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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO 1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA CÍVEL DE IMPERATRIZ PATRIMÔNIO PÚBLICO E PROBIDADE ADMINISTRATIVA RECOMENDAÇÃO 08/2015 O MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL , através de sua representante legal signatária, com espeque no art. 129, Constituição Federal, art. 27, parágrao !nico, inciso "#, da $ %.&2'(199), art. 2&, * 1.+, "#, da $C 1)(1991 e na $ei %.-29(1 e CONSIDERANDO que decorre da Constituição Federal direito fundamental à administração pública eciente e ecaz, proporcional cumpridora de seus deveres, com transparênc motivação, imparcialidade e respeito à moralidade, à participaç social e à plena responsabilidade por suas condutas omissivas e comissivas/ 1 0 CONSIDERANDO que a garantia do e erc cio pleno da cidadania, direito undamental e elemento essencial da democracia e do estado de direito, ora em processo de construção no 3rasil, tem como aspecto essencial a possi4ilidad de amplo acesso, por todos, 5s inormaç6es de seu inte particular ou de interesse coletivoou geral, contidas em 1 F 8" :;, <uare=. O controle dos atos administrativos e os princ pios undamentais. - ;ão >aulo? @alAeiros, 2 9, p. )&. “2015 – Ano Internacional da Luz”

Recomendação Lei de Acesso à Informação

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Recomendação expedida pela 1ª PJEsp de Imperatriz acerca da LAI e dos portais da transparência.

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MINISTRIO PBLICO DO ESTADO DO MARANHO

1 PROMOTORIA DE JUSTIA CVEL DE IMPERATRIZ

PATRIMNIO PBLICO E PROBIDADE ADMINISTRATIVA

RECOMENDAO 08/2015

O MINISTRIO PBLICO ESTADUAL, atravs de sua representante legal signatria, com espeque no art. 129, da Constituio Federal, art. 27, pargrafo nico, inciso IV, da Lei 8.625/1993, art. 26, 1., IV, da LC 013/1991 e na Lei 8.429/1992, e

CONSIDERANDO que decorre da Constituio Federal o direito fundamental administrao pblica eficiente e eficaz, proporcional cumpridora de seus deveres, com transparncia, motivao, imparcialidade e respeito moralidade, participao social e plena responsabilidade por suas condutas omissivas e comissivas;

CONSIDERANDO que a garantia do exerccio pleno da cidadania, direito fundamental e elemento essencial da democracia e do estado de direito, ora em processo de construo no Brasil, tem como aspecto essencial a possibilidade de amplo acesso, por todos, s informaes de seu interesse particular ou de interesse coletivo ou geral, contidas em documentos que se encontram na posse dos rgos pblicos, o que proporciona maior transparncia administrativa e o consequente controle dos atos praticados pela administrao pblica;

CONSIDERANDO que a Constituio Federal de 1988, em seu artigo 5, inciso XXXIII, determina que todos tm direito a receber dos rgos pblicos informaes de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que sero prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindvel segurana da sociedade e do Estado;

CONSIDERANDO que a Lei disciplinar as formas de participao do usurio na administrao pblica direta e indireta, regulando o acesso a registros administrativos e a informaes sobre atos de governo, cabendo administrao pblica a gesto da documentao governamental e as providncias para franquear a consulta a quantos delas necessitem (CF, art. 37, 3, II c/c art. 216, 2);

CONSIDERANDO a Lei n. 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso Informao), que, regulamentando os comandos constitucionais, disps sobre os procedimentos a serem observados pela Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios, com o fim de garantir o acesso a Informaes, em vigor desde o dia 16/05/2012;

CONSIDERANDO que a LAI, em seu artigo 3, estabelece que os procedimentos previstos nesta Lei destinam-se a assegurar o direito fundamental de acesso informao e devem ser executados em conformidade com os princpios bsicos da administrao pblica e com as seguintes diretrizes: I - observncia da publicidade como preceito geral e do sigilo como exceo; II - divulgao de informaes de interesse pblico, independentemente de solicitaes; III - utilizao de meios de comunicao viabilizados pela tecnologia da informao; IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de transparncia na administrao pblica; V - desenvolvimento do controle social da administrao pblica;

