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Rubem Pereira dos Santos Filho Claudio dos Santos Padovani Guilherme José Santana Ruiz ADVOGADOS E CONSULTORES EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO Processo nº 02309003520095020341 Justiça Gratuita FRANCISCO TAVARES DA SILVA, já qualificado nos autos da reclamação trabalhista que move em face de REGISPEL INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE BOBINAS S/A, por seu advogado que esta subscreve, vem à presença de Vossa Excelência interpor tempestivamente e com fulcro no art. 896 “a” da CLT RECURSO DE REVISTA requerendo a remessa das anexas razões ao Colendo Tribunal Superior do Trabalho, sendo isento do recolhimento das custas processuais para os devidos fins de direito, eis que é beneficiário da gratuidade processual. Nesses termos, Pede deferimento Rua Dr. Ricardo Vilela, 180 - Centro - Mogi das Cruzes - SP - CEP:08710- 150 - (11)4799-1704 Página 1 de 30

Recurso de Revista Francisco Tavares Da Silva

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO

Processo nº 02309003520095020341Justiça Gratuita

FRANCISCO TAVARES DA SILVA, já qualificado nos autos da reclamação trabalhista que move em face de REGISPEL INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE BOBINAS S/A, por seu advogado que esta subscreve, vem à presença de Vossa Excelência interpor tempestivamente e com fulcro no art. 896 “a” da CLT

RECURSO DE REVISTA

requerendo a remessa das anexas razões ao Colendo Tribunal Superior do Trabalho, sendo isento do recolhimento das custas processuais para os devidos fins de direito, eis que é beneficiário da gratuidade processual.

Nesses termos,Pede deferimento

De Mogi das Cruzes, Para São Paulo, 10 de maio de 2012

Claudio dos Santos Padovani Guilherme José Santana RuizOAB/SP nº 232.400 OAB/SP nº 301.639

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RAZÕES DE RECURSO DE REVISTA

Recorrente: FRANCISCO TAVARES DA SILVARecorrido: REGISPEL INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE BOBINAS S/A

Processo nº: 02309003520095020341

Origem: Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região

COLENDO TRIBUNAL

DOUTOS MINISTROS

HISTÓRICO PROCESSUAL

O recorrente propôs reclamação trabalhista em face do recorrido pleiteando ser ressarcido por danos morais e materiais em decorrência de acidente de trabalho havido durante a prestação do pacto laboral pelo obreiro, sendo confirmada tal situação somente após a realização do laudo médico por perícia designada por esta Justiça Especializada.

Ocorre que a reclamada em sede de contestação, alegou prescrição do direito de ação, já que o prazo a ser considerado seria o previsto pela constituição federal, ou seja, 2 anos após o término do contrato de trabalho.

Em sentença Monocrática, logrou êxito o reclamante, eis que foi afastada a preliminar de prescrição, uma vez que consta dos autos que o recorrente já havia ingressado com ação anterior, sendo esta arquivada, sendo certo que foi reconhecido o acidente de trabalho, ganhando o obreiro a indenização de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a título de danos morais e de R$ 45.000,00 (quarenta e

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cinco mil reais) a titulo da danos materiais e de honorários advocatícios no importe de R$ 5.000,00 (cinco mil reais).

Inconformada com a R. Decisão, a reclamada recorreu ordinariamente ao Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, pedindo a reforma total da R. Decisão Monocrática, sob a alegação de prescrição do direito de ação do reclamante, sendo acolhida tal tese pela 8ª Turma daquele Tribunal, revertendo-se em sua totalidade a R. Sentença do Juízo Singular.

Questionada divergência de posicionamento de outros Tribunais e Turmas através de embargos declaratórios, foram os mesmo acolhidos e rejeitados.

No entanto, referidas decisões não merecem prosperar, pois inteiramente divorciadas dos preceitos jurisprudenciais. Senão vejamos:

DO PREQUESTIONAMENTO

Cumpre ressaltar inicialmente que a matéria objeto do presente recurso foi devidamente prequestionada em tese de embargos declaratórios, como determina a Súmula 297 deste Tribunal.

DA TRANSCENDÊNCIA

Ressalte-se também que o presente recurso é transcendente com relação aos aspectos de natureza social, econômica, jurídica ou política do país, nos Termos do art. 896-A da CLT, eis que trata de assunto tão delicado e polêmico, eis que o obreiro só teve a confirmação de acidente de trabalho, através da realização de perícia realizada nestes autos, por esta Justiça Especializada, situação como de muitos outros obreiros, que só descobrem ter sofrido acidente de trabalho, anos após deixarem de trabalhar para a reclamada.

DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE

Ressalte-se ainda que o recurso em tela é tempestivo, tendo o recorrente comprovado recolhimento das custas processuais, estando as procurações constantes às folhas 15 e 107, conforme IN 23 do TST.

DA DIVERGÊNCIA

Com todo o respeito ao vasto saber da C. 8ª Turma do Tribunal Regional local, estes não tiveram o verdadeiro acerto ao extinguir o processo sob a égide de prescrição nuclear da ação.

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A doutrina se divide quanto a aplicação do prazo prescricional nas ações acidéntárias existindo quatro correntes quanto a aplicação do tema. Dentre as correntes de aplicação ao tema, a mais coerente é a aplicação do prazo genérico de dez anos, ao se visualizar a natureza do dano, pois neste caso não se trata de crédito trabalhista e também é certo afirmar que não se destina à reparação de dano patrimonial.

Ressalte-se que a mudança de competência da Justiça Comum para a Justiça do Trabalho após a Emenda Constitucional 45/2004, salvo melhor análise, não é capaz de vincular o prazo prescricional, pois não é a competência que a delimita, mas sim a natureza jurídica do dano sofrido.

Não se pretende deixar o instituto imprescritível, pois a imprescritibilidade trata do direito da personalidade e nunca do direito de propor a ação, eis que este sim, sofre com os efeitos da prescrição.

Portanto, salvo melhor juízo, ao se analisar os argumentos colacionados, só aplicar o instituto da prescrição, pelo prazo genérico de dez anos, pois há uma nítida omissão regulatória e, nestes casos, devemos recorrer ao Direito Civil para reparar esta omissão, já que, as normas trabalhistas não tratam do assunto.

Oportuno salientar que segundo a principiologia do Direito do Trabalho, não há que se falar em hierarquia das normas, eis que estas devem ser aplicadas de forma mais favorável ao trabalhador, portanto, ao se analisar inclusive o instituto da prescrição, esta deve se pautar pela norma mais favorável, portanto, a prescrição deve se operar em dez anos.

