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RECURSOS MINERAIS DO PARANÁ: Litologias associadas à distribuição Geográfica e importância econômica. – Uma proposta para o ensino fundamental e Médio. ADEMILSON FRANCISCO DOS SANTOS 1 SUSANA VOLKMER 2 Resumo O presente artigo constitui parte do material produzido pelo Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, aplicado ao curso de Geografia em escola de Ensino Médio no município de Loanda. A proposta de estudar os recursos minerais do Paraná partiu inicialmente de uma apresentação ao aluno, dos conteúdos básicos de rochas e minerais. A compreensão destes conceitos, e outros afins, como solos e bens minerais, pressupõe conhecimento prévio, mas geral, da Geologia do Estado do Paraná. Para a apresentação dessa base conceitual teórica, o professor PDE propôs como forma didática de ensino, uma associação de aulas expositivas, prática de rochas, de minerais e de solos, além de demonstração via banners temáticos desses conteúdos. Os alunos puderam, também correlacionar os referidos temas com aqueles tratados na Geografia Física, a partir de uma abordagem inter e multidisciplinar. Complementando nossa proposta de trabalho, o aluno deverá então, conhecer e perceber a importância dos recursos naturais de seu estado, região e município, na determinação da forma de ocupação, na colonização, e no desenvolvimento do espaço em análise. Rochas e Minerais sempre despertaram o interesse dos alunos e, partindo deste fato, o presente trabalho pretende explorar este interesse, propiciando ao aluno, o acesso via ilustrações e amostras, aos recursos minerais, referenciando-os às questões de ocupação do espaço geográfico. A partir da compreensão e visualização desses recursos minerais, estabeleceu-se a correlação dos mesmos com: o desenvolvimento do município e da região, considerando-se aspectos sócio-econômicos e urbanos, além dos problemas ambientais (advindos dos processos exploratórios). O êxito deste trabalho consiste basicamente em atrair a atenção dos alunos para os temas que os despertam, tais como, rochas, minerais, vulcanismo, processos erosivos, terremotos, para transmiti- los, de forma integrada com conteúdos da geografia física. Além disto, o assunto tratado tem correlação com outras disciplinas como ciências, biologia e química. Nossa meta é fazer com que o professor PDE transmita conhecimentos científicos de forma agradável e de mais fácil assimilação. Palavras-chaves: Ensino em Geografia, recursos minerais, integração de conteúdos, desenvolvimento da região. 1 – Professor licenciado em Geografia, educador do Ensino Fundamental e Médio da rede Pública do Estado do Paraná lotado no município de Loanda - [email protected] 2 – Professora Dra. Susana Volkmer, Departamento de Geografia da UEM (Universidade Estadual de Maringá) – [email protected]

RECURSOS MINERAIS DO PARANÁ: Litologias associadas à ... · de rochas e minerais. A compreensão destes conceitos, e outros afins, como solos e ... vídeos sobre o tema tratado;

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RECURSOS MINERAIS DO PARANÁ: Litologias associadas à distribuição Geográfica e importância econômica. – Uma proposta para o ensino

fundamental e Médio.

ADEMILSON FRANCISCO DOS SANTOS1

SUSANA VOLKMER2

Resumo O presente artigo constitui parte do material produzido pelo Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, aplicado ao curso de Geografia em escola de Ensino Médio no município de Loanda. A proposta de estudar os recursos minerais do Paraná partiu inicialmente de uma apresentação ao aluno, dos conteúdos básicos de rochas e minerais. A compreensão destes conceitos, e outros afins, como solos e bens minerais, pressupõe conhecimento prévio, mas geral, da Geologia do Estado do Paraná. Para a apresentação dessa base conceitual teórica, o professor PDE propôs como forma didática de ensino, uma associação de aulas expositivas, prática de rochas, de minerais e de solos, além de demonstração via banners temáticos desses conteúdos. Os alunos puderam, também correlacionar os referidos temas com aqueles tratados na Geografia Física, a partir de uma abordagem inter e multidisciplinar. Complementando nossa proposta de trabalho, o aluno deverá então, conhecer e perceber a importância dos recursos naturais de seu estado, região e município, na determinação da forma de ocupação, na colonização, e no desenvolvimento do espaço em análise. Rochas e Minerais sempre despertaram o interesse dos alunos e, partindo deste fato, o presente trabalho pretende explorar este interesse, propiciando ao aluno, o acesso via ilustrações e amostras, aos recursos minerais, referenciando-os às questões de ocupação do espaço geográfico. A partir da compreensão e visualização desses recursos minerais, estabeleceu-se a correlação dos mesmos com: o desenvolvimento do município e da região, considerando-se aspectos sócio-econômicos e urbanos, além dos problemas ambientais (advindos dos processos exploratórios). O êxito deste trabalho consiste basicamente em atrair a atenção dos alunos para os temas que os despertam, tais como, rochas, minerais, vulcanismo, processos erosivos, terremotos, para transmiti-los, de forma integrada com conteúdos da geografia física. Além disto, o assunto tratado tem correlação com outras disciplinas como ciências, biologia e química. Nossa meta é fazer com que o professor PDE transmita conhecimentos científicos de forma agradável e de mais fácil assimilação. Palavras-chaves: Ensino em Geografia, recursos minerais, integração de conteúdos, desenvolvimento da região.

