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Reclamação - Imprensa

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Decisão pública em Reclamação perante o STF

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  • MEDIDA CAUTELAR NA RECLAMAO 20.985 SO PAULO

    RELATOR : MIN. CELSO DE MELLORECLTE.(S) :ABRIL COMUNICAES S/A ADV.(A/S) :ALEXANDRE FIDALGO RECLDO.(A/S) :RELATOR DO AI N 20683680820158260000 DO

    TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DE SO PAULO

    ADV.(A/S) :SEM REPRESENTAO NOS AUTOS INTDO.(A/S) :ANA LUISA MASSARDI E OUTRO(A/S)ADV.(A/S) :RODRIGO BARSALINI

    EMENTA: RECLAMAO. ALEGAO DE DESRESPEITO AUTORIDADE DO JULGAMENTO PLENRIO DA ADPF 130/DF. EFICCIA VINCULANTE DESSA DECISO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. POSSIBILIDADE DE CONTROLE, MEDIANTE RECLAMAO, DE ATOS QUE TENHAM TRANSGREDIDO TAL JULGAMENTO. LEGITIMIDADE ATIVA DE TERCEIROS QUE NO INTERVIERAM NO PROCESSO DE FISCALIZAO NORMATIVA ABSTRATA. LIBERDADE DE EXPRESSO. JORNALISMO DIGITAL. PROTEO CONSTITUCIONAL. DIREITO DE INFORMAR: PRERROGATIVA FUNDAMENTAL QUE SE COMPREENDE NA LIBERDADE CONSTITUCIONAL DE MANIFESTAO DO PENSAMENTO E DE COMUNICAO. INADMISSIBILIDADE DE CENSURA ESTATAL, INCLUSIVE DAQUELA IMPOSTA PELO PODER

    Documento assinado digitalmente conforme MP n 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Pblicas Brasileira - ICP-Brasil. Odocumento pode ser acessado no endereo eletrnico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o nmero 8681127.

  • RCL 20985 MC / SP

    JUDICIRIO, LIBERDADE DE EXPRESSO, NESTA COMPREENDIDA A LIBERDADE DE INFORMAO JORNALSTICA. TEMA EFETIVAMENTE VERSADO NA ADPF 130/DF, CUJO JULGAMENTO FOI INVOCADO COMO PARMETRO DE CONFRONTO. CONFIGURAO, NO CASO, DA PLAUSIBILIDADE JURDICA DA PRETENSO RECLAMATRIA E OCORRNCIA DE SITUAO CARACTERIZADORA DE PERICULUM IN MORA. MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA.

    DECISO: Trata-se de reclamao, com pedido de medida liminar, na qual se sustenta que o ato judicial ora questionado emanado de eminente Desembargador do E. Tribunal de Justia do Estado de So Paulo (Processo n 2068368-08.2015.8.26.0000) teria desrespeitado a autoridade da deciso que o Supremo Tribunal Federal proferiu no julgamento da ADPF 130/DF, Rel. Min. AYRES BRITTO.

    A parte ora reclamante, para justificar o alegado desrespeito autoridade decisria do julgamento proferido pelo Supremo Tribunal Federal, afirma, em sntese, o que se segue:

    12. A deciso reclamada um evidente atentado ao quanto decidido na ADPF n 130, porque consiste na ratificao de odiosa censura e na tentativa de restringir o direito da liberdade de imprensa, bem como a garantia da sociedade de ter acesso a informaes e manifestar o seu pensamento.

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  • RCL 20985 MC / SP

    15. A deciso reclamada, portanto, afronta diretamente o normativo jurdico, com fora vinculante, que emerge desse Supremo Tribunal Federal, na medida em que determina a retirada de material noticioso, vale dizer, de material jornalstico produzido e publicado pela Reclamante, no exerccio constitucional de sua atividade jornalstica, de informar sociedade assuntos de interesse pblico, em texto narrativo e pertinente.

