

o FATOS .......................................................... Pág. 144

O AUTOR

o TRAJETÓRIA DE VIDA ............................. Pág. 150

o FRASES ........................................................ Pág. 156

o FATOS .......................................................... Pág. 170

MATO GROSSO DO SUL

o SUA HISTÓRIA - SUAS POTENCIALIDADES

..................................................................... Pág. 187

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AGRADECIMENTOS

A minha irmã Maria, escritora, pedagoga, pelo

inestimável apoio dado a este trabalho. Além do incentivo, leitura

crítica do texto original e correção gramatical e estilística. A Martha, pelo entusiasmo a nós transmitido e grande

colaboração.

Ao amigo José de Araújo Alencar, companheiro de

todas as horas nesta iniciativa, colaborador nos aspectos de

digitação, formatação e diagramação.

Ao Guilherme Nunes da Cunha Fernandes, sobrinho e

publicitário que colaborou com o seu talento na parte artística.

Ao Cícero, proprietário da Livraria Hamurabi – Campo

Grande/MS, grande colaborador na parte operacional, para que

esta obra chegasse ao público.

A Abbott Laboratórios do Brasil Ltda., pela prestimosa

colaboração na impressão desta obra.

Nossos parabéns a Abbott pela grande honraria

internacional recebida, direcionada à indústria farmacêutica, o

prêmio GALEN PRIZE, pelo desenvolvimento do seu produto

ADALIMUMABE, que tanto nos tem auxiliado, como

reumatologista, no controle de determinadas patologias graves.

A Deus, que após os setenta anos nos deu saúde e

condições de discernimento para executar este trabalho.

Rubens Nunes da Cunha

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DEDICATÓRIA

A meus pais, Manoel Bonifácio Nunes da Cunha e Nair

Fenelon Nunes da Cunha, motivo de minha existência.

A minha esposa Hilda Margarida.

Aos meus filhos Ana Paula e Vitor.

Aos meus netos Nicole, Marcela, Amanda, Júlia e Vitor

Henrique.

Aos meus irmãos Leonardo, Afonso, Maria, Estevão e

Antônio e suas esposas Rose Meire, Aparecida, Mariazinha e

Gladys.

Aos sobrinhos Léia, Leda, Leonardinho, Maria Alice,

Tetê, Rogério, Ana Laura, Gabriel, Isabel, André, Bruno, Daniel,

Totônho e Maitê.

A tia Zizinha, irmã de nosso pai, hoje com 96 anos de

idade.

A D. Hildinha, minha estimada sogra. Seu jovial entusiasmo e

incentivo têm sido importante em nossas vidas.

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PREFÁCIO

Num gesto de nímia gentileza, RUBENS NUNES

DA CUNHA outorgou-nos a responsabilidade de traçar o

PREFÁCIO deste seu primeiro livro.

Em verdade, o prefácio, na definição comum,

representa, apenas, um esclarecimento, uma justificação que

precede ao texto de uma obra literária.

No caso presente, necessidade não há de um novo

prefácio, por isso que, com sua formidável inteligência, sua

cultura, sua penetrante perspicácia, RUBENS prefaciou sua

própria obra – no magnífico Capítulo “INTRODUÇÃO”

quando discorreu a respeito dos FRASISTAS, isto é,

“aquelas pessoas que têm a capacidade de, em curto diálogo,

utilizando apenas um punhado de palavras, resumirem um

ensinamento profissional, uma diretriz de trabalho, uma

critica, uma filosofia de Vida, FRASISTAS que souberam

observar o Mundo, estudá-lo, entendê-lo e transmitir

conclusões através de frases com objetividade, atuando no

campo social, na política, nos negócios, na agricultura, na

pecuária, nos clubes de serviço”.

Nos FRASISTAS (e o próprio Rubens o é),

RUBENS baseou esse seu primeiro livro num precioso

trabalho de pesquisa, de memória, de compilação, a

exemplo do trabalho consubstanciado no livro DO

BESTIAL AO GENIAL (Paulo Buchsbaum e André

Buchsbaum). Dedicou o livro em homenagem ao 1º Centenário de

nascimento de seu pai – Dr. Manoel Bonifácio Nunes da

Cunha, cuja excelente biografia condensou no Capítulo

“HOMENAGEANDO O CENTENÁRIO”.

Nascido em Poconé, Mato Grosso, no dia 5 de junho

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de 1908, e falecido no dia 16 de abril de 1985, aos 76 anos

de idade, o Dr. Manoel Bonifácio Nunes da Cunha

emplacou uma vida rica de realizações, e de relevantes

serviços prestados ao Estado de MATO GROSSO UNO,

merecendo todas as nossas homenagens.

No decorrer das páginas de “REBUSCANDO A

MEMÓRIA”, as frases vão brotando, desfilando, numa

sucessão de ricos ensinamentos:

- “No Capitalismo selvagem contemporâneo, o

homem sem dinheiro é mercadoria sem serventia”

(Rubens Nunes da Cunha).

- “O Estadista russo Mickhail Gorbachov: tenho-

o como o homem mais sábio, entre os Estadistas, das

décadas de 80 e 90 do Século XX” (idem).

- “Duas cousas são perigosas para o matuto:

Cavalo lerdo e mulher ligeira”. (folclore de MS – 1963).

- “Vamos fazer festas continuamente. Caso

contrário, acabamos nos encontrando somente nos

velórios”. (Rubens N. da Cunha – 2004).

- “Para tocar uma questão/demanda, Você

precisa ter três requisitos: um saco de RAZÃO; um saco

de DINHEIRO; um saco de PACIÊNCIA”. (Dr.

Bonifácio N. da Cunha).

- “Quem FALA não sabe. Quem SABE não fala”

(Lao Tse – 600 a.C.).

- “O filho quando está mamando na mãe não quer

dizer nada. Duro é quando passa a mamar no pai!”

(Ovídio Costa).

- “Somente o AMOR constrói para a

Eternidade!”. (Congresso Eucarístico – Cuiabá – 1952).

Nesse rico cascatear de conceitos, ao final da leitura

de “REBUSCANDO A MEMÓRIA”, além do prazer,

estaremos mais ricos intelectualmente.

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PARABÉNS, RUBENS NUNES DA CUNHA!

Heliophar Serra

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INTRODUÇÃO

FRASES E FATOS, acontecimentos que presenciei,

que vi, que vivenciei dos sete aos setenta anos, quando dei

inicio a este trabalho.

Relatados por pessoas com mais idade, entrando

apenas a comunicação verbal, essas frases e fatos foram

importantes para o meu aprendizado.

Uma boa parte das coisas aprende-se em casa, na

família. Em seguida, no colégio, na universidade, na pós-

graduação.

Após o término de pós-graduação na área médica,

depois de freqüentar do primário à pós-graduação por 21

anos – escola, ginásio, universidade, hospitais, enfermarias

– um novo aprendizado na “escola da vida”:

1 – Sobreviver às intempéries políticas,

profissionais, nos negócios, na administração hospitalar, na

pecuária, na agricultura, no setor madeireiro e de carvoaria,

no comércio, na prestação de serviços de moto-mecanização

e hotelaria, como chefe e como subordinado nos mais

diversificados escalões do setor público.

2 – Administrar o relacionamento de familiares,

esposa, filhos, genros, netos, irmãos e clientes.

Enfim, um vasto relacionamento humano.

Aprendi a administrar e suportar o tolhimento da

liberdade individual por todo um ano.

Penalizações advindas de manifestar opinião

política, ser adepto do equilíbrio entre o capital e o trabalho,

privilegiando um relacionamento civilizado entre

empregador e empregados. Enfim, inserir o nosso país no

contexto das nações que entendem o que é cidadania.

Sempre apreciei os “FRASISTAS”!

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Denomino “FRASISTAS” aquelas pessoas que têm

a capacidade de, em curto diálogo, utilizando apenas um

punhado de palavras, resumirem um ensinamento

profissional, uma diretriz de trabalho, uma crítica, uma

filosofia de vida.

Dar contextura a uma situação às vezes crítica. Falar

de suas próprias idéias, ideais, opiniões. Relatar episódios

pitorescos, jocosos, mordazes e insólitos.

Erigir uma palavra de ordem, de natureza política,

levantando uma nação como Winston Churchil ou dando um

comando de luta, de ação, como Mao Tse Tung.

FRASISTAS eméritos como Bonifácio Cunha,

Joaquim de Arruda, Wady Miguel, Sebastião Fenelon Costa,

entre outros, estão incluídos neste trabalho.

Souberam observar o mundo, estudá-lo, entendê-lo e

transmitir conclusões através de frases, com objetividade.

Espelhei-me neles e semeei o método. Tornei-me um

Frasista.

Um dos objetivos foi registrar a atuação de pessoas

no social, na política, nos negócios, na agricultura, na

pecuária, nos clubes de serviços.

REBUSCANDO A MEMÓRIA – FRASES E

FATOS – um trabalho de pesquisa, de memória, de

compilação.

Enfeixa relatos da história de Mato Grosso (UNO) e

de Mato Grosso do Sul.

Preceitos pedagógicos relacionados à educação

formal e comportamental, à agricultura, à pecuária, à

pilotagem, às relações humanas e negociais, à segurança

individual, à preservação do meio ambiente.

Antropologia cultural, descrevendo hábitos

alimentares, de consumo, de trabalho, de acesso à

informação da população das diversas décadas, evolução das

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práticas agrícolas, manejo pecuário, de transporte individual

e de carga, enfoque a respeito da atuação de algumas

lideranças políticas.

Ensaios filosóficos dos quais poderão ser tiradas

conclusões interessantes.

Conceituação aplicável ao dia-a-dia das pessoas, das

profissões. Ênfase especial ao aspecto subjetivo no

relacionamento médico/paciente, com profícua troca de

informações no aspecto psico-social.

Natureza chistosa de algumas frases e fatos descritos

dos quais se poderão extrair ilações.

Tudo apresentado de maneira sutil, encaixando-se

nas frases/fatos/histórias narradas, o que poderá levar o

leitor à reflexões a respeito do que acontecia no nosso

pedaço de chão e no mundo, no século XX e inicio do

século XXI.

De cada FRASE/FATO caberá ao leitor retirar as

informações, conceitos e ensinamentos cabíveis.

Na descrição das FRASES E FATOS procuro

passar experiências que poderão ser úteis às pessoas, desde

que atentamente analisadas.

Além do meu próprio senso de pesquisa, procurei

levar em conta a argúcia, a capacidade de observação e de

transformar em coisas práticas as virtudes das quais foram

dotadas algumas pessoas com as quais convivi no passado e

convivo na atualidade.

Recordo, ainda, frases que ajudaram a plasmar

nossa maneira de ser, as quais prestei bastante atenção:

Jesus Cristo – Líder maior do Cristianismo; Lao Tse –

Fundador do Taoísmo; Hipócrates – pai da medicina, minha

profissão principal; Arquimedes – sábio grego. Líderes

contemporâneos como Mao Tse Tung, Winston Churchill,

Getúlio Vargas. Intelectuais como Paulo Freire; do grande

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mestre da medicina que foi o Prof. Augusto Paulino.

Aquidauana, minha terra, Poconé, berço de meu pai,

Cuiabá, o Pantanal, Uberaba/MG, terra de minha mãe, Rio

de Janeiro, Mato Grosso (Uno), e Mato Grosso do Sul, por

divisão foram motivos especiais de meu carinho e de minha

lembrança!

Completei 70 (setenta) anos em 06 de setembro de

2006.

Quero de uma maneira especial agradecer à Mãe

Natureza, que tem provido a minha subsistência desde o

período gestacional.

Quero consignar o meu agradecimento aos

agricultores, aos bovinocultores que me proporcionaram a

proteína da carne e dos produtos lácteos; aos criadores de

suínos, ovinos, caprinos e aves, aos pescadores e

piscicultores que nos forneceram os peixes.

Àquelas pessoas modestas que na labuta da terra,

com suas mãos, nos forneceram o arroz, o feijão, o milho, o

trigo, a mandioca, as hortaliças e os legumes que nos

alimentaram e alimentam.

Aos mineradores que nas profundezas da terra

extraem a matéria prima para nossas ferramentas, máquinas,

utensílios caseiros, transmissões de energia, etc.

Aos cientistas, que no silêncio dos laboratórios de

pesquisas, desenvolvem os conhecimentos e os fármacos

que prolongam nossas vidas e as tornam mais saudáveis.

Enfim, a todos que garantem o nosso bem-estar em

casa, no trabalho, no entretenimento cultural, no lazer.

Neste livro, em especial, em memória, presto uma

homenagem a meu pai pelo Centenário do nascimento que

se dará em junho de 2008.

O Autor

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REGISTRANDO HISTÓRIAS

Como Médico, Agente Político, Administrador

Público, Empresário, notei que as pessoas de Mato Grosso

do Sul e do Brasil, como regra geral, têm total

desconhecimento sobre seus ascendentes e outras pessoas.

Na maioria das vezes nada sabem sobre homens e

mulheres, que em tempos anteriores muito fizeram pela sua

formação e pelo seu Estado e seu País.

Por esse motivo quero deixar informações, entre

outros, sobre Bonifácio Cunha, Joaquim de Arruda, Fenelon

Costa, Fenelon Costa Júnior, João Nunes da Cunha

(Joãozinho Califórnia), Manuel Nunes da Cunha – Barão de

Poconé, Erasmo Cunha e de outras pessoas lúcidas como

Wady Miguel.

Para que as pessoas tenham noção do pioneirismo,

do grande surto de progresso que, em especial, Mato Grosso

e Mato Grosso do Sul tiveram entre 1945, fim da Segunda

Guerra Mundial, e 2006.

Eletrificação, grandes estabelecimentos de ensino,

telecomunicação, modernização e tecnicidade da agricultura

e pecuária, evolução política, etc.

Relato FRASES E FATOS relacionados à minha

existência, meu trabalho, minha experiência de vida, minha

vivência nos diversos setores.

Quero que as pessoas percebam como era o mundo

quando uma notícia levava quarenta (40) dias para ir de

Cuiabá a Poconé; quando uma viagem de carro de Campo

Grande a Aquidauana levava quinze (15) horas; quando

ouvir rádio era proibido durante a Segunda Guerra Mundial,

para pessoas cujas nações de origem pertenciam ao Eixo

Alemanha/Itália/Japão; quando pessoas oriundas desses

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países tiveram seus bens expropriados.

Quando maçã, pêra e uva eram alimentos de uso

privativo de convalescentes; quando apenas seis pessoas e

suas famílias tinham acesso, em Aquidauana, à leitura de

jornais de São Paulo e Rio de Janeiro (Diário de São Paulo,

Correio da Manhã, Diário Carioca); quando se ofertava

presente de dez mil hectares de campo nativo (mato não

tinha valor); quando uma viagem de trem de Aquidauana ao

Rio de Janeiro demorava três dias e três noites, com

baldeações em Bauru e São Paulo.

Quero que os cidadãos contemporâneos saibam que

andar de carro na década de 40 era privilégio de poucos.

Em Aquidauana existiam apenas nove veículos: dois

carros de praça (táxi), do Correinha e do Zizi Cáfaro; duas

“baratinhas”, pertencentes a Totó Rondon e Cláudio Alves

Correa; cinco veículos, pertencentes a Antonio Trindade,

Laudelino Barcelos, José Alves Ribeiro, Bonifácio Cunha e

Estácio Muniz.

Quero que saibam que o transporte para a nossa

Vargem Grande e demais propriedades rurais, era feito por

comboio de carretas tracionadas por bois de carro; que

saibam que o nosso mestre carreteiro era José Piqui, índio

Terena, magro, espadaúdo, residente na Reserva Lalima

(este prestava serviço na Vargem Grande) e que durante sua

existência, da infância à sua morte, nunca fez uso de um

calçado, seja botina, sapato, alpargata.

O carregamento das carretas era feito na Casa

Candia, ainda hoje existente na Travessa Ragalzi, na antiga

Margem Esquerda, hoje Anastácio.

Seus proprietários eram Armando e Janjão Trindade.

Quero que saibam que meu tetravô pelo lado

paterno, Manuel Nunes da Cunha, foi agraciado com o título

de Barão de Poconé (por Dom Pedro II) e que sua esposa, a

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Baronesa de Poconé, foi homenageada no Rio de Janeiro,

dando-se o seu nome a uma rua próxima à Lagoa Rodrigo

de Freitas.

Que saibam também que o pai de nosso bisavô (Zeca

Pontes) pelo lado materno foi um alemão de sobrenome

Brunswick, que residiu em Minas Gerais. Os seus olhos

azuis se repetem em boa parte da nossa família.

Quero que tomem conhecimento de que uma parte

do aprendizado é auferida na Escola, na Universidade;

porém, a formação ética, cultural, comercial, o senso de

observação, o desenvolvimento, sedimentam-se no convívio

com os pais, avós, tios, amigos inteligentes e experientes.

Nossa vida é, ao final, uma coletânea de

informações, de conhecimentos, de aprendizados, que vão se

sedimentando em nosso cérebro, da 1ª infância à velhice.

Quero que saibam que o mundo passou por total

transformação com a chegada do transistor, que barateou e

popularizou a mídia falada, através do rádio transistorizado.

Saibam também que a informática e a sua irmã

gêmea, a Internet, são ferramentas que necessitam

domesticação. Podem fazer o bem e o mal.

As FRASES E FATOS correlacionadas a Manoel

Bonifácio Nunes da Cunha e ao Autor, ocuparão espaços

individualizados.

De algumas pessoas com as quais o contato foi mais

próximo, relatarei várias FRASES E FATOS e alguns

dados biográficos para que se correlacione as pessoas às

frases:

1 – Joaquim de Arruda Rondão

Nascido em Poconé, dotado de grande sensibilidade

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e inteligência. Pouco pode estudar em sua infância.

Autodidata, conhecia de política nacional e internacional,

mecanismos de procedimentos bancários, psicologia.

Possuía uma verdadeira intimidade com a terra, com

as variações climáticas, amor pelos animais e afeição ao

trabalho.

Tinha verdadeiro orgulho da tropa marca

“Sombrinha”. Em sua fazenda onde trabalhavam no campo,

média de dez pessoas de patrão a peão, em cada semana no

trabalho, usava-se tropa de uma mesma pelagem:

Branco/tordilho, alazão/douradilho, castanho/zaino.

Tropa uniforme sem exceção.

Grande conhecedor da lide no campo, tanto de

pantanais como de terras altas.

Foi comerciante em Bela Vista. Também

“correspondente” do Banco do Brasil.

Administrava os interesses locais do Banco que não

possuía Agencia na Região.

2 – Wady Miguel

Sírio. Ex-sacerdote ortodoxo em sua terra.

Renunciou à ordem e mudou-se para o Brasil. Trouxe toda a

sabedoria da cultura milenar do Oriente Médio.

Cultura vasta, grande sensibilidade e acuidade para

negócios. Profundo conhecedor da mente humana, das

relações de poder/subordinação.

Exímio no preparo de carne de carneiro, pão sírio,

quibe, esfiha.

Especialista em curtir peles de carneiros

transformando-as em belíssimos pelegos, virtudes trazidas

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do Oriente Médio.

Passou-nos conhecimentos invejáveis. Alertava-nos a

respeito da primazia dos conhecimentos sobre os bens

materiais, já em nossa infância.

3 – Estácio Muniz

Médico formado em 1923, pela Faculdade Nacional

do Rio de Janeiro.

Mudou-se para Aquidauana, juntamente com a

esposa, Dona Carmem, e aí nasceram seus quatro filhos.

Tornou-se paradigma de capacidade profissional,

cultura humanística, dedicação ao trabalho. Um médico

iluminado sob todos os aspectos.

Raciocínio brilhante, amor à profissão, sensibilidade

inigualável para diagnosticar com os parcos recursos e

exames complementares que dispunha à época.

Precisão, coragem, competência eram as estrelas que

brilhavam em seu firmamento.

4 – Sebastião Fenelon Costa

Nosso avô. Trago a lembrança da intrepidez, da

coragem pessoal, da determinação de que era dotado.

Espírito arrojado desde a adolescência.

Partiu aos 14 anos de Sergipe para o Rio de Janeiro

onde iniciou sua vida de trabalho. Lá, no convívio com

empresários da época, alguns estrangeiros, aprendeu a ousar.

Sua vida de homem de negócios foi cheia de altos e

baixos, porém com vontade férrea para empreender.

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Dono de estabelecimentos comerciais, fazendas de

gado, proprietário de vastas extensões de terras, político.

Em todas as atividades deixou sua marca de pessoa

altaneira, destemida, determinada e sincera. Um dos

fundadores do atual município de Águas Claras.

Teve dois contratempos que tumultuaram sua vida

financeira:

1º - Prejuízo dado pelas tropas federais que

acamparam em sua Fazenda Mimoso, no Alto Sucuriu,

quando no encalço da Coluna Prestes. Requisitaram e

abateram a maior parte do seu rebanho, para alimentar os

soldados. O ressarcimento nunca ocorreu.

2º - O segundo foi a grande crise mundial de 1929 e

anos subseqüentes, que abalou o mundo, inclusive com a

quebra da Bolsa de Valores de Nova York.

A quebradeira chegou ao Brasil e tirou a condição

financeira de muitos e muitos fazendeiros do sudoeste de

Goiás, Vales do Araguaia, Sucuriu, Aporé e Indaiá Grande

que ficaram impedidos de saldar seus débitos com Fenelon.

5 – Políbio Justino Garcia

Trabalhou para Fenelon como cobrador junto aos

fazendeiros espalhados por vasta área. Contou-me sobre o

insucesso em relação aos recebimentos.

Homem rural, grande conhecedor da atividade

pecuária, em especial formação de pastagem na era pré-

mecanização.

Com seu trabalho, dois filhos formaram-se médicos e

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encaminhou um terceiro, Albenat.

Autodidata dedicava-se ao estudo da História e da

Geografia.

6 – Gaúchos do Chapadão

No convívio com os brasileiros do sul, agricultores

em sua maioria, que migraram para Mato Grosso, em

especial chapadões que pertenciam ao município de

Cassilândia, muito aprendi a respeito de tecnologia para

transformar um solo com bom potencial

(plano/roxo/argiloso/sem pedra) dentro de uma região com

micro clima favorável, porém com deficiência de micro e

macro elementos, acidez elevada, em terras altamente

produtivas.

Pude perceber também o destemor, o espírito

empresarial, a coragem para contrair empréstimos quando

bem se aplica o capital tomado emprestado.

Aprendi com eles que a dívida gerada por um

insucesso não pode se tornar uma “neurose” e também que o

homem que sabe o que faz, dando-lhe tempo e oportunidade,

salda o compromisso.

7 – Fenelon Costa Junior – Toquinho

Engenheiro, nosso querido tio Toquinho, falava com

fluência, além do português, francês e inglês, com sólido

conhecimento de latim. Coisa rara na década de 50, quando

convivemos.

Educação aprimorada, socialista sincero, analista

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F R A S E S E F A T O S

- 25 -

objetivo, sem fanatismo.

Era aquela pessoa extremamente preocupada com o

bem-estar dos povos de todos os continentes.

Enxergava com clareza os desvios da Revolução

Russa de 1917, que em especial após a vitória sobre o

Nazismo, juntamente com os demais aliados, em 1945,

ocupou países do Leste Europeu e Ásia Central e adotou

posições hegemônicas.

8 – Outras Figuras Expressivas

Pelo convívio próximo com os peões, capatazes,

gerentes de estabelecimentos que se dedicavam à pecuária,

no pantanal e terras altas, agricultura, serrarias, dormenteiras

e carvoarias, muito pude observar da cultura, dos costumes,

da ética, do espírito galhofeiro dessas pessoas.

O senso de observação relacionado às coisas da

natureza, comportamento dos animais é acurado. Têm noção

do que dá certo e do que dá errado.

Suas frases jocosas, interessantes, suas piadas têm

muito a ver com sua maneira de ser.

Privilegiam a alimentação farta e dão muita

importância a esse aspecto. Justifica-se: O trabalho com

esforço do corpo consome muita caloria e gera a fome.

Recordo-me até do nome de Fazenda Ronca Tripa

dado a um estabelecimento pecuário da região de Anastácio.

São pessoas e acontecimentos importantes que

levamos em consideração em “REBUSCANDO A

MEMÓRIA – FRASES E FATOS”.

Importantes, também, episódios relacionados à

Segunda Guerra Mundial, suicídio de Getúlio Vargas, (o

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F R A S E S E F A T O S

- 26 -

estadista que na realidade comandou a primeira e grande

inclusão social no Brasil); política nacional, internacional de

Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul.

Revolução Chinesa, Independência da Índia, da

Argélia, Revolução Castrista, Guerra da Coréia, do Vietnã,

criação e implantação do Estado de Israel (1948).

Luta Divisionista do Estado, cujas raízes remetem ao

final do século XIX e inicio do século XX, tendo como

teóricos: Mario Travassos, Meira Matos, Golbery do Couto

e Silva, Ernesto Geisel.

Como ativistas vários líderes: Jango Mascarenhas e

Bento Xavier no inicio do Século XX, Gomes na segunda

década e Vespasiano Martins e outros companheiros de luta,

com ênfase na fronteira, (Bela Vista, Caracol e Porto

Murtinho), na Década de 30.

A Revolução Constitucionalista, capitaneada por São

Paulo e a Luta Divisionista, pleiteando a divisão do Estado

de Mato Grosso, se imbricaram em 1932 na parte Sul deste

Estado.

Movimento militarista de 31 de março de 1964

Primeira Guerra do Golfo.

Dissolução da União das Repúblicas Socialistas

Soviéticas (URSS), etc.

Estes acontecimentos ocorreram no Século XX.