1 – Professor licenciado em Geografia, educador do Ensino Fundamental e Médio da rede Pública do Estado do Paraná lotado no município de Loanda - [email protected] – Professora Dra. Susana Volkmer, Departamento de Geografia da UEM (Universidade Estadual de Maringá) – [email protected]

MINERAL RESOURCES IN PARANÁ STATE: Lithologys associates to the Geographic distribution and economic importance. - A proposal for

Fundamental and Secondary Education. ADEMILSON FRANCISCO DOS SANTOS

SUSANA VOLKMER

ABSTRACT

The present article constitutes part of a material produced to the Educational

Development Program - PDE applied to the course of Geography in some schools of Secondary Education in Loanda municipality. The proposal to study the mineral resources in Paraná state began initially with a presentation to the students of a basic content of rocks and minerals. The understanding of these concepts, and other similar ones, like ground and mineral goods estimate previous knowledge, however, a general knowledge of Geology in Paraná state. For the presentation of this theoretical conceptual base, PDE teacher, he himself considered a form educacional didactics, an association of sample lessons, practical form of rocks, minerals and ground, beyond demonstration of thematic boards of content. The students had been able also to correlate the cited subjects with those treating in Physical Geography, from an Inter and multidiscipline view. Our proposal of work the student must know and perceive the importance of natural resources of its state, region and municipality in the determination of occupation form in the settling and the development of the space in analysis. Rocks and minerals always awoke the interest of students. Therefore, the present work intends to explore this interest in order to give to the students the access through illustrations and samples to the mineral resources that refer to the questions of occupation of the geographic space. From the understanding and visualization of these mineral resources, it was established correlation of the same ones according to the development of a municipality and the region considering itself socioeconomic and urban aspects, beyond the ambient problems (happened of the exploration processes). The success of this work consists basically of attracting the attention of students for the subjects that awake them such as rocks, minerals, vulcanism, processes erosive, earthquakes. Thus, We transmit them according to the integrated form with the content of physical geography. Moreover, the current subject has correlation with other disciplines like sciences, biology, and chemistry. Our goal is PDE teacher transmits scientific knowledge of pleasant form and easier assimilation.

Key-Words: Geography teaching, Mineral resources, Integration of contents,

development of the region.

INTRODUÇÃO

A Secretaria de Estado da Educação - SEED em cooperação com a

Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior propuseram a

implantação e realização do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE. Esta

proposta consiste em uma política educacional inovadora de formação continuada

dos professores da rede pública estadual de ensino.

O PDE foi elaborado como um conjunto de atividades organicamente

articuladas, definidas a partir das necessidades da educação básica, e que busca no

Ensino Superior, a contribuição solidária e compatível com o nível de qualidade

desejado para a educação pública no Estado do Paraná. Esse novo modelo de

formação continuada proporcionou aos professores PDE o retorno às atividades

acadêmicas de sua área de formação inicial.

Todas as atividades que envolvem o PDE iniciaram no ano de 2007, de forma

presencial, nas universidades públicas do Estado do Paraná, envolvendo 1.200

professores da rede de ensino público do Paraná. Desenvolvida a primeira etapa, o

professor PDE passou a contatar com os demais professores da rede (num total de

44.440 professores), em atividades denominadas Grupos de Trabalho em Rede –

GTR.

O tema abordado neste trabalho está inserido na Dimensão Sócio-Ambiental

do Espaço que integra as Diretrizes Curriculares de Geografia da Rede Pública de

Educação do Estado do Paraná. A proposta didática para o Ensino Fundamental e

Médio, aqui apresentada, parte de uma abordagem multi e interdisciplinar, tendo

como tema-referência os conteúdos da geologia.

As atividades que foram realizadas pelo professor PDE compreenderam: aula

inaugural, seminários, cursos/disciplinas, elaboração de um plano de trabalho,

coordenação de grupos de trabalho em rede, elaboração de materiais didáticos

(Folhas, OAC e outros) e um trabalho final de conclusão de curso: um artigo

científico.

O presente trabalho adotou, como material didático, o OAC (Objeto de

Aprendizagem Colaborativa), implementado no município de Loanda, na região

norte-noroeste do Estado. Nossa proposta de trabalho foi aplicada para três turmas

do 2º ano do Ensino Médio, e para uma turma da 5ª série do Ensino Fundamental,

todas do Colégio Estadual Presidente Afonso Camargo- EFM. Na consecução desse

trabalho, o material didático pedagógico aplicado, e os resultados dele advindos,

foram bem recebidos pelos alunos. A diferente proposta de trabalho foi pautada

pelas tradicionais aulas expositivas, mas também pelo uso de recursos audiovisuais,

como: apresentação de pranchas temáticas auto-explicativas; vídeos sobre o tema

tratado; aulas práticas de rochas, minerais e solos; trabalho de campo nas

imediações do município. Com isto os alunos foram despertados para uma nova

proposta didático-pedagógica atraídos pelos materiais utilizados, fato que muito

contribuiu para a aprendizagem dos mesmos, demonstrando assim, a viabilidade da

proposta de trabalho adotada.

A proposta de trabalho pautada na utilização diversificada de recursos

áudios-visuais foi importante, pois atraiu a atenção dos educandos, tornando

interessante a aula e o conteúdo para os mesmos, o que muito contribuiu para a

sua aprendizagem.

DO QUE TRATA A GEOGRAFIA – Uma breve revisão

A importância da disciplina de Geografia para as novas gerações pode ser

observada de acordo com as palavras de CARLOS (1999, p.112): ...essa disciplina escolar no ensino fundamental e médio precisa formar uma criança e um jovem que deverão se movimentar bem no mundo de hoje, com a complexa realidade deste final de milênio, e ainda prepará-los para enfrentar outras transformações que estão por vir.

Para formar um aluno preparado a enfrentar as transformações que estão

ocorrendo a grande velocidade, e para que este seja reflexivo, crítico e criativo é

necessário encontrar formas para romper o dualismo geográfico, físico e humano.

De acordo com as Diretrizes Curriculares de Geografia, SEED, (2006, p. 23), temos

... propõem um trabalho conjunto para a superação da dicotomia Geografia Física e Humana, que faz parte do constructo histórico com o qual os professores de Geografia convivem pedagogicamente e teoricamente há muito tempo .

Acreditamos em uma geografia que inicie do local, ou seja, do cotidiano do

educando, mas que tenha uma visão global do homem e da natureza. Como

exemplo da dicotomia que faz parte atualmente da Geografia no ambiente escolar é

comum ouvir entre os educadores de Geografia que o importante é o “social”, as

ações do ser humano. A Geografia se torna tão Humana que vai deixando de ser

geografia e confunde-se com outras disciplinas como a sociologia e filosofia. Para

nós, a geografia urbana não é somente geografia humana, pois se assim o fosse,

estaríamos desconsiderando os aspectos físicos que afetam a sociedade urbana,

tais como: relevo, solo, hidrografia, vegetação.