CONSIDERANDO que a Lei n. 12.527/2011, conforme seus artigos 3 e 4, determina que os rgos disponibilizem as informaes, divulgando, em local de fcil acesso, informaes de interesse coletivo, nas quais devem constar, pelo menos, registros de despesas, competncias e dados gerais para acompanhamento de aes, programas, projetos e obras desenvolvidas, disponibilizando, tambm, mecanismo de busca que permita o acesso a dados e relatrios de forma objetiva e com linguagem de fcil compreenso;

CONSIDERANDO que o art. 8 da Lei n. 12.527/2011 diz ser dever dos rgos e das entidades pblicas promover, independente de requerimento, a divulgao das informaes previstas (de interesse coletivo ou geral) em local de fcil acesso, devendo contar, no mnimo, as informaes contidas no 1 do referido dispositivo legal;

CONSIDERANDO que para cumprimento da divulgao os rgos e entidades pblicas devero utilizar todos os meios e instrumentos legtimos de que dispuserem, sendo obrigatria a divulgao em stios oficiais da rede mundial de computadores internet , atendendo aos requisitos constantes do 3 do art. 8 da Lei n. 12.527/2011;

CONSIDERANDO que a Lei n. 12.527/2011, em seu artigo 9, prev a obrigatoriedade da criao de um servio de informaes ao cidado em local com condies apropriadas para atender o pblico, sendo que as respostas aos questionamentos devem ocorrer no prazo de at 20 dias;

CONSIDERANDO o disposto no art. 10 da LAI que prescreve o seguinte: Qualquer interessado poder apresentar pedido de acesso a informaes aos rgos e entidades referidas no art. 1 desta Lei, por qualquer meio legtimo, devendo o pedido conter a identificao do requerente e a especificao da informao requerida;

CONSIDERANDO que, nos termos do art. 32 da Lei N 12.527/2011, constituem condutas ilcitas que ensejam responsabilidade do agente pblico ou militar: I - recusar-se a fornecer informao requerida nos termos desta Lei, retardar deliberadamente o seu fornecimento ou fornec-la intencionalmente de forma incorreta, incompleta ou imprecisa;

CONSIDERANDO que a negativa de prestar informaes pode caracterizar como mprobo o ato praticado pelo gestor ou secretrio municipal, podendo dar ensejo, inclusive, ao ajuizamento de ao civil pela prtica de ato de improbidade administrativa, bem como acarretar dano moral coletivo, em razo da obstaculizao da participao cidad mediante a violao de mandamentos legais expressos;

CONSIDERANDO que o Municpio de Imperatriz-MA no vem cumprindo as obrigaes legais determinadas pela Lei n 12.527/2001, conforme demonstram as reclamaes dirigidas a esta 1 Promotoria de Justia Especializada pelo vereador Aurlio Gomes, no sentido de que secretarias municipais no vm respondendo aos ofcios enviados, com pedidos de informaes de interesse pblico;

CONSIDERANDO que cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios, em legislao prpria, obedecidas as normas gerais estabelecidas na Lei, definir regras especficas, especialmente quanto ao disposto no art. 9 e na Seo II do Captulo III, conforme previso do art. 45 da LAI;

CONSIDERANDO que o Ministrio Pblico, sempre que possvel, deve escolher novos caminhos de resoluo de conflitos em substituio aos mtodos adversariais, solucionando extrajudicialmente as questes que lhe so submetidas para alcanar um desfecho mais clere e mais eficiente;

CONSIDERANDO que incumbe ao Ministrio Pblico a misso constitucional de proteo e defesa dos interesses difusos e coletivos, bem como zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Pblicos e dos servios de relevncia pblica aos direitos assegurados na Constituio Federal, promovendo as medidas necessrias sua garantia (art. 129, incisos II e III c/c art. 197, da Constituio Federal e art. 5, inciso V, alnea a da Lei Complementar n 75/93);

