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Câmara dos Deputados Praça dos 3 Poderes Consultoria Legislativa Anexo III - Térreo Brasília - DF RECURSOS PARA O DESPORTO NA VIGÊNCIA DA LEI PELÉ Emile Boudens Consultor Legislativo da Área XV Educação, Desporto, Bens Culturais, Diversões e Espetáculos Públicos ESTUDO FEVEREIRO/2002

RECURSOS PARA O DESPORTO NA VIGÊNCIA DA LEI PELÉ...RECURSOS PARA O DESPORTO NA ... Empresas estatais comoEmbratel, Caixa, Banco do Brasil, Telebrás, Petrobrás e Correios são conhecidos

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Câmara dos DeputadosPraça dos 3 PoderesConsultoria LegislativaAnexo III - TérreoBrasília - DF

RECURSOS PARA O DESPORTO NAVIGÊNCIA DA LEI PELÉ

Emile BoudensConsultor Legislativo da Área XV

Educação, Desporto, Bens Culturais,Diversões e Espetáculos Públicos

ESTUDOFEVEREIRO/2002

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ÍNDICE

© 2002 Câmara dos Deputados.

Todos os direitos reservados. Este trabalho poderá ser reproduzido ou transmitido na íntegra, desde que

citados o(s) autor(es) e a Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados. São vedadas a venda, a reprodução

parcial e a tradução, sem autorização prévia por escrito da Câmara dos Deputados.

1 - PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS ........................................................................................ 32 - RECURSOS PARA O DESPORTO E INCENTIVOS NA LEI PELÉ ................................... 43 – RECURSOS DAS LOTERIAS NA LEI PELÉ ........................................................................ 74 - LEI Nº 10.264, DE 16 DE JULHO DE 2001 ........................................................................... 75 – RECURSOS ORÇAMENTÁRIOS ........................................................................................... 96 - LEI Nº 7.752, DE 14 DE ABRIL DE 1989 ............................................................................ 107 - FUNDOS E INCENTIVOS NA LEGISLAÇÃO DESPORTIVA ANTERIOR ................. 128 - COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONCORRENTE ........................................................... 149 - O MODELO DE APOIO DO DISTRITO FEDERAL: LEI Nº 225, DE 30.12.1991 ........ 1510 - TENTATIVAS DE RESTAURAÇÃO DOS INCENTIVOS FISCAIS ................................. 1611 - SUGESTÃO DE SUBSTITUTIVO PARA OS PROJETOS EM TRAMITAÇÃO .............. 1712 - LEI DE INCENTIVO À CULTURA E LEI DE INCENTIVO AO DESPORTO .............. 1913 - INCENTIVOS FISCAIS PARA O DESPORTO: UMA REFLEXÃO ................................. 2014 – BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................... 2315 - ANEXO I: LEI Nº 8.313, DE 23 DE DEZEMBRO DE 1993 ............................................ 2416 - ANEXO II: DECRETO N° 98.595, DE 18 DE DEZEMBRO DE 1989 ........................... 33NOTAS DE REFERÊNCIA ........................................................................................................ 40

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1 - PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

O Art. 217 da Constituição Federal assim estatui:“É dever do estado fomentar práticas desportivas formais

e não formais, como direito de cada um, observados:I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e

associações quanto a sua organização e funcionamento;II - a destinação de recursos públicos para a promoção

prioritária do desporto educacional e, em casos específicos,para a do desporto de alto rendimento;

III - o tratamento diferenciado para o desporto profissionale o não profissional;

IV - a proteção e o incentivo às manifestações desportivasde criação nacional”. (...)

A Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998, Lei Pelé,com a redação que lhe foi dada pela Lei nº 9.981, de 14 de julhode 2000, assim define as diversas manifestações do desporto:

- prática desportiva formal: a que é regulada por normasnacionais e internacionais e pelas regras de prática desportivade cada modalidade, aceitas pela respectivas entidades nacionaisde administração do desporto (art. 1º, § 1º;

- prát i ca desport iva não formal : a que écaracterizada pela liberdade lúdica de seus praticantes (art. 1º, §2º);

- desporto educacional: o que é praticado nos sistemasde ensino e em formas assistemáticas de educação, com afinalidade de alcançar o desenvolvimento integral do indivíduoe a sua formação para o exercício da cidadania e a prática dolazer, evitando-se a seletividade e a hipercompetitividade (art.3º, I);

RECURSOS PARA O DESPORTO NA VIGÊNCIA DA LEI PELÉ

Emile Boudens

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- desporto de rendimento: o que é praticado segundo as normas gerais da legislação desportivae as regras de prática desportiva nacionais e internacionais, com a finalidade de obter resultados eintegrar pessoas e comunidades do País e estas com as de outras nações (art. 3º, III).

O desporto de rendimento pode ser organizado e praticado:- de modo profissional: o que é caracterizado pela remuneração pactuada em contrato formal

de trabalho entre o atleta e a entidade de prática desportiva;- de modo não-profissional: o que é identificado pela liberdade de prática e pela inexistência

de contrato de trabalho, sendo permitido o recebimento de incentivos materiais e de patrocínio.A legislação complementar e a prática administrativa permitem concluir que os “casos

especiais” a que se refere o inciso II do art. 217 da Constituição Federal são eventos como JogosOlímpicos (Paraolímpicos), Jogos Pan-americanos e Sul-americanos, Campeonatos Mundiais, JogosBrasileiros Desportivos (Paradesportivos).

No que concerne às manifestações desportivas de criação nacional, não existe definiçãolegal. Segundo o art. 3º do Decreto nº 981/93, que regulava a Lei Zico, o desporto de criaçãonacional “tem identidade efetivamente fundada nos procedimentos sociais, étnicos e históricos, a partir de seuselementos estruturais, símbolos e signos reconhecidos pelo povo como de raízes brasileiras”. Seriam de criaçãonacional, entre outros desportos, a peteca, a capoeira, o futebol de salão e o futevôlei.

2 - RECURSOS PARA O DESPORTO E INCENTIVOS NA LEI PELÉ

A Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998, distingue vários tipos de recursos, não todospúblicos, é óbvio:

a) recursos do Instituto de Desenvolvimento dos Desporto - INDESP (art. 6º);b) recursos necessários ao fomento das práticas desportivas formais e não formais a que

se refere o art. 217 da Constituição Federal (art. 56);c) recursos para a assistência social e educacional aos atletas profissionais, ex-atletas e

aos em formação, que serão recolhidos diretamente para a Federação das Associações de Atletasprofissionais - FAAP (art. 57);

d) recursos para o COB e o COI, em especial (art. 9º);e) recursos para as entidades de administração e de prática, em geral (arts. 18, 42, 60 e

70, 87).A Lei Pelé não cria qualquer incentivo fiscal, muito embora a ele faça referência no art.

18, que estabelece condições para o recebimento deste e de outros recursos públicos federais daadministração direta e indireta, e no art. 56, V, que inclui entre os recursos para o desporto “incentivosfiscais previstos em lei”. Curiosamente, não se sabe por sugestão de quem, a Câmara dos Deputadossuprimiu do projeto de lei de Pelé até mesmo o art. 48 - o da concessão de isenção de tributosfederais para a importação de equipamentos, materiais e componentes destinados ao treinamento deatletas -, que esteve presente na legislação desportiva pelo menos desde a Lei nº 6.251, de 8 deoutubro de 1975.

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A propósito, o art. 7º estabelece que os recursos do INDESP serão destinados a:I - desporto educacional;II - desporto de rendimento, nos casos de participação de entidades nacionais de

administração do desporto em competições internacionais, bem como de competições brasileirasdos desportos de criação nacional;

III - desporto de criação nacional;IV - capacitação de recurso humanos:a) cientistas desportivos;b) professor de educação física; ec) técnicos de desporto;V - apoio a projetos de pesquisa, documentação e informação;VI - construção, ampliação e recuperação de instalações esportivas;VII - apoio supletivo ao sistema de assistência ao atleta profissional com a finalidade de

promover sua adaptação ao mercado de trabalho quando deixar a atividade;VIII - apoio ao desporto para pessoas portadoras de deficiência.De acordo com o art. 18 da Lei Pelé, precedentemente mencionado, só podem receber

recursos públicos federais, as entidades desportivas que provarem ter viabilidade econômica eautonomia financeira, conseguirem manifestação favorável do COB, cumprirem as leis brasileiras enada não devam aos atletas, ao INSS, ao FGTS e ao fisco em geral.

No quadro a seguir estão registrados os recursos para o desporto previstos na Lei Pelé,por fonte e por destinatário. Não está claro por que deve haver recursos para o INDESP (art. 6º) eoutros para o desporto (art. 56), nem qual o procedimento que será adotado no caso de recursosdestinados tanto ao INDESP quanto ao desporto (receitas de concursos de prognósticos previstosem lei; doações, legados e patrocínios; prêmios de concursos de prognósticos da LEF não reclamados).

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RECURSOS PARA O DESPORTO SEGUNDO A LEI Nº 9.615, DE 24 DE MARÇO DE 1998FONTES INDESP

(art. 6º)DESPORTO

(art. 56)FAAP

(art. 57)COB/CPB

(art. 9º)ESTADOS &MUNICÍPIOS

(arts. 6º, §§ 2º e3º)

ENTIDADESDESPORTI-

VAS(arts. 18, 42, 60

e 70)ORÇAMENTO União. xDOAÇÕES,Legados,PATROCÍNIOS

x x

LOTERIAS 1. 15% daLoteriaEsportivaFederal.

x Anualmente,a renda líquidade um dostestes da LEF;nos anos derealização deJogosOlímpicos eJogos Pan-americanos, arenda líquida demais um teste.

10% daarrecadação daLEF, pelo usode suasmarcas,denominações,etc., nosvolantes.

2. Receitasoriundas deoutrosconcursos deprognósticosprevistos em lei.

Idem.

3. 2/3 doadicional de4,5% sobrecada bilhete dosconcrusos deprognósticos daCAIXA

1/3 do"adicional",sendo metadedesse valorpara o Estado,a outra metadepara osMunicípios, naproporção desua população.

4. Prêmios daLoteriaEsportivaFederal nãoreclamados.

Idem.

FUNDOSDESPORTIVOS

x

INCENTIVOSFISCAIS

x

OUTRASFONTES

x x 1. 1% do valordo contrato doatletaprofissional, damulta contratuale daarrecadaçãoobtida embilheteria;

2. Receitaproveniente daaplicação depenalidadespecuniárias aosatletas.

1. Rendaproven iente dacessão dodireito à fixação,transmissão eretransmissãode imagem deeventosdesportivo;

2. Renda douso comercialdedenominação,logotipo,símbolo, etc.

3. Bingo.

(Empresas estatais como Embratel, Caixa, Banco do Brasil, Telebrás, Petrobrás e Correios são conhecidospatrocinadores.)

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Importante registrar que o INDESP está extinto desde 26 de outubro de 2000, por forçado art. 25 da Medida Provisória nº 2.049-24. A União é sucessora dos direitos e das obrigações. Asatribuições ficaram transferidas para o Ministério do Esporte e Turismo e a Caixa Econômica Federal(as relativas ao bingo).

3 – RECURSOS DAS LOTERIAS NA LEI PELÉ

Pela Lei Pelé, o valor do adicional de quatro e meio por cento sobre o valor de cadabilhete nos concursos de prognósticos (art. 6º, inciso II) não deve ser computado no montante daarrecadação das apostas para fins de cálculo de prêmios, rateios, tributos de qualquer natureza outaxas de administração (art. 6º, § 1º). Consoante a regulamentação, “renda líquida” é a diferençaentre o valor da arrecadação do concurso e a soma das parcelas destinadas à Seguridade Social, àCEF, aos clubes brasileiros incluídos no teste e ao pagamento dos prêmios e do imposto de renda(Decreto nº 2.574/98, art. 7º, § 6º).

Por força do art. 9º da Lei Pelé, tanto o Comitê Olímpico Brasileiro quanto o ComitêParaolímpico Brasileiro fazem jus, anualmente, à renda líquida de um dos testes da Loteria EsportivaFederal, para treinamento das delegações nacionais. Nos anos de realização de eventos internacionais,a renda de mais um teste será destinada à participação das delegações nesses eventos.

Ao disciplinar a divisão da renda das loterias, os autores da Lei Pelé não se lembraram daLei Complementar nº 79, de 7 de janeiro de 1994, que destina ao Fundo Penitenciário Nacional 3%do montante arrecadado dos concursos de prognósticos, sorteios e loterias, e a Lei nº 9.288, de 1ºjulho de 1996, que destina ao Crédito Educativo 30% da receita líquida dos concursos de prognósticosadministrados pela Caixa, bem como dos prêmios não procurados.

Salvo melhor entendimento, aumentar de 4,5% para 10% o “Adicional do INDESP”,como querem alguns parlamentares, não significa aumento real, mas, pelo contrário, diminuição dareceita. De fato, para se calcular o valor do “Adicional do INDESP”, torna-se a arrecadação mensaltotal (por exemplo, no caso da LEF, a arrecadação em dezembro de 1999 foi de R$ 6.029.413,00) edivide-se esse total por 104,50 (e não 100!). O quociente é tido na conta de 1%. Assim, a quantiadestinada ao Fundo Nacional da Cultura “um por cento da arrecadação bruta dos concursos eprognósticos e ...”) será de R$ 57.697,71 apenas, e não de R$ 60.294,13. Como se vê, quanto mais seeleva o valor do adicional, menos recursos haverá para o desporto, para a cultura, etc. Ass demaiscotas são quase todas múltiplos de R$ 57.697,71.

4 - LEI Nº 10.264, DE 16 DE JULHO DE 2001

Alterou a redação do art. 56, da Lei nº 9.625, inserindo dispositivo pelo qual passam aintegrar os recursos necessários ao fomento das práticas desportivas formais e não formais a que serefere o art. 217 da Constituição Federal:

“dois por cento da arrecadação bruta dos concursos de prognósticos e loterias federais e similares cujarealização estiver sujeita a autorização federal, deduzindo-se este valor do montante destinado aos prêmios” (incisoVI).