    16. Constata-se, assim, que a deciso objeto da presente Reclamao contraria a orientao normativa de que, num Estado Democrtico de Direito, no permitida a censura, eis que no h liberdade de imprensa pela metade, sendo mais grave ainda a censura procedente do Poder Judicirio. (grifei)

    Cabe verificar, preliminarmente, se se revela admissvel, ou no, na espcie, a utilizao do presente instrumento reclamatrio.

    Como se sabe, a reclamao reveste-se de idoneidade jurdico- -processual, quando utilizada com o objetivo de fazer prevalecer a autoridade decisria dos julgamentos emanados desta Corte, notadamente quando impregnados de eficcia vinculante, como sucede com aqueles proferidos em sede de fiscalizao normativa abstrata (RTJ 169/383-384 RTJ 183/1173-1174):

    O DESRESPEITO EFICCIA VINCULANTE, DERIVADA DE DECISO EMANADA DO PLENRIO DA SUPREMA CORTE, AUTORIZA O USO DA RECLAMAO.

    O descumprimento, por quaisquer juzes ou Tribunais, de decises proferidas com efeito vinculante, pelo Plenrio do Supremo Tribunal Federal, em sede de ao direta de inconstitucionalidade ou de ao declaratria de constitucionalidade, autoriza a utilizao da via reclamatria, tambm vocacionada, em sua especfica funo processual, a resguardar e a fazer prevalecer, no que concerne Suprema Corte, a integridade, a autoridade e a eficcia subordinante dos comandos que emergem de seus atos

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  • RCL 20985 MC / SP

    decisrios. Precedente: Rcl 1.722/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO (Pleno).

    (RTJ 187/151, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Pleno)

    Admissvel , portanto, ao menos em tese, o ajuizamento de reclamao nos casos em que sustentada, como na espcie , transgresso eficcia vinculante de que se mostra impregnado o julgamento do Supremo Tribunal Federal proferido no mbito de processos objetivos de controle normativo abstrato, como aquele que resultou do exame da ADPF 130/DF, Rel. Min. AYRES BRITTO.

    Cabe reconhecer, de outro lado, que mesmo terceiros que no intervieram no processo objetivo de controle normativo abstrato dispem de legitimidade ativa para o ajuizamento da reclamao perante o Supremo Tribunal Federal, quando promovida com o objetivo de fazer restaurar o imperium inerente s decises emanadas desta Corte, proferidas em sede de ao direta de inconstitucionalidade, de ao declaratria de constitucionalidade ou, como no caso, de arguio de descumprimento de preceito fundamental.

    inquestionvel, pois, sob tal aspecto, nos termos do julgamento plenrio de questo de ordem suscitada nos autos da Rcl 1.880-AgR/SP, Rel. Min. MAURCIO CORRA, que se revela plenamente vivel a utilizao, na espcie, do instrumento reclamatrio, razo pela qual assiste, parte ora reclamante, legitimidade ativa ad causam para fazer instaurar a presente medida processual.

    Impende registrar, por oportuno, que esse entendimento tem prevalecido em sucessivos julgamentos proferidos por esta Suprema Corte:

    (...) LEGITIMIDADE ATIVA PARA A RECLAMAO NA HIPTESE DE INOBSERVNCIA DO EFEITO VINCULANTE.

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  • RCL 20985 MC / SP

    Assiste plena legitimidade ativa, em sede de reclamao, quele particular ou no que venha a ser afetado, em sua esfera jurdica, por decises de outros magistrados ou Tribunais que se revelem contrrias ao entendimento fixado, em carter vinculante, pelo Supremo Tribunal Federal, no julgamento dos processos objetivos de controle normativo abstrato instaurados mediante ajuizamento, quer de ao direta de inconstitucionalidade, quer de ao declaratria de constitucionalidade. Precedente. ().

    (RTJ 187/151, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Pleno)

    Plenamente justificvel, assim, a utilizao, no caso, do instrumento constitucional da reclamao pela parte ora reclamante.