Boa parte deles contou com o nosso atento

acompanhamento

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F R A S E S E F A T O S

- 27 -

FRASES E FATOS

DIVERSAS FIGURAS EXPRESSIVAS

SÉCULO XIX

Se você pode sonhar, pode realizar!

Dom Bosco – italiano

Século XIX / XX

Fundador da Ordem dos Salesianos.

Os Salesianos se destacaram no mundo pelo seu

empenho no setor educacional.

Em Mato Grosso administram o Colégio São

Gonçalo, onde fiz a 4ª série ginasial.

Em Campo Grande, o Colégio Dom Bosco, onde

também estudei e a UCDB (Universidade), com vastíssimos

serviços prestados ao Estado.

O viajante que por aqui passar saberá

que morto eu continuo mais vivo do

que nunca!

Jango Mascarenhas

Século XIX / XX

Inscrição no túmulo de Jango Mascarenhas, no

cemitério de Aquidauana.

Líder divisionista sucumbiu lutando pela causa da

divisão do Estado.

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F R A S E S E F A T O S

- 28 -

SÉCULO XX

DÉCADA DE 30

Vocês na verdade não estão com sede! E lançou

fora a água.

Fenelon Costa – Década de 30

Dois cavalheiros chegaram à loja do Cel. Fenelon,

em Três Lagoas. Estavam com sede e pediram água.

Fenelon trouxe uma jarra com água e apenas 01 copo.

Serviu a água e tentou passá-la a um dos sedentos.

Este querendo ser educado dirigiu-se ao outro

cavalheiro: - Tenha a bondade, o senhor primeiro; o outro

em resposta: - Tenha a bondade, o senhor primeiro.

Fenelon aborreceu-se e recolheu a jarra e o copo.

E as visitas continuaram com sede.

Amanhã escreverei a Joaninha!

Zeca Pontes – Década de 30

Zeca Pontes, condutor de boiadas e mascate nos

sertões, era sogro do Cel. Fenelon. De poucas letras, casado

com Joaninha, mãe de catorze filhos e orientadora religiosa

de comunidades em Uberaba. Em suas tropeadas, com

algumas biritas pelo meio, quando lhe perguntavam coisas

embaraçosas, proferia a frase.

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F R A S E S E F A T O S

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O costume aqui é peão dormir no chão

em cima de um couro!

Anfitrião – Década de 30

Dom Aquino Correa, Arcebispo de Cuiabá, membro

da Academia Brasileira de Letras, Bispo sagrado na Itália

aos 28 anos de idade, figura exponencial da igreja, da

literatura, da política.

Em época de grande turbulência na política mato-

grossense, foi convidado para ser candidato único e

pacificar o Estado.

Uma vez eleito e empossado fez uma visita a vários

municípios do Estado, inclusive em cidades da fronteira,

aqui no Mato Grosso do Sul. Foi hospedado por abastado

pecuarista.

Trouxe como secretário/assessor um padre. Após um

dia inteiro de trabalho ao chegar à hora de acomodar-se o

encaminharam aos aposentos em que iriam pernoitar.

Havia uma só cama.

Perguntou com muita gentileza: Aonde vai repousar

o meu secretário?

Recebeu a resposta desagradável.

Com jeito acomodaram-se as coisas e o secretário foi

acostar-se.

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F R A S E S E F A T O S

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DÉCADA DE 40

Quem trabalha demais não tem tempo

para ganhar dinheiro!

Carlos Ferreira Viana Bandeira

Jornalista/Promotor Público

Década de 40.

Doutor Bandeira veio da Bahia. Formado em Direito.

Em Salvador militou na imprensa.

Foi fundador e editor-chefe do Jornal do Sul.

Com a sua mudança para Campo Grande, vendeu-o a

Bonifácio, também Jornalista e Advogado.

Os precursores da mídia falada em Aquidauana

foram Elidio Teles de Oliveira (Rádio Difusora) e Garcia

(Rádio Independente).

Nada existe de mais desastroso para

terceiros do que um intelectual que não

seja dotado de bom senso!

Joaquim Arruda – 1941

Pela tendência de se acreditar nos letrados que

podem infundir grandes prejuízos a uma família, um país,

uma sociedade.

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F R A S E S E F A T O S

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Somente se sabe quantas latas de ba-

nha vai dar o capado, após abatê-lo e

fritar o toucinho!

Mariquinha Fenelon Costa – 1945

Minha avó materna. Referia-se ao fato de se saber

realmente o patrimônio que a pessoa tem, após pagar as

dívidas.

Com aquele “bagabundo” (pagador

problemático), recebida esta conta que

me deve, jamais farei outro negócio... E

(após passar a mão na cabeça com

pouco cabelo), bem, se o negócio for

bom eu o farei!

Wadi Miguel – 1945

Wady Miguel, referindo-se a um devedor, uma

pessoa importante de Aquidauana.

Esta mercadoria (imóvel, gado) foi ad-

quirida por cem mil homens em ar-

mas!

Sebastião Fenelon Costa – 1945

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F R A S E S E F A T O S

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Estou comemorando a nossa vitória

sobre o nazismo e Hitler!

Antonio Mendes – 1945

Marceneiro – Aquidauana

Estudava no Colégio XV de Agosto, que fazia

vizinhança com a marcenaria do Sr. Antonio Mendes,

português, através de uma cerca de tela de arame.

Estávamos no intervalo das aulas (recreio), e

assistíamos Antonio Mendes, com um revólver calibre 38,

com o cano voltado para cima e, a seguir, disparou os 06

tiros.

Perguntado sobre a “salva”, deu-nos a explicação – a

derrota de Hitler.

Meu pai, Dr. Camilo Boni, Major Acioly, João de

Souza, Assunção, Wady Miguel e eu ouvíamos diariamente

o desenrolar da 2º Guerra Mundial pela BBC de Londres.

Ter rádio naquele tempo era um problema. Além de

caro, tinha que ter licença dos Correios e Telégrafos. Era

proibido para certos estrangeiros.

O cavalo para ser bom tem que se pa-

recer com o dono!

Joaquim de Arruda – 1946

Se o dono é jovem ele tem que ser fogoso, ligeiro;

se o dono é idoso tem que ser manso, lento, pachorrento.

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Paulista é o único povo que conheço

que comemora derrota!

Joaquim de Arruda – 1946

Referia-se às festividades de 09 de julho,

comemorativas da Revolução Constitucionalista, na qual

São Paulo foi derrotado pelo Governo Central.

Não compro touro reprodutor usando

fita métrica para medir o comprimento

da orelha. Esta (a orelha) sai no couro!

Joaquim de Arruda – 1946

Referindo-se à “onda” em que o gado valia pelo

comprimento da orelha e não pela conformação da carcaça.

A raça de gado de minha preferência é

“qualidade bastante”!

Vicente Jacques – 1946.

Referia-se à polêmica entre usar touros Gir, Guzerá,

Indubrasil, Nelore.

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F R A S E S E F A T O S

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Fazer negócio com gente burra dá pre-

juízo. Você sai perdendo e ainda é

chamado de ladrão!

Wady Miguel – 1946

Quem na vida está por cima, escreve a

lei nas costas de quem está por baixo!

Wady Miguel – 1946

Serviu-me muito para entender as coisas: Não

trombar de frente. Agir na hora certa.

Um paulista rico gasta em uma festa o

correspondente ao capital de um mato-

grossense que é tido como rico.

Wady Miguel – 1946

Wady foi a um casamento de árabes ricos em São

Paulo e trouxe como “souvenir” uma colherinha de ouro.

Em face de minha estupefação passou-me o

ensinamento para dimensionar como eram restritas as posses

dos mato-grossenses.

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F R A S E S E F A T O S

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Pessoa salafrária, safada, mau caráter,

você tem que mentalmente imaginá-la

deitada e acender simbolicamente velas

em torno de seu corpo. Quando acen-

der a última completando o percurso

ela parará de prejudicá-lo! Já terá se

acabado como homem de negócios.

Joaquim de Arruda – 1946

Fulano é um sujeito “patife”!

Augusta Rondon da Cunha – 1946

Minha avó paterna. Referia-se a homem temeroso,

sem coragem, desanimado, pusilânime.

No mundo do capital quem pode mais

geme menos!

Wady Miguel – 1946

Guarde o capital do seu papai na cabe-

ça!

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F R A S E S E F A T O S

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Wady Miguel – 1947

Conselho a mim passado aos 11 anos de idade.

Existem pessoas que nasceram para

viver na pobreza. Enquanto não bo-

tarem fora tudo o que herdaram ou

que receberam através do casamen-

to não conseguem ser felizes!

Wady Miguel – 1947

Frase há 58 anos passada para mim. Faço o

acompanhamento. Infelizmente é verdadeira.

Dr. Bonifácio vim trazer este galo para

o senhor fazer o favor de me comprar!

Rafael –1947. Expedicionário.

Rafael era expedicionário da FEB. Assisti a sua saída

num trem da Noroeste iniciando viagem para os campos de

batalha na Itália. Assisti também o retorno vitorioso após a

rendição da Alemanha.

Trouxe bom dinheiro. Gastou-o sem planejamento.

Entregou-se ao alcoolismo. Ficou pobre.

Certamente sua aposentadoria de “febiano” deu-lhe

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F R A S E S E F A T O S

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um fim de vida razoável.

Chegou com o galo embaixo do braço na porta

aberta do escritório de meu pai, na Rua Estevão Correa, em

Aquidauana.

Outro “febiano”, Olavo, ajuizado, noivou e casou-se

com Irene, nossa funcionária em casa.

O pior inimigo é o do mesmo ofício

(profissão) que o seu!

Joaquim Arruda Rondão

Meu padrinho. Meu guru em pecuária da época.

Chegou a hora do “dragão amarelo”

empolgar e dominar o mundo!

Frase corrente – 1948

Usada após o aniquilamento de Hitler e Mussolini,

que representavam o nazismo e o fascismo. O dragão

amarelo seria a representação de poder do povo asiático

(raça amarela)!

Quero que a senhora me entregue esse

anel que está guardado na boca!

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F R A S E S E F A T O S

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Membro do bando dos baianinhos Década de 40

A Fazenda Santa Rosa, no município de Miranda, foi

cercada à noite pelo “bando dos baianinhos”, grupo

organizado de pilhagem e saque.

Prenderam e amarraram os peões no galpão. Sitiaram

a casa e deram ordem a Joaquim e Zulema que abrissem a

porta.

Feito isso revistaram toda a casa, cortaram os

colchões com faca, tiraram as argolas de alpaca dos arreios,

e “requisitaram” um par de botas novo, confecção do

famoso sapateiro Neno Piagetti de Bela Vista.

Terminado o saque, determinaram que se prendesse

a tropa de cavalos mansos no piquete. Levaram-na e

deixaram a tropa cansada.

Vendo que Zulema ocultava alguma coisa na boca,

obrigaram-na a entregar o anel de estimação.

Os velhacos também envelhecem!

João Vilasboas – 1948. Senador – Líder da oposição.

João Vilasboas era homem de grande cultura e

acuidade mental, foi relator no Senado, do “Tratado de

Roboré”, assinado entre o Brasil e a Bolívia.

Era articulista do Jornal “O Combate” de

propriedade dos udenistas.

Um grande chefe do partido contrário de notório

prestigio, na época, ia receber uma homenagem pelo seu

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aniversário. Pediram a Vilasboas que escrevesse um

editorial denegrindo seus méritos.

Atendeu e escreveu o editorial com o título acima.

Ultimamente estou acreditando em tu-

do. Só não vou acreditar quando me

disserem que um homem deu a luz a

uma criança!

Cavaleiro Dantas –1948. Peão recolutador.

Dantas era um homem esguio com algum parentesco

com argentinos.

Estava fazendo a recoluta da tropa marca

“Sombrinha”, famosa à época, pertencente a Joaquim de

Arruda, que fora “expropriada” pelos “baianinhos” quando

ocorreu o saque do grupo na Fazenda Santa Rosa.

Estava impressionado com os avanços tecnológicos

da 2ª Guerra Mundial: bombas voadoras, submarinos,

kamikazes, bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki,

experiências do Dr. Josef Mengel nos campos de

concentração nazistas, descoberta da penicilina, do TNT

(potente explosivo), etc.

O senhor pretende realizar uma opera-

ção cirúrgica ou uma operação bancá-

ria?

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F R A S E S E F A T O S

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Wady Miguel – 1948. São Paulo/SP

Wady apresentou dor no abdome, mal definida. Dr.

Muniz aconselhou-o a ir a São Paulo onde Wady tinha

grandes amizades na colônia sírio-libanesa.

Foi a um médico e este lhe fez várias perguntas

sobre a extensão de suas terras, número de reses que

possuía, etc.

A seguir mandou que deitasse em uma mesa de

exames e apalpou seu abdome.

De pronto, sem exames complementares, disse-lhe:

“O seu caso é de operação”.

Recebeu a resposta.

Álvaro de Castro. Endereço: Nas ruas

de Aquidauana.

Carta remetida de Cuiabá por Camilo Boni –

1948

Álvaro era solteirão, além de andar por toda a

Aquidauana durante o dia, era notívago.

Camilo Boni achou mais fácil o carteiro encontrá-lo

na rua. Era muito conhecido.

Rubens: Estou de partida para a Ba-

hia. Retorno dentro de seis meses!

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F R A S E S E F A T O S

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Maturino – Década de 40 Capataz da Fazenda Vargem Grande.

Maturino era um baiano barbudo com muito

conhecimento como homem rural e que tinha habilidade

como químico na fabricação de sabões, sabonetes,

detergentes, etc.

Trabalhou por longo tempo como capataz da

Fazenda Vargem Grande, pertencente a nossa família.

A cada cinco anos, tirava uma licença prêmio:

fabricava um par novo de alpargatas, preparava matula de

rapadura, farinha e carne seca, e partia a pé para sua terra

natal, a Bahia.

Dentro de seis meses estava de volta e reassumia seu

posto.

Teve um período de vida conturbado. Apaixonou-se

por Iria, uma indiazinha, e acabou por ciúmes assassinando-

a em Aquidauana.

Foi preso e removido para a Colônia Penal, próxima

a Cuiabá.

Por obra do acaso, o Juiz de Direito, à época,

Lacerda de Azevedo, fora testemunha ocular do crime.

Compadre, quero de todo coração, lhe

dar de presente 10.000 hectares de

“campo”, medido e cercado, para ter a

honra e o privilégio de tê-lo como vizi-

nho!

Proprietário de terras.

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F R A S E S E F A T O S

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Aquidauana – Década de 40

Presente oferecido por abastado proprietário de

terras ao Dr. Estácio Muniz.

Este agradeceu penhoradamente a oferta do presente.

Alegou não ter vocação e nem habilidades para a luta

do campo.

O que é que o senhor tem?

Médico de Mato Grosso.

Folclore. Década de 40

O modesto homem do campo que foi à consulta

começou a relatar, após a pergunta, que sentia uma dor,

indisposição, etc.

O médico atalhou: - “Estou perguntando o que o

senhor tem: boi, carreta, vaca, cavalo”.

Constrangido o “matuto” deu a resposta.

Em seguida o médico disse: - “Agora quero saber o

que o senhor sente”.

Este cidadão trabalha sistema sucuri:

enrola-se em torno da presa, esmaga

seus ossos por compressão e depois a

engole!

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F R A S E S E F A T O S

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Joaquim de Arruda – 1949

Referia-se a pessoa com a qual não simpatizava, e

que exercia um método egoísta nos negócios.

Mulher bonita e terra cobiçada têm

que estar em cima. Senão dança!

Camilo Boni – 1949

Engenheiro de Milão. Fez plano urbanístico de

Campo Grande e Aquidauana, como Secretário de Obras de

ambos os Municípios.

Este fazendeiro costuma dar sal para o

gado, na garrafa!

Joaquim de Arruda – Década de 40

A suplementação de bovinos à época era quase igual

a zero. O gado procurava salitrar-se em barreiros naturais.

Comia muito barro o que causava verminose e outras

doenças.

Iniciou-se então a oferta de “sal boiadeiro”, grosso e

fino, importado do nordeste. Era servido puro em coxos de

madeira.

Alguns fazendeiros não querendo gastar, racionavam

a oferta de sal.

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Aqueles que economizavam o insumo eram

“gozados” de dar sal na garrafa para os bovinos lamberem

através do gargalo.

Quando em 1968 abrimos a Fazenda Estiva, à

margem esquerda do Rio Indaiá Grande, ainda usava-se a

“salmourada” (alguma quantidade de sal diluído em grande

volume de água).

A mistura era servida em largos e longos coxos de

madeira de lei.

Quem disseminou o uso de sal boiadeiro em

Aquidauana e região foi o italiano chamado Patta; residia

em São Paulo, era “caixeiro viajante” e como se diz hoje,

fazia a cabeça dos fazendeiros a respeito das vantagens de se

oferecer o suplemento ao rebanho.

Patta, amigo e patrício do Dr. Camilo Boni, teve em

relação à minha pessoa, uma função “civilizadora”.

Trazia para Dr. Boni queijos especiais, salames

italianos, componentes de cestas de Natal, como nozes,

avelãs, amêndoas, chocolates, licores, panetones.

Trazia também material para cobertura de pizzas

(aliche, atum, presunto, etc.).

Tivemos assim contato com a cozinha européia.

A comida regional à época era muito simples: arroz,

feijão, ovos fritos, farofa, batatinha, carne de panela.

No domingo: maionese caseira, macarronada e

pastéis.

Era o almoço de gala.

Como também tinha a “roupa de missa”, de ir à

igreja aos domingos.

Bife não era usual. Churrasco não se consumia

habitualmente.

As geladeiras eram fabricadas de folhas de flandres:

em cima uma caixa onde se colocava barra de gelo enrolada

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em estopa com proteção de casca de arroz. Embaixo outra

repartição onde se colocava água e algumas coisas mais para

gelar.

Não eram confiáveis para leite e carne, altamente

perecíveis.

A primeira geladeira a querosene, importada por

Camilo Boni, com ajuda do sr. Patta, conheci-a no final da

década de 40.

Meu nome é Maria Só!

Maria Cunha – Década de 40

Nossa família é composta de cinco homens e apenas

uma mulher, chamada Maria.

Quando pequenina, perguntada como era seu nome

(que as pessoas achavam que deveria ter um complemento:

do Rosário, do Carmo, da Glória, etc), constrangida proferia

a frase.

Maria, pelo convívio com os irmãos homens,

aprendera a jogar futebol como goleira, jogava bolita (bola

de gude), e era exímia escaladora de muros e árvores

frutíferas.

Alimentava-se basicamente de frutas como os

passarinhos. Era magrinha, mas tinha uma saúde de ferro.

Aqui na Fazenda Belo Horizonte, as

queimadas são racionadas. O gravatá é

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combatido e as nascentes são protegi-

das!

Joaquim Arruda – Década de 40

Passava como rotina minhas férias de final de ano,

na Fazenda Belo Horizonte, em Bonito, juntamente com os

tios Joaquim e Zulema.

Eles tinham como companhia àquela época, a filha

adotiva Síria Barbosa.

Joaquim era um defensor da natureza. Proibiu matar

aracuã, perdizes, jaó, jucutinga, mutum e outras aves

existentes.

Tinha informações sobre defesa do meio ambiente

auferidos nos livros de Assis Brasil, grande conservacionista

gaúcho.

Os campos da Belo Horizonte, ricos em grama

vermelha, eram o que existia de melhor em termo de

pastagens nativas para a criação de gado.

Animais cavalares davam-se muito bem com essa

gramínea que existia somente no sudoeste de Mato Grosso.

Para progredir na vida você não tem

que se preocupar com o que tem ou

que fez. Apenas com o que não tem ou

com o que não fez!

Wady Miguel – final da década de 40

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Não se preocupe com o diploma que já tem, com a

fazenda que já ganhou ou que já comprou, com a casa que já

adquiriu.

Preocupe-se com novas aquisições, com novas metas

a alcançar.

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DÉCADA DE 50

Você tem que fazer esse pedido a Zu-

lema!

Joaquim de Arruda – 1950

Joaquim e Zulema, casal sem filhos biológicos, eram

bastante capitalizados.

Quando um sobrinho fazia um pedido que envolvia

dispêndio financeiro, remetia o postulante à Zulema que

analisava a procedência ou não do pedido.

Se os velhos pudessem e os novos sou-

bessem, as coisas na vida seriam mais

fáceis!

Joaquim de Arruda – 1950

O tamanduá bandeira está escondendo

as unhas!

Joaquim de Arruda – 1950

Referia-se às pessoas com objetivos escusos

(políticos ou comerciantes blefando para abaixar o preço da

mercadoria/gado).

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Qual o motivo para as pessoas nesta

cidade se levantarem tão cedo? Respos-

ta: Para ter mais tempo para ficar à-

toa!

Erasmo Cunha – 1951

A notícia da Proclamação da Repúbli-

ca somente chegou a Poconé, às véspe-

ras do Natal de 1889!

Enedina Nunes da Cunha – 1951

Tia Enedina contou-me que somente após 40 dias, a

notícia da Proclamação chegou a Poconé, através do carteiro

que ia uma vez por mês, a cavalo, a Cuiabá, buscar

correspondências.

O primeiro a ser comunicado foi João Nunes da

Cunha (Califórnia), republicano histórico. Este abriu a loja e

espocou fogos pela madrugada acordando toda Poconé

assustada.

Líder Republicano foi eleito para o cargo de

Deputado Constituinte em 1891.

Por esse fato deduzimos o que era a velocidade da

comunicação.

A fome, a miséria, as guerras, a submissão de povos

são milenares, o que não acontecia era a divulgação.

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Aquele cidadão cria filhotes de casca-

vel no bolso!

Erasmo Cunha – 1952

Referia-se à pessoa sovina que não enfiava a mão no

bolso para ajudar a pagar despesas, ratear contas, etc.

Não sou “cueio” para comer “foia”!

Cuiabano – 1952

O hábito de comer vegetais folhosos/verduras não

era comum em Cuiabá; em especial nos extratos mais

modestos da população.

A Secretaria de Agricultura, a partir de uma Estação

Experimental, em Várzea Grande, iniciou campanha de

distribuição de verduras e sementes.

Pessoas de hábitos alimentares arraigados, nos quais

não se incluíam hortaliças, apresentaram resistência.

A paciência é a mãe de todas as virtu-

des!

Colégio Salesiano São Gonçalo

Cuiabá – 1952

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F R A S E S E F A T O S

- 51 -

A ignorância é o peso maior que a ter-

ra suporta!

Colégio Salesiano São Gonçalo

Cuiabá – 1952

O Brasil somente terá solução do ponto

de vista político, se organizarmos uma

aliança “contra o roubo e contra o

crime!”

Carlos Lacerda – 1952

Deputado Federal / Jornalista Governador do Estado da Guanabara

Lacerda foi brilhante orador, jornalista e deputado

federal, pertencia aos quadros da UDN e era adversário

ferrenho do getulismo.

Participou de eventos políticos diversos, que

culminaram inclusive com o suicídio de Getúlio Vargas.

Posteriormente, insurgiu-se contra João Goulart,

herdeiro político de Getúlio, que foi deposto pelos militares,

em março de 1964.

Só faço acerto de peões e empreiteiros

com a caderneta de contas correntes na

mão e perante no mínimo duas teste-

munhas!

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F R A S E S E F A T O S

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Domingos Lima – 1952 Agrimensor – Cuiabá.

Domingos Lima era português, de meia idade,

sobrancelhas grossas.

Prático em Agrimensura, executava trabalhos de

campo para o Dr. Camilo Boni, cujo escritório detinha os

maiores contratos da época em Cuiabá.

Domingos trabalhou na demarcação de lotes em

Rondonópolis, Barra do Bugres, Mirassol do Oeste, Pontes e

Lacerda, Barra do Garças, Alta Floresta, SINOP.

Foi a década dos grandes colonizadores desbravando

Mato Grosso: Grupo Matsubara, Ariosto da Riva, Enio

Pepino, Colonizadora Rio do Sangue.

Em prosseguimento à Colônia Agrícola Federal de

Dourados, implantaram-se os loteamentos rurais e urbanos

de Angélica e Naviraí. Angélica pelos Neder (Humberto e

René) e Naviraí por Ariosto da Riva.

O Departamento de Terras e Colonizações era parte

da Secretaria de Agricultura, que tinha como titular

Bonifácio Cunha.

Assisti com entusiasmo a arrancada de Mato Grosso

no rumo do progresso.

Como dissera inicialmente, Domingos, europeu

prudente, mexia com homens rudes. Não queria encrenca

com eles. Daí o seu cuidado no acerto das contas.

Somente o amor constrói para a eter-

nidade!

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F R A S E S E F A T O S

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Congresso Eucarístico – Cuiabá – 1952

Em 1952 houve um Congresso Eucarístico

Internacional em Cuiabá. Essa cidade dedicou o Congresso

como uma homenagem a Dom Aquino Corrêa.

Desfilaram no púlpito grandes oradores: Dom Helder

Câmara, Dom Aquino Corrêa, Gustavo Corção, Tristão de

Ataíde, Ataliba Nogueira e Carlos Lacerda.

Em toda minha vida não assisti nada igual. Show de

oratória e erudição.

A frase acima era o slogan do Congresso.

Essa pessoa é apenas dotada de “cultu-

ra livresca”. Lê, mas não digere o que

leu!

Ezequiel – 1952. Filósofo Cuiabano

Ezequiel era uma figura ímpar. Vestido

modestamente, andava acompanhado de um bando de

cachorros. Morava em uma casa abandonada.

Sem nunca ter saído de Cuiabá, falava o português,

inglês, francês, latim.

Dom Aquino Corrêa, membro da Academia

Brasileira de Letras, cognominado “O Príncipe dos Poetas”,

o consultava sobre raízes de palavras portuguesas, (assunto

de Filologia).

