Upload
wederson-leal
View
128
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
5/11/2018 Recuperação Judicial, Extrajudicial do empresário e das empresas - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/recuperacao-judicial-extrajudicial-do-empresario-e-das-empresas 1/11
RECUPERAÇÃO JUDICIAL, EXTRAJUDICIAL E FALÊNCIA DO EMPRESÁRIO E
DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA: UMA ABORDAGEM ANALÍTICA
Silvio Aparecido Crepaldi
Resumo: A livre iniciativa e a livre concorrência são princípios que favorecem a
circulação de riquezas, a exploração de novas atividades, com a geração de
empregos, ou seja, representam um verdadeiro estímulo à economia do País.
Nesse contexto é que se concebe a atividade empresarial. As relações comerciais
tais como troca, compra e venda, fabricação de produtos etc. sempre existiram na
sociedade. O que não existia, inicialmente, era um conjunto específico de normas
com o objetivo de regular essas relações. Daí o surgimento do Direito Empresarial.
Assim, faz-se necessário analisar os vários aspectos da Lei de Falência e
Recuperações de Empresas. A carência de bibliografias voltadas ao assunto que
incluam o estudo da recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário
e da sociedade empresária motiva o estudo de novas interpretações visando sanar
as ineficácias na sua aplicação. Em conseqüência do cenário exposto, a
problemática pode ser sintetizada na seguinte questão: o que é a recuperação
judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária?
Procurou-se discutir os posicionamentos contraditórios existentes na sua aplicação,
as suas características e finalidades, apontando a sua aplicabilidade no
ordenamento pátrio, e verificando seus fundamentos e implicações. A observação
dos aspectos metodológicos procura indicar os meios a serem utilizados para atingir
os objetivos estabelecidos. As informações referentes ao tema recuperação judicial,
a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária foram obtidasmediante pesquisa bibliográfica. Do mesmo modo, foram obtidas as informações
sobre a conceituação geral da recuperação e falência e sua operacionalização. O
conceito proposto destina-se a analisar o resultado: a recuperação judicial, a
extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária e sua
interferência no sistema econômico. Todavia, pode-se realizar e identificar as
operações mais complexas e de maior incerteza e que justifiquem maior
detalhamento da recuperação judicial, da extrajudicial e da falência, para a suaadequada aplicação. Pode-se concluir que a partir da vigência da Lei 11.101, com a
5/11/2018 Recuperação Judicial, Extrajudicial do empresário e das empresas - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/recuperacao-judicial-extrajudicial-do-empresario-e-das-empresas 2/11
recuperação judicial e a extrajudicial do empresário e da sociedade empresária
torna o juiz vinculado e coloca nas mãos do devedor e dos credores o poder de
negociar e compor seus interesses. Enfim, percebe-se que essa lei amplia o poder
de negociação dos devedores e credores. As empresas que se encontrarem em
uma situação de dificuldade deverão aproveitá-la.
Palavras chaves: Recuperação Judicial, Recuperação Extrajudicial, Falência, Direito
Empresarial.
1 – INTRODUÇÃO
A ordem econômica brasileira é fundada na valorização do trabalho humano e na
livre iniciativa, como preceitua a nossa Constituição Federal em seu art. 170. Por
essa razão, é livre o exercício de qualquer atividade lícita, desde que observados
alguns limites constitucionais: a livre concorrência, os direitos do consumidor, a
defesa do meio ambiente etc.
A livre iniciativa e a livre concorrência são princípios que favorecem a circulação de
riquezas, a exploração de novas atividades, com a geração de empregos, ou seja,
representam um verdadeiro estímulo à economia do País. Mas, como salientado,
esses princípios não são absolutos, na medida em que a própria Constituição
Federal estabelece os valores sociais a ser observados. Nesse contexto é que se
concebe a atividade empresarial. As relações comerciais tais como troca, compra e
venda, fabricação de produtos etc. sempre existiram na sociedade. O que não
existia, inicialmente, era um conjunto específico de normas com o objetivo de
regular essas relações. Daí o surgimento do Direito Empresarial.
Assim, faz-se necessário analisar os vários aspectos da Lei de Falência e
Recuperações de Empresas. A carência de bibliografias voltadas ao assunto que
incluam o estudo da recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário
e da sociedade empresária motiva o estudo de novas interpretações visando sanar
as ineficácias na sua aplicação.
