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 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ  CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS  DIREITO PROCESSUAL PENAL PROF. JOSÉ WELLIGTON DE ANDRADE  DIREITO NOTURNO – 9º PERÍODO RECURSOS NO DIREITO PROCESSUAL PENAL  Júlia Maria Leal dos Santos  Keuelanne Alves Carvalho  Marcel Wilson Rocha Pacheco  Pedro Quirino da Silva Neto  Vicente Paulo Santos Gomes  TERESINA-PI 

Recursos Processo Penal (1)

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Resumo sobre os recursos penais

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAU

    CENTRO DE CINCIAS HUMANAS E LETRAS

    DEPARTAMENTO DE CINCIAS JURDICAS

    DIREITO PROCESSUAL PENAL

    PROF. JOS WELLIGTON DE ANDRADE

    DIREITO NOTURNO 9 PERODO

    RECURSOS NO DIREITO PROCESSUAL PENAL

    Jlia Maria Leal dos Santos

    Keuelanne Alves Carvalho

    Marcel Wilson Rocha Pacheco

    Pedro Quirino da Silva Neto

    Vicente Paulo Santos Gomes

    TERESINA-PI

  • TEORIA GERAL DOS RECURSOS

    Aspectos Introdutrios

    O recurso consiste no instrumento aplicvel no combate a determinado

    provimento. utilizado dentro da mesma relao processual, e objetiva a reforma, a

    invalidao, o esclarecimento, ou a integrao da deciso combatida. De incio, cabe

    esclarecer que o fato de o recurso se fazer presente dentro da mesma relao jurdica

    processual implica na ausncia de natureza de recurso das aes de habeas corpus,

    mandado de segurana e reviso criminal, visto que estas so aes autnomas.

    A natureza jurdica do recurso, conforme a corrente atualmente predominante,

    a de decorrncia do direito de ao. O recurso seria, portanto, o meio de materializar o

    inconformismo com a deciso prolatada, dando continuidade relao jurdica.

    Os fatores que fundamentam a existncia dos recursos so o inconformismo de

    uma ou de ambas as partes com a deciso ou com parte dela, que desemboca numa

    necessidade psicolgica de reao, o fato de o julgador ser passvel de cometer erros e,

    segundo Nestor Tvora, as razes histricas do prprio direito, j que o prprio texto

    constitucional faz referncia existncia dos recursos, ao organizar o Poder Judicirio

    de forma a permitir o duplo grau de jurisdio, exercido primordialmente pelos

    tribunais.

    Princpios Recursais

    Conforme o princpio da voluntariedade, encontrado no art. 544 do CPP, o

    recurso um ato processual voluntrio, ou seja, decorre da manifestao de vontade da

    parte que queira ver reformada ou anulada uma deciso. Cabe mencionar que o recurso

    se trata de um nus processual, pois caso no seja exercida essa escolha, a parte vencida

    pode sofrer consequncias desfavorveis.

    J o princpio da taxatividade estabelece que o ordenamento jurdico deve prever

    expressamente a existncia do recurso para que ele seja aplicado. A previso legal

    obrigatria para que o recurso exista, pois no processo penal no se admite recurso

    inominado ou recurso de improviso. Em estreita ligao com o princpio da

    taxatividade, est o princpio da unirrecorribilidade, tambm conhecido como princpio

    da singularidade, que informa a existncia de um nico recurso possvel para cada

    espcie de deciso judicial, sendo tarefa da parte optar pelo recurso adequado. No

    obstante, uma mesma deciso pode ensejar a utilizao de mais de um recurso, quando

  • ela trata de questes distintas. Nestor Tvora cita como exemplo a possibilidade do

    manejo simultneo do recurso especial ao STJ e do extraordinrio ao STF, quando uma

    mesma deciso ofenda a Constituio Federal e a legislao infraconstitucional.

    O princpio analisado a seguir possibilita o aproveitamento da relao jurdica,

    sendo til celeridade processual e boa f de forma ampla. Trata-se do princpio da

    fungibilidade recursal ou conversibilidade dos recursos, que possibilita ao magistrado

    aceitar o recurso, desde que ele no seja eivado de erro grosseiro e seja interposto dentro

    do prazo. Ou seja, aplicando-se esse princpio, possvel a aceitao de um recurso por

    outro. Impende mencionar tambm que, para a aplicao do referido princpio,

    necessrio que o prazo para o recurso correto no tenha se esgotado quando da

    apresentao da impugnao equivocada.

    Uma espcie de mutao bastante interessante que pode ocorrer na seara do

    processo penal se fundamenta no princpio da convolao, que se trata da possibilidade

    de um recurso manejado corretamente ser convertido em outro em virtude de se

    apresentar mais til ao recorrente, conferindo-lhe maiores vantagens. Resta esclarecer a

    diferena entre convolao e fungibilidade. Naquela, o recurso interposto de forma

    correta, o que no ocorre na fungibilidade.

    O princpio da vedao da reformatio in pejus probe a mudana para pior da

    situao do ru, em decorrncia de outra deciso posterior acerca do julgado recorrido.

    Conforme esse princpio, se somente a defesa recorre, a situao do ru no poder

    piorar. Nota-se que, caso a acusao no concorde com algum quesito da sentena

    condenatria, ela poder interpor recurso que objetive uma situao mais gravosa para o

    ru.

    Questo de especial ateno trata-se da proibio da reformatio in pejus indireta

    nos casos de competncia do tribunal do jri. Isso ocorre quando a defesa recorre e

    obtm a anulao do jri. No julgamento seguinte os jurados podem reconhecer as

    mesmas circunstncias do primeiro julgamento ou pode ocorrer de ser reconhecida uma

    nova circunstncia prejudicial ao acusado.

    Nesse caso especfico, existia uma controvrsia, pois entendia-se que a deciso

    tomada pelos jurados deveria ser respeitada e, sendo assim, seria aplicada uma pena

    mais severa para o ru. Atualmente, no entanto, os tribunais entendem que possvel

    compatibilizar o princpio da vedao da reformatio in pejus com o da soberania dos

    vereditos e, diante desses casos, a pena aplicada no poder ser superior quela definida

    no primeiro julgamento.

  • Outro princpio consagrado no ordenamento jurdico ptrio trata-se da

    complementariedade dos recursos, que torna possvel integrar um novo recurso ao j

    interposto toda vez que a deciso recorrida for modificada a posteriori, tanto em razo

    de correo de erro material, como de provimento de outro recurso, em razo da

    retratao do juiz. Tvora cita como exemplo o caso em que as partes so intimadas da

    sentena e a defesa apresenta apelao, ao passo que o Ministrio Pblico apresenta

    embargos declaratrios. Se ocorrer alterao da sentena devido aos embargos, deve ser

    dado defesa a possibilidade de complementar a apelao que tinha sido apresentada,

    em face dos novos elementos que compe a sentena modificada.

    Em matria de princpios, cabe tambm fazer breves comentrios ao princpio da

    dialeticidade dos recursos. Informa que o recorrente deve expor os fundamentos do

    recurso apresentado, expondo os pontos que entende serem merecedores de reexame,

    possibilitando, dessa forma, o contraditrio em sede recursal.

    Impedimentos

    Impedimentos so determinados fatores que mitigam o regular recebimento e

    processamento dos recursos, no se enquadrando como pressupostos de admissibilidade.

    Os impedimentos consistem em situaes de desistncia, renncia e desero.

    A desistncia ocorre quando o acusado manifesta o interesse de interromper a

    tramitao do recurso, dessa forma, atravs do seu advogado ou defensor, ele requer o

    trancamento do recurso.

    J a renncia significa a manifestao da parte que informa que no deseja

    recorrer da deciso. Ocorre, portanto, antes da desistncia. Trata-se de um ato uniliteral,

    pois no depende da parte contrria. Vale destacar que, havendo divergncia entre o ru

    e seu defensor, prevalece o interesse de recorrer, conforme entendimento consolidado

    na smula n 705 do STF.

    Por sua vez, a desero ocorre quando o acusado deixa de pagar as custas

    devidas ou no providencia o traslado de peas nos autos. Atualmente se entende que

    no se caracteriza desero o fato de o acusado, que deveria estar recolhido priso

    para recorrer, fugir. O STF j havia expressado seu posicionamento, indicando que,

    nessa hiptese, o recurso dever ser processado regularmente, mantendo-se o mandado

    de priso.

    Pressupostos objetivos e subjetivos de admissibilidade recursal

  • Consistem em condies ou requisitos de aceitao preliminar para, emps, se

    averiguar o mrito dos recursos.

    Divide-se em juzo de admissibilidade e juzo de mrito. O Primeiro consiste na

    verificao das condies de aceitao da espcie de recurso apresentada pela parte

    contra a deciso a ela desfavorvel. J o segundo o fundamento que se aduz para fins

    de reforma ou anulao da deciso.

    A previso legal o ponto de partida para a anlise dos pressupostos objetivos.

    Seu cabimento pressuposto vinculado taxatividade. Em outros termos, os recursos

    so aqueles expressamente existentes na lei processual penal, no havendo possibilidade

    de criao de impugnao recursal pela parte ou pelo juiz.

