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Í N D I C E MARÇO 2010 Recursos Espirituais Recursos Espirituais 1. Autoliderança 3 Eric D. Rust Líderes eficazes devem investir mais energia no desenvolvimento de suas habilidades de liderança do que em qualquer outra área. 2. Princípios e Práticas Bíblicas para um Testemunho Pessoal Eficaz 6 Randy Hurst Devemos disciplinar a nós mesmos para fazermos nossa parte no evangelismo pessoal enquanto que, ao mesmo tempo, permanecemos dependentes de Deus, que fará o que somente Ele pode fazer. 3. Aprendendo com os Erros 13 Mark Batterson Se permitirmos que nossos fracassos nos definam, eles conseguirão nos arruinar. Mas se o fracasso for administrado de maneira apropriada, sairemos dele vitoriosos. 4. Transformando Decisões em Acréscimos e Acréscimos em Discipuladores 18 Jim Hall O discipulado para novos crentes é indispensável se pastores querem desacelerar a alarmante taxa de morte espiritual na igreja. 5. Valorizando o Início da Vida: Aconselhamento Premarital e Bioético 26 Christina M.H. Powel A Bíblia afirma que a presença de Deus e Seu propósito para nossas vidas são estabelecidos enquanto ainda estamos no ventre de nossa mãe. 6. Comunicando o Batismo com o Espírito Santo de uma Maneira Nova 30 Gary Grogan Não é necessário levar os crentes a um retiro para serem batizados no Espírito Santo. 7. Cessação do Miraculoso? A Era dos Apóstolos Através da Perspectiva Bíblica, Extrabíblica, Lógica e Teológica 34 W.E Nunnally A natureza de Deus, a mensagem unificada das Escrituras e a natureza substancialmente necessitada do homem decaído argumentam em favor da continuação do miraculoso no mundo atual.

Recursos Espirituais

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RECURSOS ESPIRITUAIS • 1

Í N D I C E

MARÇO 2010

Recursos EspirituaisRecursos Espirituais

1. Autoliderança 3Eric D. RustLíderes eficazes devem investir mais energia nodesenvolvimento de suas habilidades de liderança do queem qualquer outra área.

2. Princípios e Práticas Bíblicas para umTestemunho Pessoal Eficaz 6Randy HurstDevemos disciplinar a nós mesmos para fazermos nossaparte no evangelismo pessoal enquanto que, ao mesmotempo, permanecemos dependentes de Deus, que fará oque somente Ele pode fazer.

3. Aprendendo com os Erros 13Mark BattersonSe permitirmos que nossos fracassos nos definam, elesconseguirão nos arruinar. Mas se o fracasso for administradode maneira apropriada, sairemos dele vitoriosos.

4. Transformando Decisões em Acréscimos eAcréscimos em Discipuladores 18Jim HallO discipulado para novos crentes é indispensável sepastores querem desacelerar a alarmante taxa de morteespiritual na igreja.

5. Valorizando o Início da Vida:Aconselhamento Premarital e Bioético 26Christina M.H. PowelA Bíblia afirma que a presença de Deus e Seu propósitopara nossas vidas são estabelecidos enquanto aindaestamos no ventre de nossa mãe.

6. Comunicando o Batismo com o Espírito Santo deuma Maneira Nova 30Gary GroganNão é necessário levar os crentes a um retiro paraserem batizados no Espírito Santo.

7. Cessação do Miraculoso? A Era dos Apóstolos Atravésda Perspectiva Bíblica, Extrabíblica, Lógica e Teológica 34W.E NunnallyA natureza de Deus, a mensagem unificada das Escrituras ea natureza substancialmente necessitada do homem decaídoargumentam em favor da continuação do miraculoso nomundo atual.

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“NÃO É COMIGO”

Esta é uma estória sobre 4 pessoas: Todo Mundo, Alguém,Qualquer Um e Ninguém.

Havia um importante trabalho a ser feito, e Todo Mundo tinha certezaque Alguém o faria.

Qualquer Um poderia tê-lo feito, mas Ninguém o fez.Alguém zangou-se porque era um trabalho de Todo Mundo.Todo Mundo pensou que Qualquer Um poderia fazê-lo, mas

Ninguém imaginou que Todo Mundo deixasse de fazê-lo.Ao final, Todo Mundo culpou Alguém quando Ninguém fez o

que Qualquer Um poderia ter feito.Autor desconhecido

Que cada um possa fazer a sua parte sem esperar pelo outro.

Agora você pode acessar online Recursos Espirituais em 13 idiomas. Visite o website do Enrichment Journal e teclena opção desejada. Você será direcionado para um dos treze idiomas que selecionar: português, espanhol, francês,

alemão, russo, ucraniano, romeno, húngaro, croata, tâmil, bengalês, malaio ou hindi.Você terá oportunidade para ler os periódicos online ou pode ainda transferir os arquivos, para sua conveniência.

As informações para contato encontram-se em http://www.enrichmentjournal.ag.org

Equipe Editorial / Versão em PortuguêsTradução: Nadja Matta e Rejane Eagleton

Revisão de textos: Martha JalkauskasRevisão Geral: Neide Carvalho

Diagramação: ©MMDesignCoordenação geral: Márcio Matta

Entre em contato conosco para obter informações adicionais ou fazer perguntas através do [email protected]

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Autoliderança:Liderando de Dentro para Fora

Mencione a palavra liderança emuma mesa redonda de líderes dota-dos espiritualmente e a probabili-

dade é que a conversa irá imediatamentevirar para o desempenho das atividades dolíder em liderar outros.

Os líderes da igreja passam a maior parteda semana liderando outros. Contudo, noesforço de nos tornarmos líderes melhores,não prestamos atenção no maior dos desafiosque iremos enfrentar — nós mesmos.Tendemos a não administrar a nós mesmosporque liderar nós mesmos é muito maisdifícil do que liderar outros.

É difícil passar uma semana sem tomar-mos conhecimento de que um líder foi des-qualificado para o exercício da liderança.Culpamos esse fracasso por causa de compro-metimento sexual, improbidade financeira,ânsia pelo poder e uma liderança fraca. Essasfalhas, porém, são apenas os sintomas apa-rentes de um fracasso pessoal mais profundo.Ao olharmos o problema mais além, geral-mente descobrimos que o líder negligenciousua vida pessoal.

Em seu livro Leading from Inside Out,Samuel Rima afirma: “O modo como um lí-der conduz sua vida pessoal tem, de fato, umimpacto profundo sobre sua habilidade paraexercitar uma liderança pública eficaz. Existeuma correlação direta entre autoliderança eliderança pública.

O escritor do Novo Testamento, Paulo,entendeu muito bem este conceito: “Antes,subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, paraque, pregando aos outros, eu mesmo não venha dealguma maneira a ficar reprovado.” (1Co 9.27).Paulo entendeu que para ser tudo o queDeus o chamara para ser, ele precisava man-ter firmemente sua vida pessoal em ordem.

Importância da AutoliderançaOs líderes devem cuidar da nutrição e daadministração de suas vidas pessoais. Nos cír-culos da liderança, isto é conhecido como

Líderes eficazesdevem investirmais energia nodesenvolvimentode suashabilidades deliderança do queem qualqueroutra área.

Liderança de Ponta / Eric D. Rust

autoliderança. Líderes eficazes devem inves-tir mais energia no desenvolvimento de suashabilidades de liderança do que em qualqueroutra área.

O expert em liderança, Dee Hock, sugereque a autoliderança deve ocupar 50% dotempo de um líder. O que aconteceria se oslíderes de igreja levassem a sério a recomen-dação de Hock e investissem metade da se-mana em autoliderança? Para nos tornarmosos líderes sãos que Deus quer que sejamos,devemos desenvolver um domínio pessoalsobre nossas próprias vidas.

Formação de CaráterCompreender personalidade e dons, esclare-cer valores, identificar pontos fortes e fracos,melhorar a habilidade de comunicação eadministrar o tempo de modo eficaz são todasáreas importantes em que os líderes precisamconcentrar suas energias. Enquanto há deze-nas de facetas para a autoliderança, nenhumaé tão crítica quanto a do caráter do líder. Semcaráter, os líderes não têm nada. Nosso cará-ter nos define. Apenas após determinarmosquem somos podemos saber como crescer.Para o líder cristão, caráter é essencial.

É fato que a falta de caráter moral forteirá arruinar um líder. Um deslize financeiropode ser reparado. Comunicação deficientepode ser consertada. Decisões da liderançaque não funcionam como o líder prometeupodem ser refeitas. Mas, falhas no caráter sãocapazes de destruir um líder. Recuperar-sede um comprometimento ético e moral égeralmente impossível. Uma vez perdida aconfiança de um líder, raramente é recupe-rada. As pessoas só seguirão lideres queexpressem o mais alto nível de integridade.

Andy Stanley diz claramente: “Nós esta-mos sempre a apenas uma decisão, uma pala-vra, uma reação de colocarmos a perder o quese levou anos para desenvolver”. Vinte outrinta anos de trabalho fiel a Deus podem serdestruídos com uma decisão simplesmente

ERIC D. RUST,Pastor-presidente da Igreja Assembleia de Deus Cedar Hills,em Sandpoint, Idaho (EUA).

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Autoliderança: Liderando de dentro para fora

comprometedora.”Quando o caráter fracassado de um líder

é exposto, o problema geralmente origina-sena falta de integridade. Integridade é ser pordentro o que você afirma ser por fora.

Erwin McManus usa a analogia de umamelancia para descrever integridade. Vocêprovavelmente já comprou uma melancia.Quando você está em uma banca de frutas,enquanto segura a melancia, tudo o queconsegue ver é a casca. Você bate na casca ese a melancia fizer um som oco, então você acompra. Ao passar pelo caixa, você gasta seusuado dinheiro em uma melancia que apenasconsegue ver o que há por fora. Quandochega em casa e corta a casca, o que vocêespera encontrar? Melancia. Você confiouque a melancia tinha integridade. E se vocêcortasse a casca e encontrasse uma banana?Isso nunca aconteceria porque uma melanciatem integridade. A melancia é por dentro oque parece ser por fora.

E você? E se alguém descascasse suacamada mais superficial, o que encontraria?Encontraria dentro o mesmo que vocêaparenta ser por fora? Aqui encontramos umavantagem que a melancia leva sobre aspessoas — pela sua natureza, a melancia temintegridade.

A integridade não vem naturalmente comas pessoas, nem mesmo com líderes.Ela deve ser desenvolvida.

Líderes que praticam a autoliderança temciência das inconsistências de suas vidas.Ao contrário de ignorá-las enquanto aindapequenas, eles escolhem alinhar o que sãocom o que acreditam. Entendem que a vidanão pode ser compartimentada em caixinhas.Nós fomos criados como seres inteiros.Quem somos no particular não pode serisolado de quem somos em público.

Como líderes, devemos decidir quemqueremos ser e então alinharmos a vida paraque ela seja assim. Não é fácil, porque apessoa que você não quer ser é a que maisnaturalmente você se torna se deixar por suaprópria conta. Jesus disse “porque aquele quequiser salvar a sua vida perdê-la-á e quemperder a sua vida por amor de mim achá-la-á.”(Mt 16.25). Autolíderes devem morrer parasuas tendências naturais internas para que setornem o que Deus os está chamando paraserem. Deus nos chama para sermos líderesde dentro para fora — líderes definidos maispelo o que somos por dentro do que pelo oque parecemos ser por fora.

Por causa de títulos e cargos que os líde-res de igreja geralmente recebem, pode serfácil para o orgulho entrar furtivamente emsuas vidas. Quando líderes caem, vítimas depecado sexual ou do jogo de poder, o orgulhonormalmente está na raiz. Romanos 12.3 noslembra, “... digo a cada um dentre vós que nãosaiba mais do que convém saber, mas que saibacom temperança, conforme a medida da fé queDeus repartiu a cada um.”. 1 Pedro 5.5 nosalerta “... porque Deus resiste aos soberbos, masdá graça aos humildes.”.

Os líderes da igreja só são cônscios dequem eles são quando praticam a disciplinaespiritual de serventia. Quando os líderescolocam os joelhos no chão ou a toalhadobrada nos braços, em posição de serviço, aílembram que Jesus encontrou Sua grandezana serventia. Jesus jamais Se orgulhou deSua santidade. Ele encontrou seu status naserventia. Em Sua pequenez, Ele se tornougrande. Pequenez e serventia podem não sernaturalmente palavras confortáveis paralíderes, mas são palavras com as quais nossoLíder Se sentia confortável.

Reconhecer nossa fraqueza é outro modoexcelente de mantermos o orgulho a distân-cia. Muitos líderes desconhecem suas forçase fraquezas. Admitir fraqueza requer segu-rança e humildade pessoal. Líderes que pra-ticam a autoliderança prontamente reconhe-cem suas fraquezas. Em vez de entreter-sena soberbia ocultando suas fraquezas, eles asadmitem e convidam outros que possuamforças complementares para ajudá-los aadministrar suas fraquezas.

Protegendo Nosso CaráterLíderes da igreja devem ser mestres de simesmos pois as demandas são muito altas.Para um líder de negócios, os sinais do dólaré o que pesa na balança. Para líderes deigreja, o ministério futuro e a eternidade é oque está na balança. É triste ver um líder denegócios ou político ser vítima de sua próprianegligência, mas o preço é sempre mais altoquando um líder que cai é da igreja.

Pat Williams, cristão e vicepresidente daOrlando Magic, apresenta 6 ideias para salva-guardar nosso caráter, as quais servem comoregras úteis para o líder da igreja que desejaliderar a si mesmo com excelência.

1. Separe um tempo para a reflexão econsistente restauração do corpo e da alma.Muitos líderes de igreja mantêm um ritmo

A melancia épor dentro o

que aparentaser por fora.

E você?

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tão acelerado em seus ministérios que malconseguem tempo para si mesmos. Jesusexemplificou a restauração da alma deixandoas multidões rotineiramente para despenderalgum tempo a sós com o Pai. Autolíderestiram um tempo regular para a oração e a lei-tura. Um coração sadio é o melhor presenteque um líder pode dar a seus seguidores.

Além disso, os lideres precisam cuidardo corpo. A saúde física é um ponto cegopara muitos pastores. A Bíblia nos desafia ahonrar a Deus com nosso corpo (1Co 6.20).A saúde boa nos proporciona energia paraque possamos responder ativamente aochamado de Deus. Alimentar-se bem epraticar exercícios regularmente deveria serparte do estilo de vida de todo líder.

2. Quando enfrentar uma escolhaética ou uma tentação, leve em consideraçãoo exemplo que você estabeleceu para aosoutros. Pense em todos aqueles que estãoobservando você — filhos, amigos, mentore-ados e membros da igreja. Como sua decisãoos impactará? Com a liderança da igreja vemtambém o dom sagrado da autoridade moral.Nossa autoridade moral pode ser perdida emum instante. Quando a tentação bate à porta,devemos nos perguntar se vale a pena dizersim a ela em detrimento daqueles que nosobservam.

3. Mostre para um pequeno grupo deamigos confiáveis que você é alguém comquem eles podem contar. Soldados solitáriosse arriscam muito mais do que os líderes queestão envolvidos em relacionamentos querequerem prestação de contas. Autoliderançaé um trabalho muito grandioso para ser feitosozinho. Líderes precisam convidar umpequeno grupo de pessoas que conheça e emquem confiam para conversar regularmente efazer perguntas difíceis. Todos nós somos ca-pazes de mentir para nós mesmos com tama-nha frequência que finalmente começamos aacreditar em nossas próprias mentiras.Amigos não são enganados facilmente.

4. Concentre-se em integridade, nãoem imagem. Líderes que cultivam sua vidainterior irão consistentemente reposicionaracima de situações na vida que os tentaria aempurrá-los para baixo.

Dr. Robert Terry, autor de ReflectiveLeadership, observa que “o nosso desafioprofundo é a autenticidade — ser verdadeiroe real conosco mesmo, em nossos relaciona-

mentos e no mundo.”5. Cresça profundamente em sua fé.

Como seguidores de Cristo, acreditamos queo Espírito de Deus tenha o poder de promo-ver uma mudança espiritual no coração hu-mano. O desenvolvimento do caráter é tarefamuito difícil de promover sem o envolvimen-to do Espírito de Deus. Nutrir o nosso rela-cionamento com Cristo e estar em sintoniacom Seu Espírito nos mantém dependentesda operação divina em nossas vidas. Quantomais profundamente conhecemos o amor deDeus, mais profundo se torna nosso amor pe-lo próximo e maior proteção teremos contra omal.

6. Lidere de modo firme e inflexívelcom falhas de caráter e pecados ocultos.Todos os líderes têm um lado sombrio.Alguns só querem agradar as pessoas. Outrosdesejam construir um nome para si mesmos.Outros têm problemas com raiva ou comtendências codependentes. Esses problemasafetarão a habilidade de liderança do líder.Bill Hybels pergunta aos líderes: “Quem éresponsável por resolver seus problemas pes-soais de forma que a igreja não seja negativa-mente impactada pelo seu dejeto? Você”.Líderes espirituais devem separar essas coi-sas. Nossas igrejas estão dependendo disso.

ConclusãoNa última página de seu livro The Next Gene-ration Leader, Andy Stanley apresenta a per-gunta: “Qual é a pequena coisa em minha vi-da atual que tem o potencial de crescer paraalgo grande?” Caráter medíocre não aparecedo nada. Começa pequeno — tão pequenoque inicialmente não é sequer notado. Final-mente, o que era pequeno e despercebido setorna algo tão enorme, que controla a vida deum líder. Assim como o câncer no corpo hu-mano, a melhor hora para remover o carátermedíocre é quando este ainda é “uma coisapequena”.