5/11/2018 Recuperação Judicial, Extrajudicial do empresário e das empresas - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/recuperacao-judicial-extrajudicial-do-empresario-e-das-empresas 3/11
Em conseqüência do cenário exposto, a problemática pode ser sintetizada na
seguinte questão: o que é a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do
empresário e da sociedade empresária? Procurou-se discutir os posicionamentos
contraditórios existentes na sua aplicação, as suas características e finalidades,
apontando a sua aplicabilidade no ordenamento pátrio, e verificando seus
fundamentos e implicações.
A observação dos aspectos metodológicos procura indicar os meios a serem
utilizados para atingir os objetivos estabelecidos. As informações referentes ao tema
recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade
empresária foram obtidas mediante pesquisa bibliográfica. Do mesmo modo, foram
obtidas as informações sobre a conceituação geral da recuperação e falência e sua
operacionalização. O conceito proposto destina-se a analisar o resultado: a
recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade
empresária e sua interferência no sistema econômico. Todavia, pode-se realizar e
identificar as operações mais complexas e de maior incerteza e que justifiquem
maior detalhamento da recuperação judicial, da extrajudicial e da falência, para a
sua adequada aplicação.
2 – A FALÊNCIA
A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, é uma
execução coletiva movida contra um devedor, empresário ou sociedade empresária,
atingindo seu patrimônio para uma venda forçada, partilhando o resultado,
proporcionalmente, entre os credores, atendidas as preferências estabelecidas na
lei, conforme CAMPINHO 2007.
Visa a preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos
produtivos, inclusive os intangíveis, da empresa. O seu processo atenderá aos
princípios da celeridade e da economia processual tendo os processos de falência e
seus incidentes preferênciais a todos os outros feitos em qualquer instância.
2.1 – EVOLUÇÃO DE INSTITUTO
5/11/2018 Recuperação Judicial, Extrajudicial do empresário e das empresas - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/recuperacao-judicial-extrajudicial-do-empresario-e-das-empresas 4/11
A Falência é o procedimento judicial a que está sujeita a empresa mercantil
devedora, que não paga obrigação líquida na data do vencimento, consistindo em
uma execução coletiva de seus bens, à qual concorrem todos os credores, e que
tem por objetivo a venda forçada do patrimônio disponível, a verificação dos
créditos, a liquidação do ativo e a solução do passivo, de forma a distribuir os
valores arrecadados, mediante rateio entre os credores, de acordo com a ordem
legal de preferências, depois de feita a chamada classificação dos créditos, segundo
CAMPOS FILHO 2006.
A palavra “falência” vem do latim fallere, que significa “faltar”, “enganar”, no sentido
de deixar alguém de cumprir uma obrigação.
Utilizava-se como sinônimo de falência a expressão quebra, haja vista que, a banca
dos devedores era quebrada pelos credores.
Usava-se, ainda, a palavra bancarrota para definir a situação relativa à falência,
sendo que tal palavra deriva da expressão italiana banco rotto, que significa banco
quebrado, pois era costumeiro, na Idade Média, se quebrar o banco em que
negociava o comércio em praça pública.
Quanto à evolução do instituto falimentar, percebe-se que na antiguidade a
execução do devedor não se restringia somente ao patrimônio, atingindo, também, a
sua pessoa, ocorrendo aprisionamento, escravidão e até, morte como sanção
àqueles que não pagavam suas dívidas. Tal fato pode ser observado nas
legislações das antigas civilizações: Índia (Código de Manu), Egito, Judeu e Grécia.
Com o Direito Romano, a execução das dividas começou a ter algumas aparências
com o sistema atual. Por exemplo, através da bonoruim distractio, os bens do
devedor eram administrados por um curador nomeado pelo pretor e, posteriormente,
vendidos a varejo e sob a observância dos credores, venda cujo valor ia até o
montante da dívida.
5/11/2018 Recuperação Judicial, Extrajudicial do empresário e das empresas - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/recuperacao-judicial-extrajudicial-do-empresario-e-das-empresas 5/11
Na idade Média, a grande inovação foi a atribuição da Justiça ao Estado, ficando
sob a inovação deste a execução caráter de repressão penal do instituto falimentar,
mas sem distinção entre comerciantes.
A falência passa a ter cunho eminentemente comercial a partir do Código de
Comércio de 1807 da França, mais conhecido como Código Napoleônico, que
serviu de inspiração para as legislações falimentares de grande parte dos países da
Europa Continental e dos Italianos americanos.