    Passo , desse modo, a apreciar o pedido de medida cautelar. E , ao faz-lo, entendo , ao menos em juzo de sumria cognio, que se impe o acolhimento da pretendida concesso de provimento liminar postulada pela empresa ora reclamante.

    Tenho enfatizado, em diversas decises que proferi no Supremo Tribunal Federal, semelhana daquela prolatada na Rcl 18.566-MC/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO, que o exerccio da jurisdio cautelar por magistrados e Tribunais no pode converter-se em prtica judicial inibitria, muito menos censria, da liberdade constitucional de expresso e de comunicao, sob pena como j salientei em oportunidades anteriores de o poder geral de cautela atribudo ao Judicirio qualificar-se, perigosamente, como o novo nome de uma inaceitvel censura estatal em nosso Pas.

    A interdio judicial imposta empresa ora reclamante, ordenando-lhe a remoo de matria ou notcia sobre o fechamento do Spa Hara, sob pena de incidncia de multa cominatria diria, configura, segundo entendo, clara transgresso ao comando emergente da deciso que esta Corte Suprema proferiu, com efeito vinculante, na ADPF 130/DF.

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  • RCL 20985 MC / SP

    No constitui demasia insistir na observao de que a censura, por incompatvel com o sistema democrtico, foi banida do ordenamento jurdico brasileiro, cuja Lei Fundamental reafirmando a repulsa atividade censria do Estado, na linha de anteriores Constituies brasileiras (Carta Imperial de 1824, art. 179, n 5; CF/1891, art. 72, 12; CF/1934, art. 113, n 9; CF/1946, art. 141, 5) expressamente vedou (...) qualquer censura de natureza poltica, ideolgica e artstica (CF/88, art. 220, 2).

    Cabe observar, ainda, que a repulsa censura, alm de haver sido consagrada em nosso constitucionalismo democrtico, representa expresso de um compromisso que o Estado brasileiro assumiu no plano internacional.

    Com efeito, o Brasil, dentre tantos outros instrumentos de proteo internacional dos direitos humanos, subscreveu a Declarao Universal dos Direitos da Pessoa Humana, promulgada pela III Assembleia Geral da Organizao das Naes Unidas, em 10 de dezembro de 1948.

    Esse estatuto contempla, em seu Artigo XIX, previso do direito liberdade de opinio e de expresso, inclusive a prerrogativa de procurar, de receber e de transmitir informaes e ideias por quaisquer meios, independentemente de fronteiras.

    O direito fundamental liberdade de expresso, inclusive liberdade de imprensa, igualmente assegurado pelo Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Polticos (Artigo 19), adotado pela Assembleia Geral da ONU em 16/12/1966 e incorporado, formalmente, ao nosso direito positivo interno, em 06/12/1992 (Decreto n 592/92).

    Vale mencionar, ainda, por sumamente relevante, a Declarao Americana dos Direitos e Deveres do Homem, promulgada pela IX Conferncia Internacional Americana, realizada em Bogot, em abril de

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  • RCL 20985 MC / SP

    1948, cujo texto assegura, a todos, a plena liberdade de expresso (Artigo IV).

    A Conveno Americana de Direitos Humanos, tambm denominada Pacto de San Jos da Costa Rica, por sua vez, garante, s pessoas em geral, o direito livre manifestao do pensamento, sendo-lhe absolutamente estranha a ideia de censura estatal (Artigo 13).

    interessante assinalar, neste ponto, at mesmo como registro histrico, que a ideia da incompatibilidade da censura com o regime democrtico j se mostrava presente nos trabalhos de nossa primeira Assembleia Geral Constituinte e Legislativa, reunida em 03/05/1823 e dissolvida, por ato de fora, em 12/11/1823.