Em Sua infinita sabedoria, Deus escolheucolocar o futuro da Igreja nas mãos de líderes.Fez isto com expectativas claras. Ele querque sejamos líderes excepcionais. Quer queafiemos nossas habilidades de liderança, paranos comunicarmos de forma eficaz e admi-nistrarmos bem nossas equipes. Mas, acimade tudo, o desejo de Deus para Seus líderes éque possam ser mestres na arte da autolide-rança.

Quando atentação bate àporta, devemosnos perguntar sevale a pena dizersim a ela emdetrimentodaqueles quenos observam.

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Princípios e Práticas Bíblicas Princípios e Práticas Bíblicas

libertará.” (Jo 8.32). Conhecer o que a Palavra inspiradade Deus diz sobre a natureza do evangelismo libertaráos crentes da sensação de inadequação ou até mesmo demedo em relação ao testemunho pessoal.

Em Colossenses, Paulo fala sobre evangelismo deuma maneira que ajuda a libertar os crentes dos equí-vocos e emoções que possam inibi-los de falar sobreCristo. Ele proporciona uma abordagem simples, bíblicae prática para ajudá-los no evangelismo relacional.

O pedido mais frequente feito pela Comissão deEvangelismo é por materiais sobre motivação pessoal etreinamento para testemunhar. Pastores e outros líderesda igreja podem ensinar princípios e práticas apresenta-dos a seguir, defendidos por Paulo de várias maneirasdentro da igreja. Estes princípios proporcionam umaestrutura bíblica para ensinar o evangelismo pessoal quepode se tornar uma parte integrante do estilo de vida deum crente.

U Por Randy Hurst

m estudo recente afirma que apenas 10% daqueles que decidem seguir a

Cristo fazem sua decisão em um culto na igre-ja. De longe, a prioridade maior de uma cam-panha evangelística da igreja é o testemunhopessoal de seus membros durante a semana.

Outro estudo revela que menos de 10% da congre-gação realiza evangelismo. Por que mais cristãos nãofalam sobre Jesus Cristo com outras pessoas? Muitosacham que a razão mais comum seja o desinteresse —que os cristãos não se importam. Mas, para a maioria daspessoas, a razão é a falta de confiança. Eu acredito queos crentes queiram ser testemunhas eficazes, mas sesentem inadequados, intimidados, ou temerosos emcompartilhar sua fé, especialmente com alguém que nãotenha uma base cristã.

Jesus disse, “Conhecerás a verdade, e a verdade o

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Devemos disciplinar a nós mesmos parafazermos nossa parte no evangelismopessoal enquanto que, ao mesmo tempo,permanecemos dependentes de Deus, quefará o que somente Ele pode fazer.

A Abordagem do Apóstolo PauloO evangelismo não é uma opção; mas o modo como ofazemos sim. A mesma Bíblia que nos ordena alcançaras pessoas com o Evange-lho também nos mostracomo fazê-lo.

Paulo nos deu um ensi-namento profundo mastambém prático sobre otestemunho cristão eficaz àigreja de Colossenses. As instruções finais em sua cartamostram como os cristãos precisam se relacionar com osdescrentes, a quem ele chama apropriadamente de “osde fora” (4.5). Eu chamo a abordagem de Paulo deevangelismo de resposta (veja v. 6). “Perseverai em oração,velando nela com ação de graças; orando também juntamentepor nós, para que Deus nos abra a porta da palavra a fim defalarmos do ministério de Cristo, pelo qual estou também

preso; para que o manifeste, como convém falar. Andai comsabedoria para com os que estão de fora, remindo o tempo.A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal,

para que saibais como vosconvém responder a cadaum.” (Cl 4.2-6, grifo nosso).

Nas instruções de Paulovemos que o testemunhoeficaz envolve doisprincípios — dependência

(vv. 2-4) e disciplina (vv. 5,6). Devemos nos disciplinarpara fazermos nossa parte no evangelismo pessoal en-quanto, ao mesmo tempo, permanecemos dependentesde Deus fazer o que somente Ele pode fazer.

Paulo expressa essa interação divina/humana numatrecho inicial de sua carta: “E para isto também trabalho,combatendo segundo a sua eficácia, que opera em mim pode-rosamente.” (Cl 1.29). Paulo está defendendo o esforço

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para umTestemunho

Pessoal Eficaz

para umTestemunho

Pessoal Eficaz

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humano (“também trabalho”) quedepende de Deus (“segundo a suaeficácia”).

Juntamente com os princípios dedependência e de disciplina, Paulodefende seis práticas na vida cristãque ajudam a realizar o testemunhoeficaz e contínuo a não crentes. Umpastor pode ensinar estes princípiosà congregação de duas maneiras.Primeiro, pode ensinar os princípiose práticas juntos, como uma aborda-gem bíblica abrangente para o evan-gelismo pessoal. Segundo, cadaprincípio e prática precisa ser enfa-tizado sempre que possível em con-textos diferentes. Apenas um ensinoou um sermão não ajudará adequa-damente os crentes a fazeremdessas práticas uma parte de seuestilo de vida.

Prática nº 1 — Ore por Portas Abertas“Orando... para que Deus nos abra aporta da palavra.” (Cl 4.3)

Paulo começa suas instruções aosColossenses exortando-os a orar.A oração é algo essencial no evange-lismo. A menos que Deus trabalheno coração e na vida das pessoas,nosso trabalho não produzirá resul-tados duradouros.

No Livro de Atos, encontramosum exemplo expressivo do trabalharde Deus com um de Seus mensa-geiros. Quando Paulo e seus compa-nheiros foram à margem do rio forade Filipos para orar no sábado, sen-taram e começaram a falar com umgrupo de mulheres. “E uma certamulher chamada Lídia, vendedora depúrpura, da cidade de Tiatira, e queservia a Deus, nos ouvia, e o Senhor lheabriu o coração para que estivesseatenta ao que Paulo dizia.” (At 16.14).Paulo pregou a mensagem.O Senhor abriu o coração de Lídia.

Nós temos o privilégio e aresponsabilidade de compartilhar oEvangelho. Mas apenas Deus podeabrir o coração de uma pessoa.Dependemos de Deus para nosabrir oportunidades, para trazer en-tendimento às mentes dos ouvinte,e mover seu coração para a decisão.

Os crentes precisam de ensinoregular e repetido sobre oração eencorajamento para fazer com que aoração seja uma característica desuas vidas diárias.

Prática nº 2 — Faça com que suamensagem seja clara“Para que o manifeste, como convémfalar.” (Cl 4.4).

A mensagem de Paulo foi “o mis-tério de Deus” (Cl 2.2). O foco denossa mensagem também deve serJesus (veja Cl 1.13-23,28; 2.9-15).

Após a ascensão de Jesus, o após-tolo Pedro se tornou rapidamenteuma das vozes mais proeminentesna Igreja do Novo Testamento.No poder do Espírito Santo, estepescador tão indouto se tornou umpregador convincente e eloquentedo Evangelho.

Pedro pregou seu sermão maisconhecido no Dia de Pentecostes.Lucas, porém, registra várias procla-mações de Pedro sobre o Evangelhoem Atos (3.12-26; 4.8-12; 5.29-32;10.34-43). Quando analisamos essasapresentações, encontramos Pedrodestacando em cada sermão duasverdades básicas: quem Jesus é e porque Ele entregou Sua vida. Estarpreparado para discutir estas duasverdades ajuda todo crente a falarsobre Cristo de forma eficaz com osnão crentes.

Quem foi Jesus?A avaliação da vida de Cristo pela

mídia secular geralmente apresentaJesus como um personagem fictício.Mesmo quando O mostra como umapessoa histórica, a mídia O retratacomo um grande mestre ou mesmoprofeta — mas apenas um homem.

Os crentes devem transmitir queJesus foi mais que um mestre ouprofeta; Ele era Deus em forma dehomem. Foi concebido pelo Espíri-to Santo, nascido de uma virgem,viveu uma vida sem pecados, mor-reu por nossos pecados e venceu amorte ressuscitando para oferecer operdão dos nossos pecados e o domda vida eterna.

Por Que Jesus Entregou Sua Vida?João Batista anunciou porque Jesusveio ao mundo quando disse, “Eis oCordeiro de Deus, que tira o pecado domundo”. (Jo 1.29, grifo nosso).Os pecados de toda a humanidadesão a razão para a morte de Jesus.A existência da cruz estabelece doisfatos: todos somos pecadores e nãohá nada que possamos fazer.

É significativo que Paulo, comoPedro, comunicassem as mesmasduas verdades em Tessalônica.Lucas resumiu os ensinamentos dePaulo nas sinagogas nos dias desábado: “E Paulo, como tinha porcostume, foi ter com eles e, por trêssábados disputou com eles sobre asEscrituras, expondo e demonstrandoque convinha que o Cristo padecesse eressuscitasse dos mortos. E, este Jesus,que vos anuncio, dizia ele, é o Cristo”(At 17.2,3).

A apresentação do Evangelhoprecisa incluir essas duas verdadessobre Jesus. Ambas são essenciaispara a compreensão da graça queDeus manifestou através da mortede Jesus na cruz, Sua ressurreição eSua consequente compra da

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não crentes possam entender e atra-vés de conceitos com os quais consi-gam se relacionar — como Jesus fez.

Prática nº 4 — Aproveite asOportunidades ao Máximo.“Aproveitai as oportunidades.” (Cl 4.5)

As oportunidades têm um tempocerto. O ditado que diz que uma

oportunidade não bate duas vezes àporta é verdadeiro. Uma oportuni-dade pode não aparecer uma segun-da vez. Cada uma é única porque aspessoas e as circunstâncias sãodiferentes.

Memorizar alguns versículos bí-blicos ou fazer um curso de evange-lização não prepara cristãos para res-ponder tudo às pessoas. Pode aju-dar, mas conhecer a verdade, quenos capacita a responder às pessoasem várias situações, requer umaprendizado contínuo no decorrerda vida. Significa que devemos cres-cer em um conhecimento pessoal deJesus Cristo. Nós nunca nos gradu-amos nisso. Estamos todos em umajornada espiritual. O que estamosaprendendo pessoalmente podemoscompartilhar com um vigor renova-do tal, que convença os descrentes.

Alguns se sentem desconfortá-veis para testemunhar porque nãoconseguem lembrar os versículosque acham que precisam saber.Mesmo que gravem, não se sentemseguros em sua habilidade delembrar-se quando necessário. Mastodo crente, mesmo sem qualquertreinamento em evangelismo pes-

soal, pode compartilhar seu teste-munho pessoal e orar. Todo mundotem um testemunho pessoal. Com-partilhar nossa experiência e nossorelacionamento pessoal com JesusCristo com sinceridade e convicçãopode ser um argumento convincen-te para algumas pessoas.

Uma das maneiras mais oportu-nas de ministrar a descrentes é aoração. Quando incrédulos expres-sam seus problemas, peça o privi-légio de orar com eles. Se cremosque Deus responde nossa oração,precisamos praticar a fé através daoração com e pelas pessoas e acre-ditar que Deus irá responder. Ouvira oração de um crente pode causarum efeito significativo sobre osdescrentes. Quando os crentes orampor uma necessidade, as pessoaspodem sentir que eles são sinceros eque têm um relacionamento comDeus. Os corações podem serabertos ao Evangelho quando Deusresponde as orações.

A liderança pastoral podetambém desencadear oportunidadespara os membros da igreja se conec-tarem com descrentes através deeventos de evangelismo.

Prática nº 5 — Fale com Graça.“A vossa palavra seja sempre agradável,temperada com sal.” (Cl 4.6)

Em 1 Pedro 3.15, o apóstolo fazum comentário similar ao de Paulo.Pedro diz aos crentes para estaremsempre preparados para dar umaresposta à sua esperança, mas com“mansidão e temor”. Não é somenteo que falamos que importa, mastambém como falamos. A maiorparte da nossa comunicação inter-pessoal é não verbal. Se há umacontradição entre o que alguém diz ea maneira como ela diz, acreditare-

redenção de toda a humanidade.

Prática nº 3 — Seja Prudente com“os que estão de fora”“Andai com sabedoria para com os queestão de fora.” (Cl 4.5).

O termo “os que estão de fora” dePaulo dá uma descrição apropriada eprática de onde os não crentes estão

em relação à Igreja. Por diversas ra-zões, a maioria dos não crentes hojeestão mais fora do contexto cristãodo que nunca. Não podemos afirmarque os não crentes estejam compro-metidos com os valores cristãos oumesmo que compreendam.

A Igreja hoje enfrenta o desafiode comunicar o Evangelho intercul-turalmente, como os missionáriosem países estrangeiros fazem. Se oscrentes têm passado boa parte davida na Igreja, eles têm adquiridovalores, percepções e vocabulário daIgreja. Cristãos e não cristãos podemambos falar português, mas oscristãos geralmente usam termosnão familiares ou com significadodiferente na cultura secular.

Ao usarmos jargões cristãos, cria-mos uma barreira de comunicaçãocom os não crentes. Cristãos enten-dem palavras como salvo, evangelho eunção, porém são confusas parapessoas que não estão familiarizadascom elas. Os não crentes devem seralcançados através do vocabuláriodeles — não do nosso.

Parte da cultura da Igreja precisaser equipar os cristãos para transmi-tirem sua fé numa linguagem que os

Compartilhar nossa experiência enosso relacionamento pessoal comJesus Cristo com sinceridade econvicção pode ser um argumentoconvincente para algumas pessoas.

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A ESCALA DE ENGEL

mos sempre na mensagem nãoverbal. Uma pessoa pode ver umaapologia — feita com as mesmaspalavras mas falada de diferentesformas — quer sincera, quer sarcás-tica. Entonação de voz e expressõesfaciais podem mostrar mensagensconfusas que contradizem as pala-vras que dizemos.

A maioria dos que se tenta alcan-çar nos EUA tem uma histórianegativa com a igreja; é defensivaou mesmos hostil aos testemunhoscristãos. Outros com cicatrizesemocionais se tornaram insensíveisa questões espirituais. Um cristãocom graça e credibilidade pessoalpode ajudar a neutralizar a confusãodos sinais que as pessoas receberamdaqueles cuja vida tem se mostradoinconsistente em relação às suasmensagens. Assim como o sal tem-

pera a comida, o espírito de graça,brandura e respeito precisa tem-perar nossa conversa com nãocrentes. Não devemos transigir coma verdade, mas podemos comunicá-la com bondade.

Crentes necessitam de um dis-cipulado contínuo em formaçãoespiritual para que os frutos doEspírito se tor-nem cada vezmais evidentesem suas vidas.O fator maiscrítico em um evangelismo pessoalé a credibilidade do pregador.

Prática nº 6 — Responda Individual-mente.“Para que saibais como vos convémresponder a cada um.” (Cl 4.6)

Relevância é uma questão indi-

vidual. Em nossos esforços paraentender e agir sabiamente em rela-ção aos “de fora”, não devemosjamais esquecer que cada um delesé único. Entender a mentalidade, osvalores, as preocupações, os interes-ses e os desejos das pessoas emvárias culturas e gerações é muitoútil. Generalizações, porém, podem

conduzir aequívocosporque cadapessoa é única.Termos como

geração “X”, póscristãos, pósmodernos,etc. são perfis e estereótipos, nãorealidades pessoais.

As pessoas não são estatísticas ouapenas almas que conquistamospara o Reino. Pessoas são indivíduoscom personalidades distintas —criações únicas para as quais Deus

A escala de Engel é um sistemanumérico que mostra onde aspessoas estão em sua caminhadaespiritual.-8 Ciência de um ser supremo,

mas nenhum conhecimento doEvangelho.

-7 Consciência inicial do Evangelho.-6 Ciência dos fundamentos do

Evangelho.-5 Noção das implicações do

Evangelho.-4 Atitude positiva em relação ao

Evangelho.-3 Reconhecimento de problemas

pessoais.-2 Decisão para agir-1 Arrependimento e fé em Cristo. 0 Conversão+1 Avaliação pósdecisão+2 Integração ao corpo de Cristo+3 Uma vida de crescimento

conceitual e comportamentalem Cristo.As pessoas estão dispostas a

pertencer antes mesmo de estaremdispostas a acreditar. Quando falarsobre o Evangelho, use uma lingua-gem básica. As pessoas não entendempalavras como arrependimento, santifi-cação e redenção se nunca ouviram ouviram palavras como amor, bondade, eaceitação. Até mesmo a Palavra deDeus sugere que o amor de Deusconduz ao arrependimento. Essas pa-lavras abrangentes conduzem a coisasmais profundas do Evangelho. Pauloreconhecia que bebês precisam deleite antes de precisarem de carne.

Ele apresentava o Evangelho emdiferentes níveis, de acordo com opúblico a quem estava ministrando.

Nosso desejo é ver pessoasprogredirem dos númerosnegativos para os positivos efinalmente, para um cresci-mento saudável +3. Existe, geralmente, umalacuna entre o mundo dosdescrentes e o mundo doscrentes. O conhecimentosocial-arbitrário, ou conheci-

mento cultural-específico dos cristãospode tão plenamente ser desenvolvi-do que eles acabem se alienandocompletamente dos não cristãos.Começam, inconscientemente, autilizar jargões simplesmente aosquais se referem porque aprenderam acultura da cristandade.

Para termos um espírito missioná-rio, precisamos aprender como rees-truturar nossas vidas, ações e discurso,para que sejam relevantes àqueles quenão desenvolveram a noção de cristan-dade. Devemos aprender, como dissePaulo, a nos fazermos de “tudo para

Deus chama todo crente paraser testemunha, e cada crentepode ser com a ajuda dEle.

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tem um plano e um propósito pes-soal. Nós construímos o Reino deDeus com uma pessoa de cada vez.

Jesus é o melhor exemplo nosensinamentos de Paulo sobre comoresponder às pessoas.

O ensino de Jesus era claro paraos Seus ouvintes. Ele usava voca-bulário e figuras de linguagemtirados da vida diária de Seu públi-co. Identificou-Se e conectou-Secom Seus ouvintes através de umalinguagem que conseguiam enten-der, e conceitos com os quaistinham como se relacionar.