    O passo seguinte consiste na observncia das formalidades legais, que deve ser

    entendida como a regularidade formal da interposio e pela correta formulao do

    pedido que se espera ser aceito. Nessa esteira, resta pacificado que, para os recursos

    interpostos perante o juzo singular, a regra que seja por petio ou por termo nos atos;

    ao passo que se tratando de recurso interposto perante rgo colegiado, os recursos

    devem ser manejados atravs de petio, sempre acompanhada de razes recursais.

    Outro quesito de fundamental importncia a tempestividade, que analisada

    com base no prazo estabelecido para a apresentao do recurso a partir da intimao da

    parte. A regra de que o recurso apresentado fora do prazo no seja conhecido pelo

    rgo recebedor da petio recursal. Entretanto, quando a impugnao se destinar a

    destrancar outro recurso no admitido na origem, o rgo recebedor no poder recus-

    lo.

    A interposio de recurso durante o lapso temporal do prazo e antes do seu final,

    implica na precluso consumativa. Isso significa que o tempo restante para o final do

    prazo no poder ser utilizado pela parte para, por exemplo, completar as razes j

    oferecidas. Outrossim, decorrido o prazo para recurso contra sentena, sem que tenha

    sido exercido pela parte, ocorre o trnsito em julgado para quem no recorreu, devido

    precluso temporal.

    O recurso deve tambm possuir adequao, na medida em que se trata do acerto

    da via recursal apresentada e tem repercusso no interesse recursal. A adequao no

    uma condio absoluta, visto que pode ser balanceada em virtude do princpio da

    fungibilidade dos recursos.

    Alm dos pressupostos j mencionados, o exame do mrito do recurso se

    condiciona anlise de dois outros pressupostos: o interesse e a legitimidade recursal.

  • O interesse recursal advm do interesse que a parte possui de que a deciso que lhe foi

    desfavorvel seja alterada. Quando se trata do interesse do Ministrio Pblico, esse

    pressuposto torna-se ainda mais amplo, pois ele pode atuar no s como parte em um

    processo, mais tambm como fiscal da lei, haja visto sua atribuio constitucional de

    velar pela correta aplicao da lei.

    Impende mencionar ainda que, para que exista interesse recursal, deve existir o

    pressuposto fundamental da sucumbncia, pois se a parte for vencedora em todos os

    aspectos, no existe motivo para sua pretenso ser reavaliada em uma instncia superior.

    No que concerne legitimidade recursal, ela decorre da legitimidade ad causam ou ad

    processum, pois somente a parte que sofreu prejuzo com a deciso que pode recorrer.

    No processo penal, o recurso precisa ser oferecido por quem parte na relao

    processual, ou quando a lei expressamente autorize a interposio por terceiros.

    Os legitimados recursais se dividem em gerais e especiais. No primeiro grupo se

    enquadra o acusado pessoalmente, o advogado ou defensor do acusado, na qualidade de

    representante do acusado ou em interesse prprio e o Ministrio Pblico, a depender da

    natureza da ao penal. No segundo grupo esto o assistente da acusao e o assistente

    da defesa.

    Efeitos e Extino dos Recursos

    Os recursos podem acarretar um ou mais efeitos, a saber: devolutivo,

    suspensivo, regressivo e extensivo.

    O efeito devolutivo indica que o recurso devolve a matria recorrida para ser

    novamente apreciada pelo Poder Judicirio. A regra que a matria seja reavaliada em

    uma instncia superior, mas existem recursos que so reavaliados pelo mesmo rgo

    prolator da sentena combatida, como ocorre com os embargos declaratrios e os

    infringentes.

    Essa distino fruto da noo de instncia adotada por Frederico Marques, na

    lio do autor, se o recurso tem por objeto, atravs do reexame que provoca, a deciso

    de todo o litgio, diz-se que h reiterao da instncia; e fala-se em iterao da instncia,

    quando o recurso incide apenas sobre algum ato decisrio do procedimento de primeiro

    grau.

    Com base nesse entendimento, pode-se citar como exemplo de recurso de

    instncia reiterada a apelao contra sentena condenatria, ao passo que embargos

  • declaratrios contra deciso terminativa seria um exemplo de recurso de cognio

    iterada.

    Por sua vez, o efeito suspensivo aquele que tem o fito de paralisar a eficcia da

    deciso recorrida. Calha baila esclarecer que o efeito no recai sobre a tramitao do

    processo, ou seja, no ocorre nenhum impedimento ao andamento do processo. O que se

    busca a suspenso da produo dos efeitos da sentena.

    Destarte, conforme os efeitos da deciso proferida, o efeito suspensivo poder

    ter diversas particularidades. A ttulo de exemplo, os embargos declaratrios obstam o

    curso do prazo para a interposio de outros recursos contra a deciso impugnada.

    Nos casos em que a lei permite que o mesmo rgo que proferiu a sentena

    exera o juzo de retratao, modificando-a, tem aplicao o efeito regressivo. O caso

    mais clssico de recurso que possui efeito regressivo trata-se do recurso em sentido

    estrito. Desse modo, o juiz que vier a proferir uma sentena de pronncia poder, ao

    receber o recurso em sentido estrito, verificar erro no exame dos fatos e decidir por no

    pronunciar o ru. Caso o seu entendimento permanea inclume, dever manifestar

    juzo de sustentao.

    Previsto no art. 580 do Cdigo de Processo Penal, o efeito extensivo dos

    recursos ocorre na situao de concurso de agentes, quando um recurso apresentado por

    um dos rus beneficia a situao do outro, mesmo que este no tenha recorrido. O

    fundamento do efeito extensivo o de evitar a existncia de decises conflitantes,

    impedindo que mais de um acusado, sob as mesmas condies relativas ao mesmo fato,

    seja julgado de forma desigual.

    vlido mencionar que o efeito extensivo tambm pode ser aplicado s aes

    autnomas de impugnao.

    No que tange ao fenmeno da extino dos recursos, ele pode ocorrer

    normalmente ou anormalmente.

    A extino natural de um recurso se d quando do seu julgamento pelo rgo

    competente, depois de processado regularmente. Nas palavras de Tourinho Filho, ser

    normal quando a impugnao interposta admitida pelo juzo de primeiro grau,

    encaminhada ao tribunal com competncia para julg-la e, se conhecida for, levada a

    julgamento.

    J a extino anormal dos recursos ocorre antecipadamente nos casos de

    desero e desistncia.

  • A desero implica no no recebimento do recurso em razo da falta de preparo

    ou pagamento das despesas exigidas por lei. Como em regra, no processo penal, no h

    custas a recolher, a possibilidade da desero ser aplicada se reduziu ao caso da falta de

    preparo da pea de recurso.

    J a desistncia, como mencionado anteriormente, consiste na faculdade de

    desistir do recurso interposto. Essa faculdade, entretanto, no pode ser exercida pelo

    Ministrio Pblico, tendo em vista a indisponibilidade e obrigatoriedade da ao penal

    pblica.

    RECURSOS EM ESPCIE

    APELAO

    Conceito e fundamentos

    Historicamente a origem do termo apelao advm do direito romano e neste

    tinha o fim de impugnar a sentena para possibilitar seu reexame. J em relao ao

    processo penal brasileiro a apelao se caracteriza como um recurso interposto pela

    parte ou assistente que sucumbiu com o objetivo de obter pelo rgo de jurisdio de

    segundo grau a anulao da sentena ou que essa seja reformada.

    De acordo com Ovdio Arajo Baptista da Silva a apelao tambm se

    caracteriza por ser o recurso de efeito devolutivo mais amplo visto que enseja ao juzo

    ad quem a reanlise de forma integral das questes levantadas no primeiro grau de

    jurisdio excetuando-se as questes onde houve precluso.

    No direito processual penal brasileiro o recurso de apelao est disposto nos

    artigos 593 e 596 603 do Cdigo de processo penal atravs de enunciados

    explicativos. Porm de acordo com a doutrina a apelao aplicada de forma

    subsidiria ao recurso em sentido estrito, ou seja, o jurista quando diante de uma

    sentena s aplicar a apelao como recurso quando se certificar que no cabe o

    recurso em sentido estrito.

    Pressupostos e efeitos

    Prosseguindo na anlise da apelao, de acordo com Nestor Tvora, ela pode

    assumir duas funes: a rescisria ocorre quando o pedido for a substituio da sentena

    recorrida por outra, nos casos de reforma da deciso proferida em primeiro grau de

    jurisdio; e a rescindente que ocorre quando em vez de substituir a sentena a ser

  • impugnada, pede a sua nulidade.

    Outro ponto muito importante nesta modalidade de recurso que este pode se

    dar de forma plena ou de forma limitada. Dessa forma as apelaes podero ser

    interpostas quer em relao a todo o julgado, quer em relao a parte dele.

    considerada plena quando devolvido para o tribunal ad quem toda a matria decidida

    em primeira instncia, j na apelao limitada o prprio apelante faz a limitao do

    objeto do apelo e o pedido do reexame parcial da deciso recorrida.