Vi Ezequiel conversando em inglês nos saguões do

Grande Hotel em Cuiabá com a tripulação dos aviões

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F R A S E S E F A T O S

- 54 -

Hércules, da Força Aérea Americana que fazia o

levantamento aerofotogramétrico da Amazônia.

Também o assisti conversando com outros

estrangeiros nos idiomas citados.

Era dotado de hábitos extravagantes, levando-se em

consideração a sua vastíssima cultura.

Foi um autodidata.

Conhecimento de Filologia é o que existe de mais

profundo em um idioma. Vai às raízes dos vocábulos e

construção de frases.

Isto está me parecendo briga de bugio!

Ditado poconeano – 1952

Em Poconé existia grande fartura de bugios,

inclusive, as cordas das violas de coco, de tocar músicas

para se dançar o cururu e o siriri são feitas da tripa do bugio.

Estes animais quando estão brigando, defecam na

mão e jogam as fezes nos adversários.

Bonifácio, estamos convidando você e

sua família para as festas do Espírito

Santo e São Benedito, em Poconé. So-

mos os festeiros. Eu e minha esposa!

Joaquim de Pio e Esposa Janeiro – 1952

Poconé.

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F R A S E S E F A T O S

- 55 -

A esposa de Joaquim de Pio é filha de Giovanni

Nunes Rondon, nosso primo. Fui à festa representando a

família em companhia do Dr. Cid Nunes da Cunha e Inez.

A casa de Joaquim de Pio ficava na praça principal.

As festividades em Poconé cada ano tinham um

casal como festeiros.

Esses festeiros eram encarregados de organizar as

festividades, junto com a família. Levando uma bandeira,

arrecadavam prendas, durante vários meses, visitando

inclusive as propriedades rurais.

As festas eram realizadas num casarão existente na

praça. Pertencera ao nosso parente Ben Rondon.

As comemorações tinham ritmo de 24 horas – café

da manhã, almoço, lanche, jantar e ceia. Tudo na “CASA

DA FESTA”. Conjunto tocando dia e noite. Jovens, adultos

e idosos dançando.

Na quinta-feira era o “dia do leilão”. Este tinha a

finalidade de arrecadar fundos para ajudar na cobertura das

despesas. Especialmente fazendeiros e comerciantes

ofertavam muitas prendas.

Lá convivi com Giovanni Nunes Rondon, Hugo

Nunes Rondon, Joaquim de Pio e esposa, Yolete, Terezinha

e Eucaris Nunes da Cunha e muitos outros parentes

poconeanos.

Contaram-me muitas histórias a respeito da família

de meu pai. Meu Avô e Avó eram poconeanos.

Manoel Jovino, meu avô, foi Prefeito de Poconé e

mandou construir o “tanque”. Este era um açude onde

nadaram e se divertiram muitas gerações de crianças

poconeanas.

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F R A S E S E F A T O S

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Dr. Erasmo sou um cara azarado. De-

morei tanto para me casar e acabei me

casando com uma mulher sem vagina!

Fazendeiro – 1953 Cidade pantaneira.

Erasmo era fiscal da CREAI - Banco do Brasil.

Muito comunicativo, fez grandes amizades com os clientes

do Banco.

Havia um fazendeiro bem de vida, porém solteirão.

Arrumou uma noiva e casou-se. Ocorreu o fato.

Fez a dissolução do casamento.

Era uma má formação congênita.

Vamos fazer um acordo: Nenhum vizi-

nho furta gado do outro e todos vigia-

remos o procedimento de nossos em-

pregados em relação a furtos!

Wady Miguel – 1953

Frase dita a um vizinho que foi queixar-lhe que

estava tendo seu gado furtado.

Anteriormente, Wady havia constatado que vinha

costumeiramente sendo furtado por esse vizinho,

constatação feita através de existência de couros vacuns com

sua marca a fogo em um comerciante de couros em

Aquidauana.

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F R A S E S E F A T O S

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Wady passara ordem para seus empregados furtarem

gado do citado vizinho, consumir com o couro e fazer

charque da carne. Estava cansado de fazer queixas às

autoridades.

Quem nasceu para dez réis nunca che-

gará a tostão!

Enedina Nunes da Cunha – 1953

Tia Enedina relatava-nos histórias interessantes

quando a visitávamos.

Isto, além de nos servir pratos pobres em colesterol:

torresmos e banana da terra frita, farinha de mandioca e

açúcar.

Era solteira, morava com Tia Noemi.

Gente que nunca foi de morrer está

morrendo agora!

Jovino N. da Cunha – 1953

Externando sua preocupação com parentes e amigos

longevos que faleceram àquela época.

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F R A S E S E F A T O S

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O mamão que comi ontem não me fez

bem!

Jovino N. Cunha – 1953

Com 80 e vários anos, no jantar da véspera comeu

lingüiça e ovos fritos, farofa. Mamão na sobremesa.

Briga em clube de gafieira é coisa sé-

ria: Quem está fora não entra; quem

está dentro não sai!

Ditado carioca – 1954

Escutei a frase quando iniciei meu curso de medicina

no Rio de Janeiro. Usada em vários sentidos.

Lé com Lé, Cré com Cré!

Dª. Hilda Cunha da Silva – Década de 50

Aconselhando as filhas solteiras a procurarem noivos

compatíveis com o nível intelectual e financeiro em que

viviam. Nem milionários, nem pobretões.

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F R A S E S E F A T O S

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À sanha dos meus inimigos ofereço

meu sacrifício. Saio da vida para en-

trar na História!

Getúlio Vargas – agosto de 1954

Presidente, Vargas inseriu o Brasil, após 1930, na

modernidade.

São de sua autoria as leis trabalhistas e

previdenciárias; o sistema de saúde estatal, o direito do voto

secreto, o voto das mulheres, os primeiro programas sociais

implementados pela Legião Brasileira de Assistência

(suplementação alimentar e escolar), através do Programa de

Apoio ao Pequeno Jornaleiro.

Promoveu a nacionalização do subsolo brasileiro,

criou a Petrobrás, concedeu o perdão da dívida aos

pecuaristas.

Alô! Alô! Atenção! Aqui fala o Repór-

ter Esso em edição extraordinária: –

“Acaba de suicidar-se no Palácio do

Catete, o Presidente Getúlio Vargas”!

Eron Domingues – agosto/1954

Cheguei ao Rio de Janeiro para fazer o 3º científico e

preparar-me para o vestibular de medicina em janeiro de

1954. Ano conturbado politicamente.

Próximo à data do suicídio de Getúlio, as ruas do Rio

de Janeiro foram tomadas por tanques de guerra. Os

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F R A S E S E F A T O S

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acontecimentos políticos desembocaram no suicídio de

Getúlio.

Nesta época também foi sepultada a cantora Carmem

Miranda, cujo corpo foi trazido dos EEUU e velado na

Câmara dos Vereadores.

Não se guarda na cabeça tudo que po-

de estar contido em uma agenda, um

livro, um apontamento!

Fenelon Costa Júnior, Toquinho – 1956

Ensinamentos de ingleses com os quais estudou.

Dentro da concreta concepção de dis-

tribuição do bem-estar, do patrimônio,

das oportunidades, os Estados Unidos

serão a primeira nação efetivamente

comunista do mundo!

Fenelon Costa Júnior, Toquinho – 1956.

O mundo nos próximos 50 (cinqüenta)

anos será dividido ao meio: metade sob

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F R A S E S E F A T O S

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influência americana: a outra metade

sob influência russa!

Fenelon Costa Júnior, Toquinho – 1956

Doutor, vim aqui para tirar uma dúvi-

da. Falaram que minha filha não é

mais moça. Uma vizinha fuxiqueira!

Mãe de adolescente – 1958

O médico que tinha o consultório em uma sala

grande com um biombo que separava a sala de espera

mandou a mãe e a adolescente entrarem.

Após examiná-la disse à mãe (o que foi escutado na

sala de espera): “Minha senhora, virgem ela é, mas rastros

de “pinto” estão em todos os lados”.

Tenho uma inveja louca de quem “faz

luxo” para comer, trajar-se e se preo-

cupa com o penteado até para ir à fei-

ra!

Rosinha Peres Chaves –1958 Rio de Janeiro.

Dona Rosinha, esposa do Prof. Dagmar Chaves,

nosso professor de ortopedia na faculdade e mãe do nosso

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F R A S E S E F A T O S

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colega Fernando era uma linda mulher, filha de espanhóis,

riquíssima.

Seus pais deixaram-lhe mais de cem imóveis no Rio

de Janeiro.

Viajava muito ao exterior, porém era de uma

simplicidade a toda prova.

Se for macio corte com bisturi; se for

medianamente denso corte com tesou-

ra delicada, se for muito denso corte

com tesoura forte; se for mediamente

compacto use formão ou saca-bocados;

se muito compacto use o arco com ser-

ra!

Professor de Técnica Cirúrgica – 1958 Rio de Janeiro

O dinheiro é o “anti-astênico univer-

sal”. Realiza todas as aspirações!

Antonio Gutman – 1959

Hospital General Vargas

Astenia é termo médico que significa falta de

vontade, preguiça, indolência, ausência de determinação,

moleza, vagareza.

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F R A S E S E F A T O S

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Esta mulher “ferra” mais que enxame

de abelha africana!

Marido Queixoso

Expressão usada para classificar mulher que solicita

muito dinheiro.

Amor de mato-grossense do Sul é igual

laranja de casca fina e lisa de Bela Vis-

ta!

Folclore regional.

Constatei na década de 50. A laranja de casca fina e

lisa, que havia em Bela Vista, após amadurecer no pé, em

vez de secar, reverdece e torna criar caldo, tornando-se

novamente palatável.

Talvez com o advento dos laranjais de enxerto, mais

precoces, tenha se extinguido.

“Marmelada” é todo bom negócio no

qual não conseguimos participar!

Ditado popular carioca

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F R A S E S E F A T O S

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Se eu conseguisse lhe comprar pelo que

você vale (patrimônio, capacidade inte-

lectual, pretensa retidão de caráter) e

lhe vendesse pelo que você acha que

vale faria um negócio milionário!

Ditado Poconeano.

Cesteiro que faz um cesto é capaz de

fazer um cento!

Ditado Poconeano.

Referindo - se à safadeza, deslealdade, trairagem.

Jaboti em cima de galho de árvore caí-

da ou cabeça de moirão no Pantanal ou

é “enchente” ou é “mão de gente”!

Ditado poconeano

Refere-se a fatos com explicação obscura, que

demandam um esclarecimento.

A situação está tão brava que jacaré

está nadando de costas!

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F R A S E S E F A T O S

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Ditado nabilequeano

Para evitar que as piranhas dilacerem a parte mole do

abdome.

Aonde vai o “sirigote” (arreio), vai a

“caçamba” (estribo).

Ditado poconeano

Dizendo da obrigação de mulher acompanhar

marido.

Se a parelha (junta) de bois de carros

soubesse a força que tem, não aceitaria

maus tratos e gritos do carreiro!

Ditado pantaneiro

Os bois são acicatados por ferrão (picana) e

conduzidos com gritos.

Chega lenha na fornalha: ou apura o

melado ou derrete o fundo do tacho!

Ditado poconeano

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F R A S E S E F A T O S

- 66 -

Exigindo mais determinação, empenho,

investimentos.

Udenista para mim não tem defeito!

Fernando Corrêa da Costa. Década de 50.

Recriminando em reunião realizada, no então sul de

Mato Grosso, companheiros que achavam mais defeitos que

qualidades nos correligionários. Estava compondo seu

governo.

Professor Mota Maia. O senhor perdeu

o seu tempo e levantando a calça mos-

trou-lhe a canela, protegida por espes-

sa caneleira!

Dr.Summer – 1959. Hospital Miguel Couto

Manoel Cláudio de Mota Maia era emérito cirurgião

e professor da Faculdade. Seu pai fora médico de Dom

Pedro II.

Temperamental ao extremo. Quando se irritava com

os auxiliares durante o ato cirúrgico, costumava chutar-lhes

as canelas por baixo da mesa cirúrgica.

Dr. Summer agüentou as cacetadas e após o término

do ato cirúrgico fez a gozação. Eram grandes amigos.

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F R A S E S E F A T O S

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Os vinte dias não querem dizer nada.

O problema são as vinte noites que eu

passarei acordado pensando no cum-

primento do pagamento!

Rico proprietário de gado Década de 50

Esse pecuarista, já de idade, vendia boiadas de

1500/2000 bois de uma só tacada.

Certa feita um comprador, empregado de um

invernista paulista, se interessou por sua boiada. Foi à

fazenda e olhou o gado.

Voltou a Campo Grande para numa segunda etapa

realizar o aparte e marcações.

Procurou contato com o patrão no interior de São

Paulo.

As linhas telefônicas eram precárias e usava-se o

seletivo da EFNOB e rádio SSB.

Voltou e deu a resposta: Ficava com a boiada, mas

necessitava 20 dias de prazo.

O negócio não aconteceu.

Fui informado que o senhor é candida-

to a prefeito. Eu e minha noiva preten-

demos votar no senhor, porém, preci-

samos de uma ajuda, que nos presen-

teie com uma cama de casal e um col-

chão!

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F R A S E S E F A T O S

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Jovem casal de noivos. Década de 50.

Aquidauana.

O casal foi fazer o pedido ao Dr. Estácio Muniz,

candidato a Prefeito, por sinal vitorioso.

Dr. Muniz irritou-se, pediu que eles se retirassem e

disse-lhes: Vocês não têm condição de comprar nem a cama

que vão dormir, como é que querem se casar?

Levei quatro dias e quatro noites para

atravessar a mata do Rio Paraná, em

território paraguaio!

Mário de Barros. Década de 50.

Capataz da Vargem Grande.

Mário de Barros trabalhou 25 anos com nossa

família. Depois se aposentou e foi morar na propriedade que

adquiriu próxima à nossa.

Nascido em Corrientes, província da Argentina, lá

estudou algum tempo.

Contou-me que já naquela época (idos de 1922), o

ensino em Corrientes já era obrigatório. Criança que faltasse

a aula a polícia ia buscar o pai para explicar-se sobre a

ausência do filho.

Contou-me que adolescente veio da Argentina para o

Brasil, via Paraguai. Relatou-me que se passavam quatro

dias dentro da mata virgem praticamente sem tomar sol.

A cada 30 quilômetros (05 léguas), os carreteiros

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abriram grandes clareiras e plantaram capim. Era aonde

pernoitava o comboio de carretas e os bois pastavam.

Os Comboios atravessavam parte do território

paraguaio e entravam no Brasil no trecho entre Ponta Porã e

Amambaí, zona de ervais. Portanto, 120 km de mata

contínua à beira do Paranazão.

Caçador mente desde que começa a

contar uma história. Pescador somente

quando mostra o tamanho do peixe

que pegou!

Dr Mário Gonçalves. Década de 50

Escutei esse ensinamento e prestei atenção nele.

Arrisco-me a relatar algumas experiências somente

para dar uma idéia como os rios de Mato Grosso do Sul,

estão degradados em termos de recursos pesqueiros.

Tive oportunidade na Fazenda Vargem Grande, na

década de 50, de ver um pacu de 14 quilos, pescado no Rio

Miranda por um terena alcunhado Professor. Pescou-o a

pedido do Sr. Mário de Barros, então capataz da fazenda

Vargem Grande.

Na década de 60, nossos companheiros de pescaria

ferraram pela aba e tiraram fora do Rio Aquidauana, na

Fazenda Retirinho, uma arraia que pesou 36 quilos.

Tomei conhecimento por pessoas idôneas que em

Aquidauana, durante uma enchente, pescaram um jaú de 100

quilos, próximo à ponte Aquidauana/Anastácio.

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Por intermédio de pessoas idosas, quando muito

freqüentei Porto Murtinho na década de 80, procurei saber

sobre a veracidade de se ter pescado um jaú de 160 quilos

no Rio Paraguai.

Confirmaram-me ter conhecimento que na década de

30, um pescador por nome Paulo Machado fizera a proeza.

Hoje, pescar um pacu de 4 quilos é motivo de

satisfação para um pescador.

Filtrada e fervida serve para tomar

banho!

Década de 50

Laudo vindo dos Estados Unidos a respeito de água

do Córrego João Dias, em Aquidauana, que foi enviada para

análise pelos padres redentoristas.

Viemos até Aquidauana e, daqui, se-

guiremos para a Fazenda Tupaciretã

para conhecer os viveiros, os ninhais

existentes naquela fazenda. Lá preten-

demos realizar uma caçada de onça

pintada!

Grupo de Turistas. Década de 50.

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Tive a oportunidade de conversar com um grupo de

pessoas de São Paulo, que transitava por Aquidauana rumo a

Fazenda Tupaciretã, no Pantanal do Rio Negro.

O proprietário da Tupaciretã, Totó Rondon,

aquidauanense, pantaneiro de nascimento, foi casado com

Sofia, cantora cuja voz maravilhosa sempre enriqueceu as

solenidades sacras na Igreja Matriz de Aquidauana.

Totó e Joaquim de Arruda foram as primeiras

pessoas que conheci em minha infância e adolescência,

dotadas de sensibilidade conservacionista. O tema hoje é

moda, naquela época não era divulgado.

Além disso, foi grande empresário da pecuária e

gozou de vastíssimo círculo de amizades na cidade de São

Paulo, aonde possuía um apartamento.

Era dotado de grande amor pela fauna pantaneira em

especial as aves. Caçadas de onças concedidas a alguns

amigos não era o esporte de sua preferência. Eram

conduzidas por Deodato Barata.

Seu forte era preservar os animais silvestres e criar o

melhor gado nelore, em grande quantidade no pantanal de

Rio Negro.

Jânio Quadros, quando candidato a Presidente da

República, após comício em praça pública, pernoitou na

Fazenda Guanandi, também de Totó, que se inicia

praticamente dentro da cidade.

Comentou-se à época que Totó teria feito um pedido

e recebido uma promessa: Jânio, se eleito, viabilizaria a

criação do Parque do Pantanal do Rio Negro, utilizando

parte da Fazenda Tupaciretã (falava-se em 4000 hectares).

O período de governo de Jânio foi curto,

interrompendo-se com sua renúncia e não houve tempo para

o projeto se concretizar.

Totó foi à época o mais progressista de todos os

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fazendeiros aquidauanenses. Primeiro na criação de nelore

de qualidade em grande quantidade. Suas novilhas eram

vendidas para povoar a Amazônia Legal.

Encontrei gado com a marca de Totó em Santa

Terezinha, próximo à Ilha do Bananal, na Amazônia mato-

grossense.

Homem estudado, bacharel em Direito, visão

empresarial, Totó organizou o maior complexo pecuário da

região: cria extensiva de nelore no pantanal, inseminação

artificial na Fazenda Guanandi para preparar touros para

servirem ao criatório, comitivas para trazer o gado por terra

da Tupaciretã até Aquidauana, propriedade próxima ao

embarcadouro da EFNOB, com abundante aguada para

repouso da boiada, acomodação da tropa e alojamento para

os peões.

O gado era embarcado nas gaiolas da NOB e

desembarcado em Presidente Wenceslau, aonde possuía

fazenda de colonião (Tupaciretã Paulista), para engorda dos

bois.

Após a finalização da engorda eram abatidos em

frigorífico da região (Moura Andrade e outros).

O gado de Totó ia do útero da vaca ao gancho do

frigorífico sob seu domínio, sem intermediários.

Nesse tempo vender boi gordo era privilégio de

paulistas.

Totó quebrou esse paradigma.

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DÉCADA DE 60

Nosso colega Rubens é um “fenôme-

no”; entrou na faculdade de medicina,

dormiu e acordou médico!

Colega de turma – dez/60 Por ocasião das festas de formatura

Colega português de nascimento, sotaque carregado,

bem mais velho que a maioria dos colegas, emérito piadista.

Observou que eu tirava homéricos cochilos nas aulas

do período da tarde, quando se apagava a luz para se fazer

projeções de slides.

Dou um boi para não entrar em uma

encrenca. Uma boiada para não sair

dela!

Pantaneiro – 1960 Apreciador de litígio.

No mundo do negócio quando o con-

corrente anda a cavalo você tem que

andar de carro; quando ele anda de

carro você tem que andar de avião; se

ele conseguir comprar um avião, você

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tem que ter um mais veloz do que o de-

le!

A. M. Nunes Rondon (Filhote) – 1961

Hoje, se vivo, estaria na Internet em tempo real.

Filhote como outros, foi importante “comprador de

gado” na época que precedeu aos leilões de Tatersal e

televisivo.

Tivemos nas décadas de 30 a 80, grandes

intermediários nos negócios de gado: Fenelon Costa, no

Bolsão; tendo como condutor das boiadas seu sogro “Zeca

Pontes”.

Na Região de Aquidauana, Pantanais e “Encima da

Serra”, Antonio Trindade, Decorozo Ortiz, Aires Leiria

Pereira, Leôncio de Brito, Timóteo Proença, Marcelino

Pereira Mendes, Domingos Medeiros e Honorivaldo Alves

de Albres, entre outros.

Vários deles foram pilotos e proprietários de aviões

monomotores.

A fama positiva, a reputação de um

médico ou de outro profissional liberal,

se espalha por toda a superfície como

se fosse uma quantidade de óleo der-

ramado por sobre a água!

Pelópidas de Souza Gouvêa – 1961

Médico, clinicou por muitos anos em Três Lagoas.

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F R A S E S E F A T O S

- 76 -

Após a aposentadoria residiu no Rio de Janeiro. Por esta

ocasião eu fazia minha residência em Cirurgia na 13ª

Enfermaria da Santa Casa.

Não bebo água gelada. Somente na

temperatura natural!

Neuro Rodrigues de Almeida Década de 60.

Neuro residiu sempre em fazendas que não contavam

com eletrificação rural. Não queria depender de geladeira a

gás ou querosene.

Sempre alegou não querer “perder a rusticidade”,

pois nota que o citadino que se habitua a gelados muito

sofre no meio rural.

Vou fazer juntamente com a Zulema,

na Fazenda Belo Horizonte, uma festa

que será lembrada por várias décadas.

Será comemorativa de nossas Bodas de

Ouro, em 09/09/64.

Joaquim de Arruda – Setembro – 1963

E de fato a festa aconteceu e se tornou inesquecível

para os que dela participaram. Oito dias de festança, dia e

noite. Três conjuntos animando e se revezando no Salão.

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F R A S E S E F A T O S

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Abateram-se dezesseis novilhas gordas para

churrasco. Afora carneiro, porco, peru e galinha.

A bebida e o gelo eram trazidos de Aquidauana, pois

não havia eletrificação rural para acionar freezer.

Dançaram e se divertiram pessoas de todas as idades.

A moçada de Bonito, Guia Lopes e Jardim vinha

todas ás tardes e retornava ao amanhecer.

Fizeram-se presentes amigos de todo o Mato Grosso,

do Norte e do Sul, São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro e de

outras cidades.

Nessa ocasião tornei-me noivo de Margarida.

O senhor quer que eu solte esses leões e

tigres aqui na estrada, para desatolar o

caminhão? Mas o senhor terá que aju-

dar a prendê-los de volta.

Dono de um comboio de circo. Abril / 1963.

Serra de Piraputangas. Aquidauana/MS.

Formei-me em 1960. Em abril de 1963, após

concluir residência no Rio de Janeiro, empreendi viagem

para trabalhar em Aquidauana.

Saímos do Rio em um Jeep Willis lá adquirido, a

01:00 hora da manhã chegando em Porto XV, às margens do

Paranazão às 09:00 horas da noite.

Aguardamos até às 02:00 horas da madrugada do dia

seguinte para efetuar a travessia de balsa. Seguimos viagem

para Campo Grande lá chegando ao meio dia.

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F R A S E S E F A T O S

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Após visitar parentes, às 18:00 horas, seguimos para

Aquidauana pela antiga estrada de terra que passa por

Palmeiras, Piraputangas e Camisão.

Chegamos a um trecho de estrada muito estreito,

beirando a morraria, entre Palmeiras e Piraputangas, pela

madrugada. Chovia muito.

Encontramos um comboio de caminhões de circo,

alguns atolados, com carregamento de feras, trancando a

estrada.

Um cidadão irritado pela espera, falou com o dono

do circo.

Levou a resposta enunciada na frase.

Duas coisas são perigosas para o “ma-

tuto”: cavalo lerdo e mulher ligeira!

Folclore de Mato Grosso do Sul – 1963

Este cidadão é mais manso e caborteiro

que égua de charreteiro!

Folclore de Mato Grosso do Sul – 1963

Caneta é Parker; relógio é Omega, re-

volver é Smith Wesson, avião é Skyla-

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ne; cavalo é Quarto de Milha, mulher é

Paraguaia!

Folclore de Mato Grosso do Sul – 1963

Mutuca é que tira boi bravo do mato!

Ditado sul-mato-grossense – 1963

Refere-se a constrangimentos legais, pressão

política, para fazer uma pessoa se explicar em relação às

suas obrigações.

O filho quando está mamando na mãe,

não quer dizer nada. Duro é quando

passa a mamar no pai!

Ovídio Costa – 1964

Demanda por viagem, apartamento, ajuda para casar.

Quem detém a informação, detém o

poder!

Golbery do Couto e Silva – 1965

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F R A S E S E F A T O S

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Aqui está o dinheiro da 1ª prestação –

as mesmas notas. Queria apenas ver o

seu senso de responsabilidade. É um

presente meu!

Joaquim Arruda – 1965

Quando estava por terminar minha residência em

cirurgia no Rio de Janeiro, pedi ao tio e padrinho,

dinheiro emprestado para comprar instrumentais

cirúrgicos.

Emprestou-me o correspondente a 200 vacas.

Assinei duas promissórias.

Ao cabo de algum tempo de trabalho levei à Rua

José Antonio, em sua residência, em espécie, o valor

correspondente a 1ª promissória. Recebeu-o, abriu o

cofre e guardou o dinheiro.

