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Publicação mensal da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo # D AUXIUOS Dezembro Janeiro 1995 1996 Recursos crescentes sustentam a pesqu1sa O desenvolvimento sistemático de pesquisas científicas e tecnológicas no Estado de São Paulo, muito mais do que a formação "strictu sensu" de pe s- quisadores, está hoje firmemente an- corado no sistema de fmanciamento à pesquisa oferecido pela FAPESP. Isso se reflete de forma cristalina na enor- me distância entre os recursos desem- bolsados pela Fundação para os cha- mados Auxílios - financiamentos que asseguram especificamente a manuten- ção e o crescimento das atividades de pesquisa -e aqueles destinados a Bol- sas para formação e aperfeiçoamento de recursos humanos de alto nível. Assim, em 1995, por exemplo, paf:! um dispêndio total em bolsas de estu- dos de R$24 ,7 milhões, a FAPESP. - çle$ti- nou R$198,8 milhões para auxílios,· ou seja, quase oito vezes mais recursos para esses últimos do que para bolsas. Em números absolutos, no mesmo ano , fcr ram concedidas 2.963 bolsas nas várias categorias (para 4.308 solidtadas) e aprcr vados 4.255 auxílios (8.113 pedidos). Ressalte-se, a propósito, que a con- cessão de recursos para bolsas cres- ceu significativamente, ou seja, em cer- ca de 40%, de 1994 para 1995, consi- derandcrse a taxa de inflação de 23,16% no período (IPC-FIPE). Mas os auxíli- os tiveram um crescimento ainda maior, da ordem de quase 57o/o {também em- butindcrse no cálculo a taxa de infla- ção), graças principalmente ao aumen- . to de recursos injetados no programa especial de apoio à infra-estrutura de pesquisa do sistema estadual de Cit:n- cia e Tecnologia (R$140 milhões em 1995, contra R$50 milhões em 1994). Apenas para fins de uma compara- ção de ordens de grandeza, sem maior rigor e.statístico, vale observar que os recursos concedidos para auxílios à pesquisa pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecncr lógico (CNPq), para todo o País, no mesmo período (e ainda não desem- bolsados, por problemas de verbas orçamentárias da agênda federal), atin- giram cerca de US$51,5 milhões. Em paralelo, o dispêndio (realiza- do) do CNPq com bolsas, também em I-995 , alcançou aproximadamente US$450 milhões, dos quais cerca de um terço destinado a estudantes e pesqui- sadores do Estado de São Paulo. Esses dados permitem concluir que , se hoje é das agências federais a parte mais substancial do ônus com a for- mação de pesquisadores em todo o País, inclusive em São Paulo (além do CNPq, a CAPES, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior , vinculada ao Ministério da Educação, que em 1995 destinou R$332 milhões a bolsas), à FAPESP é que cabe, em termos de suporte financeiro, a efe- tiva manutenção das atividades de pes- quisa, rotineiras ou não, neste Estado. CONCEPÇÃO AMPlA Nem sempre houve tão forte predO- mínio dos auxílios sobre as bolsas na história da Fundação (ver box). "A mu- dança no perfil de investimentos da FAPESP, no sentido de privilegiar cada vez mais os auxílios, foi se consolidan- do à medida em · que as agênéias fede- rais iam demonstrando capacidade para atender quase que plenamente a deman- da qualificada por bolsas no País e no Exterior; à medida também em que au- mentava a necessidade de recursos para resolver os problemas relativos à reali- zação das pesquisas e à divulgação e transferenda dos resultados nelas obti- dos para outros setores da sociedade", diz o diretor presidente da FAPESP, prcr (continua na págtna 2) ---------------------------------------1 - ·-!""" ..... .. . ,'r"'----;"- · Págin. 6 _, . . '" ... . . .

Recursos crescentes sustentam a pesquisa

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Notícias FAPESP - Ed. 05

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Publicação mensal da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

#

D AUXIUOS

Dezembro Janeiro

1995 1996

• Recursos crescentes sustentam a pesqu1sa O desenvolvimento sistemático de

pesquisas científicas e tecnológicas no Estado de São Paulo, muito mais do que a formação "strictu sensu" de pes­quisadores, está hoje firmemente an­corado no sistema de fmanciamento à pesquisa oferecido pela FAPESP. Isso se reflete de forma cristalina na enor­me distância entre os recursos desem­bolsados pela Fundação para os cha­mados Auxílios - financiamentos que asseguram especificamente a manuten­ção e o crescimento das atividades de pesquisa -e aqueles destinados a Bol­sas para formação e aperfeiçoamento de recursos humanos de alto nível.

Assim, em 1995, por exemplo, paf:! um dispêndio total em bolsas de estu­dos de R$24,7 milhões, a FAPESP.-çle$ti­nou R$198,8 milhões para auxílios, · ou seja, quase oito vezes mais recursos para esses últimos do que para bolsas. Em números absolutos, no mesmo ano, fcr ram concedidas 2.963 bolsas nas várias categorias (para 4.308 solidtadas) e aprcr vados 4.255 auxílios (8.113 pedidos).

Ressalte-se, a propósito, que a con­cessão de recursos para bolsas cres­ceu significativamente, ou seja, em cer­ca de 40%, de 1994 para 1995, consi­derandcrse a taxa de inflação de 23,16% no período (IPC-FIPE). Mas os auxíli­os tiveram um crescimento ainda maior, da ordem de quase 57o/o {também em­butindcrse no cálculo a taxa de infla­ção), graças principalmente ao aumen­

. to de recursos injetados no programa especial de apoio à infra-estrutura de pesquisa do sistema estadual de Cit:n­cia e Tecnologia (R$140 milhões em 1995, contra R$50 milhões em 1994).

Apenas para fins de uma compara­ção de ordens de grandeza, sem maior rigor e.statístico, vale observar que os recursos concedidos para auxílios à pesquisa pelo Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecncr lógico (CNPq), para todo o País, no mesmo período (e ainda não desem­bolsados, por problemas de verbas orçamentárias da agênda federal), atin­giram cerca de US$51,5 milhões.

Em paralelo, o dispêndio (realiza­do) do CNPq com bolsas, também em I-995 , alcançou aproximadamente US$450 milhões, dos quais cerca de um terço destinado a estudantes e pesqui­sadores do Estado de São Paulo.

Esses dados permitem concluir que, se hoje é das agências federais a parte mais substancial do ônus com a for­mação de pesquisadores em todo o País, inclusive em São Paulo (além do CNPq, há a CAPES, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, vinculada ao Ministério da Educação, que em 1995 destinou R$332 milhões a bolsas), à FAPESP é que cabe, em termos de suporte financeiro, a efe­tiva manutenção das atividades de pes­quisa, rotineiras ou não, neste Estado.

CONCEPÇÃO AMPlA Nem sempre houve tão forte predO­

mínio dos auxílios sobre as bolsas na história da Fundação (ver box). "A mu­dança no perfil de investimentos da FAPESP, no sentido de privilegiar cada vez mais os auxílios, foi se consolidan­do à medida em· que as agênéias fede­rais iam demonstrando capacidade para atender quase que plenamente a deman­da qualificada por bolsas no País e no Exterior; à medida também em que au­mentava a necessidade de recursos para resolver os problemas relativos à reali­zação das pesquisas e à divulgação e transferenda dos resultados nelas obti­dos para outros setores da sociedade", diz o diretor presidente da FAPESP, prcr

(continua na págtna 2)

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fessor Nelson de jesus Parada. Seguiu­se quase que naturalmente, desse modo, uma saudável estratégia de complemen­taridade entre instituições com objeti­V<!>S convergentes. E o que é significati­vo: "a FAPESP foi aperfeiçoando seu sis­tema de concessão de auxílios até atin­gir um padrão de eficiência reconheci­damente sem sinúlar, no País e interna­cionalmente respeitado", acrescenta.