Em nosso ponto de vista, a dicotomia entre Geografia Física e Geografia

Humana enfraquece a ciência e a disciplina de Geografia, pois ao se identificar mais

com uma delas, o professor restringe o seu campo de trabalho, favorecendo

somente um aspecto da disciplina. A visão dualista da Geografia fragmenta a

disciplina deixando-a em desvantagem a outras disciplinas no ambiente escolar.

Porém, quando não se fragmenta, e aborda os conteúdos geográficos englobando

aspectos físicos e sociais associados à capacidade de síntese, análise e criticidade,

fornece uma ampla vantagem da Geografia perante as demais disciplinas escolares.

A partir disso, o conceito adotado para o objeto de estudo da Geografia nas

Diretrizes Curriculares de Geografia é o Espaço Geográfico que é entendido como o

espaço produzido (LEFEBVRE, 1974), e apropriado pela sociedade, composto por

objetos (naturais, culturais e técnicos), e ações (relações sociais, culturais, políticas

e econômicas) inter-relacionados (SANTOS, 1996). De acordo com este autor,

(op.cit., p.59) Os objetos que interessam à Geografia não são apenas objetos móveis,

mas também imóveis, tal uma cidade, uma barragem, uma estrada de rodagem, um porto, uma floresta, uma plantação, um lago, uma montanha. Tudo isso são objetos geográficos. Esses objetos são do domínio tanto do que se chama a Geografia Física como do domínio do que se chama a Geografia Humana e através da história desses objetos, isto é, da forma como foram produzidos e mudam, essa Geografia Física e essa Geografia Humana se encontram.

Dessa perspectiva, os objetos geográficos são indissociáveis das ações

humanas, mesmo sendo eles objetos naturais.

De acordo com as Diretrizes de Geografia (SEED, 2006), ciência geográfica é

aquela que tem por objetivo estudar o espaço geográfico - resultado da inter-relação

entre objetos e ações. Para a compreensão desse espaço geográfico essa

ciência/disciplina possui um quadro conceitual de referência: lugar, paisagem,

território, redes, região, sociedade e natureza. Assim, promove uma análise espacial

sob a abordagem natural, histórica, econômica, cultural, e política, levando em

consideração as diferentes formas de organização do espaço, nas escalas: local,

regional, nacional e mundial.

O presente trabalho está integrado ao conteúdo estruturante - DIMENSÃO

SOCIO-AMBIENTAL DO ESPAÇO – no qual a lógica das relações sociedade-capital-

natureza balizam as discussões. Estas, por sua vez, estão embasadas em questões

como a produção do espaço geográfico, a criação de necessidades e a mobilização

de "recursos" naturais para satisfazê-las, conforme modelo econômico do

capitalismo. As relações sociedade-capital-natureza se concretizam na diferenciação

das paisagens sociais e culturais.

Partindo desse pressuposto e da experiência da prática de ensino de

geografia no ensino fundamental e médio, surge essa proposta que utiliza o estudo

dos recursos minerais (Geografia Física) para estabelecer uma correlação com a

ocupação urbana, desenvolvimento e economia regional, etc. - (Geografia Humana).

Com isto, pretende-se demonstrar na prática que a geografia é única, e que,

conforme afirma CARVALHO, (1989), o quadro físico é a base material onde a

produção espacial se desenvolve através de seus arranjos econômicos e sociais.

Podemos também citar MENDONÇA (2002) que diz que a natureza é

entendida como um conjunto de elementos naturais que possui em sua origem uma

dinâmica própria que independe da ação humana, mas que, na atual fase histórica

do capitalismo, acaba por ser reduzida apenas à idéia de recursos.

E diante desse contexto atual, constatamos uma relação direta entre

desenvolvimento econômico, qualidade de vida e consumo de bens minerais, sendo

importante ressaltar que os recursos minerais existentes devem ser explorados em

benefício da sociedade e não a uma pessoa ou grupo capitalista.

Considerando-se, pois, os diversos contextos do meio que o estudo da

Geografia abarca (físico, humano, econômico, regional, etc.), é importante

considerar formas apropriadas de explorar e ensinar todos estes conteúdos. Por

esta razão, no estudo da Geografia, seja no Ensino Fundamental, Ensino Médio ou

no Ensino Superior, é importante a utilização de diferentes representações gráficas e

cartográficas.

A REPRESENTAÇÃO GRÁFICA NOS ESTUDOS GEOGRÁFICOS Uma das formas importantes de representação gráfica da Geografia é, e

sempre será, a cartografia. De acordo com MARTINELLI (1990), os mapas sempre

estiveram associados à Geografia, à medida que era possível representar fatos e

fenômenos, decorrentes de diversos ramos da Geografia, quer Física, Humana,

Econômica, etc.

Para a representação da realidade física e humana da crosta terrestre, a

Cartografia utiliza-se de levantamentos de dados tradicionais, como o uso do

sensoriamento remoto. Um mapa deve proporcionar respostas às questões

elaboradas, sejam elas para fins de pesquisa cientifica ou para fins didáticos. O

mapa temático geralmente deve responder a dois tipos de questões: O que existe

em determinado lugar? Como se distribui no espaço geográfico?

No presente trabalho o professor PDE poderia adotar em sala de aula, mapas

temáticos, como: geológico e pedológico, tendo sido efetivamente utilizado o de

recursos minerais do Paraná, elaborado pela MINEROPAR em 2005.

Considerando-se nossa proposta de trabalho, bem como os recursos visuais

adotados para tal, a Cartografia, constitui, sem dúvida, uma importante ferramenta

para o estudo do espaço geográfico.

Conforme aponta MARTINELLI (1990), não é aceitável que o geógrafo da

atualidade menospreze o papel dos mapas, atendo-se meramente a uma Geografia

crítica, na qual a comunicação dos mapas torna-se insignificante. O autor entende

que é importante dinamizar essa forma de comunicação para o entendimento do

espaço enquanto produto social, de modo que o mapa também possa ser um

instrumento de luta nas reivindicações em prol de uma sociedade mais justa.