    Importante destacar a aplicao da apelao em relao s decises dos jurados

    no tribunal do jri. Neste caso a apelao no possibilitar o reexame integral das

    decises protegidas pela soberania dos vereditos, podendo, no entanto, se for interposta

    contra sentena do juiz-presidente do jri, visando reduo da pena, reformar o que foi

    aplicado pelo magistrado preservando o que foi decidido pelos jurados. J quando o

    objetivo for alterar o que foi afirmado pelo jri, o tribunal segundo grau dever cassar a

    deciso do jri para mandar o acusado a novo julgamento, deixando intocada a

    soberania dos veredictos concernentes ao mrito da demanda penal. A interposio da

    apelao sobre decises do jri se far por termo nos autos, nesse caso o prazo para o

    recurso contra a sentena proferida pelo tribunal do jri comea a valer da data da

    respectiva sesso de julgamento, sendo que o advogado tem a possibilidade de recorrer

    oralmente e oferecer posteriormente suas razes recursais, sendo desprovido de rigor

    formal podendo o prprio ru apelar no necessitando capacidade postulatria para tal.

    No entanto, esta ser necessria para apresentao das razes.

    Alm da interposio por termo nos autos tambm poder a apelao ser

    interposta por petio escrita que de acordo com o artigo 593 do Cdigo de processo

    penal CPP ter o prazo de cinco dias para o ingresso do apelo, com uma observao

    de que este prazo se refere data de interposio e no pela da juntada aos autos da

    petio recursal, no sendo possvel dessa forma a rejeio da apelao pelo fato da

    demora de sua juntada aos autos por culpa do cartrio ou da secretaria, entendimento

    este declarado pelo STF em sua smula 320. Importante destacar que o prazo destacado

    diferente quando interposta a apelao pelo assistente do Ministrio pblico, sendo

    neste caso de quinze dias contados da expirao do prazo de recursos do Ministrio

    Pblico se ele no estiver habilitado nos autos e caso estiver habilitado este prazo ser

    de cinco dias. Ainda em relao a petio recursal est poder ser acompanhada de

    razes ou no. Se no contiver as razes o apelante ter o prazo de oito dias para

    apresentao destas.

  • Hipteses de cabimento

    No que se trata ao cabimento da apelao o CPP, no artigo 593 traz as seguintes

    hipteses: contra as sentenas definitivas condenatrias ou absolutrias prolatadas por

    juiz singular (inciso I); contra as decises definitivas, ou com fora de definitivas,

    exaradas por juiz singular, quando no for cabvel recurso em sentido estrito (inciso II);

    contra as decises do tribunal do jri quando: (a) advier nulidade subsequente

    pronncia; (b) a sentena do juiz-presidente contrariar dispositivo legal expresso ou a

    deciso dos jurados; (c) ocorrer equvoco ou injustia na imposio de medida de

    segurana ou de pena; e (d) a deciso dos jurados contrariar manifestamente a prova dos

    autos (inciso III). Porm alm dessas hipteses a apelao passa a conter mais duas que

    antes eram passveis de recursos em sentido estrito, essas duas hipteses esto previstas

    no artigo 416 do CPP habilitando a apelao: contra a sentena de impronncia e contra

    a sentena de absolvio sumria. Uma outra possibilidade de cabimento do recurso de

    apelao se refere a deciso de rejeio da denncia ou da queixa, contra a sentena

    absolutria ou condenatria e contra a sentena homologatria de transao penal, no

    havendo que se falar em recurso em sentido estrito no mbito dos juizados especiais

    criminais.

    Questo interessante em relao a apelao trata-se da divergncia entre o

    interesse do defensor em apelar e do acusado em renunciar do direito de recorrer.

    Quando isso ocorre, de acordo com Nestor Tvora tem-se trs orientaes a ser

    suscitadas: considera-se prevalente a vontade do acusado em relao a renncia do

    direito de recorrer, principalmente quando esta for tomada por termo na presena do

    juiz; deve ser conhecida a apelao do defensor porque a defesa tcnica deve prevalecer

    sobre a autodefesa; e o defensor tem interesse autnomo para recorrer relativamente ao

    acusado, no obstando o manejo do recurso daquele o fato do acusado ter renunciado ao

    seu direito de recorrer, pois a legitimidade para recorrer do defensor autnoma em

    relao do ru, isto , concorrente e disjuntiva.

    A Apelao possui tambm algumas caractersticas gerais, dispostas segundo o

    CPP, traduzidas pelos seguintes efeitos legais: a apelao ser sempre recebida no efeito

    devolutivo; ser tambm, em regra, dotada de efeito suspensivo nas hipteses de

    sentena condenatria (art. 597, CPP) e de sentena absolutria imprpria (que aplica

    medida de segurana), com supedneo no estado de inocncia; a priso decorrente de

    sentena condenatria caiu, de forma que para que algum tenha decretada sua priso

  • nessa fase, devem ser comprovados os requisitos da priso preventiva, o que no deve

    significar execuo provisria da pena, embora, no ponto, no seja apelao dado o

    efeito suspensivo quanto imposio da priso preventiva; e em se tratando de sentena

    absolutria (prpria), o apelo nunca no ter efeito suspensivo, no subsistindo qualquer

    espcie e medida cautelar imposta ao ru depois de declarada sua absolvio.

    Por fim, destaca-se algumas disposies sobre o julgamento da apelao.

    Primeiramente em relao a competncia para julgar a apelao trata-se do tribunal ao

    qual est vinculado o juiz prolator da sentena, podendo ser os Tribunais de Justia ou

    os Tribunais Regionais Federais, que so rgos de segundo grau de jurisdio. Dispe

    tambm que os tribunais dividem-se em rgo julgadores pleno ou rgo especial,

    cmaras, turmas e ou sees.

    A fase de julgamento possui uma srie de sequncia a serem seguidas, sendo que

    ao chegarem ao tribunal os autos sero distribudos a um relator j devendo estar com as

    razes e contrarrazes de recurso, caso contrrio o relator tomar as providncias para

    seu processamento. Ser dado prazo de cinco dias para o Ministrio Pblico visto os

    autos dar seu parecer onde opinar pelo conhecimento, no conhecimento, provimento

    ou no provimento da apelao.

    Ainda antes de marcar a data para o julgamento, Nestor Tvora dispe que o

    relator pode verificar que o processo precisa de diligncia imprescindvel para o desate

    do apelo, principalmente quando verifica a falta de interrogatrio do ru revel que

    compareceu aos autos quando o processo j havia sido remetido segunda instncia.

    Dessa forma entende que possvel a transformao do julgamento em diligncia com a

    baixa do processo primeira instncia, ou mesmo que aquela seja cumprida mediante

    carta de ordem, sem a remessa dos autos ao juzo a quo, quando no se mostre

    necessria essa providncia.

    Quando entender que o processo est pronto o relator pedir dia para

    julgamento, solicitando incluso em pauta e ao ser marcada a data dever intimar a parte

    atravs de publicao oficial ( caso a parte estiver representada pela Defensoria Pblica,

    a intimao deste rgo pessoal e, se necessrio, com vistas dos autos. Da mesma

    forma tambm o Ministrio Pblico dever ser intimado pessoalmente. Se houver falta

    de intimao da parte pela imprensa, ou a intimao realizada, por equvoco, em nome

    de advogado no constitudo nos autos implica nulidade absoluta do julgamento da

    apelao, conforme dispe a smula 431 do STF. No dia do julgamento o relator far o

    relatrio do feito e o presidente do tribunal conceder pelo prazo de dez minutos, a

  • palavra aos representantes das partes e ao procurador-geral, por igual prazo.

    Uma observao importante que caso o julgamento trate de apelao contra

    sentenas prolatadas em processo por delito a que a lei comine pena de recluso, h

    necessidade de um membro do tribunal como revisor. Nesse caso ocorre as seguintes

    modificaes em relao ao procedimento de julgamento: feito o relatrio nos autos,

    passaro estes ao revisor, com igual prazo para o exame do processo, aps o que pedir

    designao de dia para o julgamento; os prazos sero ampliados ao dobro; o tempo para

    os debates sero de um quarto de hora (art. 613, CPP).

    Em relao aos votos o relator ser o primeiro a se manifestar tendo o voto duas

    partes uma pelo conhecimento ou ao no conhecimento do apelo. A outra se conhecida a

    apelao pelo provimento ou pelo no provimento do recurso. Se houver divergncia

    em relao ao conhecimento do recurso, o presidente dever conduzir a tomada dos

    votos restritamente a este ponto. Nesse caso o tribunal decidir por maioria de votos e

    se a maioria decidir pelo no conhecimento, encerra-se o julgamento do apelo. Se for a

    apelao conhecida, passa-se a tomada dos votos alusivamente ao provimento ou no

    provimento do recurso. No entanto, se o relator for vencido, outro ser designado para

    lavrar o acrdo, dispondo a regra comum, que recaa sobre o membro que abriu a

    divergncia, devendo o acrdo ser apresentado conferncia na primeira sesso

    seguinte do julgamento, ou no prazo de duas sesses, pelo juiz incumbido de lavr-lo.