Devemos lembrar que o versícu-lo mais citado na Bíblia, João 3.16,não era parte de um dos sermões deJesus. Essas palavras foram proferi-das por Jesus em uma conversainformal com Nicodemos numanoite quando respondia às

perguntas desse fariseu.Mesmo que ensinasse a multi-

dões, Jesus se concentrava em indi-víduos e respondia a eles. Pessoasperdidas merecem o mesmo queaqueles que vieram ao encontro deJesus receberam — uma respostapessoal.

Deus chama todo crente para sertestemunha, e cada crente pode sercom a ajuda dEle. Membros daigreja podem ficar seguros de queDeus os usará como testemunhaseficazes à medida que cooperaremna obra que o Espírito Santo estiverfazendo na vida de um descrente.Estes cinco versículos de Colossen-ses oferecem um ensinamento bíbli-co, prático e abrangente em relaçãoa evangelismo pessoal. Os princípiosde dependência (vv. 2-4) e de disci-plina (vv. 5,6) referem-se a toda a

vida cristã. As práticas precisam serreforçadas continuamente em todosos aspectos da vida da igreja.

A verdade da Palavra de Deusem relação à natureza do evange-lismo pode libertar as pessoas dequalquer coisa que as amarre, assimcomo pode ajudá-las a encontrar opropósito que Deus quer que secumpra através delas.

Se a liderança pastoral ajudarpessoas a entenderem as verdadespoderosas que Paulo ensina, oscrentes conseguirão desenvolver umestilo de vida de evangelismopessoal eficaz.

todos, para, por todos os meios, chegar asalvar alguns.” (1Co 9.22).

Essa reestruturação estende-se atémesmo ao nosso discurso. Paulo, emseu sermão no Areópago, usa íconesculturais da época (deuses e ídolos, eos poetas da época) para apresentar oseu caso. Refere-se à estátua do deusdesconhecido e aos seus poetas quedisseram, “Nós...somos sua geração.”(At 17.22-31), para falar em um nívelque fosse relevante e significante paraaqueles a quem estava tentandoalcançar.

O livro The Shaping of Things toCome, de Michael Frost e Alan Hirsh,apresenta um gráfico para explicarcomo os não crentes devem superar alacuna cultural da sua ignorância sobreDeus, antes de conseguirem atraves-sar a lacuna do discipulado que todosos crentes enfim devem atravessar.

Se as pessoas passam por estágios,como Engel sugere, devemosexaminar como e quando apresenta-mos as sugestões verbais e não verbaisdo Reino de Deus. Até mesmo Jesusinsistiu em conversar com as crianças,

mesmo com os discípulos tentandodespachá-las. Ele ensinou Seusdiscípulos, tanto de forma verbalcomo não verbal, que o coração deuma pessoa deve ser como o de umacriança para entrar no Reino dos Céus.

Quando falou com a mulher adúl-tera no poço (Jo 4.5-29), Jesus nãocomeçou a conversa pelo pecado delae pela necessidade de arrependimen-to. Ao contrário, Ele se dirigiu a elaem um nível físico quando disse, “Dê-me de beber”. Dirigiu-Se ao seu estilode vida, mencionando o fato de que“tinha muitos maridos”. Dirigiu-Se ànecessidade dela de encontrarsatisfação — beber de tudo o que ébom. Ele então ofereceu-lhe águaviva. A oferta de Jesus não foi umclichê cristão do momento; foi umaoferta para satisfazer sua necessidadeatual.

Como cristãos, devemos considerarnossas palavras, que podem, às vezes,advir de uma necessidade em nossavida, mas as pessoas que encontramospodem não ter as mesmasnecessidades. Elas podem não

necessitar de uma igreja nomomento, mas podem precisar dealguém que demonstre o amor deDeus através de palavras generosase sugestões não verbais, como açãoe serviço. A forma como demons-tramos interesse e estruturamospalavras determinam separeceremos repugnantes emnosso orgulho, abstratos em nossasconversas na igreja ou amáveis egentis em nossa preocupaçãogenuína pelas necessidades donosso próximo.

É hora de os crentesredescobrirem a linguagemesquecida de sua juventudeespiritual.

Devemos falar aos descrentesonde vivem, onde trabalham eonde quer que estejam na escalade Engel.

RANDY HURST,Springfield, Missouri (EUA)

L. ALTON GARRISON,Springfield, Missouri (EUA)

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12 • enrichment | MARÇO 201012 • enrichment | MARÇO 2010

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Se permitirmos que nossos fracassos nos definam, elesconseguirão nos arruinar. Mas se o fracasso for administradode maneira apropriada, sairemos dele vitoriosos.

APRENDENDOCOM OS ERROSPor Mark Batterson

or mais de uma décadatenho servido como pastor daIgreja National Community emWashington, DC (EUA). Eu amomorar em Capitol Hill. Sou grato

a Deus por ter pastoreado uma igreja na vida. Mastambém já passei pela minha quota de desafios,decepções e fracassos.

Após me formar pelo Central Bible College, emSpringfield, Missouri, entrei na Trinity EvangelicalDivinity School, em Deerfield, Illinois. Meu sonhoera o de plantar uma igreja na área de Chicago, IL.

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Minha esposa e eu crescemos em Naperville, umsubúrbio na região oeste de Chicago. Amo o estilo depizzas de Chicago. E Michael Jordan ainda estavajogando pelo Chicago Bulls. Por queiríamos querer estar em qualqueroutro lugar? Então criamos um gru-po principal, abrimos uma conta nobanco, e escolhemos um nome deigreja. Eu fiz até um planejamentopara 25 anos. Mas nosso grupoimplodiu antes mesmo que pudés-semos realizar nosso primeiro culto.

Ainda tenho questões sem res-postas sobre aquela primeira igreja.Será que fomos chamados paraplantar essa igreja? Ou foi Deusquem planejou nosso fracasso?Estávamos fora de tempo? Ou foiminha inaptidão e inexperiência queme fizeram fracassar? Eu saí dessaexperiência com uma forte convic-ção: às vezes, nossos planos têmque fracassar para que os de Deustenham sucesso.

Essa tentativa frustrada de plan-tar uma igreja se classifica como umadas fases mais constrangedoras edesiludidas da minha vida. Eu nãofazia ideia de para onde ir ou o quefazer. Estava emocional e espiritual-mente abalado.

Se permitirmos que nossos fra-cassos nos definam, eles conseguirãonos arruinar. Mas se o fracasso foradministrado de maneira apropriada,sairemos dele vitoriosos. Nós não estamos propensosa admitir ou a levar o crédito por um sucesso tardio.Descobrimos que, mesmo quando caímos de cara nochão, Deus está lá para nos levantar. O fracasso temum jeito de abrir novas opções.

Quando o sonho de plantar uma igreja em Chicagodesvaneceu, estava disposto a ir a qualquer lugar.Então, depois de vários meses orando e buscando aDeus, encontrei uma porta aberta em Washington.Nós não tínhamos um lugar para morar ou um saláriogarantido; mas, pela fé, arrumamos nossas coisas e nosmudamos.

“EM BREVE, EM UM CINEMA PERTO DE VOCÊ”No primeiro final de semana de Janeiro de 1996, uma

nevasca varreu a costa leste, deixando um recorde denevasca nos EUA. Este foi meu primeiro fim de sema-na como pastor da Igreja National Community. Ape-

nas 3 pessoas apareceram no culto —minha esposa, meu filho e eu.A parte boa foi que tivemos a expe-riência de vermos um crescimentode 533% em uma semana, quando19 pessoas apareceram no domingoseguinte.

Nós colocamos por terra váriosaxiomas de como se plantar umaigreja. Contaram-me que se vocênão alcançar 100 pessoas em seuprimeiro ano, ou 200 em seu segun-do ano, você nunca conseguiria que-brar aquelas barreiras.

A média de frequência emnosso primeiro ano foi deaproximadamente 35 pessoas.Geralmente começávamos oscultos com seis ou oito pessoas naassistência. Eu fechava meus olhosdurante o louvor porque eradeprimente abri-los. Mas nuncaperdi minha esperança. Sabia queDeus tinha nos chamado. E sabiaque alguma coisa boa aconteceria. Sónão sabia que a coisa boa seria algoque eu julgaria ser ruim.

No outono de 1996, a escolapública em Washington onde está-vamos nos reunindo foi fechada porcausa de violação do código deincêndio. A Igreja National

Community poderia facilmente ter se tornado umacasualidade. Começamos a explorar as opções deespaço para as reuniões. Todas as portas se fecharamexceto uma: a do cinema da Union Station.

Fazendo uma retrospectiva, é difícil imaginar umponto espiritual mais estratégico que a Union Station.Vinte e cinco milhões de pessoas passam pela UnionStation todo ano, fazendo-a o destino mais visitado deWashington. Temos nove salas, 40 restaurantes e umestacionamento coberto. Nós também temos nosso“próprio” sistema de metrô, com estação em frente ànossa porta. Se Deus não tivesse fechado a porta daescola pública de Washington, não teríamos procuradopor uma porta aberta no cinema.

Devo mencionar um comentário histórico. No dia

Se suasperspectivas

são de

curtoprazo,você viverá

em umdesencorajamento

perpétuo.

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que assinei o contrato de aluguel do cinema naUnion Station, peguei um livro, Union Station:A History of Washington’s Grand Terminal. Eu queriaconhecer a história por trás da Union Station.Em 28/02/1903, o presidente norte-americanoTheodore Roosevelt assinara o projeto de Lei doCongresso, permitindo a criação da Union Station.

O projeto declarava: “Um Ato do Congresso para criaruma Union Station e para outros propósitos”.

O presidente Roosevelt pode ter pensado que estavaconstruindo uma estação de trem, mas Deus sabia queanos depois a Union Station serviria Seus propósitosatravés do ministério desta igreja — Igreja NationalCommunity.

Todd Hunter conduziu um significa-tivo estudo enquanto diretor deno-minacional de implantação de igrejas.Embora datadas, diversas desco-bertas apresentadas em seu estudopara Association of Vineyard Churches— Church Pathology Report, deDezembro de 1986, ainda são total-mente relevantes.

Hunter dividiu seu relatório emduas categorias principais: “Rela-tórios de Autópsia” de igrejas fracas-sadas e “Igrejas Bem Sucedidas”. Asquestões-chaves mencionadas, quecontribuem grandemente para ofracasso incluem:

• A inabilidade do plantador deigrejas de recrutar, mobilizar e fomen-tar trabalhadores e líderes;

• A inabilidade do plantador deigrejas de planejar eficazmente;

• A ineficácia do plantador deigrejas de recrutar pessoas e;

• A ineficácia do plantador deigrejas em sua metodologia de evan-gelismo.

Hunter concluiu que os obreirosque implantam novas igrejas pode-riam corrigir essas questões com trei-namento e a experiência do cresci-mento da igreja.

Hunter prosseguiu para descobrirque a disposição desses obreiros faz

uma diferença crucial.Os pastores que lutam muito em

sua maioria são mais pastorais do quecarregadores de peso e faltam-lheshabilidades fortes de liderança.

Os obreiros que plantam novasigrejas e não são bem sucedidos fi-cam simplesmente predispostos auma abordagem mais passiva paraministério, que concentra-se emfomentar aqueles que naturalmentevêm de encontro a eles, em vez debuscar agressivamente adentrar acomunidade e reunir aqueles quepoderiam ser líderes para o Reino.Eles preferem nutrir os relaciona-mentos já existentes ao invés derecrutar, evangelizar, planejar ouexaminar sua comunidade.

FATORES DE SUCESSOPor outro lado, de acordo com apesquisa Vineyard, as igrejas queprosperam são dirigidas por pastoresque trabalham arduamente, quepossuem bem elaborados planeja-mentos, que focam-se em recrutarpessoas novas e que conseguem semexer de forma criativa para resolverproblemas. Estes pastores se envol-vem agressivamente com açõessociais e o otimismo e a fé servemcomo combustível para sua paixão.

Além disso, esses plantadores deigrejas possuem boas habilidadessociais e assumem responsabilidadepelo crescimento da igreja enquantoconsolidam o valor da igreja para aspessoas.

F inalmente, Hunter tambémdescobriu vários fatores de sucessorelacionados à nova congregação. Asperspectivas de sobrevivência de umaigreja nova diminuem se em seuestágio inicial ela atrair muitos cristãosferidos ou aqueles apenas nominaisque não estão dispostos ou não sãocapazes de crescer (i.e., saltadores deigrejas, líderes queimados, os feridoscrônicos, etc.). Da mesma forma, se osprimeiros membros não estiverem dis-postos a buscar e a receber ativamen-te aqueles que são diferentes delesmesmos, isto pode também reduzir asaúde e a capacidade de sobrevivênciada igreja.

Estrangulação sociológica e osproblemas ocultos ferem tanto asigrejas novas quanto as igrejas esta-belecidas.

— ED STETZERExtraído de “Improving the health andSurvability of New Churches”.Leadership Network. Usado compermissão.

Implantação de igrejas:Estudo VINEYARD sobre Fracassos e Sucessos

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NO MEIO DO MERCADOEntrei no negócio de plantar uma igrejacom uma mentalidade tradicional:reunir-se em prédios alugados até seconseguir comprar ou construir um tem-plo. No entanto, eu experimentei umamudança de paradigma. Sabia que iriademorar até que começássemos atémesmo a pensar em comprar ou cons-truir um prédio. As propriedades custa-vam US$ 10 milhões o acre. Então veio--me este pensamento: por que construiruma igreja quando temos um auditóriotodo adaptado, com telões, assentosconfortáveis e sistema de som surround?Além disso, quantas igrejas têm praça dealimentação, estacionamento coberto e metrô?Estabelecer uma igreja no mercado se tornou parte donosso DNA espiritual.

Eu estava caminhando da Union Station para casaquando tive uma visão na esquina das ruas Fifth com aF. Nenhum coral de anjos. Nenhum grafite na calçada.Mas pude ver um mapa do metrô em minha mente. Euenxerguei a Igreja NC se reunindo em salas do cinemanas estações do metrô em toda a área de Washington.

Finalmente, conseguimos nosso segundo cinemaem Ballston Commom Mall, em Arlington, Virgínia.Desde então, conseguimos também mais dois lugares:um em Georgetown (Washington, DC) e outro emAlexandria, Virgínia.

Juntamente com nossos quatro cinemas, a igreja NCtambém possui e opera a maior cafeteria de CapitolHill. Em 2008, Ebenezers foi considerada a cafeterianúmero 1 do metrô de Washington pela AOLCityGuide.

A paixão era simples: criar um lugar onde a igreja e acomunidade cruzassem seus caminhos. Jesus nãoaparecia apenas nas sinagogas; Ele aparecia tambémperto dos poços. Poço não é somente um lugar para setirar água. Na cultura antiga, os poços eram lugaresonde as pessoas se reuniam. Cafeterias são os poçospósmodernos.

Não apenas interagimos com centenas de clientesdiariamente; também fazemos dois cultos no sábado ànoite em nosso auditório. Todo o lucro da cafeteria éinvestido em missões.

CINCO LIÇÕESAqui estão as lições que aprendi durante a jornada deplantar igrejas.

Lição nº 1: Abra os horizontesSe suas perspectivas são de curto prazo,você viverá em um desencorajamentoperpétuo. Quando estou desencorajado,geralmente é porque superdimensioneialgumas coisas que me frustraram. Preciso subdimensioná-las e lembrardo quadro grande. Preciso lembrar que,há mais de 2000 anos, Jesus morreunuma cruz por meus pecados. Precisotambém me lembrar do futuro eternoque tenho. Isso ajuda a recalibrar-meespiritualmente. Por que estou fazendo oque estou fazendo? Preciso reconectarcom meu primeiro chamado que Deusfez para a minha vida. Preciso me lem-

brar que estou nisso para um grande projeto.Crescimento leva tempo. Deus não abençoará você

mais do que possa lidar com isso. Deus está mais preo-cupado com o que você está se tornando do que com oque você está fazendo. Quanto mais você precisa espe-rar, mais você aprecia. Nossa cafeteria, por exemplo,é o resultado de oito anos de oração, rezoneamento econstrução.

Crescimento de igreja não é a questão. A questão é ocrescimento pessoal. Se você tiver o crescimentopessoal, a igreja crescerá em escala corporativa.

Aqui está uma ironia do crescimento da igreja. Nassemanas que estou “a todo vapor” e penso que todovisitante se tornará um membro na semana seguinte,ninguém volta. Então na semana seguinte prego umamensagem que bomba. Sinto-me como se estivessemandando um e-mail com queixa para mim mesmo.Então as pessoas se convertem e todos os visitantesvoltam.

Lição nº 2: Não tenha medo de cometer errosTodo obreiro que planta uma igreja luta com medo defracassar. O remédio não é o sucesso. O remédio éfracassar em pequenas doses, quase como injeções dealergia, para que consiga imunidade.

O fracasso tem um efeito de libertação. Você perce-be que Deus está lá para pegar e limpar você. Isso man-tém você humilde.

Nós temos um valor central na Igreja NC: tudo é umexperimento. Se o Reino de Deus tivesse departamen-tos, poderíamos trabalhar em pesquisa e desenvolvi-mento. Sou guiado por uma convicção elementar:existem maneiras de se plantar uma igreja que ninguémpensou ainda. Isso, no entanto, significa que preciso

Parte dodesafio daliderança é

descobrir

quemvocê é.

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cometer alguns erros. Preciso chegar ao ponto onde ficocom mais medo de perder oportunidades do que deerrar.

Não tenho problemas em ver a minha equipecometendo um erro. Só não quero que cometam osmesmos erros várias vezes. Cometer erros significa quevocê está tentando coisas novas. E este é o caminhopara se crescer como líder.