    Com efeito, ANTONIO CARLOS RIBEIRO DE ANDRADA, ao longo dessa Assembleia Constituinte, apresentou proposta que repelia, de modo veemente, a prtica da censura, no mbito do (ento) nascente Estado brasileiro, em texto que, incorporado ao projeto da Constituio, assim dispunha:

    Artigo 23 Os escritos no so sujeitos censura nem antes nem depois de impressos. (grifei)

    A razo dessa proposta de ANTONIO CARLOS RIBEIRO DE ANDRADA prendia-se ao fato de que D. Joo VI editara, ento, h pouco mais de dois anos, em 02 de maro de 1821, um decreto rgio que impunha o mecanismo da censura, fazendo-nos recuar, naquele momento histrico, ao nosso passado colonial, perodo em que prevaleceu essa inaceitvel restrio s liberdades do pensamento.

    Preocupa-me, por isso mesmo, como j destaquei em anteriores decises nesta Corte Suprema, o fato de que o exerccio, por alguns juzes e Tribunais, do poder geral de cautela tenha se transformado em inadmissvel instrumento de censura estatal, com grave

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    comprometimento da liberdade de expresso, nesta compreendida a liberdade de imprensa e de informao. Ou, em uma palavra, como precedentemente j acentuei: o poder geral de cautela tende, hoje, perigosamente, a traduzir o novo nome da censura!

    Todas as observaes que venho de fazer evidenciam, a meu juzo, que a deciso objeto da presente reclamao teria desrespeitado a autoridade do julgamento plenrio ora invocado, pela parte reclamante, como parmetro de controle, eis que o tema da censura foi efetivamente abordado e plenamente examinado quando do julgamento plenrio da ADPF 130/DF.

    Enfatizo, por oportuno, que eu prprio, no voto que proferi na ADPF 130/DF, discuti, expressamente, o tema referente censura estatal, qualquer que tenha sido o rgo ou o Poder de que haja emanado esse ato de (inadmissvel) cerceamento da liberdade de expresso.

    Devo relembrar, neste ponto, que o Plenrio do Supremo Tribunal Federal, no julgamento final da ADI 869/DF, ao declarar a inconstitucionalidade de determinada expresso normativa constante do 2 do art. 247 do Estatuto da Criana e do Adolescente, advertiu, em deciso impregnada de efeito vinculante, que a clusula legal que punia emissoras de rdio e de televiso, bem assim empresas jornalsticas, pelo fato de exercerem o direito de informar, mostrava-se colidente com o texto da Constituio da Repblica (art. 220, 2).

    O julgamento em questo restou consubstanciado em acrdo assim ementado:

    AO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI FEDERAL 8069/90. LIBERDADE DE MANIFESTAO DO PENSAMENTO, DE CRIAO, DE EXPRESSO E DE INFORMAO. IMPOSSIBILIDADE DE RESTRIO.

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    1. Lei 8069/90. Divulgao total ou parcial, por qualquer meio de comunicao, de nome, ato ou documento de procedimento policial, administrativo ou judicial relativo criana ou adolescente a que se atribua ato infracional. Publicidade indevida. Penalidade: suspenso da programao da emissora at por dois dias, bem como da publicao do peridico at por dois nmeros. Inconstitucionalidade. A Constituio de 1988 em seu artigo 220 estabeleceu que a liberdade de manifestao do pensamento, de criao, de expresso e de informao, sob qualquer forma, processo ou veculo, no sofrer qualquer restrio, observado o que nela estiver disposto.

    2. Limitaes liberdade de manifestao do pensamento, pelas suas variadas formas. Restrio que h de estar explcita ou implicitamente prevista na prpria Constituio.

    Ao direta de inconstitucionalidade julgada procedente.(ADI 869/DF, Red. p/ o acrdo Min. MAURCIO

    CORRA grifei)

    O fato que no podemos nem devemos retroceder neste processo de conquista e de reafirmao das liberdades democrticas. No se trata de preocupao retrica, pois o peso da censura ningum o ignora algo insuportvel e absolutamente intolervel.