    Julgado

    PENAL. APELAO CRIMINAL. INTEMPESTIVIDADE. RECURSO NO CONHECIDO. No cuidando a parte interessada de impugnar a tempo a sentena proferida, invivel o recebimento da Apelao Criminal, porque extempornea. Recurso no conhecido.

    (TJ-DF - APR: 20140111443942 , Relator: MARIO MACHADO, Data de Julgamento: 03/06/2015, 1 Turma Criminal, Data de Publicao: Publicado no DJE : 09/06/2015 . Pg.: 111)

    RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

    Conceito e fundamentos

    O recurso em sentido estrito est disposto no CPP nos artigos 581 a 592 e

    segundo a doutrina nas palavras de Nestor Tvora, este recurso se define como a

    impugnao voluntria, manifestada pela parte interessada e prejudicada por deciso

  • judicial criminal que se amolde nas situaes dispostas no artigo 581(rol taxativo) do

    referido cdigo, com o fim de v-la modificada pelo juiz de primeiro grau (sob juzo de

    retratao) ou pelo tribunal ad quem, mediante julgamento pelo seu rgo com

    competncia criminal.

    Assim como outras espcies de recursos como, por exemplo, a apelao, o

    recurso em sentido estrito, de acordo como o artigo 578 do CPP, pode ser interposto por

    petio ou por termos nos autos, e ter o prazo de cinco dias para isso. Se proposto no

    forem oferecidas as razes escritas, abrir-se- prazo de dois dias contados a partir da

    respectiva intimao, destacando que se o recorrido for ru, ser intimado do prazo na

    pessoa do defensor.

    Hipteses de cabimento

    Em relao aos casos em que cabem o recurso em sentido estrito, como foi dito

    ao discorrer sobre seu conceito, possui rol taxativo (fechado) que so elencados no

    artigo 581 do CPP, em relao a deciso, despacho ou sentena: que no receber

    denncia ou queixa; que conclurem pela incompetncia do juzo; que julgar procedente

    as excees, salvo a de suspeio; da deciso que pronunciar o ru; que conceder, negar,

    arbitrar, cassar ou julgar inidnea a fiana, indeferir requerimento de priso preventiva

    ou revog-la, conceder liberdade provisria ou relaxar a priso em flagrante; que julgar

    quebrada a fiana ou perdido o seu valor; que decretar a prescrio ou julgar, por outro

    modo, extinta a punibilidade; que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrio

    ou de outra causa extintiva da punibilidade; que conceder ou negar a ordem de habeas

    corpus; que conceder, negar ou revogar a suspenso condicional da pena; que conceder,

    negar ou revogar livramento condicional; que anular o processo da instruo criminal,

    no todo ou em parte; que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir; que denegar a

    apelao ou a julgar deserta; que ordenar a suspenso do processo, em virtude de

    questo prejudicial; que decidir sobre a unificao de penas; que decidir o incidente de

    falsidade; que decretar medida de segurana, depois de transitar a sentena em julgado;

    que impuser medida de segurana por transgresso de outra; que mantiver ou substituir

    a medida de segurana; que revogar a medida de segurana; que deixar de revogar a

    medida de segurana, nos casos em que a lei admita a revogao; que converter a multa

    em deteno ou em priso simples.

    Pressupostos e efeitos

    Em relao ao processamento do recurso em sentido estrito a ideia que norteia a

  • disciplina legal a da necessidade ou no de que os autos continuem em primeiro grau

    de jurisdio. De acordo com Nestor Tvora a regra que a petio do recurso em

    sentido estrito dirigida ao juiz de primeiro grau e as suas razoes ao tribunal ou ao

    rgo julgador ad quem. Em exceo a esta regra tem-se aplicao dos incisos V e X do

    artigo 581 onde suas razes sero dirigidas ao prprio juiz de primeiro grau, com

    competncia para apreci-los, sem prejuzo da possibilidade da impetrao de habeas

    corpus no tribunal. Dessa forma, ainda de acordo com Tvora o CPP estabelece trs

    casos em que o recurso em sentido estrito dever subir com os autos originais quando:

    houver reexame necessrio, como se d com a absolvio sumria no rito do jri; for O

    caso de despacho, deciso ou sentena que no receber a queixa ou a denncia, que

    julgar procedentes as excees (salvo a de suspeio), que pronunciar o acusado, que

    decretar a prescrio ou julgar extinta a punibilidade e que negar ou conceder a ordem

    de habeas corpus; e no prejudicar o andamento do processo.

    Por fim cabe explanar sobre a questo do julgamento do recurso em sentido

    estrito destacando primeiramente sobre a competncia que neste caso compreende

    tribunais de justia, dos tribunais regionais federais, das cmaras ou das turmas que os

    compem.

    Assim como na Apelao o julgamento do recurso em sentido estrito obedece

    uma sequncia de procedimentos onde ao chegar no tribunal os autos do recurso sero

    distribudos a um relator e em seguida ser dado vista dos autos ao membro do

    Ministrio Pblico para no prazo de cinco dias oferecer parecer sobre a admissibilidade

    e mrito da impugnao. Posteriormente o processo retornar ao relator para ser

    marcado dia para julgamento. Dessa forma no dia do julgamento o relator com ou sem a

    presena dos interessados proceder com a exposio do feito, concedendo em seguida

    prazo de dez minutos aos advogados ou s partes que a solicitarem e ao procurador-

    geral, quando o requerer. Ainda cabe destacar que as decises do tribunal so tomadas

    por maioria e assim como na apelao os votos se referiro em uma primeira parte a

    admissibilidade e se aprovada esta seguir em relao ao provimento ou no das razes

    e contrarrazes alegadas.

    Julgado

    RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. REABILITAO. REEXAME NECESSRIO. REQUISITOS PREENCHIDOS. Os requisitos do pedido de reabilitao presentes na legislao castrense foram preenchidos. Demonstrados nos autos o decurso do lapso

  • temporal superior a cinco anos aps a extino da punibilidade, o domiclio no pas, bem como diversas declaraes de idoneidade e certides negativas, possvel inferir que o requerente no tornou a delinquir, demonstrando total recuperao social. No provimento do recurso ex officio. Deciso unnime. (STM - RSE: 00000946420157010401 RJ , Relator: Maria Elizabeth Guimares Teixeira Rocha, Data de Julgamento: 10/06/2015, Data de Publicao: Data da Publicao: 22/06/2015 Vol: Veculo: DJE)

    CARTA TESTEMUNHVEL

    Conceito e fundamentos

    Este recurso possui esta denominao devido ao seu aspecto histrico, que

    advm do Brasil Imperial, onde para impedir que o juiz no procedesse ao seguimento

    de recurso a sua deciso, o recorrente se apresentava ao escrivo com duas testemunhas

    informando que tinha interesse no reexame da deciso da qual recorria. Dessa forma se

    o escrivo negasse o recurso o recorrente com apoio das testemunhas levaria o fato ao

    conhecimento do tribunal.

    Dessa forma entende-se a carta testemunhvel como aquela em que o recorrente

    objetiva provocar o reexame de deciso repreendida por recurso no recebido ou sem

    seguimento regular devido a procedimento ilegal do juzo de primeiro grau e tambm

    objetiva o processamento do recurso paralisado indevidamente em primeira instncia.

    Pressupostos e efeitos

    O procedimento da carta testemunhada est fundamentado no CPP nos artigos

    639 a 646.

    Em relao a interposio da deste recurso esta ocorre atravs de petio como

    dispe o artigo 640 do CPP. Dever ser dirigida ao escrivo ou diretor de secretaria da

    vara e quanto aos tribunais ao secretrio do tribunal. Embora a regra seja da

    interposio por meio de petio Nestor Tvora entende que no deve ser negado seu

    ingresso atravs de termo nos autos. Ainda dispe o artigo 640 do CPP que o prazo para

    interposio de quarenta e oito horas do despacho que no receber o recurso, sendo

    que o termo inicial deste prazo comea a partir do minuto seguinte a efetivao da

    intimao. Se no for possvel a contagem de minuto a minuto o prazo a ser considerado

    ser de dois dias tendo como termo a quo o dia seguinte a intimao e por termo ad

    quem a hora do encerramento do expediente forense do segundo dia.

    Dispe ainda o CPP que a carta testemunhvel no tem efeito suspensivo, mas s

  • devolutivo. Alm disso, tambm dotada de efeito regressivo possibilitando juzo de

    retratao pelo juiz quando lhe forem conclusos os autos. O juzo de retratao poder

    ser exercido em maior ou menor extenso consoante os seguintes exemplos elencados

    do Tvora: caso a carta testemunhvel seja dirigida contra no recebimento de recurso

    em sentido estrito interposto de deciso de pronncia, o juzo de retratao pode ser no

    sentido de: a) simplesmente receber e processar o recurso inadmitido para viabilizar sua

    remessa segunda instncia para julgamento; ou b) de no apenas se retratar para

    receber o recurso trancado, mas tambm para exercer juzo de retratao sobre a deciso

    de pronncia, impronunciando o acusado; na hiptese de carta testemunhvel

    apresentada contra no recebimento de recurso em sentido estrito interposto da deciso

    que igualmente no recebeu a apelao, o juzo de retratao pelo juiz singular s pode

    ser restrito, porquanto no ser capaz de modificar o contedo da sentena apelada, haja

    vista que a apelao no possui efeito regressivo. O juzo regressivo, se exercido aqui,

    ser simplesmente para mandar processar o recurso em sentido estrito trancado na

    origem.