A codificação napoleônica não chegou a mudar uma outra característica marcante
do direito falimentar desde os seus primórdios: o caráter repressivo e o punitivo do
devedor.
2.2 - A LEI DE FALÊNCIAS - LFR
A Lei Federal nº 11.101, de 09/02/2005, regula a Recuperação Judicial, a
Extrajudicial e a Falência, nesta ordem, do Empresário e da Sociedade Empresária.
Passou a consagrar a responsabilidade patrimonial do devedor, em substituição às
antigas regras de responsabilidade pessoal, cabe ao credor, individualmente, buscar
no patrimônio do devedor a satisfação do seu crédito. Sobreveio a possibilidade de
solucionar problemas de natureza social, de emprego, de empresa, de credores,
nos casos de crises econômico-financeiras, por meios privados, isto é, por formas
que a própria lei encaminha aos particulares, cosoante COELHO 2008.
Devido à intenção do legislador, talvez fosse mais conveniente se o texto legal
viesse em outra ordem, com a recuperação extrajudicial em primeiro lugar, seguidada recuperação judicial e da falência. Sim, porque a recuperação extrajudicial deve
ser a tentativa inicial, realizada entre devedor e credores, para sanar problemas de
fluxo de caixa do devedor. Não se chegando a um acordo, passa-se à recuperação
judicial ou, até, à falência.
Para acontecer a falência de uma empresa, não é requisito obrigatório percorrer os
outros dois processos, tampouco a recuperação extrajudicial tem que anteceder a judicial. Não é isso. O que o legislador pretendeu foi oferecer alternativas para o
5/11/2018 Recuperação Judicial, Extrajudicial do empresário e das empresas - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/recuperacao-judicial-extrajudicial-do-empresario-e-das-empresas 6/11
empresário e seus credores resolverem a capacidade da empresa de gerar riquezas
para o país.
Essa pretensão pode ser observada em dispositivos que transmitem a disposição do
Governo em preservar ativos que contribuam para a produção industrial. Basta ver a
prioridade para alienação do ativo na falência, que é dada ao estabelecimento
empresarial como um todo, sem haver sucessão das obrigações trabalhistas ou
tributárias do falido. Isso significa que alguém poderá adquirir apenas empresas,
sem se tornar também coobrigado pelo seu passivo. Tal permissivo abre grandes
chances de negócios para aqueles que resolverem apostar no soerguimento de
empresas que atrevessem momentos de dificuldade financeira, pois não estarão
adquirindo igualmente seus passivos.
Uma vez reconhecida a função social da empresa (compreendida como atividade
econômica organizada), a sua preservação deve ser perseguida, de maneira que a
extinção do processo falimentar nem sempre acarretará a extinção da empresa. O
contrato de trespasse, por exemplo, é uma modalidade de liquidação do ativo em
que a empresa pode vir a ser conservada. Nesta hipótese, contudo, a atividade
econômica organizada passará a ser exercida por um titular distinto do falido ou da
sociedade falida.
A título de exemplificação, o art. 60, parágrafo único, LFR prevê, na recuperação
judicial, a possibilidade de alienação de filiais ou de unidades produtivas do
devedor, sem a sucessão do arrematante pelas obrigações daquele, inclusive de
natureza tributária, da forma como acontece na falência.
Objetiva: viabilizar a recuperação de empresas em dificuldade financeira; a
manutenção da empresa e de seus recursos produtivos; a concessão de maiores
garantias aos credores; a liquidação de empresa em crise e inviável no menor
tempo e gastos possíveis. Oportuniza facilitar a continuidade de atuação das
empresas operacionalmente viáveis.
Tem os seguintes princípios: participação ativa dos credores; celeridade;maximização do valor dos ativos do falido; rigor na punição dos crimes falimentares.
5/11/2018 Recuperação Judicial, Extrajudicial do empresário e das empresas - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/recuperacao-judicial-extrajudicial-do-empresario-e-das-empresas 7/11
Com base nos procedimentos: da Recuperação Judicial; Recuperação Extrajudicial
e Falência.
O objetivo maior da LFR, não obstante tenha sido mantida a possibilidade da
quebra, passa a ser o saneamento da empresa, buscando a continuidade de suas
atividades para preservar sua capacidade produtiva e a geração de riquezas e
empregos para a sociedade, segundo MAMEDE 2008.
3 - CONCEITO JURÍDICO E ECONÔMICO
O conceito econômico de falência prende-se à noção de que ela se constitua um
estado de insolvência, levando em consideração primordialmente a situação
patrimonial do devedor.