RECOMENDAR ao Excelentssimo Senhor Prefeito de Imperatriz, SEBASTIO TORRES MADEIRA, que:

a) Regulamente a Lei de Acesso Informao, seja por meio de Lei ou de Decreto Municipal, com a finalidade de facilitar o exerccio do cidado ao direito de acesso informao, nos termos do artigo 9 da Lei:

Art. 9 O acesso a informaes pblicas ser assegurado mediante:

I - criao de servio de informaes ao cidado, nos rgos e entidades do poder pblico, em local com condies apropriadas para:

a) atender e orientar o pblico quanto ao acesso a informaes;

b) informar sobre a tramitao de documentos nas suas respectivas unidades;

c) protocolizar documentos e requerimentos de acesso a informaes; e

II - realizao de audincias ou consultas pblicas, incentivo participao popular ou a outras formas de divulgao.

b) Institua no prazo de 90 (noventa) dias, o atendimento ao pblico, com servio de prestao de informaes, de forma a divulgar competncias e estrutura organizacional com localizao, telefones, horrios de atendimento, assim como as condies fsicas para atendimento, bem assim para prover solicitaes de cpias reprogrficas, autenticaes, gravaes de cpias de arquivos digitais, acesso informatizado, servio de busca e fornecimento de informao, servio de protocolo, acessibilidade, bem como promover audincias e consultas pblicas (artigos 8 e 9 da Lei n. 12. 527/2011).

b1) Para garantia da eficincia do servio de atendimento ao pblico de que trata o presente item, o Municpio de Imperatriz dever promover, no prazo de 30 (trinta) dias, a adequada capacitao e treinamento dos administradores e servidores municipais incumbidos da atuao na rea em relao a todas as inovaes preconizadas;

b2) Aps a concluso da capacitao a que se refere o item b1, dever a municipalidade encaminhar ao Ministrio Pblico, no prazo de 10 dias, cpias dos respectivos certificados ou de outros documentos idneos a demonstrar a capacitao e o treinamento.

c) A informao solicitada, seja da prefeitura ou de uma das secretarias municipais, seja apresentada imediatamente, caso esteja disponvel. No sendo possvel, que o rgo observe o prazo mximo de 20 (vinte) dias corridos, prorrogveis por mais 10 (dez) dias, justificadamente (art. 11, 1 e 2).

d) Que em caso de negao de acesso, total ou parcial, a uma informao solicitada, o rgo justifique por escrito as razes, informando ao requerente sobre a possibilidade de recurso. Na oportunidade, dever constar os prazos (10 dias) e condies para tal recurso, alm da autoridade responsvel por julg-lo, que possui 5 (cinco) dias para se manifestar sobre o recurso (art. 11, 1, II e 2, art. 14 e art. 15).

e) Que a regulamentao em mbito municipal trate de procedimentos de classificao, reclassificao e desclassificao, de forma a detalhar os procedimentos classificatrios das informaes, nos termos dos artigos 27 a 29.

f) Que, em obedincia ao artigo 31 da Lei, seja regulamentado pelo municpio o procedimento para o tratamento da informao;

O MINISTRIO PBLICO adverte que a presente recomendao d cincia e constitui em mora o destinatrio quanto s providncias solicitadas, podendo a omisso na adoo das medidas recomendadas implicar o manejo de todas as medidas administrativas e aes judiciais cabveis contra os que se mantiverem inertes.

Nesse passo, com fundamento no art. 8, II, da Lei Complementar n 75/93, requisita-se, desde logo, que Vossa Excelncia informe, em at 15 (quinze) dias, se acatar ou no esta recomendao, apresentando, em qualquer hiptese de negativa, os respectivos fundamentos.

Em caso de acatamento desta recomendao dever o Prefeito apresentar cronograma para o total atendimento presente recomendao.

Certo do pronto acatamento da presente recomendao, colho o ensejo para render votos de elevada estima e distinta considerao.

Imperatriz , 22 de Junho de 2015

Nahyma Ribeiro Abas

Promotora de Justia FREITAS, Juarez. O controle dos atos administrativos e os princpios fundamentais. 4 ed. So Paulo: Malheiros, 2009, p. 36.

2015 Ano Internacional da Luz

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