    Hiptese de cabimento

    No que se trata das hipteses de cabimento da carta testemunhvel este depende

    primeiramente da inexistncia de previso de outro recurso, e caber: contra deciso

    denegatria de recurso cuja competncia seja de rgo imediatamente superior ao juzo

    recorrido; ou contra deciso que impedir o processamento desse recurso que, embora

    admitido, no tenha sido remetido ao tribunal. Dessa forma, o recorrente a parte

    prejudicada (testemunhante) e o recorrido o juzo prolator da deciso.

    O artigo 639 do CPP fala do cabimento da carta testemunhvel contra denegao

    de recurso, sendo indispensvel que seja realmente referente a recurso tal como se d

    contra o no recebimento de recurso em sentido estrito, que , por excelncia, hiptese

    de admissibilidade da carta testemunhvel. De acordo com Tvora atualmente, com

    exceo da apelao, a carta testemunhvel dever ser interposta da inadmisso do

    recurso em sentido estrito e do agravo em execuo, j que de sua essncia "impugnar

    o no-recebimento de um recurso sempre atravs de outro recurso e no de habeas

    corpus.

    J em relao ao processamento da carta testemunhvel, que est elencado no

    artigo 643 do CPP, o rito recursal ser o mesmo estabelecido para o recurso em sentido

    estrito nos artigos 588 592 do CPP. importante destacar mesmo que j existam

  • razes e contrarrazes referentes ao recurso no recebido ou com processamento

    denegado, Tvora dispe que recomendvel que sejam intimadas as partes para este

    fim, pelo prazo de dois dias, oportunizando o contraditrio. Ainda destaca-se que no h

    oportunidade em primeiro grau de jurisdio para parecer do Ministrio Pblico.

    De acordo com o artigo 641 do CPP aps entregar recibo parte, certificando a

    interposio da carta testemunhvel, o escrivo, o diretor de secretaria ou o secretrio

    do tribunal, no prazo de cinco dias far entregar da carta devidamente conferida e

    concertada. J o artigo 642 prev sano disciplinar de suspenso por trinta dias, para o

    escrivo ou para o secretrio do tribunal que se negar a dar o recibo ou deixar de

    entregar sob qualquer pretexto o instrumento. Dispe ainda o referido artigo que o juiz,

    ou o presidente do tribunal de apelao, em face de representao do testemunhante,

    impor a pena e mandar que seja extrado o instrumento, sob a mesma sano, pelo

    substituto do escrivo ou o secretrio do tribunal, podendo o testemunhante, se no

    atendido, reclamar ao presidente do tribunal ad quem, que avocar os autos, para o

    efeito do julgamento do recurso e imposio da pena.

    Por fim em relao ao procedimento do julgamento da carta testemunhvel

    primeiramente os autos sero distribudos a um relator, membro do tribunal com

    competncia para process-la e julg-la, incidindo a disciplina normativa do recurso

    denegado. Dessa forma de acordo com Tvora na instncia competente para seu exame

    o tribunal, cmara ou turma a que competir o julgamento da carta, se desta tomar

    conhecimento, mandar processar o recurso, ou, se estiver suficientemente instruda,

    decidir logo, de mrito devendo ocorrer, aps publicada a deciso, a devoluo dos

    autos, dentro de cinco dias, ao juiz a quo.

    Julgado

    CARTA TESTEMUNHVEL. DECISO QUE NO RECEBEU AGRAVO EM EXECUO MINISTERIAL. A determinao do Magistrado no sentido de que o apenado aguarde em domiclio o surgimento de vaga em casa prisional compatvel com seu regime de cumprimento de pena, matria atinente execuo penal, sendo o agravo em execuo o recurso cabvel (art. 197 da LEP). CARTA TESTEMUNHVEL PROVIDA. (Carta Testemunhvel N 70063619449, Quinta Cmara Criminal, Tribunal de Justia do RS, Relator: Genacia da Silva Alberton, Julgado em 27/05/2015).

    (TJ-RS - CT: 70063619449 RS , Relator: Genacia da Silva Alberton, Data de Julgamento: 27/05/2015, Quinta Cmara Criminal, Data de Publicao: Dirio da Justia do dia 02/06/2015)

  • CORREIO PARCIAL

    Conceito

    Segundo Renato Brasileiro, o instrumento destinado impugnao de decises

    judiciais que possam importar em inverso tumulturia do processo, sempre que no

    houver recurso especfico previsto em lei.

    Quase todos os Estados adotam esse Recurso, seja em suas leis orgnicas, seja

    nos seus Regimentos Internos, ora com o nome de correio parcial, ora com o nome de

    reclamao, a qual no deve, por sua vez, ser confundida com a Reclamao que visa

    conservar a competncia e a autoridade dos julgados do Supremo Tribunal Federal e

    Superior Tribunal de Justia.

    Este Recurso tambm est previsto no art. 6, inciso I da Lei 5.010/66 (organiza

    a Justia Federal de Primeira Instncia), bem como suas respectivas hipteses de

    cabimento, in verbis:

    Art. 6 Ao Conselho da Justia Federal compete:

    I - Conhecer de correio parcial requerida pela parte ou pela

    Procuradoria da Repblica, no prazo de cinco dias, contra ato ou

    despacho do Juiz de que no caiba recurso, ou comisso que importe

    rro de ofcio ou abuso de poder. (Redao dada pelo Decreto Lei n

    253, de 1967)

    Hipteses de cabimento

    apto para a correo do error in procedendo (erro no procedimento; erro de

    forma), mas no do error in judicando (erro no julgamento). o meio cabvel para

    impugnao de decises das quais no cabe outro tipo de Recurso e que representem

    erro ou abuso, dos quais culmine a inverso tumulturia do processo. Conforme explica

    Renato Brasileiro, erro o equvoco na interpretao da Lei ou apreciao do fato,

    enquanto o abuso o excesso ou a prtica consciente da ilegalidade.

    O julgamento deste Recurso dispensa a prvia incluso em pauta. Os atos

    tumulturios (comissivos ou omissivos) devem ter sido praticados pelos juzes, no

    sendo cabvel a utilizao do recurso para impugnao de atos praticados pelas partes,

    ou serventurios da justia.

    Em suma, um recurso subsidirio, que somente ser cabvel quando no

    houver outro recurso apto a impugnar a deciso e que pode ser usado durante todo curso

    da persecuo penal, inclusive na fase de inqurito.

  • Sustenta Mirabete (2007, p. 737), relativamente possibilidade de aplicao do

    princpio da fungibilidade na correio parcial: Como a correio parcial no tem

    essencialmente a natureza de recurso, no se tem admitido com relao a sua

    interposio o princpio da fungibilidade para ser conhecida como o recurso que seria

    adequado espcie.

    Tratando ainda do cabimento da Correio Parcial, Mirabete (2006, p. 735),

    leciona que mesmo na esfera civil, em que o Cdigo de Processo Civil prev recursos

    para despachos interlocutrios, ainda cabvel a correio parcial quanto queles que

    no podem ser objeto de impugnao por recurso especfico".

    Natureza jurdica

    Intenso debate se forma em torno da natureza jurdica da correio parcial.

    Alguns doutrinadores entendem que se trata de medida administrativa/disciplinar com

    vistas apurao de uma atividade tumulturia do juiz, no passvel de recurso.

    Contudo, no esse o entendimento majoritrio, segundo o qual a correio parcial

    uma espcie de recurso.

    H uma discusso acerca da suposta inconstitucionalidade do recurso correio

    parcial. Os defensores dessa tese alegam que a competncia para legislar sobre direito

    processual privativa da Unio e a correio est prevista em uma lei federal (que no

    lei nacional). Contudo, o que se sabe que tal inconstitucionalidade nunca foi decretada

    pelas Cortes Superiores que, inclusive, conhecem de recursos e habeas corpus contra

    decises judiciais proferidas no julgamento de correies parciais.

    Legitimidade

    A legitimidade para interposio do recurso de correio parcial do acusado,

    defensor, Ministrio Pblico, querelante e assistente da acusao, conforme o caso.

    Prazo

    Em regra, de 5 (cinco) dias, contados a partir da cincia da deciso ou do

    despacho impugnado, podendo as leis de organizao judiciria fixarem um prazo

    diverso.

    Julgados

  • HABEAS CORPUS. DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR.

    INQURITO POLICIAL. ARQUIVAMENTO ANTE A

    INOCORRNCIA DA PRTICA DE CRIME. TRNSITO EM

    JULGADO DA PROFERIDA PELO JUIZ-AUDITOR.