Em suas atividades cotidianas, por muitas vezes, o homem se depara com

necessidade de auxilio de um mapa (rodoviário, arruamentos) ou a interpretação de

um outro (populacional, distribuição de indústrias, etc.). Por essas razões é

fundamental ao cidadão moderno ser capaz de fazer uma leitura crítica de mapas

(localizar, analisar, comparar e sintetizar as informações contidas), assim como em

outras representações, a exemplo de gráficos, organogramas, e tabelas. Eles

permitem a visualização dos fenômenos e processos naturais e culturais,

identificando suas dimensões aproximadas e sua localização no espaço terrestre.

Por outro lado, a estatística para a Geografia, constitui uma ferramenta

importantíssima, pois lida com dados ou elementos numéricos relativos a fatos ou

fenômenos sociais e naturais. A estatística tem como objetivo medir ou estimar a

extensão desses fenômenos e verificar suas inter-relações; por isso, ela auxilia na

análise, compreensão e explicação da realidade encontrada no espaço geográfico.

De acordo com GERARDI & SILVA-NENTWIG (1981) o advento das

modernas tecnologias, tem apresentado à sociedade um vasto panorama de

informações aparentemente caóticas e desconexas, que requerem a utilização de

técnicas estatísticas para selecionar e ordenar estas informações, tornando-as

manipuláveis e compreensíveis.

Pode-se dizer então, que no ensino da geografia o emprego de técnicas

quantitativas permite a redução da abundância de dados a formas manejáveis e

interpretáveis.

Em relação às outras formas de representação gráfica não se pode esquecer

de adotar as novas tecnologias. A educação tem experimentado mudanças na sua

forma de organização e produção, fazendo surgir novas formas de ensino-

aprendizagem, subsidiadas pela utilização de novas tecnologias no ambiente

escolar. No Estado do Paraná, a Secretaria de Estado da Educação tem

desenvolvido projetos que visam à integração de mídias com a finalidade de

proporcionar a inclusão e o acesso de alunos e professores da rede pública estadual

a essas tecnologias.

Nesse trabalho, foram utilizados objetos de aprendizagem diversificados,

como os recursos da TV multimídia, bem como, vídeos da TV Escola, que

contribuíram significativamente para educação, a partir do enriquecimento

audiovisual das aulas. Além disso, foram utilizados banners, contendo informação

visual (fotografias, gráficos, tabelas e mapas) acompanhada de texto explicativo,

estando todas as informações estruturadas na forma de fluxograma ou

organograma.

Conforme menciona MENDES (2004), objetos de aprendizagem são recursos

digitais construídos por meio de linguagens de programação (como HTML, e Java),

e/ou ferramentas de autoria (editores de textos, imagens e recursos multimídia).

Estas ferramentas permitem a construção de jogos, textos, áudios, vídeos, gráficos,

imagens, etc. usados no processo de aprendizagem. Esses objetos podem ser

usados e reusados em diferentes contextos educacionais.

A PROPOSTA DE TRABALHO E O USO DE RECURSOS VISUAIS COMO FORMA DE ABORDAGEM DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

O ponto de partida da proposta de trabalho idealizada pelos autores parte do

conteúdo de Geologia, considerando-se o conceito de rochas e de seus minerais

constituintes. Esta abordagem serviu de base para que o educando pudesse estudar

os recursos minerais do Estado do Paraná, contextualizando-os com suas

respectivas litologias associadas. Neste sentido, o material produzido pela

MINEROPAR, (2005), muito auxiliou na apresentação e no aprendizado dos

conteúdos básicos de Geologia, um tema sempre fascinante a qualquer idade do

aluno.

Além de conhecer os recursos minerais de seu estado, região e município, o

aluno deve perceber a importância dos mesmos na ocupação, na colonização, e no

desenvolvimento da região em que ocorrem.

Rochas e minerais sempre despertaram o interesse nos alunos. Partindo

deste fato, o presente trabalho pretende explorar este interesse, propiciando ao

aluno, o acesso via ilustrações e amostras (quando possível) dos recursos minerais,

referenciando-os às questões de ocupação do espaço geográfico.

Apresentar a nova proposta ao aluno requer, antes de tudo, apresentar ao

professor PDE, e posteriormente, aos seus pares, um nivelamento básico dos

conceitos geológicos pertinentes, aqui denominados de Base Conceitual

Introdutória. Esta base conceitual abrange conhecimentos sobre as principais rochas

dos três grandes grupos - Rochas Ígneas, Metamórficas e Sedimentares, e seus

respectivos minerais formadores. Em decorrência das rochas estudadas foram

tratados os principais solos associados, ressaltando-se os ocorridos no Paraná, e

em particular, no município no qual o professor trabalha. As informações do

nivelamento básico podem ser expostas oralmente, de forma sintética, juntamente

com a apresentação de banners ou pranchas temáticas auto-explicativas e

ilustrativas. A proposta de uso destas pranchas é a de visualizar os conceitos,

estando os mesmos correlacionados entre si, para que o conhecimento não seja

fracionado.

Ainda no que se referem à Base Conceitual Introdutória, os banners propõem

uma apresentação dos diferentes tipos de rochas e seus minerais constituintes.

Neste contexto são apresentados conceitos principais (de rochas, de minerais, de

solos), processos de formação das rochas (ígneas, metamórficas e sedimentares),

classificação dos minerais (principais minerais, minerais secundários,

argilominerais), incluindo-se as respectivas composições químicas e principais

propriedades físicas. Além dos conceitos acima expostos, este banner propõe uma

relação direta entre principais rochas, seus componentes minerais e solos derivados.

A partir da fundamentação teórica, anteriormente explanada, parte-se para a

apresentação de uma Base Conceitual Específica, calcada obrigatoriamente em

informações obtidas via levantamento bibliográfico e cartográfico da Geologia do

Estado do Paraná. Conhecidos os principais grupos de rochas e/as litologias

dispostas nos três grandes compartimentos geomorfológicos do estado, apontam-se

os respectivos recursos minerais associados.