Lição nº 3: Desista de fazer comparaçãoSou competitivo, não gosto de perder nem um jogo dedamas para meus filhos. Mas, pedi a Deus parasantificar meu ímpeto competitivo e usá-lo para Seuspropósitos. Com muita frequência, nós nos comparamoscom outros pastores e olhamos para outras igreja comoconcorrentes.

Líderes sãos têm uma mentalidade vol-tada para oReino. Não preciso ser todas as coisas para todas aspessoas porque eu não sou a única igreja na cidade. Pre-cisamos de diferentes tipos de igrejas porque existemdiferentes tipos de pessoas. Celebremos nossas diferen-ças enquanto pregamos o Evangelho.

Você pode se comparar a alguém que não tenha osmesmos dons que você, e isso resultará em orgulho.Ou pode se comparar a alguém que possua mais donsque você, e isso resultará em ciúme. De qualquer jeito,você perde.

Parte do desafio da liderança é descobrir quem vocêé. A outra parte é descobrir quem você não é. Então secerque de pessoas que compensem suas fraquezas. Jáno início do ministério, seu nível de dotações irá deter-minar sua influência. Mas, com o tempo, suas dotaçõesterão menos a ver com sua influência final. Sua influên-cia será determinada pelas dotações das pessoas com asquais você se cerca. É por isso que o desenvolvimentode liderança e a contratação de pessoal são capacidadesde missão tão críticas.

Se você não tem uma visão claramente definida, ten-tará ser tudo para todos. Vários pastores são verdadeiroscontorcionistas. Tentamos atender todos os caprichos edesejos de todos que batem à nossa porta.

Anos atrás, memorizei algo que Abraham Lincolndisse e isto se tornou um mantra da liderança: “Vocêconsegue agradar todas as pessoas por algum tempo,algumas pessoas todo o tempo, mas não consegueagradar todas as pessoas todo o tempo”.

Lição nº 4: Continue aprendendoUm seminarista me perguntou: “Qual é a chave dosucesso no ministério?”

Eu disse: “Continue aprendendo”.Líderes são aprendizes. Parte do que os guia é uma

curiosidade santa. E eles são suficientemente humil-des para admitir sua falta de conhecimento.

Um dos meus medos é o de me tornar um sistemafechado. Você deixa de fazer o ministério a partir desua imaginação e começa a fazê-lo a partir de sua me-mória. Você deixa de criar o futuro e começa a repetiro passado. Você deixa de liderar e passa a administrar.

Duas coisas têm me ajudado a continuar a ser umsistema aberto. Primeiro, os livros mantêm minhassinapses queimando de maneiras novas. Tento tam-bém fazer o máximo de reconhecimento possível. Voua conferências e visito outras igrejas para obter novasideias. Isso me ajuda a manter minha perspectivasaudável na Igreja National Community.

Lição nº 5: Aproveite a jornadaQuando fui entrevistado para obter credencial, umpastor do comitê perguntou: “Se você tivesse quedescrever você mesmo com uma palavra, qual seria?”

Eu disse: “guiado”. Pensei que fosse então umaótima resposta. Agora não tenho tanta certeza.

Meu objetivo como obreiro que planta igrejas erapastorear mil pessoas antes de fazer 30 anos. Não hánada errado em estabelecer objetivos enormes desdeque o motivo esteja correto. A dimensão dos nossossonhos é um ótimo barômetro de maturidade espiritu-al. O problema, porém, com este objetivo em particu-lar é: eu estava preocupado mais com números do quecom pessoas. Nós plantamos e regamos; Deus dá ocrescimento (1Co 3.7).

Eu estou tão voltado para o futuro que normal-mente deixo de apreciar a jornada. Mas o Senhorestampou em mim: seja o melhor pastor que vocêpuder aqui e agora. É como ser pai. Você precisa apro-veitar cada idade e cada fase. Ministrar é difícil. Masque possamos jamais nos esquecer do privilégiomaravilhoso de fazer parte do plano de redenção deDeus para o planeta Terra.

Esteja certo de que os sacrifícios que fazemosrenderão dividendos eternos.

MARK BATTERSON é o pastor presidenteda Igreja National Community, emWashington, DC (EUA).

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Transformando Decisõesem Acréscimos e

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Para onde foram todas os crianças espirituais? Umatendência alarmante e perturbadora está ocorren-do nas Assembleias de Deus dos EUA. Quando

mais de 75% de todas as decisões por Cristo nas igrejasassembleianas escapam pela porta dos fundos, algo estádesesperadamente errado e requer uma resposta paraesta pergunta: “Por que tão poucas decisões por Cristoresultam em adição à igreja?”

Numa tentativa de responder a esta pergunta, deve-mos considerar primeiramente o exemplo do apóstoloPaulo aos crentes de Tessalônica: “antes, fomos brandosentre vós, como a ama que cria seu filho.” (1Ts 2.7, grifonosso). Paulo sabia que esses recém-nascidos emCristo viveriam e cresceriam através de relaciona-mentos carinhosos, ou morreriam se deixadossozinhos. O relacionamento de Paulo com elescontinuou, podendo assim exortá-los, encorajá-lose implorar que “a cada um de vós...como o pai a seusfilhos.” (1Ts 2.11). O resultado foi a sobrevivência espi-ritual e sua transformação em poderosas testemunhas.Como um pai orgulhoso, Paulo notou que “em todos oslugares a vossa fé para com Deus se espalhou.” (1Ts 1.8).

O discipulado para novos crentes é indispensávelse pastores querem desacelerar a alarmante taxa demorte espiritual na igreja.

Tem sua igreja um ministério de discipulado bemdesenvolvido que garanta a taxa de sobrevivência deseus novos convertidos e que os ajude a se tornaremmembros que cresçam e sejam prósperos?

Este artigo apresenta passos práticos para se esta-belecer um ministério eficaz de discipulado paranovos convertidos numa igreja de qualquer tamanho,que irá transformar decisões em acréscimos e acrés-cimos em discipuladores. Essas dinâmicas são atem-porais e eficazes.

Valores do DiscipuladoDeus se alegra quando um perdido é encontrado e noschama para nos alegrarmos com Ele (Lc 15. 6-10).

O pai do filho pródigo argumentou com seu filhomais velho que ele também precisava celebrar porque“o seu irmão” voltara para casa (Lc 15.32). Os recém-nascidos espirituais são claramente nossos irmãos e cadaum deve ser bem vindo porque os novos crentes têm omesmo valor que nós para o Pai Celestial.

No Novo Testamento, o valor de cada criança emCristo reflete-se nas referências apostólicas ao cuidadoindividualizado. Paulo falou aos Tessalonicenses que

ele guiara “cada um de vós” como um pai (1Ts 2.11, grifonosso). Ele lembrou aos Efésios: “vigiai, lembrando-vosde que, durante três anos, não cessei, noite e dia, deadmoestar, com lágrimas, a cada um de vós.” (At 20.31,grifo nosso). Jesus discipulou Pedro individualmentedesde o início de Seu ministério público. O primeiroobjetivo para o acompanhamento de novos convertidosé o de prover um cuidado individual, colocando-os emcontato com outros cristãos maduros ou discipuladorestreinados.

Amizade no discipuladoO ingrediente amizade no discipulado pode preceder aconversão ou ser desenvolvida através de um discipu-lador que seja designado para um novo convertido apóssua entrega a Cristo. Os discipuladores precisam ser domesmo sexo que o novo convertido. Também, leve em

Acréscimos em Discipuladores(Cuidados para com o Novo Convertido)

Por Jim Hall

O discipulado para novos crentes éindispensável se pastores querem desacelerara alarmante taxa de morte espiritual na igreja.

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consideração a idade, personalidade,profissão, trabalho, horários, onde aspessoas vivem e a direção doEspírito. A dificuldade inicial de umrelacionamento entre o novoconvertido e o discipulador énormalmente superada com umpouco de persistência. Em rarasocasiões, pode haver a necessidadede um novo discipulador.

Fidelidade ao discipuladoÉ importante que um novo cristãoseja contatado pela igreja, e/ou pelopretenso discipulador, logo após terse convertido, para agendar umhorário (de 1 a 1 hora e meia) paraum discipulado informal.

Escolha um lugar confortávelpara se reunir que seja convenientepara o novo convertido — a casadele, ou qualquer outro lugar queele escolha.

Reunir-se na casa do novoconvertido permite ao discipuladorencontrar outros membros dafamília e amigos e dar apoio aotestemunho do novo convertido.Também oferece um contextoimportante para o discipuladorobservar e entender o ambiente deonde provém o novo convertido.

O discipulado precisa ser realiza-do semanalmente. A fidelidade dodiscipulador cria uma experiênciaconsistente que é importante para avida espiritual do novo crente.

A igreja precisa desenvolver umsistema de prestação de contas paraque o discipulador apresente aconsistência e a qualidade de cadareunião de discipulado.

A Formação do DiscipuladoAs reuniões de discipulado precisamconcentrar-se em ajudar os novosconvertidos a interagirem com asEscrituras para aprenderem como

ter um relacionamento diário comJesus. Lições com cadernos de exer-cícios que levem o novo convertidodiretamente à Palavra para verempor si mesmos o que Deus estádizendo são os melhores.

A comunicação com Deus éaprendida através do ouvir SuaPalavra escrita, da resposta deoração e também do ouvir Deusfalar através de Seu Espíritoenquanto se ora.

A cooperação momento amomento com Deus é o objetivopara cada novo convertido.O discipulador, assim como as liçõesutilizadas, precisa enfatizar que oconteúdo da Bíblia é aprendido porcausa da conduta bíblica.

O relacionamento do discipuladoprecisa propiciar uma prestação decontas de apoio para aplicar o queDeus está dizendo ao novo converti-do a respeito de como Ele quer queviva. A celebração pelo avanço deveser frequente e sincera (At 11.23).

O Processo do DiscipuladoPrimeiro EncontroApós estar familiarizado, o discipu-lador precisa perguntar se pode orarpara que Deus os ajudem enquantoestudam Sua Palavra juntos. A ora-ção deve ser simples, curta e emuma linguagem do dia-a-dia. Isso dáexemplo ao novo convertido de quea oração é uma conversa natural comDeus. No final da lição, o novoconvertido precisa ser encorajado aconversar com Deus de maneirasimilar. Suas orações sinceras e nãopolidas devem ser estimuladas pelodiscipulador (por exemplo: “Foiuma ótima oração. Sei que Deusgostou muito de ter ouvido vocêfalando assim com Ele.”)

Segundo: use lições de discipu-lado escritas para pessoas, que nun-

ca frequentaram uma igreja, possamentender. Essas lições devem levaro novo convertido a passagenssimples na Palavra que mostremcomo Deus quer ter comunicação ecooperação com os crentes.

O conteúdo da série de liçõesdeve incluir:

1. uma revisão do compromisso deseguir a Jesus;

2. sua presença constante para guiare dar assistência à obediência;

3. o primeiro e segundo manda-mentos;

4. batismos em águas e no EspíritoSanto;

5. comunhão;6. princípios de administração do tra-

balho e do dinheiro;7. como testemunhar e discipular

outros.Terceiro: atravesse a primeira li-

ção com o novo convertido, utilizan-do uma linguagem simples, sobrecomo fazê-la, como localizar as refe-rências bíblicas, como entender averdade na lição, e como pôr emprática a verdade no seu viver diário.

Faça com que o novo cristão leiacada questão e acompanhe aspassagens das Escrituras, então façaperguntas que gentilmente o levema ver as respostas no caderno deexercícios sobre a passagem que foilida. Não aceite um “chute” ou umaresposta baseada em conhecimentoanterior. Você está lançando estenovo convertido numa vida dedisciplina em que usará a Bíblia avida toda para encontrar as respostaspara a vida.

Faça com que o novo convertidoexplique o que ele vê na passagemque responde à pergunta da lição —e qualquer outra coisa interessanteque ele veja. O Espírito Santomostrará frequentemente verdadesnão ditas na lição, mas que sãomostradas na passagem bíblica eque são úteis ao novo crente.

Identidade e comunidade são questões primordiais para a igreja hodierna.

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Observações corretas precisamser afirmadas e respostas incorretasprecisam ser gentilmenteredirecionadas até que a verdadeseja depreendida e confirmada.As respostas a cada questão devemser escritas nos espaços providencia-dos na folha de estudo. As verdadesbíblicas providenciam o Espíritoque conduz à convicção no que dizrespeito a substituir velhas práticaspor novos comportamentos.

Quarto: combinem um horárioregular para os encontros semanais— o máximo de vezes possível deacordo com a conveniência do novoconvertido. Além disso, deve existirum contato ou alguma atividadesemanal informal (tomar café, fazercompras, lazer ou uma conversapelo telefone) para fazer com que aamizade se desenvolva. Nesteambiente, o novo cristão podeconversar sobre coisas que estão emsua mente e coração ou fazerperguntas. Isso permite ao discipu-lador entender melhor o quanto onovo convertido está crescendoespiritualmente ou onde estão suasdificuldades e valores. Seja fiel aosencontros e ao tempo que passarcom o novo cristão. A vida espiritualdeles depende disso.

Finalmente, no final doencontro, explique a importância deum tempo diário dedicado ao estudoe à oração além das lições de casa.Ajude-o a planejar tempo e lugarpara seu momento com Deus,encoraje-o a ser fiel aos encontroscom Deus.

Segundo EncontroVá para a lição seguinte — ou termi-ne a primeira — com o novo conver-tido, ajudando-o no que for preciso.Pergunte se ele aplicou em sua vidao que aprendeu no encontro ante-

rior. Pergunte sobre suas devoções ese ele já sentiu a presença de Deusou Deus falando com ele duranteesse período — ou em qualqueroutro momento durante a semana.

Se o novo convertido parecerconfortável com o formato da liçãoou com o processo de aprendiza-gem, peça para que a próxima liçãoseja feita por sua conta antes dopróximo encontro. Encoraje-o a fa-zer o melhor e ajude-o em qualquercoisa que ainda não esteja clara.

Terceiro e Demais EncontrosEntre na lição que você pediu noencontro anterior. Leve seu novoconvertido a ver a verdade nas pas-sagens que estão sendo estudadas.Discuta suas respostas, perguntas eainda outras respostas dadas nalição. Se ele quiser discutir questõesque não sejam importantes para suavida neste momento, gentilmentediga que irá responder à sua pergun-ta depois e continue com a lição. Sea questão estiver distraindo-o doaprendizado e uma lição seguintelidar com o assunto, entre nessalição e lide com esta urgência.Flexibilidade é uma vantagem dodiscipulado individual.

Certifique-se de que você dis-cute continuamente como o novoconvertido está aplicando à sua vidacotidiana as lições que tem aprendi-do das Escrituras. Isto estabeleceuma prestação de contas amigável afim de alcançar o objetivo de seusencontros — para que este novoconvertido se torne um praticanteda Palavra. Isto também permiteuma celebração pelo avanço que oanima e o encoraja. Quando oraremjuntos, inclua o agradecimento peloprogresso e a evidência de Deus notrabalho em sua vida. A oração devetambém incluir o pedido pela ajuda

de Deus em relação aos desafiosque enfrenta no dia-a-dia.

No final do encontro, atribua anova lição. Continue esse processocom relação às lições remanescen-tes. Recomendo de 6 a 8 meses decurso em uma grade de uma poruma. Após completar o processo dediscipulado, algumas igrejas fazem atransição dos novos convertidos paragrupos de estudo. Independente-mente de quando o discipuladoindividual termina, o novo conver-tido precisa unir-se a um grupo queseja apropriado para sua próximafase de aprendizado e crescimento.Um sistema de acompanhamentodeve existir para monitorar sua par-ticipação contínua no processo deaprendizado do grupo.

O andamento do discipuladoReunir-se regularmente é maisimportantes do que completar umalição em cada reunião. Às vezes,lidar com necessidades urgentes davida do novo convertido significaque várias sessões são necessáriaspara terminar aquela lição. É impor-tante oferecer o tempo que fornecessário para entender e aplicar averdade em sua vida. É como ali-mentar um bebê — ele é que deci-de a frequência com que se devealimentá-lo. O processo individualfacilita a flexibilidade no andamentodo discipulado.

Conexões do DiscipuladoO discipulador se torna o elo entre onovo convertido e a igreja ao acolhê--lo na igreja ou em grupo pequeno.

O discipulador ou encontra como novo convertido na reunião ou lheoferece carona. O discipulador tam-bém precisa sentar-se com o novoconvertido e apresentá-lo às pessoase às atividades. Este é um papel

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importante que precisa ser cumpri-do com fidelidade pelo discipulador.

Batismo em ÁguasO batismo em águas é um passo deobediência muito importante paraos novos convertidos e deve serfortemente estimulado, o mais rápi-do possível, após seu novo nasci-mento. O discipulador pode ajudaro novo crente a preparar um teste-munho breve para ser compartilha-do antes do batismo. Pode serescrito e lido por ele mesmo paraaliviar o nervosismo e ganhartempo. (Outra opção é mostrá-lotestificando em um vídeo editado).Uma boa ideia é fazer com que odiscipulador participe do batismoorando por seu discípulo — ou mes-mo executando o batismo. É tam-

bém uma boa oportunidade para onovo convertido convidar familiarese amigos para testemunhar seubatismo e ouvir seu testemunho.

Medindo o ProgressoO discipulador precisa exercitar apaciência e dar tempo para que aPalavra e o Espírito tragam mudan-ça interna à medida que os antigoshábitos rendem-se às substituiçõesde Deus. A mudança na vida donovo convertido precisa ser umaresposta do senhorio de Cristo, nãocondizente com a pressão humana.Deve haver celebração quandoocorre mudança. A evidência men-surável da transformação precisaincluir: esforço consistente emoração e estudo da Bíblia; a evidên-cia de ouvir Deus através das Escri-

turas e da oração, seguida de obedi-ência; e a busca consciente docrescimento no amor por Cristo epelas outras pessoas.