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Estabelece a lei, ainda, que:do total de recursos financeiros resultantes do percentual de que trata o inciso VI do caput, oitenta e

cinco por cento serão destinados ao Comitê Olímpico Brasileiro e quinze por cento ao Comitê Paraolímpico Brasileiro,devendo ser observado, em ambos os casos, o conjunto de normas aplicáveis à celebração de convênios pela União (§1º);

dos totais de recursos correspondentes aos percentuais referidos no § 1o, dez por cento deverão serinvestidos em desporto escolar e cinco por cento, em desporto universitário (§ 2º);

os recursos a que se refere o inciso VI do caput constituem receitas próprias dos beneficiários, que osreceberão diretamente da Caixa Econômica Federal, no prazo de dez dias úteis a contar da data de ocorrência decada sorteio e serão exclusiva e integralmente aplicados em programas e projetos de fomento, desenvolvimento emanutenção do desporto, de formação de recursos humanos, de preparação técnica, manutenção e locomoção de atletas,bem como sua participação em eventos desportivos (§ 3º);

dos programas e projetos referidos no inciso II do § 3o será dada ciência aos Ministérios da Educaçãoe do Esporte e Turismo (§ 4º);

cabe ao Tribunal de Contas da União fiscalizar a aplicação dos recursos repassados ao ComitêOlímpico Brasileiro e ao Comitê Paraolímpico Brasileiro em decorrência desta Lei (§ 5º).

Em síntese, de acordo com a Lei nº 10.264/01:

( 1,7% destina-se ao COB da arrecadação total das loterias da CEF ( ( 0,3% destina-se ao CPB

( 5% irão para o desporto universitário desses recursos, obrigatoriamente, (

( 10% irão para o desporto escolar

Pesquisa realizada pelo Correio Braziliense, publicada em 20 de março de 2001, comutilização de dados de 2000, concluiu pelos seguintes valores absolutos (em reais):

(DU: 2.104.350,00 ( COB: 35.773.952,00 + ( ( (DE: 4.208.700,00 ( 2% de 2.475.706.000,00 = 49.514.120,00 ( ( ( (DU: 371.355,00 ( CPB: 6.313.052,00 + ( (DE: 742.711,00

Em Lutar com Palavras, Edmílson Caminha registra:“Olimpíada de Sidney: Brasil, 52º lugar, com seis medalhas de prata e seis de bronze. Como o Comitê

Olímpico Brasileiro gastou R$ 17.860.000,00 com nossos atletas, conclui-se que cada medalha nos saiu porR$ por 1.432.000,00. Carinhas, hem?” A crítica é procedente não só na medida em que, como observa opróprio Caminha, “trazer medalhas será fruto da importância e do apoio que dermos às atividades desportivas– nas escolas, nos clubes, nos sindicatos e nas igrejas -, a exemplo do que se vê nos Estados Unidos, em Cuba

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e na Grã-Bretanha”, como também porque a aplicação dos recursos lotéricos que a lei destina ao ComitêOlímpico Brasileiro e ao Comitê Paraolímpico Brasileiro não está sujeita a qualquer controle por parte da“comunidade desportiva”.

5 – RECURSOS ORÇAMENTÁRIOS

De acordo com um levantamento publicado no Correio Braziliense de 26 de novembrode 2001, foram os seguintes os gastos do Governo Federal com educação física e desportos, dentrodo exercício:

E m R $ m i l h õ e s

A N O A U T O R I Z A D O E X E C U T A D O V A R I A Ç Ã O %

1 9 9 7 1 2 9 , 6 9 0 , 6 6 9 , 9

1 9 9 8 1 5 2 , 8 1 0 7 , 0 7 0 , 0

1 9 9 9 1 4 7 , 9 7 9 , 0 5 3 , 5

2 0 0 0 ( 1 ) 2 2 8 , 1 1 5 1 , 9 ( 2 ) 6 6 , 6

2 0 0 1 ( 2 ) 3 6 4 , 5 5 7 , 9 ( 3 ) 1 5 , 6( 1 ) O s g a s t o s r e f e r e m - s e à f u n ç ã o o r ç a m e n t á r i a “ d e s p o r t o e l a z e r ” .( 2 ) I n c l u i r e s t o s a p a g a r d e 2 0 0 0 , p a g o s e m 2 0 0 1 .( 3 ) A t é 2 2 d e n o v e m b r o .

Na mesma reportagem, o periódico compara os gastos feitos pela União com “desportoe lazer”, no exercício de 2001, com algumas despesas burocráticas:

L I M P E Z A R $ 3 1 0 . 3 6 3 . 5 8 9 , 0 9

V I G I L Â N C I A R $ 3 0 5 . 0 1 9 . 1 6 1 , 9 2

P A S S A G E N S R $ 2 7 1 . 2 6 1 . 1 1 8 , 9 3

P U B L I C I D A D E R $ 1 6 4 . 4 3 9 . 4 1 9 , 9 4

R E P R O G R A F I A R $ 5 7 . 6 7 9 . 1 2 4 , 0 3

D E S P O R T O R $ 5 7 . 9 9 7 6 6 3 , 0 0

Consoante a Mensagem ao Congresso Nacional – 2001, o dinheiro foi aplicado nosseguintes programas: Esporte Solidário (apoio às prefeituras municipais para a construção,modernização e adequação de quadras, ginásios e outros espaços esportivos, nas áreas de reconhecidacarência e de população de baixa renda); Pintando a Liberdade (que tem por objetivo a ressocializaçãoe profissionalização dos internos do sistema penitenciário, por meio da utilização e mão-de-obraociosa de presidiários na produção de materiais desportivos), Esporte Direito e Todos (promoção deeventos desportivos de identidade cultural e criação nacional) e Brasil Potência Olímpica (cujoobjetivo é melhorar o desempenho do atleta de rendimento brasileiro em competições nacionais einternacionais).

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6 - LEI Nº 7.752, DE 14 DE ABRIL DE 1989

O esporte já teve sua Lei de Incentivo, muito embora ela tenha sobrevivido por muitopouco tempo, revogada que foi em 1992, pela Lei nº 8.402.

Art. 1º - O contribuinte do Imposto de Renda poderá abater da renda bruta, ou deduzir como despesaoperacional, o valor dos investimentos, doações ou patrocínios, inclusive despesas e contribuições necessárias à suaefetivação, realizada através ou a favor da pessoa jurídica de natureza desportiva, com ou sem fins lucrativos,cadastrada no Ministério da Educação, na forma desta Lei.

§ 1º - Observado o limite máximo de 10% (dez por cento) da renda brota, a pessoa física poderáabater:

I - até 100% (cem por cento) do valor da doação ou do fomento às categorias esportivas inferiores, atéjuniores, inclusive;

II - até 80% (oitenta por cento) do valor do patrocínio;III - até 50 (cinqüenta por cento) do valor do investimento econômico-financeiro.§ 2º - O abatimento previsto no § 1º deste art. 1º não está sujeito ao limite de 50% (cinqüenta por

cento) da renda bruta, previsto na legislação do Imposto de Renda.§ 3º - A pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido valor equivalente à aplicação de alíquota

cabível do Imposto de Renda, tendo como base de cálculo:I - até 100% (cem por cento) do valor da doação, ou do fomento às categorias desportivas inferiores, até

juniores, inclusive;II - até 80% (oitenta por cento) do valor do patrocínio;III - até 50% (cinqüenta por cento) do valor do investimento econômico-financeiro.§ 4º - Na hipótese do parágrafo anterior, observado o limite máximo de 4% (quatro por cento) do

imposto devido, as deduções previstas não estarão sujeitas a outros limites estabelecidos na legislação do Imposto deRenda.

§ 5º - Os benefícios previstos nesta Lei não excluem ou reduzem outros benefícios ou abatimentos ededuções em vigor, de maneira especial as doações a entidades públicas feitas por pessoas físicas e jurídicas.

§ 6º - Observado o limite de 50% (cinqüenta por cento) de dedutibilidade do imposto devido pelapessoa Jurídica, aquela que não se utilizar, no decorrer de seu período-base, dos benefícios concedidos por esta Lei,poderá optar pela dedução de até 5% (cinco por cento) do imposto devido para destinação ao Fundo de Promoção doEsporte Amador, gerido pelo Conselho Nacional de Desportos.

§ 7º - O incentivo de 80% (oitenta por cento), previsto no § 1º, item II, e § 3º, item II, deste artigo, seráelevado em 5% (cinco por cento) a cada exercício social ininterrupto que o contribuinte patrocinar atividades esportivas,até atingir o limite de 100% (cem por cento).

Art. 2º - Para os objetivos da presente Lei, consideram-se atividades desportivas:I - a formação desportiva, escolar e universitária;II - o desenvolvimento de programas desportivos para o menor carente, o idoso e o deficiente físico;III - o desenvolvimento de programas desportivos nas próprias empresas em beneficio de seus empregados

e respectivos familiares;IV - conceder prêmios a atletas nacionais em torneios e competições realizados no Brasil;V - doar bens móveis ou imóveis a pessoa jurídica de natureza desportiva, cadastrada no Ministério

da Educação;

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VI - o patrocínio de torneios, campeonatos e competições desportivas amadoras;VII - erigir ginásios, estádios e locais para prática de desporto;VIII - doação de material desportivo para entidade de natureza desportiva;IX - prática do jogo de xadrez;X - doação de passagens aéreas para que atletas brasileiros possam competir no exterior;XI - outras atividades assim consideradas pelo Ministério da Educação.Art. 3º - Para os fins desta Lei, considera-se doação a transferência definitiva de bens ou numerários,

sem proveito pecuniário para o doador.§ 1º - O doador terá direito aos favores fiscais previstos nesta Lei se expressamente declarar, no

instrumento de doação, que ela se faz sob as condições de irreversibilidade do ato.§ 2º - Equipara-se à doação o fomento às categorias desportivas inferiores até juniores, inclusive.Art. 4º - Para os efeitos desta Lei, consideram-se investimentos a aplicação de bens ou numerário com

proveito pecuniário ou patrimonial direto para o investidor, abrangendo as seguintes atividades:I - participação em títulos patrimoniais de associações, ou em ações nominativas preferenciais sem

direito a voto, quotas do capital social ou de participações de sociedades que tenham por finalidade as atividadesreferidas no art. 2º desta Lei, e produções desportivas.

§ 1º - As participações de que trata este artigo dar-se-ão, sempre, em pessoas jurídicas que tenham sedeno País.

§ 2º - As ações ou quotas, adquiridas nos termos desta Lei, ficarão inalienáveis, não podendo serutilizadas para fins de caução, ou qualquer outra forma de garantia, pelo prazo de 5 (cinco) anos. As restrições desteparágrafo compreendem, também, o compromisso de compra e venda, a cessão de direito à sua aquisição e qualqueroutro contrato que tenha por objetivo o bem ou implique sua alienação, mesmo que futura.

§ 3º - As quotas de participação são estranhas ao capital social e:a) conferem a seus titulares o direito de participar do lucro liquido da sociedade nas condições estipuladas

no estatuto ou contrato social;b) poderão ser resgatadas, nas condições previstas no estatuto ou contrato social, com os recursos de

provisão formados com parcela do lucro liquido anual;c) não conferem aos titulares direito de sócio ou acionista, salvo o de fiscalizar, nos termos da lei, os

atos dos administradores da sociedade.§ 4º - O capital contribuído por seus subscritores é inexigível mas, em caso de liquidação da sociedade,

será reembolsado aos titulares antes das ações ou quotas do capital social.Art. 5º - Para efeitos desta Lei, considera-se patrocínio a promoção de atividades desportivas, referidas

no art. 2º, sem proveito pecuniário ou patrimonial direto para o patrocinador.Art. 6º - As instituições financeiras, com os benefícios fiscais que obtiverem com base nesta Lei,

poderão constituir carteira especial destinada a financiar, com a cobertura dos custos operacionais, as atividadesmencionadas no art. 2º.

Art. 7º - Nenhuma aplicação de fiscais previstos nesta Lei poderá ser feita qualquer tipo de intermediaçãoou corretagem.

Art. 8º - As pessoas Jurídicas beneficiadas pelos incentivos da presente Lei deverão comunicar, parafins de registro, ao Ministério da Educação, os aportes recebidos e enviar comprovantes de sua aplicação.

Parágrafo único - O Ministério da Educação poderá celebrar convênios com órgãos públicos estaduaisou municipais, ou entidades de âmbito nacional, delegando-lhes o cadastramento de aportes e fiscalização.

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Art. 9º - Salvo a hipótese referida no item III do art. 2º, a doação, o patrocínio e o investimento nãopoderão ser feitos pelo contribuinte a pessoa a ele vinculada.

Parágrafo único - Considera-se pessoa vinculada ao contribuinte:a) a pessoa jurídica da qual o contribuinte seja titular, administrador, acionista, ou sócio a data da

operação, ou nos 12 (doze) meses anteriores;b) o cônjuge, os parentes até o 3º (terceiro) grau, inclusive os afins, e os dependentes do contribuinte ou

dos titulares, administradores, acionistas ou sócios de pessoa jurídica vinculada ao contribuinte nos termos da alíneaanterior;

c) o sócio, mesmo quando outra pessoa jurídica.Art. 10 - Se, no ano-base, o montante dos incentivos referentes a doação, patrocínio ou investimento,

for superior ao permitido, é facultado ao contribuinte diferir o excedente para até os 5 (cinco) anos seguintes, sempreobedecidos os limites fixados no art 1º.

Art. 11 - As infrações aos dispositivos desta Lei, sem prejuízo das sanções penais cabíveis, sujeitarãoo contribuinte à cobrança do imposto sobre a renda não recolhido em cada exercício, acrescido das penalidades dalegislação do Imposto de Renda.

Art. 12 - Estão isentos de tributos, impostos extraordinários, empréstimos compulsórios ou quaisquerencargos financeiros - sobre passagens e vendas de cambio para viagens internacionais, os atletas que, com aprovaçãodo Conselho Nacional de Desportos, deixem o País para competir

Art. 13 - E concedida isenção do Imposto de Importação à pessoa Jurídica de natureza desportiva naaquisição de equipamentos e materiais desportivos de fabricação estrangeira, sem qualidades e características similaresnacionais, para uso próprio.

Art. 14 - Obter redução do Imposto de Renda, utilizando-se fraudulentamente de qualquer dosbenefícios desta Lei, constitui crime punível com detenção de l (um) a 3 (três) anos e multa.

§ 1º - No caso de pessoa Jurídica, respondem pelo crime o acionista controlador e os administradoresque para ele efetivamente tenham concorrido.

§ 2º - Na mesma pena incorre aquele que, recebendo recursos, bens ou valores, em funçãodesta Lei, deixe de promover, sem Justa causa, a atividade desportiva objeto do incentivo.