Esses auxílios , na medida em que devem viabilizar financeiramente a

pesquisa científica e tecnológica den­tro de uma concepção ampla de tal ohjetivo, apoiam diferentes atividades correlacionadas à pesquisa propria­mente dita . Assim, eles se distrihuem pelas seguintes modalidades: • Projeto de pesquisa; • Organiz:H,:ão de reunião científi<:a; • Participação em reunião científica no

Brasil ; • Participação em reunião científica no

Exterior;

• Vinda de pesquisador visitante do Brasil;

• Vinda de pesquisador visitante do Exterior e

• Publicação científica. A principal dessas modalidades é

o auxílio a projeto de pesquisa . A FAPESP aprovou, em 1995, 2.602 pro­jetas de pesquisa e a eles destinou quase R$192 milhões, ou seja, 96,5% dos dispêndios totais com auxílios, percentual ligeiramente mais alto do

Orçamento de 1995 para auxílios (Valores em reais, sem centavos)

Projetos de Pesquisa Outros

Recursos Auxílios tradicionais 41.889.080 6.914.097

concedidos Programa de Infraestrutura (I." fase) 16.078.330 -SUU-TOTAL 57.%7.410 6.914.097

Recursos Programa de Infraestrutura (2." fase) 123.921.670 -compromissados (1) Progr-.tma de Inovação Tt:cnológica 10.000.000 -

SUU-TOTAL 133.921.670 -TOTAL 191.889.080 6.914.097

(1) Auxílios em fase de análise e concess:io em 1996

Investimentos em auxílios, por setor, concedidos em 1995 (Valores em reais, sem centavos)

-

SETOR Puhlica~·ào Projeto ue 1

I Visitante/ Visitante/ Partidp. em Partidp. em Organiz. de Pesquisa ( 1 > llr.tsil Exterior ReCmiào/BR Reunião/EXT Reun. Cient .

R$ R$ I R$ R$ R$ R$ R$

Arquitetura e Urbanismo 24.250 293.336 340 6.694 1.698 28.235 14.465

Astronomia e C. Espaciais 4.798 5H7 9S'i o 42.249 o 21.225 44.146

Ciências Agrárias 15.689 13.067 .044 1.141 49.887 37.564 149.580 68.978

Ciências Biológicas 42.805 10 . 504 . 10 .~ 94H 163.912 3.587 81.344 172.337

Ciências da Saúde 149.520 23.H16151 16.245 127.805 21.161 382.385 500.588

C. Econôrnicas e Admin. 35.804 49H.991 25 .244 14.456 657 24.719 50.550

C. Humanas e Sociais 17H.532 9.575 .676 75 .774 29H.146 11.313 191.421 389.681

Engenharia 71.067 14 .306.H03 43.297 170.316 55.695 350.196 368.423

riSica 14.000 10.294.1H4 24 .7H'i '501.250 2.058 167.784 351.248

Geociências 2H.H92 3.675 .H91 46 .177 98 .7H1 15 .986 70.271 56.540

Interdisciplinar (2) o 1.694 .161 o o o o o Matemática o 4.022.7H1 34 .705 400.653 5.095 77.536 182.706

Química 16.061 12.644 .322 4.336 54 .829 4.885 104.175 122.468

Proj. Especiais (3) o 2.9H6.012 o o o o o Sub-Total - 581.418 107.967.410 272.992 1.919.97H 159.699 1.648.871 2.331.139

-

Total

48.803.177

16.078.330

64.881.507

123.921.670

10.000.000

133.921.670

198.803.177

Total

R$

369.018

700.373

13.389.892

10.969.036

25.013.855

650.42}.

10.720.543

15.365.797

11.355.309

3.992.538

1.694.161

4.723.476

12.951.076

2.986.012

114.881.507

(1) Foram incluídos R$ 66.078.330, correspondentes ao Programa de Infr-destrutura, em sua primeira faSt:, distribuídos de acordo com a ãrea do pesquisador, sendo R$50 milhões do orçamento de 1994 e R$16.078.330 do orçamento de 1995. (2) Foi incluído o Programa Importaç-.lo. (3) Incluí o Projeto REDE ANSP.

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que o observado em anos _passados (92,2%, em 1994 e 95,8%, em 1993, por exemplo). Entram na conta desses au­xílios, além dos R$33 milhões destina­dos aos denominados auxílios a proje­tes individuais e dos R$9 milhões a pro­jetes temáticos, R$140 milhões destina­dos ao Programa de Recuperação e Modernização da Infra-Estrutura de Pesquisa do Sistema Estadual de Ciê1l­cia e Tecnologia - concebido para evi­tar a acelerada deterioração e mesmo o colapso dos laboratórios e outras insta­lações de pesquisa em todo o Estado, assim como para propiciar sua moder­nização - e R$1 O milhões alocados ao Programa de Apoio ã Capacitação Tec­nológica de Universidades, Institutos de Pesquisa e Desenvolvimento e Empresas.

Diante do valor do investimento em projetes de pesquisa, as aplicações nas outras modalidades de auxílio parecem quase marginais. Assim, em 1995, fo­ram aplicados na organização de reu­niões científicas R$2,3 milhões, relati­vos a 275 pedidos aprovados; em par­ticipação em reuniões no Brasil (230 concessões), a Fundação dispendeu R$160 mil; as reuniões no Exterior ( 661 solicitações aprovadas) foram respon­sáveis por gastos de -R$1,7 milhão; a vinda de pesquisadores visitantes do Brasil para São Paulo (34 pedidos apro­vados) levaram R$273 mil; a vinda de pesquisadores visitantes do Exterior (313 pedidos concedidos), R$1,9 mi­lhão e, finalmente, em publicações cien­tíficas (140 concessões) a FAPESP dispendeu R$582 mil.

O GRANDE SALTO DA UNESP Para onde se dirigem os auxílios

concedidos pela FAPESP? A maior par­te historicamente cabe às tres univer­sidades estaduais paulistas, e não foi diferente em 1995, quando elas fica­ram com 76,93% dos recursos desem­bolsados pela Fundação para atender às várias modalidades de auxílios. Em 1994 tinham ficado com 71,61% e em 1993 com 75,39%.

A Universidade de São Paulo, USP, a maior do País, é tradicionalmente o maior desaguadouro desses re<.:ursos. Em 1995 ela recebeu R$55,2 milhões, o que representou 48,0% do total de­sembolsado - em termos percenruais, um pouco menos do que sua participa­ção em 1994 e 1993, quando ficou com respectivamente 50,2% e 50,SO/o dos au-

Aumento das solicitações

As solicilações de auxílio à pesquisa encaminhadas à FAPESP e:xperi­metltamm, em 1995, um notável crescimento eo.mpamtivamente aos anos atzteriores, itzclusive 1994: fomm 8.113 pedidos aprestmJados ao longo do atzo passado, contm 4.480 em 1994, o que significa um aumento de 81,1% nas solicitações.

Esse expressivo incremento não indica, no entanto, uma expansão completametlte anormal e inesperada nas atividades de pesquisa científi­ca e tewológica propriamente dita, em São Paulo, que seria sem dúvida, motivo pam uma justifiCada euforia.

Ele revela mais o esforço genen:úizado nas instituições de pesquisa e ensitw pela recuperação e modernização da infra-estrutura material de pesquisa do Estado - ou seja, o incremento e:x:plica-se pelo grande núme- ' ro de solicitações enviadas à FAPESP para projetas no timbito do Progra­ma de Infra-Estrutura, uma linha especial de auxílios aberta pela Funda­ção em 1994. Assim, se na primeira fase desse programa fomm ~mi-1Zhados, aituJa em 19.94, 1.102 pedidos de auxílios, em sua segunda eta- . . pa, em 1995,/oram 3.048 ospedidos apresentados. · · · · ·

Deve-se ainda observar que em 1995 fomm apresentados 397 pedidos demro do Programa de jovens . Cientistas em Centros Emergentes e 2~ · solicitações ao Progiarna de Apoio à Capacitação de Univemdades, Insti- _ ~ tutos de Pe!iquisa e Desenvolvimento e Empresas. .

Dessa forma, quando do total de. sollcilações se subi-mi esses números, . verifzca-se que os pedidos de auxílios deniro das modalidades qUe a FAPESP ·

. mat~tém em caráler permanente, e que refletem especificamente a demanda esp(mtânea dos pesquisadores, foram 3.378, em 1994 e 4.645, em 1995. A conclusão é, portanto, que as solicitações de auxílios ltgados direta­mente à atividade dos pesquisadores cresceram em 1995, relativamente a 1994, mas nào de . forma explosiva, ou seja, em 37,596.

xílios. Em termos absolutos, no entan­to, houve um aumento de 6SO/o no vo­lume dos recursos destinados à USP comparativamente a 1994, isto conside­rando-se a taxa de inflação de 23,16%.

Aliás, praticamente todas as insti­tuições que constituem , por assim di­zer, os clientes da FAPESP, receht!ram, em termos reais, um volume significa­tivamente maior de recursos em auxí­lios da Fundação, em 1995, comparati­vamente a 1994.