ReproduçãoO discipulado básico não é consi-derado completo até que o novoconvertido esteja discipulando outronovo convertido. O discipuladorprecisa encorajá-lo a ser uma teste-munha para sua rede de relaciona-mentos. Enquanto o discipuladoestiver em curso, explique aodiscipulando que ele está sendodiscipulado para discipular outros.Mostre que Deus pode usá-lo paraajudar novos crentes. O novo con-vertido precisa fornecer algumasinstruções à medida que o discipu-lando começa a discipular.

O discipulado que precede a decisão pode acontecerno contexto de amizade para preparar o novo conver-tido para uma decisão de mudança de vida baseada em:

• Um entendimento claro do compromisso:a) Por exemplo, deve-se esclarecer que Jesusapenas oferece a vida eterna àqueles que sesubmetem à Sua autoridade. Sem submissão,sem salvação.b) Use um vocabulário claro para que umapessoa que nunca frequentou uma igrejapossa entender e utilizar termos que relacio-nem ao indivíduo. Por exemplo, Jesus falousobre pescaria para pescadores e sobre águada vida à mulher junto ao poço.

• Uma profunda persuasão de Deus de que o Evan-gelho é verdadeiro. É trabalho do Espírito Santoo convencer e atrair uma pessoa para Cristo.

A pessoa deve decidir. Jesus disse, “E, quando jáo fruto se mostra, meta-lhe logo a foice, porqueestá chegada a ceifa.” (Mc 4.29). Nosso papel éorar.

• Uma decisão esclarecida para entrar em um re-lacionamento com Jesus baseada em Suas con-dições. A oração pode ser explicada como a assi-natura do compromisso e as cláusulas devem serrevisadas e incluídas na oração. Quem busca asalvação pode ser encorajado a orar por si só, oupode ser dirigido em oração, como já explicado.

Um discipulado informal prepara a nova etapa do disci-pulado mais formal (treinamento) que é necessário maisadiante.

JIM HALL, Springfield, Missouri (EUA)

Certifique-se de que você discute continuamente como o novo convertido estáaplicando à sua vida cotidiana as lições que tem aprendido das Escrituras.

Discipulado que Conduz à Decisão

RECURSOS ESPIRITUAIS • 23

ReconhecimentoApós completar o processo de disci-pulado básico, o discipulador e onovo convertido devem ser honra-dos em um culto de domingo.O pastor pode oferecer ao novo con-vertido um Certificado de Conclu-são e uma Bíblia de estudos paraque publicamente confirme o valordessa experiência para as duaspessoas envolvidas.

Preparando para DiscipularRecrutamento de discipuladoresAo pregar uma série de mensagenssobre discipulado, você motivarápotenciais candidatos a discipula-dores para treinamento em suacongregação. Os candidatos, porém,precisam ser abordados individual-mente — não publicamente — e serconvidados para serem treinados.Os discipuladores que não tem

Decisão Verdadeira:Salvação e SenhorioA revista Decision, de Billy Graham, tem um títuloapropriado para uma publicação focada emevangelismo. Quer seja evangelismo pessoalindividual ou um culto evangelístico público, asdecisões são a questão principal.

No decorrer da minha vida eu ouvi essa per-gunta muitas vezes em igrejas pentecostais:“Você recebeu a Cristo como seu Salvador — masjá O aceitou como seu Senhor?” Esta perguntadeveria motivar as pessoas a um comprometimen-to espiritual mais profundo. Infelizmente,também cria uma distinção antibíblica na mentede algumas pessoas entre salvação e senhorio.Jamais devemos insinuar aos descrentes quesalvação é meramente uma questão de escapardo Inferno. Cristo veio ao mundo não apenas paranos livrar da pena do pecado mas também paranos livrar do poder do pecado.

As duas decisões mais importantes da minhavida foram ambas feitas no altar. A primeira aoaceitar a Cristo; a segunda, meu casamento. Essasdecisões têm várias semelhanças. Cada decisão,feita em um momento particular, determinou umamultiplicidade de escolhas futuras.

Quando eu disse “eu aceito” — duas palavraspequenas — em meu casamento, eu não tinhaideia das consequências de uma vida inteira àsquais meu comprometimento estava sendovinculado. Naquela única decisão eu estava fazen-do milhares de outras decisões. Estava decidindo

o que eu iria comer nas maioria das minha futuras refeições,o tipo de louça nas quais minhas refeições seriam servidas, oestilo dos móveis que estariam na cozinha e que cortinasseriam penduradas nas janelas. Pedir a Ruth para ser minhaesposa envolveu as escolhas pelo seu gosto, preferências edecisões a respeito de muitas coisas.

Quando eu tinha 7 anos, fiz a escolha de receber a Cristocomo meu Salvador. Mesmo que eu não entendesse naquelemomento, eu também estava fazendo milhares de outrasdecisões. Estava determinando onde eu estaria em cada diado Senhor, para onde iriam os 10 centavos de cada tostãoconseguido, que tipo de livros eu leria e de quais entreteni-mentos eu participaria.

Quando aceitamos a Cristo, obtemos o benefício dosnossos pecados perdoados. Mas também devemos respon-der apropriadamente ao sacrifício de Jesus, submetendonossa vida à Sua autoridade.

Quer em um evangelismo pessoal ou um culto público,quando oramos com alguém que está recebendo a Cristo,devemos ter a certeza de que ele entende a natureza dadecisão que está tomando. Na salvação recebemos perdãoatravés da graça de Deus e nos entregamos ao senhorio deCristo.

A Palavra de Deus ensina que a decisão de uma pessoade receber a Cristo não é a linha final do processo deevangelismo. É um ponto de entrada para uma vida de se-gui-lO.

auto-confiança para se voluntariarpublicamente geralmente aceitarãoum convite pessoal do pastor ou dealguém de sua equipe. Este convitepessoal também evita que indiví-duos não qualificados se volunta-riarem para o treinamento.

As características dos candidatosa discipuladores devem ser: amorconsistente e genuíno por Jesus epelas pessoas; devoção para obede-

RANDY HURST, Springfield, Missouri (EUA)

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DISCIPULADO EFICAZAjudando os novos convertidos na caminhada cristã.

RECURSOS ESPIRITUAIS • 25

cer a Deus; bons aprendizes, bonsouvintes e comunicadores.

Os candidatos também devemser batizados no Espírito Santo oubuscarem honestamente este domespiritual. Os candidatos tambémdevem ser treinados para se torna-rem proficientes no sistema de dis-cipulado em uso. O treinamento étambém importante porque a maio-ria nunca foi discipulada. O treina-mento lhes permitirá desenvolver(ou melhorar) suas habilidades esegurança para discipular.

Treinamento do DiscipuladoÉ recomendável que o pastor tantocrie um modelo de discipuladoindividual quanto conduza o treina-mento. Este envolvimento do pastoracrescenta valor ao ministério dediscipulado e, em discipulando,ganha uma valiosa experiência quese estenderá ao treinar outros.Os discipuladores se sentem valo-rizados porque seu pastor está confi-ando neles para fazerem uma partedo processo pastoral na igreja.

O treinamento deve incluir:1. Estudo das lições por conta do

novo convertido para se familiarizarcom o conteúdo e o formato bíblico.

2. Convocação semanal em grupopara discutir as perguntas e as res-postas do material do discipulado.Treinadores e treinandos precisamse ajudar mutuamente para evitarjargões e usar vocabulário do dia-a-dia de forma que os novos conver-tidos possam entender. Este podeser um desafio para os que já estãointegrados na igreja, mas é crucialpara ajudar os novos convertidos.

3. Prática da paciência e do ouviratentamente.

4. Prática da honestidade e datransparência de se falar sobre expe-

riências passadas e do processo decrescimento. O discipular ajuda onovo convertido a entender o pro-cesso de crescimento na vida cristã.

5. Aceitação da tarefa de disci-pular um novo convertido — ou umcrente com problemas — enquantoainda estiver em treinamento. (Issoacrescenta a vantagem do treina-mento em serviço.)

O treinamento do discipuladoreficaz é uma experiência do tipoBootCamp (jogo de Arcade) —aprendizado dirigido pela prática.

Potencial da DisciplinaAs experiências têm mostrado queum novo convertido responsivo po-de ser discipulado para discipularoutros novos convertidos dentro de1 ano, dobrando assim o número dediscipuladores a cada ano. O pastorprecisa avaliar o número de discipu-ladores potenciais em sua igreja, osquais pode treinar, considerando umpotencial de crescimento numéricoda igreja se todos os anos o discipu-lador dobrar esse número. Por exem-plo, se ele treinou 10 discipuladores,os quais cada um discipulou e acres-centou um discipulador no primeiroano, o resultado em 5 anos pode serde 320 discipuladores na igreja(10+10=20+20=40+40=80+80=160+160=320).

O plano de Deus produz os me-lhores resultados em transformar avida do indivíduo crente e osmelhores resultados na multiplica-ção do número de crentes.

ConclusãoDiscipular todas as nações é a des-crição do trabalho do Comandante--em-Chefe para Sua Igreja.

Quando estivermos diante dEle,qual será nosso registro de obedi-ência para aqueles a quem nós

lideramos como pastor e para nossavida como seguidores? Quantosestaremos presentes diante doSenhor como resultado de nossaobediência?

Podemos ter uma visualizaçãoprévia dessa celebração futura ven-do agora como o discipulado de no-vos convertidos traz uma vida novae em crescimento para a igreja. Essatarefa frutífera de amar os bebêsespirituais aumenta grandemente afé e a satisfação dos pais espirituaisnos bancos da igreja.

Quando os discipuladores setornam avós espirituais, a alegria éainda maior. Não há melhor expres-são que “o aperfeiçoamento dos santospara a obra do ministério” de acordocom “o trabalho eficaz” de cada parteindividual (Ef 4.12,16) do que umministério de discipulado de novosconvertidos que treina novos cren-tes para se tornarem discipuladoresna seara, juntamente com aquelesque os discipularam. Foi tudo planode Deus e o Reino tem sofrido coma negligência. O Reino florescequando somos fiéis para seguir asinstruções, e Pai, Filho e EspíritoSanto se alegram com isso.

Que possamos preservar e mul-tiplicar a colheita, usando os méto-dos já exemplificados e prescritospelo Senhor da colheita.

Quando a igreja segue a direção dada pelas estruturas e atitudes societárias, o foco desua missão torna-se obscuro e seus membros são desviados do curso.

JIM HALL é fundador doNew Life ChristianMinistries, em Springfield,Missouri (EUA).Como missionário dasAssembleias de Deusamericanas, Jim se

concentra nos maiores centros populacionaisdos EUA, incluindo treinamento de evangelis-mo e discipulado, publicação de materiaisutilizados em cursos de treinamento, e apoioa pastores urbanos em mais de 35 cidades deatividades do Urban Bible Training Centers.

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Uma das grandes alegrias doministério pastoral é o privilégiode orientar as pessoas através demarcos importantes em sua vida,

como unir duas vidas em matrimônio.Durante o aconselhamento prenupcial, ospastores têm a oportunidade para educarcasais novos sobre várias questões relaciona-das à vida conjugal, incluindo questões bio-éticas. Vamos explorar as questões bioéticasque casais em fase inicial da vida maritalenfrentarão e maneiras que os ensinos sobreessas questões podem ser integradas nesteaconselhamento prenupcial.

Perspectivas Culturais X PerspectivasBíblicas sobre a Gravidez

Quando se aproxima o dia do casamento,os casais se envolvem em um sentimento de

euforia por compartilhar a vidajuntos como marido e mulher.A ideia de se tornarem pais ecompartilharem a vida comouma família geralmente pareceuma possibilidade distante, ummomento da vida que aindaestá por vir. Entretanto, oaconselhamento premaritaloferece uma oportunidadeideal para discutir questõesrelacionadas à gravidez. Taisquestões incluem escolhas emrelação ao momento certo paraa gravidez e o número deseja-do de filhos, assim como osassuntos relacionados àstecnologias de reprodução. A idade com que o casal está

se casando influenciará sua visãosobre o tempo ideal para engravi-

dar. Um casal com mais ou menos20 anos de idade pode ter objetivos

que esperam alcançar antes mesmo decomeçar uma família. Por exemplo, um ouambos podem ter o desejo de terminar osestudos ou estabelecer uma carreira oumesmo de alcançar um certo nível de esta-bilidade financeira antes de ter filhos. Casaiscasando-se com mais de 30 anos de idadepode já ter conseguido o término de seusestudos, e alcançado objetivos de carreira efinanceiros e estarem prontos para ter filhos.

Enquanto há sabedoria em um casal queespera ter filhos ou enquanto eles forta-lecem seu relacionamento como casal, ascrianças jamais devem ser vistas como umfardo ou impedimento para alcançar outrosobjetivos. Uma visão bíblica da gravidez éque: “Eis que os filhos são herança do Senhor e ofruto do ventre, o seu galardão” (Sl 127.3). Umdos primeiros mandamentos de Deus para ahumanidade foi “... Frutificai, e multiplicai--vos, ...” (Gn 1.28). Se tivermos uma visão

Valorizando oInício da Vida:AconselhamentoPremarital eBioético

Pastores têm oprivilégio de

assentar as pedraspara a fundação de

um lar cristão aoajudar casais

noivos a lidaremcom questões

potencialmentedifíceis sobre

planejamentofamiliar.

CHRISTINA M.H. POWEL, PhD, ministra norte-americana ordenada e cientista de pesquisasmédicas, prega em igrejas e conferências em todos os EUA. Ela é pesquisadora na Escola deMedicina de Harvard e no Hospital Geral de Massachussets, assim como fundadora doLife Impact Ministries.

RECURSOS ESPIRITUAIS • 27

panorâmica da vida, a capacidade de terfilhos que serão o futuro de nossos dias naterra é um dos maiores presentes de Deuspara nós. Os filhos trazem um sentido talpara a nossa vida que transcende o limitede nossa expectativa de vida.

Infelizmente, a urgência se sobrepõe àimportância. A pressão dos objetivos nestemomento pode ficar no caminhos dos obje-tivos a serem alcançados no longo prazo.O objetivo de criar filhos para Deus pode serdeixado de lado devido às preocupações domomento.

Nossa cultura valoriza as aparências exter-nas e o sucesso profissional. Em um ambien-te como este, os sacrifícios que a maternida-de exige de uma mulher, como as mudançasfísicas que aparecem com a gravidez e adiminuição de tempo disponível para o cres-cimento profissional que ocorrem após onascimento de um filho, podem persuadi-la ademorar ou até a evitar ter filhos.

Semelhantemente, a valorização de nossacultura à acumulação de riqueza materialpode dissuadir o homem de abraçar a paterni-dade até que ele sinta que tenha aumentadosuficientemente seu potencial de ganho.

Para o casal cristão, todo filho é planejadopor Deus, mesmo que seu nascimento nãotenha sido planejado por seus pais (Sl 139.15,16; Ef 1.4-14). Embora possa ser aconselhá-vel a um casal tomar precauções para tentarcontrolar o número de filhos e o espaçamentoentre eles, um casal cristão deve estar prepa-rado para amar e aceitar toda criança que vier.

Como parte da preparação para o casa-mento, casais devem ser encorajados a veremos filhos como bênçãos de Deus e aconselha-dos a terem a responsabilidade de criá-loscom seriedade. Finalmente, os casais devemser aconselhados a discutirem decisões sobreplanejamento familiar com oração (Tg 1.5),comunicação honesta com o cônjuge(Ef 4.25) e respeito pela santidade da vidahumana (Jr 1.5).

O Que Torna a Vida Humana Sagrada?Quando falamos da santidade da vida huma-na, estamos afirmando o fato de ela ser sagra-da. Sagrado significa pertencente a Deus.A vida humana pertence a Deus. “Porquenenhum de nós vive para si e nenhum morre parasi. Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; semorremos, para o Senhor morremos. De sorte que,ou vivamos ou morramos, somos do Senhor.”

(Rm 14.7,8). A vida humana é eterna (Mt25.46). Além disso, a vida humana é sagradaporque fomos feitos à imagem de Deus(Gn 5.1). A vida humana é única em relaçãoa todas as outras que Deus criou, e na qualJesus Cristo veio dos céus e Se tornouhomem (Jo 1.14) para salvar-nos (1Tm 1.15).Em contrapartida, temos a liberdade de esco-lher acreditar em Cristo e sermos reconcilia-dos com Deus (Jo 3.16). O Evangelho salien-ta a santidade da vida humana. Uma vez quea Bíblia é tão clara acerca do caráter sacro davida humana, a pergunta que devemos fazeré: Quando a vida começa?

Quando a Vida Começa?Quando você, como pessoa, passou a existir?Foi quando como uma criança que dá seusprimeiros passos cambaleantes? Ou quandovocê tinha um dia de idade? Você existiaenquanto estava no ventre de sua mãe e seucoração começava a bater de forma ritmada?Você existia quando era apenas um conjuntode células contendo o código genético únicoque definia suas características físicas?Quando era um óvulo não fertilizado,sua vida já tinha começado?

O desenvolvimento humanoé um continuum da concepçãoao fim da vida. Um blas-tocisto (um conjunto decélulas que mais tardeforma um embrião e umaplacenta) diferegrandemente de umacriança trôpega comendopão e bebendo leite namesa da cozinha de casa.Porém, se precisarmostraçar uma linha paramarcar o começo de umanova vida, esta linha émais logicamente traçadana concepção. Um óvulo nãofecundado ainda não possui ocódigo genético completonecessário para definir um indiví-duo. Porém, um novo indivíduocom código genético único é formadono momento em que o óvulo é fertilizado.Com o tempo e a nutrição apropriada, aquelacélula única é capaz de se desenvolver emum ser humano adulto composto por mais dedez trilhões de células especializadas.