7 - FUNDOS E INCENTIVOS NA LEGISLAÇÃO DESPORTIVA ANTERIOR

A preocupação com “medidas de proteção financeira aos desportos” é praticamente tãoantiga quanto a decisão do Estado brasileiro de sujeitar as entidades desportivas a um regime deorganização e administração definido em lei (ver: Decreto nº 3.199, de 14 de abril de 1941). De fato,já o Decreto-lei nº 7.674, de 25 de junho de 1945, autorizava as caixas econômicas federais a operarem empréstimos de dinheiro a favor de entidades desportivas, “mediante contrato isento do pagamento doselo e de qualquer outro gravame”. Os empréstimos destinavam-se à construção de praças de desportos eao melhoramento das instalações desportivas, podendo ser aplicados, ainda, na liquidação decompromissos pecuniários da devedora.

A Lei nº 6.251, de 8 de outubro de 1975, prescrevia as seguintes medidas de proteção àatividade desportiva (arts. 45 a 52):

- abatimento da renda bruta ou dedução do lucro operacional das contribuições ou doaçõesfeitas por pessoas físicas e jurídicas a entidades desportivas;

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- isenção do imposto de importação e do imposto sobre produtos industrializados aequipamentos destinados à prática de desportos;

- renda líquida de um concurso da Loteria Esportiva para o atendimento do preparo daparticipação das delegações brasileiras nos Jogos Olímpicos, Jogos Pan-americanos e CampeonatoMundial de Futebol;

- bolsas de estudo para estudantes que fossem campeões desportivos;- abono de faltas do servidor público integrante de representação desportiva nacional.O Decreto nº 80.228, de 25 de agosto de 1977, que regulamentava a Lei nº 6.251/75,

mandava creditar à conta de atividade curricular a participação de estudantes em representaçãodesportiva nacional.

Na vigência da Lei Zico (Lei nº 8.672, de 6 de julho de 1993, art. 42, os recursos públicosfederais para o fomento do desporto eram geridos mediante o Fundo Nacional de DesenvolvimentoDesportivo - FUNDESP. O FUNDESP era a unidade orçamentária destinada a dar apoio financeiroa programas e projetos de caráter desportivo que se enquadrassem nas diretrizes e prioridades constantesda Política Nacional do Desporto. O FUNDESP tinha duas contas específicas, cada qual mantidacom fontes com recursos fixadas na própria lei: uma destinada a fomentar o desporto não-profissional;a outra, a dar assistência ao atleta profissional e ao atleta em formação.

Medida Provisória dos primeiros dias do primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso,hoje convertida na Lei nº 9.649, de 27 de maio de 1998, determinou a transformação do Fundo deDesenvolvimento Desportivo - FUNDESP, em Instituto Nacional de Desenvolvimento Desportivo- INDESP. O INDESP é uma “autarquia federal, com a finalidade de promover e desenvolver a prática dodesporto e exercer outras atribuições específicas atribuídas em lei”. Portanto, desde janeiro de 1995, a legislaçãodesportiva em vigor não prevê qualquer tipo de fundo específico para o fomento do desporto.

Quanto à concessão de incentivos fiscais em troca de apoio financeiro ao desporto, oPoder Executivo, ao sancionar a Lei Zico, preferiu vetar o art. 41, que previa, para efeito de Impostode Renda, o abatimento da renda bruta, ou dedução do lucro, das contribuições ou doações feitas porpessoas físicas ou jurídicas às entidades de administração do desporto, às de prática desportiva e aosatletas:

“Atualmente, as despesas de contribuições já têm a possibilidade de serem deduzidas como despesasoperacionais (artigos 242 e 243 do Regulamento do Imposto de Renda), não fazendo sentido permitir quesejam deduzidas em dobro. Ademais, é de se ressaltar que a concessão de benefícios fiscais via tributos não érecomendável, em termos de transferência orçamentária, visto que é de difícil controle, não se sabendo se osrecursos renunciados terminam efetivamente empregados para os fins colimados. Melhor, nestes casos, é fazerdotações orçamentárias, que, além de mais facilmente permitirem o rastreamento dos beneficiários, evitam quese restrinjam ainda mais os graus de liberdade da política fiscal, eis que os benefícios tributários ampliam arigidez orçamentária ao operarem como receitas vinculadas. De resto, a situação precária das contas públicasnão recomenda a concessão de benesses fiscais que, além de seu efeito direto, poderão ensejar outros pedidos deigual natureza”.

Com raciocínio idêntico, o veto presidencial fulminou a alínea e) do inciso I do art. 43,que incluía entre os recursos do FUNDESP (hoje INDESP) “benefícios fiscais previstos em lei”. Eisa razão deste veto:

“Considerando parte dos argumentos defendidos a favor do veto do art. 41 e mesmo levando em conta queo comando da letra ‘e’ seja apenas uma possibilidade, é prudente que não se abra nenhuma porta para futurospleitos, principalmente se se deseja transmitir ao público que há firmeza na prática da austeridade na políticafiscal. Ademais, na letra ‘f’ do mesmo artigo, foi estabelecida a possibilidade de dotação orçamentária paracompor os recursos do citado Fundo, instrumento que, conforme assinalado, é mais adequado do ponto de vistade uma gerência racional dos recursos públicos”.

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8 - COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONCORRENTE

Na discussão sobre a conveniência de novas propostas de criação de incentivos fiscais, épreciso levar em consideração a possibilidade da existência de recursos públicos de outras instânciasadministrativas. Isto é não é só de recursos da União que depende a sobrevivência do esporte. Defato, legislar sobre desporto é competência concorrente da União, dos Estados e do Distrito Federal(CF, art. 24, IX). Daí a conveniência de uma amostra do que as constituições estaduais dispõem emmatéria de financiamento e medidas especiais de proteção dos desportos.

- “Criação de medidas de apoio ao desporto participação e desporto performance, inclusive programasespecíficos para a valorização do talento desportivo” (Acre, art. 205, IV);

- “A lei disporá sobre a origem dos recursos financeiros para aplicação nos desportos e os critérios dedistribuição e repasse dos recursos públicos estaduais às entidades e associações desportivas e ao desporto educacional”(Alagoas, 213, parágrafo único);

- “O Estado destinará recursos e incentivará o investimento no desporto pela iniciativa privada”(Amazonas, art. 208, § 1º);

- “São isentos de tributação os eventos desportivos de qualquer natureza realizados nos estádios eginásios pertencentes ao Estado” (Bahia, art. 278, parágrafo único).

- “Fica criado o Fundo de Desenvolvimento do Esporte Amador” (Ceará, art. 239, parágrafo único).- “As empresas vinculadas ao Governo do Estado do Ceará deverão aplicar no mínimo dez por cento

de suas verbas publicitárias em comerciais que incentivem o esporte amador e educacional” (Ceará, art. 241);- “O tratamento diferenciado para o desporto não-profissional e profissional, sendo vedado, inclusive

aos Municípios, o custeio de despesas para este” (Mato Grosso, art 257, III);- “O Estado incentivará, mediante benefícios fiscais e na forma da lei, o investimento da iniciativa

privada no desporto” (Minas Gerais, art. 220, parágrafo único).- “A distribuição e repasse dos recursos públicos estaduais às entidades e associações desportivas far-se-

á com base em critérios estabelecidos em lei, que levará em conta o número de atletas assim organizados” (Pará, art.288, IV);

- “O orçamento estadual destinará recursos para o incentivo ao esporte. A lei estabelecerá a criação deincentivos fiscais à iniciativa privada para o desporto amador” (Paraíba, art. 222);

- “A liberação de subvenção pelo Estado e pelos Municípios para agremiações desportivas ficacondicionada à manutenção efetiva do setor de esportes não-profissionais, acessível, gratuitamente, às camadas menosfavorecidas da população e aos alunos da rede oficial de ensino” (Pernambuco, art. 202, parágrafo único);

- “O Estado incentivará, mediante benefícios fiscais, o investimento no desporto pela iniciativa privada”(Rondônia, art. 211);

- “O Estado destinará recursos orçamentários, bem como pessoal e material, preferencialmente, àsentidades desportivas, dirigentes e associações que: a) cumpriram integralmente o calendário do ano imediatamenteanterior; b) pratiquem desportos de maior abrangência populacional; c) possuam maior número de participantes; d)desenvolvam maior participação em eventos a nível estadual, nacional ou internacional; e) prestem assistência médicaaos atletas integrantes de seus quadros esportivos” (Rondônia, art. 214);

- “Incentivos especiais às ações de interiorização do desporto e incentivo ao investimento no desportoamador mediante benefícios fiscais à iniciativa privada” (Tocantins, art. 141, IV e § 3º).

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9 - O MODELO DE APOIO DO DISTRITO FEDERAL: LEI Nº 225, DE 30.12.1991

Art. 1º Fica o Poder Executivo autorizado a instituir o incentivo fiscal às pessoas físicas e jurídicasque destinem recursos para a realização de atividades desportivas, na área do Distrito Federal, definidas emregulamento na forma prevista na presente Lei.

Art. 2º O contribuinte dos ISS, IPTU e IPVA poderá abater, mensalmente ou de acordo com asformas específicas de pagamento do valor total do imposto devido, o montante de doações, patrocínios e investimentos,inclusive despesas e contribuições necessárias à sua efetivação, realizados a favor do atleta ou de pessoa jurídica comfinalidade desportiva, sem fins lucrativos, cadastrados no Departamento de Educação Física, Desporto e Recreação- DEFER , da Secretaria de Cultura e Esporte do Governo do Distrito Federal.

§ 1º Observado o limite máximo de 5% (cinco por cento) do valor do imposto devido, as pessoas físicaspoderão abater:

I - até 100% (cem por cento) do valor da doação;II - até 80% (oitenta por cento) do valor do patrocínio de atletas, de modalidades e de eventos desportivos;III - até 50% (cinqüenta por cento) do valor do investimento em infra-estrutura, material permanente

e equipamentos desportivos.§ 2º Os benefícios previstos nesta Lei não excluem ou reduzem outros benefícios ou abatimentos e

deduções em vigor.§ 3º Observados os limites previstos nesta lei, o contribuinte poderá , alternativamente, optar pela

dedução de até 5% (cinco por cento) do imposto devido, para destinação do Fundo de Promoção do Esporte, EducaçãoFísica e Lazer, gerido pelo Departamento de Educação Física, Esporte e Recreação da Secretaria de Cultura eEsportes do Governo do Distrito Federal

Art. 3º Para fins desta lei, considera-se doação a transferência definitiva de bens ou numerários, semproveito pecuniário para o doador.

Parágrafo único. O doador terá direito aos incentivos fiscais previstos nesta Lei se expressamentedeclarar, no instrumento de doação, que ela se faz sob as condições de irreversibilidade do ato.

Art. 4º Para os efeitos desta lei, considera-se patrocínio a promoção de atividades de atletas, demodalidades e de eventos desportivos.

Art. 5º Considera-se investimento a aplicação de bens ou numerários com proveito patrimonial diretopara o investidor.

Art. 6º O Banco Regional de Brasília, com os benefícios fiscais que obtiver mediante esta lei, poderáconstituir carteira especial destinada a financiar atividades desportivas.

Art. 7º Os benefícios fiscais previstos nesta lei não poderão ser obtidos através de qualquer tipo deintermediação ou corretagem.

Art. 8º As pessoas físicas ou jurídicas beneficiadas pelos incentivos da presente Lei deverão comunicar,para fins de registro, ao Departamento de Educação Física, Esporte e Recreação, da Secretaria de Cultura eEsporte, os aportes recebidos e enviar comprovantes de sua aplicação.

Parágrafo único. O Departamento de Educação Física, Esporte e Recreação da Secretaria de Culturae Esporte do Governo do Distrito Federal poderá celebrar convênios com as Administrações Regionais e com outrosórgãos públicos do Governo do Distrito Federal, delegando-lhes o cadastramento, os aportes e a fiscalização.

Art. 9º Se, no ano-base, o montante dos incentivos referentes à doação, patrocínio ou investimentos, forsuperior ao permitido, é facultado ao contribuinte diferir o excedente para até os 5 (cinco) anos seguintes, sempreobedecidos os limites fixados no art. 2º.

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Art. 10. Obter reduções dos impostos, utilizando-se fraudulentamente de qualquer dos benefíciosdesta Lei constitui crime punível nos termos da legislação tributária em vigor.

§ 1º No caso de pessoa jurídica, respondem pelo crime o acionista controlador e os administradores quepara ele efetivamente tenham concorrido.

§ 2º No mesmo crime incorre aquele que, recebendo recursos, bens ou valores, em função desta lei, deixede promover, sem justa causa, a atividade desportiva objeto do incentivo”.

10 - TENTATIVAS DE RESTAURAÇÃO DOS INCENTIVOS FISCAIS

Há vários projetos de lei na Câmara dos Deputados visando à criação ou concessão deincentivos para o desporto. Em geral, essas proposições estão fundamentadas em argumentos dotipo: a) A organização e a prática desportivas são importantes fatores de desenvolvimento daconsciência comunitária, de identificação social, de integração nacional e de projeção internacional;b) As práticas desportivas constituem importante instrumento de combate a vícios, hábitos anti-sociais e uso de drogas, bem como de preservação das boas condições de saúde e harmonia em todaa coletividade.

Os clubes de futebol também gostariam de beneficiar-se às custas do contribuinte. Paratanto argumentam que investem fábulas num trabalho que nenhuma outra entidade, pública ou privada,se dispõe fazer: o de dar educação geral e formação profissional do atleta de amanhã. Assim, mantendoas categorias de base (infantil, juvenil e júnior), os clubes seriam os principais responsáveis pelarenovação permanente dos quadros profissionais.

Nas justificações aos projetos de lei, são encontradiços argumentos tipo “O esporte é umaatividade sadia que dá ao cidadão uma mente voltada para o bem”, “O convívio de desportistas é salutar”, “Oesporte promove o espírito cívico”, “A competição desportiva é saudável”, “A conquista de títulos internacionaisserve de motivação para nossos jovens”, “O esporte projeta o Brasil no cenário internacional”, “Nossos atletas sãopouco competitivos porque são pobres e não tem tempo para treinar”, “Somente a parceria com a iniciativa privada,via incentivos fiscais, pode assegurar ao desporto nacional condições mínimas de competitividade”, “No Brasil, oatleta não recebe o apoio financeiro e a assistência técnica indispensáveis ao aprimoramento na prática desportiva”.