Depois da USP, a Universidade Es­tadual de Campinas, UNICAMP, t: a ins­tituição que sempre tem maior partici­pação na distribuição dos auxílios da FAPESP, tendo recebido R$18,0 mi­lhões, em 1995, equivalentes a 15,7o/o do total. Em 1994, sua 'participação ti­nha sido de 15,4%, e em 1993, de 18,SO/o do total. Em valores absolutos, ela re-

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~. ; .

cebeu 79o/o mais do que em 1994. Surp~ndentes mesmo são os nú­

meros relativos à Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", UNESP. Embora ela tenha mantido um já tradicional terceiro lugar na distribui­ção dos recursos, foi dentre as universi­dades estaduais a que ampliou de ma­neira mais expressiva sua participação nos auxflios. Ela recebeu R$15,2 mi­lhões, ou seja, 13,2o/o do total, mais do que o dobro dos 6,1% obtidos em 1994 e ·dos 5,9% de 1993. Em valores abso­lutos, o total de auxílios recebido pela UNESP experimentou um salto espe­tacular de nada menos que 280,9% (descontada a taxa de inflação do pe­ríodo), comparativamente a 1994.

Os Institutos de Pesquisa vincula­dos às Secretarias Estaduais ficaram com o quarto lugar, em 1995, tendo

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Peso var~~vel ao longo dos-anos_

Os dados históricos da FAPESP mostram que a distribuição dos_ investi­mentos entre auxt1ios e bolsas têm variado ao longo dos últimos 30 anos. O investimento em bolsas foi se intensificando nos primeiros 12 anos de vida da Fundação, período em que se implantou a Pós-graduação em São Pau­lo, e predominou sobre bs auxt1ios desde 1971 até 1982.

Assim, no triénio 65-67, por exemplo, os auxt1ios corresponderam a cerca de 65% dos investimentos e as bolsas a 35%. No triénio 68-70, os auxílios caíram para cerca de 5296 e as bolsas se elevaram· para perto de 4896 do . 'investimento. No triénio seguinte, 71--73, as bolsas ullrapassamm a faixa de 6096 dos investimentos e os auxr1ios ficaram com menos de 4096. Propor-. ção praticamente igual foi mantida no período 74-76. Nos anos n-79 as bolsas passaram de 5096 dos investimentos e os auxílios se aproximaram dessa faixa. No triénio seguinte, 80-82, as bolsas receberam perto de 5596 e os auxt1ios fu:aram com cerca de 4596 dos investimentos.

A virada em direção ao maior peso dos auxílios na distribuição dos re­cursos da Fundaçfio começou timidamente no períoão 83-85: o inVesti­mento em auxt1ios passou quase marginalmente dos 5096 do total e o inves­timento em bolsas fu:ou um pouco abaixo dessa faixa. já em 86-88 os auxílios alcançaram quase 5596 dos investimentos e as bolsas ficaram na faixa dos 4596. No período seguinte, os números já não deixam nenhuma dúvida de que a política de distribuição de recursos tinha mudado: os auxílios receberam quase 7596 dos investimentos e as bolsas ficaram com uma fatia próxima de 25%.

Os últimos anos consolidaram a predominância dos auxílios na diStri­buição dos recursos da FAPESP. Assim, em 1993, eles alcançaram 84,896 do total; em 1994,· 87,7% e em 1995, 89,096 dos investimentos.

Distribuição Percentual do Investimento em Auxílios e Bolsas 1965- 1995

POR TRIÊNIO POR ANO

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AUXÚJO • HOISA . . .,

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recebido R$13,7 milhões, ou seja, 11,9% do total, contra 15,4%, em 1994 . e 10,0%, em 1993. O crescimento re­gistrado em valores absolutos compa­rativamente a 1994 foi de 35,6%.

As Instituições Federais de Ensino e Pesquisa instaladas em São Paulo (a exemplo da UFSCar, de São Carlos e da Universidade Federal de São Paulo, an­tiga Escola Paulista de Medicina) rece­beram R$11,3 milliões, ou seja, 9,9% do total, contra 11,7%, em 1994 e 13,8o/o, em 1993. Em valores absolutos o cres­cimento registrado em 1995 foi de 47,4o/o.

As Instituições Particulares de En­sino e de Pesquisa tiveram uma parti­cipação muito màior na distribuição dos recursos em 1995, mas ela conti­nua irrisória no quadro global: rece­beram R$1,4 milhão, equivalente a 1,2% do total, contra 1,1%, em 1994 e 0,7%, em 1993. Em valores absolutos, o cres­cimento foi da ordem de 51,1 %.

A concessão para pesquisadores que encaminharam seus projetes en­quanto pessoas físicas foi marginal: apenas R$92,9 mil, ou seja, 0,1% do total (mesma percentagem em 1993 e 1994). De qualquer sorte, de 1994 para 1995, os recursos cresceram em 21,6% em valores absolutos. E, finalmente, em 1995 não houve concessão de recur­sos para entidades municipais e em~ presas particulares.

É necessário observar que a soma total desses auxílios é de cerca de R$114,9 milhões, e não dos R$198,8 milhões comprometidos em 1995. Isso porque neles estão incluídos R$50 mi­lhões do Programa de Infra-Estrutura comprometidos em 1994 e desembolsa­dos em 1995, e não estão computados recursos comprometidos em 1995 e pro­gramados para desembolso em 1996, dos quais R$10 milhões referentes ao Programa de Inovação Te01ológica (pro­grama especial iniciado no ano passa­do) e cerca de R$123,9 milliões referen­tes ao Programa de Infra-Estrutura .

Dito de uma outra forma, dos re­cursos relativos ao Programa de Infra­Estrutura foram incluídos nos valores destinados às várias instituições o ter tal de R$66,1 milhões efetivamente

· pagos em 1995 (R$50 milliões de 1994 e R$16,1 milhões de 1995) e assim dis­tribuídos: USP, R$31,0 milhões; UNICAMP, R$11,5 milhões; UNESP, R$10,9 milhões; Institutos ligados às Secretarias de Estado, R$6,1 milliões;

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Instituições Federais, R$5,8 milhões; Entidades Particulares de Ensino e de Pesquisa, R$0,8 milhão.

SURPRESA NAS AGRÁRIAS Na distribuição dos auxílios por área

do conhecimento, considerando-se inclusive os recursos liberados para infra-estrutura, manteve-se em 1995 a liderança das Ciências da Saúde, que receberam R$25,0 milhões (21,8% do total) . As engenharias , mantendo a mesma posição dos anos anteriores, vieram a seguir, tendo recebido R$15,4 milhões (13,4%). Mas a grande novi­dade nesse quadro ficou por conta das Ciências Agrárias, que se situaram em terceiro lugar na participação em au­xílios, em vez do sexto obtido nos úl­timos anos, superando as Ciências Biológicas, Física e Química que tradi­cionalmente mantinham-se à sua fren­te. Essa mudança de posição está for­temente influenciada pelos recursos destinados a projetas de infra-estrutu­ra, já liberados, uma vez que, sem eles, o volume de auxílios recebido pela área cai de R$13, 4 milhões (11, 7% do total) para R$3,9 milhões, recolocando as Ciências Agrárias no sexto lugar.

Em quarto lugar, em 1995, ficou a Química, com R$13,0 milhões (11,3%) e em seguida vieram a Física com R$11,4 milhões (9,9%), as Ciências Biológicas com R$11,0 (9,6%) e as Ciências Huma­nas e Sociais com R$10,7 milhões (9,3%).

O que ocorreu no campo das ciên­cias agrárias terminou por alterar o quadro da distribuição dos auxílios da FAPESP por grandes áreas do conheci­mento, em 1995. Assim, considerando tres grandes áreas (nos moldes da no­menclatura usada pelo CNPq), ou seja, primeiro, o grupo das Ciências Exatas, da Terra e Engenharias, depois o das Ciências da Vida, reunindo as biológi­cas, as agrárias e a saúde e , por últi­mo, o grupo das Ciências Humanas e Sociais, incluindo adicionalmente ar­quitetura e urbanismo e ciências eco­nómicas e administração, o que pode­mos verificar é que os dois primeiros grupos tiveram participação pratica­mente idêntica na distribuição dos re­cursos (com ligeira superioridade das Ciências da Vida), o primeiro receben­do 42,7% (R$49,1 milhões) e o segun­do 43,0% (R$49,4 milhões), enquanto o terceiro ficou com modestos 10,2% (R$11 ,7 milhões).