Também oportuno salientar que à favor do recorrente, temos os seguintes acórdãos prolatados pelo próprio Tribunal Regional do Trabalho, que demonstram o equívoco praticado, conforme abaixo:

Ademais, como dito, o acidente de trabalho só foi confirmado após a realização da perícia pela Justiça Especializada, e neste sentido já se manifestou o E. STF, através da Súmula 230 abaixo transcrita:

Súmula 230A   PRESCRIÇÃO   DA   AÇÃO   DE   ACIDENTE   DO   TRABALHO 

CONTA-SE DO EXAME PERICIAL QUE COMPROVAR A ENFERMIDADE OU VERIFICAR A NATUREZA DA INCAPACIDADE

Fonte (Sum 337, IV TST)http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/

listarJurisprudencia.asp?s1=230.NUME.%20NAO%20S.FLSV.&base=baseSumulas

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No mesmo sentido, o E. STJ também afasta a prescrição declarada pelo E. Tribunal Regional, nos termos da Súmula nº 278, que também transcrevemos abaixo:

Súmula 278

O termo inicial do prazo prescricional, na ação de indenização, é a data em que o segurado teve ciência inequívoca da incapacidade laboral.

Fonte (Sum 337, IV TST)http://www.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp?livre=(sumula

%20adj1%20'278').mat.

A divergência ao se analisar a Súmulas e o V. Acórdão atacado, fica evidente que a divergência se operou na forma de se verificar a prescrição, pois o termo inicial para a contagem da prescrição seria da ciência inequívoca da moléstia e não da prescrição trabalhista estabelecida no artigo 7º, XXIX da Constituição Federal.

É justamente neste contexto que verificamos que a Reforma proporcionada pelo R. Tribunal do Trabalho da 2ª Região resta equivocado, eis que destoante com as próprias Súmulas dos Tribunais Superiores.

Frise-que a ciência do reconhecimento do acidente de trabalho só nasceu após a realização da perícia, onde ficou caracterizado de forma inequívoca os danos à saúde do obreiro, e desta forma, não há que se falar em prescrição.

Enfatize-se ainda o fato do reclamante ter ingressado com reclamatória anterior, fato este “per se” afasta o instituto da prescrição.

Assim, demonstrado está a divergência de Súmula, legitimando o presente Recurso de Revista, no entanto, é de se ressaltar que não se trata de divergências com as Súmulas em comento, mas também com outros Acórdãos, conforme se abordará mais abaixo.

Ademais, também oportuno salientar que, temos ainda a divergência de diversos outros acórdãos do próprio Tribunal Paulista, conforme abaixo:

Ocorre que a Jusriprudência do próprio Tribunal Regional Local diverge com relação ao tema, conforme abaixo:

ACÓRDÃO Nº: 20090294720 Nº de Pauta:151PROCESSO TRT/SP Nº: 00680200844502000RECURSO ORDINÁRIO - 05 VT de Santos

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RECORRENTE: Edson Messias CostaRECORRIDO: 1. Dr Serviços de Vigia e Portaria LTDA 2.ARMAZENS GERAIS COLÚMBIA S/AEMENTA"AÇÃO DE REPARAÇÃO CIVIL POR ACIDENTE DO TRABALHO.

PRESCRIÇÃO. A promulgação da Emenda Constitucional 45/04, que alterou a redação do artigo 114 da Constituição Federal e fixou a competência desta Especializada para o julgamento dos pedidos de indenização de natureza civil decorrente de acidente do trabalho, não alterou a natureza do próprio crédito. A prescrição é instituto de direito material que não está condicionada à modificação da competência, que é de natureza processual. Créditos de natureza civil, ainda que oriundos de relação de emprego, sujeitam-se à prescrição prevista no Código Civil, sendo inaplicável a regra do artigo 7º, inciso XXIX da Constituição Federal."

ACORDAM os Magistrados da 10ª TURMA do Tribunal Regional do Trabalho da Segunda Região em: por maioria, vencido o voto da Desembargadora Sônia Maria Forster do Amaral, que mantinha a r. sentença de origem, dar provimento ao apelo para, nos termos da fundamentação, afastar a prescrição declarada e determinar o retorno dos autos à origem para regular prosseguimento, até seus ulteriores termos. Não há custas nesta fase processual. São Paulo, 23 de Abril de 2009.

Fonte (Sum 337, IV TST)

http://trtcons.trtsp.jus.br/dwp/consultas/acordaos/

consacordaos_turmas_aconet.php

E ainda, do mesmo Tribunal Regional do Trabalho:

ACÓRDÃO Nº: 20090813183 Nº de Pauta:184 PROCESSO TRT/SP Nº: 00060008820065020401

(00060200640102004)RECURSO ORDINÁRIO - 01 VT de Praia Grande RECORRENTE: Polimix Concreto LTDA RECORRIDO: Genivaldo Mendes Santana EMENTA Prescrição. Acidente do Trabalho. O prazo

prescricional em ações que objetivem o recebimento de indenização por acidente do trabalho ou moléstia profissional não pode ser regido pelo inciso XXIX, art. 7o da CLT, pois não se relacionam com a prestação ou a contraprestação laboral derivadas

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da execução contratual, mas de fato anômalo, indesejado, sem relação com o contrato em si. A lesão à integridade física atine ao ser humano, mais que simplesmente à condição de trabalhador, de modo que os prazos aplicáveis são os civis, de 20 anos (1916) ou de 10 anos (2003). Recurso Ordinário não provido.

ACORDAM os Magistrados da 12ª TURMA do Tribunal Regional do Trabalho da Segunda Região em: por maioria de votos, vencido o Juiz Convocado Adalberto Martins quanto à pescrição, NEGAR PROVIMENTO ao recurso ordinário, mantendo, no mais, a r. decisão atacada, inclusive quanto ao valor arbitrado à condenação.

São Paulo, 24 de Setembro de 2009. Fonte (Sum 337, IV TST)

http://trtcons.trtsp.jus.br/dwp/consultas/acordaos/

consacordaos_turmas_aconet.php

Fica a divergência entre o V. Acórdão atacado, eis que não se pode basear a prescrição trabalhista, na medida que muitas moléstias são descobertas após 3 à 4 anos, e no caso dos autos, se discute única e exclusivamente o acidente de trabalho ocorrido e as devidas indenizações cíveis, pleiteadas.

Desta forma Eminentes Ministros, resta incontroverso que a divergência e a necessidade de saneamento, eis que resta demonstrado nos autos, somente após a realização de perícia médica, que de fato o reclamante sofreu acidente de trabalho, fazendo jus a justa indenização arbitrada em primeira instância.

Também oportuno salientar que o reclamante ingressou com reclamatória trabalhista anterior, e neste caso afastou a alegada prescrição.

Neste sentido, o V. Acórdão atacado também não obervou a melhor Jurisprudência deste E. Tribunal, o qual afastou a prescrição com o simples ajuizamento de ação anterior.