Como se vê, argumento é que não falta e, principalmente, como há algum temposintetizava o jornalista Marcelo Damato (Folha de São Paulo, 15 de outubro de 1997): “Quando o temaé dinheiro, os dirigentes (desportivos) tentam aproximar-se do Estado; quando o assunto é poder, o caminho éinverso”.

Na área legislativa, entre as mais recentes tentativas de restauração dos incentivos fiscaispara o esporte está o PL 383, de 1995, cuja ementa assim reza: “Dispõe sobre incentivos fiscais nasáreas dos Impostos sobre Renda e proventos de Qualquer Natureza - IR, sobre produtosIndustrializados - IPI, e sobre Operações Financeiras - IOF, concedidos a empresas que mantenhamescolas para a formação de atletas. Projeto idêntico se encontra desde 1991 na Comissão de Finanças,o PL 2.3231 . Ao PL 383, que até hoje se encontra na Comissão de Educação Cultura Desporto,estão apensados os PLs 1.217/95, 888/95, 1.887/95, 2.143/96 e 2.143/96. Na essência, essasproposições seguem, de alguma forma, o modelo da Lei nº 7.752, de 14 de abril de 1989, já citada.

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Alguns projetos de lei são textos bem simples como o PL 1.887/96, que prescrevesumariamente o abatimento do imposto de renda devido, até o limite de 1%, das despesas efetivamenterealizadas em apoio de atividades desportivas, na comunidade ou na empresa, ou o PL 888/95, quepropõe que as pessoas jurídicas que determinem seu imposto de renda por meio do lucro real possamconsiderar despesas dedutíveis os gastos efetuados com patrocínio do desporto amador. Mesmoassim, o fato de que, a exemplo dos demais, há anos não conseguem sair das comissões técnicas daCasa revela, por si só, que são o alvo de fundamentadas restrições, não só quanto ao méritodesportivo, como quanto à adequação financeira e à compatibilidade orçamentária.

O PL 888/95, que agora está apensado, chegou a tramitar sozinho na Comissão deEducação, Cultura e Desporto, com relator designado e tudo o mais. Apesar de entender que renunciarà arrecadação e aplicação de tributos equivale a desistir da gerência e do controle da coisa pública,ou seja, renunciar à sua própria razão de ser o deputado relator do PL nº 888/95 encomendou àConsultoria Legislativa uma minuta de substitutivo, com a finalidade de, pelo menos, manter ummínimo de coerência com os princípios estabelecidos no art. 217 da Constituição Federal e com asnormas gerais sobre desportos fixadas na Lei Nº 8.672, de 6 de julho de 1993, então vigente.

De acordo com a orientação dada pelo relator, o substitutivo é uma tentativa de 1º)adequar alguns conceitos embutidos no PL nº 888, de 1995, à Lei nº 8.672, de 6 de julho de 1995,especialmente, no que se refere à conceituação das diversas manifestações desportivas; 2º) amarrar aconcessão de benefícios fiscais às prioridades que o Decreto nº 981, de 11 de novembro de 1993,define para a ação do Poder Público na área de desporto e lazer; 3º) definir as entidades e atividadesque podem ser beneficiadas; 4º) caracterizar os projetos que devem merecer a preferência; 5º) conformá-lo ao Regulamento para a Cobrança e a Fiscalização do Imposto sobre a Renda, ainda que timidamente,por não ser matéria da alçada da Comissão de Educação, Cultura e Desporto.

A iniciativa do Relator não prosperou porquanto, como já foi lembrado, o PL nº 888/96acabou apensado ao PL nº 383, de 1995, situação em que permanece até a presente data. De qualquerforma, vale como exemplo.

11 - SUGESTÃO DE SUBSTITUTIVO PARA OS PROJETOS EM TRAMITAÇÃO

Art. 1º Com o objetivo de incentivar o desporto não-profissional, as pessoas físicas ou jurídicaspoderão aplicar parcelas do Imposto sobre a Renda, a título de doações ou patrocínios, no apoio direto a projetosapresentados por pessoas físicas ou jurídicas, que tenham por objetivo:

I - a promoção do desporto educacional;II - a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional;III - o fomento do desporto de rendimento amador;IV - o estímulo à prática do desporto de participação;V - o apoio à capacitação de recursos humanos, projetos de pesquisa, documentação e

informação;VI - o apoio à infra-estrutura, com prioridade para as instalações escolares;VII - o incentivo ao lazer como forma de promoção social.§ 1º Em nenhuma hipótese podem as doações e os patrocínios destinar-se ao custeio de atividades-meio.

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§ 2º O incentivo a projetos esportivos far-se-á sem prejuízo dos demais recursos previstosno art. 39 da Lei Nº 8.672, de 6 de julho de 1993.

Art. 2º Para os fins desta lei, considera-se:I - Desporto não-profissional: o que é praticado com a finalidade dea) alcançar o desenvolvimento integral e a formação para a cidadania e o lazer;b) contribuir para a integração dos praticantes na plenitude da vida social, na promoção da saúde e da

educação e na preservação do meio ambiente;c) obter resultados, sem dele fazer um meio de vida ou esperar alguma compensação

financeira.II - Patrocínio: a transferência de numerário, com finalidade promocional, ou a utilização de bem

móvel ou imóvel e seu patrimônio sem a transferência de domínio, para a realização de atividade ou evento desportivo,sem qualquer vantagem financeira.

III - Doação:a) distribuições gratuitas de ingressos para eventos de natureza desportiva por pessoas jurídicas a seus

empregados e dependentes legais;b) coberturas a fundo perdido de gastos com treinamento de atleta, pesquisa, participação em campeonatos

nacionais, regionais e locais, aquisição de equipamentos e promoção de atividades recreativo-esportivas populares.Art. 3º Os patrocínios e as doações apenas serão dedutíveis quandoI - concedidos às entidades a seguir enumeradas:a) as que foram contempladas com o Certificado de Mérito Desportivo;b) instituições de ensino públicas;c) instituições de ensino privadas sem fins lucrativos;d) órgãos públicos encarregados da execução da política de desporto em qualquer uma das instâncias

administrativas;II - destinados ao desenvolvimento de programas específicos de educação física e prática desportiva

considerados tecnicamente relevantes pelo Conselho Superior de Desporto ou por órgão de funções equivalentes nosEstados e executados sob a responsabilidade direta ou sob a supervisão de entidade associativa de prática ou deadministração do desporto;

III - recomendados por Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente ou entidadecongênere.

Art. 4º Para que a dedução em favor de entidade particular seja aprovada, a beneficiada deverápreencher, pelo menos, os seguintes requisitos:

I - estar legalmente constituída e funcionando de forma regular, com a exata observância do estatutoregistrado;

II - haver sido reconhecida de utilidade pública por ato formal do órgão competente da União e dosEstados, inclusive do Distrito Federal;

III - publicar semestralmente a demonstração da receita obtida e da despesa realizada no períodoanterior;

IV - não distribuir lucros, bonificações ou vantagens a dirigentes, mantenedores e associados, sobnenhuma forma ou pretexto.

Art. 5º Na concessão do benefício fiscal de que trata esta lei, dar-se-á preferência aos projetos que:

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I - ampliem a democratização das oportunidades de participação e da cultura física, em oposição àseletividade excessiva e à exaltação do espetáculo desportivo;

II - assegurem orientação técnica especializada;III - garantam condições amplas de acesso, sem distinções e quaisquer formas de discriminação;V - privilegiem as atividades e práticas desportivas coletivas.VI - se destinem ao fortalecimento de políticas de proteção especial aos segmentos mais vulneráveis da

população infanto-juvenil.Art. 6º O doador ou patrocinador poderá deduzir do imposto devido na declaração do Imposto sobre

a Renda os valores efetivamente aplicados em projetos desportivos aprovados de acordo com esta Lei, em percentuaisa serem fixados anualmente pelo Ministério da Fazenda.

Parágrafo único. A pessoa jurídica tributada com base no lucro real poderá abater os patrocínios e asdoações como despesa operacional.

Art. 7º A Secretaria da Receita Federal, no exercício de suas atribuições específicas,fiscalizará a efetiva execução desta lei, no que se refere à aplicação dos incentivos fiscais nela previstos.

Art. 8º O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar de suapublicação.

12 - LEI DE INCENTIVO À CULTURA E LEI DE INCENTIVO AO DESPORTO

No âmbito da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados, são relativamentefreqüentes as consultas sobre a possibilidade e a conveniência da elaboração de projeto de lei deincentivo ao desporto, “a exemplo do que ocorre na área da cultura”. Muitos tem a impressão de quea cultura recebe tratamento digno de marajá, enquanto, em matéria de apoio oficial, o esporte estariarecebendo tratamento de primo pobre. A referência é a Lei de Incentivo à Cultura, ou seja, a Lei nº8.313, de 23 de dezembro de 1991, também conhecida como Lei Rouanet. Convém conhecer ospontos principais desta lei

A Lei nº 8.313/91 institui o Programa Nacional de Apoio à Cultura. O PRONAC tempor finalidade captar e canalizar recursos para o setor. A Lei da Cultura prevê três mecanismos deimplementação:

1) Fundo Nacional da Cultura - FNC,(O FNC é um fundo de natureza contábil, com prazo indeterminado de duração, que

funciona sob as formas de apoio a fundo perdido ou de empréstimos reembolsáveis, conformeestabelecer o regulamento, e constituído de vários recursos, entre os quais um por cento da arrecadaçãobruta das loterias federais, deduzindo-se este valor do montante destinado aos prêmios.)

2) Fundos de Investimento Cultural e Artístico - FICART,(Os recursos dos FICART serão aplicados em atividades comerciais e industriais de

interesse cultural e artístico definidas em lei. Compete à Comissão de Valores Mobiliários, disciplinara constituição, o funcionamento e a constituição dos Fundos de Investimento Cultural e Artístico -FICART. Como isso até agora não aconteceu, os FICART ainda não sairam do papel.)

3) Incentivo a projetos culturais (“mecenato”).

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(Com o objetivo de incentivar as atividades culturais, a União faculta às pessoas físicasou jurídicas a opção pela aplicação de parcelas do Imposto sobre a Renda a título de doações oupatrocínios, tanto no apoio direto a projetos culturais apresentados por pessoas físicas ou por pessoasjurídicas de natureza cultural, de caráter privado, como através de contribuições ao FNC.)

Note-se que, exceção feita de algumas propostas de solução isoladas, divorciadas deuma política pública para o setor e, na realidade, meras tentativas de restaurar a ordem anterior àConstituição Federal de 1988, até hoje, não foi apresentado ao Congresso Nacional algum projeto delei realmente inovador e abrangente em matéria de apoio ao desporto. Não seria, pois, por acaso quea Constituição Federal preceitua que “a lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimentode bens e valores culturais”, mas não provê benefício idêntico para o desporto.

Assim, no que se refere à possibilidade de uma lei específica de incentivo ao desporto,nos moldes da Lei de Incentivo à Cultura, não se trata de descartá-la em tese, muito embora osimples aceno a mais uma proposta de renúncia fiscal deva encontrar forte resistência por parte dosórgãos do Poder Executivo responsáveis pela Receita. O que importa é discutir sua necessidade.

Neste sentido, convém que, previamente, sejam melhor examinadas algumas questõesfundamentais como, por exemplo: Por que, em termos de apoio oficial, o desporto deveria recebertratamento igual ao que é dispensado à cultura? Face aos recursos já a seu dispor, previstos em lei,necessita o Desporto de incentivos fiscais nas proporções em que a Cultura necessita? Em termos decusto-benefício, cultura e desporto precisam de apoio diferenciado? Qual o papel da publicidade noapoio ao projetos culturais e a eventos desportivos?

Sem dúvida, a área da cultura é incomparavelmente mais complexa, mais abrangente emais dependente da iniciativa governamental do que a área do desporto. Muitos de seus segmentosnão podem prescindir da interferência do poder público, como, por exemplo, o patrimônio culturalhistórico, arquitetônico e arqueológico, os meios de comunicação educativos não-comerciais, aconstrução, organização e manutenção de museus, a realização de exposições de arte e de concertosao ar livre, a participação em feiras. Por contar com público maior, o espetáculo desportivo ofereceao patrocinador retorno promocional maior. A despeito do mal que fazem à saúde de todo o mundo,refrigerantes vendem bem quando associados à imagem de super-atletas, craques, equipes vitoriosos,não de músicos, escritores, artistas de circo e outros trabalhadores da cultura.

13 - INCENTIVOS FISCAIS PARA O DESPORTO: UMA REFLEXÃO

Na prática do desporto de competição, não importa se profissional ou amador, o cultivodos tradicionais valores desportivos está, hoje, subordinado à satisfação dos interesses financeiros.Patrocinadores, clubes, empresários, mídia eletrônica, indústrias de material esportivo e de alimentaçãosuplementar, equipes técnicas constituídos de treinadores, massagistas, preparadores físicos, psicólogosdesportivos, nutricionistas e até mesmo dirigentes e funcionários de entidades como o Comitê OlímpicoInternacional e Comitê Olímpico Brasileiro ganham a vida graças ao sucesso dos atletas de alto nível.Nesta época de supervalorização do esporte enquanto espetáculo, sobretudo espetáculo televisivo, édifícil admitir que ainda haja quem consiga ou queira competir exclusivamente por amor aos chamadosideais olímpicos. Mesmo o treinamento do atleta amador verdadeiramente competitivo requer oinvestimento de elevadas somas de dinheiro.

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Na atualidade, a principal característica do desporto de rendimento é o que Gomes Tubinochama de “o deslocamento do foco principal para a lucratividade e produtividade em detrimento do próprio homeme dos interesses reais coletivos”, ou seja, a “lógica do mercantilismo”.

Significa que o desporto de rendimento, que já esteve a serviço do ideário olímpico e douso político-ideológico, tornou-se um negócio, uma atividade em que prevalecem os aspectospragmáticos do lucro, ou, pelo menos, a certeza do retorno dos valores investidos na formação eexibição dos atletas, seja a que título for. Aos valores desportivos propriamente ditos sobrepõem-seas regras do esporte praticado e administrado de forma competitiva - comercialmente falando -,empresarial e profissional. À lógica do mercantilismo não escapam nem mesmo os Jogos Olímpicos,cujo patrocínio e sede são disputados ferozmente, com anos de antecedência.