Um ano após tive o correspondente para quitar a

2ª promissória.

Não recebeu.

Abriu o cofre e devolveu-me o mesmo dinheiro

que havia anteriormente lhe passado e as duas

promissórias.

Tempo de muita fartura / esbanjamen-

to. Véspera de tempo de necessida-

de/crise!

Joaquim de Arruda – 1965

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F R A S E S E F A T O S

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Água dá. Água leva!

Joaquim de Arruda – 1965

Relatando sua experiência de criança e adolescente

no pantanal de Poconé.

A água em boa dosagem reaviva as pastagens,

progredindo o rebanho. Em excesso nas enchentes causava

grande prejuízo.

Relatou-me que assistiu vacas leiteiras mansas

morrendo à mingua nas enchentes sem nada poder fazer.

Não era entusiasta do criatório em pantanal baixo

sem refúgio contíguo.

Pula daí menino. Pula daí menino. Seu

pai está lhe ordenando!

Árabe residente em Mato grosso do Sul – 1965

E o menino pulou do muro alto e fraturou o

antebraço. O pai levou-o ao hospital.

Quando choramingava na maca da sala de curativos,

disse-lhe: “Isto é para você aprender a não fazer tudo o que

os outros mandam”.

O negócio somente é bom quando ajus-

ta o interesse de ambas as partes. Sai

rápido e todos ficam satisfeitos!

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Joaquim de Arruda – 1965

Com mil vacas criadeiras, aclimatadas,

bem conduzidas, eu me considero rico!

Joaquim de Arruda – 1965

Joaquim e Zulema não tinham filhos biológicos.

Suas despesas eram restritas e controladas.

Quando lhe falei sobre a intenção de além da

medicina, exercitar a pecuária, passou-me a orientação

acima.

Doutor, estou com uma dor muito

grande. Acho que é hemorróida!

Cozinheiro de comitiva – 1965

Coloquei o paciente na cama de exames. Era de meia

idade e magro. Notei algo estranho no abdome. Apalpei-o.

Pareceu-me o gargalo de uma garrafa, próxima à boca do

estomago.

Fiz um toque retal e constatei a presença de uma

garrafa, tamanho médio, na ampola retal e alça descendente.

Levei o paciente ao hospital para operação.

Abri o abdome e com o relaxamento do esfíncter

anal consegui retirar a garrafa. Era uma garrafa de guaraná.

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A boa parceria só se obtém com pesso-

as “que não ciscam para fora, moda

galinha”!

Ditado pernambucano Anastácio – 1965

A única preocupação que o senhor não

precisa ter em Mato Grosso (uno) é

com a falta de sol!

Clarindo Costa – 1966. Fazenda Santo Antônio – Bonito.

Frase dita ao seu empregador, Dr.Garcia, que se

achava preocupado com a germinação das sementes em

virtude de tempo nublado por vários dias.

Venderam a maior parte para comprar

condução!

Maria Pereira de Camargo - fevereiro de 1966 Cassilândia

Resposta à pergunta sobre o que havia sido feito do

gado dos Camargo, em fazendas, na região do Chapadão,

Vales do Indaiá e do Aporé.

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Os senhores pretendem criar formigas

ou cupins na Fazenda do Chapadão?

Bombista – Cassilândia. Setembro de 1966

Estive na Fazenda Estiva, no Chapadão, então

Município de Cassilândia, em fevereiro de 1966, quando se

realizou o recadastramento de imóveis rurais. Estava

acompanhado dos irmãos Estevão e Antônio, e do motorista

Demétrio Morales, que veio a se tornar nosso primeiro

capataz.

Abrimos na ocasião em uma parte de campo limpo,

defronte aonde seria a futura sede, um campo de pouso.

No mesmo ano, em setembro, lá retornamos, de

avião, passando por Cassilândia, na época, pequenina cidade

para reabastecimento da aeronave.

O bombista, que abastecia os aviões tirando a

gasolina de tambores, curioso, perguntou qual seria nosso

destino. Dissemo-lhe que estávamos indo para o Chapadão

onde iniciávamos a abertura de uma fazenda.

Fez-nos a pergunta referida.

Em sua ingenuidade e falta de conhecimento

tecnológico, não poderia antever o que viria a ser o hoje

Chapadão do Sul, com mecanização e correção de seus

solos. Além da planura, altitude, solos argilosos, tem o

melhor micro clima de Mato Grosso do Sul para a

agricultura.

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Esta mulher pega mais no pé do que

micose de unha do dedão!

Expressão do meio médico – 1966

Se eu gostasse de choro ao invés de va-

cas eu criaria somente gatos.

GIGO – 1967. Fazendeiro do Nabileque

Trabalho de gado. Sol inclemente. Peões

reclamando.

A grande aspiração de um peão panta-

neiro é nascer ignorante, viver desin-

formado e morrer de susto!

Filosofia de Nhecolândia – 1967

Duas coisas deixam um homem pobre:

querer consertar uma terra ruim e

apaixonar-se por uma mulher boa de

cama!

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Políbio Garcia – 1967

Água de morro abaixo, fogo de morro

acima e mulher que quer trair, nin-

guém segura!

Políbio Justino Garcia – 1968

Casal estável, considerado financeira-

mente próspero, quando a mulher ino-

pinadamente pede separação pode es-

crever: “O marido está „quebrado‟ e

ela está a fim de salvar o seu direito de

meiação”.

Políbio Justino Garcia – 1968

Lugar de paciente grave ir a óbito é em

São Paulo!

Dr. Estácio Muniz – Década de 60

Fazia questão de sugerir às famílias o

encaminhamento de pacientes graves a São Paulo (costume

da época).

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F R A S E S E F A T O S

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Do paciente a única coisa que nos res-

ta, como regra geral, é o pagamento

pelo serviço prestado!

Dr. Estácio Muniz – Década de 60

Não esperar gratidão, reconhecimento, elogios, etc.

Críticas são mais comuns.

Quando estiver voando cuide-se da

chuva escura. A branca não oferece

perigo!

A.M. Nunes Rondon (Filhote) – 1968

Por ocasião em que eu havia tirado a minha carteira

de piloto privado.

Cirurgião “ruim de mão” (sem destre-

za) é capaz de dar nó no próprio dedo

durante um ato cirúrgico!

Prof. Augusto Paulino - Década de 60. 13ª Enfermaria – Santa casa – RJ

Nesta 13ª Enfermaria fiz a residência em cirurgia

geral.

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Lugar de cachorro e de criança à noite

é em casa e não em festa de adulto!

Médico em Aquidauana – Década de 60

Esse amigo, muito sociável, freqüentava festas e

gostava de jantar em restaurantes. Não apreciava

“entreveros” de crianças perturbando.

Seus filhos, muito disciplinados, não iam às festas /

jantares de adultos.

Carreguei, em sistema de revezamento,

o Capitão Luiz Carlos Prestes, em mi-

nhas costas, acometido de febre, pelos

sertões do Brasil!

Pedro Furtado de Mendonça –1968 “Chapéu Mole” – Fazenda Estiva.

“Chapéu Mole”, cearense, egresso da Coluna

Prestes, se refugiou na Bolívia e posteriormente foi

funcionário da Prefeitura de Aquidauana.

Trabalhou na implantação do serviço de água,

inaugurado em 1939, na gestão do Dr. Bonifácio Cunha.

Anteriormente foi marinheiro, encarregado de

manutenção de máquinas.

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A cana de açúcar será a redenção do

Brasil!

Pedro Furtado de Mendonça –1968 “Chapéu Mole” – Fazenda Estiva.

Explicou-me que pelas suas andanças tinha

constatado que a cana de açúcar se dava bem em todos os

estados brasileiros, do norte ao sul, de leste a oeste, com

maior ou menor vantagem.

Era conhecedor do valor do açúcar e dos demais

derivados.

Como marinheiro havia conhecido a Europa e viu os

sacrifícios de se produzir o açúcar nos climas nórdicos, a

partir da beterraba.

O álcool combustível àquele tempo ainda não havia

despontado como commoditie.

Em nossas conversas noturnas, nas horas de

descanso, na Fazenda Estiva, aonde implantava

encanamento, fossas, poços mortos, contou-me histórias

interessantes.

Conhece-se a idade de um bovino, pelo

enrugamento da pele, pela pelagem

que se descaracteriza, mas, sobretudo,

pelos anéis de envelhecimento nos chi-

fres. Mas se a rês for mocha (sem chi-

fres)?

Políbio Justino Garcia – 1968

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Políbio ensinou-me e eu verifiquei ser verdadeira sua

afirmativa. O mesmo anel de envelhecimento se repete nos

cascos dianteiros e traseiros.

Este camarada tem mais voltas e en-

rosco que o Rio Miranda!

Ditado regional – Década de 60

Diz-se da pessoa complicada, cheia de subterfúgios

para tratar de casos.

O Rio Miranda é de uma sinuosidade

impressionante. Nasce no alto da serra na região de Antonio

João, desce sinuosamente até se encontrar com o

Aquidauana em pleno Pantanal do Abobral.

Corre por terras férteis com vegetação densa. Os

galhos de árvores caem para dentro da água e se acomodam

no fundo. Os anzóis engancham constantemente nesses

galhos, o que muito aborrece os pescadores.

Tudo bem patron. Tudo bem patron!

Aguillera – Década de 60. Capataz de Timóteo Proença.

Fazenda Retirinho.

Timóteo era proprietário da Fazenda Retirinho, no

Pantanal, à beira do Rio Aquidauana. Hospitaleiro, recebia-

nos para pescar: Rubens, Rudel, Renato Anderson, Caubi

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Moretini, Pedro Medeiros, Odorico de Arruda e o Mestre

João Correa.

Comprou certa feita um touro reprodutor nelore de

alta linhagem e o levou para o Retirinho. Lá foi acomodado

em uma cocheira e recebia arraçoamento.

Falava diariamente pelo rádio SSB com o capataz,

mestiço de paraguaio. O capataz não gostava de dar notícias

ruins.

Certa manhã Timóteo perguntou-lhe: Tudo bem por

aí? Respondeu: Tudo bem patron, tudo bem patron.

Só que bicho do chão (cobra) picou seu touro e ele

morreu.

Pau que nasce torto, até o desenho da

cinza deixado na terra, após as quei-

madas, é torto!

Ditado caboclo – década de 60.

Refere-se à má índole de que são dotadas algumas

pessoas desde a adolescência.

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F R A S E S E F A T O S

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DÉCADA DE 70

Se o senhor engolir uma “alabanca”

ela derrete no seu estômago!

Velho Nenê – curandeiro. Fazenda Estiva – 1970

Nenê era metido a entender das coisas e ministrar

tratamentos.

Questionei-o qual a mistura ele achava mais

venenosa. Respondeu: carne de porco, manga, jacuba (leite,

farinha, rapadura) misturados com tereré são fatais.

Ingeri todos esses alimentos no almoço, um tereré

por cima e fui sestear.

Quando acordei, perguntei-lhe: E daí, senhor Nenê?

Estou ótimo.

Ao comprar milho ou feijão, ninguém

pede ao vendedor que o “caruncho”

venha junto!

José Florido – 1970 Chapadão do Sul

E ele muitas vezes vem. O mesmo acontece nos

relacionamentos amorosos. As pessoas se unem e de repente

aparecem os parentes pouco desejados.

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Do fruto que você gosta eu como até as

sementes!

Aniz Salamene – 1972 Assessor de Deputado.

Frase dita a uma pessoa que na Assembléia pedia um

obséquio difícil de ser atendido.

Você está convidado para fazer o nosso

curso de curta duração em Estudos So-

ciais!

Doris Trindade Diretora do CPA – Aquidauana

Década de 70

Após clinicar alguns anos em Aquidauana e “puxar”

112 dias de cadeia como preso político em 1964, por conta

do Movimento Militarista, fui convidado por Doris para

cursar Estudos Sociais.

Já tinha razoável conhecimento na área, porém, acedi

ao convite.

Lá tive aulas e travei amizade além de Doris, com

professores vindos de São Paulo: Arnaldo e Vilma Begossi,

Joana, Dorothéa e outros.

Grupo de Professores iniciou naquela fase trabalho

sobre o tema “Organização Econômica de Mato Grosso”,

com ênfase em Sistematização Fundiária de Aquidauana /

Anastácio. Este trabalho não teve finalização.

Teve a colaboração no tocante às informações, entre

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outros, de Bonifácio Cunha, advogado com vasto

conhecimento na área.

Aquidauana possuía inicialmente imensas áreas de

terras devolutas. Duas grandes áreas foram legalizadas no

Pantanal.

A Fazenda Rio Negro, pelos Rondon, Ciríaco entre

outros, e a Fazenda Taboco, por Jeje Ribeiro, com

colaboração de seu filho José Alves Ribeiro, o tradicional

chefe político, Cel. Zelito. Este era genro de Pedro

Celestino, que foi Governador e também Senador pelo

Estado de Mato Grosso.

Uma terceira grande área foi legalizada pela família

Mascarenhas, Cecílio entre outros. Esta seria a maior de

todas. Hoje pertencente a Anastácio.

As propriedades foram sofrendo seccionamento e

hoje na mesma área existem centenas de propriedades,

senão milhares.

As fontes de pesquisa documental foram indicadas

por Bonifácio ao Grupo de Trabalho: Cartórios de

Aquidauana, Miranda, Nioaque, Delegacia de Terras de

Cuiabá, etc.

Houve época, anterior a Lei do Registro Público, em

que as terras eram registradas nas Prefeituras e nas

Paróquias.

O cafezal virou carvão!

Amigo corretor – 1975

O sul de Mato Grosso entrou na onda do café.

Grande corrida atrás de terras com 600 ou mais

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metros de altitude.

O sonho durou pouco. Ocorreu uma “geada negra”

em 1975, vento gelado vindo dos Andes que aniquilou os

cafezais.

Nova geada em 1978 foi a pá de cal. São Gabriel do

Oeste e Serra de Bodoquena eram os pólos principais.

Este sujeito tem espírito de “andorinha

poca”!

Loretto Lima – Estiva – 1976

Trata-se de uma variedade de pássaro que não faz

casa e nem ninho, usando os de outros pássaros, Bota ovos

nos ninhos alheios, misturando-os aos aí existentes para a

outra ave chocá-los. Verdadeiro sanguessuga.

Doutor: o meu, o senhor “separa na

panelinha!”.

Loretto Lima – 1976

Loretto era glutão, preocupadíssimo com comida.

Quando saía em uma missão que possivelmente

ultrapassaria o horário da refeição ficava preocupado com o

fato de os outros peões comerem toda a comida e ele ficar

na volta de fora.

A expressão se vulgarizou em nosso meio e é usada

em sentidos diversos: não esquecer do nosso pagamento,

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nosso vale mensal, nossa participação (comissão) em

negócios realizados com nosso concurso/colaboração.

Manga acaba. Serviço não acaba!

Empreiteiro Indígena – Dez. 1976

Questionado em dezembro de 1976, por que motivo

não poderia trabalhar, em caráter excepcional no sábado, na

Vargem Grande, disse que não podia, pois os companheiros

tinham que chupar manga.

Dinheiro de “comprar fiado” não ter-

mina nunca!

Filosofia de gaúcho lavourista –1978 Chapadão do Sul

Gaúcho lavourista é como papel higiê-

nico: ou está no rolo ou está na merda!

Filosofia de gaúcho lavourista –1978 Chapadão do Sul

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Gaúcho lavourista é homem de pala-

vra: diz que não paga uma conta ao

Banco do Brasil e não paga mesmo!

Filosofia de gaúcho lavourista –1978 Chapadão do Sul

Mercadoria ruim (arroz) dá prejuízo

para quem plantou, quem comerciali-

za, quem transporta e até para quem

come!

José Florido –1978 Chapadão do Sul.

Quando a situação está difícil, o “cabo-

clo” tem que trabalhar com o corpo in-

teiro: cérebro, coração e músculos!

José Florido –1978 Chapadão do Sul.

É companheiro, as coisas nunca estão

tão ruins que não possam piorar!

Hércules Maymone – 1979

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Maymone, “consolando” companheiro político

choroso, que se queixava da falta de apoio nos escalões

superiores da administração estadual.

Não adquira nada na Bolívia. Se não

você vai ter aborrecimentos!

Experiente corumbaense – 1979

Estava na moda comprar terras na Bolívia.

Explicou-me que a revolução liderada por Paz

Estensoro havia expropriado as terras mesmo de bolivianos,

deixando apenas uma pequena fração do imóvel

desapropriado para o ex-proprietário residir.

Leve esta mensagem ao Rosalino!

Vivien Paes de Proença. Década de 70

Fazenda Estiva – Chapadão do Sul

Vivien abriu uma morada a 08 quilômetros da sede,

na Fazenda Estiva e lá morou solitário tendo apenas um

cachorro por companhia.

Ensinou-o a carregar mensagens escritas dentro de

um vidro de penicilina que era amarrado à coleira.

As mensagens eram remetidas ao filho Rosalino que

morava na sede e administrava a fazenda.

Exemplo de criatividade.

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Doutor Rubens: estou me transferindo

para o Nortão. Lá a gente ou traz o ou-

ro ou deixa o couro!

Piloto aquidauanense – Década de 70

Tirei carteira de piloto privado no Aéreo Clube de

Aquidauana, em 1968.

Lá fiz muitas amizades, além disso, era médico

credenciado pelo Ministério da Aeronáutica, o que nos

aproximava.

Quando aparece alguma coisa boa pa-

ra Miranda, até o Papa se posiciona

contra!

Neuro Rodrigues de Almeida Década de 70 – Aquidauana

Miranda teve fases de sucesso e de estagnação.

Foi cogitada a implantação de uma destilaria de

álcool na Fazenda Bodoquena. Iniciaram-se os viveiros de

mudas.

Irrompeu um movimento ambientalista contra.

Houve passeatas em Campo Grande comandadas por

deputados estaduais, que votaram lei proibindo a

implantação de destilaria.

O Papa fez pronunciamento endossando a opinião

dos ambientalistas.

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Quando os ponteiros dos relógios se

encontram em meio à jornada solar,

em nossa Terra, num amplexo signifi-

cativo, apresentamos:

“Notas ao Meio-Dia”; Informando e

comentando casos e coisas, sob a res-

ponsabilidade do Jornalista “Cento e

Vinte”.

Antonio Garcia Década de 70

Aquidauana

Garcia era, além de jornalista, proprietário á época

da Rádio Independente. Chamava-a carinhosamente de

“Rádio Martelinho”.

“Cento e vinte” era o seu número de registro como

Jornalista.

Sinai Trindade, locutor e jornalista, fazia o jornal

falado da co-irmã Rádio Difusora.

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DÉCADA DE 80

A agricultura e a pecuária não são es-

sencialmente atividades econômicas.

Representam um estilo de vida!

Antônio Delfim Neto – 1980

Em Mato Grosso do Sul planta-se bra-

quiária todos os meses do ano com êxi-

to, usando-se boa semente!

A. M. Nunes Rondon – 1980

Fulano não é companheiro confiável;

não priva da intimidade com a verda-

de!

Pinheiro Tolentino – 1980

O forte daquele cidadão é não pagar as

contas devidas!

Pinheiro Tolentino – 1980

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F R A S E S E F A T O S

- 102 -

Negociar com aquela pessoa é compli-

cado. Não priva da intimidade com a

inteligência!

Pinheiro Tolentino – 1980

Senhor Governador: Ajoelhe-se, colo-

que seus ouvidos junto à terra e escute

os clamores do povo de seu Estado!

Petrônio Portela – Brasília – 1980

Conselho dado a Marcelo Miranda, quando de sua

posse em Brasília como Governador nomeado de Mato

Grosso do Sul.

Foram anos de turbulência política no Estado recém

criado: Harry Amorim Costa, o governador foi substituído

por Marcelo Miranda e este por Pedro Pedrossian, em curto

período de dois anos.

Paulão, você está desafiado para travar

uma disputa gastronômica comigo!

Peão, ajudante de caminhão – 1983. Vargem Grande.

Paulão era famoso por sua capacidade gastronômica

e a fama corria.

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F R A S E S E F A T O S

- 103 -

Certa feita recebeu um desafio de outro jovem para

fazer uma disputa gastronômica.

Foi marcado o dia. Dª. Maria do Carmo fez comida

para valer.

Sentaram-se à mesa e lá pelo 6º prato fundo cheio de

arroz, feijão, carne e mandioca, o desafiante pediu arrego.

Paulão não se deu por vencido. “Vou ainda para a

sobremesa”.

Havia um cacho de bananas-macã, maduras,

pendurado na varanda.

Pediu o cacho a Dª. Maria e passou a comer todas as

bananas nele existentes.

Tiro leite das duas às quatro horas da

madrugada!

Lídio Bermuda – 1984 Nabileque.

Os mosquitos atacam de maneira intensa no clarear

do dia e na boca da noite.

Lídio experiente pantaneiro, acordava-se às 02:00

horas e ordenhava as vacas, soltando-as para o pasto

acompanhadas dos bezerros.

Era uma maneira de evitar “confronto” com os

mosquitos.

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F R A S E S E F A T O S

- 104 -

Vamos usar com eles o que se utiliza

para fazer viajar “marrucos” em gaio-

la de caminhão boiadeiro!

Sebastião Carneiro – 1984

“Marrucos” são briguentos e injuriados por natureza.

Touros velhos que necessitam ser substituídos. Estranham-

se por todo o tempo.

A estratégia consiste em deixá-los por 24 horas, ou

mais, presos juntos em um mangueiro reforçado para

brigarem a vontade, cansarem e ficarem exaustos.

Após isso são embarcados. Viajam calmos, não

brigam e não quebram a gaiola do caminhão.

Sebastião se referia a maneira de administrar

desavenças entre peões.

O pantaneiro que disser que se acos-

tumou com mosquitos é o maior menti-

roso. Tolero esses “infelizes” por ne-

cessidade!

Lídio Bermuda –1984 Pantaneiro – Nabileque.

Para obter sombra somente planto ár-

vores que dêem frutos comestíveis!

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F R A S E S E F A T O S

- 105 -

Aparício Figueiredo –1984. Nabileque.

Boca de peão, estômago de peão, cal-

deirão do inferno. Tudo derrete!

Peão pantaneiro – 1984

A variedade da comida é secundária. O

problema é que a quantidade tem que

ser grande!

Peão pantaneiro – 1984

Número, traga-me água helada!

Oficial de Dia –1984 Guarnição de Fronteira.

Fomos visitar uma cidade de fronteira. Apresentamo-

nos às autoridades locais.

Próximo à roda de pessoas sentadas, ficava um

soldado que se designava “número”, perfilado para receber

ordens. Recebeu duas ordens.

A primeira para servir água gelada e a segunda para

servir tereré.

Enchia cada cuiada e a entregava nas mãos dos

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- 106 -

visitantes e voltava à posição de sentido.

Vamos a hacer una faxina!

Oficial de Dia –1984 Guarnição de Fronteira.

Em seguida vários “números” (soldados) se reuniram

para a faxina. Pegaram suas ferramentas e um couro vacum

seco.

O lixo reunido era colocado no couro, seguro por

quatro homens e levado para ser jogado longe.

Era o carrinho de mão.

Vamos a comer um assado de costilla

amanhana!

Dona de pensão – 1984. Cidade de Fronteira

Estava hospedado em uma pensão. Na cidade muito

pequena abateram uma vaca gorda. O costilhar (conjunto de

costelas) foi adquirido pela pensão e deixado pendurado por

02 dias, ao natural, para maturar.

A carne quando foi para o forno já estava “fuerte” ou

“aceda”, conforme a classificaram. Ao assar exalava odor

pouco agradável.

Fui a uma quitanda e adquiri ovos para misturar ao

arroz e abacaxi para sobremesa.

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F R A S E S E F A T O S

- 107 -

Agradeci o “assado” mui gentilmente.

Faz treze dias que eu estou aguardan-

do a condução!

Pedrão – Nabileque – 1984. Capataz da Fazenda Rancho Alegre

Estávamos às voltas com enchente no Nabileque e

tirando o gado da Fazenda Tupaciara.

A travessia era feita a nado no Rio Nabileque, na

Fazenda Singular e chegava-se na Fazenda Capivara, na

barra do Niutaca com o Nabileque.

Fui levar mantimentos e dinheiro para a comitiva

que naquele dia deveria pousar na Capivara.

Lá chegando, logo em seguida, fui abordado por

“Pedrão”, que estava aguardando condução para Bonito.

Perguntei-lhe: E ai Pedrão, há quanto tempo você

aguarda condução por aqui?

Deu-me a resposta acima.

Paciência de Pantaneiro!

Não existe o bom sem defeito!

Lídio Bermuda –1984 Nabileque.

Referia-se aos peões capazes acima da média.

Alguns defeitos teriam. Ou viciados em cidade, ou em

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- 108 -

álcool ou alguma outra coisa.

Quando chego para trabalhar em uma

fazenda visito a cozinha. Se as panelas

são pequenas fico desconfiado. Se ser-

virem chá pela manhã e sopa à noite,

peço as contas!

(Peão pantaneiro – 1984).

Os peões pantaneiros são habituados a comer carne

três vezes ao dia; no “quebra torto” pela manhã, no almoço e

no jantar.

Aqui em Brasília não se “adjetiva” e

nem se “fulaniza”!

Um tecnocrata – Brasília – 1986

Cheguei a Brasília, no início de 1985, para exercer a

função de Assessor Especial do Superintendente da

SUDECO, Senador Mendes Canale, Governo José Sarney.

Inicialmente como “estranho no ninho”, sofremos

restrições por parte do corpo técnico. Porém, logo nos

enturmamos.