    DESARQUIVAMENTO DOS AUTOS MEDIANTE

    PROCEDIMENTO DE CORREIO PARCIAL INSTAURADO

    VIA REPRESENTAO FORMALIZADA PELO JUIZ-AUDITOR

    CORREGEDOR. ALEGAO DE ILEGITIMIDADE DO

    MAGISTRADO E DE OFENSA COISA JULGADA, BEM ASSIM

    DE NO RECEPO ARTIGO 498, DO CDIGO DE PROCESSO

    PENAL MILITAR. PRECEDENTE DESTA CORTE NO SENTIDO

    DA ADEQUAO DO PROCEDIMENTO DE CORREIO

    PARCIAL SOMENTE QUANDO SE CUIDAR DE ERROR IN

    PROCEDENDO. MEDIDA LIMINAR DEFERIDA. Por ocasio do

    julgamento do Habeas Corpus n 81.427/DF, relator Ministro Cezar

    Peluso, DJe 26.03.2010, a Segunda Turma desta Corte observou que a

    correio parcial apresenta-se como via idnea para corrigir erro ou

    omisso inescusvel, abuso ou ato tumulturio, em processo, cometido

    ou consentido por Juiz (Cdigo de Processo Penal Militar, artigo 498).

    medida tendente a reparar vcio de procedimento (error in

    procedendo) e, desde o seu surgimento, a correio presta-se ao ataque

    s decises ou s de juzes no impugnveis por outro recurso e que

    representem erro ou abuso, de que resulte a inverso tumulturia dos

    atos e frmulas da ordem legal do processo. Destina-se a corrigir o

    error in procedendo, no o error in judicando (GRINOVER, Ada

    Pellegrino. Recursos no processo penal, Editora RT, 2 edio, So

    Paulo, 1998) STF, 2 Turma HC 81.427/DF, Rel. Min. Cezar Peluso, j.

    02/02/2010, DJe 055 25/03/2010

    HABEAS CORPUS. PROCESSUAL

    PENAL. SUSPENSO CONDICIONAL DO PROCESSO.

    DEFERIMENTO NA ORIGEM. CASSAO PELO TRIBUNAL

    A QUO, EM SEDE DE CORREIO PARCIAL. VIA

    INADEQUADA. CABIMENTO DERECURSO EM SENTIDO

    ESTRITO. INTERPOSIO FORA DO PRAZO LEGAL.

    PRECLUSO. AUSNCIA DE INTIMAO DA DEFESA.

    CERCEAMENTO DE DEFESA. 1. A teor do entendimento desta

    Corte, "contra deciso que concede, nega ou revoga suspenso

    condicional do processo cabe recurso em sentido estrito." (RMS

    23.516/RJ, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA,

    julgado em 17/12/2007, DJe 03/03/2008). 2. Ademais, quando da

    interposio da correio parcial, j havia transcorrido o prazo

    para a impugnao da deciso do Juzo da origem, tendo havido,

    portanto, a precluso processual. STJ, 5 Turma, HC 90.584/RS,

    Rel. Min. Laurita Vaz, j. 14/10/2008, DJe 03/11/2008

    Ementa: CORREIO PARCIAL AJUIZADA PELA DEFESA.

    MILITAR DENUNCIADO PELO CRIME CAPITULADO NO ART.

    303 DO CPM . DECISO A QUO QUE INDEFERIU O PEDIDO

    DE SUSPENSO DO FEITO, FORMULADO COM BASE NO

    ART. 161 DO CPPM . INEXISTNCIA DE ERROR IN

    PROCEDENDO SEGUNDO PRECONIZA O ART. 498 DO

    CPP. CORREIOPARCIAL INDEFERIDA. I - No configura

    violao s disposies processuais a Deciso que indefere pedido da

    Defesa de suspenso do feito, amparada na concluso da Percia

    Psiquitrica Judicial, ficando evidente que o caso no exige a

  • aplicao do art. 161 do CPPM . II - No h que falar em violao ao

    princpio da dignidade humana (art. 1 , inciso III , da Constituio

    Federal ) e afronta aos princpios constitucionais do devido processo

    legal e da ampla defesa (art. 5 , incisos LIV e LV , da mesma Carta

    Poltica ), tendo em vista que o rgo julgador decidiu em

    observncia s disposies processuais plenamente recepcionadas pela

    ordem jurdica vigente. Correio Parcial indeferida. Deciso

    unnime. STM - CORREIO PARCIAL CP 970320137050005

    PR 0000097-03.2013.7.05.0005 (STM) Data de publicao:

    23/09/2013

    PROTESTO POR NOVO JRI

    Foi revogado pela Lei 11.689/2008, em seu art. 4. Contudo, ainda no h uma

    deciso definitiva do Supremo acerca da subsistncia desse recurso quanto aos crimes

    cometidos antes da entrada em vigor da Lei n 11.689/2008, razo pela qual faz-se

    necessrio um estudo sobre este revogado Recurso.

    Hipteses de Cabimento

    cabvel quando ocorria a condenao, cuja pena fosse maior ou igual a 20

    anos, em razo de um nico crime, independente de ser doloso contra a vida ou a ele

    conexo. Por isso, era conhecido como recurso de uma linha. Estava previsto no art. 607

    do CPP, in verbis:

    Art. 607. O protesto por novo jri privativo da defesa, e somente se

    admitir quando a sentena condenatria for de recluso por tempo

    igual ou superior a vinte anos, no podendo em caso algum ser feito

    mais de uma vez. (Revogado pela Lei n 11.689, de 2008)

    Na hiptese de concurso de crimes, se os 20 anos fossem resultado da soma dos

    crimes no caso de concurso material e formal imprprio, e os crimes individualmente

    no perfizessem 20 anos, no era cabvel protesto por novo jri. Se apenas um tivesse

    pena maior do que 20 anos, somente com relao a ele seria cabvel o protesto por novo

    jri.

    No caso de concurso formal prprio ou continuidade delitiva era possvel a

    interposio do recurso, se fosse atingido o patamar de 20 anos, pois aqui se trata de um

    todo unitrio, em que h exasperao da pena.

    Era recebido nos seus efeitos devolutivo, com a invalidao da deciso dos

    jurados pelo juiz presidente e suspensivo, pois obstava a execuo da condenao

    invalidada.

    Da possibilidade de reformatio in pejus

  • O julgamento dos jurados soberano, de modo que eles poderiam no segundo

    julgamento reconhecer qualificadoras, causas de aumento de pena ou de diminuio.

    Contudo, se os jurados reconhecessem a existncia dos mesmos fatos e circunstncias

    admitidos no julgamento anterior, a eles o juiz estaria adstrito, no podendo impor pena

    mais grave ao acusado.

    Prazo

    O prazo para o Recurso era de 5 (cinco) dias por petio, ou termo nos autos,

    sem muitas formalidades. Conforme art. 607, 2 do CPP (revogado), o protesto por

    novo jri invalidava qualquer outro recurso interposto, alm de estabelecer que seria

    feito no mesmo prazo para interposio da apelao.

    2o O protesto invalidar qualquer outro recurso interposto e ser

    feito na forma e nos prazos estabelecidos para interposio da

    apelao.

    Processamento

    O protesto por novo jri era conhecido e julgado pelo prprio Presidente do

    Tribunal do Jri. No acarretava o reconhecimento da nulidade do julgamento anterior,

    apenas a cassao ou desconstituio deste.

    Questo controversa era a relativa ao recurso cabvel da deciso que denegava o

    protesto por novo jri. Alguns entendiam ser cabvel a carta testemunhvel; outros o

    habeas corpus.

    No era possvel a participao dos jurados que atuaram no primeiro julgamento

    no novo ji, conforme o teor do 3 do art. 607 do CPP (revogado), a seguir: 3 No

    novo julgamento no serviro jurados que tenham tomado parte no primeiro.

    Ainda consta do art. 449, I do CPP essa vedao:

    Art. 449. No poder servir o jurado que: (Redao dada pela Lei n

    11.689, de 2008)

    I tiver funcionado em julgamento anterior do mesmo processo, independentemente da causa determinante do julgamento

    posterior; (Includo pela Lei n 11.689, de 2008)

    Julgados

    "PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICDIOS

    QUALIFICADOS. RU CONDENADO A 35 ANOS DE

    RECLUSO. PROTESTO POR NOVO JRI. CONTINUIDADE

  • DELITIVA RECONHECIDA EM SEDE DE REVISO CRIMINAL.

    I - Afastado o concurso material de crimes e reconhecida a

    continuidade quantos aos fatos criminosos pelos quais restou

    condenado o paciente, no h empeo a que se defira em seu favor o

    protesto por novo jri, porquanto a pena resultante da aplicao da

    fictio juris do art. 71 do Cdigo Penal, porque considerada como um

    todo unitrio, no constitui bice ao benefcio. Precedentes. II - Tendo

    em vista que o 1 do art. 607 doCPP foi revogado pela Lei n 263, de

    23/02/1948, o fato de a nova pena ter sido fixada em sede de reviso

    criminal no impede o protesto por novo jri. Writ concedido, com

    extenso dos efeitos da deciso aos co-rus (art.580, CPP)." (STJ-5

    Turma, HC 22.679/SP, Rel. Min. Felix Fischer, julg. 17.10.2002, DJU

    18.11.2002, p. 278)

    "PROTESTO POR NOVO JRI. RECONHECIMENTO, PELO

    TRIBUNAL, DA CONTINUIDADE DELITIVA EM CRIMES

    DOLOSOS CONTRA A VIDA. PENA SUPERIOR A 20 ANOS.