Esse resultado é diverso do obtido em 1994, quando as Ciências Exatas, da Terra e Engenharias tiveram uma participaçãq de 45,7% na distribuição dos auxílios, cóntra 40,9o/o das Ciências da Vida, e mais diverso ainda dos resul­tados de 1993, quando o primeiro gru­po teve uma participação de 50,9% e o segundo de 41,5%. As Ciêndas Huma­nas e Sociais receberam nesses anos res­pectivamente 6,5% e 3,9%, ou seja, sua situação já foi pior do que a atual.

PRAZOS CURTOS As solicitações de auxílios à FAPESP

são analisadas segundo o mérito das propostas apresentadas, dentro de uma sistemática considerada das mais eficientes entre agências nacionais e internacionais de financiamento à pes­quisa (ver a propósito matéria na pági­na 6) . Os prazos dispendidos pela Fun­dação na análise são um dos ítens des­se conceito de eficiência.

Na média, as solicitações de auxí­lio têm sido aprovadas ou denegadas no prazo de seis semanas. Entretanto, tomando-se , por exemplo , uma listagem de 2.288 auxílios novos apro­vados em 1995, na qual não estão in­cluídos os auxílios para infra-estru­tura (que tiveram ·uma análise diferen­te da normalmente utilizada nos pro­gramas tradicionais da FAPESP), obser­va-se que o prazo médio aumentou para cerca de 60 dias . Dos 2.288 auxí­lios aprovados, 373 (16,3%), 1.265 (55,3%), 1.763 (77,1%), 2.056 (89,9%) e 2.180 (95,3%) o foram em 30, 60, 90, 120 e 150 dias, respectivamente. Os nú­meros encontrados nas pontas dessa tabela são irrisórios. Assim, apenas 2,SOIÓ das solicitações aprovadas o foram em mais de 180 dias e apenas 3,2%, ou seja, 75 pedidos, o foram em até 10 dias.

A FAPESP mantém historicamente o princípio de aprovar todas as solici­tações que efetivamente têm mérito e de financiar imediatamente tudo que é aprovado, seja com seus recursos orçamentários transferidos do Tesou­ro, que lhe são assegurados pela Cons­tituição Estadual, seja, na escassez des­ses, com recursos próprios. E a média das aprovações por mérito tem se man­tido na faixa de 60% das solicitações apresentadas. "Não existe demanda reprimida de auxílios à pesquisa em São Paulo", conclui o diretor presidente .da FAPESP.

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DIRETOR RECONDUZIDO

O diretor administrativo da FAPESP, professor Joaquim José de Camargo Engler; foi nomeado pelo Governador Mário Covas para cumprir um novo mandato na mesma função, por mais três anos, a partir de 15 de fevereiro . O professor Engler é engenheiro agrônomo, Master e PhD em Economia Agrícola pela Ohio State University e Livre Docente em "Análise Econômica " pela USP Foi diretor da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz': ESALQ, instituição em que permanece como titular do Departamento de Economia e Sociologia Rural. Ocupou também o cargo de Coordenador de Administração Geral da da USP

Em sua carreira acadêmica o professor Engler foi Professor Visitante de Teoria Econômica no Centro de Estudos de Economia Agrária do Instituto Gulbenkian de Ciências, em Lisboa, Portugal. Publicou sete livros e 67 artigos científicos e orientou 35 alunos de pós-graduação. Recebeu diversos prêmios e distinções, destacando-se os prêmios Lion, Pontal, Manah, 1beodureto de Almeida Camargo, a "Medalha de Honra ao Mérito Fernando Costa" e o "International Alumni Award-1994". Seu nome foi o primeiro da lista tríplice para a diretoria administrativa da FAPESP votada pelo Conselho Superior da Fundação, na reunião do dia 6 de dezembro passado e em seguida encaminhada ao Governador. O Conselho demonstrou assim o reconhecimento pelo excepcional trabalho realizado pelo professor Eng ler à frente da Diretoria Administrativa da Fundação.

CONSEUIEIRO NA PRó-RBITORIA

O professor Mauricio Prates de Campos Filho, conselheiro da FAPESP, é, desde o dia primeiro de março, Pró­Reitor de Pós-Graduação da Pontiju:ia Universidade Católica de Campinas, PUCCAMP. · Até então ele atuava como Coordenador da Pós-Graduação em Informática, área que tmplantou na PUCCAMP ao se aposentar como professor tttular da Faculdade de Engenharia Mecânica da UMCAMP, em 1993.

, O DIRETORIA CIENTifiCA

Assessores viabilizam sistema de análise pelos pares

Em 1995, a FAPESP recebeu mais de 12 mil solicitações de auxílios à pesquisa e bolsas de estudos, encami­nhadas a partir de centenas de institui­ções de pesquisa e ensino superior instaladas no Estado de São Paulo. O exame de todas essas solicitações, como tem ocorrido ano após ano, foi feito pela Diretoria Científica (DC), que juntamente com a Diretoria Presidência e a Diretoria Administrativa compõem o Conselho Técnico Administrativo (CTA) - o núcleo executivo que faz cumprir as decisões do Conselho Supe­rior (CS) da FAPESP -, responsável em última instância pelas decisões quanto à concessão de bolsas e auxílios.

A DC, como toda a FAPESP, tem uma estrutura extremamente enxuta, a tal ponto que essa capacidade de exa­minar anualmente milhares de proje­tas poderia parecer pura mágica para os mais desavisados. Mas nada há de mirabolante em seu desempenho e o que acontece é que o pequeno grupo que forma a DC está apoiado numa base singularmente espraiada, consti-

ruída por mais de seis mil pesquisado­res: os assessores ad hoc da FAPESP. Assim, a verdadeira "figura mágica" no processo de análise do mérito das so­licitações "é o assessor", diz o diretor científico da FAPESP, professor José Fernando Perez.

O assessor é que "viabiliza o siste­ma de análise do mérito pelos pares", isto é, uma análise feita por iguais. Pes­quisadores - e nunca burocratas -examinam para a Fundação as propos­tas de outros pesquisadores. Esse siste­ma implantado há três décadas e conti­nuamente aperfeiçoado é, certamente, um dos componentes importantes da credibilidade e do prestígio nacional e internacional desfrutados pela FAPESP, segundo o professor Perez.

Exemplo nesse sentido foi um pro­nunciamento feito em maio passado, durante uma Conferência em Washing­ton, pelo diretor do Programa de Eco­nomia da National Science Foundation (NSF), dos Estados Unidos, Daniel H. Newlon, - falando em seu própfio nome e não pela institui_ção, como fri-

Proietos por via eletrônica Os pesquisadores e bolsistas da FAPESP já podem enviar seus relatóri­

os por via eletrônica. Para isso o interessado em utilizar esse serviço deve­m remeter seu arquivo viaftp para o endereço dcfapesp.br, onde encon­tram as inshuÇões sobre como proceder.

Dentro dos próximos meses, a Fundação, pretende anunciar também o recebimento das . solicitaç~ de bolsas e auxílios, com os respectivos projetos, igutilmenle por via eletrônica. Esse avanço devem ter efeitos positivos sobre o tempo de tramitação dos processos, em especial nos ca- :. sos em que o assessor não cumpre o prazo de 30 dias estabelecido pela · Fundação pam analisar o mérito das solicitações e remeter de volla o~ jeto com seu parecer. Hoje, quando fica claro para a Diretoria Científica · que é melbor encaminhar o projeto para análise de um novo assessor, por­que o primeiro escdbido não vai dar conta do trabalbo, é preciso esperar que este mande de volta os orlgtnais, para então se tomar nouas providên­cias, uma ZAeZ que a Fundação não guarda cópias dos projetas. O nrilno eletrônico eliminará esse problema.

sou-, em que afirmou considerar o sistema de análise da FAPESP mais efi­ciente que o da NSF. Algumas de suas palavras textuais: "Em minha opinião nenhuma agência financiadora , inclu­indo a National Science Foundation, realiza um trabalho melhor no financia­mento para pesquisa do que a FAPESP". Demonstração de reconhe­cimento similar já fizera a Science, em sua edição de fevereiro de 1995, numa reportagem sobre ciência no Brasil, onde o sistema de análise aparecia como uma das razões para os abertos elogios dirigidos à FAPESP.

O assessor, necessariamente um pesquisador de reconhedda competên­cia em sua área de atuação, pode ser do Estado de São Paulo (a maioria ab-

- soluta), de outros estados brasileiros, ou mesmo do Exterior. Sua missão é, depois de receber da DC um determi­nado projeto apresentado à FAPESP, analisar seu mérito científico ou tec­nológico e elaborar um detalhado pa­recer técnico, concluindo por uma avaliação final que situa a proposta entre cinco diferentes níveis: de "ex­celente" até tão carente de mérito, que recomenda-se à Fundação simplesmen­te denegar o pedido. Normalmente, para cada projeto é indicado um assessor - a exceção fica para os projetas temáticos de pesquisa, que são analisados simul­taneamente por três assessores.