Um servidor veterano explicou-me as coisas: O

costume em Brasília é não usar adjetivos: burro, desonesto,

incompetente, etc., e sim, afirmativas menos agressivas

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- 109 -

como não afeito à inteligência, honestidade, competência,

etc.

Também não se diz como na antiga gíria, o nome do

santo. Usa-se a expressão: “uma determinada pessoa”.

Explicou-me também que o “tecnocrata” era o

servidor unicamente dotado de conhecimentos inerentes à

burocracia e que o policrata era a pessoa com

conhecimentos técnicos, porém dotado de sensibilidade e

“know how” político; o nosso caso.

A essência de mineiridade está em sa-

ber distinguir o significado de “dar li-

berdade” e de “dar intimidade!”.

Engenheiro mineiro – 1986

Dar liberdade é uma coisa mais superficial. Dar

intimidade, conceder intimidade é uma coisa muito

profunda, pouco usual. Segundo o Engenheiro.

Para se obter uma vitória, conseguir

um objetivo há que se ter uma mente

privilegiada (planejamento); um cora-

ção que pulse forte a favor da idéia e,

sobretudo, duas pernas fortes e muscu-

losas, para correr atrás!

Cel. Bombeiro Cardoso – 1987

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- 110 -

Ensinamento que lhe foi passado em colégio de

padres em que estudou.

Abraçar não é oportuno; porém apal-

par não é proibido!

Mendes Canale – 1987. Superintendente da SUDECO.

Proferiu a frase quando conversávamos sobre

sondagem em determinada área política, ou pedido de apoio

para aprovação no Congresso, de legislação de interesse do

Centro-Oeste e da SUDECO.

Para mim bebida alcoólica cara ou ba-

rata é a mesma coisa. O bom de todas

é a “Zonzeira”!

Luís Fagundes – 1988.

Não via diferença entre cerveja, uísque, aguardente.

Olhei para longe. Vi as pastagens. Vi a

morraria. Vi as matas; não me agradei

da paisagem!

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Peão de serraria –1988 Fazenda Vargem Grande

Estávamos precisando de funcionários na serraria da

Fazenda Vargem Grande. Com muito custo arrumei um na

cidade e o trouxe para a fazenda, à tarde.

No outro dia informou que queria ir embora.

Questionei-o sobre o motivo, justificou-se.

Usted desrepeto el pavilhon nacional!

Oficial de Dia –1988 Cidade de fronteira.

Acompanhei um amigo que pretendia fazer compra

de gado em determinada cidade. Apresentamos-nos às

autoridades locais. No dia seguinte o companheiro viajou

para o interior.

Eu fiquei no hotel e resolvi dar um passeio na

avenida que margeava o Rio Paraguai. Trajei-me de short,

camiseta, chinelo e boné.

Fui surpreendido por um soldado que atravessou

uma larga avenida e deu-me ordem para acompanhá-lo a um

quartel que ficava do outro lado de larga avenida (mais de

100 metros).

Lá chegando fui levado ao Oficial de Dia que me fez

severo sermão.

Disse-me que eu tinha passado enfrente ao pavilhão

Nacional sem tirar o boné. A punição seriam dois dias de

detenção fazendo faxina no quartel.

Depois de solene pedido de desculpas, liberou-me.

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F R A S E S E F A T O S

- 112 -

Deus concedeu-me o privilégio de ver o

“espetáculo das águas”!

Joaquim Francisco – 1988. Ex-Governador de Pernambuco

Joaquim Francisco veio ao Estado em missão

política. Estávamos vivendo a maior enchente do pantanal,

desde que se iniciaram as medições em Ladário, em 1901.

Houve grandes enchentes em 1905, 1913, 1959,

1979, 1980 e, posteriormente, as de 1988 e 1995.

Sofrido com as secas do nordeste disse, em discurso,

que os mato-grossenses tinham a benção dos céus.

Apesar de alguns transtornos que as enchentes

provocam, a natureza, o meio ambiente e a biodiversidade

agradecem de coração.

Eu voltei a morar com a mamãe!

Cliente com 60 anos, portador de “gota” – 1988

Certo cliente veio à consulta com dor e inchaço no

pé, suspeita de “gota”. Foi prescrita a medicação e a

orientação dietética.

Disse-me que quanto à alimentação haveria

dificuldade, pois estava se separando da esposa.

Voltou 60 dias depois em boa situação. Deveria

continuar a orientação alimentar.

Perguntei-lhe se estava tudo certo, se já havia

solucionado o problema de alimentação.

Deu-me a resposta acima.

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F R A S E S E F A T O S

- 113 -

O “pedrismo” não é uma corrente polí-

tica. É uma religião!

Dr. Luiz Cordella – Década de 80 Médico em Miranda.

Época em que Pedro Pedrossian, com grande número

de seguidores, havia substituído o Governador nomeado de

Mato Grosso do Sul, Marcelo Miranda

.

Se for um gato eu traço; se for uma ga-

ta eu traço também!

Jornalista – Década de 80

Tive oportunidade de conhecer uma jovem jornalista

em Campo Grande. Notei que cultivava os bonitos e jovens

namorados e que também mantinha relacionamento algo

duradouro com algumas garotas.

Disse a ela que não entendia a situação. Deu-me a

resposta bastante elucidativa.

Meus filhos são todos bonitos, sem ex-

ceção!

Nair Fenelon Cunha – Década de 80

Minha mãe, mãe coruja, não admitia discriminações

quanto aos filhos.

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F R A S E S E F A T O S

- 114 -

Este sujeito (vizinho, peão, parente) me

incomoda mais do que porco solto!

(Zézão – década de 80) Capataz do Nabileque.

O porco criado fora do chiqueiro entra na cozinha,

embaixo da cama, cava a soleira da porta, etc.

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F R A S E S E F A T O S

- 115 -

DÉCADA DE 90

Pobre somente se preocupa com comi-

da. Classe média com poupança e la-

zer; rico com sexo e viagens longas!

Antonio Rancho Grande –1990 Gerente de serraria.

Inventário funciona da seguinte ma-

neira: Os herdeiros brigam de se arre-

bentar. Tudo acertado, tudo termina-

do, confraternizam-se saboreando um

excelente churrasco!

Antonio Rancho Grande –1990 Gerente de serraria.

Nunca achei peão ruim na minha vida

de gerente. Todos eles, porém, têm que

trabalhar junto a mim. Ombro a om-

bro!

Antonio Rancho Grande –1990 Gerente de serraria.

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F R A S E S E F A T O S

- 116 -

Morar em fazenda é coisa para velho.

Se encontrar um jovem morando em

fazenda ou tem parafuso frouxo ou es-

tá foragido da Justiça!

Orestes dos Reis – 1991

Nunca se afaste de seus sonhos porque

se eles se forem, você continuará vi-

vendo, mas terá deixado de existir!

Um pensador – 1992

Comunicamos à Família Nunes da Cu-

nha que nesta Casa foi aprovada pro-

posta, já sancionada pelo senhor Go-

vernador, dando o nome de Manoel

Bonifácio Nunes da Cunha, ao Fórum

da Comarca de Aquidauana!

Assembléia Legislativa de MS. Década de 90

A Proposta foi apresentada pelo Deputado Roberto

Orro, aprovada em Plenário e sancionada pelo Governador

Wilson Barbosa Martins.

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F R A S E S E F A T O S

- 117 -

Instalou-se o Fórum no prédio anteriormente

ocupado pelo Ginásio Candido Mariano.

Novo prédio foi construído e inaugurado na

Administração José Orcirio dos Santos, levando também o

nome de Bonifácio.

Ele quer que eu venda a minha casa,

construída em terreno meu, com o di-

nheiro do meu salário. Para aceitar a

separação quer que eu venda a casa e

divida o dinheiro!

Funcionária Pública – 1994. Consulente em prantos.

Relatou-me que arrumou um namorado que foi

recolhido à sua casa.

Vendo que o relacionamento não dava certo, pediu a

ele que se mudasse e a deixasse em paz.

Da minha parte como médico, queria um atestado de

longo prazo para ficar bem longe do namorado que a

pressionava.

Aconselhei que enfrentasse o problema e, se

necessário, fosse à Justiça.

Tirar leite é bom negócio para o sitian-

te. Você vende, diariamente, a foto da

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- 118 -

vaca representada pelo leite e fica com

o bezerro e a vaca!

João Gomes da Silva –1995 Colônia Paulista – Anastácio/MS.

Doutor Rubens, na cidade não está

tendo serviço para homem que não se-

ja instruído, doutor. Existem apenas

serviços para mulheres!

Maria do Carmo Matias – 1996

Maria, funcionária de fazenda, casada com Luizão,

também funcionário, observava que os bancos, lojas,

repartições, restaurantes, quase que somente contratavam

mulheres.

Aos homens sobrava o trabalho rural.

Eu pensava que os políticos eram cor-

ruptos; cheguei à conclusão que os

verdadeiros corruptos são os eleitores!

A. Bastos – jornalista – 1996

Bastos era jornalista e criticava muito a classe

política. Inventou de ser candidato a vereador e teve uma

votação inexpressiva.

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F R A S E S E F A T O S

- 119 -

Disse-me que a maioria dos eleitores queria alguma

coisa em troca para votar nele: cesta básica, telha, tijolos,

cimento, areia para construção, consertos e pneus para

carros, dentadura, medicamento, etc.

Já tinha eu passado pela mesma experiência em

1986, quando fora candidato a Deputado Estadual sem êxito,

em parte, pela insuficiência de fundos financeiros.

A moda já era antiga.

No emaranhado dos negócios e na in-

vestigação policial, qualquer informa-

ção é válida, mesmo que aparentemen-

te destituída de fundamento!

Delegado de Polícia – 1997

Todo policial que se envolve em ilícitos

morre sabendo de onde partiu o tiro

que o vitimou!

Delegado de Polícia – 1997

Frase ouvida na Secretaria de Segurança de Mato

Grosso do Sul em minha passagem por lá: 1994 – 1998.

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- 120 -

O senhor não tem receio de confundir

esses medicamentos?

Cliente de Reumatologia – 1999

À maior parte dos clientes são prescritos

medicamentos manipulados. A farmácia galênica foi

ensinada no 3º ano da faculdade.

Nos primeiros 20 anos da profissão, usamos

praticamente medicamentos já preparados por

multinacionais com nomes fantasia.

Nos últimos 12 anos os medicamentos com fórmulas

manipuladas passaram a ser largamente usados.

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- 121 -

SÉCULO XXI

PRIMEIRA DÉCADA

Estou vivendo os melhores dias da mi-

nha vida!

Funcionária estadual – 2002

A cliente confidenciou-me que havia pedido

transferência de Campo Grande e estava atuando em cidade

a 150 KM da Capital

Deixou o marido, também professor, e quatro filhos,

inclusive adolescentes e foi curtir um novo relacionamento.

Perguntei a ela se não estava com remorso,

arrependimento.

Deu-me a resposta acima enunciada.

Falar é fácil. Duro é colocar a mão na

macaca!

Vicente Gaeta – Aquidauana – 2004

Macaca no seu falar é sinônimo de carteira, bolso,

bolsa. Diz a frase a pessoas que vêm com planos brilhantes,

porém, sem capital para subvencioná-los.

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- 122 -

Quero a presença de todos os primos

para comemorar os cem anos de ma-

mãe!

Maria do Carmo Gouvêa – dez/2004

Maria do Carmo é filha de Jolinda, irmã de nossa

mãe Nair, e Dr. Pelópidas Gouvêa, médico paraibano que

clinicou em Três Lagoas.

Tia Jô, como carinhosamente a chamávamos,

completou 100 anos em dezembro de 2004. A família,

residente em Londrina, organizou as festividades.

Foi alugada uma grande casa que serviu de

hospedagem aos parentes de fora.

Estiveram presentes os filhos de Fenelon, de Nilton,

de Nair, de Dª. Aninha, além de filhos, netos, bisnetos de

Jolinda e Pelópidas.

Missa em ação de graças, almoço com música de

câmara, amigos e parentes do Paraná, de Goiás, de São

Paulo, estiveram presentes.

Não se fizeram presentes apenas Sebastião, filho, e

os netos da Piinha.

Passarinho que anda junto e faz ami-

zade com morcego, acaba amanhecen-

do pendurado!

Empresário Sul – Mato-grossense – 2005

Refere-se ao fato que maus companheiros acabam

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- 123 -

levando a pessoa ao sacrifício.

Não aprendi a ganhar muito. Aprendi

a gastar pouco. Assim constituí meu

patrimônio!

Aloízio Gomes de Souza – médico Campos dos Goitacazes/RJ

2000 – Primeira Década.

A Segunda Guerra Mundial deixou ví-

tima em Mato Grosso!

Um Aquidauanense – 2005

João Lopes Assunção, voluntário, filho de

Aquidauana, teve morte na explosão de uma mina terrestre

em campo de batalha da Itália, na 2ª Guerra Mundial.

Foi sepultado no cemitério de Pistóia.

Doutor, estou com as dores do “enco-

lhimento”!

Uma paciente de 65 anos Campo Grande/MS – 2005,

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- 124 -

Face ao meu espanto, explicou-me: Tenho visto

muito falar em “dor do crescimento” em adolescentes. Esta

dor que estou sentindo deve ser a “dor do encolhimento”.

Escrever cartas é coisa de velhos!

Cláudio Lembo – set/2006. Governador de São Paulo.

Referindo-se a uma carta aberta escrita pelo Ex-

presidente Fernando Henrique Cardoso.

O Senhor já está incluído em minhas

preces há muito tempo!

Uma cliente – Santa Casa – 2006

Em junho de 2006, uma cliente de modestíssimas

posses disse-me que tinha vontade de dar-me um presente,

porém não tinha o dinheiro suficiente para dar o presente

que ela julgava seu médico ser merecedor.

Disse a ela que se me incluísse em suas preces eu

estaria bem recompensado. Como resposta tive a frase

acima.

Aliás, algumas centenas de clientes já me disseram a

mesma coisa em relação às preces, o que muito me alegra e

conforta.

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- 125 -

Jerusalém pertence aos Árabes!

Saddan Husseim – 30/12/06

Frase proferida por Saddan, minutos antes de sua

execução na forca.

Legítimo “Grito de Guerra” aos Muçulmanos.

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- 126 -

FRASES DE GRANDES PENSADORES

Levanta-te e anda; a tua fé te curou!

Jesus Cristo em sua peregrinação. Antecedeu sua crucificação e morte.

Representativa da Fé positiva – Acreditar em seus

propósitos.

Quem fala não sabe. Quem sabe não

fala!

Lao Tse – TAO – ano 600 a.C. Sábio do Oriente - fundador do TAOÍSMO

A sabedoria/conhecimento é sempre

acompanhada da modéstia. O desco-

nhecimento e a estultice da prepotên-

cia.

Médico/Filósofo.

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- 127 -

Você é o que você come e o que você

bebe. (Modernamente, o que você aspi-

ra: cigarro, poluição, maconha e cocaí-

na)!

Hipócrates – 460 AC. Pai da Medicina

Relatou verdades que sobreviveram aos milênios.

As mulheres e os eunucos não estão su-

jeitos à podagra!

Hipócrates – 460 a.C.

Verificou que as mulheres e os homens castrados na

adolescência, não estavam sujeitos a ataque de gota no

dedão do pé (podagra).

Dai-me uma alavanca e um ponto de

apoio e eu erguerei o mundo!

Arquimedes – 212 a.C Matemático grego

Determinação. Busca de apoio emocional,

financeiro, circunstancial.

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- 128 -

A esperteza/sabedoria quando é exage-

rada vira bicho e come o esper-

to/sabido!

Sabedoria Mineira.

Ninguém é capaz de enganar a todos

por todo o tempo!

Sir Winston Churchill – 1940

O Primeiro Ministro da Inglaterra referia-se a Adolf

Hitler, que, com propostas de desenvolvimento econômico e

social conquistou como aliados a Itália e Japão.

Logo após iniciada a 2ª Grande Guerra (1939 –

1945), desmandou-se e cometeu atrocidades, genocídios,

invadiu a Europa Central, Ocidental, Oriental e África.

A Inglaterra não capitulará. Custe o

sangue de nossos soldados, o suor do

esforço de guerra de nossos operários,

as lágrimas das esposas, viúvas e noi-

vas de nossos combatentes!

Sir Winston Churchill - 1943.

Logo após a capitulação de França frente aos

nazistas e sob intensos bombardeios sobre Londres pela

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- 129 -

aviação alemã.

Na medicina e no amor nem sempre,

nem jamais!

médico francês – século XIX.

Queria dizer que em determinada doença nem

sempre tal sintoma é obrigatório. Essa é a verdade.

A medicina não é ciência exata.

No amor ocorre da mesma maneira.

Uma palavra vale uma moeda; o silên-

cio vale duas!

Pensador árabe.

Muita prudência no que vai passar adiante, Somente

falar na hora certa para a pessoa certa.

Para percorrer mil léguas é necessário

dar o primeiro passo!

Mao Tse Tung – 1947

Exato. Grandes projetos se concretizam somente

após a primeira iniciativa.

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- 130 -

A cada um de acordo com as suas ne-

cessidades. A cada um de acordo com a

sua capacidade!

Mao Tse Tung – 1952

Quis dizer que todos têm direito a suprir suas

necessidades básicas de saúde, educação, alimentação,

vestuário, habitação.

Porém o investimento do Estado no

desenvolvimento intelectual avançado tem que ser seletivo.

A “liberdade” que se superpõe aos li-

mites aceitáveis dos homens e das mu-

lheres é na verdade uma licenciosida-

de!

Paulo Freire Entrevista televisiva.

Nunca me senti melhor do que nin-

guém por ser brasileiro; nunca me sen-

ti pior do que ninguém por ser brasi-

leiro!

Paulo Freire Entrevista televisiva.

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F R A S E S E F A T O S

- 131 -

Quero ser lembrado como uma pessoa

que amou profundamente os homens,

as mulheres, os animais, o ar, as árvo-

res, as águas, enfim a vida!

Paulo Freire Entrevista televisiva.

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F R A S E S E F A T O S

- 132 -

HOMENAGEANDO O CENTENÁRIO

MANOEL BONIFÁCIO NUNES DA

CUNHA

BIOGRAFIA

Descendente de tradicional família mato-grossense,

bisneto do Barão de Poconé, nasceu no dia 05 de junho de

1908, em Poconé. Faleceu em 16 de abril de 1985, em

Campo Grande.

Fez o curso secundário em Cuiabá, no Liceu

Cuiabano. Ainda estudante, no ginásio, em Cuiabá, foi

revisor do Diário Oficial do Estado e articulista do jornal

estudantil “Crisálidas”.

Advogado, formou-se em Direito na Faculdade

Nacional de Direito, Universidade do Brasil, hoje

Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1932.

Universitário, trabalhou na Casa da Moeda, no Rio

de Janeiro.

Instalou sua primeira banca de advocacia em Bela

Vista. Nessa cidade participou como Secretário Geral, do

Comitê Revolucionário (Revolução de 1932) presidido por

Pego Loureiro.

A seguir transferiu-se para Miranda. Em Miranda se

casou com Dª. Nair Fenelon Costa, mãe de seus filhos

Leonardo, Rubens, Afonso, Maria, Estevão e Antônio, todos

nascidos em Aquidauana, cidade onde o casal fixou sua

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F R A S E S E F A T O S

- 133 -

residência, em janeiro de 1935.

Advogado do Banco do Brasil S/A entrou para o

Serviço Jurídico desse estabelecimento em 1949, a convite

da Carteira de Crédito Agrícola e Industrial, tendo

anteriormente atuado como Contratado.

Jornalista, desde estudante, colaborou sempre na

imprensa mato-grossense, tendo sido Diretor e proprietário

do Jornal do Sul, de Aquidauana.

Na área de atuação na vida pública assumiu pela

primeira vez, em setembro de 1935, o cargo de Prefeito de

Aquidauana, sendo reconduzido a esse cargo mais 4 (quatro)

vezes. Governou, assim, o Município de Aquidauana , com

pequenas interrupções de 1935 a 1944.

Prefeito de Aquidauana remodelou a cidade

nivelando a sua parte central e dotando-a de calçadas de

mosaicos, jardim público, arborização, Serviço de

Abastecimento d’Água, Posto de Higiene e reformulou o

Serviço de Luz e Força. Lançou as bases para a construção

do Hospital de Aquidauana.

Na área de educação, na Prefeitura, fundou escolas

urbanas e rurais (Escolas Laudelino Barcelos, Teodoro

Rondon), promoveu a remodelação do Grupo Escolar

Antonio Correa e Escolas nos Distritos de Camisão,

Piraputangas e Palmeiras, entre outras.

Organizou o Núcleo Agrícola de Piraputangas

(NOB), criou o Patrimônio de Corguinho, hoje município.

Viabilizou os assentamentos da Colônia Jango de Castro,

hoje Piraputangas, Colônia Paxixi, hoje Camisão e Colônia

do Cipó, hoje Distrito de Cipolândia, além do apoio a Fala-

Verdade e Corguinho, então pertencentes a Aquidauana.

No setor de transportes construiu estradas e pontes,

melhorou o campo de aviação e pugnou pela construção da

atual Rodovia Aquidauana/Nioaque/Bela Vista.

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F R A S E S E F A T O S

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Quando residente em Aquidauana, acumulando com

as funções de Prefeito, foi nomeado pelo Interventor de

Mato Grosso, Julio Muller, Delegado Especial do Sul de

Mato Grosso com vasta área de atuação.

Nesta missão desarticulou, com o auxílio de

Delegados nomeados Rodrigo Peixoto e Orcirio do Santos,

que comandaram segmentos de Polícia denominados

“Capturas”, os bandos armados de Selvino Jacques e dos

“Baianinhos”. Ambos se dedicavam à pilhagem e saque em

propriedades rurais.

Estes dois grandes auxiliares sofreram revezes:

Rodrigo Peixoto foi morto em Bela Vista pelos

“Baianinhos” e Orcirio no último combate com o bando de

Selvino perdeu seu irmão caçula Horácio

Nestas missões contou, nos idos de 1939, com

efetiva contribuição de setores produtivos, em especial

famílias residentes em Bela Vista, Vila de Porteiras, hoje

Caracol, Porto Murtinho e Guia Lopes da Laguna.

Estas pequenas cidades detinham rudimentar

estrutura de segurança pública.

Durante a 2ª Guerra Mundial, após o Brasil aderir à

luta contra o Eixo, como Prefeito, foi executor do

Racionamento de Guerra. Neste, os produtos estratégicos

(gasolina, querosene, pneus, trigo e açúcar), tinham

consumo regulamentado e contingenciado para todas as

classes sociais, sem levar em consideração o poder

aquisitivo.

Procurador Jurídico do Território Federal de Ponta

Porã, na gestão do Cel. Noronha, foi incumbido da

estruturação jurídica e administrativa do novo Território

Federal, quando teve oportunidade de participar da

organização do loteamento da Colônia Federal Agrícola de

Dourados, criada por Getúlio Vargas, em 1942.

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F R A S E S E F A T O S

- 135 -

No período de 1935 a 1951 atuou na política,

primeiramente, no Estado Novo (Era Vargas) e após a

redemocratização, em 1946, na organização do Partido

Social Democrata – PSD, nos municípios do Sudoeste do

então Mato Grosso (Uno).

Exerceu sempre com denodo a advocacia, como sua

atividade principal não só representando o interesse de

grandes empresas rurais (Fazendas Bodoquena e Miranda

Estância), e de bancos (Banco da Produção, Banco do

Brasil), como também defendendo os direitos de médios

produtores e dos trabalhadores urbanos e rurais.

Patrocinou os direitos dos adquirentes de parte da

Fazenda Taboco. Estes tiveram seus direitos reconhecidos

sobre um excedente de área considerável.

Como advogado defendeu os trabalhadores das

Colônias Jango de Castro, Paxixi e Cipó, além dos

garimpeiros de “Fala-Verdade”.

Hoje essas colônias desenvolveram-se e foram

alçadas à condição de Distritos de Aquidauana, com boa

infra-estrutura em todos os setores. “Fala-Verdade”,

agregado a outras áreas, deu formação ao Município de

Corguinho.

Foi, ainda, sócio e advogado da Cooperativa

Agropecuária de Aquidauana, uma das mais importantes

empresas da região sudoeste, à época. A Cooperativa

mantinha estabelecimento comercial na Praça Nossa

Senhora da Conceição para atendimento aos cooperados.

Em 1946, no Governo Pessedista de Arnaldo

Estevão de Figueiredo, tendo Dr. Camilo Boni como

Secretário de Estado na área específica, apoiou o

assentamento fundiário do Campão, posteriormente,

designado Colônia Arnaldo Estevão de Figueiredo, hoje,

Bodoquena.

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F R A S E S E F A T O S

- 136 -

Intermediou com moderação, bom senso e

competência, no período 1946-1950, os interesses do Banco

do Brasil e os dos pecuaristas devedores ao Banco.

Apesar de se ter gado não se realizava dinheiro.

Imensa crise ocorreu após o final da 2ª Guerra

Mundial, em especial após a derrocada da “euforia do

zebu”.

Inicialmente ocorreu a “Moratória” concedida aos

devedores. A seguir o “reajustamento” (renegociação da

dívida).

Após essa renegociação, no Governo Dutra,

cinqüenta por cento do débito foi assumido pelo Tesouro

Nacional. No Governo de Vargas, que sucedeu à Dutra, os

outros cinqüenta por cento, por lei aprovada pelo Congresso

Nacional, também foram assumidos. Evitou-se a

inadimplência de importantes pecuaristas.

Ocupou em 1951 e 1952, a Secretaria de Agricultura,

Indústria, Comércio, Energia, Viação e Obras Públicas, no

Governo Fernando Corrêa da Costa, destacando-se como

defensor das terras extrativas e das áreas reservadas para a

colonização, incentivando medidas tendentes ao fomento e

defesa das produções animal e vegetal.

