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A navegação consulta e descarregamento dos títulos inseridos nas Bibliotecas Digitais UC Digitalis, UC Pombalina e UC Impactum, pressupõem a aceitação plena e sem reservas dos Termos e Condições de Uso destas Bibliotecas Digitais, disponíveis em https://digitalis.uc.pt/pt-pt/termos. Conforme exposto nos referidos Termos e Condições de Uso, o descarregamento de títulos de acesso restrito requer uma licença válida de autorização devendo o utilizador aceder ao(s) documento(s) a partir de um endereço de IP da instituição detentora da supramencionada licença. Ao utilizador é apenas permitido o descarregamento para uso pessoal, pelo que o emprego do(s) título(s) descarregado(s) para outro fim, designadamente comercial, carece de autorização do respetivo autor ou editor da obra. Na medida em que todas as obras da UC Digitalis se encontram protegidas pelo Código do Direito de Autor e Direitos Conexos e demais legislação aplicável, toda a cópia, parcial ou total, deste documento, nos casos em que é legalmente admitida, deverá conter ou fazer-se acompanhar por este aviso. [Recensão a] BAUZÀ, Hugo Francisco - El Imaginário Clásico. Edad de Oro, Utopia y Arcádia, Universidade de Santiago de Compostela Autor(es): Oliveira, Francisco de Publicado por: Faculdade de Letras da Univerisade de Coimbra, Instituto de Estudos Clássicos URL persistente: URI:http://hdl.handle.net/10316.2/28735 Accessed : 9-Jul-2021 07:40:12 digitalis.uc.pt

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    de Autor e Direitos Conexos e demais legislação aplicável, toda a cópia, parcial ou total, deste

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    este aviso.

    [Recensão a] BAUZÀ, Hugo Francisco - El Imaginário Clásico. Edad de Oro, Utopia yArcádia, Universidade de Santiago de Compostela

    Autor(es): Oliveira, Francisco de

    Publicado por: Faculdade de Letras da Univerisade de Coimbra, Instituto de EstudosClássicos

    URLpersistente: URI:http://hdl.handle.net/10316.2/28735

    Accessed : 9-Jul-2021 07:40:12

    digitalis.uc.pt

  • Vol. XLVIII

    IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRACOIMBRA UNIVERSITY PRESS

  • 369

    BAUZà , Hugo Francisco, El Imaginário Clásico. Edad de Oro, Utopia y

    Arcádia, Universidade de Santiago de Compostela, Servicio de

    Publicacións e Intercambio Científico, 1993, 226 p.

    Como escreve o Prof. Díaz y Díaz, no prólogo, Hugo Bauzà soube unir o rigor filológico com uma exposição clara e amena, muito apropriada à abundância de informação inerente a um objectivo grandioso: pesquisar, nas literaturas grega e latina, três temas de grandes implicações literárias e ideológicas.

    Na I Parte, consagrada à Idade do Ouro, o autor descreve os lugares-comuns desse mito, que com frequência revela uma nostalgia do passado, salvo no caso em que é transferido para o plano político, onde se reporta ao presente e permite a Virgílio louvar Augusto (p. 23). São sucessivamente analisados temas tão impor-tantes como o mito das idades, tanto numa perspectiva de mitologia comparada como através da análise do pensamento grego e latino, desde Hesíodo (p. 32 ss.: trans-forma o tema das idades no tema das raças humanas; acrescenta a quinta idade, ou seja, a dos heróis; imagina que, ao morrer, o homem pode subtrair-se a ser confinado no Hades), a Virgílio (p. 39 ss.: difícil de interpretai por muitas vezes operar um jogo deliberado entre alusão e ilusão, e criar um sincretismo explicável por razões poéticas; saliente-se a acuidade da análise das p. 48 ss., onde se escreve que, nas Geórgicas, "asistimos a una edad de oro lograda merced ai esfuerzo tenaz dei género humano en que este, hostigado por la pobreza, debe empenarse en superar esa condición"), e a outros poetas augustanos e autores posteriores, nos quais se observa a tendência para polarizar o mito das idades em duas, a do ouro e a do ferro (p. 55).

    Num segundo capítulo desta I Parte, é discutida a questão da idade do ouro perante o tempo e a história, gerando-se a oportunidade para abordar questões como as noções de tempo cíclico e de tempo linear, com implicações no conceito de progresso (p. 63 ss.), de que se ocupou em especial L. Edelstein (p. 67). O assunto permite uma passagem por variados autores gregos e latinos, assinalando-se que estes privilegiam o conceito linear de tempo (ver em esp. p. 79 ss., a propósito de Lucrécio; p. 85 ss., quanto aos historiadores).