Para reforçar acima exposto, pede-se a necessária Vênia, para transcrever os posicionamentos deste E. Tribunal, conforme abaixo: (fonte http://aplicacao5.tst.jus.br/consultaunificada2/inteiroTeor.do?action=printInteiroTeor&highlight=true&numeroFormatado=RR%20-%20122541-73.2002.5.01.0014&base=acordao&numProcInt=70536&anoProcInt=2008&dataPublicacao=18/06/2010%2007:00:00&query=)

A C Ó R D Ã O

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(Ac. 6ª Turma)

GMACC/kmp/tas

AGRAVO   DE   INSTRUMENTO. PRELIMINAR   DE   INCOMPETÊNCIA   DO   VICE-PRESIDENTE   DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO PARA NEGAR SEGUIMENTO AO RECURSO DE REVISTA. Nos termos do art. 896, § 1º, da CLT, a competência para realizar o juízo de admissibilidade do recurso de revista é do Presidente do Tribunal Regional do Trabalho. Todavia, essa competência pode ser delegada ao Vice-Presidente. In casu, não há elementos nos autos suficientes para definir se houve ou não delegação da atribuição em comento. Preliminar rejeitada.

PRELIMINAR   DE   NULIDADE   DA   DECISÃO   AGRAVADA   POR   NEGATIVA   DE   PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. Constou da decisão agravada, ainda que de forma concisa, todos os fundamentos de fato e de direito que formaram o convencimento do julgador. Preliminar rejeitada.

PRESCRIÇÃO   QUINQUENAL.   ARQUIVAMENTO   DE   AÇÃO   ANTERIORMENTE   AJUIZADA. INTERRUPÇÃO. Restou demonstrada divergência jurisprudencial apta a promover o processamento do recurso de revista. Agravo de instrumento provido.

RECURSO   DE   REVISTA.   PRELIMINAR   DE   NULIDADE   POR   NEGATIVA   DE   PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. Não se configura a alegada nulidade por negativa de prestação jurisdicional, na medida em que o Tribunal Regional expôs fundamentadamente os motivos pelos quais entendeu devida a gratificação semestral. Logo, ainda que o recorrente não se conforme com a decisão, a hipótese não seria de negativa de prestação jurisdicional, mas de mera decisão contrária aos seus interesses. Recurso de revista não conhecido.

PRESCRIÇÃO. GRATIFICAÇÃO SEMESTRAL. No caso de alteração do pactuado se aplica a prescrição total quinquenal, conforme preceitua a Súmula 294 do TST. Considerando que a alteração contratual lesiva ocorreu em janeiro de 1995, a prescrição total quinquenal se consumaria em janeiro de 2000, o que não ocorreu no caso sub judice, já que a reclamação trabalhista, que interrompeu o prazo prescricional, foi ajuizada em 1999. Tendo em vista que a Corte Regional determinou, em última análise, a incidência da prescrição quinquenal, não se vislumbra ofensa aos artigos 7º, XXIX, da Constituição Federal e 114 do Código Civil, tampouco divergência jurisprudencial. Recurso de revista não conhecido.

PRESCRIÇÃO   QUINQUENAL.   ARQUIVAMENTO   DE   AÇÃO   ANTERIORMENTE   AJUIZADA. INTERRUPÇÃO. O ajuizamento de reclamação trabalhista, ainda que arquivada, interrompe a prescrição bienal e a quinquenal. A Súmula 268 do TST não faz distinção entre os tipos de prescrição, pois o que se quer assegurar é a interrupção. Recurso de revista conhecido e não provido.

GRATIFICAÇÃO SEMESTRAL. NATUREZA JURÍDICA. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS. A Corte Regional consignou expressamente que, conforme apurado no laudo pericial, a gratificação semestral era paga a todos os empregados e independentemente da realização de lucros. Logo, para se chegar à conclusão diversa seria necessário reexaminar o conjunto fático-probatório dos autos, procedimento vedado nesta instância recursal, nos termos da Súmula 126 do TST. Recurso de revista não conhecido.

DESCONTOS FISCAIS. O acórdão regional contraria o item II da Súmula 368 do TST, segundo o qual os descontos fiscais incidirão sobre o valor total a condenação, referente às parcelas tributáveis, calculado ao final. Recurso de revista conhecido e provido.

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Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista n.° TST-RR-122541-73.2002.5.01.0014, em que é Recorrente BANCO   SANTANDER   BANESPA   S.A. e são Recorridos CELMAR GUIMARES DE ANDRADE E OUTROS.

O reclamado interpôs recurso de revista às fls. 540-569.

O Tribunal a quo denegou seguimento ao recurso de revista, por meio da decisão de fls. 579-580.

Inconformado, o recorrente interpôs o presente agravo de instrumento às fls. 02-26.

Contraminuta ao agravo de instrumento e contrarrazões ao recurso de revista não foram apresentadas (certidão de fl. 587).

Os autos não foram enviados ao Ministério Público do Trabalho, por força do artigo 83, § 2º, do Regimento Interno do Tribunal Superior do Trabalho.

É o relatório.

V O T O

1 - CONHECIMENTO

O agravo de instrumento é tempestivo, está subscrito por advogado habilitado nos autos, bem como apresenta regularidade de traslado.

Conheço.

2 - MÉRITO

2.1 - PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA DO VICE-PRESIDENTE DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO PARA NEGAR SEGUIMENTO AO RECURSO DE REVISTA

O reclamado, nas razões do agravo de instrumento, argui preliminar de incompetência do Vice-Presidente do Tribunal Regional do Trabalho para negar seguimento ao recurso de revista.

Sem razão.

O art. 896, § 1º, da CLT dispõe que o recurso de revista será apresentado ao Presidente do Tribunal recorrido, que poderá recebê-lo ou denegá-lo, fundamentando, em qualquer caso, a decisão. Verifica-se, pois, que a competência para proferir a decisão de admissibilidade ou inadmissibilidade do recurso de revista é do Presidente do Tribunal Regional do Trabalho.

Todavia, essa competência não é exclusiva e indelegável. Nada obsta que o Presidente, no uso das suas atribuições definidas no Regimento Interno de cada Tribunal, possa delegar ao Vice-Presidente certas atribuições, dentre as quais a de proferir a decisão de admissibilidade do recurso de revista.

In casu, não há elementos nos autos suficientes para definir se houve ou não delegação da atribuição em comento.

Rejeito a preliminar.

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2 - PRELIMINAR DE NULIDADE DA DECISÃO AGRAVADA POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL

O reclamado argui preliminar de nulidade da decisão agravada por negativa de prestação jurisdicional, sob o argumento de que a Corte Regional não expôs os fundamentos pelos quais negou seguimento ao recurso de revista.

Sem razão.