    ART. 607, CPP. BENEFCIO DEFERIDO. Provida a apelao da

    defesa para o efeito de aplicar a regra da continuidade delitiva , assim,

    afastar a do concurso material imposta em primeiro grau, e sendo a

    pena cominada superior a 20 anos, faz jus o acusado a novo jri."

    (Acrdo n 15.273, da 2 Cmara Criminal do TJPR, Rel. Des. Telmo

    Cherem, julg. 08.05.2003)

    "EMBARGOS DE DECLARAO. RECONHECIMENTO DA

    CONTINUIDADE DELITIVA EM SEGUNDO GRAU.

    REQUISITOS DO ART. 607 DO CPP. OBSERVNCIA.

    EMBARGOS RECEBIDOS COMO PROTESTO POR NOVO JRI

    EM ATENO AO PRINCPIO DA FUNGIBILIDADE DOS

    RECURSOS. Reconhecendo-se em segundo grau de jurisdio que os

    crimes foram cometidos em continuidade delitiva, admissvel que

    sejam os embargos de declarao recebidos como Protesto por Novo

    Jri, se presentes os requisitos para tanto, em ateno ao princpio

    maior da fungibilidade dos recursos. (..)"

    (Acrdo n 15.664, da 1 C.Criminal do TJPR, Rel. Juiz Conv. Jorge

    Wagih Massad, julg. 14.08.2003)

    EMBARGOS DE DECLARAO

    Conceito

    O art. 382 do CPP dispe que qualquer das partes poder pedir ao juiz que

    declare a sentena, sempre que nela houver obscuridade, ambiguidade, contradio ou

    omisso. Aqui se trata do que a doutrina denominou de embarguinhos.

    O art. 619 do CPP, por sua vez, dispe que aos acrdos proferidos pelos

    Tribunais de Apelao, cmaras ou turmas, podero ser opostos embargos de

    declarao, quando houver na sentena ambiguidade, obscuridade, contradio ou

    omisso.

  • Hipteses de cabimento

    Quando houver necessidade de integrao da deciso judicial, por omisso,

    obscuridade, contradio ou ambiguidade. Tambm por prequestionamento, para fins de

    admissibilidade do recurso extraordinrio e do recurso especial.

    Alguns doutrinadores fazem uma diferena entre os recursos de embarguinhos

    e embargos de declarao. O primeiro oposto perante o juiz de primeiro grau e o

    segundo perante os tribunais. Como so recursos idnticos, que visam a integrao da

    deciso, as caractersticas aqui relatadas valem para os dois recursos.

    So cabveis contra atos de cunho decisrio: deciso interlocutria, sentena e

    acrdo. Ressalte-se que para correo de erros meramente materiais, no se faz

    necessria a oposio de embargos de declarao, bastando uma simples petio. Os

    erros materiais podem ser corrigidos a qualquer tempo e, inclusive, de ofcio, pelo juiz.

    Prazo

    Os embargos de declarao devero ser opostos no prazo de 2 (dois) dias, a

    contar da cincia da deciso, pela parte prejudicada e devero ser dirigidos ao rgo

    prolator da deciso, devendo dele constar os pontos ambguos, obscuros, omissos ou

    contraditrios.

    Nos Juizados Especiais Criminais, o prazo de 5 (cinco) dias, conforme art. 83,

    2 da Lei n 9.099/95.

    Processamento

    Os embargos de declarao sero conhecidos e julgados pelo rgo prolator da

    deciso. Ora, como este recurso tem um efeito integrativo, lgico que seja julgado

    pelo prprio julgador que prolatou a deciso. Os embargos de declarao no so via

    adequada para rediscusso do mrito, o que ultrapassa os contornos processuais desta

    espcie recursal, cabvel em face de uma ambiguidade, obscuridade, omisso ou

    contradio. Em casos excepcionais, podem ser conferidos efeitos infringentes

    (modificativos). Neste caso, deve-se abrir vista para a parte contrria responde-lo, no

    mesmo prazo do embargante.

    Os prazos para interposio dos demais recursos so interrompidos. Contudo,

    alguns doutrinadores entendem que o prazo apenas suspenso, devendo ser computados

    os dias decorridos antes da apresentao dos embargos. No esse o entendimento

  • majoritrio, que entende que o prazo interrompido, por aplicao analgica do art. 538

    do CPC. No caso dos Juizados Especiais Criminais, o prazo suspenso, por expressa

    disposio da Lei n 9.099/05.

    Julgados

    Ementa: EMBARGOS DE DECLARAO NOS EMBARGOS DE

    DECLARAO NO RECURSO ESPECIAL. AUSNCIA DE

    OMISSO, CONTRADIO OU OBSCURIDADE. PRAZO PARA

    OPOSIO DE EMBARGOS DE DECLARAO EM MATRIA

    CRIMINAL DE DOIS DIAS. ART. 619 , DO CDIGO DE

    PROCESSO PENAL . INAPLICABILIDADE DO DISPOSTO NO

    ART. 191 , DO CDIGO DE PROCESSO CIVIL.

    IMPOSSIBILIDADE DE PREQUESTIONAMENTO DE

    DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS NA VIA

    ELEITA. EMBARGOSDECLARATRIOS REJEITADOS. 1. No

    existindo e no demonstrando os embargantes a presena de nenhum

    dos vcios previstos no art. 619 , do Cdigo de Processo Penal , no h

    que se acolher os aclaratrios. 2. O prazo de oposio de embargos de

    declarao em matria criminal de dois dias, a teor do art. 619 , do

    Cdigo de Processo Penal e art. 263, do Regimento Interno do

    Superior Tribunal de Justia. 3. No processo penal no se aplica a

    norma do art. 191 , do Cdigo de Processo Civil que prev prazo em

    dobro para recorrentes com procuradores diversos. Precedentes. 4.

    Nos termos da jurisprudncia da Terceira Seo do Superior Tribunal

    de Justia, invivel a apreciao, em sede de embargos de

    declarao, de suposta ofensa a dispositivos da Constituio Federal ,

    uma vez que o prequestionamento de matria essencialmente

    constitucional por esta Corte Superior ensejaria usurpao da

    competncia do STF. 4. Embargos declaratrios rejeitados. (STJ, 5

    Turma, Min. Moura Ribeiro, EDcl nos EDcl no REsp 1290279 AP

    2011/0260081-7, Julgado em 26 de novembro de 2013)

    Ementa: PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL

    NOS ACLARATRIOS NO RECURSO EM MANDADO DE

    SEGURANA. 1. RECURSO ORDINRIO INTEMPESTIVO.

    ACLARATRIOS OPOSTOS NA ORIGEM FORA DOPRAZO.

    2. MATRIA CRIMINAL. PRAZO DE 2 (DOIS) DIAS. ART. 619

    DO CPP. INTEMPESTIVIDADE. NO INTERRUPO

    DO PRAZO RECURSAL. 3. AGRAVO REGIMENTAL

    IMPROVIDO. 1. " entendimento firme nesta Corte que, sendo

    considerados intempestivos na origem, no possuem

    os embargos de declarao o condo de interromper ou suspender

    o prazo recursal, sendo considerado intempestivo o recurso especial

    interposto aps decorrido o prazo de 15 dias seguintes publicao

    do acrdo da apelao" (AgRg no HC 279.224/MA, Relator o

    Ministro Sebastio Reis Jnior, DJe 28/10/2013). 2.

    O prazo para oposio de embargos de declarao, em matria

    criminal, de 2 (dois) dias, conforme disposto no art. 619 do Cdigo

    de Processo Penal. Dessa forma, no possvel desconstituir a

    intempestividade reconhecida pelo Tribunal de origem, o que

    repercute, conforme j apontado, na tempestividade do presente

    recurso. 3. Agravo regimental a que se nega provimento. (STJ, 5

  • Turma, AgRg nos EDcl no RMS 31595 SP 2010/0032369-5, Min.

    Marco Aurlio Bellizze, julgado em 28/08/2014)

    AGRAVO REGIMENTAL

    Conceito

    tambm conhecido como Agravo ou Agravo inonimado. Cabvel para

    impugnao de decises monocrticas de membros do Tribunal. O nome Agravo

    Regimental se deve ao fato de que este Recurso consta dos Regimentos Internos dos

    Tribunais. Sua finalidade a reapreciao da matria no apenas por um membro, mas

    por todo o rgo colegiado.

    Hipteses de Cabimento

    cabvel o Agravo Regimental de: deciso monocrtica do relator, no mbito do

    STF ou STJ, que cause gravame parte; despacho do Presidente do STF ou do STJ que

    defira ou indefira suspenso de execuo de liminar concedida ou de sentena

    concessiva em mandado de segurana; deciso de membro de tribunal que conceda ou

    indefira liminar em mandado de segurana, conforme art. 16 da Lei 12.016/2009;

    indeferimento liminar pelo Relator de reviso criminal proposta perante o Tribunal

    competente, conforme 3 do art. 625 do CPP.