    Um terceiro capítulo é dedicado à evasão no espaço, com especial empenho no topos do locus amoenus, com frequência caracterizado pela insularidade; nos motivos dos Campos Elísios (p. 96 ss.) e das Ilhas dos Bem-Aventurados (p. 102 ss.); na análise do pensamento de autores como Hesíodo e Píndaro, Horácio e Virgílio, nestes últimos se verificando a adequação dos mitos aos marcos histórico-políticos de Roma, graças a um sincretismo de várias -doutrinas e concepções, como se escreve nas p. 119-120.

    A II Parte é dedicada ao tema Utopia. Num bosquejo panorâmico, é traçada a história e evolução do género, de Platão aos Sofistas (cf. p.146 ss.: a utopia na controvérsia physis/nomos), à comédia grega (interessante o capítulo "A utopia gastronómica ou gustativa", nas p.165 ss.), à novela grega, onde sobressai a afirmação de que as Histórias Verdadeiras de Luciano "são a 'sensata' resposta de um cínico à literatura de evasão, em moda entre os novelistas gregos dos séc. I e II".

    A ΙΠ Parte é consagrada à Arcádia, sendo posta em relevo a importância de Políbio como criador da ideia de pastores-músicos (p. 196), e de Virgílio, cuja

    24

  • 370

    originalidade consistiu em "ter transfigurado a Arcádia real" (p. 197), trans-formando-a "no símbolo de um espaço ideal de perfeita felicidade" (p. 204).

    Em suma, um livro bem documentado, com uma base de análise interdisciplinar que permite urna sólida visão de conjunto de um tema de extrema importância para a literatura e para a história do pensamento desde os tempos mais remotos até à actualidade.

    FRANCISCO DE OLIVEIRA

    BRUCKNER, Thomas, Die erste franzõsische Aeneis. Untersuchungen zu

    Octovien de Saint-Gelais' Ubersetzung. Mit einer kritischen Edition

    des VI Buches, Dusseldorf, Droste, 1987, 394 p.

    Ao publicar, como contributo para a história da recepção de Virgílio, esta pri-meira tradução da Eneida em francês, da autoria de Octovien de Saint-Gelais, morto em 1502, aos 34 anos de idade, lança Th. Bruckner importantes luzes sobre os começos do Renascimento em França, na sua dialéctica com os ideários da Idade Mé;!ia.

    A edição oferece-nos capítulos sucessivos sobre o estado das investigações; a história do texto; a tradução como texto francês; a tradução francesa em comparação com a edição latina; a influência desta tradução; conclusão; bibliografia; edição crítica do livro VI da tradução de Octovien de Saint-Gelais, com notas.

    Como se pode observar, trata-se de um plano bem elaborado, que permite ostentar uma elevada erudição (desde questões de crítica textual a estudos de métrica, sintaxe e iconografia), fruto de muito trabalho, bem servida por uma exposição elegante, concisa e clara, e por ilustrações numerosas.

    Seja permitido, pelo interesse cultural genérico para quem se dedica aos estudos sobre a época, ressaltar o capítulo Interpretationen (p. 196-213: Interpres christianus; Fata und Fortuna; Mittelalterliche Welt und Idylle), onde respigo afirmações como: "Die franzõsíchen Renaissance ubernimmt manche der mittelalterlichen Deutungsformen, nicht zuletzt die Vergil-Allegorese" (p. 198; cf. p. 265, nas conclusões; a pervivência do mundo medievo é visível em factos como a tradução de imperium por "seigneurie"); "Die Beispiele lassen die Entstehung der franzõsischen Aeneis in der christlichen Welt gut erkennen. Dennoch sind es insgesamt wenige Passagen, in den sich der interpres christianus offenbart. Octovien iibersetzt dei ais "dieux" und fata ais "volunté des dieux", ohne dass hier der Versuch einer religiõsen Angleichung erfolgte" (p. 201); e, finalmente: "Die spãteren Versioiien lassen eine ungleich grõssere Distanz zur antiken Welt erkennen ais Octovien" (p. 209).

    De especial interesse reputo ainda o capítulo dedicado à Teoria da tradução no Renascimento francês (p. 222-235).

    Em conclusão, é inegável o interesse desta obra, tanto para a história da recepção de Virgílio na literatura europeia, como para a história do Renascimento em geral.

    FRANCISCO DE OLIVEIRA