Não merece acolhida a preliminar de nulidade da decisão agravada por negativa de prestação jurisdicional, uma vez que constou, ainda que de forma concisa, todos os fundamentos de fato e de direito que formaram o convencimento do julgador.

Ademais, esta Corte, ao apreciar o agravo de instrumento interposto contra a decisão denegatória do recurso de revista, analisa a presença de todos os pressupostos para a admissibilidade do apelo, não se vinculando obrigatoriamente à decisão proferida pelo Tribunal Regional.

Portanto, não demonstrado o manifesto prejuízo às partes litigantes, é desnecessária a declaração de nulidade da decisão agravada, nos termos do art. 794 da CLT.

Rejeito a preliminar.

2.3   -   PRESCRIÇÃO   QUINQUENAL.   ARQUIVAMENTO   DE   AÇÃO   ANTERIORMENTE AJUIZADA. INTERRUPÇÃO

O Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por meio do acórdão de fls. 497-505, deu provimento ao recurso ordinário do reclamante no tocante à interrupção da prescrição quinquenal. Consignou às fls. 498-501:

"O Juízo de Origem entendeu que a prescrição qüinqüenal deve ser contada a partir da data do ajuízamento desta ação e não da data de ação anteriormente ajuizada, cuja interposição interrompeu o prazo prescricional.

D.m.v., reforma merece o julgado, no particular.

A reclamação, ainda que arquivada, interrompe a prescrição, na forma preconizada no Enunciado 268 do C. TST.

A jurisprudência ao admitir a interrupção da prescrição pela interposição da reclamação trabalhista, assemelhou-a, em seu efeitos, aos institutos nominados no art. 867 do CPC.

Assim, ajuizada a reclamação trabalhista em 09.02.99, resta interrompida a prescrição, nos termos do art. 172 do Código Civil. É de se ressaltar que no Direito do Trabalho dois são os prazos prescricionais previstos em norma constitucional - o bienal do direito de ação e o qüinqüenal relativamente às parcelas exigíveis oriundas do contrato de trabalho -, ambos hão de ser resguardados quando interrompida a prescrição.

Ressalte-se, ainda, que o art. 172, II, do Código Civil, que estabelece que a prescrição se interrompe pelo protesto - aqui equiparada a reclamação trabalhista anteriormente proposta, não estabelece qualquer prazo ou condição para o ajuizamento da ação principal.

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Ressalte-se, ainda, que não há qualquer vedação ou óbice legal que impeça o titular de uma ação ajuizar reclamatórias trabalhistas no intuito de preservar seu direito de reclamar créditos oriundos do contrato de trabalho, não sendo, como a princípio pode-se parecer, a eternização da exigibilidade de seu direito, porquanto a lei concede ao titular tal direito, bastando a tanto que, mediante ato inequívoco, promova ou provoque a interrupção do curso da prescrição, caso em que todos os seus direitos resguardados desde o primeiro ato interruptivo, mantêm-se incólumes.

Emoldurando a questão jurídica na situação fática aqui discutida, se não fosse resguardado ao autor a manutenção do período imprescrito, com a paralização, no tempo, da fluência da prejudicial da exigibilidade do direito, restaria sem objeto a interrupção da prescrição, conforme preconiza o Enunciado n.° 268 da Súmula de Jurisprudência Predominante do TST.

Note-se que ao se admitir como correto o entendimento esposado em primeira instância, qual seja, de que o prazo prescricional qüinqüenal conta-se a partir da data de ajuizamento da última ação intentada pelo empregado, tem-se que, na prática (e via de conseqüência), o trabalhador dispõe de 5 (cinco) anos para ingressar com ação quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, ainda que tenha ingressado com outras reclamatórias visando interromper o prazo de 2 (dois) anos, previsto no inciso XXIX, do art. 7º, da Constituição da República.

Isso porque transcorridos mais de 5 (cinco) anos da extinção do contrato, não disporia mais o empregado do direito de ação, na medida em que operada a prescrição qüinqüenal. Ora, aludida asserção não apenas não encontra esteio na legislação pátria, como não é consentânea com o instituto da interrupção da prescrição. Tratando-se de instrumento do qual a parte pode fazer uso para se acautelar, para se precaver contra a contagem do prazo, de nada adiantaria a parte a ele recorrer se, depois, na contagem, não se visse beneficiada.

Ainda que o empregado venha ajuizar sucessivas demandas trabalhistas, e estas venham a ser arquivadas, tal fato não retira do autor o direito de resguardar seu direito de ação quanto a créditos decorrentes de eventuais lesões havidas no decurso do contrato de trabalho.

De todo o exposto, há de se admitir que restaria sem objeto a existência da interrupção da prescrição, se não fosse garantido ao reclamante a manutenção do período imprescrito, devendo, pois, ser mantido intacto o direito postulado na primeira ação, no que tange as parcelas imprescritas.

Nesse sentido também se manifesta a jurisprudência, cujas ementas são transcritas a seguir:

'PRESCRIÇÃO -  CAUSA INTERRUPTIVA -  EFEITO SOBRE OS PRAZOS BIENAL E  QÜINQÜENAL  - Constituindo o arquivamento da reclamatória causa interruptiva da prescrição, a teor do disposto no   entendimento   consubstanciado   no   Enunciado   268,   do   TST,   o   lapso   prescricional   será paralisado,   desprezando-se   o   tempo   transcorrido   quando   então   começará   um   novo   curso prescricional. O elastecimento do prazo para o exercício do direito do credor, que é conseqüência lógica da pronúncia da interrupção da prescrição, deve abranger não apenas o prazo prescricional de dois anos (CF, art.7°, inciso XXIX, alínea 'a', segunda parte) como também o qüinqüenal (CF, art. 7o, inciso XXIX, alínea 'a', primeira parte), considerando-se prescritas neste caso, as verbas anteriores   aos   cincos   anos   contados   do   ajuizamento   da   primeira   ação.   (TRT   12a   R.   -   RÓ-V 1.758/96 - Ac. 8.291/97 - 3ª T. - Relª Juíza Lília Leonor Abreu - DJSC 06.08.1997).

            'PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL. INTERRUPÇÃO. A prescrição qüinqüenal, quando interrompida, é    contada a partir do ajuizamento da primeira ação. Recurso de Revista conhecido e provido, e Agravo   de   instrumento   desprovido,'   (Processo   AIRR   e   RR   n°   683016/00,   publicação   DJ 08/04/2005,   2a   Turma,   Relator:   Ministro   José   Luciano   de   Castilho   Pereira,   Agravantes)   e 

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Recorridos): Isdralit S.A. - Indústria e Comércio e Agravado(s) e Recorrente(s): Antônio Rosemiro da Silva)

            'PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL.   INTERRUPÇÃO POR AJUIZAMENTO DE RECLAMAÇÃO ANTERIOR.    NOVA   RECLAMAÇÃO   TRABALHISTA.   MARCO   INICIAL.   CONTAGEM   DO   PRAZO.   DATA   DO AJUIZAMENTO DA PRIMEIRA AÇÃO 1. A interrupção de que tratam os arts. 172 do Código Civil de 1916 e 219, caput, do CPC não distingue entre a prescrição bienal e a prescrição qüinqüenal, não cabendo   ao   intérprete   fazê-lo   para   concluir   que  o   ajuizamento   de   ação   trabalhista   anterior interrompe   tão-somente   a   prescrição   bienal.   2.   Incontroverso   que   a   prescrição   bienal   foi interrompida pelo ajuizamento de ação anterior, também a prescrição qüinqüenal segue a mesma sorte.   3.   A   prescrição   interrompida   recomeça   a   correr   da   data   do   ato   que   a   interrompeu (CCB/1916,  art.  173),  razão por que o prazo qüinqüenal  de que trata o art.  7o.   inc.  XXIX.  da Constituição da República deve ser reiniciado na data do ajuizamento na primeira reclamação. 4. Recurso de Revista de que se conhece e a que se dá provimento para declarar prescrito o direito de   reclamar   parcelas   anteriores   ao   qüinqüênio   que   precede   o   ajuizamento   da   primeira reclamação trabalhista.' (AIRR-776941/01 Acórdão da Quinta Turma, Relator Ministro João Batista Brito Pereira, DJ de 29/8/03).

Por todo exposto, concluo que o ajuizamento da Ação anterior tem o condão apenas de interromper a prescrição bienal, não atingindo a qüinqüenal, que permanece intocada, recomeçando a fluir o prazo prescricional na totalidade.

No caso, ajuizado a reclamatória em 09.02.89 (sic), não há que se falar em prescrição total ou qüinqüenal, porquanto a postulação é feita a partir de janeiro de 1995."

O reclamado interpôs recurso de revista às fls. 540-569.

O Tribunal a quo denegou seguimento ao recurso de revista, por meio da decisão de fls. 579-580.

Inconformado, o recorrente interpôs o presente agravo de instrumento às fls. 02-26, alegando que restou comprovada a ofensa ao art. 7º, XXIX, da Constituição Federal, bem como divergência jurisprudencial válida e específica, aptas a promover a admissibilidade do recurso de revista no tocante à interrupção da prescrição quinquenal.

Assiste-lhe razão.

Os arestos de fls. 556-557, ao defenderem tese de a desistência da ação anteriormente ajuizada interrompe apenas o prazo prescricional bienal e não o quinquenal, contrapõem-se ao posicionamento do acórdão regional, demonstrando, assim, divergência jurisprudencial apta a promover a admissibilidade do recurso.

Dou   provimento ao agravo de instrumento, para determinar o processamento do recurso de revista.

Conforme previsão do artigo 897, § 7º, da CLT e da Resolução Administrativa do TST 928/2003, em seu artigo 3º, § 2º, e dos arts. 236, caput, § 2º, e 237, caput, do RITST, proceder-se-á de imediato à análise do recurso de revista na primeira sessão ordinária subsequente.

II - RECURSO DE REVISTA

1 - PRELIMINAR DE NULIDADE POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL

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Conhecimento

O reclamado interpôs recurso de revista às fls. 540-569, arguindo a nulidade da decisão, por negativa de prestação jurisdicional. Afirma que o Tribunal Regional teria deixado de se manifestar sobre o artigo 49 do Estatuto Social do antigo Banco do Estado de São Paulo S.A., segundo o qual a gratificação semestral está condicionada à realização de lucros e autorização da diretoria. Aponta violação dos artigos 93, IX, da Constituição Federal, 832 da CLT e 535, II, do CPC. Colaciona arestos para confronto jurisprudencial.

Sem razão.

Inicialmente, salienta-se que o conhecimento do recurso de revista quanto à preliminar de nulidade do acórdão por negativa de prestação jurisdicional está restrito à observância das hipóteses previstas na Orientação Jurisprudencial 115 da SBDI-1 do TST (indicação de violação do art. 832 da CLT, do art. 458 do CPC ou do art. 93, IX, da CF/1988). Logo, afasta-se a violação apontada ao art. 535, II, do CPC e a divergência jurisprudencial suscitada.

A Corte Regional manteve a condenação do reclamado ao pagamento das diferenças da gratificação semestral, sob os seguintes fundamentos:

"Conforme se verifica do Regulamento do Pessoal do Reclamado, a referida gratificação foi instituída, sem qualquer vinculação a lucros ou resultados da empresa, para ser paga semestralmente, inclusive para aposentados.

Foi apurado pelo i. Perito, que a referida parcela era paga aos funcionários da ativa, sem qualquer menção de interrupção do pagamento para os referidos funcionários, não havendo que se falar, por conseguinte, em inexistência de lucros.

Assim, pela análise da documentação juntada, bem como da apuração feita pelo i. Perito, não restou demonstrado que as gratificações pagas estavam efetivamente vinculadas à distribuição de lucros.

Ademais, a C. SDI do TST, tem reiteradamente decidido pela natureza salarial da parcela e da desvinculação desta com a participação de lucros (...)" (fl. 503)

Verifica-se, pois, que a manifestação sobre o disposto no artigo 49 do Estatuto Social do antigo Banco do Estado de São Paulo S.A. é irrelevante para o deslinde da controvérsia, pois o Tribunal de origem considerou que, a despeito das regras escritas acerca da gratificação semestral, na prática, a referida parcela era paga desvinculada da realização de lucros.

Ora, o juiz não deve ser compelido a refutar todos os argumentos opostos pelas partes quando já adotou tese explícita nas matérias sobre as quais a ele incumbia decidir. Sua obrigação, por imposição constitucional, é a de fundamentar o julgamento com os motivos que o levam a firmar convicção. Só haveria vício no julgado se a tese suscitada e sobre a qual o Juízo não se pronunciou expressamente fosse relevante ou fundamental para o deslinde da controvérsia, o que não ocorreu no caso em concreto.

In casu, ainda que o recorrente não se conforme com a decisão, a hipótese não seria de negativa de prestação jurisdicional, mas de mera decisão contrária aos seus interesses. Incólumes os arts. 93, IX, da Constituição Federal e 832 da CLT.

Não conheço.

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2 - PRESCRIÇÃO. GRATIFICAÇÃO SEMESTRAL

Conhecimento

A Corte Regional esclareceu na decisão dos embargos declaratórios:

"Não se trata de ato único, na medida em que a parcela é de natureza salarial, devendo, pois, ser aplicada a prescrição parcial.

Assim, tendo sido ajuizada a ação em 1999, o marco fixado em 1994 não atinge a pretensão, que é a partir de janeiro de 1995" (fl. 533).