A didática em sala de aula consiste na combinação de explanação oral

sucinta, e ilustrações, via banners e transparências, e de apresentações em Data

Show e na TV multimídia. Fotos, figuras, mapas, gráficos, tabelas, quadros,

organogramas e/ou fluxogramas, contribuem para a explicação de conceitos,

ocorrências, formas e processos, e que acabam resultando em um melhor

aproveitamento didático-pedagógico.

Como o tema tratado são os recursos minerais do Paraná, é necessária a

apresentação/explanação de termos afetos à classificação de minerais de interesse

econômico, como mineral de minério, minério, mineral industrial, e ganga.

A finalização da aula consiste na apresentação dos principais recursos

minerais do Paraná, associando-os com a sua ocorrência no estado. Para tal foram

utilizadas as transparências fornecidas pelo Kit da MINEROPAR; elas fazem parte

dos temas “Sua casa vem da Mineração”, e “As Principais Ocorrências Minerais do

Paraná”.

Quando possível, e dependendo é claro, da série e da turma, é mostrada a

associação dos minerais de minério (cada recurso mineral), com sua respectiva

composição química, visando estabelecer uma relação interdisciplinar com as

disciplinas de Química ou de Ciências.

Os educandos puderam desenvolver atividades usando mapa das cidades do

Paraná, onde puderam indicar, em cada região ou local, os recursos minerais

estudados, e responder perguntas sobre este tema. O desenvolvimento destas

atividades pretende possibilitar ao aluno, ampliar seu conhecimento sobre os recurso

minerais de seu estado, a distribuição geográfica, e a importância dos mesmos. Com

isto, será possível instigar no aluno a capacidade para análise da ocupação do

território paranaense e da sua região, buscando relações prováveis com o

desenvolvimento do espaço geográfico em estudo.

Como material complementar foi utilizado material elaborado pelo professor,

que consiste em uma caixa exibindo os principais solos de Loanda, organizados a

partir da estruturação de seus horizontes pedológicos. Além disto, foi apresentado

material fotográfico contendo as principais rochas ígneas, metamórficas e

sedimentares, devidamente identificadas, e no qual foi salientada a associação

destas, com os principais minerais, e os possíveis solos decorrentes.

A IMPORTÂNCIA DOS RECURSOS MINERAIS

De acordo com a MINEROPAR (Minerais do Paraná S/A, 2005), os Recursos

Minerais são todas as substâncias que podem ser extraídas da Terra e utilizadas

diretamente pelo homem, ou como matérias primas nas indústrias. A indústria

mineral Paranaense é produtora de minerais não metálicos, minerais empregados

especialmente na fabricação de produtos para a construção civil e para a agricultura.

Ela produz, ainda recursos energéticos, utilizados pela indústria química e para a

geração de termoeletricidade, além de grandes volumes de água mineral.

Segundo dados do Atlas Geológico da MINEROPAR (2001), o Estado possui

cerca de 600 empresas mineradoras legalmente registradas que declaram a

produção de 20 milhões de toneladas anuais correspondendo a aproximadamente

150 milhões de reais por ano. A produção mineral paranaense é bastante

concentrada em alguns municípios, reflexo direto da geologia que condiciona os

jazimentos e a atividade mineral. Os recursos minerais paranaenses podem ser

compreendidos, quando estudada a sua ocorrência nos respectivos compartimentos

geomorfológicos.

No primeiro compartimento existem explorações econômicas de agalmatolito,

água mineral, areia, argila, barita, calcário, calcário dolomítico, calcita, caulim,

chumbo, feldspato, ferro, filito, fluorita, granito, mármore, ouro, pirofilita, prata,

quartzo, rochas para brita e uso ornamental, talco e vermiculita. O segundo

compartimento geológico do estado é o principal produtor de insumos energéticos –

carvão e xisto pirobetuminoso, além de apresentar reservas de urânio, possuir uma

mina de calcário para corretivo agrícola e várias ocorrências de rochas carbonáticas.

No terceiro compartimento a principal riqueza mineral foi o desenvolvimento de um

solo de excelente qualidade, encontrando também minerais de cobre, ágatas e

ametistas. O quarto compartimento apresenta um baixo potencial mineral, exceção

às areias para construção civil e de uso industrial.

A proposta deste trabalho consiste não apenas em propiciar ao aluno, o

conhecimento dos recursos minerais, mas que o mesmo perceba a importância

destes recursos. Além do caráter econômico advindo de sua exploração, os recursos

ou bens minerais propiciam uma análise correlata com a ocupação, a colonização, e

o desenvolvimento da região, em que eles ocorrem. Afora isto, muitos dos bens

minerais, como a água, o carvão e o petróleo, por exemplo, têm aplicações diárias

na vida do ser humano.

De acordo com a MINEROPAR (2001), ao longo da história da humanidade,

os recursos minerais têm sido utilizados, por exemplo, para a confecção de

ferramentas, como facas, machadinhas, pontas de lança, e flecha. Na idade da

pedra, e posteriormente ao beneficiamento dos minerais (idade do bronze, e do

ferro), os produtos minerais foram utilizados para a produção de lanças, panelas, e

armaduras. As civilizações que fizeram uso desses recursos minerais tiveram

dominação armada sobre as demais.

Na sociedade moderna o conhecimento e a utilização de novos recursos

minerais como o carvão mineral, o petróleo e o urânio, proporcionam um maior

desenvolvimento do país e conseqüentemente, uma melhor qualidade de vida à sua

população. Nenhuma civilização pode prescindir do uso dos bens minerais quando

se pensa em qualidade de vida. Os recursos minerais detêm a capacidade de

alavancar a economia de uma região, gerando oportunidades de emprego, renda,

desenvolvimento social e econômico e conseqüentemente, o aumento da qualidade

de vida da população. Por outro lado, os recursos minerais também podem

promover o distanciamento social de uma determinada sociedade; a geração de

riquezas para o empresário, retentor da exploração mineral, normalmente se

contrapõe à mão de obra barata, senão escrava.