Com a chegada da televisão, a mercantilização do esporte exarcerbou-se, uma vez quepassaram a prevalecer aquelas modalidades desportivas que melhor se prestam a espetáculo de televisãoe que permitem a exibição repetida da publicidade dos patrocinadores. Para comprovar, basta estaratento: estão em alta os esportes de bola (futebol, voleibol, tênis), os esportes de circuito (corridas deautomóvel, maratona), os que promovem diretamente a indústria de equipamentos desportivos (surfe,mergulho submarino, iatismo, turfe), os esportes violentos (boxe) e os esportes radicais. É o esporte-espetáculo que atrai multidões aos estádios, ginásios e autódromos e prende outras multidões às telasde TV.

Uma conseqüência direta da mercantilização do desporto de rendimento é o desprestígiodas modalidades desportivas não-espetaculares, desprestígio que se traduz em falta de patrocinadorese de apoio por parte do Poder Público. À luz da lógica do mercantilismo, qual é o empresário que seempolga com um esforçado arremessador de dardo e se dispõe a investir dinheiro em seu treinamento?Qual é o político ou órgão governamental que troca o brilho das carreatas e das solenidades deentrega de medalhas e condecorações aos ídolos do futebol, do automobilismo ou do vôlei peloamparo a um sofrido saltador em altura, um esforçado campeão de tiro-ao-alvo, uma dedicada equipede revezamento?

Assim, caça aos talentos desportivos, incentivo ao desporto de resultados, “adoção” deatletas por empresas e outras iniciativas do gênero devem ser encaradas com a devida ponderação,até por uma questão de humanidade. Não convém alimentar ilusões: o “patrocínio”, seja públicoseja privado, será ético apenas na medida em que tiver por escopo a pessoa do atleta e não o“talento” do atleta.

Em outras palavras, é preciso examinar com grande cuidado e muita responsabilidadeargumentos do tipo: incentivos fiscais se justificam porque o esporte é uma atividade essencialmentesadia; a conquista de títulos mundiais é importante porque serve como motivação para o aparecimentode novos talentos; o aprimoramento do talento desportivo não deve ter limites, nem no sentidoquantitativo, nem no sentido qualitativo. Afinal, nem o mundo do esporte é tão puro quanto ascompanhias de refrigerantes e produtos dietéticos nos querem fazer crer, nem o sucesso desportivotão essencial ao prestígio internacional do País quanto alguns dirigentes de entidades e governantesgostariam que fossem! Segundo João Paulo Medina, em EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE:PERSPECTIVAS PARA O SÉCULO XX :

“Podemos dizer que, de certa forma e em grandes linhas o esporte reproduz os valores dominantes dasociedade. Não é sem razão pois que o esporte de alta competição como é praticado hoje em dia estimule mesmoque de forma sutil, o doping, a violência, a mentira, a aparência, o individualismo, de alienação ou onacionalismo exacerbado, provocando seqüelas ou traumatismos físicos e emocionais em seus praticantes,afastando-os de seu bem-estar físico, mental e social e sedimentando uma determinada visão e um determinadomodelo de educação e cultura próprios de nossos tempos.”

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É precisamente porque o amadorismo verdadeiro está visivelmente em vias de extinçãoque pode ser difícil resistir à tentação de apresentar projetos de lei de incentivo fiscal, cuja concessão,especialmente em prol do esporte amador, seria necessária até mesmo em razão da “lógica domercantilismo”. Sem pretender esgotar o assunto, cabe estabelecer que, à luz da legislação desportivae da teoria do esporte, não há propriamente nada contra medidas práticas de apoio financeiro aoesporte seletivo e ao atleta talentoso, desde que não se trate de profissionalismo. Contudo, se estasmedidas devem ser tomadas e cristalizadas numa lei específica, de incentivo ao atleta “talentoso”, éuma outra questão.

Na verdade, se é dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais,como direito de cada um (CF, art. 217) e se a ordem social tem como objetivo o bem de todos, ficadifícil sustentar a legitimidade de leis que “favoreçam o atleta talentoso a permanecer no esporte”.Há quem sustenta que só cabe instituir incentivo fiscal às pessoas físicas e jurídicas que destinemrecursos (doações, patrocínios, investimentos) a atleta ou a entidade desportiva, desde que não hajaqualquer discriminação ou restrição e sejam beneficiados todos os atletas, “talentosos” ou não.Afinal, a atuação do Estado democrático no desporto - como em outras áreas da ordem social -apenas se justifica se contribuir para o alcance dos objetivos fundamentais da República, tais comoestatuídos no art. 3º da Constituição Federal.

Em matéria de incentivos fiscais para apoio ao desporto, é indispensável que a iniciativalegiferante seja precedida por um estudo mais detalhado da realidade financeira tanto do setordesportivo quanto do Tesouro. Na verdade, a) não temos a menor idéia do volume de recursospúblicos efetivamente disponível para o desporto, nas diversas instâncias administrativas, b)desconhecemos dados objetivos que permitam uma identificação clara dos problemas apenasprecariamente descritos nos projetos de lei de criação de incentivos, c) não temos certeza de que, nocaso, a intervenção do Estado seja a providência mais recomendável, d) não dispomos de argumentossólidos nem a favor nem contra, e) desconhecemos a realidade do esporte mesmo porque aadministração das entidades desportivas é pouco transparente2 , inclusive no que se refere à manutençãodas chamadas divisões de base.

A tarefa que se impõe, sem tardar, é a do levantamento de números, ou, como outrospreferem, a da quantificação do problema. Sem um levantamento amplo e rigoroso de dados, qualquerprojeto de lei de incentivo ao desporto corre o risco de se tornar um instrumento de política desportivade benefícios concentrados e de custos diluídos. A título de exemplo, é preciso saber:

a) Quais os valores arrecadados pelo INDESP, no exercício anterior, item por item,segundo os incisos do art. 6º da Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998;

b) Quais os convênios e outros modalidades de repasse de recursos a entidades desportivasutilizados no exercício anterior (Entidade - Objeto - Valor), item por item, segundo os incisos do art.7º da Lei nº 9.615/98;

c) Qual o montante dos recursos repassados à Secretarias de Esporte dos Estados e doDistrito Federal, em razão do disposto no art. 6º, §º;

d) Qual o Plano de Aplicação dos Recursos do INDESP, previsto no art. 11, IV da LeiPelé , para o corrente exercício financeiro? d) Qual o Plano de Aplicação dos recursos arrecadados oua serem arrecadados pelo COB em virtude do disposto no art. 9º, caput e § 2º da Lei Pelé para o anoem curso;

e) Qual o montante de recursos públicos investidos no fomento do desporto, diretamente,via convênio com entidades, e indiretamente, via incentivos fiscais, no exercício financeiro anterior;

f) Quais as leis estaduais e municipais que disciplinam a concessão de incentivos fiscaisem favor do esporte?

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g) Em que medida são insuficientes os recursos previstos na legislação desportiva emvigor?

Ao restringir a criação de incentivos fiscais a leis específicas, os constituintes quiseramevitar que os governos fizessem a farra da isenções em detrimento dos princípios de legalidade,impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, pelos quais deve-se pautar a administraçãopública. Difícil defender qualquer alteração na orientação dada pela Assembléia Constituinte. OPresidente Fernando Henrique Cardoso tem-se manifestado contrário à criação de incentivos fiscaispara o esporte, pois entende que, no caso, a iniciativa privada pode muito bem resolver o problema,por meio de patrocínios e parcerias. Além do mais, o atual momento de dificuldades econômicas, dedesemprego, de ajustes fiscais e reforma tributária sugerem como politicamente inconveniente aproposta de novas vinculações de receita.

14 – BIBLIOGRAFIA

Cruz, José. A redenção do esporte. Em: Correio Braziliense, 20 de março de 2001, p26.

Helena Jr, Alberto. Uma cabeça perdida na escuridão. Em: Folha de São Paulo, 29 dejulho de 1996, 4-2.

Lima, Iran de. Os incentivos fiscais e seu universo de aplicação. Em: Advogado VOL 2,N 5, jan/mar 85.

Martins, Ives Gandra & Rodrigues, Marilene Talarico Martins. ISS: Imunidade tributária.Bingos promovidos por clubes desportivos. Em: Revista dos Tribunais Ano 3 – Nº 9 – outubro-dezembro de 1994.

Melo Filho, Álvaro. Incentivos fiscais para o desporto (Lei nº 7.752/89). Em: Revistade Informação Legislativa. Brasília ª26 nº 104, out./dez. 89.

Professor Luizinho, Deputado. Voto em separado ao Projeto de Lei nº 1.481, de 1999(Anais da Comissão de Educação, Cultura e Desporto da Câmara dos Deputados).

Nunes, Jorge. Incentivos fiscais: um instrumento potencial. Em: Revista Brasileira deTecnologia. Brasília V 13(2), abr./mai. 82.

Paterno, Piedade. Educação e imunidade tributária. Em: Gazeta Mercantil 7/12/98.Socolik, Hélio. Incentivos fiscais e renúncia de receita. Em: Tributação em revista. Vol

2 N 7 jan./mar. 94.

200439

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15 - ANEXO I: LEI Nº 8.313, DE 23 DE DEZEMBRO DE 1993Restabelece princípios da Lei n° 7.505, de 2 de

julho de 1986, institui o Programa Nacional de Apoio àCultura (Pronac) e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICAFaço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:CAPÍTULO IDISPOSIÇÕES PRELIMINARESArt. 1° Fica instituído o Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac), com a finalidade

de captar e canalizar recursos para o setor de modo a:I - contribuir para facilitar, a todos, os meios para o livre acesso às fontes da cultura e o

pleno exercício dos direitos culturais;II - promover e estimular a regionalização da produção cultural e artística brasileira, com

valorização de recursos humanos e conteúdos locais;III - apoiar, valorizar e difundir o conjunto das manifestações culturais e seus respectivos

criadores;IV - proteger as expressões culturais dos grupos formadores da sociedade brasileira e

responsáveis pelo pluralismo da cultura nacional;V - salvaguardar a sobrevivência e o florescimento dos modos de criar, fazer e viver da

sociedade brasileira;VI - preservar os bens materiais e imateriais do patrimônio cultural e histórico brasileiro;VII - desenvolver a consciência internacional e o respeito aos valores culturais de outros

povos ou nações;VIII - estimular a produção e difusão de bens culturais de valor universal, formadores e

informadores de conhecimento, cultura e memória;IX - priorizar o produto cultural originário do País.Art. 2° O Pronac será implementado através dos seguintes mecanismos:I - Fundo Nacional da Cultura (FNC);II - Fundos de Investimento Cultural e Artístico (Ficart);III - Incentivo a projetos culturais.Parágrafo único. Os incentivos criados pela presente lei somente serão concedidos a

projetos culturais que visem a exibição, utilização e circulação públicas dos bens culturais delesresultantes, vedada a concessão de incentivo a obras, produtos, eventos ou outros decorrentes,destinados ou circunscritos a circuitos privados ou a coleções particulares.

Art. 3° Para cumprimento das finalidades expressas no art. 1° desta lei, os projetos culturaisem cujo favor serão captados e canalizados os recursos do Pronac atenderão, pelo menos, um dosseguintes objetivos:

I - incentivo à formação artística e cultural, mediante:a) concessão de bolsas de estudo, pesquisa e trabalho, no Brasil ou no exterior, a autores,

artistas e técnicos brasileiros ou estrangeiros residentes no Brasil;b) concessão de prêmios a criadores, autores, artistas, técnicos e suas obras, filmes,

espetáculos musicais e de artes cênicas em concursos e festivais realizados no Brasil;

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c) instalação e manutenção de cursos de caráter cultural ou artístico, destinados à formação,especialização e aperfeiçoamento de pessoal da área da cultura, em estabelecimentos de ensino semfins lucrativos;

II - fomento à produção cultural e artística, mediante:a) produção de discos, vídeos, filmes e outras formas de reprodução fonovideográfica de

caráter cultural;b) edição de obras relativas às ciências humanas, às letras e às artes;c) realização de exposições, festivais de arte, espetáculos de artes cênicas, de música e de

folclore;d) cobertura de despesas com transporte e seguro de objetos de valor cultural destinados

a exposições públicas no País e no exterior;e) realização de exposições, festivais de arte e espetáculos de artes cênicas ou congêneres;III - preservação e difusão do patrimônio artístico, cultural e histórico, mediante:a) construção, formação, organização, manutenção, ampliação e equipamento de museus,

bibliotecas, arquivos e outras organizações culturais, bem como de suas coleções e acervos;b) conservação e restauração de prédios, monumentos, logradouros, sítios e demais

espaços, inclusive naturais, tombados pelos Poderes Públicos;c) restauração de obras de artes e bens móveis e imóveis de reconhecido valor cultural;d) proteção do folclore, do artesanato e das tradições populares nacionais;IV - estímulo ao conhecimento dos bens e valores culturais, mediante:a) distribuição gratuita e pública de ingressos para espetáculos culturais e artísticos;b) levantamentos, estudos e pesquisas na área da cultura e da arte e de seus vários

segmentos;c) fornecimento de recursos para o FNC e para fundações culturais com fins específicos

ou para museus, bibliotecas, arquivos ou outras entidades de caráter cultural;V - apoio a outras atividades culturais e artísticas, mediante:a) realização de missões culturais no país e no exterior, inclusive através do fornecimento

de passagens;b) contratação de serviços para elaboração de projetos culturais;c) ações não previstas nos incisos anteriores e consideradas relevantes pela Secretaria da

Cultura da Presidência da República (SEC/PR), ouvida a Comissão Nacional de Incentivo à Cultura(CNIC)

CAPÍTULO IIDO FUNDO NACIONAL DA CULTURA (FNC)Art. 4° Fica ratificado o Fundo de Promoção Cultural, criado pela Lei n° 7.505, de 2 de

julho de 1986, que passará a denominar-se Fundo Nacional da Cultura (FNC), com o objetivo decaptar e destinar recursos para projetos culturais compatíveis com as finalidades do Pronac e de:

I - estimular a distribuição regional eqüitativa dos recursos a serem aplicados na execuçãode projetos culturais e artísticos;

II - favorecer a visão interestadual, estimulando projetos que explorem propostas culturaisconjuntas, de enfoque regional;

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III - apoiar projetos dotados de conteúdo cultural que enfatizem o aperfeiçoamentoprofissional e artístico dos recursos humanos na área da cultura, a criatividade e a diversidade culturalbrasileira;

IV - contribuir para a preservação e proteção do patrimônio cultural e histórico brasileiro;V - favorecer projetos que atendam às necessidades da produção cultural e aos interesses

da coletividade, aí considerados os níveis qualitativos e quantitativos de atendimentos às demandasculturais existentes, o caráter multiplicador dos projetos através de seus aspectos sócio-culturais e apriorização de projetos em áreas artísticas e culturais com menos possibilidade de desenvolvimentocom recursos próprios.