Além de analisarem o mérito, quan­do o projeto é aprovado o assessor acompanha seu desenvolvimento até a finalização, através dos relatórios se­mestrais (em caso de bolsas) ou anu­ais (nos auxílios à pesquisa) que obri­gatoriamente o pesquisador ou estu­dante que recebe recursos da Funda­ção têm que encaminhar, sob pena de suspensão dos pagamentos programa­dos. A pa~vra missão, portanto, não parece exagerada quando aplicada ao trabalho do assessor, que ressalte-se, presta seu serviço gratuitamerUe . .Esse

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acompanhamento dos projetas finan­ciados pela FAPESP, bolsas ou auxilias, é uma das características da agência reconhecidamente responsável pela qualidade de sua atuação.

A escolha do especialista mais ·ade­quado para analisar cada projeto é -fa­cilitada por um banco de dados, de onde se pode pinçar, usando palavras chaves, um dentre os mais de seis mil nomes de pesquisadores de todas as áreas do conhecimento, com suas múl­tiplas especialidades e sub-especialida­des. Parte substancial desse acervo foi se formando e é permanentemente atua­lizado a partir de um procedimento que deve soar, no mínimo, inusitado para profissionais alheios ao universo aca­dêmico: todo pesquisador, quando re­cebe da FAPESP um primeiro auxílio, coloca-se à disposição da Fundação para a partir daí examinar projetas de outros pesquisadores submetidos a essa instituição.

COORDENADORES E ASSISTENI'ES Entre a ampla base de assessores e

o diretor científico da FAPESP estão 14 coordenações de áreas específicas do conhecimento (física, química, biolo­gia, saúde, arquitetura e urbanismo, engenharias, geociências, etc), reunin­do 60 profissionais (quatro ou cinco por coordenação) e seis assistentes da DC, ligados às grandes áreas do co­nhecimento (ciências exatas, engenha­rias, ciências da vida e ciências hu­manas e sociais).

Os coordenadores, também pesqui­sadores de reconhecida competência, são responsáveis pela distribuição dos projetas para os assessores mais ade­quados , pelo exame dos pareceres quando os projetas retornam dos as­sessores e por uma- nova recomenda­ção de concessão ou denegação da solicitação, com base nos pareceres. Os coordenadores, que usualmente ocu­pam o cargo por período de dois anos, a convite da Djretoria Científica, rece­-bem da FAPESP um pagamento sim­bólico por seu trabalho, equivalente a uma diária por semana.

Quanto aos assistentes, igualmen­te pesquisadores respeitados, escolhi­dos pelo diretor científico para acompanhá-lo ao longo de sua gestão, eles são, como diz o professor Perez,

Mérito iulgado com método Todo pesquisador experiente, em principio sabe~ se tJe.

terminado projeto de pesquisa, no dmbito de sua especialidade, tem ou não mérito científico ou tecnológico. Por isso mesmo a FAPESP não se ocupa em definir formalmente o que entende por mérito -que é exatamente o que quer que seja analisado-, quando pede a um assessor que se pronuncie sobre uma solicitação de bolsa ou auxílio.

Mas é evidenle que na Fundação bá um entendimento claro so­bre-o significado do termo, tal-.como ela própria e os pesquisadores ~ geral o aplicam. O diretor científico da Fundação, Professor José Fernando Perez cíla alguns crilérios que levam a uma conclusão sobre a existência ou não de mérito num projeto.

"Primeiro, -é preciso avaliar em que medida o projeto pode contri­buir para o progresso do conhecimento, seja porque vai resolver um problema em aberto, seja porque vai criar uma nova abordagem, um novo enfoque, para um velho problema cuja solução já é conhecida. ISso é fundamental~ diz ele. _

Em segundo lugar, é preciso examinar se bá uma proposta de metodologia adequada, ou seja, se o pesquisador dispõe de instru­mental adequado parà resolver aquele problema que apresentou. Analisa-se também a capacilação do pesquisador frente à en~a-dura do prpjeto. . ·

No caso de solicitações de auxílio para pesquisa, há que se verifi­car na parte do orçamento a adequação da relação entre custo e benefu:io . . E ainda, em projetos que envolvem e:xperimenlação com · · seres humanos, se ele contempla adequadamente os aspectos éticos.

Em relação a bolsas, além da qualificação do próprio bolsista, avalia-se também a experiência de seu orientador.

"os olhos desse diretor". Os assisten- · tes compartilham da orientação da política científica da FAPESP e traba­lham para garantir que nenhum proje­to saia com a recomendação final de aprovação ou denegação da solicitação, sem que tenham sido observados todas as exigências e o ritual de -análise estruturados pela Fundação. "Eles asse­guram um controle adicional de quali­dade", dedicando em média 16 horas semanais à FAPESP, pelas quais recebem o equivalente a uma bolsa de estudos.

Essa estrutura assegura um funcio­namento padrão da Diretoria Cientlflq1, com efeitos bem mensuráveis, a exem­plo do tempo médio de seis semanas dispendido na análise dos projetas. Assim, está estabelecido que recebido ·. um projeto na FAPESP, encaminhado à ·

coordenação da ãrea de conhecimento ao qual ele está subordinado e definido por ela qual o assessor que irã examiná­lo, este último tem um prazo de 30 dias para apresentar seu parecer.

"Se depois do 30.0 dia o parecer não é encaminhado à FAPESP, uma carta-cobrança é emitida automatica­mente, por correio convencional e cor- . reio eletrônico. Se o problema persiste depois do 45.0 dia, uma segunda car­ta-cobrança mais incisiva, é enviada. A partir do 6o.0 dia, se nada foi resolvi-

- do, pedimos a imediata devolução do projeto, mesmo sem o parecer; para o reencaminharmos a outro assessor·, explica o, professor Perez.

O diretor-científico ressalta, no en­tanto, que são muito excepcionais os casos em que se chega a pedir a devo-...

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lução do projeto. "O prazo de 30 dias normalmente é observado e quando não o é, isso acontece porque o asses­sor estava viajando no momento em que o projeto chegou ao seu endere­ço, ou porque estava com sobrecarga de trabalho, coisas do gênero", diz. Ele observa ainda que o sistema de análi­se deverá ser bastante aperfeiçoado em termos materiais quando a FAPESP, dentro em breve, começar a se valer

-de recursos eletrônicos para a circula­ção dos projetas (ver box).

CANAIS ABERTOS AO DIÁLOGO A FAPESP permite e até estimula o

diálogo entre o proponente de um pro­jeto e o assessor que o analisa, para que este disponha de todas as infor­mações adicionais que julgue neces­sárias para embasar seu parecer. Mais: denegado um pedido, o solicitante pode entrar com recurso de recon­sideração e o projeto será enviado de volta ao assessor para que ele tome conhecimento dos novos argumentos e possivelmente reavalie seu julgamen­to. "Isso não é a regra, mas é até fre­quente", diz o professor Perez.

Quando fica claro para a Diretoria Cientifica que o diálogo está realmente bloqueado entre um assessor e o soli­dtante, o projeto é enviado para um se­gundo e, às vezes, até para um terceiro assessor. "Pode acontecer de haver di­vergêndas anteriores, ou antipatias en­tre determinado assessor e o solidtante, enfim, esses sentimentos bem humanos e não devemos deixá-los prejudicar a qualidade da análise dos projetas pela FAPESP, mesmo que isso resulte em atra­sos para urna decisão fmal" , argumenta o diretor cientifico. Além disso, em be­nefício também da qualidade da análi­se, a coordenação pode enviar um pro­jeto para um novo assessor, quando en­tender que o parecer elaborado pelo pri­meiro não foi satisfatório.

Com todos esses cuidados, as deci­sões da FAPESP no que diz respeito ao mérito e, consequentemente, às aprovações ou denegações das solici­tações de bolsas e auxílios são alta­mente respeitadas entre a comunida­de científica e tecnológica. A média de aprovação dos projetas encaminhados à Fundação nos últimos ci.rtco anos si­tua-se em 55,7o/o do total e é certo que não há projeto aprovado por mérito na FAPESP que deixe de ser financiado.

