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Profa. Dra. Wanda R. Günther
Faculdade de Saúde Pública-USP
São Paulo 27 de Setembro 2011
IV SEMINÁRIO HOSPITAIS SAUDÁVEIS
SHS 2011
Mesa Redonda 6: Tópicos polêmicos e desafios para ampliação da reciclagem de resíduos nos
serviços de saúde
Reciclagem de resíduos eletroeletrônicos e a regulamentação da Lei da PNRS
Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos
ORIGEM
• Resíduos sólidos urbanos
• Resíduos sólidos comerciais/
institucionais/serviços
• Resíduos industriais
• Resíduos de serviços de saúde
DEFINIÇÃO São os diversos produtos elétricos e eletrônicos pelos quais passam corrente elétrica ou campo eletromagnético, ou partes destes, descartados ao final de sua vida útil, tais como: Equipamentos de informática, de som e imagem, eletrodomésticos, telefones fixos e celulares, dispositivos de iluminação e segurança, brinquedos eletrônicos, entre outros.
Classificação REEE por categorias (Diretiva 2002/96/CE):
1 Grandes eletrodomésticos
2 Pequenos eletrodomésticos
3 Equipamentos de informática e telecomunicações
4 Aparelhos eletrônicos de consumo
5 Aparelhos de iluminação
6 Ferramentas elétricas ou eletrônicas (exceto as ferramentas industriais fixas permanentemente, de grande tamanho e instaladas por profissionais)
7 Brinquedos ou equipamentos esportivos e de lazer
8 Aparelhos médicos (exceto todos os produtos implantados e infectados)
9 Instrumentos de vigilância e controle
10 Máquinas de venda de produtos/Caixas eletrônicos
NA PRÁTICA: Há 5 fluxos operacionais
nos quais os REEE são triados
1 Grandes eletrodomésticos
2 Aparelhos de arrefecimento e refrigeração (CFC)
3 Equipamentos diversos
4 Lâmpadas fluorescentes e de descarga
5 Monitores e televisores
Fatores: • Mercado crescente dos aparelhos eletroeletrônicos
• Rápida inovação tecnológica (celular GSM, monitor LCD, televisor de plasma, DVD, Leads, Equipamentos médicos para diagnósticos)
• Redução planejada do tempo de vida útil dos produtos (obsolescência programada)
• Concorrência entre produtores
• Incremento do poder aquisitivo da população
• Maior disponibilidade de crédito ao consumo
• Programa de inclusão digital do Governo brasileiro
• Falta de incentivo à busca por serviços de manutenção
• Ausência ou alto custo de peças de reposição, que inviabilizam o conserto
• Criação de novas necessidades e desejos (marketing)
Geração de REEE - CRESCENTE E DIVERSIFICADA
Consequências:
• Fluxo de residuos de maior crescimento na atualidade (3 X RSU)
• Contínua introdução de novos materiais mais complexos
• Periculosidade de certos componentes
• Valor agregado de aparelhos, peças e materiais
• Produção massiva de resíduos complexos e perigosos, não absorvidos espontaneamente pelo mercado de materiais recicláveis
• Destino nem sempre adequado
Geração de REEE
Principais problemas de saúde: ambiental e humana
• São compostos por grande diversidade de componentes e materiais
• Uso extensivo de substâncias perigosas na composição dos produtos: Ex: chumbo, cádmio, mercúrio, bário, berílio, arsênio, cromo hexavalente, retardantes de chama bromados, algumas destas classificadas como carcinogênicas
• Geração difusa e destino incerto
• Difícíl desmontagem para a reciclagem
• Processos de recuperação e tratamento exigem tecnologia e investimentos
• Atividades de desmontagem e recuperação de partes ou de materiais podem causar impactos ao ambiente e à saude dos trabalhadores
• Disposição final dos REEE em aterros pode contaminar as águas superficiais e subterrâneas - lixiviação dos metais pesados; evaporação de substâncias perigosas, queima ao ar livre
IMPACTOS
Aterro município Estado São Paulo (300 mil hab.), 2009 Comércio de sucatas – Interior São Paulo, 2009
Lixão município Estado São Paulo (17 mil hab.), 2009 Margem córrego mun. Est. S Paulo (17 mil hab.), 2009
Alguns dados de geração de REEE
• Brasil – Estimativa REEE: 2,6 kg/hab./ano (RODRIGUES, 2007)
3,3 kg/hab./ano (FEAM, 2009)
• 1º. Sem/2010: comércio de 6,4 milhões de computadores (+32% 2009),
podendo chegar a 13,7 milhões até final 2010 (IDC Brasil, 2010).