§ 1° O FNC será administrado pela Secretaria da Cultura da Presidência da República(SEC/PR) e gerido por seu titular, assessorado por um comitê constituído dos diretores da SEC/PRe dos presidentes das entidades supervisionadas, para cumprimento do Programa de Trabalho Anualaprovado pela Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC) de que trata o art. 32 desta lei,segundo os princípios estabelecidos nos artigos 1° e 3° da mesma.

§ 2° Os recursos do FNC serão aplicados em projetos culturais submetidos com parecerda entidade supervisionada competente na área do projeto, ao comitê assessor, na forma que dispusero regulamento.

§ 3° Os projetos aprovados serão acompanhados e avaliados tecnicamente pelas entidadessupervisionadas, cabendo a execução financeira à SEC/PR.

§ 4° Sempre que necessário, as entidades supervisionadas utilizarão peritos para análisee parecer sobre os projetos, permitida a indenização de despesas com o deslocamento, quando houver,e respectivos pró-labore e ajuda de custos, conforme ficar definido no regulamento.

§ 5° O Secretário da Cultura da Presidência da República designará a unidade da estruturabásica da SEC/PR que funcionará como secretaria executiva do FNC.

§ 6° Os recursos do FNC não poderão ser utilizados para despesas de manutençãoadministrativa da SEC/PR.

§ 7° Ao término do projeto, a SEC/PR efetuará uma avaliação final de forma a verificara fiel aplicação dos recursos, observando as normas e procedimentos a serem definidos no regulamentodesta lei, bem como a legislação em vigor.

§ 8° As instituições públicas ou privadas recebedoras de recursos do FNC e executorasde projetos culturais, cuja avaliação final não for aprovada pela SEC/PR, nos termos do parágrafoanterior, ficarão inabilitadas pelo prazo de três anos ao recebimento de novos recursos, ou enquantoa SEC/PR não proceder a reavaliação do parecer inicial.

Art. 5° O FNC é um fundo de natureza contábil, com prazo indeterminado de duração,que funcionará sob as formas de apoio a fundo perdido ou de empréstimos reembolsáveis, conformeestabelecer o regulamento, e constituído dos seguintes recursos:

I - recursos do Tesouro Nacional;II - doações, nos termos da legislação vigente;III - legados;IV - subvenções e auxílios de entidades de qualquer natureza, inclusive de organismos

internacionais;V - saldos não utilizados na execução dos projetos a que se referem o Capítulo IV e o

presente capítulo desta lei;

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VI - devolução de recursos de projetos previstos no Capítulo IV e no presente capítulodesta lei, e não iniciados ou interrompidos, com ou sem justa causa;

VII - um por cento da arrecadação dos Fundos de Investimentos Regionais, a que serefere a Lei n° 8.167, de 16 de janeiro de 1991, obedecida na aplicação a respectiva origem geográficaregional;

VIII - um por cento da arrecadação bruta dos concursos de prognósticos e loterias federaise similares cuja realização estiver sujeita a autorização federal, deduzindo-se este valor do montantedestinados aos prêmios; (Redação dada pela Lei nº 9.312, de 05/11/96)

IX - reembolso das operações de empréstimo realizadas através do fundo, a título definanciamento reembolsável, observados critérios de remuneração que, no mínimo, lhes preserve ovalor real;

X - resultado das aplicações em títulos públicos federais, obedecida a legislação vigentesobre a matéria;

XI - conversão da dívida externa com entidades e órgãos estrangeiros, unicamentemediante doações, no limite a ser fixado pelo Ministro da Economia, Fazenda e Planejamento,observadas as normas e procedimentos do Banco Central do Brasil;

XII - saldos de exercícios anteriores; XIII recursos de outras fontes.Art. 6° O FNC financiará até oitenta por cento do custo total de cada projeto, mediante

comprovação, por parte do proponente, ainda que pessoa jurídica de direito público, da circunstânciade dispor do montante remanescente ou estar habilitado à obtenção do respectivo financiamento,através de outra fonte devidamente identificada, exceto quanto aos recursos com destinaçãoespecificada na origem.

§ 1° (Vetado)§ 2° Poderão ser considerados, para efeito de totalização do valor restante, bens e serviços

oferecidos pelo proponente para implementação do projeto, a serem devidamente avaliados pelaSEC/PR.

Art. 7° A SEC/PR estimulará, através do FNC, a composição, por parte de instituiçõesfinanceiras, de carteiras para financiamento de projetos culturais, que levem em conta o carátersocial da iniciativa, mediante critérios, normas, garantias e taxas de juros especiais a serem aprovadospelo Banco Central do Brasil.

CAPÍTULO IIIDOS FUNDOS DE INVESTIMENTO CULTURAL E ARTÍSTICO (FICART)Art. 8° Fica autorizada a constituição de Fundos de Investimento Cultural e Artístico

(Ficart), sob a forma de condomínio, sem personalidade jurídica, caracterizando comunhão de recursosdestinados à aplicação em projetos culturais e artísticos.

Art. 9° São considerados projetos culturais e artísticos, para fins de aplicação de recursosdos Ficart, além de outros que assim venham a ser declarados pela CNIC:

I - a produção comercial de instrumentos musicais, bem como de discos, fitas, vídeos,filmes e outras formas de reprodução fonovideográficas;

II - a produção comercial de espetáculos teatrais, de dança, música, canto, circo e demaisatividades congêneres;

III - a edição comercial de obras relativas às ciências, às letras e às artes, bem como deobras de referência e outras de cunho cultural;

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IV - construção, restauração, reparação ou equipamento de salas e outros ambientesdestinados a atividades com objetivos culturais, de propriedade de entidades com fins lucrativos;

V - outras atividades comerciais ou industriais, de interesse cultural, assim consideradaspela SEC/PR, ouvida a CNIC .

Art. 10. Compete à Comissão de Valores Mobiliários, ouvida a SEC/PR, disciplinar aconstituição, o funcionamento e a administração dos Ficart, observadas as disposições desta lei e asnormas gerais aplicáveis aos fundos de investimento.

Art. 11. As quotas dos Ficart, emitidas sempre sob a forma nominativa ou escritural,constituem valores mobiliários sujeitos ao regime da Lei n° 6.385, de 7 de dezembro de 1976.

Art. 12. O titular das quotas de Ficart:I - não poderá exercer qualquer direito real sobre os bens e direitos integrantes do

patrimônio do fundo;II - não responde pessoalmente por qualquer obrigação legal ou contratual, relativamente

aos empreendimentos do fundo ou da instituição administradora, salvo quanto à obrigação depagamento do valor integral das quotas subscritas.

Art. 13. A instituição administradora de Ficart compete:I - representá-lo ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente;II - responder pessoalmente pela evicção de direito, na eventualidade da liquidação deste.Art. 14. Os rendimentos e ganhos de capital auferidos pelos Ficart ficam isentos do

imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, assim como do imposto sobre renda e proventosde qualquer natureza. (Revogada as isenções pela Lei nº 8.894, de 21/06/94)

Art. 15. Os rendimentos e ganhos de capital distribuídos pelos Ficart, sob qualquer forma,sujeitam-se à incidência do imposto sobre a renda na fonte à alíquota de vinte e cinco por cento.

Parágrafo único. Ficam excluídos da incidência na fonte de que trata este artigo, osrendimentos distribuídos a beneficiário pessoas jurídica tributada com base no lucro real, os quaisdeverão ser computados na declaração anual de rendimentos.

Art. 16. Os ganhos de capital auferidos por pessoas físicas ou jurídicas não tributadascom base no lucro real, inclusive isentas, decorrentes da alienação ou resgate de quotas dos Ficart,sujeitam-se à incidência do imposto sobre a renda, à mesma alíquota prevista para a tributação derendimentos obtidos na alienação ou resgate de quotas de fundos mútuos de ações.

§ 1° Considera-se ganho de capital a diferença positiva entre o valor de cessão ou resgateda quota e o custo médio atualizado da aplicação, observadas as datas de aplicação, resgate oucessão, nos termos da legislação pertinente.

§ 2° O ganho de capital será apurado em relação a cada resgate ou cessão, sendo permitidaa compensação do prejuízo havido em uma operação com o lucro obtido em outra, da mesma oudiferente espécie, desde que de renda variável, dentro do mesmo exercício fiscal.

§ 3° O imposto será pago até o último dia útil da primeira quinzena do mês subseqüenteàquele em que o ganho de capital foi auferido.

§ 4° Os rendimentos e ganhos de capital a que se referem o caput deste artigo e o artigoanterior, quando auferidos por investidores residentes ou domiciliados no exterior, sujeitam-se àtributação pelo imposto sobre a renda, nos termos da legislação aplicável a esta classe de contribuintes.

Art. 17. O tratamento fiscal previsto nos artigos precedentes somente incide sobre osrendimentos decorrentes de aplicações em Ficart que atendam a todos os requisitos previstos napresente lei e na respectiva regulamentação a ser baixada pela Comissão de Valores Mobiliários.

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Parágrafo único. Os rendimentos e ganhos de capital auferidos por Ficart, que deixem deatender aos requisitos específicos desse tipo de fundo, sujeitar-se-ão à tributação prevista no artigo43 da Lei n° 7.713, de 22 de dezembro de 1988.

CAPÍTULO IVDO INCENTIVO A PROJETOS CULTURAISArt. 18. Com o objetivo de incentivar as atividades culturais, a União facultará às pessoas

físicas ou jurídicas a opção pela aplicação de parcelas do imposto sobre a renda a título de doaçõesou patrocínios, tanto no apoio direto a projetos culturais apresentados por pessoas físicas ou porpessoas jurídicas de natureza cultural, de caráter privado, como através de contribuições ao FNC,nos termos do art. 5°, inciso II, desta lei, desde que os projetos atendam aos critérios estabelecidosno art. 1° desta lei, em torno dos quais será dada prioridade de execução pela CNIC.

Art. 19. Os projetos culturais previstos nesta lei serão apresentados à SEC/PR, ou aquem esta delegar a atribuição, acompanhados de planilha de custos, para aprovação de seuenquadramento nos objetivos do Pronac e posterior encaminhamento à CNIC para decisão final.

§ 1° No prazo máximo de noventa dias do seu recebimento poderá a SEC/PR notificar oproponente do projeto de não fazer jus aos benefícios pretendidos, informando os motivos da decisão.

§ 2° Da notificação a que se refere o parágrafo anterior, caberá recurso à CNIC, quedeverá decidir no prazo de sessenta dias.

§ 3° (Vetado)§ 4° (Vetado)§ 5° (Vetado)§ 6° A aprovação somente terá eficácia após publicação de ato oficial contendo o título

do projeto aprovado e a instituição por ele responsável, o valor autorizado para obtenção de doaçãoou patrocínio e o prazo de validade da autorização.

§ 7° A SEC/PR publicará anualmente, até 28 de fevereiro, o montante de recursosautorizados no exercício anterior pela CNIC, nos termos do disposto nesta lei, devidamentediscriminados por beneficiário.

Art. 20. Os projetos aprovados na forma do artigo anterior serão, durante sua execução,acompanhados e avaliados pela SEC/PR ou por quem receber a delegação destas atribuições.

§ 1° A SEC/PR, após o término da execução dos projetos previstos neste artigo, deverá,no prazo de seis meses, fazer uma avaliação final da aplicação correta dos recursos recebidos, podendoinabilitar seus responsáveis pelo prazo de até três anos.

§ 2° Da decisão da SEC/PR caberá recurso à CNIC, que decidirá no prazo de sessentadias.

§ 3° O Tribunal de Contas da União incluirá em seu parecer prévio sobre as contas doPresidente da República análise relativa a avaliação de que trata este artigo.

Art. 21. As entidades incentivadoras e captadoras de que trata este Capítulo deverãocomunicar, na forma que venha a ser estipulada pelo Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento,e SEC/PR, os aportes financeiros realizados e recebidos, bem como as entidades captadoras efetuara comprovação de sua aplicação.

Art. 22. Os projetos enquadrados nos objetivos desta lei não poderão ser objeto deapreciação subjetiva quanto ao seu valor artístico ou cultural.

Art. 23. Para os fins desta lei, considera-se:I - (Vetado)

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II - patrocínio: a transferência de numerário, com finalidade promocional ou a cobertura,pelo contribuinte do imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza, de gastos, ou a utilizaçãode bem móvel ou imóvel do seu patrimônio, sem a transferência de domínio, para a realização, poroutra pessoa física ou jurídica de atividade cultural com ou sem finalidade lucrativa prevista no art.3° desta lei.

§ 1o Constitui infração a esta Lei o recebimento pelo patrocinador, de qualquer vantagemfinanceira ou material em decorrência do patrocínio que efetuar.

§ 2o As transferências definidas neste artigo não estão sujeitas ao recolhimento do Impostosobre a Renda na fonte.

Art. 24. Para os fins deste Capítulo, equiparam-se a doações, nos termos do regulamento:I - distribuições gratuitas de ingressos para eventos de caráter artístico-cultural por pessoa

jurídica a seus empregados e dependentes legais;II - despesas efetuadas por pessoas físicas ou jurídicas com o objetivo de conservar,

preservar ou restaurar bens de sua propriedade ou sob sua posse legítima, tombados pelo GovernoFederal, desde que atendidas as seguintes disposições:

a) preliminar definição, pelo Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural - IBPC, das normase critérios técnicos que deverão reger os projetos e orçamentos de que trata este inciso;

b) aprovação prévia, pelo IBPC, dos projetos e respectivos orçamentos de execução dasobras;

c) posterior certificação, pelo referido órgão, das despesas efetivamente realizadas e dascircunstâncias de terem sido as obras executadas de acordo com os projetos aprovados.