Já o conceito jurídico leva ao entendimento de que o primordial para caracterizar a
falência não é o estado de insolvência, mas sim o próprio estado de falência.
Assim define-a:
"Falência é a insolvência do devedor comerciante que tem seu patrimônio
submetido a um processo de execução coletiva".
A falência, destarte, pode ser analisada por dois aspectos:
- Estaticamente é a situação do devedor empresário que não consegue pagar
pontualmente seu débito, líquido, certo e exigível (insolvência).
- Dinamicamente é um processo de execução coletiva, instituído por força da lei em
benefício dos credores.
Perceba-se, ainda, que na falência há uma presunção de insolvência, que seu turno
é diferente do inadimplemento, pois este é um fato relativo à própria pessoa,
enquanto insolvência é um estado que diz respeito ao patrimônio.
5/11/2018 Recuperação Judicial, Extrajudicial do empresário e das empresas - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/recuperacao-judicial-extrajudicial-do-empresario-e-das-empresas 8/11
A Lei nº 11.101/2005, conhecida como Lei de Falências - LFR, fiel ao princípio de
preservação da empresa. A falência deixou de ser concebida como um processo de
execução que objetiva tão somente a realização do ativo para a satisfação do
passivo.
É um processo de execução coletiva, promovida contra o devedor, empresário ou
sociedade empresária, no qual devem concorrer todos os seus credores, sejam eles
civis, ou comerciais, em igualdade de condições (par conditio creditorum).
4 - DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Define-se falência como um processo de execução concursal do devedor insolvente,
através do qual se arrecadam judicialmente os bens do falido, a fim de satisfazerem
seus credores, conforme PACHECO 2006.
Imagine-se determinado empresário, aqui entendido como um empresário individual
ou mesmo, uma sociedade empresaria, que se encontre em situação de iminente
dificuldade financeira, já começando, inclusive, a faltar com compromissos
monetários assumidos. Continuando nesta condição, logo seus credores irão
perceber que correm o serio risco de não conseguir a satisfação de seus direitos.
Neste quadro, aqueles que forem detentores de créditos já vencidos, ou até com
prazos curtos de recebimentos, irão obviamente ter maiores chances de escapar de
um calote, uma vez que os demais não poderão reclamar suas obrigações antes
dos vencimentos. Para evitar tamanha injustiça, consubstanciada justamente no
desfavorecimento de parte dos credores do devedor, o Direito tutelou o interesse de
todos, prescrevendo a igualdade de oportunidades dos que tiverem legitimointeresse da percepção de valores devidos por um empresário insolvente. Por isso
se diz que a execução dos créditos é concursal ou coletiva, não havendo espaço
para as ações individuais.
Sabe-se que a garantia do credor é o patrimônio do devedor. Nesse sentido, em
havendo inadimplemento deste, o credor pode executá-lo (por exemplo: ação de
cobrança) individualmente. Entretanto, se o devedor não possuir bens suficientespara satisfazer o seu passivo, a execução individual de um credor pode se tornar
5/11/2018 Recuperação Judicial, Extrajudicial do empresário e das empresas - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/recuperacao-judicial-extrajudicial-do-empresario-e-das-empresas 9/11
injusta com os demais credores, que, embora da mesma categoria daquele, podem
não ter à disposição o patrimônio suficiente para satisfazer seus créditos.
A expressão par condicio creditorum exprime a condição de equivalência em que se
encontram os credores admitidos em um processo de falência, relacionada esta a
real probabilidade de cumprimento obrigacional pelo devedor. Os iguais, assim
considerados com as qualidades de seus créditos, terão tratamento paritário,
conforme RAMOS 2008.
Assim, de um universo de credores habilitados de uma falência, poder-se-á
encontrar alguns respaldados em indenizações por acidente de trabalho, enquanto
que outros demandam dividas de natureza tributaria. Há também os que possuem
créditos lastreados em uma garantia real (hipoteca, penhor) ou, ainda, aqueles que
nenhuma garantia têm (quirografários).
Todos serão agrupados na conformidade da qualidade de seus direitos, não se
permitindo, por exemplo, a um crédito quirografário ser classificado de forma
equivalente a um tributário. É evidente que, se o falido se dispuser de um ativo
capaz de satisfazer todo seu passivo, o efeito pratico dessa medida será apenas o
momento do pagamento, já que a totalidade de seus débitos será executada.