DURAÇÃO DAS BOLSAS

Buscando adaptar suas normas escritas à prática efetivamente seguida, a FAPESP alterou a duração estipulada em seu manual para bolsas de doutorado. Ela passa a ser agora de até 48 meses, e não de 36 meses, como estava definido até então, com possibilidade de prorrogação por seis meses. _

Para quem ingressa diretamente no doutorado, sem o mestrado, a duraçao da bolsa pode ser de até 60 meses. A · Fundação pretende, desse modo, . estimular os estudantes, sempre que possível, a eliminarem a estapa do mestrado, que f~earia mais voltádo para aqueles que, de fato, não pretendem fazer doutorado. Isso resulta de um entendimento da FAPESP de que hoje o mestrado - de grande importância no passado, quando não se tinha ainda no País capacidade instalada para a orientação de teses de doutorado-, para muitas áreas, já não tem maior significado.

MUDANÇA DE PRAZO

O prazo para encaminhamento de anteprojetos para o Programa de Pesquisas Aplicadas sobre a Melhoria do Ensino Público no Estado de São Paulo, com encerramento antes previsto para 9 de fevereiro, foi estendido. Os candidatos podem encaminhar suas propostas à FAPESP até o dia primeiro de abril próximo.

POSTOS DE APOIO

Agora já são 15 os postos de apoio da FAPESP instalados por todo o Estado, aptos a fornecer formulários, informaçóes diversas e providenciar a assinatura de contratos com a Fundação. Eles funcionam nas seguintes instituições: USP/São Carlos (Sra . Irene Aparecida Migliato Libardi, fone {0162] 74 9225); USP/Ribeirão Preto (Sra. Marisa de Castro Pereira, fone {016] 633 1010, r. 429, fax {016] 633 0567); USP/Pirassununga (somente Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos - Sra. Soraya Brites Loureiro Raspantini, fone {0195} 61 6122, r. 265, fax {0195] 61 8916); ESALQ, CENA, Odontologia UNICAMP/Piracicaba (Sra . Angela Regina Pires e Peres, fones {0194] 29 4419 e 29 4409, fax {0194} 22 5925); UNICAMP/Campinas (Sra . Olga Morales, fone {0192] 391142, fax {0192] 39 4717); UNESP/Rio Claro (Sra. Silvana Maria Borge, fone {0195] 34 0244, r. 102, fax {0195] 34 4433); UNESP/llha Solteira (Sra . Adelaide Amaral dos Sant~ Passipieri, fone {0187] 62 3113. r. 185, fax {0187] 62 2992); UNESP/Botucatu (Sra. Marluci Betini, fone {014] 821 2121,. fax {014] 821 3902); UNESP/jaboticabal (Sra . Claudia Trizolio, fone {0163] 23 . 1322, fax {0163] 22 2978; UNESP!Guarantiguetá (Dr. Galeno]. de Sena e Sra. Eliana Maris, fone {0125] 22 2800, fax {0125] 32 2466); UNESP/Franca (Sr. Lélio Luiz de Oliveira, fone {O 16] 722 6222, r. 66, fax {O 16] 723 6645); UNESP/ Presidente Prudente (Sr Rubens de Campos e Profa. Ana Maria Araya, fone {0182} 21 5388, r. 131); UNESP/Araçatuba (Sra . Vânia de Fátima Servo da Câmara, Rua José bonifácio, 1.193, Universidade Estadual Paulista, Campus de Araçatuba, CEP 16015-050, Araçatuba-SP); UFSCar/São Carlos (Sra. Catarina Maria L. Baptista, fone {016] 274 8288, fax {016]271 3879).

Outras ins_tituições localizadas fora da capital paulista que tenham interesse em instalar um posto de apoio da FAPESP devem entrar em contato com a Diretoria Administrativa da Fundação.

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D RESULTADOS EM 1995

Proietos Especiais buscaram a indução de pesquisas em áreas estraté_gicas

Nelson de Jesus Parada

Em paralelo à continuidade de seus programas tradicionais de auxílios à pesquisa e bolsas de estudo e à expansão de outros mais recentes - como o da Rede ANSP (Academic Network at São Paulo) e o de Apoio à Recuperação e Moderni­zação da Infra-Estrutura de Pesquisa do Sistema Estadual de Ciência e Tecnologia- a FAPESP implantou, ao longo de 1995, novos programas que deram sequência a urna política iniciada em 1994, com o objetivo de ampliar a contribuição da Fundação para o desenvolvimento científico e tecnológico do Estado.

Orientada por essa política, a FAPESP se propôs, de um lado, a estimular concretamente a parceria entre universidades ou institutos de pesquisa e outros segmentos sócio-económi­cos através de dois novos programas: o de Apoio à Capacita­ção Tecnológica de Universidades, Institutos de Pesquisa e De­senvolvimento e Empresas e o de Pesquisas Aplicadas sobre a Melhoria do Ensino Público no Estado de São Paulo. De outro · lado, ela decidiu incentivar a expansão e a descentralização da base instalada de pesquisa do Estado com o Programa de Apoio a jovens Pesquisadores em Centros Emergentes.

Além desses três, outros programas especiais foram leva­dos, em 1995, ao Conselho Superior 6 Fundação e estão ain­da em discussão. Todos refletem uma posição hoje dominante na FAPESP, de que, no presente, é preciso induzir projetas de pesquisa em determinadas áreas definidas como estratégicas, indo além do simples atendimento à demanda espontânea dos pesquisadores.

Nas páginas que se seguem estão alguns resultados dos programas .da Fundação, em 1995. Vale observar que os re­cursos originários da dotação do Estado são prioritariamente destinados aos programas tradicionais de auxílios e bolsas,

D PROGRAMA DE BOLSAS

enquanto que os programas especiais são normalmente finan­ciados com receitas próprias da Fundação. Foram destinados, do orçamento de 1995, para os vários programas, o total de R$223,5 milhões, sendo R$24,7 milhões (11,1%) para Bolsas, R$48,8 milhões (21,8%) para Auxílios tradicionais, R$140,0 mi­lhões (62,6%) para os projetas de Infra-Estrutura (R$16,1 mi­lhões para a Fase I e 123,9 milhões para a Fase II) e R$10 milhões (4,4%) para os projetas de Inovação Tecnológica. Re­cursos para os programas de Apoio a Jovens Cientistas e para a Melhoria do Ensino Público terão suas dotações consignadas no orçamento de 1996.

Considerando todos os programas em andamento, foram submetidos, em 1995, 12.421 pedidos. Dos R$223,5 milhões desti­nados aos programas, 62,6% foram originários das transferências do Tesouro (R$139,9 milhões) e 37,4% dos Recursos Próprios da Fundação (R$83,6 milhões). Já as despesas com custeio da Fun­dação (R$6,3 milhões), pagas com Recursos Próprios, corres­ponderam a 1,7% do seu orçamento global (R$377,7 milhões).

Dos recursos efetivamente concedidos em 1995, num total de R$139,6 milhões (R$24,7 milhões para Bolsas; R$48,8 mi­lhões para Awdlios tradicionais; R$66,1 milhões para os proje­tas de infra-Es.trutura-Fase I, sendo R$50,0 milhões do orça­mento de 1994 e R$16,1 milhões do orçamento de 1995), a maior parte deles foi destinada ã área de Ciências da Saúde (21,6%), seguida da Engenharia (13,3%), da Química (11,0%), das Ciências Agrárias (11,0), das Ciências humanas e Sociais (10,5%) e da Física (lO,OOAl). A USP ficou com 48,5% dos recur­sos, seguida da UNICAMP com 16,6%, da UNESP com 13,1%, dos Institutos das Secretarias de estado com 10,4% e das insti­tuições federais sediadas em São Paulo com 9,5%.

No ano de 1995 foram concedidas 2.646 bolsas no país e 317 no exterior, totalizando 2.963 bolsas, corresponden­tes a um dispêndio de R$24,7 milhões. São números superiores aos registrados em 1994, quando a FAPESP concedeu 1.889 bolsas no Brasil e 304 no exterior, totalizando 2.193 bolsas, corresponden-

tes a um dispêndio de R$14,4 milhões. Houve, portanto, um aumento de 35,1% no número de bolsas concedidas e um aumento de 39,60Al no dispêndio, descon­tada a inflação do período (23,16% se­gundo o IPC-FIPE).

das da Saúde (20,7%), seguida das Ciên­cias Humanas e Sociais (16,1%), da En­genharia (13,2%), das Ciências Biológi­cas (11,1%) e rtSica (10,6%). A USP ficou com 50,5% dos recursos, seguida da UNICAMP com 20,8%, da UNESP com 12,7% e das Instituições Federais locali­zadas no Estado (7,8%).