Art. 25. Os projetos a serem apresentados por pessoas físicas ou pessoas jurídicas, denatureza cultural para fins de incentivo, objetivarão desenvolver as formas de expressão, os modosde criar e fazer, os processos de preservação e proteção do patrimônio cultural brasileiro, e os estudose métodos de interpretação da realidade cultural, bem como contribuir para propiciar meios, à populaçãoem geral, que permitam o conhecimento dos bens de valores artísticos e culturais, compreendendo,entre outros, os seguintes segmentos:

I - teatro, dança, circo, ópera, mímica e congêneres;II - produção cinematográfica, videográfica, fotográfica, discográfica e congêneres;III - literatura, inclusive obras de referência;IV - música;V - artes plásticas, artes gráficas, gravuras, cartazes, filatelia e outras congêneres;VI - folclore e artesanato;VII - patrimônio cultural, inclusive histórico, arquitetônico, arqueológico, bibliotecas,

museus, arquivos e demais acervos;VIII - humanidades; eIX - rádio e televisão, educativas e culturais, de caráter não-comercial.Parágrafo único. Os projetos culturais relacionados com os segmentos culturais do inciso

II deste artigo deverão beneficiar, única e exclusivamente, produções independentes conforme definiro regulamento desta Lei.

Art. 26. O doador ou patrocinador poderá deduzir do imposto devido na declaração doImposto sobre a Renda os valores efetivamente contribuídos em favor de projetos culturais aprovadosde acordo com os dispositivos desta Lei, tendo como base os seguintes percentuais:

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I - no caso das pessoas físicas, oitenta por cento das doações e sessenta por cento dospatrocínios;

II - no caso das pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, quarenta por centodas doações e trinta por cento dos patrocínios.

§ 1o A pessoa jurídica tributada com base no lucro real poderá abater as doações epatrocínios como despesa operacional.

§ 2o O valor máximo das deduções de que trata o caput deste artigo será fixado anualmentepelo Presidente da República, com base em um percentual da renda tributável das pessoas físicas edo imposto devido por pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real.

§ 3o Os benefícios de que trata este artigo não excluem ou reduzem outros benefícios,abatimentos e deduções em vigor, em especial as doações a entidades de utilidade pública efetuadaspor pessoas físicas ou jurídicas.

§ 4o (VETADO)§ 5o O Poder Executivo estabelecerá mecanismo de preservação do valor real das

contribuições em favor de projetos culturais, relativamente a este Capítulo.Art. 27. A doação ou o patrocínio não poderá ser efetuada a pessoa ou instituição vinculada

ao agente.§ 1o Consideram-se vinculados ao doador ou patrocinador:a) a pessoa jurídica da qual o doador ou patrocinador seja titular, administrador, gerente,

acionista ou sócio, na data da operação, ou nos doze meses anteriores;b) o cônjuge, os parentes até o terceiro grau, inclusive os afins, e os dependentes do

doador ou patrocinador ou dos titulares, administradores, acionistas ou sócios de pessoa jurídicavinculada ao doador ou patrocinador, nos termos da alínea anterior;

c) outra pessoa jurídica da qual o doador ou patrocinador seja sócio.§ 2o Não se consideram vinculadas as instituições culturais sem fins lucrativos, criadas

pelo doador ou patrocinador, desde que, devidamente constituídas e em funcionamento, na forma dalegislação em vigor e aprovadas pela CNIC.

Art. 28. Nenhuma aplicação dos recursos previstos nesta Lei poderá ser feita através dequalquer tipo de intermediação.

Parágrafo único. A contratação de serviços necessários à elaboração de projetos paraobtenção de doação, patrocínio ou investimento não configura a intermediação referida neste artigo.

Art. 29. Os recursos provenientes de doações ou patrocínios deverão ser depositados emovimentados, em conta bancária específica, em nome do beneficiário, e a respectiva prestação decontas deverá ser feita nos termos do regulamento da presente Lei.

Parágrafo único. Não serão consideradas, para fins de comprovação do incentivo, ascontribuições em relação às quais não se observe esta determinação.

Art. 30. As infrações aos dispositivos deste capítulo, sem prejuízo das sanções penaiscabíveis, sujeitarão o doador ou patrocinador ao pagamento do valor atualizado do Imposto sobre aRenda devido em relação a cada exercício financeiro, além das penalidades e demais acréscimosprevistos na legislação que rege a espécie.

Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, considera-se solidariamente responsávelpor inadimplência ou irregularidade verificada a pessoa física ou jurídica propositora do projeto.

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CAPÍTULO VDAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIASArt. 31. Com a finalidade de garantir a participação comunitária, a representação de

artista e criadores no trato oficial dos assuntos da cultura e a organização nacional sistêmica da área,o Governo Federal estimulará a institucionalização de Conselhos de Cultura no Distrito Federal, nosEstados, e nos Municípios.

Art. 32. Fica instituída a Comissão Nacional de incentivo à Cultura - CNIC, com a seguintecomposição:

I - o Secretário da Cultura da Presidência da República;II - os Presidentes das entidades supervisionadas pela SEC/PR;III - o Presidente da entidade nacional que congregar os Secretários de Cultura das Unidades

Federadas;IV - um representante do empresariado brasileiro;V - seis representantes de entidades associativas dos setores culturais e artísticos de

âmbito nacional.§ 1o A CNIC será presidida pela autoridade referida no inciso I deste artigo que, para fins

de desempate terá o voto de qualidade.§ 2o Os mandatos, a indicação e a escolha dos representantes a que se referem os incisos

IV e V deste artigo, assim como a competência da CNIC, serão estipulados e definidos pelo regulamentodesta Lei.

Art. 33. A SEC/PR, com a finalidade de estimular e valorizar a arte e a cultura, estabeleceráum sistema de premiação anual que reconheça as contribuições mais significativas para a área:

I - de artistas ou grupos de artistas brasileiros ou residentes no Brasil, pelo conjunto desua obra ou por obras individuais;

II - de profissionais da área do patrimônio cultural;III - de estudiosos e autores na interpretação crítica da cultura nacional, através de ensaios,

estudos e pesquisas.Art. 34. Fica instituída a Ordem do Mérito Cultural, cujo estatuto será aprovado por

Decreto do Poder Executivo, sendo que as distinções serão concedidas pelo Presidente da República,em ato solene, a pessoas que, por sua atuação profissional ou como incentivadoras das artes e dacultura, mereçam reconhecimento.

Art. 35. Os recursos destinados ao então Fundo de Promoção Cultural, nos termos doart. 1o, § 6o, da Lei no 7.505, de 2 de julho de 1986, serão recolhidos ao Tesouro Nacional paraaplicação pelo FNC, observada a sua finalidade.

Art. 36. O Departamento da Receita Federal, do Ministério da Economia, Fazenda ePlanejamento, no exercício de suas atribuições específicas, fiscalizará a efetiva execução desta Lei,no que se refere à aplicação de incentivos fiscais nela previstos.

Art. 37. O Poder Executivo a fim de atender o disposto no art. 26, § 2o, desta Lei,adequando-o às disposições da Lei de Diretrizes Orçamentárias, enviará, no prazo de 30 dias,Mensagem ao Congresso Nacional, estabelecendo o total da renúncia fiscal e correspondentecancelamento de despesas orçamentárias.

Art. 38. Na hipótese de dolo, fraude ou simulação, inclusive no caso de desvio de objeto,será aplicada, ao doador e ao beneficiário, multa correspondente a duas vezes o valor da vantagemrecebida indevidamente.

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Art. 39. Constitui crime, punível com a reclusão de dois a seis meses e multa de vinte porcento do valor do projeto, qualquer discriminação de natureza política que atente contra a liberdadede expressão, de atividade intelectual e artística, de consciência ou crença, no andamento dos projetosa que se refere esta Lei.

Art. 40. Constitui crime, punível com reclusão de dois a seis meses e multa de vinte porcento do valor do projeto, obter redução do imposto de renda utilizando-se fraudulentamente dequalquer benefício desta Lei.

§ 1o No caso de pessoa jurídica respondem pelo crime o acionista controlador e osadministradores que para ele tenham concorrido.

§ 2o Na mesma pena incorre aquele que, recebendo recursos, bens ou valores em funçãodesta Lei, deixa de promover, sem justa causa, atividade cultural objeto do incentivo.

Art. 41. O Poder Executivo, no prazo de sessenta dias, Regulamentará a presente lei.Art. 42. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.Art. 43. Revogam-se as disposições em contrário.Brasília, 23 de dezembro de 1991; 170° da Independência e 103° da República.

16 - ANEXO II: DECRETO N° 98.595, DE 18 DE DEZEMBRO DE 1989

Regulamenta a Lei n° 7.752, de 14 de abril de1989, que dispõe sobre benefícios fiscais, na área doimposto de renda, concedidos ao desporto nãoprofissional, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , usando das atribuições que lhe confere o art. 84,inciso IV da Constituição Federal, decreta:

CAPÍTULO IDas disposições preliminaresArt. 1° A concessão de benefícios fiscais ao desporto não profissional, na área do imposto

de renda, nos termos previstos na Lei n° 7.752, de 14 de abril de 1989, obedecerá ao disposto no art.217 da Constituição, neste Regulamento e nas instruções que os Ministérios da Fazenda e da Educaçãoe o Conselho Nacional de Desportos - CND expedirem no exercício da respectiva competência.

Art. 2° Ao CND caberá, no âmbito administrativo, dirimir dúvidas conceituais suscitadaspela legislação do desporto, para fins de benefícios fiscais.

Art. 3º Pessoa jurídica de natureza desportiva é o órgão público, ou a entidade privada,com fins lucrativos, ou sem eles, que tenha como objetivo social prevalente, efetivamente realizadoe explicitado em seu estatuto ou ato de criação, a prática, a administração, o ensino ou a pesquisadesportivas.

CAPÍTULO IIDas deduçõesArt. 4° As pessoas jurídicas poderão deduzir como despesa operacional, na apuração do

lucro líquido do exercício, em cada período-base, o valor das doações e patrocínios, inclusive despesase contribuições necessárias à sua efetivação, realizados a favor de pessoa jurídica de natureza desportivapreviamente cadastrada no Ministério da Educação, ou por intermédio dela (Lei nº 7.752, art. 1°).

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Art. 5° A dedução não está sujeita à observância do limite a que se refere o art. 243 doRegulamento do Imposto de Renda, baixado com o Decreto n° 85.450, de 4 de dezembro de 1980.

Art. 6º Quando pagas pela pessoa jurídica doadora, são dedutíveis como despesasoperacionais, somando-se, para fins do benefício fiscal, ao valor das doações:

I - a remuneração a perito que venha, por iniciativa prévia do doador, avaliar os bensdoados;

II - os tributos incidentes sobre a doação, inclusive o imposto de transmissão;III - as despesas relativas a frete ou carreto e seguro do bem doado, desde o local de

origem até o local de destino;IV - as despesas com embalagem e remoção do bem doado, bem como a sua instalação

no local a ele destinado;V - as despesas cartorárias, relativas ao registro, translados e certidões, das operações de

doação.CAPÍTULO IIIDa redução do impostoArt. 7° Além do registro como despesa operacional, no caso de doação ou patrocínio, a

pessoa jurídica poderá, ainda, reduzir do imposto devido o valor equivalente à aplicação da alíquotado imposto de renda a que esteja sujeita, tendo como base de cálculo (Lei n° 7.752, art. 1°, § 3°):

I - até cem por cento do valor da doação ou do fomento às categorias desportivas inferiores,até juniores, inclusive;

II - até oitenta por cento do valor do patrocínio;III - até cinqüenta por cento do valor do investimento econômico-financeiro.Art. 8° Observado o limite máximo de quatro por cento do imposto devido no período-

base de sua utilização, essas reduções não estão sujeitas a outros limites previstos na legislação doimposto de renda das pessoas jurídicas.

Parágrafo único. Se, no período-base, o montante dos incentivos, referentes a doação,patrocínio e investimento, for superior ao limite de redução permitido, a pessoa jurídica poderá reduziro excedente, do imposto devido, nos cinco exercícios financeiros seguintes, respeitado, em cadaexercício, o limite de quatro por cento.

Art. 9° Observado o limite de quarenta por cento de dedutibilidade do imposto devidopela pessoa jurídica, aquela que não se utilizar, no decorrer do período-base, dos benefícios de quetrata o art. 7° poderá reduzir até cinco por cento do imposto devido, para destinar ao Fundo dePromoção do Esporte Amador, gerido pelo Conselho Nacional de Desportos (Lei n° 7.752, art. 1º, §6º).

Art. 10. Os recursos de que trata o art. 7° somente poderão ser aplicados em atividadesincentivadas pela Lei n° 7.752, vedada sua utilização para a cobertura de despesas administrativasdo Ministério da Educação ou de órgãos a ele vinculados ou de quaisquer entidades.

Art. 11. Para fins deste Regulamento, considera-se:I - doação, a transferência definitiva de bens ou numerário, sem proveito pecuniário para

o doador (Lei nº 7.752, art. 3°);II - patrocínio, a realização, pelo contribuinte e a favor de pessoas jurídicas de natureza

desportiva, de despesas com a promoção ou publicidade em atividades desportivas, sem proveitopecuniário ou patrimonial direto para o patrocinador (Lei nº 7.752, art. 5º);

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III - investimento, a aplicação de bens ou numerário com proveito pecuniário oupatrimonial direto para o investidor (art. 16) (Lei nº 7.752, art. 4º).

CAPÍTULO IVDA DOAÇÃO E DO PATROCÍNIOArt. 12. O doador terá direito aos incentivos fiscais previstos neste Regulamento se

expressamente declarar, no instrumento de doação, a ser inscrito no Registro de Títulos e Documentos,ou no Registro de Imóveis, na ocasião da doação, que ela se faz sob as condições de irrevogabilidadedo ato (Lei n° 7.752, art. 3°, § 1°) e que a aplicação do objeto doado se faça em atividades desportivas(Lei n° 7.752, art. 2°).

Parágrafo único. O registro será efetuado, obrigatoriamente, na doação de imóvel dequalquer valor e dispensado na doação de bem móvel quando o seu valor não exceder ao de dez milBTN.

Art. 13. 0 Ministério da Educação ou o Ministério da Fazenda poderá, a seu exclusivocritério, determinar a realização de perícia para apurar a autenticidade ou o valor do bem doado.

Parágrafo único. Se da perícia resultar valor menor que o atribuído pelo doador, além daspenalidades respectivas, ficará sujeito o doador, para efeitos fiscais, à redução do valor e a indenizara União as despesas decorrentes da avaliação.