Um exemplo clássico desse tipo de exploração mineral é o caso da Serra de

Carajás, também conhecida como Província Mineral de Carajás, na qual foi

encontrada a mais rica reserva de minério de ferro do mundo. Pela diversidade de

seus recursos minerais e grandeza das jazidas ela é única no planeta, possuindo

ainda, reserva de ouro, prata, manganês, cobre, bauxita, zinco, níquel, cromo,

estanho e tungstênio. Este complexo minerador que já foi considerado o “Eldorado

Brasileiro”, já causou inúmeros impactos ambientais e sociais, decorrentes das

atividades advindas da mineração, esta que pertence à Companhia Vale, que possui

participação financeira nacional e internacional. Esta empresa já trouxe enormes

benefícios econômicos para a região da Serra dos Carajás, que também dispõe de

diversos sítios arqueológicos, alguns até hoje ainda não totalmente estudados, e

outros, destruídos pela atividade mineradora. O grande pólo minerário do Carajás é

atualmente o maior complexo mínero-metalúrgico do mundo. Ao longo da EFC

(Estrada de Ferro Carajás) há 14 siderúrgicas, concentradas em um raio de apenas

150km, principalmente instaladas nas regiões de Marabá/PA e Açailândia/MA. O

minério de ferro é exportado (100% no caso de várias siderúrgicas) para os

mercados dos EUA, Europa, China e Japão. (MOVIMENTO DAS MULHERES

CAMPONESAS DO PARÁ, 2008).

Do ponto de vista ambiental, a que se frisar que cada siderúrgica pode chegar

a consumir mais de 300 toneladas de carvão vegetal por dia, fato que muito tem

contribuído para o desflorestamento da região. Atualmente as áreas de floresta

nativa na região são quase inexistentes. Esse modelo econômico é desgastante,

pois emprega muito poucas pessoas em comparação com outras possíveis formas

de utilização da terra; concentra o poder e o dinheiro nas mãos de poucos

empreendedores da região, não permitindo nenhum tipo de debate a respeito de

alternativas possíveis; além de afetar a saúde da população devido à poluição.

Outro importante exemplo de exploração de recursos minerais no Brasil, foi o

da extração de ouro no garimpo de Serra Pelada no Pará, que motivou uma

explosão demográfica daquela região, início dos anos 80. Na ocasião, 116 mil

homens garimpavam ouro que abundava na região, e a cada dia chegavam pessoas

em busca do tão falado Eldorado. Em conseqüência do aumento assustador do

número de pessoas naquela região do estado paraense, advieram prostituição,

contrabando e tráfico. Não bastassem estes fatos de cunho sócio-econômico,

acidentes de trabalho engrossaram as estatísticas de mortes no local; acredita-se

que em doze anos de funcionamento do garimpo, morreram 300 a 500 homens. Não

bastassem as explorações contínuas, os desmoronamentos das frentes de lavra

eram freqüentes, fatos estes que resultaram em tantas mortes. Afora o aspecto

humano, a degradação ambiental deixou marcas profundas em superfície; com a

destruição do morro, restou um enorme buraco, que atingiu o lençol freático, e com

isto, a inundação da cratera. (CRISTINA, 2008).

Um último exemplo das implicações de caráter social, econômico e ambiental

de um local de exploração mineral é o da mineração de chumbo em Adrianópolis,

norte do Paraná, na divisa com o Estado de São Paulo. A mina que encerrou suas

atividades em meados da década de 1990 deixou um “legado negativo”. De acordo

com FIGUEIREDO (2005), antigos descartes de minas e depósitos de rejeitos

minerais, com altas concentrações de chumbo, encontram-se expostos nas

proximidades da desativada mina da mineradora Plumbum, em Adrianópolis. Os

sedimentos do rio Ribeira nessa localidade ainda apresentam concentrações de

chumbo de até 175 partes por milhão, valor inferior aos obtidos em pesquisas

anteriores, mas ainda bastante elevado. As amostras de solo superficial, coletadas a

várias distâncias da mina, apresentaram concentrações de chumbo variando de 21 a

916 partes por milhão, aumentando em direção à planta industrial. As amostras de

solos de hortas residenciais também apresentam chumbo em concentrações

excessivas, fato também observado em amostras de poeira coletadas no interior de

residências. Dados recentes de 2004 e 2005 apontam que, da análise de certos

alimentos consumidos pela população, revelaram que, com exceção do leite e do

milho, as concentrações de chumbo em ovos e em várias espécies de verduras e de

legumes, colhidos nas hortas das comunidades próximas da mina, excedem os

limites estabelecidos pela legislação brasileira. As pessoas hoje convivem com

passivos ambientais e encontram-se expostas a substâncias nocivas à saúde,

devendo ser, portanto, assistidas pelas autoridades de saúde locais e estaduais bem

como pelos órgãos ambientais dos estados do Paraná. Casos como este pode trazer

um significativo prejuízo à qualidade de vida da população que vive da mineração

e/ou que mora em suas cercanias.

Os meios de comunicação divulgam o constante crescimento da economia

Brasileira e da economia Paranaense o que certamente implica em um aumento da

demanda de recursos minerais. Cabe à população local onde forem explorados os

recursos minerais cobrar das empresas e autoridades competentes uma utilização

responsável e sustentável dos recursos, para que não ocorra em nosso estado um

prejuízo ambiental e de saúde como o de Adrianópolis (região nordeste do estado)

na região do Vale do Ribeira, cuja população, até os dias atuais, sofre

conseqüências da exploração irresponsável.

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS E RECURSOS DIDÁTICOS ADOTADOS

Os temas tratados nos banners apresentados em sala de aula, contêm as seguintes

informações integradoras:

1 – Principais Rochas, seus Minerais formadores e solos associados.

2 – Principais rochas e seus minerais do estado do Paraná.

Ao tratar destas questões foi possível correlacionar conteúdos como Rochas,

Minerais, Intemperismo, Solos e Recursos Minerais. Além de despertar interesse no

aluno, a forma como o tema foi e pretende ser tratado, deve possibilitar:

- a inserção do tema recursos minerais no contexto histórico e cultural da ocupação

do espaço geográfico;

- o despertar do interesse do aluno à preservação e ao desenvolvimento sustentável

do meio ambiente, partindo-se da contraposição dos conceitos de paisagem natural

e paisagem antropizada;

- a conscientização do aluno sobre o fato de que o conhecimento não deve ser

fracionado, ou seja, desconectado da compreensão de outros conhecimentos

correlatos;

- ao professor PDE, e a quem ele possa transmitir a idéia do trabalho, uma nova

forma de apreender e transmitir conteúdos;

- o maior conhecimento do aluno, e da comunidade, em geral, a respeito da

importância dos recursos minerais para o desenvolvimento de uma cidade ou região.