O reclamado sustenta que se aplica a prescrição total relativa às diferenças de gratificação semestral, nos termos da Súmula 294 desta Corte. Afirma que o prazo para contagem da prescrição teve início no momento em que os reclamantes alegam ter havido a alteração na forma de pagamento da referida verba. Aponta violação dos artigos 7º, XXIX, da Constituição Federal e 114 do Código Civil, bem como contrariedade à Súmula 294 do TST. Traz arestos para o cotejo.

Sem razão.

No caso de alteração do pactuado não se aplica a prescrição parcial, como entendeu o Tribunal de origem, e sim a prescrição total quinquenal, conforme preceitua a Súmula 294 do TST.

Todavia, o entendimento esposado no acórdão regional não contraria a Súmula 294 do TST, ainda que se aplique a prescrição total, porque, conforme consignado na decisão recorrida, foi observado o prazo prescricional quinquenal contado da data da propositura da reclamação trabalhista, denotando que a prescrição não atingiu a pretensão.

Com efeito, considerando que a alteração contratual lesiva ocorreu em janeiro de 1995, a prescrição total quinquenal se consumaria em janeiro de 2000, o que não ocorreu no caso sub judice, já que a reclamação trabalhista, que interrompeu o prazo prescricional, foi ajuizada em 1999. Logo, incólumes os dispositivos constitucional e legal apontados como violados e a divergência jurisprudencial colacionada.

Não conheço.

3   -   PRESCRIÇÃO   QUINQUENAL.   ARQUIVAMENTO   DE   AÇÃO   ANTERIORMENTE AJUIZADA. INTERRUPÇÃO

Conhecimento

Restou consignado no acórdão regional:

"O Juízo de Origem entendeu que a prescrição qüinqüenal deve ser contada a partir da data do ajuízamento desta ação e não da data de ação anteriormente ajuizada, cuja interposição interrompeu o prazo prescricional.

D.m.v., reforma merece o julgado, no particular.

A reclamação, ainda que arquivada, interrompe a prescrição, na forma preconizada no Enunciado 268 do C. TST.

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A jurisprudência ao admitir a interrupção da prescrição pela interposição da reclamação trabalhista, assemelhou-a, em seu efeitos, aos institutos nominados no art. 867 do CPC.

Assim, ajuizada a reclamação trabalhista em 09.02.99, resta interrompida a prescrição, nos termos do art. 172 do Código Civil. É de se ressaltar que no Direito do Trabalho dois são os prazos prescricionais previstos em norma constitucional - o bienal do direito de ação e o qüinqüenal relativamente às parcelas exigíveis oriundas do contrato de trabalho -, ambos hão de ser resguardados quando interrompida a prescrição.

Ressalte-se, ainda, que o art. 172, II, do Código Civil, que estabelece que a prescrição se interrompe pelo protesto - aqui equiparada a reclamação trabalhista anteriormente proposta, não estabelece qualquer prazo ou condição para o ajuizamento da ação principal.

Ressalte-se, ainda, que não há qualquer vedação ou óbice legal que impeça o titular de uma ação ajuizar reclamatórias trabalhistas no intuito de preservar seu direito de reclamar créditos oriundos do contrato de trabalho, não sendo, como a princípio pode-se parecer, a eternização da exigibilidade de seu direito, porquanto a lei concede ao titular tal direito, bastando a tanto que, mediante ato inequívoco, promova ou provoque a interrupção do curso da prescrição, caso em que todos os seus direitos resguardados desde o primeiro ato interruptivo, mantêm-se incólumes.

Emoldurando a questão jurídica na situação fática aqui discutida, se não fosse resguardado ao autor a manutenção do período imprescríto, com a paralização, no tempo, da fluência da prejudicial da exigibilidade do direito, restaria sem objeto a interrupção da prescrição, conforme preconiza o Enunciado n.° 268 da Súmula de Jurisprudência Predominante do TST.

Note-se que ao se admitir como correto o entendimento esposado em primeira instância, qual seja, de que o prazo prescricional qüinqüenal conta-se a partir da data de ajuizamento da última ação intentada pelo empregado, tem-se que, na prática (e via de conseqüência), o trabalhador dispõe de 5 (cinco) anos para ingressar com ação quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, ainda que tenha ingressado com outras reclamatórias visando interromper o prazo de 2 (dois) anos, previsto no inciso XXIX, do art. 7º, da Constituição da República.

Isso porque transcorridos mais de 5 (cinco) anos da extinção do contrato, não disporia mais o empregado do direito de ação, na medida em que operada a prescrição qüinqüenal. Ora, aludida asserção não apenas não encontra esteio na legislação pátria, como não é consentânea com o instituto da interrupção da prescrição. Tratando-se de instrumento do qual a parte pode fazer uso para se acautelar, para se precaver contra a contagem do prazo, de nada adiantaria a parte a ele recorrer se, depois, na contagem, não se visse beneficiada.

Ainda que o empregado venha ajuizar sucessivas demandas trabalhistas, e estas venham a ser arquivadas, tal fato não retira do autor o direito de resguardar seu direito de ação quanto a créditos decorrentes de eventuais lesões havidas no decurso do contrato de trabalho.

De todo o exposto, há de se admitir que restaria sem objeto a existência da interrupção da prescrição, se não fosse garantido ao reclamante a manutenção do período imprescrito, devendo, pois, ser mantido intacto o direito postulado na primeira ação, no que tange as parcelas imprescritas.

Nesse sentido também se manifesta a jurisprudência, cujas ementas são transcritas a seguir:

'PRESCRIÇÃO - CAUSA INTERRUPTIVA - EFEITO SOBRE OS PRAZOS BIENAL E QÜINQÜENAL - Constituindo o arquivamento da reclamatória causa interruptiva da prescrição, a teor do disposto

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no entendimento consubstanciado no Enunciado 268, do TST, o lapso prescricional será paralisado, desprezando-se o tempo transcorrido quando então começará um novo curso prescricional. O elastecimento do prazo para o exercício do direito do credor, que é conseqüência lógica da pronúncia da interrupção da prescrição, deve abranger não apenas o prazo prescricional de dois anos (CF, art.7°, inciso XXIX, alínea 'a', segunda parte) como também o qüinqüenal (CF, art. 7o, inciso XXIX, alínea 'a', primeira parte), considerando-se prescritas neste caso, as verbas anteriores aos cincos anos contados do ajuizamento da primeira ação. (TRT 12a R. - RÓ-V 1.758/96 - Ac. 8.291/97 - 3ª T. - Relª Juíza Lília Leonor Abreu - DJSC 06.08.1997).

'PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL. INTERRUPÇÃO. A prescrição qüinqüenal, quando interrompida, é contada a partir do ajuizamento da primeira ação. Recurso de Revista conhecido e provido, e Agravo de instrumento desprovido,' (Processo AIRR e RR n° 683016/00, publicação DJ 08/04/2005, 2a Turma, Relator: Ministro José Luciano de Castilho Pereira, Agravantes) e Recorridos): Isdralit S.A. - Indústria e Comércio e Agravado(s) e Recorrente(s): Antônio Rosemiro da Silva)

'PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL. INTERRUPÇÃO POR AJUIZAMENTO DE RECLAMAÇÃO ANTERIOR. NOVA RECLAMAÇÃO TRABALHISTA. MARCO INICIAL. CONTAGEM DO PRAZO. DATA DO AJUIZAMENTO DA PRIMEIRA AÇÃO 1. A interrupção de que tratam os arts. 172 do Código Civil de 1916 e 219, caput, do CPC não distingue entre a prescrição bienal e a prescrição qüinqüenal, não cabendo ao intérprete fazê-lo para concluir que o ajuizamento de ação trabalhista anterior interrompe tão-somente a prescrição bienal. 2. Incontroverso que a prescrição bienal foi interrompida pelo ajuizamento de ação anterior, também a prescrição qüinqüenal segue a mesma sorte. 3. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu (CCB/1916, art. 173), razão por que o prazo qüinqüenal de que trata o art. 7o. inc. XXIX. da Constituição da República deve ser reiniciado na data do ajuizamento na primeira reclamação. 4. Recurso de Revista de que se conhece e a que se dá provimento para declarar prescrito o direito de reclamar parcelas anteriores ao qüinqüênio que precede o ajuizamento da primeira reclamação trabalhista.' (AIRR-776941/01 Acórdão da Quinta Turma, Relator Ministro João Batista Brito Pereira, DJ de 29/8/03).

Por todo exposto, concluo que o ajuizamento da Ação anterior tem o condão apenas de interromper a prescrição bienal, não atingindo a qüinqüenal, que permanece intocada, recomeçando a fluir o prazo prescricional na totalidade.

No caso, ajuizado a reclamatória em 09.02.89 (sic), não há que se falar em prescrição total ou qüinqüenal, porquanto a postulação é feita a partir de janeiro de 1995" (fls. 498-501).

O reclamado afirma que uma vez interrompido o prazo prescricional em razão da propositura de reclamação trabalhista, que posteriormente foi arquivada, e ajuizada nova ação com os mesmos pedidos, o prazo para a contagem da prescrição quinquenal inicia-se da data da propositura da primeira ação. Indica ofensa ao art. 7º, XXIX, da Constituição Federal e colaciona arestos para confronto jurisprudencial.

Os arestos de fls. 556-557, ao defenderem tese de a desistência da ação anteriormente ajuizada interrompe apenas o prazo prescricional bienal e não o quinquenal, contrapõem-se ao posicionamento do acórdão regional, demonstrando, assim, divergência jurisprudencial apta a promover a admissibilidade do recurso.

Conheço, por divergência jurisprudencial

Mérito

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O cerne da discussão é saber a partir de qual ação deve-se contar o prazo prescricional quinquenal, ou seja, se a partir da reclamatória arquivada ou da última ajuizada. Por sua vez, a Súmula 268 do TST é clara ao estabelecer que "A ação trabalhista, ainda que arquivada, interrompe a prescrição (...)". Evidentemente, referido verbete sumular não faz distinção entre os tipos de prescrição, pois o que se quer assegurar é a interrupção.

Portanto, com o arquivamento da reclamatória trabalhista ajuizada em 1999 (a primeira em que foram postuladas as diferenças de gratificação semestral), tem-se interrompido inclusive o prazo prescricional quinquenal, recomeçando então a sua contagem (art. 219, § 1º, do CPC e art. 202, parágrafo único, do CC/2002).

Logo, o cômputo do biênio é reiniciado a partir do término da condição interruptiva, qual seja, o trânsito em julgado da decisão proferida na primeira ação, enquanto a prescrição quinquenal conta-se do primeiro ato de interrupção, isto é, a propositura da primeira reclamação trabalhista.

Nesse sentido é a jurisprudência da SBDI-1 desta Corte: E-ED-RR-1202600-56.2002.5.02.0902, Rel. Min. João Batista Brito Pereira, DEJT 23/4/2010; E-RR-642748-46.2000.5.09.5555, Rel. Min. Lelio Bentes Corrêa DEJT 26/2/2010; E-RR-625457-28.2000.5.02.5555, Rel. Min. Vantuil Abdala, DEJT 29/10/2009; E-RR-125700-29.2001.5.09.0663, Rel. Min. Maria de Assis Calsing, DEJT 27/3/2009.

Ante o exposto, nego provimento ao recurso de revista.

4 - GRATIFICAÇÃO SEMESTRAL. NATUREZA JURÍDICA. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS

Conhecimento

O Tribunal de origem decidiu às fls. 503-504:

"Conforme se verifica do Regulamento do Pessoal do Reclamado, a referida gratificação foi instituída, sem qualquer vinculação a lucros ou resultados da empresa, para ser paga semestralmente, inclusive para aposentados.

Foi apurado pelo i. Perito, que a referida parcela era paga aos funcionários da ativa, sem qualquer menção de interrupção do pagamento para os referidos funcionários, não havendo que se falar, por conseguinte, em inexistência de lucros.

Assim, pela análise da documentação juntada, bem como da apuração feita pelo i. Perito, não restou demonstrado que as gratificações pagas estavam efetivamente vinculadas à distribuição de lucros.

Ademais, a C. SDI do TST, tem reiteradamente decidido pela natureza salarial da parcela e da desvinculação desta com a participação de lucros, conforme ementas que se seguem:

'RECURSO DE REVISTA, INTERPRETAÇÃO DE NORMA REGULAMENTAR. GRATIFICAÇÃO SEMESTRAL. EMBARGOS. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 7°, XI, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL NÃO CARACTERIZADA. A controvérsia acerca da vinculação da gratificação semestral, devida aos empregados do BANESPA, aos lucros da empresa não ficou definida nas instâncias recorridas, resultando inafastável, in casu, a natureza salarial da verba, haja vista a habitualidade com que era concedida (inteligência do artigo 457, § 1o, da CLT). Embargos não conhecidos' (TST-E-RR-460955/98, SBDI-1, Rel. Juiz Convocado Vieira de Mello Filho, DJU de 9/5/2003).'