De sua iniciativa os convênios com o Ministério da

Agricultura para o fomento da produção animal,

principalmente na Zona Norte e fabricação, no Sul, de

vacina contra a aftosa.

Através do Departamento de Terras e Colonização,

teve a oportunidade de liderar, então, o primeiro grande

processo de colonização do Mato Grosso (UNO), processo

esse que adquiriu dinamismo e se estendeu pelas décadas

seguintes.

No Sul de Mato Grosso, apoiou a discriminação

fundiária de boa parte da Grande Dourados e do Cone Sul.

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F R A S E S E F A T O S

- 137 -

Surgiram cidades como Naviraí, loteada por Ariosto da

Riva, Angélica, loteada por René e Humberto Neder.

De Coxim para o Norte, surgiram os assentamentos

de Rondonópolis, Jaciara, São Pedro do Cipa e, mais para o

Nortão, Pontes e Lacerda, Tangará da Serra, Mirassol do

Oeste, Barra do Bugres.

Aconteceram também as colonizações em Barra do

Garças, Santa Terezinha, São Félix do Araguaia, na região

Leste do Estado.

Em fase posterior ocorreram as colonizações de Alta

Floresta, Juina, Joara, Sinop e outras.

Tiveram atuação preponderante, os desbravadores

Enio Pepino, Ariosto da Riva, Grupo Matsubara,

Colonizadora Rio do Sangue e diversos corretores, Vasilio

Seminov entre outros.

No Governo Ponce de Arruda, período de 1956 –

1960, Bonifácio Cunha atuou como Secretário de Educação,

Cultura e Saúde.

Em sua gestão nessa Secretaria Estadual, na área de

Saúde, reorganizou o Departamento de Saúde do Estado e

suas unidades sanitárias, hospitais e serviços.

Na sua atuação, destacam-se a instalação do Serviço

de Assistência Médica Rural, o Serviço de Abreugrafia de

Campo Grande, o Plano Integrado de Saúde de Dourados, as

atividades do SESP – Serviço Especial de Saúde Pública e a

construção de postos de saúde.

O Plano Integrado de Saúde da Grande Dourados

envolveu a implantação de diversos programas na área de

assistência médica preventiva e curativa, tendo como apoio

o Hospital Distrital construído em Dourados.

Criação da Escola de Saúde, em Várzea Grande, que

passou a formar pessoal de apoio para toda a área de saúde.

Por aí passaram servidores de vários postos de saúde do

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F R A S E S E F A T O S

- 138 -

Estado.

Na região de Aquidauana, o Sistema de Assistência

Médica Rural, foi coordenado pelo Dr. Alfredo Garcia,

tendo como auxiliares servidores dos diversos postos de

saúde. O acesso muitas vezes era feito por meio de pequenas

aeronaves.

Bonifácio Cunha deu apoio às atividades de

saneamento básico, educação sanitária, suplementação

alimentar, combate a endemias entre outras as verminoses e

tuberculose que grassavam em grande escala entre as

populações indígenas.

Na área de Educação, modernizou o Departamento

de Educação e Cultura, criou bolsas de estudos para jovens

mato-grossenses irem cursar o terceiro grau em grandes

cidades. O médico de Campo Grande, Dr. Rafael Cubel, foi

um desses bolsistas.

Em Aquidauana, em sua gestão na Secretaria

Estadual de Educação, o Estado adquiriu ao casal Antonio

Salústio e Maria Areias, o Educandário denominado

“Colégio Candido Mariano”, que funcionava então nas

dependências de parte do Grupo Escolar “Antonio Correa”,

transformando-o em Escola Pública.

Implantou-se, também, em Aquidauana, a Escola

Normal Jango de Castro e foi construído o prédio próprio do

Colégio Estadual Cândido Mariano, próximo a Praça dos

Estudantes.

Bonifácio Cunha desenvolveu programas de

aperfeiçoamento do magistério (CADES – Formação para

professores leigos), a ampliação da carga horária para o

Curso do Magistério, então denominado Escola Normal, a

instalação da Faculdade de Direito de Cuiabá, os Ginásios

de Guiratinga e Paranaíba, implantação da merenda escolar

nas escolas públicas e incentivo às bibliotecas.

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F R A S E S E F A T O S

- 139 -

Medida de grande alcance político, administrativo e

cultural, quando à frente da Secretaria de Educação, Cultura

e Saúde, foi a realização de concursos públicos para

preenchimento e efetivação dos professores nos cargos do

Magistério, acabando, de vez, com a intranqüilidade que

existia a cada mudança de Governo, quando eram demitidos

todos os professores do partido derrotado para nomeação de

professores do partido vencedor das eleições.

Como participante do Governo, deu apoio à

implantação da Rodovia KM 21 – Bonito, sendo empreiteiro

da obra o ex-Deputado Audelino da Costa Sobrinho.

No Governo Ponce de Arruda (1956-1960), foi,

ainda, incumbido de efetivar a regularização fundiária de

mais de meio milhão de hectares de terras no Pantanal do

Nabileque, que tinham sido recebidas pelo Estado como

pagamento de tributos devidos pelo Fomento Argentino,

dissolvendo-se grave foco de tensão na fronteira com o

Paraguai e pequeno segmento de fronteira com a Bolívia

abaixo do Forte Coimbra (Puerto Bush).

Deu-se, então, o povoamento do Nabileque de

maneira organizada. Nestes cinqüenta anos transcorridos

muito ICMS e ITR foi gerado para os cofres públicos.

Após o término do Governo Ponce de Arruda, em

1960, Bonifácio teve breve período de atuação no Banco do

Brasil, do qual se tornaria, por mérito, Advogado do Quadro

Permanente, em 1949.

No Governo João Goulart, (1962-1963), cedido pelo

Banco do Brasil ao Governo Federal, exerceu a função de

Assessor Especial do Ministro da Saúde, Dr. Wilson Fadul.

Em 1964, ainda sob o impacto da prisão política dos

filhos Leonardo, Rubens e Afonso, redigiu importante

documento direcionado aos filhos e demais familiares.

Nele relatou sua fé no Estado de Direito, na

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F R A S E S E F A T O S

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Democracia, na distribuição de rendas e oportunidades, no

êxito que as pessoas alcançariam através da erudição, do

conhecimento, da informação e do acatamento e exercício

dos princípios da Ética.

Também está inserida uma Profissão de Fé na Escola

Pública por ele freqüentada desde o primário até o Curso

Superior de Direito no Rio de Janeiro.

Seria esta o verdadeiro instrumento, em sua

concepção, para a modificação das condições de vida das

pessoas e autêntica redistribuidora de oportunidades.

Com o movimento militarista de 31 de março de

1964, deixou de prestar serviços ao Governo Federal e

retornou às suas atividades no Banco do Brasil. Foi então

designado para substituir o Dr. Wilson Barbosa Martins na

representação jurídica do banco na região sul do Estado de

Mato Grosso com sede em Campo Grande/MT.

Após poucos anos nessa atividade, aposentou-se no

Banco do Brasil e passou a gerir seus negócios na área agro-

pastoril, tendo fundado a Agropecuária Vargem Grande

Ltda., em sociedade com seus filhos.

Aderiu, em 1975, ao Programa Polocentro do

Governo Federal, Projeto Integrado Agricultura/Pecuária,

constante de desmatamento, enleiração, gradeação, correção

de solo, adubação.

Implantou-se, na propriedade, infra-estrutura

(armazém, moega graneleira, silos de carga e descarga,

secador) e adquiriram-se plantadeiras, tratores,

colheitadeiras, etc.

Em algumas ocasiões o clima ajudou. Em outras não,

como soe acontecer com os agricultores: perdas por falta de

chuvas e por excesso de sol.

Transferiu a seus filhos o patrimônio referente à

Fazenda Vargem Grande e também, o amor pelos estudos e

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F R A S E S E F A T O S

- 141 -

pelo aprendizado.

Ensinou-nos que, com boa base de conhecimentos e

integridade, auferem-se os ganhos necessários à nossa

subsistência, a uma vida digna.

Entre advogados, médicos, engenheiros, veterinários,

professores, bancários, policiais militares, ascende a 33

(trinta e três) o número de descendentes e parentes de

Bonifácio que auferiram de sua orientação, seus conselhos,

seus recursos financeiros para conquistarem o Terceiro

Grau.

Mato Grosso do Sul, recentemente, prestou-lhe

honrosa homenagem atribuindo seu nome ao Fórum da

Comarca de Aquidauana.

Em Campo Grande, a Escola Estadual Manoel

Bonifácio Nunes da Cunha, representa uma justa

homenagem ao cidadão e homem público que muito

contribuiu para a educação.

Outra singela homenagem a registrar, em Campo

Grande, foi o nome de Manoel Bonifácio Nunes da Cunha

ter sido escolhido patrono da Associação Cultural Manoel

Bonifácio, que reúne jovens estudantes de música, dança e

teatro, sob a coordenação do Maestro Nilson Almiro

Marques.

Recentemente, em 05/06/2007, data de seu

aniversário e marco inicial das homenagens pelo Centenário

de seu nascimento, bela placa com a denominação do Fórum

foi colocada na fachada do prédio que o abriga.

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F R A S E S E F A T O S

- 142 -

FRASES

Amanhã muito cedo farei a leitura. Ho-

je, provavelmente, o assunto a que se

refere o telegrama não terá solução!

Bonifácio Cunha – 1944

Bonifácio, lá pela década de 40, recebia muitos

telegramas tratando de assuntos advocatícios, política,

negócios.

Quando o telegrama chegava ao cair da tarde,

costumava guardá-lo para abrir e ler no dia seguinte.

Questionado por mim sobre seu hábito deu-me a

resposta.

Não convivia com a ansiedade.

Pecuarista arguto inicia seu criatório

adquirindo vacas paridas, com crias ao

pé. Estas já provaram que têm a ferti-

lidade necessária e leite suficiente para

criar o bezerro! -1946

As pessoas de bom senso diminuto têm

que ser administradas no regime do

limite curto! - 1947

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F R A S E S E F A T O S

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Confiar em guarda-costas é meio ca-

minho andado para você ser morto à

traição! - 1948

Resposta aos amigos que o aconselhavam a contratar

seguranças após ter comandado o controle dos

“bandoleiros” que exerciam suas atividades de pilhagem no

Sul do então Mato Grosso.

Sente-se, por favor. Assunto tratado

com a pessoa em pé não tem finaliza-

ção favorável! - 1948

Quando eu, ou meus irmãos íamos lhe pedir algumas

explicações ou fazer pleito, pedia que sentássemos para

tratar do assunto.

Verifiquei ser um bom hábito.

Quem cuida de criança e mulher inter-

nadas em hospital são os médicos e as

enfermeiras. Aos pais e esposos cabe

agir para providenciar o dinheiro para

pagar a conta! – 1950

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F R A S E S E F A T O S

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Nasci nu e estou vestido com a graça de

Deus. O dinheiro para mim só tem va-

lor para resolver determinadas situa-

ções que dependem dele. Não me es-

cravizo a ele! - 1951

Valorizava de maneira especial a informação, o

conhecimento, a erudição e através destas habilidades se

realizaria dinheiro, conforme ensinava.

Cuide com desvelo da tua vida e dos

teus problemas, pois outros deles não

cuidarão! – 1954

Estude para ser alguém! – 1956/1960

Slogan da Secretaria de Educação, Cultura e Saúde,

quando exerceu o cargo de Secretário da Pasta no Governo

Ponce de Arruda.

O mundo e os brasileiros doravante vi-

verão em função de Sua Excelência o

Automóvel! - 1957

Comentário coincidente com o lançamento do

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F R A S E S E F A T O S

- 145 -

primeiro veículo brasileiro em 1957.

Os parâmetros de poder, status, refinamento,

felicidade seriam medidos pelo automóvel que a pessoa

possuiria.

Não importa os meios como conseguiu o dinheiro

para efetuar a compra.

Cada escola construída significa a ne-

cessidade de uma cadeia a menos! -

1958

Slogan de campanha eleitoral

O crédito e a credibilidade são constru-

ídos a duras penas, em longo prazo.

Um negócio com suspeita de duvidoso

ou uma atitude desastrada pode der-

rubá-lo em pouco tempo! – 1959

A vida é uma seqüência de lutas, difi-

culdades, apreensões, entremeadas por

raros e fugazes momentos de descon-

tração e de felicidade! – 1964.

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- 146 -

Os problemas não podem ser resolvi-

dos antes da hora propícia; nem depois

da hora, mas sim, no momento certo e

adequado! - 1964

Nunca gaste os últimos cinqüenta mil

réis. Eles poderão ser a sua salvação! -

1965

Indicativo de prudência. Ser previdente.

Todo preguiçoso que chega a chefe cos-

tuma ser extremamente exigente com

os colegas! - 1965

Nos negócios, na política, no exercício

da profissão, cuide-se daqueles que têm

pouca vocação para colaborar porque,

via de regra, são talentosos para atra-

palhar! - 1965

Evitar impaciência. Ser previdente. Estar atento.

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No carteado profissionalizado o que

menos se perde é o dinheiro. – 1965

Perde-se o tempo, perdem-se as noites bem

dormidas, perde-se a saúde com o consumo de cigarros e

bebidas alcoólicas; perde-se, por fim, a moral e a ética na

obsessão para se ganhar sempre!

Evite inquirir/questionar uma pessoa

sobre assunto que você sabe será desa-

gradável ou desinteressante para ela

responder! - 1965

Aconselhava pesquisar a resposta desejada ou

necessária em outras fontes.

A Terceira Guerra Mundial não terá

sua eclosão no confronto Estados Uni-

dos/União Soviética. Terá possivelmen-

te seu início no Golfo Pérsico, na altura

do Estreito de Ormuz! - 1966

O Estreito de Ormuz é determinado pela presença da

Ilha de Ormuz, território iraniano, em certo trecho do Golfo

Pérsico.

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F R A S E S E F A T O S

- 148 -

Livre-se dos aproveitamentos oportu-

nisticos e inócuos: Resolver problemas

em demasia, em uma única ida ao cen-

tro da cidade; colocar excesso de carga

no veículo para aproveitar a viagem;

apanhar com sua condução, em uma

mesma ocasião, pessoas com progra-

mações diversificadas! - 1976

Evite determinar a pessoas com pouca

capacitação, duas ou mais incumbên-

cias para serem cumpridas em ações

simultâneas, em uma única ocasião.

Uma incumbência de cada vez! - 1976

A situação dele é de tirar bife do pró-

prio músculo! - 1980

Referia-se a pessoa que se encontrava em grande

dificuldade financeira.

Eu sou o Dr. Bonifácio Cunha. De

Aquidauana! – 16/04/1985 (Clínica

Campo Grande/MS)

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- 149 -

Na manhã de seu falecimento o médico assistente,

desejando avaliar sua orientação, perguntou-lhe qual era o

seu nome.

Recebeu a resposta acima.

Bonifácio elegeu Aquidauana como sua segunda

terra natal.

Aí nasceram os seus seis filhos, aí os educou,

exerceu advocacia, administração pública, a política

partidária, atividades empresariais como pecuarista e

agricultor.

Para Bonifácio Aquidauana e Anastácio, antiga

Margem Esquerda, irmãs gêmeas, tinham um mesmo

significado.

O seu arraigado amor por Aquidauana manifestou-o

em seu último dia de vida.

Ligou seu nome à cidade.

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- 150 -

FATOS

Obriguei-me a usar a “energia serena”

para coibir a atitude deste cidadão que

não quis entender as regras do “Racio-

namento de Guerra!” – 1944.

Bonifácio Cunha era Prefeito de Aquidauana.

A Prefeitura foi designada para ser a Executora do

racionamento de guerra.

Estávamos dentro da 2ª Guerra Mundial. O Brasil

participava junto com os demais aliados da guerra nos

campos de batalhas da Itália.

Determinado engenheiro, gerente da usina de força e

luz, não obedeceu à determinação para manter parada a sua

motocicleta.

O consumo de gasolina era restrito. Os fazendeiros

recebiam quotas de acordo com a distância de suas

propriedades.

O número de viagens mensais era pré-estabelecido.

Foi recolhido à Cadeia Pública e seu veículo

apreendido.

Bonifácio definia como “energia serena” aquela

atitude firme, dentro da lei, sem concessões, porém sem

abuso de autoridade.

Para tocar uma questão/demanda você

necessita de três requisitos: um saco de

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- 151 -

razão; um saco de dinheiro; um saco

de paciência! - 1948

Frase dita ao cliente Anacleto dos Reis, que fora

consultá-lo sobre “tocar uma demanda” com um vizinho,

contestando a localização de um aramado. Anacleto recuou.

Leve essa importância para você come-

çar a resolver seu problema. Não tem

prazo e não tenha preocupação em de-

volvê-la! - 1950

Solução dada a uma pessoa que veio lhe pedir um

aval.

Explicou-lhe que pelas suas implicações

profissionais e políticas, não podia correr o risco de ser

executado.

Abriu o cofre em sua sala de trabalho, pegou um

maço de dinheiro que correspondia a mais ou menos 15% do

valor e passou-o ao cidadão que veio lhe pedir o aval.

Vou levá-lo amanhã, para a solenidade

de assinatura do contrato da Usina de

Urubupunga, que acontecerá em frente

à Catedral! – 1952 (Cuiabá)

Naquele dia estaria em Cuiabá o Governador de São

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- 152 -

Paulo, Lucas Nogueira Garcez.

Seriam assinados pelo governador de São Paulo e

pelo Governador de Mato Grosso, Fernando Corrêa da

Costa os atos constitutivos das Centrais Elétricas de

Urubupunga, em solenidade pública.

A proposta de aproveitamento do potencial

hidrelétrico do Rio Paraná partiu do Governo de Mato

Grosso, daí a homenagem de Lucas Nogueira Garcez.

Na ocasião meu pai Bonifácio Cunha era titular da

Secretaria de Agricultura, Indústria, Energia, Comércio,

Viação e Obras Públicas. Teve atuação importante na

elaboração dos atos constitutivos da companhia que

construiu Jupiá, Ilha Solteira e várias outras hidrelétricas

nos rios Paranaíba, Tietê, além do Paraná.

Quero sua presença hoje à tarde na Se-

cretaria! – 1952 (Cuiabá)

Naquela tarde, em solenidade na Secretaria, foi

assinado o contrato entre o Estado e a empresa TECHINT

para a construção da Usina Hidrelétrica do Rio da Casca,

hoje conhecida como CASCA I.

Trabalho da Secretaria de Agricultura, Energia e

Obras Públicas, Governo Fernando Correa da Costa.

Na ocasião o governo era tocado com apenas duas

secretarias. A de Agricultura já citada e a do Interior, Justiça

e Finanças, com Demóstenes Martins.

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F R A S E S E F A T O S

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Benitez estarei aqui na Vargem Gran-

de no dia vinte e três do próximo mês

às dez horas! – junho de 1963

Benitez, empreiteiro de cerca, finalizava um

trabalho.

No dia do acerto houve um imprevisto: Bonifácio foi

chamado ao Rio de Janeiro.

Muito cedo se trajou com terno e gravata, tomou um

táxi aéreo e foi até à Fazenda realizar o pagamento.

De lá voou diretamente para Campo Grande e tomou

lugar em vôo comercial para o Rio de janeiro.

Ensinava-nos que não deveríamos “faltar” com

aqueles que nos prestam serviços. Assim se obteria a

reciprocidade.

A partir do momento que estamos vi-

vendo, o mundo será outro! - 1965

Frase proferida referindo-se à influência dos meios

de comunicação e a descoberta e utilização do transistor.

O comentário foi feito quando o empreiteiro Bezerra

relatou na sede da Fazenda Vargem Grande que através de

seu pequeno rádio escutava, diariamente, às 04h00 da

madrugada, programa editado em São Paulo que orientava

sobre direitos trabalhistas, previdenciários, do parceleiro, do

invasor de terras,etc.

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F R A S E S E F A T O S

- 154 -

Até peão de obra que esquenta a mar-

mita no fogo de jornal, tem direito a

repouso na hora do almoço! - 1967

Estava de passagem por Aquidauana. Eu e

Margarida o convidamos para almoçar. Surgiu uma cirurgia

da Equipe A, constituída por Rudel, Garcia, Rubens e

Roberto.

A equipe B era constituída por Carlos Anastácio,

Claudio Stella, Pedro Ubirajara e Laudison. O forte de

Bonifácio era conversar, dialogar, trocar idéias.

Inconformado com o fato de eu ter que almoçar às

pressas, fez-me a advertência. Deveria administrar melhor o

tempo: Hora de trabalho – trabalho. Hora de refeição –

refeição. Hora de repousar – repouso.

Vamos a partir de agora percorrer o

“caminho crítico”, marcado por forças

imponderáveis, sobre as quais não te-

mos domínio! – Dezembro de 1976

Bonifácio, com 68 anos de idade, como era de seu

estilo, topou um desafio: com financiamento do Governo

Federal (Polocentro), plantar na Fazenda Vargem Grande,

Miranda/MS, então de sua propriedade, uma lavoura de

arroz de sequeiro (sem irrigação), de 1100 hectares.

Seguindo seu exemplo eu e meus irmãos Estevão e

Antonio também plantamos uma lavoura de 1200 hectares

na Fazenda Estiva, no Chapadão dos Gaúchos, então

município de Cassilândia.

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F R A S E S E F A T O S

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O trabalho foi árduo: desmatamento, enleiração,

gradeação, catação de raízes, correção do solo com calcário

e fosfato e plantio usando-se sementes selecionadas e adubo

granulado contendo nitrogênio, fósforo e potássio.

Em ambas as propriedades foram construídos

armazéns para estocagem de grãos com secador, moega

graneleira, silos de carga e descarga, além da infra-estrutura

de oficina mecânica, com solda e borracharia.

Eram os mato-grossenses arrojados seguindo o

exemplo dos gaúchos. Fez-se todo o trabalho e em meado de

dezembro, estávamos com as duas áreas plantadas (Miranda

e Chapadão). Houve então o “descanso do guerreiro” por

ocasião do fim do ano.

Naquela ocasião nosso pai advertiu-nos para nos

colocar na realidade dos fatos, que o “imponderável” era

conduzido por São Pedro. A nossa parte estava feita. Em

alguma ocasião fomos beneficiados pelo imponderável, em

outras não.

A advertência foi feita para limitar o nosso

entusiasmo de cristãos novos na atividade.

E assim foi percorrido o “caminho crítico”.

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F R A S E S E F A T O S

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O AUTOR

TRAJETÓRIA DE VIDA

Nasci em Aquidauana, Mato Grosso do Sul, então

Estado de Mato Grosso.

Sou médico, formei-me em Medicina, na Faculdade

de Ciências Médicas, hoje Universidade Estadual do Rio de

Janeiro – UERJ, em 1960.

Exerço a medicina em Campo Grande, cidade em

que resido. Clínica médica com especialização em

Reumatologia.

Fiz o curso primário, juntamente com meu irmão

Leonardo, no Colégio XV de Agosto, pertencente

primeiramente ao Prof. Demétrio Serra e, posteriormente, às

irmãs cuiabanas Íris, Augusta e Maria Pereira.

Curso ginasial e colegial em Campo Grande

(Colégio Dom Bosco) e em Cuiabá (Colégio São Gonçalo e

Estadual).

Universidade, Pós-graduação e Residência Médica

no Rio de Janeiro.

De 1963 a 1978, exerci a profissão de Médico como

Clinico e Cirurgião em Aquidauana.

Também as funções de Diretor-Presidente, Diretor-

Financeiro e Diretor-Comercial, no Hospital Adolfo Lutz –

SOCIMED Ltda. No Hospital Estácio Muniz, o cargo de

Diretor-Clínico.

Dediquei-me, em parceria com sócios e irmãos, às

atividades pecuária, agrícola, madeireira, prestação de

serviço de moto-mecanização; no Chapadão do Sul,

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F R A S E S E F A T O S

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Pantanal do Nabileque, Fazenda Vargem Grande (Miranda)

e cidade de Anastácio.

Especialização na área médica em Paris, França, em

1997.

Desde o curso primário, na Escola XV de Agosto,

tomei conhecimento de que Aquidauana, minha cidade

natal, não era um município qualquer, nascido ao acaso!

Aquidauana foi uma cidade fundada por homens

cultos que desgostosos com os rumos políticos na cidade em

que residiam, resolveram se mudar.

Adquiriram área e fundaram uma cidade, à margem

direita do Rio Aquidauana, com direito à Ata de Fundação e

tudo o mais. A cidade já nasceu adulta, intelectual e

administrativamente.

Exerci em Mato Grosso do Sul, desde sua fundação,

a partir do Governo de Harry Amorim Costa, em 1979,

cargos de relevância, que tive a honra de ocupar.

Inicialmente, como pertencente ao quadro da Secretária de

Desenvolvimento de Recursos Humanos, tendo à frente

Odilon Romeu e como Secretário Adjunto Dr. Augusto

Assis Filho.

Posteriormente, ocupei o cargo de Secretário de

Desenvolvimento de Recursos Humanos – SDRH.

Promovemos o desmembramento do SDRH, criando

três novas Secretarias: de Educação, Saúde e

Desenvolvimento Social.

Fui, então, nomeado para a Secretaria de

Desenvolvimento Social, compreendendo as áreas de

Trabalho, Promoção Social, Desporto, Cultura e Lazer.

Tivemos a oportunidade de elaborar, com apoio de

Equipe Técnica, o Sistema Executivo do Desenvolvimento

Social, que foi à publicação.

Nesse trabalho, sob a nossa orientação, trabalharam

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Sueli Neder, Augusto Maurício Wanderlei, Beatriz Dobashi,

Américo Calheiros, Maria da Glória Sá Rosa, Lacy Rondon,

Ana Lúcia Nunes da Cunha, Drª. Raimunda, Maria Emília

Sulzer, Paulo Cabral, Idara Duncan, Thie Higushi, Neuza

Arashiro, Margarida Marques, Professores Mesquita e Silvio

Lobo, entre outros.