Após a construção do modelo didático-pedagógico proposto, durante o segundo

semestre de 2007, mesmo antes de expô-lo em sala de aula a referida proposta de

trabalho foi apresentada para os professores da área de Geografia, bem como, para

os demais professores da escola durante a primeira reunião pedagógica no início do

ano letivo de 2008, no dia 12/02/2008, com o intuito de divulgar para os colegas de

ensino uma proposta de trabalho que pode perfeitamente ser entendida e aplicada a

outras áreas do conhecimento (química, física, matemática, biologia, etc.).

As informações expostas permitiram que fossem estabelecidas relações

sócio-econômico-ambientais do município, região, e estado.

Assim, para o desenvolvimento do trabalho em sala de aula foram utilizados

quatro banners. O primeiro deles traz como tema abordado, Rochas e Minerais, e foi

elaborado pela professora PDE, Elizabete A. Moreno, igualmente orientanda da Prof.

Dra. Susana Volkmer. Neste banner é exposta definição de rocha, a apresentação

em fotos e texto dos principais tipos rochosos (entre ígneas, metamórficas e

sedimentares); os principais minerais formadores das rochas, minerais secundários,

e argilominerais, todos com suas respectivas fotografias e composições químicas. O

segundo banner apresenta a relação rochas-solo, e os principais problemas

ambientais decorrentes de sua exploração, enfatizando-se os ocorridos em Loanda,

e os processos erosivos que lá ocorrem. Dois outros banners correspondem às

informações fornecidas pelo Kit da MINEROPAR. Eles correspondem a cartogramas

contendo os temas “Sua Casa vem da Mineração”, que mostra a distribuição dos

recursos minerais em uma residência, e outro denominado “Principais Ocorrências

Minerais do Paraná”, que mostra as principais unidades geológicas do estado e a

distribuição geográfica dos recursos minerais metálicos, não metálicos e os recursos

energéticos.

As pranchinhas individuais fornecidas a cada educando para manuseio

constituem reproduções dos cartogramas citados anteriormente. Também foram

feitas transparências contendo os conceitos fundamentais sobre rocha e minerais,

sendo estes mesmos posteriormente utilizados e veiculados na TV Multimídia.

Do material produzido para os alunos, consta montagem de uma caixa de

minerais, e de três caixas; contendo cada uma, um perfil de solo, exibindo seus

respectivos horizontes pedológicos. Uma delas exibe o Latossolo vermelho que

ocorre no município de Loanda. Outra caixa mostra um Latossolo vermelho

eutroférrico, do município de Maringá. A terceira caixa exibe amostras de solo

diversificados do Estado do Paraná; esta caixa tem o intuito de mostrar

diferenciações de cor e textura verificadas em solos distintos.

Por fim, foram produzidos e formatados no programa PowerPoint, para

exibição na TV Multimídia ou em Data show, imagens dos principais tipos de rochas

(entre ígneas, metamórficas e sedimentares), fotografadas do Laboratório de

Mineralogia do Departamento de Geografia da Universidade Estadual de Maringá-

UEM, e também, fotografias obtidas da Wikipédia, de domínio público.

REGISTRO DAS AÇÕES PREVISTAS E RESULTADO DAS AÇÕES EXECUTADAS.

O início do trabalho ocorreu no começo do ano letivo de 2008 para as série do

2º ano do Ensino Médio, turma A matutino, B e C noturno e 5ª série A matutino. Na

ocasião o professor fez explanação da proposta de trabalho, verificando entre os

alunos o que era sabido sobre os recursos minerais do Paraná. No segundo

encontro foi apresentado aos educandos o Banner nº 1 - Rochas e Minerais,

acompanhado de exposição oral, e ilustrações das principais rochas do globo, seus

minerais formadores e argilominerais mais importantes associados. No terceiro

encontro foi levado à sala de aula o Kit da MINEROPAR contendo amostras de

rochas, minerais e alguns recursos ou bens minerais do estado, além de amostras

de rochas e minerais do acervo particular do professor. Nesta oportunidade os

educandos puderam entrar em contato com os recursos minerais de nosso estado, e

por meio de demonstração prática, compreender conceitos referentes a

propriedades dos minerais, tais como: dureza, brilho, cor, e traço. A realização desta

ação despertou a curiosidade e a participação dos alunos que fizeram vários

questionamentos como: Onde se localiza essas rochas? Para que serve? Vale

dinheiro essas amostras? Pode ser encontrado em qualquer tipo de rocha? Paga

imposto? Qualquer um pode explorar? Esta aula foi muito agradável, para professor

e alunos, podendo ser perceptível o interesse e a apreensão pelo tema. No quarto

encontro, foram utilizadas transparências contendo os conceitos fundamentais de

mineralogia, mineral, polimorfismo, mineralóide, cristal, argilo-minerais, mineral de

minério, ganga, minério, mineral industrial, recursos minerais e de jazida mineral.

Uma opção encontrada para melhorar esta aula foi a produção de slides para

utilização na TV Multimídia.

No quinto encontro foi utilizado um recurso audiovisual novo na escola, a TV

Multimídia, que permitiu a exibição de imagens das principais rochas do Paraná ,

além de vídeo da TV Escola sobre Rochas e Minerais. Neste caso, foram abordados

conteúdos como: as transformações que ocorrem em nosso planeta e a formação

das rochas. Foi exibido ainda o vídeo “Solo na Escola”, uma produção realizada pelo

Departamento de Solos e Engenharia Agrícola (www.dsea.ufpr.br) da Universidade

Federal do Paraná (www.ufpr.br). Este vídeo tem o objetivo de mostrar o solo

enquanto componente do ambiente natural, e que deve ser conhecido e preservado,

considerando a sua importância para a manutenção do ecossistema terrestre e a

sobrevivência dos organismos que dele dependem.