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'RECURSO DE REVISTA. NÃO CONHECIMENTO. INTERPRETAÇÃO DE y NORMA REGULAMENTAR. MATÉRIA FÁTICA. EMBARGOS. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 896 DA CLT NÃO CARACTERIZADA. 1. A discussão estabelecida com o objetivo de definir se o pagamento da gratificação semestral, devida aos empregados do BANESPA, está ou não vinculada aos lucros da empresa enseja o revolvimento de fatos e provas. Hipótese em que a indicação do Enunciado n° 126 do TST, como óbice ao conhecimento do recurso de revista, não transgride o texto do art. 896 da CLT. 2. Embargos não conhecidos'. (TST-E-RR-507427/98, SBDI-1, Redator Designado Min. Francisco Fausto, DJU de 15/2/2002).

Assim, mantenho o julgado."

O reclamado alega que a gratificação semestral tem natureza de participação nos lucros e somente seria devida quando fossem apurados lucros e mediante deliberação da diretoria, em percentuais diversos, como demonstrado pela norma regulamentar e estatuto social juntados aos autos. Aponta violação dos arts. 5º, II, da Constituição Federal; art. 114 do Código Civil; 49 do estatuto social; 54, 55, 56 e 87, § 10 do regulamento de pessoal do banco. Transcreve arestos para confronto de teses.

Sem razão.

Inicialmente, frise-se que a indicação de afronta aos artigos do estatuto social e do regulamento de pessoal do banco reclamado não servem para impulsionar o conhecimento de recurso de revista, nos termos do art. 896 da CLT.

A Corte Regional consignou expressamente que, conforme apurado no laudo pericial, a gratificação semestral era paga a todos os empregados e independentemente da realização de lucros. Logo, para se chegar à conclusão diversa seria necessário reexaminar o conjunto fático-probatório, procedimento vedado nesta instância recursal, nos termos da Súmula 126 do TST.

Se a pretensão recursal sofre óbice da Súmula 126 desta Corte, torna-se inviável a aferição do cabimento do recurso de revista por violação legal e constitucional ou por divergência jurisprudencial.

Não conheço.

5 - DESCONTOS FISCAIS

Conhecimento

Restou consignado no acórdão regional:

"Entendem os reclamante que o banco-reclamado deverá arcar com os valores devidos a título de imposto de renda, ou, de forma sucessiva, que sejam descontados dos autores somente o valor que seria devido a ele mês a mês, de acordo com a legislação vigente na época correspondente.

Parcial razão assiste aos reclamantes.

A lei prevê a quem cabe o ônus de recolhimento, não havendo, assim, competência desta Justiça em alterar o que expressamente é determinado.

No que tange ao cálculo, este deverá ser efetuado mês a mês, sob pena de perpetrar-se contra o trabalhador por ocasião da totalização de seu crédito, grave iniqüidade, uma vez que os valores dos créditos deferidos são oriundos de direitos lesados na constância do Contrato de Trabalho,

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devendo, portanto, a apuração obedecer a época do gênese dos direitos violados, quer seja, mês a mês.

Por fim, indefiro a pretensão acerca da condenação do banco reclamado a título de ressarcimento pelos prejuízos causados, seja porque inovatória a questão, seja porque desprovida de amparo legal, na medida em que a parte não pode ser condenada a indenizar outrem por obrigação legal imposta a este" (fls. 501-502).

O reclamado sustenta que a retenção dos recolhimentos fiscais deverá incidir sobre o valor total da condenação e calculado ao final. Aponta violação dos artigos 5º, II e LV, da Constituição Federal; 43 da Lei 8.620/93 e 46 da Lei 8.541/92, bem como contrariedade à Súmula 368, II, do TST. Traz aresto para o cotejo.

Assiste-lhe razão.

O Tribunal Regional, ao determinar que os descontos fiscais sejam calculados mês a mês, contrariou o entendimento consubstanciado no item II da Súmula 368 do TST, in verbis:

"II . É do empregador a responsabilidade pelo recolhimento das contribuições previdenciárias e fiscais, resultante de crédito do empregado oriundo de condenação judicial, devendo incidir, em relação aos descontos fiscais, sobre o valor total a condenação, referente às parcelas tributáveis, calculado ao final, nos termos da Lei n.º 8.541, de 23.12.1992, art. 46 e Provimento da CGJT n.º 01/1996. (ex-OJs nºs 32 e 228 da SBDI-1 - inseridas, respectivamente, em 14.03.1994 e 20.06.2001)."

Conheço, por contrariedade à Súmula 368, II, do TST.

Mérito

Conhecido o recurso de revista, por contrariedade à Súmula desta Corte, seu provimento é medida que se impõe.

Ante o exposto, dou   provimento ao recurso de revista para determinar que os descontos fiscais sejam calculados ao final sobre o valor total da condenação, referente às parcelas tributáveis, nos termos da Súmula 368, II, do TST.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Sexta Turma do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade, dar provimento ao agravo de instrumento para, destrancado o recurso, determinar seja submetido a julgamento na primeira sessão subsequente à publicação da certidão de julgamento do presente agravo, reautuando-o como recurso de revista, observando-se daí em diante o procedimento relativo a este. Por unanimidade, conhecer do recurso de revista quanto ao tema "Prescrição quinquenal. Arquivamento de ação anteriormente ajuizada. Interrupção", por divergência jurisprudencial, e, no mérito, negar-lhe provimento; também dele conhecer no tocante aos descontos fiscais, por contrariedade à Súmula 368, II, do TST, e, no mérito, dar-lhe provimento, para determinar que os descontos fiscais sejam calculados ao final sobre o valor total da condenação, referente às parcelas tributáveis, nos termos da Súmula 368, II, do TST. Por unanimidade, não conhecer dos demais temas do apelo.

Brasília, 02 de junho de 2010.

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Rubem Pereira dos Santos FilhoClaudio dos Santos PadovaniGuilherme José Santana Ruiz

ADVOGADOS E CONSULTORES

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)

AUGUSTO CESAR LEITE DE CARVALHO

Ministro Relator

PROCESSO Nº TST-RR-122541-73.2002.5.01.0014

C/J PROC. Nº TST-AIRR-122540-88.2002.5.01.0014

Firmado por assinatura digital em 02/06/2010 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

Salvo melhor análise Eminentes Ministros, por todos os pontos de que tenta consignar, a prescrição nuclear declarada pelo E. Tribunal Regional, fere o direito constitucional líquido e certo de reparação dos danos.

CONCLUSÃO

Pelo exposto, requer o conhecimento e conseqüente provimento do presente apelo, revertendo assim as decisões anteriores, notificando o recorrido e condenandoo às custas processuais em reversão, tudo por ser medida da mais pura e lídima JUSTIÇA!

Nesses termos,Pede deferimento

De Mogi das Cruzes - SP, Para Brasília DF, 10 de maio de 2012

Claudio dos Santos Padovani Guilherme José Santana RuizOAB/SP nº 232.400 OAB/SP nº 301.639

Rua Dr. Ricardo Vilela, 180 - Centro - Mogi das Cruzes - SP - CEP:08710-150 - (11)4799-1704

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