A Bíblia que a presença de Deus e Seu

A Bíbliaafirma que apresença deDeus e Seupropósitopara nossasvidas sãoestabelecidosenquantoaindaestamos noventre denossa mãe(Sl 139.12-16;Lc 1.39-44).

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propósito para nossas vidassão estabelecidos enquantoainda estamos no ventrede nossa mãe (Sl 139.12-16; Lc 1.39-44). Destemodo, concluímos queDeus valoriza as criançasque ainda nemnasceram.

Eva: Feita de FormaTerrível e Maravilhosa.O salmista admiravacomo o corpo humanoé feito “... de um modoterrível e tão maravilho-so...” (Sl 139.14).

Um exemplo dramáticodas maravilhas do corpo

humano é o ritmo cíclico dafertilidade feminina e da ca-

pacidade do corpo de uma mulherde proteger e nutrir uma nova vida

humana. O entendimento básico da biologiafeminina é inestimável para o homem que seprepara para o casamento. Enquanto esseentendimento pode advir de um livro deciências, um pastor conduzindo o aconselha-mento prenupcial pode proporcionar o guiamoral necessário para fazer escolhas sábiassobre questões de reprodução. Aspectos dafertilidade feminina que são importantes en-tender em relação a decisões relacionadas aplanejamento familiar incluem ovulação, alte-rações no endométrio e regulação de fertili-dade hormonal, gravidez e amamentação.Um homem saudável é sempre fértil porqueos espermatozóides estão continuamentesendo produzidos dentro de seu corpo a umataxa de aproximadamente mil por segundo.Uma mulher saudável, porém, é fértilsomente uma semana por mês, tipicamenteproduzindo um óvulo por ciclo mensal.

A ovulação é o processo através do qualcada óvulo é produzido e liberado por umfolículo ovariano. O óvulo morre se não forfecundado no prazo de 24 horas de ovulação.A concepção ocorre quando o espermatozóidefecunda o óvulo. A ovulação ocorre uma vezpor mês, porém uma fêmea é consideradafértil quando tem o fluido cervical que conse-gue manter o espermatozóide vivo enquantoespera o óvulo maduro ser liberado. O esper-matozóide pode se manter vivo no corpo deuma mulher fértil por mais de cinco dias.

Uma vez que a ovulação acabou, a concepçãonão é mais possível pelo restante do ciclo damulher.

Métodos de controle contraceptivo basea-dos em hormônios funcionam principalmenteao evitar a ovulação, embora também tenhamo efeito secundário de inibir a movimentaçãodo espermatozóide através do colo do úteropor causa do espessamento do muco cervical,evitando assim a fecundação do óvulo. Méto-dos de controle contraceptivo por barreiraevitam que o espermatozóide fecunde o óvu-lo. Métodos de controle contraceptivo porobservação detectam mudanças na tempera-tura basal do corpo e o muco cervical, quesinalizam ovulação. Estas informações podemser usadas para prevenir a gravidez.

A ovulação é suprimida em uma mulherque está amamentando seu bebê exclusiva-mente pelo peito, fazendo assim da amamen-tação um método natural de se ter um espaçode tempo entre cada filho. Porém, se umamulher escolhe amamentar seu filho atravésde uma escala ou oferece mamadeira e chu-peta além de amamentá-lo, ela pode começara ovular de novo logo após o nascimento.

Uma vez que o óvulo é fecundado, o pró-ximo passo na jornada da concepção é o daimplantação. Cerca de uma semana após aconcepção, o óvulo fecundado alcança o úterodepois da jornada pelas trompas de Falópio.O óvulo fecundado se tornou agora um con-junto de células conhecido como blastocisto.Se o blastocisto conseguir lograr êxito emimplantar-se no revestimento endometrial doútero, então a gonadotropina coriônica huma-na (GCH) será ativada. Este é o hormôniodetectado pelos testes de gravidez. Normal-mente, neste ponto do ciclo da mulher, orevestimento do endométrio se torna maisespesso, fazendo com que o embrião tenhaum lugar aquecido e rico em nutrientes parase implantar. Alguns métodos de controle denatalidade, como o dispositivo intra-uterino(DIU) às vezes funcionam como um impedi-mento à implantação, embora seu mecanismode ação primária seja o de evitar a fecundação.

Tomando Decisões Conscientes sobrePlanejamento FamiliarUm dos princípios mais importantes doscuidados médicos éticos é o consentimentoinformado. Significa que o paciente aceitauma decisão proposta ou uma intervençãomédica após entender a natureza dessa

É importanteque o marido

e a mulherestejam em

paz emrelação aqualquer

que seja ométodo do

planejamento familiar

escolhido.

Valorizando o Início da Vida: Aconselhamento Premarital e Bioético

RECURSOS ESPIRITUAIS • 29

decisão ou intervenção médica; as alternati-vas razoáveis disponíveis; e os riscos, benefí-cios, e incertezas relacionadas à intervençãomédica; e toda alternativa disponível. Com oprincípio de consentimento informado, ocasal que estiver fazendo a escolha sobre ocontrole de natalidade deve ter certeza queentende os riscos e os benefícios do tipo decontrole que esteja escolhendo.

Em vez de recomendar ou condenar umtipo de controle de natalidade, prefiro suge-rir perguntas que o casal deve fazer ao tomara decisão de planejar uma família. Avançostecnológicos podem mudar as opções dispo-níveis para o planejamento familiar de umcasal, mas as perguntas sobre a escolha dométodo do controle de natalidade são atem-porais. Se você ensinar um casal a fazer asperguntas certas como parte de uma prepara-ção premarital, ele será capaz de fazer esco-lhas sábias, tanto agora como no futuro à me-dida que novas opções se tornem disponíveis.

Um bom questionamento para um casalfazer a seu médico sobre métodos decontrole de natalidade inclui perguntar sobreos mecanismos de ação dos métodos.O método funciona evitando a ovulação,prevenindo a fecundação ou a implantaçãode óvulos fecundados, ou através de meca-nismos combinados de ação? O mecanismode ação é desconhecido ou não tão claro?O mecanismo de ação pode variar dependen-do de certos fatores, como: quando e como ométodo é empregado ou a presença de ou-tras condições de saúde? Outras perguntasboas para se fazer ao médico envolvem con-siderações sobre sua saúde futura. Qual é aeficácia do método? O método é facilmentereversível quando a gravidez for desejada?O método pode afetar uma fertilidadefutura? Este método pode levar a um riscomaior de gravidez ectópica? Quais são osefeitos colaterais e prejudiciais à saúde paraaqueles que adotam o método?

Boas perguntas para o casal questionar asi próprio relacionado a métodos de controlede natalidade que estejam considerandoincluem: Estamos confortáveis o suficientecom este método para que possamos usá-lo eser eficaz? Entendemos como empregarcorretamente o método? Queremos ter filhos(ou mais filhos) no futuro? Estamos ambosfelizes com esta escolha? Esta escolha entraem conflito com nossas crenças sobre a santi-dade da vida humana?

Respeito pelas Necessidades do CônjugeAjudar um casal a aprender como fazer umaescolha sábia com relação a um método deplanejamento familiar se encaixa na cate-goria mais ampla de aconselhar casais arespeitarem as necessidades decada um ao tomarem decisõesem seu casamento. O após-tolo Paulo lembra-nos em1 Coríntios 7.3-6 sobre aimportância de satis-fazer as necessidadesde cada um na intimi-dade física dentro docasamento. É importan-te que o marido e amulher estejam em pazem relação a qualquer queseja o método do planeja-mento familiar escolhido.

Semelhantemente, asconsiderações em relação à saúdedevem ser parte da decisão. Em algunscasos, a mulher pode ter uma condiçãomédica que pode fazer com que a gravidezfutura seja um risco. Em outros casos, certosmétodos de controle de natalidade podemexpor a mulher a um risco maior decoagulação sanguínea, derrame e infarto.O princípio salientado pelo apóstolo Paulodeve ser aplicado dentro do casamento:“Nada façais por contenda ou por vanglória,mas por humildade; cada um considere os outrossuperiores a si mesmos. Não atente cada umpara o que é propriamente seu, mas cada qualtambém para o que é dos outros.” (Fp 2.3,4).Nenhum cônjuge deve se sentir pressionadopelo outro a se submeter a um método quenão seja o melhor para sua própria saúde nolongo prazo.

Enquanto aprende a enfrentar o desafiodo planejamento familiar, o casal aprende arespeitar um ao outro e a respeitar o início davida, ele estará dando um importante passoem direção ao fortalecimento de sua relação.Um dia, seu forte relacionamento conjugalse tornará a fundação sobre a qual uma famí-lia cristã poderá ser construída.

Os pastores têm o privilégio de assentaras pedras para a fundação de um lar cristãoao ajudar casais noivos a lidarem com ques-tões potencialmente difíceis. Lares fortesfazem igrejas fortes e um testemunho eficazpara o mundo ao nosso redor. Que alegriaconstruir o reino de Deus, casal por casal!

Encoraje oscasais averem os filhoscomo bênçãosde Deus ea terem aresponsabilidadede criá-los comseriedade.

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ENRIQUECIMENTO TEOLÓGICO / GARY GROGAN

“E todos foram cheios do Espírito Santo ecomeçaram a falar em outras línguas,conforme o Espírito Santo lhes concediaque falassem.” (At 2.4).Numa nota explicativa sobre deste ver-

sículo, Worrell afirma: “esta experiênciagraciosa — seja considerada imersão noEspírito Santo ou enchimento com Ele,ou o dom do Espírito Santo, é o privilégiode cada cristão verdadeiro (v. 39), e seudever.” (Ef 5.18). Como ensinarmoseste privilégio e dever em nossa cultu-ra póscristã?

O Senhor quer batizar cada crenteno poder do Espírito. Para que istoaconteça, Ele quer ensinar pastores— como Ele tem feito fielmente emcada época de cada cultura. Comotransmitir essa experiência demaneiras novas que alcançarão aspessoas ao invés de afastá-las?Aqui estão algumas maneiras práti-cas de ministrar o batismo com oEspírito Santo na cultura de hoje.

Creia que o Batismo com oEspírito Santo É uma Bênção, Nãouma MaldiçãoLíderes missionários trabalhampara se comunicar com as culturaspara as quais Deus os enviou.A última coisa que eles queremfazer é afastar as pessoas. Por causadisso, alguns líderes desenvolvemuma concepção em relação a pregarou ensinar sobre o batismo com oEspírito Santo. Ninguém precisa sesentir condenado; esta é umapreocupação legítima, especialmentepara aqueles que estão alcançandopessoas com diferentes backgrounds.

Os pastores devem se convencerde que o batismo com o Espírito Santoé bíblico e uma experiência viável para

sua igreja hoje. Com alguma criativida-de e intencionalidade, os pastores po-

dem conduzir seu povo para uma experi-ência de mudança de vida sem assustá-lo

nem afastá-lo.Muitos ministros mais jovens estão se

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Comunicando o Batismocom o Espírito Santo deuma Maneira Nova

RECURSOS ESPIRITUAIS • 31

esquivando de círculos pentecostaisporque se convenceram de que falarem línguas não é mais teologicamentecorreto. Em muitos casos, eles lutamcom metodologias antigas, mas nemtanto com teologia.

Todo mundo que eu conheço quese esquivou de proclamar o batismofala em línguas em seus momentosparticulares de oração. Agora, ao invésde conduzir outros a esta feliz experi-ência, eles estão “roubando” estedom de outros. Isto é repugnante edesnecessário.

O batismo com o Espírito Santo étanto uma experiência válida e bíblicaque Jesus administra Ele mesmo(Lc 24.49). Estou pedindo — nãoimportam as dificuldades — que ospastores simplesmente digam comsinceridade, “Tudo bem, é bíblico”.É por onde devemos começar. O Pen-tecostes não é uma experiência cultu-ral que nos desliga; é uma experiênciade Jesus, experiência bíblica e umaexperiência para os dias de hoje.

Seja Criativo Quando Ensinar sobre oBatismo com o Espírito Santo assimcomo Você É em Relação a OutrosAssuntos.

Eu amo a criatividade e a inovaçãodesta geração. Então seja criativo aoensinar esta grande verdade.Use a criatividade que Deus lhedeu e faça com que seja agradá-vel e poderoso.

Mark Batterson, pastor da igrejaNational Community, emWashington, DC, diz que parte dasemelhança com Deus é ser criativo.Eu concordo. Ser semelhante a Deusem proclamar a verdade do batismono Espírito Santo.

Usei uma série de sermões doPentecost Sunday escrita por RonBontrager, pastor do Lakeview

Christian Center, em Indianápolis,Indiana, intitulado “Power-Aide.”Minha jovem e criativa equipe deministros colocou mais de 100garrafas de Power-Aide no palco.Toda semana distribuíamos bebidas.Este foi um jeito simples mas muitointeressante (e até divertido) de lidarcom o batismo no Espírito Santo.Após a terceira mensagem, fomos àfrente e louvamos a Deus. Muitosvivenciaram sua própria oração emlínguas pela primeira vez. Foi agra-dável, contemporâneo e fácil. Por vá-rias semanas depois disso, as pessoasnos mandaram e-mails testificandoque tinham recebido o batismo en-quanto liam suas Bíblias em casa.Uma pessoa recebeu o batismo en-quanto dirigia para o trabalho.

Seja IntencionalPrograme um estudo bíblico indivi-dual ou uma série curta sobre batis-mo no Espírito Santo. Ao contráriode ignorar o batismo com o EspíritoSanto, programar esta série forçarávocê fazê-lo funcionar na cultura desua igreja e comunidade. Programeum retiro com o tema “Batismo como Espírito Santo” e no final destasérie de estudos comece uma aula ouseminário sobre o assunto. Resista à

tentação de não fazer nada.Uma igreja luterana em Saint Paul,Minnesota, ensina sobre o batismocom o Espírito Santo através deaulas, seminário, retiros e outras for-mas criativas — mais do que amaioria das igrejas pentecostais ecarismáticas fazem.

Parte da liderança missionária éfazer coisas que sabemos serem

certas mas que preferiríamos nãofazer. Para mim, é como pregar sobredinheiro. Não gosto de pregar sobredinheiro, mas quando prego, aspessoas e a igreja são abençoadas porcausa da minha obediência. Pastorearseria fácil se tudo o que tivéssemosque pregar fosse a graça, mas não ésempre fácil. Resista à sutil tentaçãode esperar até que você tenha aquestão do batismo com o EspíritoSanto resolvida. É simplesmentenosso trabalho como líderes ensinaras pessoas e conduzi-las no caminho.Devemos oferecer oportunidadespara o crescimento e fazemos issoquando somos intencionais. É fazerplanos e depois trabalhar para queeles se concretizem, assim comofazemos com outras coisas.

Evite as Valas do Legalismo e doLiberalismoQueremos o que é melhor para onosso povo e não queremos quenossa negligência retarde a caminha-da com Deus. Relegar o ensinamentosobre o batismo com o Espírito Santoleva as pessoas a serem críticas,julgadoras e à vala do liberalismo.Com liberalismo, eu quero dizer semequilíbrio.

É melhor dirigir descida abaixodo que sair da estrada e cairnuma vala. As pessoas podemficar feridas, nossos veículospodem ser danificados e, no

mínimo, atrasaremos a viagem nossaou de outrem. Precisamos lembrarque nosso chamado é para fielmentepregarmos a Palavra (1Tm 4.2).Queremos fazer isto de maneiraculturalmente relevante.

Esta maravilhosa experiência dobatismo com o Espírito Santo enri-quecerá grandemente muitas vidas.Precisamos evitar a vala da indife-rença.

Precisamos também evitar a valado legalismo. Os legalistas nunca estãocontentes com o que foi dito ou feito.Eles estão certamente sem equilíbrio.Legalistas geralmente comparam o

Não é necessário levar os crentes a um retiro paraserem batizados no Espírito Santo.

GARY GROGAN é o pastor-presidente da Igreja Stone Creek,Urbana, Illinois (EUA).Seu blog é: http://papagrogan.blogspot.com/

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Pentecostes com certos estilos depregar, cantar e outras metodologias.Tendem a rejeitar qualquer coisa quenão entendam.

Uma legalista pentecostal aden-trou nossa igreja enquanto eu estavaensinando sobre o batismo com oEspírito Santo. Eu ensinei como sefosse uma conversa e então tivemosum pequeno momento de louvor eoração em volta do altar por mais oumenos 10 minutos. Aproximadamen-te 20 pessoas começaram a falar emlínguas pela primeira vez naquelamanhã, incluindo Erika Harold, MissAmérica 2003. Essa legalista pente-costal veio a mim após o culto e disse,“De jeito nenhum aquelas pessoasforam batizadas de fato no EspíritoSanto”. Perguntei por que ela sesentia daquela maneira e ela merespondeu, “Porque não foi alto obastante e não havia uma emoçãoreal”. Ela estava presa na vala dolegalismo.

Para ficarmos fora de ambos osburacos, precisamos lembrar quenenhum de nós pode salvar ninguém,então por que achamos que podemosencher alguém com o Espírito Santo?Em ambos os casos, nós simplesmen-te ensinamos a Palavra de Deus ecriamos uma atmosfera, então Deusfaz Sua parte. Pregue sobre salvaçãoe as pessoas serão salvas. Pregue obatismo com o Espírito Santo e oscrentes serão batizados. Nós obtemoso que pregamos.

Para ficar fora das valas os pasto-res também precisam se libertar dapressão de pensar que sempre preci-sam ter um culto no altar. Treinepessoas para estarem em grupos deoração e tenha-os sempre disponíveispara orar por pessoas que querem terum compromisso público com Jesus epor aqueles que querem ser cheios doEspírito Santo.

Não é necessário convidar alguémcom o perfil de Billy Graham para verpessoas serem salvas, e não é neces-sário levá-las a um retiro para serembatizadas no Espírito Santo. O públi-

co de hoje jamais processará umametodologia antiga. Isso poderáesfriar ou espantar as pessoas.