    RUI BARBOSA, em texto no qual registrou as suas consideraes sobre a atuao do Marechal Floriano Peixoto durante a Revoluo Federalista e a Revolta da Armada (A Ditadura de 1893), aps acentuar que a rule of law no podia ser substituda pelo imprio da espada, assim se pronunciou sobre a questo da censura estatal:

    A Constituio proibiu a censura irrestritamente, radicalmente, inflexivelmente. Toda lei preventiva contra os excessos da imprensa, toda lei de tutela publicidade, toda lei de inspeo policial sobre os jornais , por conseqncia, usurpatria e tirnica. Se o jornalismo se apasquina, o Cdigo Penal proporciona

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    aos ofendidos, particulares, ou funcionrios pblicos, os meios de responsabilizar os verrineiros. (grifei)

    Vale registrar, por sumamente relevante, o fato de que, em situaes idnticas que ora se examina, eminentes Ministros do Supremo Tribunal Federal, fazendo prevalecer a eficcia vinculante derivada do julgamento da ADPF 130/DF, sustaram decises judiciais que haviam ordenado a interdio, claramente censria, de matrias jornalsticas divulgadas em rgos de imprensa (Rcl 11.292-MC/SP, Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA Rcl 16.074-MC/SP, Rel. Min. ROBERTO BARROSO, deciso proferida pelo Ministro RICARDO LEWANDOWSKI, no exerccio da Presidncia Rcl 16.434/ES, Rel. Min. ROSA WEBER Rcl 18.186-MC/RJ, Rel. Min. CRMEN LCIA, deciso proferida pelo Ministro RICARDO LEWANDOWSKI, no exerccio da Presidncia Rcl 18.290-MC/RJ, Rel. Min. LUIZ FUX, v.g.).

    Em suma : a questo em exame , segundo entendo, assume indiscutvel magnitude de ordem poltico-jurdica , notadamente em face de seus claros lineamentos constitucionais que foram analisados , de modo efetivo, no julgamento da referida ADPF 130/DF, em cujo mbito o Supremo Tribunal Federal ps em destaque , de maneira muito express iva, uma das mais relevantes franquias constitucionais: a liberdade de manifestao do pensamento , que representa um dos fundamentos em que se apoia a prpria noo de Estado democrtico de direito e que no pode ser restringida, por isso mesmo, pelo exerccio ilegtimo da censura estatal, ainda que praticada em sede jurisdicional .

    No tem sentido que o Poder Judicirio ao ordenar, em sede de tutela antecipatria, a imediata excluso do site da r de determinada matria, posto que, primeira vista, nela so referidas informaes de carter pessoal e sem efetivo interesse pblico, e por isso jornalstico aja, ilegitimamente, como verdadeiro censor, avaliando, em carter pessoal e em substituio ao profissional de Imprensa, se o tema em causa reveste-se,

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    ou no, de expresso jornalstica, para efeito de divulgao pelos meios de comunicao social.

    Sendo assim, em face das razes expostas, e sem prejuzo de ulterior reapreciao da matria quando do julgamento final da presente ao reclamatria, defiro o pedido de medida liminar e, em consequncia, suspendo, cautelarmente, e com eficcia ex tunc desde a data em que ajuizada esta reclamao (02/06/2015), os efeitos da deciso proferida pelo eminente Desembargador do E. Tribunal de Justia do Estado de So Paulo nos autos do Processo n 2068368-08.2015.8.26.0000, autorizando a reincluso da notcia e a normal veiculao da matria jornalstica censurada, afastada a incidncia da multa cominatria diria imposta no ato de que ora se reclama, a partir de 02/06/2015, inclusive.

    Comunique-se, transmitindo-se cpia da presente deciso ao eminente Senhor Desembargador que figura como reclamado (Processo n 2068368- -08.2015.8.26.0000).

    2. Requisitem-se informaes autoridade judiciria ora reclamada (Lei n 8.038/90, art. 14, I).

    Publique-se.

    Braslia, 11 de junho de 2015.

    Ministro CELSO DE MELLORelator

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    2015-06-11T22:03:37-0300JOSE CELSO DE MELLO FILHO:11Documento assinado digitalmente conforme MP n 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Pblicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereo eletrnico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o nmero 8681127.