Art. 14. A pessoa jurídica isenta do imposto de renda não está sujeita à incidência desseimposto sobre a receita não operacional auferida em razão da doação recebida, devendo, contudo, adestinatária observar o disposto no art. 25 deste Regulamento .

Art. 15. 0 patrocínio admite o proveito indireto decorrente da divulgação da denominaçãoou marca da pessoa jurídica patrocinadora, ou de seus produtos ou serviços, nos termos autorizadospelas normas desportivas nacionais e internacionais.

CAPÍTULO VDOS INVESTIMENTOSArt. 16. Os investimentos incentivados pela Lei n° 7.752 far-se-ão em pessoas jurídicas

de natureza desportiva, com fins lucrativos, cadastradas no Ministério da Educação (Lei n° 7.752,art. 4°, I).

Parágrafo único. As participações de que trata este artigo dar-se-ão, sempre, em pessoasjurídicas que tenham sede no País (Lei n° 7.752, art. 4°, § 1°).

Art. 17. 0 Ministério da Educação, por intermédio do Conselho Nacional de Desportos -CND, cadastrará as pessoas jurídicas que tenham sede no País, estejam direta ou indiretamente sobcontrole de pessoas naturais residentes no Brasil e, observadas as normas por ele expedidas, sedediquem à produção, distribuição ou comercialização de livros, materiais ou equipamentos de usoespecífico para os desportos.

Art. 18. São as seguintes as modalidades de investimentos incentivados:I - aquisição de títulos patrimoniais (art. 19);II - aquisição de ações nominativas preferenciais sem direito a voto (art. 19);III - aquisição de quotas de capital social (art. 19);IV - aquisição de quotas de participante (art. 20).Art. 19. Os títulos, as ações e as quotas, adquiridos nos termos deste Regulamento,

ficarão inalienáveis e impenhoráveis, não podendo ser utilizados para fins de caução ou qualqueroutra forma de garantia, pelo prazo de cinco anos (Lei n° 7.752, art. 4°, § 2°).

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Parágrafo único. As restrições referidas neste artigo compreendem, também, ocompromisso de compra e venda, a cessão de direitos à sua aquisição e quaisquer outros contratosque tenham por objeto referidos títulos, ações e quotas, e que impliquem a sua alienação ou gravame,mesmo futuros.

Art. 20. As quotas de participantes (Lei n° 7.752, art. 4°, § 3°):I - são estranhas ao capital social;II - conferem a seus titulares o direito de participar no lucro líquido da sociedade nas

condições estipuladas no estatuto ou contrato social;III - poderão ser resgatadas, nas condições previstas no estatuto ou contrato social, com

os recursos da provisão formada com parcela do lucro líquido anual;IV - não conferem aos titulares direitos de sócio ou acionista, salvo o de fiscalizar os atos

dos administradores da sociedade.Parágrafo único. O capital contribuído pelo subscritor da quota de participante é inexigível,

mas, em caso de liquidação da sociedade, será reembolsado ao titular antes das ações ou quotas decapital social (Lei n° 7.752, art. 4°, § 4°).

Art. 21. As instituições financeiras, de acordo com normas baixadas pelo Banco Centraldo Brasil, poderão constituir carteira especial, com os benefícios fiscais que gozarem em razão desteRegulamento, destinada, exclusivamente, a financiar, apenas com a cobertura dos custos operacionaisda categoria, os investimentos de que trata este Capítulo (Lei n° 7.752, art. 6°).

Art. 22. Os investimentos efetuados na forma do art. 4° da Lei n° 7.752 deverão serescriturados em contas próprias do ativo permanente, nos termos do art. 179, inciso III, da Lei n°6.404, de 15 de dezembro de 1976.

CAPITULO VIDas disposições geraisArt. 23. Nenhuma aplicação para fins de obtenção de benefícios fiscais previstos neste

Regulamento poderá ser feita por meio de qualquer tipo de corretagem (Lei n° 7.752, art. 7°).Art. 24. A doação, o patrocínio ou o investimento não poderão ser efetuados pela pessoa

jurídica a beneficiária a ela vinculada.1° Considera-se vinculada à beneficiária a pessoa jurídica que seja sua coligada, interligada,

controladora ou controlada.2° Não se consideram vinculadas:a) fundações ou associações cadastradas no Ministério da Educação, instituídas pela

pessoa jurídica doadora ou patrocinadora, desde que não distribuam lucros ou bens, sob nenhumpretexto, aos seus instituidores ou mantenedores, nem remunerem, a qualquer título, seus dirigentese membros de seus conselhos;

b) a pessoa jurídica de natureza desportiva, cadastrada no Ministério da Educação, desdeque a participação societária se tenha originado de investimento decorrente da Lei n° 7.752/89; e

Art. 25. Os beneficiários dos incentivos de que trata este Regulamento deverão comunicar,na forma que venha a ser estipulada pelos Ministérios da Educação e da Fazenda, os aportes financeirosrecebidos, e comprovar sua aplicação (Lei n° 7.752, art. 8°).

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1° O Ministério da Educação poderá celebrar convênios com órgãos públicos estaduaisou municipais, ou entidades de âmbito nacional, para que estes recebam a comunicação de que trataeste artigo, para fins de registro e fiscalização, desde que as entidades e empresas beneficiadas nãoobtenham, de cada contribuinte, no exercício, como doações, patrocínios ou investimentos, quantiassuperiores a quatro mil BTN (Lei n° 7.752, art. 8°, parágrafo único).

2° As operações superiores a quatro mil BTN deverão ser previamente comunicadas,pelo doador, patrocinador ou investidor, aos Ministérios da Fazenda e da Educação, na formaestabelecida pela Secretaria da Receita Federal, para fins de registro e fiscalização, cabendo aoMinistério da Educação certificar a realização da atividade incentivada.

Art. 26. Os valores recebidos em decorrência dos benefícios fiscais referidos nesteRegulamento serão depositados em conta bancária especial pela entidade beneficiária e por elaregistrados em sua contabilidade, em livros próprios, de forma destacada.

Art. 27. Ocorrendo perda das quantias em favor da União, como conseqüência da decisãojudicial condenatória (art. 91, inciso II, do Código Penal), a autoridade administrativa que as receberdestiná-las-á ao Fundo de Promoção do Esporte Amador, para aplicação nas finalidades que lhes sãopróprias.

Art. 28. As infrações, pelo contribuinte, a prescrição deste Regulamento, sem prejuízodas sanções penais cabíveis, sujeitá-lo-ão à cobrança do imposto não recolhido em cada exercíciofinanceiro acrescido das penalidades previstas na legislação do imposto de renda, além da perda dodireito de acesso, após a condenação, aos benefícios fiscais de que trata este Regulamento (Lei n°7.752, art. 11).

Art. 29. A Secretaria da Receita Federal, no exercício de suas atribuições específicas,fiscalizará a efetiva execução deste Regulamento, no que se refere à realização das atividadesdesportivas ou à aplicação dos recursos nelas comprometidos.

CAPÍTULO VIIDo prazo de aplicaçãoArt. 30. A entidade beneficiária de doações ou investimentos, efetuados em espécie,

deverá aplicar as quantias recebidas em prazo que não ultrapasse o encerramento do exercíciofinanceiro posterior ao do seu recebimento.

Art. 31. 0 Ministério da Educação, a pedido da entidade beneficiada com a doação ou oinvestimento, poderá prorrogar o prazo de aplicação.

Art. 32. Se, por justa causa, a entidade beneficiária estiver impossibilitada de dar àsquantias recebidas a destinação desportiva devida, ser-lhe-á facultado regularizar a situação,incorporando-as ao Fundo de Promoção do Esporte Amador.

Art. 33. Caso, dentro do prazo previsto neste Capítulo, ou da sua prorrogação, não sejadada às quantias a destinação desportiva devida ou feita a regularização admitida, a autoridadeadministrativa que tomar conhecimento do fato comunicá-lo-á ao Ministério Público, para da iniciativaàs providências penais cabíveis.

CAPÍTULO VIIIDAS ATIVIDADES DESPORTIVASArt. 34. As atividades desportivas incentivadas integrarão, necessariamente, qualquer

das formas de manifestação desportiva reconhecidas em lei.

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Parágrafo único. Compete ao CND caracterizar as formas de manifestação desportiva deque trata este artigo, bem como definir critérios para o enquadramento das atividades desportivasincentivadas.

Art. 35. Na definição das atividades desportivas complementares à relação definida nalei (Lei n° 7.752, art. 2°, XI), o CND buscará sua racionalização e ordenamento, de forma a melhoratender às exigências das políticas desportivas do País e a facilitar a compreensão e o envolvimentodos usuários potenciais dos incentivadores ao desporto.

CAPÍTULO IXDO CADASTRAMENTOArt. 36. Para efeito do cadastramento a que se refere o art. 1° da Lei n° 7.752, de 14 de

abril de 1989, o CND expedirá às pessoas jurídicas de natureza desportiva certificado de figuraçãono Registro Nacional de Entidades Desportivas - Rede.

Art. 37. 0 pedido de cadastramento no Rede será dirigido ao presidente do CND, emformulário específico, acompanhado dos seguintes documentos:

I - contrato ou estatuto social atualizado e registrado no órgão competente ou, no casode órgão público, cópia do ato de criação publicado na imprensa oficial;

II - cópia do cartão de inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes do Ministério daFazenda;

III - cópia das declarações de rendimentos dos dois últimos exercícios financeiros;IV - comprovante de regularidade das contribuições para a seguridade social;V - demais documentos e informações exigidos pelo CND.Art. 38. 0 CND poderá indicar órgãos públicos em todo o território nacional, encarregados

da distribuição dos formulários específicos.Art. 39. Compete ao presidente do CND analisar as solicitações de cadastramento e

decidir cada caso, tendo em vista o cumprimento dos dispositivos legais vigentes.Parágrafo único. Da decisão que indeferir pedido de cadastramento, caberá recurso ao

Colegiado do CND, no prazo de trinta dias da ciência.Art. 40. Aprovado o pedido, o CND emitirá certificado, com validade de dois anos,

comprovando o cadastramento no Rede.Art. 41. 0 registro e os respectivos certificados distinguirão as instituições públicas das

particulares, e, entre estas, as que tenham ou não fins lucrativos.Art. 42. A revalidação do certificado de cadastro será solicitada na forma estabelecida

pelo CND, o qual terá noventa dias para proferir decisão final sobre a matéria.Art. 43. As empresas individuais, equiparadas às pessoas jurídicas para efeito do imposto

de renda, também podem cadastrar-se no Rede, nas seguintes condições:I - pessoa física que se constitua como firma individual, mediante registro em Junta

Comercial ou em Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas;II - pessoa física que, em nome individual, explore, habitual e profissionalmente, atividade

econômica de caráter desportivo, de natureza civil ou comercial, com finalidade lucrativa, mediantea venda de bens ou serviços.

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Art. 44. As pessoas jurídicas de natureza desportiva e as a elas equiparadas, instituídas,ou que tenham alterado seu objetivo social, após 18 de abril de 1989, só farão jus ao cadastramentono Rede após dois anos de funcionamento e mediante a comprovação de efetivo e continuadoexercício de atividades desportivas nesse período.

Art. 45. A não-apresentação da declaração de rendimentos, em cada exercício financeiro,implicará o cancelamento da inscrição, da pessoa jurídica no Rede.

Art. 46. 0 Ministério da Educação, por iniciativa sua ou do Ministério da Fazenda, poderásuspender provisoriamente a inscrição no Rede durante a apuração de fraudes ou irregularidade,cancelando-a, definitivamente, quando comprovadas.

Art. 47. Para os efeitos deste Regulamento e de cadastramento no Rede, equiparam-se aentidades com fins lucrativos as instituições que prevejam, em seu estatuto ou ato constitutivo, adistribuição de seus bens patrimoniais entre fundadores, instituidores, mantenedores ou sócios, porocasião de sua dissolução.

Art. 48. 0 presidente do CND cancelará, definitivamente, a inscrição no Rede de instituição:I - que haja cometido irregularidade ou fraude na aplicação dos dispositivos legais referentes

aos benefícios fiscais concedidos ao desporto; que a pessoa jurídica investidora não detenha ouvenha a deter, pelo novo investimento, mais de dez por cento do capital social da empresa.

II - que tenha prestado informações falsas, ou as tenha sonegado, aos órgãos públicosencarregados da execução, do controle, ou da fiscalização da aplicação da lei;

III - deixado de exercer, regularmente, as atividades desportivas relacionadas com seuobjetivo social prevalente, ou as tenha interrompido por período superior a um ano.

Art. 49. Durante o período de apuração dos fatos relacionados com os incisos I, II e IIIdo art. 48, o presidente do CND poderá suspender a inscrição da entidade visada, por até sessentadias, prorrogáveis em situações especiais, por, no máximo, outro período idêntico.

Art. 51. 0 CND fará imediata comunicação, à Secretaria da Receita Federal, de todas asocorrências relacionadas com cancelamento ou suspensão de inscrições na Rede.

CAPITULO XDAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIASArt. 52. Os benefícios fiscais de que trata este Regulamento são aplicáveis em relação às

doações, patrocínios e investimentos realizados a partir de 18 de abril de 1989.Art. 53. Em conseqüência do disposto no caput e no § 6° do art. 1° da Lei n° 7.752, de 14

de abril de 1989, ficarão vinculadas administrativamente ao Conselho Nacional de Desportos, paraefeito de serviços de cadastramento e de gerência do Fundo de Promoção do Esporte Amador, asSubsecretarias de Desportos e de Esportes Para Todos da Secretaria de Educação Física e Desportosdo Ministério da Educação.

Parágrafo único. Para cumprimento do estabelecido neste artigo, as unidadesorganizacionais nele referidas continuam, além das novas tarefas, com o pessoal e as competênciasatuais.

Art. 54. Este Regulamento entrará em vigor na data de sua publicação.

Page 40: RECURSOS PARA O DESPORTO NA VIGÊNCIA DA LEI PELÉ...RECURSOS PARA O DESPORTO NA ... Empresas estatais comoEmbratel, Caixa, Banco do Brasil, Telebrás, Petrobrás e Correios são conhecidos

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NOTAS DE REFERÊNCIA

1 Essa proposição foi arquivada definitivamente em 1999, por ter finda a legislatura.2Não existe, por exemplo, publicação de balanços anuais, não há relatório anual para

encaminhar ao Poder Público, como se exige das demais sociedades sem fins lucrativos.