• O no. de linhas celulares passou 67 milhões (final 2004) a mais 189,4 milhões
(ago/2010): quase 3 X em 5,5 anos (FCC, 2008)
Comercializavam REEE
em 2006: em 2011:
• 16 Sucateiros . 61 Sucateiros
• 0 Cooperativas . 61 Recicladores
. 95 Cooperativas
. 14 empresas recicladoras res. tecnológicos
Fonte: CEMPRE, 2011 – Busca de cooperativas e sucateiros por categoria de material
REEE - Problemas para a gestão
• Carência de diagnóstico quantitativo da geração de REEE por região
• Carência de informação sobre os riscos associados aos REEE
• Ausência de políticas públicas/março regulatório específico
• Responsabilização difusa - Responsabilidade Compartilhada
Há 2 fluxos principais de REEE
• DOMICILIAR
• INSTITUCIONAL
Disposição no solo - grande problema ambiental
Aterro Sanitário Municipal - Interior Estado SP
Contexto Internacional
• Meados dos anos 90, alguns países da Comunidade Européia,
começaram a se preocupar com a questão do descarte
prematuro, tratamento e disposição final inadequados dos EEE
(fluxo prioritário para adoção de políticas)
• Em 2003, aprovação de duas Diretivas da União Européia: para
a gestão dos REEE (WEEE) e para redução e eliminação de
substâncias químicas perigosas (RoHS)
• Na última década - numerosos estudos e políticas públicas
voltadas à sua gestão, na maior parte dos países
desenvolvidos, com fortes reflexos em outros países de fora da
UE: EUA, Canadá Japão, China, Argentina, Tailândia
• Movimento transfronteiriço de REEE para países em
desenvolvimento (China, África, Índia, Paquistão)
Diretivas da União Européia
• WEEE – Gestão dos resíduos pós-consumo (Estabelece a necessidade de
organizar a coleta seletiva; define objetivos de reciclagem e valorização;
estabelece as obrigações dos distintos agentes econômicos)
• RoHS – Redução ou eliminação de substâncias perigosas (Estabelece a substituição obrigatória de determinadas substâncias perigosas dos equipamentos e contribui para a correta valorização, do ponto de vista
ambiental dos REEE)
Baseiam-se nos princípios de:
• Precaução
• Poluidor – pagador
• Atribuição da responsabilidade pelos produtos pós-consumo aos fabricantes
e importadores (Responsabilidade Estendida do Produtor)
• Afeta a todos os agentes que intervêm no ciclo de vida do produto:
produtores, distribuidores, consumidores e gestores
• Meta coleta seletiva: média 4 kg/hab/ano para REEEs de origen doméstica
(até 31.12.2006)
HIERARQUIA DOS RESÍDUOS (Directiva 98/2008/CE):
a) prevenção
b) preparação para a reutilização
c) reciclagem
d) outro tipo de valorização (p.ex. valorização energética)
e) eliminação
Gestión de REEE na UE
Situação antes de 13.08.2005 Situação a partir de 13.08.2005
Sistemas de Coleta Seletiva
Modelo de Gestión de REEE
Sistemas Integrados de Gestão autorizados para atuar na Espanha (9), por categoria e pontos de
coleta
Divisão percentual das cotas de mercado, por categoria de REEE e por SIG autorizado, na
España
Contexto Brasil - Gestão Resíduos
• Precariedade na destinação dos resíduos sólidos domiciliares: grande parte municípios ainda destina seus resíduos a lixões. Maioria dos municípios carecem de recursos financeiros e capacitação para a gestão dos resíduos urbanos
• Alto nível de informalidade e precariedade do trabalho nas atividades de reciclagem: catadores, cooperativas, sucateiros
• Reciclagem majoritária de embalagens e produtos compostos por um único material: pet, papel, papelão, vidro, latas de alumínio
Contexto Brasil Políticas para os Resíduos
• Não dispõe de política/legislação específica para os REEE.