A concessão de recursos em bolsas em 1995 foi maior para a área das Ciên-

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., ' D PROGRAMA DE AUXILIOS A PESQUISA

No programa tradicional de auxílios à pesquisa foram con­cedidos, em 1995, 3.408 auxílios, número 42,4% maior que o de 1994 (2.394). O dispêndio correspondente foi, entretanto, de R$48,8 milhões, valor 25,5% menor que o do ano anterior (R$53,2 milhões), levando-se em conta a inflação do período. Essa redução é devida principalmente à diminuição no apoio aos projetes temáticos , o qual passou de R$17 ,1 milhões em 1994 para R$8 ,9 milhões em 1995.

A área das Ciências da Saúde foi a que mais recursos rece­beu para os auxílios tradicionais (25,6%), seguida da Engenha­ria (11 ,8%), das Ciências Biológicas (11 ,2%) e da Química (10,8%). Para a USP foram destinados 49,5% dos recursos , se­guindo-se o conjunto dos Institutos de Pesquisa vinculados às se<.Tetarias de Estado de São Paulo (15,6%), a UNICAMP (1 4,7%). as Instituições Federais localizadas no estado ( 11 ,3%) e a UNESP (7,62%).

D PROGRAMA DE INFRA-ESTRUTURA

Em 1995, a FAPESP finalizou a pri­meira etapa do Programa EmerRencial de Apoio à Recuperação e Moderniza­ção da Infra-Estrutura de Pesquisa do Sistema Estadual de Ciência e Tecnolo­Ria, na qual foram investidos R$66,1 mi­lhões (R$50 milhões do orçamento de 1994 e R$16,1 milhões do orçamento de 1995), distribuídos entre 847 projetos, aprovados por mérito. No mesmo ano, deu início à segunda fase do programa, na qual foram comprometidos mais R$123,9 milhões do orçamento de 1995, para desembolso em 1996.

A."' solicitações de recursos na primeira etapa- um total de R$120 milhões, para 1.103 projetos - vieram de todas as áreas do conhecimento, com um maior volume de pedidos originários das Ciên­cias da Saúde, da Engenharia e das Ciên­cias Exatas. No que se refere às conces­sões, foram as Ciências da Saúde que receberam a maior parcela, tanto em número de projetos, quanto em valor: elas tiveram 189 projetes aprovados (22,31%), no valor de R$12,5 milhões, equivalente a · 18,96%. As Engenharias constituíram a segunda área mais bene­ficiada , com 171 projetos aprovados (20,19%), no valor de R$9,6 milhões

D PROGRAMA ANSP

(14,51%). A.o; Ciências Agrárias ficaram em terceiro lugar, com 117 projetos aprova­dos 03,81%), no valor de de R$9,4 mi­lhões (14,28%).

Dos recursos investidos, cerca de 23,0%, ou seja, R$15 milhões destinaram­se a projetos de informática, voltados, dentre outros fins , para ampliação e melhoria das redes locais e informatiza­ção de bibliotecas.

Quanto às instituições beneficiadas, foi da Universidade de São Paulo, USP, o maior número de projetos aprovados, ou seja, 240 (28,34% do total), no valor de R$31 milhões (46,980/o). A Universida­de Estadual "Júlio de Mesquita Filho", UNESP, a seguiu de perto em número. de projetos aprovados, ou seja, 231 (27,27%), mas não em valor, tendo ficado com R$11,4 milhões (17,33%). A Universida­de Estadual de Campinas, UNICAMP, teve 165 projetos aprovados (19,480/o), nova­lor de R$10,9 milhões (16,46%).

A demanda para a segunda etapa do programa - que introduziu a inovação da distribuição de projetos por módulos - deu um salto: foram encaminhados à FAPESP 3.048 projetos, num valor glo­bal solicitado de aproximadamente R$486 milhões. Do total, 1.470 solicitações re-

ferem-se aos módulos 1 e 2 (Equipamen­tos Especiais Multiusuários e Ampliação e Modernização dos Recursos de Infor­mática); 233 ao módulo 3 (Infra-Estrutu­ra de Bibliotecas); 253 ao módulo 4 (Li­vros) e 1.092 ao módulo 5 (Infra-Estrutu­ra Geral). A análise das solicitações apre­sentadas está em curso na FAPESP.

A impressionante demanda por recur­sos para infra-estrutura explica-se pelo envelhecimento dos equipamentos de pesquisa em São Paulo e pela falta de meios, observada ao longo dos últimos anos, mesmo para sua manutenção mais rotineira. Há bastante tempo várias insti­tuições vinham solicitando à FAPESP re­<.ursos para evitar a deteriorar,:ão de seus laboratórios e outras instalações de pes­quisa , mas a Fundação se dispunha a atendê-las apenas na condição de que houvesse uma contrapartida da própria ins­tituição. A realidade, contudo, demonstrou que não adiantava insistir nessa contrapar­tida, dada a falta de disponibilidade finan­ceira para tanto. A conclusão levou a FAPESP a conceber e assumir inteiramen­te o programa destinado a evitar o des­mantelamento completo da infra-estrutu­ra de pesquisa do Estado e, ádicionalmen­te, propiciar a sua modernização.

-~ . ,,.1.. ...... .... ... - .... .... -

A Academic Network at São Paulo, Rede ANSP, mantida e gerenciada pela FAPESP, interliga, entre si e com instituições situadas fora do Estado, redes institucionais acadêmicas e ins­tituições de ensino e pesquisa do Estado de São Paulo. As ligações às redes internacionais, como Bitnet, Hepnet e Internet, são feitas em alta velocidade, através de três linhas internado-

nais com taxas de transmissão de 2 milhões de bites por se­gundo (bps), 256 mil bps e 128 mil bps, respectivamente. No País, a Rede ANSP se interliga às demais redes acadêmicas estaduais através da Rede Nacional de Pesquisa, RNP. Deve ser observado que todo o tráfego internacional da RNP e das re­des estaduais brasileiras. com exceção do tráfego acadêmico

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dos Estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo (que utiliza a linha internacional da Rede Rio, gerenciada e mantida pela FAPERJ) flui através das linhas internacionais da Rede ANSP.

A Rede ANSP, que entrou em operação em fevereiro de 1989, tem hoje mais da metade dos nós Internet existentes no Brasil. Em 1995. a FAPESP expandiu notavelmente essa rede, com a implantação de novos pontos de ligação e aumento da taxa de transmissão entre várias áreas . Iniciou a implantação de uma espinha dorsal (backbone) principal em alta velocida­de (entre 256 Kbps e 2 Mbps) interligando várias cidades do Estado (São Paulo, Campinas, São José dos Campos, Ribeirão Preto, Piracicaba, Bauru, São Carlos, Presidente Prodente e São José do Rio Preto). Em cada uma dessas cidades, uma espinha dorsal secundária de média velocidade (entre 64 Kbps e 128 Kbps) a interliga às principais cidades da região e assim suces­sivamente. Nas grandes cidades, redes metropolitanas de alta velocidade propiciam o oferecimento de diferentes pontos de acesso às instituições, permitindo a sua rápida integração à rede. A interligação das instituições de ensino e de pesquisa, uma vez aprovada pelo Conselho Técnico-Administrativo (CTA) da Fundação, é providenciada pelo Programa, com base em estudos de viabilidade técnica e econõmica por ele realizados.

Estão entre as mais significativas realizações de 1995, as novas ligações em Campinas (unidades da Universidade Esta­dual de Campinas, UNICAMP; Instituto Agronômico, IAC; Ins-

- , O INOVACAO TECNOLOGICA ,

tituto de Tecnologia de Alimentos, ITAL; Centro Tecnológico de Informática, CTI; Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, LNLS; Pontificia Universidade Católica, PUCCAMP; Núcleo de Monitoramento Ambiental, NMA!EMBRAPA); em São José dos Campos (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais , INPE; uni­dades do Centro Técnico Aeroespacial, CTA); em Presidente Prudente (unidades da Universidade do Oeste, UNOESTE) e em São Paulo (Palácio dos Bandeirantes, Secretaria da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico, SCTDE; Instituto do Coração, InCOR; Instituto de Pesquisas Tecnológicas, IPT; Instituto de Artes; UNESP; Instituto Adolfo Lutz; Instituto Bio­lógico; Instituto Dante Pazzanese; Instituto Botãnico; Instituto Biológico; Instituto Geológico; Instituto de Infectologia Emílio Ribas; Parlamento Latino-Americano; Memorial da América Latina). Deve-se relacionar, também, as ligações dos vários campi da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Fi­lho, UNESP (dentre outros os de Bauru, Botucatu, Assis, Marília, Presidente Prudente, São José dos Campos, Guarantiguetá, Ilha Solteira, Araraquara e Rio Claro, todos. integrando a UNESPnet, rede dessa universidade), a ligação em alta velocidade da FAPESP com a Reitoria da UNESP, em São Paulo, e , ainda , com as redes acadêmicas da USP, USPnet e da UNICAMP, UNinet.