Nem sempre as pessoas reagemimediatamente à mensagem de sal-vação. O mesmo acontece com obatismo com o Espírito Santo.As pessoas não darão sempre umaresposta imediata, mas eventualmen-te algumas responderão.

Ore para Que seu Povo Seja Batizadocom o Espírito Santo.Orar para que as pessoas sejam bati-zadas não requer dons nem habilida-des especiais. Nós simplesmenteensinamos a Palavra de Deus demaneira criativa, aprendemos a nosconectar com a cultura e não a alie-nar as pessoas; então oramos aoSenhor para que salve e batize Seupovo.

Encorajo jovens líderes/pastores aorar: “Jesus, preciso que batize essaspessoas com o Espírito Santo.O Senhor disse que batizaria e euestou pedindo para que batize”.Lance a Ele suas preocupações sobrepessoas que ficam estranhas, eufó-ricas e mal-assombradas. Peça paraque Ele cuide disso.

Eu pastoreio em uma cidade quepossui uma grande universidadeonde pessoas de vários estilos devida frequentam nossos cultos.Tentamos fazer as coisas com ordeme excelência. Quero que as pessoasse relacionem com Deus através dasalvação e do batismo com o EspíritoSanto, mas não quero que coisas cul-turais pentecostais afugentem-nas.Eu disse ao Senhor que não estouenvergonhado, mas que Ele precisame ajudar a fazer todo o trabalhoneste nosso ambiente.

No passado, algumas igrejas ame-ricanas pentecostais deixaram delado o batismo quando cresceram ouo deixaram para os domingos ou asquartas-feiras à noite. Com essagrande mudança cultural que vimoscom o fim dos cultos nos domingos ànoite, é imperioso que aprendamos

como ensinar o batismo com o Espí-rito Santo de maneiras relevantes noscultos de domingo de manhã, nasnossas reuniões de jovens ou deadultos, e outras reuniões impor-tantes.

Admita seu Medo e Faça umaDesfragmentaçãoPaulo disse ao jovem Timóteo:“Porque Deus não nos deu o espírito detemor, mas de fortaleza, e de amor, e demoderação.” (2Tm 1.7). Assim comoum computador precisa ser desfrag-mentado de vez em quando, precisa-mos fazer o mesmo. Precisar nos

Comunicando o Batismo com o Espírito Santo de uma Maneira Nova

SEIS PASSOS que lheajudarão a receber o batismocom o Espírito Santo

1. Sede — Marcos 11.24; Mateus 5.62. Peça — Mateus 7.73. Olhe para Jesus — Atos 1.84. Receba — Gálatas 3.145. Louve — Salmos 22.36. Fale em uma línguas desconhe- cidas — Salmos 81.10

— GARY GROGAN, Urbana, Illinois

RECURSOS ESPIRITUAIS • 33

livrar de coisas que não prestam,como o medo, que nos desacelera enos afasta de fazermos o que sabe-mos que deveríamos fazer.

Não podemos nos dar ao luxo deceder aos nossos medos e apreensões.O desejo supera o medo e a intimi-dação. Se tivermos simplesmente odesejo e pedirmos ao Senhor querealmente nos ajude, Ele o fará. Seformos fiéis, Ele será fiel e batizará oscrentes com Espírito Santo.

Você não precisa perder a cabeça efrequentar um show evangélico paraensinar a verdade sobre o batismocom o Espírito Santo. Mas vocêprecisa mesmo é estar disposto apregar “... a palavra instes a tempo efora de tempo, redarguas, repreenda,exortes, com toda a longanimidade edoutrina.” (1Tm 4.2) como prometeufazer quando foi consagrado ao minis-tério do Evangelho pleno.

Como homens e mulheres de inte-gridade, os pastores devem fazer oque prometeram ao Senhor que fari-am. Precisamos de alguns ministrosjovens e destemidos para nos mostrarcomo fazer isto na cultura póscristã.

Pastores não precisam pregarsobre o Espírito Santo toda semana,mas precisam estar dispostos a pregaresta importante doutrina pentecostal.Talvez, uma série de estudos sobre otema seja suficiente. Se não há peca-do algum em se pregar sobre Encar-nação e Ressurreição somente pertodo Natal ou da Páscoa, por que algunshiperpentecostais acham que aban-donamos o ensino sobre o batismocom Espírito Santo por pregarmosapenas uma vez por ano?

Não deixe que legalistas arruínemsua pregação sobre batismo com oEspírito Santo. Você pode mencionarbatismo com o Espírito Santo em seusensinamentos no decorrer do anodizendo: “Alguns de vocês precisambuscar o batismo com o Espírito Santopara ver se é verdade assim comofizeram ao clamar por Cristo. Esta éuma igreja bíblica. Prometo-lhes queeu não ensinaria a esse respeito se não

estivesse na Palavra. Veja se Deustem uma língua estranha de oraçãopara você.”

A maneira como dizemos as coi-sas irá libertar pessoas ou esfriá-las.Como líderes missionários, estamostentando nos aproximar e alcançar aspessoas — não espantá-las.

Também falo sobre o batismocom o Espírito Santo no final doscultos de oração, quando as pessoasestão em torno do altar. Mostro umesboço no PowerPoint e passo pelasnoções básicas do batismo com oEspírito Santo (veja na página anterior“Seis Passos para Receber o Batismo com oEspírito Santo”). Quase sempre aspessoas recebem o batismo e come-çam a orar em uma língua que jamaisaprenderam.

A atmosfera em uma reunião deoração é diferente da dos cultos dedomingo quando estas mais parecemum Cristianismo de vitrine. Eu nãome constranjo de ser pentecostal.É apenas uma questão de tentar sersábio e alcançar o maior número depessoas possível para Cristo. Afinalde contas, esta é a principal razão deJesus ter dito para recebermos estapromessa do Pai, para que nóspudéssemos ser Suas testemunhas(At 1.4,8).

Muitas pessoas criam suas ideiassobre Pentecostes por causa defilmes como O Apóstolo ou por causade programas evangelísticos na TV,muitos dos quais a cultura até zomba.Por causa desses obstáculos, muitostemem ensinar e orar por pessoaspara que sejam batizadas com oEspírito Santo. Desfragmente seumedo e ensine sobre o batismo deuma maneira que não transgrida suapersonalidade ou a cultura de suaigreja. Estilos que funcionam emacampamentos, retiros e convençõesgeralmente não funcionam em cultosde domingo. Não tem problema.

ConcluindoPeço desculpas à nossa geração dejovens ministros que, às vezes,

sentem-se abandonados. Perdoemminha geração por não sermos paisespirituais melhores. Perdoem-nospor fazermos metodologias e progra-mas sagrados. Por favor, evitem nos-sos erros e abracem o batismo com oEspírito Santo. Minha palavra paranossos jovens ministros é: “procuraicom zelo, profetizar e não proibais falarlínguas.” (1Co 14.39, grifo meu).

Eu gosto muito de orar em umalíngua que jamais aprendi. Muitasvezes eu não sabia o que fazer, masquando eu oro no Espírito, o Senhorme dá uma palavra de sabedoria,profecia ou discernimento, para tra-zer a cura e ajudar uma pessoa ousituação. Muitas pessoas que euconheço e amo que estão tentandoalcançar os sem igreja precisam daplenitude do Espírito Santo paraajudá-las. Seja Joel Gross emMinneapolis, Brad Riley na Univer-sidade do Colorado, em Boulder, ouTerry Austria na Universidade deIllinois, em Urbana, perceberam quesem a ajuda do Espírito Santo elesnão podem alcançar as pessoas emsuas próprias culturas.

Nenhum de nós pode se dar aoluxo de deixar de lado o batismocom o Espírito Santo quando prega-mos. Devemos aprender a fazermelhor as coisas e desacreditar nosmitos pentecostais. O batismo com oEspírito Santo é uma benção tre-menda para toda pessoa que o rece-be. Como jovem ministro, seja criati-vo, intencional, fique longe dasvalas, ore para que o Senhor batizeSeu povo, e faça uma desfragmen-tação de seus medos. Nós todosencontramos dificuldades. Ministraro batismo com o Espírito Santo emuma cultura poscristã é um desafiopara qualquer jovem líder. Mas saibaque você é amado, acreditado e é lhedado um caminho adicional paradescobrir coisas. Que não nos afaste-mos uns dos outros. Que possamosnos abraçar enquanto estivermosnesta jornada juntos. Estou passandoo bastão para você.

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ENRIQUECIMENTO TEOLÓGICO / W.E. NUNNALLY

Com muita frequência as pessoaspedem aos pentecostais paraexplicarem o porquê de sua crença

e daquilo que praticam. Muitos, infeliz-mente, não estão “preparados para respondera qualquer pessoa que lhes pedir.” (1Pe 3:15 -NVI) . Isto deve-se geralmente a um dedois fatores: ou os pentecostais não estão

bem alicerçados na evidência ou nãoponderaram a respeito daquilo que estápor trás do conteúdo e das práticas de suafé. Assim, costumam responder defensiva-mente, com vergonha ou apelando paraexperiências pessoais. Seus ouvintesfacilmente descartam esses apelos com um“Serve para você mas não tem relevância

Cessação do Miraculoso?A Era dos Apóstolos Através da PerspectivaBíblica, Extrabíblica, Lógica e Teológica

W.E. Nunnally, PhD, professor de Judaísmo Antigo e Origens Cristãs naEvangel University, Springfield, Missouri (EUA).

Os cessacionistasdizem que os

dons espirituaisse foram juntocom a Era dos

Apóstolos.Será que os

pentecostaisestão

preparados paracompartilhar

porquêacreditam em

um Deusmiraculoso hoje?

À direita: Pedro e Joãocuram o coxo à porta do

templo chamadaFormosa. (At 3.1-10)

RECURSOS ESPIRITUAIS • 35

para nós”. É importante, então, que ospastores preparem melhor os membros desua igreja para que possam compartilharcom outros a razão dos pentecostais con-fiarem em Deus, hoje, para o miraculoso.Uma pergunta frequentemente feita aospentecostais é: por quê acreditar quemilagres, dons do Espírito, revelaçõespessoais e intervenções divinas continuamacontecendo nos dias de hoje? A maioriados cristãos à parte das tradições pentecos-tais ou carismáticas crê que essas manifes-tações do Espírito tenham cessado quandomorreu o último apóstolo, período comu-mente conhecido como o fim da Era dosApóstolos. Esse termo representa a crençade que o poder revelador e miraculoso deDeus, ausente por mais de 400 anos, foirestabelecido entre os homens por voltade 30-90A.D. Segundo essa teoria, com ofim da Era Apostólica, esses poderesforam novamente recolhidos ao céu, deonde aguardam o retorno de Cristo.

Contestando os Argumentos Lógicos eHistóricos para uma Era ApostólicaA expressão Era dos Apóstolos é comumen-te usada entre os teólogos dispensaciona-listas e da Aliança, que também o associ-am a um assunto relacionado — o encerra-mento do cânon bíblico. Ambos os ladostentam usar a doutrina da Era Apostólicapara proteger e justificar o fim e o conteú-do do cânon do Novo Testamento.A justificativa seria que o fim desseperíodo apostólico na história da Igrejatenha colocado uma pausa natural e lógicana revelação. Isso, por sua vez, marcou aconclusão dos escritos divinamenteinspirados, os quais chamamos de NovoTestamento. Não há necessidade, entre-tanto, de atribuir o encerramento doprocesso canônico aos homens, seja pelovoto (o cânon do Novo Testamento haviase tornado realidade centenas de anosantes de qualquer conselho eclesiásticooficialmente ratificá-lo) ou pela morte detodos os apóstolos.

A expressão Era dos Apóstolos e o con-ceito que ela representa não podem serencontrados no Novo Testamento. Issosignifica que a doutrina da Era dos Após-

tolos e suas consequências — o fim darevelação e o encerramento do cânon —são ideias (ou revelações) posteriores aoNovo Testamento. Se for este o caso,temos uma contradição lógica. Não sepode logicamente afirmar a cessação derevelação por ocasião do encerramento daescrita do Novo Testamento enquanto seafirma, ao mesmo tempo, receber revela-ção adicional após a conclusão desseprocesso.

A posição cessacionista baseia-se ape-nas em inferências extrabíblicas e pós-bíblicas. Essa inferência, entretanto, pare-ce ter alcançado status canônico (autorida-de equivalente à da Bíblia) por aquelesque aderem a essa posição. Isso é eviden-ciado pelo fato de as comunidades de féque mantêm a crença na Era dos Apósto-los terem permitido que esse conceitotraduza sua fé e conduta. Já que os assun-tos de fé e de conduta na cristandadeprotestante devem ser informados exclusi-vamente por revelação divina, pode-sedizer que essa posição extrabíblica tenhaalcançado um status anteriormente reser-vado somente à Bíblia. Ironicamente, emuma tentativa de preservar o status únicodas Escrituras, os indivíduos e as comuni-dades adeptos da teoria cessacionistaelevaram eles mesmos sua própria revela-ção extrabíblica ao mesmo status da Bíblia,um ônus normalmente atribuído a pente-costais ou a carismáticos.

Defensores da doutrina da Era dosApóstolos também tentam sustentar suacrença com a referência ao encerramentodo cânon do Antigo Testamento. Afirmamque a revelação e os milagres cessaramcom o último profeta do Antigo Testa-mento — o que para eles é análogo à rela-ção dos apóstolos com o Novo Testamen-to, revelação e milagres na Era da Igreja.

À primeira vista, esse argumento pare-ce defensável. Em análise mais profunda,contudo, parece também ter sido malformulado. Primeiramente, assim como oNovo Testamento, o cânon do AntigoTestamento foi determinado pelo usodentro da comunidade da fé e não pelovoto de um corpo oficial ou pelo tempo devida de qualquer indivíduo ou indivíduos.

A posição doscessacionistasbaseia-seapenas eminferênciasextrabíblicas epós-bíblicas quechegam parecerter alcançadostatus canônico.

Acima: O derramemento do EspíritoSanto no dia de Pentecostes. (At 2.1-4)

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Em segundo lugar, profecia e milagresencontram-se bem documentados emliteratura relacionada ao período intertes-tamentário, como Flávio Josefo, Os Perga-minhos do Mar Morto, literatura rabínicaantiga, os Livros Apócrifos e os Pseudepí-grafos. Em terceiro lugar, relatórios histó-ricos no Novo Testamento registrameventos que ocorreram durante o períodointertestamentário.

Tanto Mateus como Lucas relatam re-velações, intervenções angélicas, profeciae milagres que antecedem a concepção, onascimento e o ministério de Jesus.Zacarias recebeu revelação e proferiu pro-fecia (Lc 1:11-20, 67-79). José recebeurevelação sobrenatural e direção através desonhos (Mt 1:20-24; 2:13, 19-22). Mariarecebeu revelação e proferiu um cânticoinspirado (Lc 1:26-38, 46-55). Simeãorecebera uma revelação muito antes doseventos que envolveram o nascimento deJesus e de João Batista (Lc 2:25, 26).Assim como os pastores (Lc 2: 8-16),Simeão havia recebido direção divina (v.27). Tanto Maria como Isabel experimen-taram concepções miraculosas (Mt 1:18,20;Lc 1:13,24,36, 37,57). Os reis magos obti-veram orientação divina através de umsinal sobrenatural (Mt 2:1,2,9,10) e de umsonho (v. 12). Estes e muitos outros even-tos sobrenaturais importantes mostramque, no Novo Testamento, as revelaçõesdivinas e os milagres estavam acontecendoantes do nascimento e do ministério deJesus.

Deve-se concluir, com base nessasobservações, que não houve cessação doprofético nem do miraculoso na história deIsrael antes da vinda de Jesus. A reconsi-deração desse dado relevante não apenasremove a fundação do argumento a favorda cessação baseado em paralelos doAntigo Testamento, como também éuma contrapartida.

A Imutabilidade de Deus, O Sacramentoda História e a Diferença entre Inspiraçãoe CanonizaçãoNosso Deus — o Deus da Bíblia, o Deushistórico de Israel — é um Deus de

firmeza. Não é excêntrico ou instável, damaneira como os deuses pagãos geralmen-te eram retratados na mitologia antiga.O Deus da Bíblia é um Deus de fidelida-de em Suas alianças. Ele não muda (Sl 55:19; 102:27; Is 46:4; Ml 3:6; Hb 1:12) e SuaPalavra não muda (Is 40:8). Ele é o mesmoontem, hoje e para sempre (Hb 13:8). Ele“não muda como sombras inconstantes.” (Tg1:17 - NVI). Ele lida com o homem firme-mente e Suas formas de lidar com ohomem mostram continuidade. O assuntode que tratamos não é exceção. Já que asmaneiras milagrosas de Deus lidar comSeu povo continuaram entre os Testamen-tos, não há precedente ou necessidadelógica que nos faça crer que Ele agiria deoutra maneira no final do NT.

Uma discussão sobre desenvolvimen-tos intertestamentários deve tambémtratar de algumas questões levantadas coma referência ao período intertestamentário.Primeiramente, toda a história é sagrada.Deus esteve envolvido nas vidas de Suacriação durante o período intertestamen-tário da mesma maneira como esteve emoutras épocas. Muitas profecias contidasno livro de Daniel, por exemplo, cumpri-ram-se no período intertestamentário.Além disso, o Novo Testamento citaexemplos (mencionados acima) da ativida-de de Deus antes do início do período doNovo Testamento. Portanto, Deus tinhaSua mão na nação judaica, na tribo deJudá, na família de Jessé e em umalinhagem específica da família de David.