Deram-nos apoio Ivan Bitelbrum, Gabriel Spipe

Calarge e Cid Antunes.

Pelo trabalho, ficou evidenciado que o novo Estado

era refém do binômio BOI/SOJA; que a energia elétrica

rural era pouquíssimo usada para fins agro-industriais; que o

mercado de trabalho era restrito; que as populações

indígenas eram relativamente desamparadas; que os espaços

cobertos para eventos esportivos e culturais eram raros (02

ginásios cobertos em Aquidauana, 02 em Corumbá, 01 em

Três Lagoas, e no máximo 03, em Campo Grande).

Constatou-se, também, que a identidade cultural de

Mato Grosso do Sul era muito precária, nada havendo de

forte que agregasse os sul-mato-grossenses.

Não havia, na realidade, espaços onde as

comunidades, em especial os jovens, pudessem se reunir.

Foi desenvolvido projeto de “Espaço Coberto de

Múltipla Utilização”. A primeira edificação se deu em

Amambaí, com apoio do Deputado Zenóbio dos Santos.

Com a exoneração de Marcelo Miranda, assumiu

Pedro Pedrossian.

Pedro Pedrossian disseminou o projeto em muitas

cidades do Mato Grosso do Sul.

Iniciou-se um verdadeiro processo de mobilização da

população, que se fez presente em eventos esportivos,

culturais, políticos, de lazer (shows/carnavais), um

verdadeiro “start” da cidadania.

Os grupos culturais dos diversos segmentos foram

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mobilizados: Grupo ACABA, Academia Isadora Duncan,

Tetê Espíndola e demais Irmãos Espíndola, Almir Satter,

Paulo Simões, grupos de teatro, etc.

Foram firmados convênios para apresentação dos

agentes culturais em todo o Estado.

A cultura foi levada ao povo, gratuitamente.

No Governo Wilson Barbosa Martins atuei como

Assessor na Secretaria de Segurança Pública do Estado.

Assessor Especial do Senador Mendes Canale,

Superintendente da SUDECO, de 1985 a 1987, morei em

Brasília, e à época, visitei de maneira continuada os Estados

de Rondônia, Acre, Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do

Sul e o Entorno do Distrito Federal.

De monomotor, bimotor Navajo, de turbo-hélice, de

Boeing, rastilhei a Amazônia e o Pantanal.

A SUDECO (Superintendência do Centro-Oeste)

supervisionava o Programa Polonoroeste, contratado entre o

governo brasileiro e o BIRD – organismo de crédito

multilateral, no governo do Gal. Figueiredo.

O valor do investimento foi de US$

1.300.000.000.00 (um bilhão e trezentos milhões de

dólares).

Fez-se o asfaltamento Cuiabá, Cáceres, Vilhena,

Porto Velho, Rio Branco; dezenas de assentamentos

fundiários, implantação de lavoura de cacau, bacia leiteira,

hidrelétrica de Samuel, em Rondônia, programas

educacionais e de saúde (a malária então endêmica na

região), demarcação de reservas indígenas. Enfim, um

programa de grande abrangência.

O Pantanal de Mato Grosso do Sul foi incluído no

Programa, com os sub-programas de fiscalização, educação

ambiental e monitoramento das águas. Graças ao empenho

de Mendes Canale, pantaneiro de Miranda.

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F R A S E S E F A T O S

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A vastidão das florestas, sua suntuosidade a riqueza

das águas. (travei contato com os rios Araguaia, Tocantins,

Madeira, Acre, Juruá, Purus e outros caudais), a grande

quantidade de madeiras nobres (castanheira, cerejeira,

mogno), os solos férteis, agricultáveis, as riquezas minerais

(ferro e manganês em Mato Grosso do Sul, cassiterita em

Rondônia, ouro e pedras preciosas em Mato Grosso), deram-

me uma nova dimensão do Brasil.

Quando em Cruzeiro do Sul, extremo oeste do

Brasil, no Estado do Acre, perguntava a mim mesmo: O

Brasil termina ou começa aqui? Cruzeiro do Sul encontra-se muito perto do Pacífico.

Nos países do Pacífico, nas próximas décadas, está o futuro

do Brasil através de trocas comerciais e de informações

culturais com os países asiáticos (a civilização Atlântica está

em fase de exaustão).

Tive oportunidade de conhecer o Museu da Estrada

de Ferro Madeira-Mamoré, saber detalhes dos “Soldados da

borracha”, nordestinos intrépidos que desbravaram muitos

setores da Amazônia, Reservas Indígenas como a Ilha do

Bananal, várias etnias, entre elas Carajás, Xavantes,

Boróros, Tapirapé e outras.

Conhecer pessoalmente Juruna e Raoni, grandes

lideranças que intermediavam os pleitos das nações

indígenas as quais pertenciam.

Atualmente, consagro minhas atividades na medicina

e como produtor rural.

A nossa expectativa é que Mato Grosso do Sul, nos

anos vindouros, consolide a implantação de atividades de

desenvolvimento sustentado na planície pantaneira (21% do

seu território), com ênfase ao turismo e pecuária de grande e

médio porte; transforme o restante de seu território, à

exceção dos parques naturais e demais reservas em vasta

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zona produtora de alimentos, matérias primas para celulose,

etanol, biodiesel; processe essas matérias primas e,

sobretudo, se transforme em um Estado brasileiro,

respeitado pela cultura de sua gente e competência de seu

empresariado e da máquina administrativa.

Eu e Margarida, minha esposa, temos uma filha, a

Ana Paula, e um filho, o Vitor, que nos presentearam na

vida com quatro netas: Nicole, Amanda, Marcela e Júlia e o

recém-chegado Vitor Henrique.

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F R A S E S E F A T O S

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FRASES

Sou do tempo em que maçã, pêra e uva

eram frutas que se davam de presente

a convalescentes. Nas visitas às senho-

ras que tiveram filhos recentemente ou

a pacientes hospitalizados! - 1961

Na minha infância maçã, pêra e uva não existiam à

venda em Aquidauana.

Quando se necessitava dessas frutas para se

presentear alguém, ia-se aguardar o “trem de passageiro” da

EFNOB e se adquiria no carro restaurante.

As frutas triviais eram: laranja caipira, mexerica,

goiaba, manga, bocaiúva, abacaxi, banana e mamão.

As coisas vão mudar no Brasil. Tempos

bicudos chegarão para nós e para nos-

sos filhos! – 1968 (Sitio Babilônia –

Aquidauana)

Frase dita aos amigos Cecília e Almir Moura. Cecília

de quando em vez me repete a frase.

Naquela época a classe média brasileira vivia tempos

confortáveis.

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F R A S E S E F A T O S

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Em uma cidade ou Estado de pequena

expressão, ou sociedade de qualquer

natureza, quando uma pessoa talentosa

se sobressai , os medíocres unem-se pa-

ra anulá-la. E na maioria das vezes o

conseguem! - 1986

Político profissional é, por definição,

aquela pessoa capaz de passar cinco ou

mais dias junto a você, em um

spa/congresso/passeio e não dizer nada

do que verdadeiramente pensa, apesar

de conversar o tempo todo! - 1986

Não admito impontualidade. A enrola-

ção/embromação não leva ninguém pa-

ra frente! – Década de 80 (Campo

Grande)

Cobrando diligência dos filhos Ana Paula e Vitor.

Relatei-lhes que entrei na escola aos seis anos e

completei a pós-graduação aos 27 anos.

Nestes 21 anos, nunca soube o que foi perder provas

mensais, vestibular, aulas, plantões hospitalares, início de

cirurgias, por negligenciar horário, acordar tarde, etc.

Um sistema de vida!

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A segurança individual de cada mem-

bro de uma família tem que ser a preo-

cupação primordial de quem a lidera.

Não se dá alimentação, saúde, educa-

ção, para quem não mais está vivo! -

1998

Há 03 classes de fazendeiros:

1. Fazendeiro mesmo – Aquele que

sabe executar todas as atividades

agropecuárias.

2. Fazendeiro de merda – Conhece

teoricamente, porém não tem

condições de executar todas as

tarefas (trançar couro, montar

em burro aporreado).

3. Merda de fazendeiro – Aquele

que chegou à fazenda via certidão

de nascimento ou de casamento e

não entende nem da teoria e nem

da prática. – 1998

Somente considero pessoas/entes

dotados de superioridade de espírito,

aquelas que:

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1º - Não temem a velhice com os

seus desdobramentos (perda de

beleza física, dependência de

terceiros, diminuição da

capacidade de trabalho);

2º - Não temem a doença em si ou

em suas pessoas queridas;

3º - Não temem a redução

patrimonial, seja perda de bens,

emprego;

4º - Não temem a morte, sua e de

seus entes queridos. Encaram-na

como ser ela um fenômeno

natural da Vida! - 1999

Reflexão passada a clientes prestes a se entregarem à

depressão pelos motivos mais variados.

Cuide-se com o automóvel. Com

exceção de vendedores e/ou

determinados prestadores de serviço

que necessitam dele o retorno do

capital investido é precário. Não fique

gerando motivos para trocá-lo

constantemente! - 2000

Alerta aos filhos e familiares.

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F R A S E S E F A T O S

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À família cabe não se acomodar

quando vive à sombra de um ou mais

holerites gordos! – 2000

Holerites representam galhos de uma árvore

frondosa, que oferece sombra a todos.

Desde que o mundo é mundo, existiram

e existem dois tipos de pessoas: Uma

minoria que veio para preocupar-se

com os problemas familiares, sociais,

econômicos, enfim para trabalhar e

uma grande fração que veio a passeio;

preocupa-se com feriadão, festas,

bebidas, lazer, pescarias, etc. – 2000

Devoto grande respeito e admiração,

aos matemáticos, astrônomos, médicos

e outros pensadores da Antiguidade.

Do nada, sem instrumental, sem

exames complementares, erigiram

verdadeiros Monumentos ao Saber na

matemática, na geometria, na

astronomia, na medicina e demais

áreas da ciência. – 2002

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Compreendo o seu sofrimento. Sei que

a dor da artrite reumatóide é como se

fosse um dente inflamado em cada

junta! – 2002

Frase dita aos pacientes portadores de artrite

reumatóide que dizem não ser bem interpretados pelos

familiares, amigos e inclusive por médicos, que minimizam

seus sofrimentos.

Livre-se dos namorados/maridos

tranqueiras cinco estrelas:

Sem vocação para o trabalho,

Bebedor em excesso,

Ciumento,

Agressivo e,

Namorador! – 2003

Orientação às pacientes com distúrbios emocionais e

dores desencadeadas por relacionamentos indesejáveis.

No capitalismo selvagem

contemporâneo, homem sem dinheiro é

mercadoria sem serventia! – 2004

Não é “charmoso” nem para a mulher, nem para os

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filhos e nem para os amigos.

Vamos fazer festas continuamente.

Caso contrário acabamos nos

encontrando somente em velórios! –

2004

Aos parentes e amigos próximos.

Nossa classe dirigente, em especial,

políticos e empresários, atuais

mandatários – homens na faixa de

50/60 anos – receberam um país

“redondo”. – janeiro/2004

A partir da revolução de 30, progressos ininterruptos

na área social, econômica e institucional; leis trabalhistas,

previdenciárias, sistema de saúde, sistema nacional de

habitação, voto da mulher, voto secreto, voto do analfabeto,

diretrizes e bases de educação, nacionalização do subsolo,

Volta Redonda, Mannesman, Petrobrás, Petroquímica,

Eletrobrás, Embratel.

Revolução tecnológica na agricultura, no comércio

exterior, indústria automobilística, naval, BNDES, enfim,

um presente dos deuses, respaldado pela Constituição mais

moderna do mundo.

Só falta o trem ser colocado no trilho, ou seja, o

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Judiciário e o Ministério Público chamarem os errados à

responsabilidade.

Ser cristão não é somente preocupar-se

com os problemas da prole, da família:

esposo/esposa, filhos, noras, genros,

netos. É preocupar–se com os

problemas sociais da comunidade, do

planeta, com a fome de Bangladesh e

da Etiópia, com o progresso da ciência,

extensivo a todos os povos, preocupar-

se com o equilíbrio da “Mãe

Natureza!” – 2004

Todo homem tem seu fraco em relação

ao sexo feminino; o meu é mulher de

pé bonito! – 2004

Desde a adolescência adquiri o hábito de reparar com

atenção os pés das mulheres. Criei uma admiração especial

por pés bonitos.

Podem ser pequenos, médios ou grandes, desde que

não exagerados, mas têm que ter uma uniformidade

anatômica.

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É duro fazer negócio com velhacos.

Alguns têm sangue frio como barata;

outros nem sangue possuem! – 2005

Para a classe média brasileira tudo o

que um poderoso de ocasião ou

capitalizado faz ou diz é interessante,

inteligente, importante, talentoso. Em

compensação, tudo que uma pessoa

sem poder ou descapitalizada faz ou

diz é bobeira, bobice, asnice, sinal de

má orientação! – 2005

O investimento em livros, cursos,

jornais, boas revistas, computadores,

enfim na formação e informação,

retorna com juros de um milhão por

cento. O que se aprende aos vinte anos

gera receita até os oitenta ou mais! –

2005

Observação aos filhos e sobrinhos.

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Fazendeiro que troca caminhonete

diesel a cada dois anos por uma zero,

em trinta anos de atividade faz gasto

equivalente a quinhentas vacas! – 2005

Todas as pessoas têm uma parte boa,

honesta, transparente mesmo no meio

de vários defeitos. Procure identificar

essa parte boa e faça parcerias! – 2006

Para melhorar das suas dores só dando

um jeito no “tranqueira cinco

estrelas!” – 2006

Fibromialgia é uma patologia com dores por todo o

corpo, ligada ao emocional (aborrecimento, decepção, etc.).

O namorado/marido “cinco estrelas” é a pedra na

chuteira das fibromiálgicas.

A China é hoje considerada potência,

porém está meio século atrás do Brasil

na solução de seus problemas

primordiais! – 2006

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Problemas em sua expansão populacional e

ocupação territorial (65% praticamente desabitada).

Apenas 11% de seu território são compostos de

terras agricultáveis; seus sistemas de saúde, previdência

social, relações trabalhistas são caóticos.

Irá passar por grandes problemas que o Brasil já

superou nos últimos 75 anos.

No feudalismo, os servos da gleba eram

mais libertos que um brasileiro do ano

2006! – 2006

A informática com os seus métodos aprisionadores

sujeitou-nos a todos: controles eletrônicos de nossas vidas,

de nosso CPF, do nosso RG, o cruzamento de dados, a

ditadura da SERASA e do SPC, a voracidade da Receita

Federal, da Super Receita, a invasão da nossa privacidade

através da quebra do sigilo bancário, telefônico, fiscal e

outras técnicas dignas da GESTAPO e da KGB.

A nossa liberdade, a nossa privacidade partiu.

Pouco nos estamos apercebendo dessa violência. Chegou de vez para invadir todos os lares, todas as mentes,

a intimidade das pessoas.

Caçadora implacável de bisbilhotices através do

número do CPF que não tem homônimos. Dilacera as

entranhas dos brasileiros e dos demais cidadãos do mundo

contemporâneo.

Não mais mandamos em nossa

intimidade/privacidade.

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Necessito de companheiros para

trabalhar em parceria conosco.

Preciso de pessoas que saibam lidar

com malabaristas e dançarinos em

negócios, mas, que não acreditam no

êxito desses posicionamentos! –

maio/2006

A reeleição do presidente no regime

presidencialista, que a admite como

nos EEUU e atualmente no Brasil, é

uma constante. As exceções foram

Bush pai e Jimmy Carter. Desde 1946

acompanho o processo! – junho/2006

Quase todos os presidentes dos EEUU que se

candidataram foram reeleitos. Somente não o foram Bush

pai e Jimmy Carter. Aqui no Brasil o mesmo sucedeu com

Fernando Henrique, quando instituída a reeleição. A gama

de poderes que o presidente manipula é muito grande.

Cláudio Lembo, Governador de São

Paulo, disse neste mês de outubro,

referindo-se a Fernando Henrique

Cardoso, que escrever cartas é coisa de

velho. Lembrar de coisas antigas talvez

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também o seja! – outubro/2006

Como reumatologista atendo grande número de

pacientes com 60, 70, 80 e até 90 anos. Descobri que

lembrar das coisas da mocidade faz bem ao psiquismo das

pessoas.

Recordo com meus clientes: ferro de brasa, fazer

sabão de cinza no terreiro, torrar café em panela de ferro ou

em torradores artesanais, ferver roupas em latas de 20 litros,

colocando-se água, folha de mamão, além do sabão; usar

anil na última água para clarear a roupa; rachar lenha no

terreiro usando-se machado 3 ½ libras, assar bolo ou pudim

botando brasas por sobre a forma, na ausência de forno!

Bonifácio Cunha foi o educador entre

os educadores; o Mestre-Escola

durante toda sua existência. Sob sua

guarda e orientação, até os animais

deveriam ser educados! – 2006

Meus filhos, minhas netas, não sejam:

alfaiates / costureiras, sem acabamento

/ finalização! – 2006

As coisas que ficam sob nossas responsabilidades

têm que ser executadas até o final, ao acabamento.

Caso contrário seria como o alfaiate/costureira que

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ao entregar a roupa nova se esquece de pregar os botões da

barguilha, do paletó, não faz o caseado, não faz a barra da

calça ou do vestido.

Apesar do gasto o traje para nada serve.

A década de cinquenta foi de Sua

Excelência o Automóvel. A primeira

década de 2000, de Sua Majestade o

Computador! – 2006

Dona Maria do Carmo pertence à

família Matias. A família Matias tem

uma história interessante! – 2006

Por 03 gerações seguidas, Dona Maria, sua filha e

sua neta foram avós aos 26 anos de idade.

Ser fazendeiro no Estado de Mato

Grosso do Sul é um “estado de

espírito”! – 2006

Sua propriedade é o local aonde ele se sente à

vontade: sem guarda de trânsito, sem sirene de polícia,

bombeiro ou ambulância, sem pedintes abordando-o à

procura de ajuda, sem local proibido para estacionar o que

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F R A S E S E F A T O S

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gera aborrecimentos e multas, sem batidas no trânsito, sem

rachas para importuná-lo durante a madrugada.

O horário da sesta é respeitado, a comida por ele

apreciada é sempre servida.

É o seu mundo.

Saúde excelente em pessoas de setenta

anos ou mais, é caso de PROCON!

Trata-se de propaganda enganosa! –

junho/2007

Obter sucesso em empreendimento

problemático, quase impossível é uma

benção dos Céus!

Deve-se ter a coragem, determinação e

audácia suficiente para encará-lo! –

junho/2007

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F R A S E S E F A T O S

- 177 -

FATOS

Por que a denominação “Voluntários

da Pátria” que dá nome a importante

via pública no Rio de Janeiro e em

várias outras cidades? – Década de 50

Tive a explicação em Cuiabá e Poconé. Um de

nossos bisavôs paterno, Major Firmino Nunes Rondon, foi

um “Voluntário da Pátria”.

Em certa fase da Guerra do Paraguai, as forças de

Lopes tiveram supremacia sobre as brasileiras. Avançaram e

conquistaram Corumbá, Coimbra e grande parte do território

sul-mato-grossense. Nossas tropas eram insuficientes.

Foi aberto voluntariado em Cuiabá e outros pontos

do país.

Major Firmino foi um dos Voluntários.

Adestrados militarmente, chegaram até Coxim para

bater as tropas invasoras.

O Exército Brasileiro conseguiu rechaçar o avanço e

vencer a guerra.

As filhas dos Voluntários (na nossa família: Augusta,

minha avó, Calúpia, tia Elisa Caporossi), foram agraciadas

com pensões.

Também filho do Major Firmino, meu tio e padrinho,

Joaquim Arruda Rondão, muitas vezes citado.

A guerra do Paraguai deixou um herói poconeano:

Ten. Antônio João Ribeiro, que comandou a resistência e

sucumbiu, estando sepultado em um mausoléu em Antônio

João, Mato Grosso do Sul.

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F R A S E S E F A T O S

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Não tenho preocupação. A mim eles

pagarão! – 1963

Chegando em Aquidauana, em 1963, para começar o

exercício de medicina, colegas vendo-me atender

determinadas pessoas diziam: “esse não paga nem promessa

para santo”.

Desistimulavam-me.

Não segui o conselho deles e dei-me bem.

Pare de se lamentar colega. O seu mal

não tem cura! – 1963

Quando da minha chegada em Aquidauana para

trabalhar, em 1963, determinado colega queixava-se do ônus

e da injustiça jogadas sobre as costas da classe médica:

salários baixos, aposentadorias precárias, atendimento à

época de grande faixa da população sem nenhuma

remuneração, como “indigentes”, sem ganhos e sem

abatimentos no Imposto de Renda.

Tentei explicar-lhe: “Você nasceu e trabalha num

país subdesenvolvido, num estado subdesenvolvido e em um

município interiorano e subdesenvolvido. Escolheu por

profissão aquela em que o maior número de usuários são

sub-alimentados, carentes, de condição socioeconômica

precária.

Portanto, não adianta se lamentar, seu mal não tem

cura. Carregue a sua cruz!”.

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F R A S E S E F A T O S

- 179 -

Meu tio Toquinho, necessito de um

favor de sua parte: que se case por

procuração com a minha noiva aí no

Rio de Janeiro. – setembro/1964

O pedido foi atendido. Não seria aconselhável

ausentar-me de Aquidauana pois estava respondendo

processo como incurso na Lei de Segurança Nacional, em

decorrência do Movimento Militar de março de 1964. E o

casamento realizou-se na Pretoria, sem a minha presença,

em dezembro daquele ano.

Balbino Machado, nordestino, zelador

e responsável pela praça Estevão

Correa, em Aquidauana, tinha um

hábito exótico: degustar carne de

jaboti! – 1968

Balbino muito se empenhava pelo bom andamento

das coisas na tradicional “pracinha” de Aquidauana.

Pequena, porém, festejada praça.

Ali, nos finais de semanas, tínhamos a presença da

esperada “Retreta”, festival de música a cargo da banda da

prefeitura. Na praça aconteciam os flertes, os namoros e

pedidos de noivados.

Era a mesma engalanada por coqueiros da Bahia e

Palmeiras Imperiais. Foi desativada em nome do progresso e

em seu lugar construíram-se prédios.

O melhor presente para Balbino era um jaboti.

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F R A S E S E F A T O S

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É a verdade?

Somente a verdade?

É bom para todos os companheiros?

Será útil à comunidade?

Rotary Club. Prova Quádrupla Análise/Reflexão

Década de 60/70, pertenci ao Rotary Club

Internacional em Aquidauana, ocupando inclusive a

presidência.

Minha senhora, a consulta é demorada,

quando o paciente além de dor nas

juntas é tomado de dor na alma! –

1987 (Previsul)

Certa feita uma paciente aflita pela demora para ser

atendida e pelo número limitado de agendamentos, queixou-

se dizendo que se eu não demorasse tanto para atender cada

paciente poderia atender um número bem maior de pessoas.

Dei-lhe a resposta contida na frase.

O Pantanal e a Amazônia me

emocionam, comovem, entusiasmam! –

1987

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F R A S E S E F A T O S

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Nos três anos de trabalho na SUDECO, em Brasília,

percorremos a Amazônia e o Pantanal.

Bajuca, você que é muito prático em

pecuária, explique-me o que está

acontecendo com os garrotes que têm

pouco desenvolvimento! – Década de

90

Respondeu-me: “Cigarrinha de chifre”, ou seja,

excesso de lotação. A cigarrinha é uma praga que ataca a

braquiária, consumindo-a e concorrendo com os bovinos.

Aliás, Joaquim de Arruda, 40 anos antes, já havia me

alertado sobre os malefícios do excesso de lotação de

bovinos e ovinos.

Na Fazenda Belo Horizonte, além de bovinos,

criavam-se também 1000 ovelhas.

Desculpe-me companheiro. Vou lhe

contrariar. Em minha opinião o

problema do pecuarista não está nos

custos operacionais da fazenda! – 1995

Convivendo com pecuaristas que se queixam de que

o custo operacional da fazenda está muito elevado, não

condizente com a atividade, tenho discordado.

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F R A S E S E F A T O S

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Pela minha pesquisa, o custo da folha de pagamento,

encargos, insumos e limpeza de invernadas não é o

complicador para a vida financeira do pecuarista.

Essas despesas são extremamente baixas se

comparadas com a troca de viatura por pressão familiar,

gasolina que se gasta na cidade, custos com educação,

recreação e lazer, academias de ginástica, aulas de inglês,

natação, dança,com os familiares. Estes custos não são da

Fazenda.

Além do mais, em Mato Grosso do Sul, como regra,

criou-se um hábito: os filhos uma vez adultos se

desinteressam pela permanência na fazenda para ajudar nas

lides rurais.

As praias são mais interessantes.

No entanto, não se apercebem que já que gostam da

cidade, devem ganhar dinheiro com atividades citadinas

(médico, advogado, dentista, corretor, artista plástico, etc.).

O que não dá certo é não colaborar com a fazenda,

em termos de trabalho, e querer viver do dinheiro dela.

Quero conhecer a Capital da Cultura,

do Refinamento e a Meca do

Capitalismo! – 1996

Preparei em 1997, viagem de Campo Grande para

São Paulo e dali para Paris. Conheci o Louvre, Arco do

Triunfo, Túmulo de Napoleão Bonaparte, Notre Dame.

De Paris, voei para Nova York. Lá conheci o

Metropolitan, Museu de Arte Moderna, a sede da ONU, a

Meca do Capitalismo (Wall Street), Washington, Atlantic

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F R A S E S E F A T O S

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City. Em abril e maio de 1997.