O sexto encontro foi usado para a utilização de caixas de perfil de solo

contendo solos de Loanda (latossolo vermelho), indicando os diferentes horizontes

do mesmo, com o intuito de apresentar o tipo de solo do município, explicar o

processo de intemperismo, e comparar com o latossolo vermelho de Maringá. Esta

ação foi realizada com sucesso; os educandos gostaram da forma como foi

transmitido o conteúdo (banner), e também das experiências práticas sobre o solo,

como o plantio de uma semente de feijão em diferentes tipos de solo do Paraná.

A sétima ação ou encontro foi usado para a apresentação do banner

contendo os Recursos Minerais do Paraná, e as utilidades domésticas e industriais

dos mesmos. Os educandos receberam uma pranchinha individual para que

pudessem acompanhar individualmente, a aula sobre a ocorrência e a importância

dos recursos minerais no estado.

Na oitava e nona ações, utilizou-se novamente das pranchinhas individuais e

o professor entregou aos educandos um mapa das mesorregiões geográficas do

Paraná, para que fossem localizadas nas mesmas, os respectivos recursos minerais.

Esta aula permitiu ao aluno a espacialização dos bens minerais do estado, de modo

que ele pudesse ainda verificar áreas mais propensas às atividades mineradoras, e

o quanto destas interferiu na atividade econômica do município ou região.

Na décima aula desenvolveu-se novamente uma atividade com as

pranchinhas individuais, utilizando-se agora de mapa com os quatro compartimentos

geológicos, e os três compartimentos geomorfológicos do estado. Os alunos

desenvolveram a atividade para perceber a relação entre as litologias e a existência

de recursos minerais em nosso Estado. Na décima primeira ação encerraram-se as

atividades com mapas utilizando um mapa das Províncias de ocorrências minerais

do Paraná (organizado pelo autor), tendo como material de referência às

transparências produzidas pela MINEROPAR. Os educandos realizaram a atividade

proposta e demonstraram compreender o conceito de província de ocorrência de

minerais.

Na décima segunda aula foi realizada uma avaliação escrita sobre os

conteúdos ministrados para averiguar os resultados da aprendizagem dos

educandos e o resultado do desenvolvimento do projeto, o que demonstrou a

eficácia do projeto.

A partir da décima terceira aula até a décima sexta aula foi retomado o uso do

livro didático público do Estado do Paraná. A partir do título “Pare de sonhar com um

carro!”, foram tratadas questões referentes a: Fontes de Energia – Recursos

renováveis e não-renováveis; Carvão Mineral e Petróleo; Exploração no Paraná,

Brasil e Mundo; Energia Elétrica – hidrelétricas no Paraná e Brasil; Utilização do

Urânio, e Xisto como fonte de Energia. Todos os temas foram reforçados com slides

e/ou vídeos na TV multimídia. Na décima oitava aula foram realizadas atividades

escritas para fixação dos conteúdos: Fontes de Energia - renováveis e não-

renováveis; Carvão Mineral e o Petróleo; a Energia Elétrica; Urânio e Xisto.

Na décima nona aula foi trabalhado o Etanol (álcool) como fonte de energia.

Texto explicado pelo professor e realização de um resumo escrito pelos educandos.

Na vigésima aula foi trabalhado o tema Biodiesel – vantagens e desvantagens desta

fonte de Energia, reforçado com vídeos na TV Multimídia. Na vigésima primeira aula

foi realizada uma avaliação escrita objetiva e subjetiva dos conteúdos ministrados,

com objetivo de averiguar a aprendizagem dos conteúdos, como também preparar

os educandos para realização de provas objetivas e subjetivas de vestibulares e

concursos públicos.

A REPERCUSSÃO DO TRABALHO A proposta de trabalho foi apresentada para os professores da área de

Geografia, bem como para os demais professores da escola durante a primeira

reunião pedagógica no inicio do ano letivo de 2008. Essa explanação teve o intuito

de divulgar para os demais educadores, o trabalho que seria desenvolvido. Vários

colegas de trabalho elogiaram o material desenvolvido e a proposta de trabalho que

seria implementada na escola; a direção da escola e a equipe pedagógica se

propuseram a contribuir de alguma forma.

A realização de nossa proposta de trabalho em sala de aula teve um retorno

favorável por parte dos alunos que gostaram do material didático elaborado, e da

forma como transcorreram as atividades, participando ativamente de todas as ações

desenvolvidas. Após uma análise preliminar, e uma posterior avaliação escrita, foi

possível perceber o bom andamento dos trabalhos, considerando-se ter havido um

bom desempenho por parte dos alunos.

A boa repercussão do trabalho pode ser traduzida pelas palavras de alunos

do 2º Ano - turma A - do Ensino Médio: “para os quais o trabalho desenvolvido não

foi uma aula diferente, mas um bimestre inteiro com aulas diferentes”.

CONCLUSÃO Durante o período de onze anos como educador, pude constatar que os

recursos minerais são geralmente pouco explorados em sala de aula. Os educandos

acabam assim, não tendo noção de sua importância estratégica, bem como da

necessidade de utilização racional desses recursos.

Sem essa conscientização da opinião pública, governos neoliberais têm

aproveitado e entregue esses recursos à pilhagem do capital internacional ou para

beneficiar grupos locais aliados. A não manifestação da sociedade frente a essas

questões, implica na alienação das conseqüências político-econômico-social da

exploração dos bens minerais; para restar à confrontação com problemas ambientais

advindos da exploração mineral.

O trabalho, por seu caráter inovador, por si só, já é de grande valia. A

discussão dos temas propostos teve por intuito, também, fazer o aluno pensar a

Geografia como uma ciência não fragmentada ou dicotomizada, além de

desenvolver uma consciência ambiental e social sobre o uso sustentável dos

recursos minerais do nosso estado.

Se o propósito não foi integralmente alcançado, pelo menos, foi lançada a

oportunidade de se tratar o conhecimento de uma forma inovadora e possível, que

tem o compromisso de despertar o interesse do aluno. Isto, sem sombra de dúvidas,

conseguimos.

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