Também é evidente que Deus dire-cionou a propagação dessa linhagem atémesmo durante o período intertestamen-tário e que Ele finalmente fez com que oMessias nascesse dessa árvore genealógicaespecífica. O fato de que Deus estava nocontrole desse processo, até no períodointertestamentário, é evidenciado pelainclusão de nomes dessa época na genea-logia de Jesus (Mt 1:13-16; Lc 3:23-27).A totalidade dessa história era evidente-mente importante, pois o Espírito Santoorquestrou a narrativa de toda a História.

O Espírito Santo não fez nenhuma dis-tinção entre as histórias secular e sagrada

A Igreja Primitivaacreditava que a

atividade deDeus na história

redentorapermaneceu

constante— da criação àencarnação e à

consumação.

A Era dos Apóstolos Através da Perspectiva Bíblica, Extrabíblica, Lógica e Teológica

RECURSOS ESPIRITUAIS • 37

(ou bíblica) nas genealogias de Jesusregistradas por Mateus ou Lucas. Alémdisso, a preservação desses versículos pelaIgreja Primitiva e sua atitude com relaçãoaos mesmos sugerem que eles acredita-vam que a atividade de Deus na históriaredentora permaneceu constante (incluin-do a orquestração divina da história huma-na, a revelação e o miraculoso) — dacriação à encarnação e à consumação.A Igreja Primitiva foi uma Igreja verdadei-ramente pentecostal.

Em segundo lugar, devemos fazer umadistinção entre atividade profética eEscritura canonizada. Em muitas igrejaspentecostais da atualidade, a voz autênticade profecia ainda é ouvida. Contudo,essas profecias dos dias de hoje não sãoiguais às das Escrituras. O cânon bíbliconão se encontra mais aberto e tais profeci-as não deveriam ser incluídas no cânondas Escrituras. Essas mensagens de Deuspara Seu povo são para um tempo, lugar esituação específicos. Elas não prescrevemquestões de fé e conduta para todo mun-do, em todos os tempos, em todos os luga-res. Além disso, sua legitimidade deve serjulgada pelo padrão da Palavra de Deusrevelada, a Bíblia.

A atividade profética do período inter-testamentário deve ser vista de formasemelhante. Essas profecias representamas necessidades e as reflexões piedosasdas comunidades individuais de onde seoriginaram. O fato de a profecia ser ummeio de comunicação é uma questão deregistro histórico. Seu status literário comonão canônico, o qual reflete o processodirigido por Deus pelo qual o cânon foiformado, também é uma questão de regis-tro histórico. Todo o restante é para provarque a relação entre o Antigo Testamentoe a profecia intertestamentária é análoga àrelação que existe entre o Novo Testa-mento e a profecia dos dias de hoje.

Antigo e Novo Testamentos sãoEscrituras canonizadas. Como tal, repre-sentam o auge de um processo sob adireta orientação de Deus. As Escriturassão normativas — eternamente relevante— e são nossa única regra de fé e conduta.

A profecia intertestamentária não o erae a profecia dos dias modernos tambémnão o é. Nenhuma delas passou por umprocesso de uso popular e universal,divinamente dirigido. Nenhuma delas éeternamente relevante ou normativa.Ambas estão condicionadas pelo tempo,pelo lugar e pela situação e, portanto, nãopossuem a autoridade intrínseca para ditarquestões de fé e prática.

No período intertestamentário, acomunidade da fé precisava da voz daprofecia. Muito embora tivesse a Bíblia (oAntigo Testamento), ela necessitava ouvira voz profética de reprovação, correção,desafio, esperança, encorajamento e cha-mada ao arrependimento, uma vez quelidava com situações contemporâneas.Deus em Sua sabedoria e constânciainstilou uma dinâmica semelhante emnossa comunidade de fé. Embora tenha-mos a Bíblia (Antigo e Novo Testamen-tos), Deus continua a envolver Sua igrejacom a voz da profecia. Ele conhece inti-mamente a natureza do homem (Gn 6:5;Sl 103:14; 139; Mt 7:11; Rm 3:23).

Através dos tempos, a natureza dohomem e sua necessidade de ouvir a vozprofética de Deus não mudaram. Seme-lhantemente, a natureza de Deus nãomudou. Ele ainda ama Sua criação, temum plano para ela e deseja dinamicamen-te comunicar Seu plano para cada geração.

A Era dos Apóstolos Versus O Ensino doNovo TestamentoO Novo Testamento testifica contra a teo-ria de uma Era dos Apóstolos e a cessaçãode profecia e de outros fenômenos sobre-naturais. Efésios 4:11 nos diz que Deusconcedeu dons à igreja através de indiví-duos que trabalham como apóstolos,evangelistas, pastores e mestres. Os quedefendem uma era apostólica e a cessaçãodo miraculoso devem estar sendo seleti-vos com esse versículo. Por um lado, nin-guém afirmaria que os postos de evange-lista, pastor e mestre tenham se tornadoineficientes. Por outro lado, os cessacio-nistas precisam sustentar o argumento deque os postos de apóstolo e profeta já não

Emboratenhamos aBíblia, Deuscontinua aenvolver SuaIgreja com a vozda profecia.

O apóstolo Paulo, na prisão,escrevendo sua epístola aos Efésios

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existem devido à sua natureza carismáticae reveladora.

O problema com essa posição é suaabordagem puramente arbitrária. A inten-ção dos autores humano e divino dessapassagem era que essa lista fosse conside-rada como um todo. Não há nenhuma in-dicação de que exista uma distinção nalista com respeito à duração de algunsdons e de outros não. Mexer, truncar oufazer uma linha de distinção entre os ele-mentos dessa lista é uma violação ao texto.

Paulo, entretanto, coloca limitaçõestemporais em toda a lista. A passagem defato indica que todos esses postos detrabalho acabarão no final. A questão, noentanto, não é “qual?”, mas “quando?”.Os versículos 12 e 13 claramente tratamdessa questão. Esses postos são concedi-dos “com o fim de preparar os santos para aobra do ministério, para que o corpo de Cristoseja edificado, até que todos alcancemos:

1. a unidade da fé2. e do conhecimento do Filho de Deus,3. cheguemos à maturidade,4. atingindo a medida da plenitude de Cristo.” (NVI).Nenhum cristão conseguiu atingir ple-

namente esses alvos. Dessa forma, todosos cargos de Efésios 4:11 ainda são neces-sários para amadurecer a Igreja. Pode-semesmo sugerir que a imaturidade e inade-quabilidade da Igreja no passado e nopresente estão diretamente relacionadas àfalta de respeito e de ênfase que os donscarismáticos têm sofrido. “Os membros docorpo que parecem mais fracos são indispensá-veis. ... Quando um membro sofre, todos os ou-tros sofrem com ele.” (1Co 12:22,26; observeque o contexto se refere especificamenteao assunto em questão).

Um segundo texto a considerar é Ro-manos 11:29, “pois os dons e o chamado deDeus são irrevogáveis”. Obviamente, os“dons” aqui mencionados não são os donsde 1 Coríntios 12. Nesse sentido, o con-texto imediato dessa passagem não estárelacionado com as passagens citadas aci-ma. Contudo, o princípio básico em vigoré relevante. Romanos 11:29 fala da fideli-

dade e da firmeza de Deus em lidar com ohomem. Não só Sua natureza imutável Oimpede de anular Suas promessas para oIsrael étnico, como Sua natureza tambémO impede de ab-rogar Sua promessa deconceder os dons do Espírito ao homemno decorrer da Era da Igreja.

Uma terceira passagem que requeratenção no atual contexto é a de Atos2:39. Nesse primeiro sermão cristão, numasituação escatologicamente intensa, Pedrodeclarou que a promessa de Deus paraconceder o Espírito Santo — completa,com os fenômenos que acompanham Suaresidência dentro de um ser humano — “é para vocês, para os seus filhos e para todosos que estão longe, para todos quantos oSenhor, o nosso Deus, chamar.” (NVI). Esseversículo tem sido um locus classicus para aposição pentecostal. O texto sugere queno início da Era da Igreja, no derrama-mento inicial do Espírito Santo e as mani-festações que Ele inspira, Pedro tenhadeclarado que essa experiência deveriaser a norma para a Era da Igreja toda.Especificamente mencionando, emsequência, a geração presente, a próximageração e todas as gerações futuras, Pedrodá evidência apostólica explícita para umacrença na importância dessa promessapara todas as gerações.

Embora mais obscura, uma quartapassagem importante, sobretudo para umaabordagem bíblica completa, é 1 Coríntios1:7. Paulo observou que os membros daigreja de Corinto haviam sido “enriquecidosem tudo, isto é, em toda palavra e em todoconhecimento.” (1Co 1:5 - NVI) . A verdadedo Evangelho havia sido miraculosamente“confirmada” entre eles “de modo que nãolhes falta nenhum dom espiritual.” (vv. 6,7 -NVI). O final do versículo 7 demandanossa atenção. Paulo disse que os irmãosde Corinto estavam sendo enriquecidos,tendo o Evangelho miraculosamenteconfirmado entre eles, e gozando de cadadom espiritual — embora por um períodode tempo específico — “enquanto vocêsesperam que o nosso Senhor Jesus Cristo sejarevelado.” (NVI). O que Paulo tem em

A imaturidade einadequabilidade

da igreja nopassado e no

presente estãodiretamente

relacionadas àfalta de respeito

e de ênfaseque os dons

carismáticos têmsofrido.

A Era dos Apóstolos Através da Perspectiva Bíblica, Extrabíblica, Lógica e Teológica

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vista é o mesmo espaço de tempo escato-lógico que ele apresenta em Efésios 4:13 e1 Coríntios 13:10-12. (Uma discussãodesse texto encontra-se abaixo). Os donscarismáticos do Espírito chegarão a umfim. Esse fim não se encontra no encerra-mento da Era dos Apóstolos ou emnenhum outro momento na históriahumana. A cessação dos dons miraculososdo Espírito acontecerá quando o tempo jánão mais existir — quando o Rei retornare a ordem deste mundo presente chegarao fim. Nesse momento, os esforçosevangelísticos cessarão. Pecado e doençafarão parte do passado. Dons de revelaçãonão serão necessários, pois teremoscomunhão imediata e inextinguível com odivino — “face a face” (1Co 13:12; compa-rar com 1Jo 3:2). Até mesmo os dons deconhecimento sobrenatural perderão suautilidade nesse estado abençoado, pois,com o retorno de Cristo, “conhecerei plena-mente, da mesma forma como sou plenamenteconhecido.” (1Co 13:12 - NVI).

Um último texto de Paulo, possivel-mente o mais negligenciado de todos,aparece em 2 Coríntios 3:3-11. Nessapassagem o apóstolo está comparando oesplendor da dispensação da lei com o dadispensação do Espírito. Ele argumenta:“O ministério que trouxe a morte foi gravadocom letras em pedras; mas esse ministério veiocom tal glória que os israelitas não podiamfixar os olhos na face de Moisés, por causa doresplendor do seu rosto, ainda que desvane-cente. Não será o ministério do Espírito aindamuito mais glorioso? Se era glorioso o ministé-rio que trouxe condenação, quanto mais glo-rioso será o ministério que produz justifica-ção! ... E se o que estava se desvanecendo semanifestou com glória, quanto maior será aglória do que permanece!”(2 Co 3:7-9,11 - NVI)

Paulo traça diversos paralelos interes-santes entre as duas dispensações. O úni-co de interesse para a presente discussão,entretanto, é a distinção entre o esplendortemporário ou desvanecente da dispensa-ção da Lei com o maior esplendor dadispensação do Espírito, o qual, diz ele, é

“permanente”. Mais uma vez, Pauloapresenta evidência de uma escatologia/pneumatologia que vê o batismo noEspírito e os dons dEle advindos, comoacessórios permanentes na Igreja até oretorno de Cristo.

Com base nas declarações de Pedro ede Paulo, podemos concluir que se algu-ma vez houve uma Era dos Apóstolos, aigreja deve ainda estar nela.

Assim sendo, é difícil de se imaginarum cenário tal qual aquele exigido pelateoria da Era dos Apóstolos. LevemosTimóteo em consideração. Paulo desafiouTimóteo com a responsabilidade de pas-torear a igreja de Éfeso (1Tm 1:3).Timóteo recebeu poder especial de Deusquando Paulo e os anciãos impuseram asmãos sobre ele (1Tm 4:14; 2Tm 1:6).Imaginemos Timóteo, ocupado com seusdeveres pastorais, orando pela cura deuma pessoa ou expulsando um demôniodo único filho de alguém. Agora imagineque naquele momento, em Éfeso (deacordo com a tradição da Igreja Primitiva),o idoso apóstolo João, o último do círculomais próximo de Jesus, desse o últimosuspiro e fosse para seu descanso celestial.Revogaria Deus, arbitrariamente, o poderpara realizar maravilhas que havia dado aTimóteo e parar um milagre em anda-mento? Poderia Ele dar a um indivíduonecessitado uma explicação bíblicaaceitável do porquê a pessoa anterior foracurada ou liberta e esta segunda pessoanão? Como seria afetado o testemunho daigreja local? Imagine o impacto negativono ministério que Deus havia confiado aTimóteo. Em um nível pessoal, ele nãopoderia mais responder em obediência aomandamento que havia recebido por ins-piração divina, “mantenha viva a chama dodom de Deus que está em você mediante aimposição das minhas mãos.” (2Tm 1:6).

Obviamente, esse cenário é insusten-tável. Vai contra a natureza de Deus, queé firme, fiel, imutável e misericordiosopara com os necessitados. Vai contra aPalavra de Deus, a qual, enquanto discuti-mos, fornece apoio exclusivo ao conceito

Com base nasdeclarações dePedro e de Paulo,podemos concluirque se alguma vezhouve uma Erados Apóstolos, aigreja deve aindaestar nela.

Acima: O livramento miraculosode Pedro da prisão (At 12.6-11).

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de continuação, enquanto nada diz a favorde cessação. Graças a Deus que a Igrejanão depende da frágil e fugaz condiçãofísica de um apóstolo para o seu poder,mas sim do Jesus ressurreto e eterno, que“vive sempre para interceder por nós.”(Hb 7:25 - NVI).

Textos do Novo Testamento Impropria-mente Usados para Apoiar a Era dosApóstolos/CessacionismoProponentes de teorias da cessação geral-mente referem-se a 1 Coríntios 13:10:“... quando, porém, vier o que é perfeito, o queé imperfeito desaparecerá.” (NVI). “O perfei-to” não se refere ao Novo Testamento,como afirmam, mas ao retorno de Jesus,como está claro no versículo 12. Não hánecessidade de outro argumento alémdaquele do contexto. É interessante, con-tudo, observar que o sexo de “o perfeito”(teleion) é neutro, enquanto que a palavratraduzida como testamento (diatheke) emoutros lugares é feminina. Se Paulo tives-se a intenção de que o leitor entendesseesse adjetivo-usado-como-substantivorepresentando o Novo Testamento, eleteria colocado “o perfeito” no mesmogênero — feminino.

Da mesma forma, 1 Coríntios 15:8, “de-pois destes apareceu também a mim.” (NVI),não indica o fim de revelação nem a con-clusão do cânon. Paulo continuou a rece-ber revelação após a experiência na estra-da de Damasco. Outros no Novo Testa-mento receberam revelação depois deJesus ter aparecido a Paulo. Além disso, oNovo Testamento todo foi inspirado peloEspírito Santo após o encontro de Paulocom Cristo na estrada de Damasco. A quê,então, se refere essa afirmação? Paulo estáapenas dizendo que, daqueles homenschamados de apóstolos, ele era o último aver o Cristo ressurreto.

Hebreus 1:1,2 é outro conhecido textode prova para os cessacionistas. Entretanto,é preciso apenas mostrar que os “dias” são“últimos”, não a revelação de Jesus na car-ne; caso contrário, o autor estaria quebran-do a própria regra, tentando comunicar re-

velação após a revelação terrena de Cristo.Apocalipse 22:18,19 é o texto de prova

final utilizado por proponentes da cessa-ção. É ordenado aos crentes, nesse versí-culo, que não acrescentem nem retiremalgo das “palavras da profecia deste livro.”(NVI). Os cessacionistas argumentam que,como o Livro de Apocalipse vem no finalda revelação canônica, essa passagemproíbe qualquer revelação posterior.Os problemas com essa interpretação sãomúltiplos. Em primeiro lugar, o autor nosfala especificamente a que se refere essaproibição. Não fala em termos gerais, masrefere-se apenas às suas palavras — “essaprofecia” (itálico adicionado). Em segundolugar, o autor não poderia ter tido emmente o Novo Testamento todo, pois esteainda seria formado. Então, a intençãoautoral elimina essa linha de raciocínio.Em terceiro lugar, outros livros incluemproibições semelhantes. Um exemplodisso é Deuteronômio 12:32. Será queesse versículo significa que revelaçãoalém do livro de Deuteronômio é ilegí-timo? Esperemos que não.

ConclusãoTrês aplicações importantes podem serextraídas deste artigo. Primeiramente,nenhuma analogia histórica ou passagemna Bíblia oferece argumento legítimo paraapoiar uma Era dos Apóstolos ou a cessa-ção do miraculoso. Em segundo lugar, anatureza de Deus, a mensagem unificadadas Escrituras e a natureza substancial-mente necessitada do homem decaídoargumentam em favor da continuação domiraculoso no mundo atual. Em terceirolugar, a Igreja hodierna encontra-se emsolo bíblico firme quando procura serrevestida de poder para um trabalho paraDeus mais efetivo através do batismo noEspírito Santo e dos dons do Espírito.

Temos todos os motivos para buscar aDeus para direção, cura, proteção e provi-são divinas. Nesse dia de necessidade eoportunidade sem precedentes, “Mante-nha viva a chama do dom de Deus que estáem você.” (2Tm 1:6).

A naturezade Deus, a

mensagemunificada das

Escrituras ea natureza

substancialmentenecessitada do

homem decaídoargumentam

em favor dacontinuação do

miraculoso nomundo atual.

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