O povo francês é efetivamente

educado. Além do grande acervo

cultural, Paris, sua capital, conta com

uma população que respeita as leis do

trânsito, devota grande respeito aos

compradores, mesmo forasteiros, e tem

um excelente comportamento em

ambientes coletivos, não elevando a

voz, mesmo quando com consumo de

álcool! – abril/97 (Relatório de Viagem

a Paris)

O fato mais marcante que, de fato,

diferencia os americanos dos

brasileiros são seus hábitos culturais,

seu sistema de vida, que propiciam o

self made men ... – maio de 97

(Relatório de viagem aos EEUU)

Os jovens, em sua maioria aos 16 anos, tanto homem

quanto mulher, procuram o seu rumo.

Devem morar, acertar e errar sozinhos, não ter

dependência dos pais, inclusive com relativa independência

financeira.

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F R A S E S E F A T O S

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Dos dez aos sessenta anos travei

contato com a cultura lusitana, negra,

indígena e hispânica, do Brasil, do

Paraguai e da Bolívia.

Aos sessenta anos fui à França, que

teve forte influencia no Brasil, antes da

Segunda Guerra Mundial, e aos

Estados Unidos, que através de

Hollywood e da televisão, tiveram

significativa ascendência sobre nossos

hábitos e costumes.

Agora aos setenta, tenho vontade de

conhecer a Ásia. Na China, a Grande

Muralha e a Hidrelétrica das “Três

Gargantas”, no Rio Yang Tse.

Nos demais países, os grandes templos

budistas e o dinamismo das suas

economias! - 2000 (Campo

Grande/MS)

Talvez tenham sido fabricados em

horário errado! – 2000

Resposta a um amigo que fazia observações

desfavoráveis a capacidade de concentração, falta de

determinação dos jovens atuais, no serviço, nos estudos.

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F R A S E S E F A T O S

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Uma fração da população está hoje

necessitada de alimentação, outra de

educação, outra de médicos, hospitais,

remédios.

Porém, cento e setenta milhões de

brasileiros, incluindo crianças, adultos

e idosos, dependem diuturnamente de

Segurança Pública.

Esta, lastimavelmente, é muito pouco

provida / fornecida! – junho/2001

Carta enviada ao Presidente Fernando Henrique

Cardoso e posteriormente reenviada para o Presidente Luiz

Inácio Lula da Silva, após sua posse.

Sugeria-se uma nova estratégia para a Segurança

Pública, onde o investimento fosse direcionado em 1º lugar

ao policial.

Considero brilhante a conclusão a que

chegou, e a atitude que tomou, o

Estadista russo Mikhail Gorbachov.

Tenho-o como o homem mais sábio,

entre os Estadistas, do final do Século

XX (Década de 80 e inicio da de 90)! –

2001

Acompanho Política Internacional desde 1943.

Juntamente com meu pai e seus amigos acompanhei o

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- 186 -

desenrolar e o final da Segunda Guerra Mundial.

O Marxismo-leninismo e o Socialismo tiveram sua

teorização no Século XIX com Marx e Engel. Lênin

conseguiu colocá-lo na prática com a Revolução de 1917 na

Rússia, derrotando a Dinastia Czarista e implantando uma

República Socialista.

Em 1945, após o final da Segunda Guerra Mundial, a

Rússia, vitoriosa com os demais aliados sobre o Nazismo,

expandiu o seu domínio sobre a Europa Oriental e criou a

União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.

A Federação englobava quinze (15) Repúblicas com

relativa autonomia, porém, sob o comando da República

Russa. Com o passar dos anos duas situações emergiram:

1º - Criou-se mal-estar entre as nações subjugadas

que queriam autonomia de fato;

2º - O Socialismo, idéia-mãe consolidada na União

Soviética, espraiou-se por todos os continentes: Ásia (China,

Coréia do Norte, Vietnã); América Latina (Cuba); África

(vários paises africanos); Europa (Leste Europeu), etc.

Gorbachov intuiu que deveria tirar a Rússia de cena.

Implementou a Glasnost e a Perestroika.

Através destes mecanismos deu a autonomia

desejada por diversos paises da antiga “Cortina de Ferro”;

refreou por parte da República Russa a “Corrida

Armamentista”, diminuindo as suas despesas e o seu

poderio militar.

Sua inteligência arguta fê-lo enxergar que o

Socialismo era uma idéia universalizada à disposição de

todos os povos; a idéia não mais necessitava ter “gurus” e

cada povo que a seguisse ou deixasse de segui-la, conforme

sua inclinação.

A República Russa, após período de adaptação, com

alguns contratempos econômico-financeiros, recuperou a

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F R A S E S E F A T O S

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qualidade de vida de seu povo e só se sabe de melhorias

naquele país.

Distribuição de rendas, distribuição de

oportunidades, inclusão social, distribuição patrimonial

através de desapropriações, de tributações progressivas,

nada mais são que postulados do Socialismo.

Fiz um trato com São Pedro. Não

lucrei, mas o meio ambiente

agradeceu! – 2003

Comprei uma propriedade no pantanal baixo do

Nabileque.

Durante os 22 anos em que fui proprietário somente

não houve enchente em cinco anos.

Ocupava a propriedade com dificuldades e já tinha

que correr das enchentes.

Perguntado sobre o meu prejuízo, por não poder

ocupar racionalmente a propriedade, dei a resposta.

Conheci Bonito, e suas belezas

naturais, em estado “selvagem”! – 2004

Primeiramente, na década de 40, quando passava as

férias na Fazenda Belo Horizonte e ia, a cavalo, buscar

correspondência para Tio Joaquim.

Como médico radicado em Aquidauana, na década

de 60, levado por Clealdon Assis (baiano), de avião

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Paulistinha, ia a Bonito prestar assistência médica.

Conheci o Rio Formoso, Ribeirão Sucuri, Gruta do

Sr. Homero (Lago Azul), e muitas outras belezas naturais.

Hoje grandes atrativos turísticos.

Em minha infância confeccionava

cigarros de palha para vovô Fenelon e

Wady Miguel! – 2004 (Campo

Grande/MS)

Picava o fumo com canivete, enrolava em palha de

milho, dobrava as pontas.

Em troca eles me contavam histórias.

Indago, a título de pilhéria, a pacientes

bem humorados, qual a grande ajuda,

que marido e mulher podem dar um ao

outro, depois dos sessenta e

cinco/setenta anos de idade, filhos

criados, casados, netos nascidos! – 2004

Ajudar a lembrarem-se das contas que irão vencer,

de apagar a luz, de achar determinado número telefônico

necessário, de verificar se as portas e janelas estão bem

fechadas, se já tomou os remédios, se já ligou para o

aniversariante do dia.

Parece pouco, mas é muita ajuda.

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F R A S E S E F A T O S

- 189 -

Não existe na vida nada mais

complicado do que guerrear

juridicamente com o Governo Federal.

Possui uma legião de advogados que

necessitam criar ônus ao contribuinte

(tributos, multas, ilícitos) e têm o dever

de recorrer sempre das sentenças! –

2005

Quero conhecer o Pátio do Colégio! –

abril/2005

O amigo Ely ofereceu-se para ciceronear-me na

cidade de São Paulo.

Passei àquela ocasião, 80 dias naquela cidade e em

Campinas, aprendendo sobre teoria dos grupos sanguíneos e

sistemática operacional bancária, a nível internacional, para

complementar meus conhecimentos nessa área.

Pedi-lhe que me levasse para conhecer o PÁTIO DO

COLÉGIO, ponto histórico de alta relevância tanto para São

Paulo, como para o centro-oeste brasileiro.

No colégio fundado pelo Padre José Anchieta,

iniciou-se o verdadeiro processo civilizatório dos gentios.

A partir desse núcleo, São Paulo se desenvolveu e

através das Entradas e Bandeiras, os Paulistas penetraram

nos confins de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás à

procura de pedras preciosas e materiais nobres.

Levaram os ensinamentos e a doutrina católica

através dos jesuítas.

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F R A S E S E F A T O S

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Era a civilização ocidental conquistando os gentios

pela religião e pela instrução.

Lá estão carinhosamente guardados os ossos de José

de Anchieta para visitação pública.

A Constituição brasileira de 1988, em

seu TITULO VIII, Capítulo VIII, que

trata da proteção às Comunidades

Indígenas, foi infeliz!

Conseguiu ser desfavorável aos

interesses dos indígenas e dos

proprietários rurais! – setembro/2005

Através de seu próprio texto e de leis acessórias,

pretende viabilizar terras para os silvícolas de uma maneira

equivocada.

Em virtude das falhas em suas redações, ocorrem

intermináveis disputas judiciais.

Ao Congresso Nacional cabe a correção dessas

distorções.

O primeiro fato registrado em minha

memória foi a procissão em

homenagem a Pio X, em Três Lagoas!

– 2006

É o primeiro fato de que me recordo. Foi uma

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procissão, em Três Lagoas, relacionada ao 7º dia de

falecimento de Pio X. Final de 1939.

Tinha três anos e alguns meses de idade.

Viajamos de trem em companhia de nossa mãe (eu,

Leonardo e Afonso, ainda de colo). Fomos visitar os tios

Jolinda e Pelópidas e os primos Etelvina, Gute, Sebastião e

Maria do Carmo.

Não me lembro se o “Neguinho” já era nascido.

Tia Jolinda, católica praticante ajudou a organizar a

Procissão que se seguiu à missa solene de 7º dia.

Lembro-me, também, em Três Lagoas, da figura

popular do “Zé Camisola”.

Estou comemorando vitória em cima

de insucessos anteriores. Para mim

vale a pena. Para outros talvez não

faça sentido! – 2006

Não sei falar alto. Fui educado em

colégio de padres salesianos onde falar

alto dava castigo: ficar em pé embaixo

do sino durante o recreio! – 2006

Resposta a uma funcionária de xérox que pediu para

eu falar alto de fora do balcão enquanto ela operava uma das

copiadoras e queria ganhar tempo.

Tive entre outros, dois exemplos

dignificantes de determinação e força de

vontade. Dois colegas extraordinários

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em busca de um diploma de curso

superior (3º grau)! – 2006

Quando cursei a quarta série ginasial em Cuiabá, no

Colégio Salesiano São Gonçalo, fui colega de Severino

Marques, menino muito pobre, amazonense que lá estudava.

O colégio, a título de incentivo, não cobrava

mensalidade do aluno que obtivesse o primeiro lugar entre

todas as séries.

Severino nunca pagou uma só mensalidade da

primeira à quarta série ginasial.

Fizemos “vaquinha” para proporcionar-lhe o terno

para que pudesse comparecer às festas de formatura.

No Colégio Estadual de Mato Grosso (Cuiabá), onde

fizemos o 1º Científico, também despontou em 1º lugar.

Severino com esforços sobrenaturais conseguiu

estudar Engenharia no Rio de Janeiro e ingressou no Quadro

de Engenheiros da Petrobras.

Outro exemplo marcante foi de determinado colega,

na Faculdade de Ciências Médicas Rio de Janeiro, onde me

formei.

Para conseguir a sua sobrevivência (tínhamos aulas

nos dois períodos), tocava pistão nos cabarés da Lapa, pelas

madrugadas.

No quarto ano, por excesso de esforços e fraca

alimentação, foi acometido de grave afecção pulmonar.

A doença não limitou sua determinação e colou grau

junto com a turma em 1960.

Exemplos edificantes de perseverança!

Daqui a séculos quando se estudar nossa história,

chegar-se-á a conclusão que o século XX foi o “século de

ouro” do Brasil. Rubens Cunha – 2008.

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F R A S E S E F A T O S

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MATO GROSSO DO SUL

SUA HISTÓRIA - SUAS

POTENCIALIDADES

Mato Grosso do Sul não é um estado qualquer, surgido ao

acaso!

Foi idealizado nos primórdios do século XX, dentro de duas

ópticas:

1º - Insatisfação de lideranças políticas, entre elas Jango

Mascarenhas, Bento Xavier, Gomes, João Teixeira Muzzi,

João Barros Cassal, Vespasiano Martins e outros com a

condução da Administração Pública do Sul de Mato Grosso,

pelo Governo de Cuiabá.

2º - Concepção Geopolítica através de trabalho de Mário

Travassos, então Capitão, que propôs a redivisão territorial

do Brasil e recebeu apoio do Estado Maior das Forças

Armadas.

Jango Mascarenhas, 2º Vice-governador de Mato Grosso,

então residente em Nioaque, fez a primeira tentativa

separatista.

Exilou-se no Paraguai.

Reorganizou suas forças e fez nova incursão, sendo morto às

margens do Rio Taquarussú, no hoje Município de

Anastácio. Está sepultado no Cemitério Público de

Aquidauana.

Em 1907, tivemos a revolta do gaúcho Bento Xavier, na

região de Bela Vista.

Na segunda década do Século passado houve a “Revolta do

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Gomes” que sublevou o Destacamento da Polícia Militar de

Bela Vista, insurgindo-se contra o Comando de Cuiabá.

Em época mais próxima tivemos, em 1932, o engajamento

de Vespasiano Martins e companheiros que foram à luta por

ocasião da Revolução Constitucionalista de 1932, aliando-se

ao General Klinger.

Os movimentos “Constitucionalista” e “Divisionista”

tiveram grande apoio em Bela Vista, Vila de Porteiras, hoje

Caracol e Porto Murtinho. Nesta região se travaram as

maiores batalhas militares, envolvendo revoltosos, Exército

Brasileiro e Marinha de Guerra, que deslocou equipamentos

de Ladário e veio dar apoio às tropas terrestres em Porto

Murtinho.

Nesta época tiveram os Divisionistas apoio de Oficiais do

Exército que serviam no Sul de Mato Grosso, entre eles

Gastão Nunes da Cunha e Crescêncio Monteiro da Silva.

Com a derrota de Klinger e dos demais

Divisionistas/Constitucionalistas, esses Oficiais foram

afastados do Exército, sendo posteriormente reintegrados.

Nesta ocasião (1932), houve instalação do Estado tendo sido

impresso, inclusive, Diário Oficial.

Em 1947, houve proposta de Divisão do Estado na

Assembléia Legislativa em Cuiabá.

Houve empate na votação e o Presidente da Casa deu o Voto

de Minerva, desfavorável à Divisão.

No Regime Militar que iniciou em 31/03/1964, a idéia da

Divisão foi impulsionada pelos Geopolíticos, Generais

Meira Matos, Golbery do Couto e Silva e Ernesto Geisel.

Este último como Presidente efetuou a Divisão do Estado

através de Lei Complementar, sendo o primeiro Governador

do Mato Grosso do Sul, o Engenheiro Harry Amorim Costa.

A redivisão territorial do Brasil frutificou de maneira parcial

na era Vargas/Dutra.

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F R A S E S E F A T O S

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Foram criados os Territórios: Federal de Ponta Porã, que

abrangeu certa área do Estado de Mato Grosso do Sul,

Guaporé, que se constituiu no Estado de Rondônia, Acre,

Amapá e um quinto que veio a constituir o Estado de

Roraima.

Na concepção de Mario Travassos, dentro da redivisão

territorial do Brasil, na área hoje geograficamente ocupada

por Mato Grosso do Sul, deveria ser criado um dos novos

Estados.

Estado forte, com forças armadas adequadas, em número e

preparo apropriado para manter a soberania em nossas

Fronteiras.

Deveria o Estamento Militar ser coadjuvado por competente

aparelho policial, para dentro de suas atribuições

constitucionais, se contrapor ao descaminho, contrabando,

evasão fiscal e tudo o mais que fosse lesivo aos interesses

nacionais.

Serviria, inclusive, como Sentinela Avançada da Pátria,

frente à quaisquer interferências lesivas, seja do ponto de

vista ideológico, econômico, social, destruição de recursos

pesqueiros, floristicos, faunistico e chegada clandestina de

emigrantes.

Nessa época o narcotráfico e o contrabando de armas não

tinham se afirmado ainda como problemas prioritários.

Em sua opinião (Mario Travassos), as influências exógenas

e exóticas teriam mais chances de chegar ao Brasil via

Oceano Pacífico, Paises Andinos / América Hispânica.

Um Estado leve do ponto de vista burocrático, em outras

áreas que não as relacionadas ao policiamento ostensivo e

preventivo, e aparelho arrecadatório.

Dotado de eficiência e eficácia.

Bem equipado para fiscalização/repressão aérea, fluvial e

terrestre.

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F R A S E S E F A T O S

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Judiciário, Ministério Público e Sistema Prisional

consistentes.

As atividades econômicas ficariam à cargo da iniciativa

privada.

Conforme prevê a lei, haveria restrições à localização de

não-brasileiros nas áreas de Fronteira e Segurança

Nacionais.

Sistematização em relação às licenças de ocupação para as

terras lindeiras a paises vizinhos.

Há que se notar que Mato Grosso do Sul está em posição

estratégica privilegiada em relação a Bolívia, Paraguai e

Chile e com grande proximidade da Argentina e Uruguai.

Relativamente próximo ao Oceano Pacífico.

O Estado a ser implantado, deveria funcionar como uma

plataforma, um enclave avançado no âmago da América

Latina com finalidades precípuas:

1ª – Angariar o respeito dos paises hispânicos que ao Sul e

ao Oeste nos cercam.

2ª – contrapor-se ao nosso isolamento lingüístico e cultural

em relação aos paises da América Espanhola;

3ª – Funcionar, como base exportadora, de nossa cultura,

impar no Continente, (luso-afro-amerindea);

4ª – efetivar, enfim, “a Marcha para o Oeste”, ambicionada

por muitos Estadistas desde a Velha República.

5ª – A estas finalidades inicialmente perseguidas,

acrescentou-se mais uma com a dinâmica do progresso

econômico: “Funcionar como Pólo dinâmico de Comercio

Exterior, dinamizando os Setores de Importação e

Exportação”.

Vale lembrar que Campo Grande já funciona como

importante pólo, na prestação de serviços na área médica,

aos países vizinhos, recebendo consulentes do Paraguai e

Leste da Bolívia.

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R e b u s c a n d o a M e mó r i a

F R A S E S E F A T O S

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Temos a considerar em relação ao Mato Grosso do Sul e ao

Brasil:

Em relação aos paises da América Espanhola muita pouca

coisa temos em comum; nossas populações se diferenciam

do ponto de vista étnico.

Somos um caldeamento de portugueses, africanos e fraco

componente indígena. As populações hispânicas têm uma

forte influencia indígena, miscigenada com fraco

componente europeu. Caso da Paraguai, Venezuela,

Colômbia, Peru, Bolívia, Equador e Chile.

Do ponto de vista ideológico são, grosso modo, os

hispânicos, guiados pelos ideais de Simon Bolívar

(bolivarismo).

O Bolivarismo, na verdade, é uma política nacionalista e,

modernamente, adotou certo matiz de “Socialismo dos

Trópicos”.

No Brasil predominam negros e mulatos, em igual número

da população branca, na maioria originária de portugueses.

Fazem exceção os Estados do Sul e certa influencia

remanescente no Nordeste, da ocupação holandesa.

Também, certa porcentagem de cruzamento com raça

asiática, em especial japonesa.

Mato Grosso do Sul, tem do ponto de vista econômico, uma

vocação para produzir commodities, seletivamente: grãos,

papel/celulose; açúcar/álcool; carne bovina/couro vacum;

ferro/manganês/aço; biodiesel a partir da mamona, girassol,

soja, pinhão manso; mandioca/fécula/farinha.

O turismo tem seu lugar no Pantanal pela sua beleza

paisagística.

Mato Grosso do Sul tem, entretanto, limitações climáticas

importantes e alguma limitação de solo.

O Estado está localizado na faixa inter-tropical. Em virtude

dessa posição geográfica, é vitima de tropeços climáticos

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F R A S E S E F A T O S

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importantes: calor excessivo pela proximidade com o

Equador; frentes frias e ventos gelados provenientes da

Patagônia, ao Sul; da mesma maneira frentes frias e massas

geladas provenientes dos Andes a Oeste.

Temos experiências pouco satisfatórias em termos de

agricultura em Mato Grosso do Sul, em algumas culturas.

A destruição dos cafezais em formação em 1975 e 1978.

Perda praticamente total do arroz de sequeiro em 1978.

Podemos exemplificar com o ocorrido na Fazenda Estiva,

no Chapadão do Sul, então de nossa propriedade.

Constatamos -4º C (quatro graus negativos) em maio de

1968 e 42º C (quarenta e dois graus positivos), à sombra em

fevereiro de 1978, com 22 dias de estiagem quando o arroz

formava seus cachos.

Em Aquidauana, na década de 60, constatei numa tarde, a

temperatura cair de 36º C para 12º C no intervalo das 14 às

20 horas (conseqüência de ventos gelados provindos dos

Andes).

Somente gado de corte, em especial zebuíno e plantas

rústicas, como mandioca, mamona, pinhão manso, e

determinadas frutas como manga, goiaba, e limões,

suportam as extraordinárias variações climáticas. O gado de

origem européia sofre o impacto negativo do excesso de

calor em boa parte do Estado.

Soja e girassol têm limitações relativas.

A cana de açúcar ainda não foi testada. Plantios em grande

escalas não sofreram o impacto de geadas como as de

1975/78.

Grandes geadas de nosso conhecimento aconteceram em

1919, 1932, 1968, 1975 e 1978, ou seja, cinco em um

século.

Ocorrência de geadas de menor intensidade é mais

freqüente.

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F R A S E S E F A T O S

- 199 -

Há que ser feito estudo a respeito do aproveitamento

maciço, a curto prazo, da cana em casos de geadas, quando

ocorre o congelamento do caldo, contido no caule, podendo

inviabilizar a vida da planta.

Milho e arroz sem irrigação, têm serias limitações.

Florestamento com eucalipto/pinus, tem dado certo.

Para que haja desenvolvimento econômico, social, criação

de empregos e renda, capitalização dos setores produtivos, o

caminho a trilhar será o inicialmente idealizado, com a

utilização das experiências, dados estatísticos e tecnologias

auferidas ao longo do Século XX.

O microclima é conhecido, os solos (21% pantanais, ± 70%

terras mistas/arenosas de média e baixa fertilidade).

Um máximo de 9% de terra fértil padrão Norte do Paraná,

Ribeirão Preto, Pontal do Tietê.

Concluindo, a posição geográfica é privilegiada, o

empresariado está preparado, o solo e clima tem limitações.

Mato Grosso do Sul deverá trabalhar em cima de objetivos

definidos:

1º - Agricultura/Pecuária/Agroindústrias utilizando

raças/plantas compatíveis com microclima e solos. Agregar

valor aos produtos primários.

2º - Pólo de florestamento/papel/celulose com plantas

adaptadas;

3º - Pólo minero/siderúrgico com o aproveitamento do

manganês/ferro/calcário existentes em Corumbá, Ladário e

Serra da Bodoquena;

4º - Pólo sucro/alcooleiro com planejamento estratégico para

aproveitamento dos canaviais em caso de grandes geadas;

5º - Pólo de fabricação de biodiesel utilizando-se plantas

adequadas à realidade das terras e do clima;

6º - Turismo com a exploração sustentada das nossas

belezas paisagísticas;

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7º - Implantação de competente sistema de transportes

intermodal com a colaboração do Governo Federal e dos

Paises vizinhos;

8º - Procura incessante das rotas para atingir o Oceano

Pacífico;

9º - Implantação de armazéns alfandegados/portos secos e

pujante informatização, visando comercialização de

matérias-primas e produtos industrializados de Mato Grosso

do Sul, buscando expansão para o Sul e Centro de Mato

Grosso, Sudoeste de Goiás, Noroeste de São Paulo, Norte e

Noroeste do Paraná, Norte e Noroeste do Paraguai, Leste da

Bolívia;

Importante iniciativa nesse sentido ocorreu em 28/09/2007,

com a assinatura de contratos para a implantação do

Terminal Intermodal de Cargas (TICC) e do Centro

Logístico e Industrial Aduaneiro de Campo Grande (CLIA),

ambos na Capital.

10º - Batalhar por uma maior presença dos produtos de

Mato Grosso do Sul junto aos centros consumidores da

América Hispânica;

11º - Política aeroviária definida, lutando para que os vôos

com destino à América Hispânica, Canadá, Estados Unidos

e Ásia (tendo neste caso, como apoio, aeroportos do EEUU

e Canadá), façam escalas em Campo Grande;

12º - Buscar um competente intercâmbio cultural, trazendo-

se estudantes e jovens executivos de todos os paises

hispânicos para estagiarem em Mato Grosso do Sul.

Em contrapartida remeter recursos humanos de nosso

Estado para estagiar naqueles países.

13º - Massificar o aprendizado do espanhol para que esse

idioma se torne a segunda língua dos sul-mato-grossenses.

(É sabido que o espanhol é bastante falado e entendido tanto

no EEUU como nos países europeus).

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Daí, a primeira iniciativa, dar-se com o aprendizado do

espanhol, de mais fácil assimilação por nossos jovens.

A língua inglesa e as asiáticas ficarão para uma segunda

oportunidade.

14º - Expandir o aprendizado das habilidades em Comércio

Exterior.

COMENTÁRIO

Em nossa opinião, o Turismo contemplativo/ecológico não

deve ser esquecido, porém tem limitações. Nosso Pantanal,

pela limitação de clima (excesso de calor) e pela abundancia

de mosquitos, sofre restrições.

Por último, como “META SÍNTESE” destas sugestões,

criar um verdadeiro “Tigre Sul-Mato-Grossense”.

Tenho fé que Mato Grosso do Sul,

através de seus filhos e dirigentes, em

especial Governadores competentes,

audazes e criativos, Parlamentares com

espírito público, irá cumprir a missão

para a qual foi idealizado e criado!