Assim, diante da injustiça da regra da execução individual quanto ao devedor
insolvente e em obediência ao princípio da par condicio creditorum, o ordenamento
jurídico estabelece um processo de execução concursal contra ele.
Mas é preciso destacar que o regime jurídico aplicável a essa execução concursaldo devedor insolvente varia de acordo com a qualidade do devedor, quer dizer, varia
conforme o devedor seja ou não qualificado como empresário.
Com efeito, se o devedor insolvente não é empresário – um simples trabalhador ou
uma associação, por exemplo – o procedimento aplicável à sua execução concursal
é um, estabelecido no Código de Processo Civil – CPC arts. 711 a 713, que cuidam
do chamado concurso de credores. Se, todavia, o devedor insolvente é empresário – seja ele empresário individual ou sociedade empresária, conforme disposto nos
5/11/2018 Recuperação Judicial, Extrajudicial do empresário e das empresas - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/recuperacao-judicial-extrajudicial-do-empresario-e-das-empresas 10/11
arts. 966 e 982, CC – o procedimento é outro, regulado pela legislação falimentar
(Lei 11.101/2005). O regime jurídico empresarial, portanto, traz procedimento de
execução concursal específico para o devedor empresário que se encontra
insolvente, com algumas prerrogativas não constantes do regime jurídico aplicável
aos devedores civis, prerrogativas estas previstas em homenagem à função social
da empresa.
No que pese a imposição advinda de autoridade judiciária, a falência é, por alguns,
considerada um favor legal, devido ao permissivo contido no art. 158, inciso II, da
lei, que possibilita a extinção das obrigações do falido apenas com o pagamento de
50% dos créditos, após a realização do ativo. Se reconstituir o patrimônio, esse não
se comunica com os antigos devedores.
Claro que, para se atingir o percentual naquela categoria de credores, situada
praticamente no final da relação, os antecedentes devem ter sido satisfeitos.
5 - Finalidade da Falência
Afastar o devedor de suas atividades e otimizar a utilização de bens, ativos e
demais recursos da empresa. Falido é o empresário, não a empresa; esta pode ser
viável, ou não.
6 – CONCLUSÃO
No Direito Falimentar, uma das maiores preocupações dos juristas sempre foi com
relação aos meios para evitar a quebra. Em vários sistemas jurídicos, inclusive noBrasil, foram concebidas e experimentadas várias medidas preventivas, mas
sempre sob a ótica dos interesses do devedor ou dos credores, não apresentando
resultados socialmente positivos. Somente nas últimas décadas é que se chegou a
uma conclusão de que era importante adotar um procedimento de reorganização da
empresa, diferente dos modelos até então existentes, para evitar o seu
desaparecimento quando houvesse um interesse social relevante.
5/11/2018 Recuperação Judicial, Extrajudicial do empresário e das empresas - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/recuperacao-judicial-extrajudicial-do-empresario-e-das-empresas 11/11
A Lei de Falências e Recuperação de Empresas brasileira incorporou essa idéia, em
consonância com modelos experimentados em outros países, numa concepção
generalizada do princípio da conservação da empresa.
Pode-se concluir que a partir da vigência da Lei 11.101, com a recuperação judicial
e a extrajudicial do empresário e da sociedade empresária torna o juiz vinculado e
coloca nas mãos do devedor e dos credores o poder de negociar e compor seus
interesses.
Enfim, percebe-se que essa lei amplia o poder de negociação dos devedores e
credores. As empresas que se encontrarem em uma situação de dificuldade
deverão aproveitá-la.
Referências bibliográficas
CAMPINHO Sérgio, Falência e Recuperação de Empresa. 8. ed. Rio de Janeiro:
Renovar. 2007.
CAMPOS FILHO, Moacyr Lobato. Falência e Recuperação. Belo Horizonte: Del
Rey, 2006.
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. 12. ed. São Paulo: Saraiva.
2008. 3 vols.
MAMEDE, Gladstone. Falência e Recuperação de Empresas. 2. ed. São Paulo:
Atlas, 2008. 660 p.
PACHECO, José da Silva. Processo de Recuperação Judicial, Extrajudicial e
Falência. Rio de Janeiro: Forense, 2006. 364 p.
RAMOS, Luiz Santa Cruz Ramos. Curso de Direito Empresarial. Salvador: Podium.2008, 671 p.
O Âmbito Jurídico não se responsabiliza, nem de forma individual, nem de forma
solidária, pelas opiniões, idéias e conceitos emitidos nos textos, por serem de inteira
responsabilidade de seu(s) autor(es)