• Regulação pontual somente para pilhas e baterias – Resolução CONAMA. Processo REEE no CONAMA desde 2002 - em 2009 foi constituído GT
• Ausência de regulação para os REEE – logo REEE são considerados resíduos comuns, pois tem origem domiciliar/comercial
• Representantes da Indústria participando ativamente das discussões das políticas de resíduos, a fim de garantir seus interesses – defesa do Modelo de Responsabilidade Compartilhada.
• Os desafios são grandes. A coleta seletiva – um dos pilares da nova política de resíduos - não está plenamente difundida no país (44% dos municípios brasileiros não dispõem desta iniciativa na gestão dos RSU)
Lei 12.305/2010 – PNRS e Decreto 7.404/2010
• Baseiam-se nos princípios de prevenção e precaução; poluidor-pagador; ecoeficiência; desenvolvimento sustentável; responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; e o reconocimento do resíduo reutilizável e reciclável como bem econômico e com valor social, gerador de trabajo e renda e promotor de cidadania. Não considera os princípios de autosuficiência e de proximidade.
• Prevê Logística Reversa - cadeia produtiva
Agrotóxicos
Pilhas e baterias
Pneus
Óleos lubrificantes
Lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio/mercúrio/luz mista
Produtos eletroeletrônicos e seus componentes
FORMAS DE IMPLEMENTAÇÃO DA LOGÍSTICA REVERSA
• REGULAMENTO
• TERMO DE COMPROMISSO
• ACORDO SETORIAL
Estabelecimentos de Saúde
Aspectos a observar:
• Geração: Utilização EEE/Descarte REEE - crescente
• Há necessidade de SEGREGAÇÃO por tipo (REEE) e por categoria
• Local de Armazenamento (Espaço, Acesso, Condições)
• Coleta (Quem faz, Periodicidade, Requisitos, Custo)
• Destino (Reutilização, Reciclagem, Tratamento, Doação, Legislação)
• Responsabilidade não cessa com o destino - Certificado entrega
NOVO FLUXO EEE REEE
SEGREGAR GERENCIAR
Considerações Finais
• Eventuais iniciativas de recuperação de materiais REEE ou partes
desses) são ditadas livremente pelas regras do mercado
secundário de materiais recicláveis.
• O mercado secundário de materiais não é capaz de regular
espontaneamente a absorção desses produtos na sua etapa pós-
consumo, devido à sua complexidade que implica em alto custo,
pois a reciclagem ocorre exclusivamente por motivação
econômica.
Considerações Finais
Implicações da Ausência de Regulação: • Geração difusa, sem controle.
• Manejo informal e inadequado de sucatas para
aproveitamento de alguns materiais com valor de
mercado, com riscos à saúde dos trabalhadores que
manuseiam esses produtos pós-consumo.
• Implantação de Unidades de Triagem e de Tratamento
sem a necessária fiscalização e controle ambiental e de
saúde do trabalhador
• Destinação de resíduos potencialmente tóxicos a locais
destinados a disposição dos resíduos domiciliares.
• País vulnerável à recepção de REEE de outros países.
Considerações Finais
Elementos de Política Pública: Mecanismos que garantam a minimização da geração e a gestão ambientalmente adequada desses resíduos como:
• Responsabilidade clara e objetiva (do produtor, da cadeia, do consumidor)
• Prazos maiores de garantia para os produtos
• Obrigatoriedade de disponibilização de peças de reposição e apoio aos serviços de manutenção
• Metas crescentes para coleta seletiva e recuperação dos REEE
• Autorização/Licença ambiental para Centros de Triagem/Reciclagem
• Prevenção dos riscos à saúde e segurança das pessoas que manejam os REEE
• Restrição e controle da importação e exportação de produtos pós-consumo e REEE, para os quais não se comprove que a reciclagem vá ocorrer em condições adequadas.
Grata pela atenção!
Wanda R. Günther E-mail: [email protected]