Os re<."Ursos destinados à Rede ANSP estão incluídos nos auxílios de pesquisa tradicionais, por se tratar de um projeto especial da Fundação.

O Programa de Apoio à Capacita­ção Tecnológica das Universidades, Ins­titutos de Pesquisa e Desenvolvimento e Empresas foi aprovado pelo Conselho Su­perior da FAPESP, em novembro de 1994, com o intuito de envolver a Fundação no processo de geração de inovações tec­nológicas no setor produtivo, no Estado de São Paulo. Seu eixo central era a exi­gência da apresentação de projetas de inovação tecnológica sempre em parce­ria de empresas com instiuições de pes­quisa.

Em tres etapas distribuídas ao longo de 1995, foram encaminhados 24 proje­tes, com solicitação total de recursos de R$5 ,8 milhões (a Fundação alocara R$10 milhões, para o primeiro ano de execu­ção). As empresas assegurariam em con­trapartida mais R$6,6 milhões.

dois projetes, com valor global de R$724 mil (R$423 mil da FAPESP e R$301 mil de contapartida das empresas), encon­tram-se em diligências.

Na última etapa do programa em 1995, encerrada em 30 de novembro, foram apresentados nove projetes , com valor total de R$5,3 milhões, dos quais R$2,1 milhões foram solicitados à Fun­da~"âo . Os restantes R$3,2 milhões repre­sentam a contrapartida das empresas. Esses projetes encontram-se ainda em análise na Fundação.

Dos projetes analisados, relativos à primeira e segunda etapas, seis foram aprovados , com um valor global de R$1,377 milhão, dos quais , R$586 mil a serem investidos pela FAPESP e R$791 mil pelas empresas. Além disso, outros

O JOVENS PESQUISADORES

O Programa de Apoio a jovens Pesquisadores em Ceniros Emergentes foi aprovado pelo Conselho Superior em julho de -1995 e o primeiro prazo para apresentação de propostas , en­cerrou-se no final de novembro. Foram encaminhados ·à Fun­dação 397 projetes, com uma solicitação total de recursos de R$1 4,2 milhões e mais US$16,9 milhões , esses referentes à importação de equipamentos e outros ítens para pesquisa.

Esse novo programa, que contará, no primeiro ano de exe­cução 0996), c9m recursos de R$10 milhões, destina-se a apoiar jovens pesquisadores, individualmente ou em grupos, com expressiva atividade em seu campo de trabalho, mas que não são atendidos pelas linhas usuais de fomento à pesquisa da

FAPESP. Os projetes apoiados podem ter duração de até qua­tro anos e devem ser desenvolvidos em instituições de pesqui­sa do Estado de São Paulo.

. A FAPESP pretende, através desse programa, contribuir para a fixação de pesquisadores no Estado, contribuir também para a formação de novos núcleos de - pesquisa e para a descentralização do sistema estadual de C&T. Em razão disso é que a Fundação buscará criar condições adequadas de traba­lho para os jovens pesquisadores de grande potencial princi­palmente nos chamados centros emergentes das várias inStitui­ções, ou seja, aqueles ainda em fase de formação.

O programa assegura aos candídatos que tiverem suas pro-

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postas aprovadas por mérito uma concessão de recursos rápi­da e a garantia para o desenvolvimento pleno e autônomo dos projetes. Eles contarão também com facilidades hoje restritas aos pesquisadores envolvidos com projetes temáticos, tais como o ágil processo de análise em solicitações de bolsas, visitas de curta duração ao exterior e apoio à vinda de pesquisador visitante.

tos aprovados dentro do programa. Em contrapartida, a Fun­dação exige que as instituições onde os projetes serão desen­volvidos se comprometam com as metas dos programas, ofe­recendo condições adequadas de espaço, infra-estrutura, tem­po de dedicação à pesquisa, pessoal de apoio e liberdade para que o jovem pesquisador ou grupo de pesquisadores recrutem estudantes para cada projeto.

A FAPESP !nvestirá na infra-estrutura de pesquisa dos cen­tros emergentes, para viabilizar o desenvolvimento dos proje-

O programa está aberto mesmo para jovens pesquisadores que não têm vínculo empregatído com a instituição hospedeira do projeto. Nesses casos, os pesquisadores recebem da FAPESP bolsas de pesquisa por dois anos, renováveis por mais dois e a instituição deve explidtar as circunstândas que permitirão a in­corporação dos jovens profissionais a seu quadro permanente.

EXPEDIENI'E .

• Noticias FAPESP é uma publicação mensal da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.

CONSEUIOSUPERIOR Prof. l)r. Francisco Romeu Ultdi (Presidente) Prof. Dr. José Jobson de A. Arruda {Vice Presidente) Prof. Dr. Adilson Avansi de Abreu Prof. Dr. Antonio M. dos Santos Silva Prof. Dr. Carlos Henrique de Brito Cruz Prof. Dr. Celso de Barros Gomes Prof. Dr. Flávio Fava de Moraes Prof. Dr. Joji Ariki Prof. Dr. Mauricio Prate5 de Campo.'i Filho Dr. Móhamed Kheder Zeyn Prof. Dr. Ruy Laurenti Prof. Dr. Wilson Cano

CONSElHO TÉCNICO-ADMINISTRA11VO Prof. Dr. Nelson de Jesus Parada (Diretor Presidente) Prof. Dr. Joaquim}. de Camargo Engler (Diretor Administrativo) Prof. Dr. José Fernando Perez (Diretor Científico)

EQUIPE RESPONSÁVEL Coordenação - Nelson de Jesus Parada Edição- Mariluce Moura (Mm - -2242) Arte - PaiJio Batistá I Paulo Saloni

llustraçio da piglna 1: Trá Esferas, M. C. Escher

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, O MELHORIA DO ENSINO PUBLICO

Em setembro de 1995, a FAPESP apro­vou um novo programa que poderá pro­duzir, a médio prazo, efeitos benéficos sobre as pesquL'i3s e as reflexões no cam­po da educa~:ão, e, principalmente, im­pactos extremamente positivos sobre o ensino público de primeiro e segundo graus, em São Paulo, a depender do apro­veitamento de seus resultados pela rede pública. Trata-se do ProRrama de Pes­quisas Aplicadas sobre a Melhoria do Ensino Público no Estado de São Paulo.

O programa, para o qual serão aloc-ados recursos iniciais de R$5 milhões, a partir de 1996, vai financiar, como.seu nome indicá, pesquisas aplicadas sobre problemas concretos de ensino, com duração de até quatro anos, a serem de­senvolvidas em parceria entre pesquisa­dores ligados a instituições d!=! pesquisa do Estado de São Paulo e profissionais vinculados a determinada escola públi­ca. A parceria deverá estar estabelecida desde a elaboração do projeto, uma vez que se pretende que ele reflita, efetiva- . mente, preocupações nasCidas da pró­pria realidade çotidiana das escolas. O · primeiro prazo para apresentação de pré­projetes encerra-se em primeiro de abril. Os responsáveis pelos pré-projetes a pro-

vados deverão apresentar os projetes respectivos para a avaliação final.

Além dos ítens que normalmente são finandados em projetes de pesquisa tra­dicionais, como equipamentos, material de consumo e eventuais serviços de ter­ceiros, nesse programa a FAPESP pode­rá financiar também infra-estrutura no próprio lugar alvo· do trabalho de pes­quisa, ou seja, a escola. Isso significa a possibilidade de investir na reforma de laboratórios, na instalação de equipamen­tos de informática e ligação com a Rede Acadêmica do Estado de São Paulo (Rede ANSP), na instalação de equipamentoS de vídeo, bibliotecas etc.

Uma outra inovação significativa é que -a FAPESP concederá bolsas aos docentes da escola pública que estejam partidpan­do dos projetes, para viabilizar e valori­zar sua participação. Os projetes deve­rão definir élaramente a pesquisa que se pretende fazer, a estratégia de atuação prevista no ambiente, os resultados es­perados e os critérios para a avaliação do grau de sucesso obtido do ponto de vista do aperfeiçoamento do ensino pú­blico. Aqueles que forem selecionados pela FAPESP deverão ser iniciados no segundo semestre letivo de 1996.

SECRETARIA DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

a p ~ .

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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

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