    3o Se o relator julgar insuficientemente instrudo o pedido e

    inconveniente ao interesse da justia que se apensem os autos

    originais, indeferi-lo- in limine, dando recurso para as cmaras

    reunidas ou para o tribunal, conforme o caso (art. 624, pargrafo

    nico). Ora, se depreende que o Recurso aqui referido o Agravo Regimental, que

    cabvel no caso de indeferimento do requerimento de reviso criminal.

    Esse rol meramente exemplificativo, sendo cabvel o Agravo Regimental em

    outras situaes.

    Prazo

    feita por simples petio no prazo de 5 (cinco) dias, com o pedido de reanlise

    da matria pelo plenrio, rgo especial ou rgo fracionrio competente (seo, turma

    ou cmara).

    Processamento

    geralmente tratado nos regimentos internos dos Tribunais. O julgamento

    realizado pelo rgo colegiado competente.

  • Julgados

    Ementa: AGRAVO REGIMENTAL. PROCESSO PENAL. AGRAV

    OINTEMPESTIVO. PRAZO PARAINTERPOSIO. SMULA

    699 /STF. 1. O prazo para oposio do agravo de instrumento, em

    sede criminal, de 5 (cinco) dias, conforme estabelece a Lei n. 8.038

    /90. 2. No h falar em aplicao da Lei n. 12.322 , que entrou em

    vigorem dezembro de 2010, e estabeleceu o agravo nos prprios autos,

    porquanto, em face do princpio tempus regit actum, a nova legislao

    no tem o condo de alcanar o recurso interposto antes de sua

    vigncia. 3. Ademais, o eg. Supremo Tribunal Federal, em

    13/10/2011, no julgamento da Questo de Ordem no Agravo em

    Recurso Extraordinrio n. 639.846/SP, manteve o disposto na Smula

    n. 699 /STF, pacificando o entendimento de que, com a entrada em

    vigor da Lei n. 12.322 /2010, o prazo para a interposio do agravo,

    em matria penal, permanece de 5 (cinco) dias. 4. Agravo regimental a

    que se nega provimento. (STJ, 6 Turma, Min. OG Fernandes, AgRg

    no Ag 1425310 SP 2011/0221333-2, julgado em 01 de maro de

    2012)

    EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE

    Conceito

    O pargrafo nico do art. 609 do Cdigo de Processo Penal dispe:

    Art. 609. Os recursos, apelaes e embargos sero julgados pelos

    Tribunais de Justia, cmaras ou turmas criminais, de acordo com a

    competncia estabelecida nas leis de organizao judiciria.

    Pargrafo nico. Quando no for unnime a deciso de segunda

    instncia, desfavorvel ao ru, admitem-se embargos infringentes e

    de nulidade, que podero ser opostos dentro de 10 (dez) dias, a contar

    da publicao de acrdo, na forma do art. 613. Se o desacordo for

    parcial, os embargos sero restritos matria objeto de divergncia.

    O instrumento em questo um s recurso (apesar do nome) de iniciativa

    privativa da defesa, e objetiva reexaminar as decises no unnimes exaradas em

    segunda instncia e desfavorveis ao acusado, a serem analisados no prprio tribunal

    julgador.

    Fundamentos

    O fundamento legal do recurso est no art. 609 do Cdigo de Processo Penal. O

    instituto encontra aplicabilidade quando da existncia de pelo menos um voto vencido,

    indicativo de possvel injustia do julgamento prejudicial do ru.

    Pressupostos

  • Extrai-se do dispositivo ora mencionado que os pressupostos de admissibilidade

    dos embargos infringentes e de nulidade so: a existncia de deciso unnime; que essa

    deciso seja desfavorvel defesa; que tenha sido proferida no julgamento de recurso

    em sentido estrito e de apelao. Entretanto, desde que em favor da defesa, at o

    Ministrio Pblico poder manejar os citados embargos, na condio de custos legis.

    O recurso em questo deve ser interposto por petio, acompanhada das razes,

    em dez dias contados da publicao do acrdo.

    Efeitos

    Os embargos infringentes e de nulidade tm efeito devolutivo, pois devolvem ao

    Judicirio a possibilidade de reapreciar a deciso anterior. Quanto ao efeito regressivo,

    parte da doutrina entende que os embargos o possuem, haja vista que os

    desembargadores que prolataram o acrdo impugnado no ficam impedidos de

    participarem de seu julgamento pelo rgo competente, podendo alterar o entendimento

    outrora adotado; no entanto, outra parte da doutrina no entende que exista efeito

    regressivo nos infringentes e de nulidade, pois os desembargadores mudam de voto

    durante o seu julgamento, e no antes da remessa do recurso ao juzo ad quem. No que

    diz respeito ao efeito suspensivo, uma parte da doutrina sustenta que os embargos em

    questo no possuem, por no haver previso legal, j outra parte defende que o fato de

    a lei no prever autoriza a existncia do efeito.

    Hipteses de cabimento

    Cabem embargos infringentes quando a no unanimidade versar sobre o mrito

    da apelao, do recurso em sentido estrito ou do agravo em execuo, objetivando

    reformar o julgado anterior. J quando o objetivo for impugnar a diferena de votao

    no que tange matria de admissibilidade do recurso, cabem embargos de nulidade, a

    fim de nulificar o julgamento antecedente. Os embargos podem ser ao mesmo tempo

    infringentes e de nulidade, e, em caso de divergncia parcial, podem os embargos

    infringentes se insurgirem quanto parte divergente.

    Julgado

    EMBARGOS INFRIGENTES. CDIGO PENAL.

    LATROCNIO. ART. 157, 3 (PARTE FINAL). SENTENA

    CONDENATRIA MANTIDA. Materialidade e autoria do

    crime de latrocnio suficientemente comprovadas pela prova

    produzida. Nessa modalidade de crime a prova testemunhal tem

    substancial importncia, em especial quando confortada pelas

  • demais provas produzidas, no caso, o reconhecimento do ru.

    EMBARGOS INFRINGENTES DESACOLHIDOS. POR

    MAIORIA. (Embargos Infringentes e de Nulidade N

    70058440298, Terceiro Grupo de Cmaras Criminais, Tribunal

    de Justia do RS, Relator: Lizete Andreis Sebben, Julgado em

    21/03/2014)

    (TJ-RS - EI: 70058440298 RS , Relator: Lizete Andreis Sebben,

    Data de Julgamento: 21/03/2014, Terceiro Grupo de Cmaras

    Criminais, Data de Publicao: Dirio da Justia do dia

    08/04/2014)

    RECURSOS ESPECIAL E EXTRAORDINRIO

    Conceito

    O recurso extraordinrio meio de impugnao de qualquer deciso de nica ou

    ltima instncia que viole a Constituio Federal. Objetiva, portanto, primordialmente,

    assegurar que a ordem constitucional vigente se sobressaia, evitando que persistam

    decises que atentem contra os direitos e garantias constitucionais. Por sua vez, o

    recurso especial busca levar apreciao do Superior Tribunal de Justia decises dos

    Tribunais dos Estados e dos Tribunais Regionais Federais que tenham desrespeitado a

    lei federal ou conferido interpretao diversa da que outro tribunal conferiu, com o

    objetivo final de uniformizar a interpretao da lei federal em todo o territrio.

    Fundamentos

    O fundamento do recurso extraordinrio est no art. 102, III, da Constituio

    Federal:

    Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a

    guarda da Constituio, cabendo-lhe:

    III - julgar, mediante recurso extraordinrio, as causas decididas em

    nica ou ltima

    instncia, quando a deciso recorrida:

    a) contrariar dispositivo desta Constituio;

    b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;

    c) julgar vlida lei ou ato de governo local contestado em face desta

    Constituio;

    d) julgar vlida lei local contestada em face de lei federal.

    O fundamento do recurso especial se encontra no art. 105, III, da Constituio

    Federal:

    Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justia:

    III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em nica ou

    ltima instncia, pelos

  • Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do

    Distrito Federal e

    Territrios, quando a deciso recorrida:

    a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigncia;

    b) julgar vlido ato de governo local contestado em face de lei federal;

    c) der a lei federal interpretao divergente da que lhe haja atribudo

    outro tribunal.

    Pressupostos

    Existem alguns pressupostos especiais para os recursos especial e extraordinrio

    de acordo com os tribunais superiores:

    I) Exigncia de prequestionamento da matria objeto do recurso: o

    prequestionamento consiste na exigncia formal de que a questo objeto dos

    recursos especial e extraordinrio tenha sido analisada pelo tribunal de

    origem. Na rbita do STJ (smula 320), se sobressai o entendimento de que

    no necessria a meno expressa no acrdo fustigado do dispositivo

    federal alegado; j no STF (smula 356), imprescindvel a meno

    referida.

    II) Embargos declaratrios deduzidos com o fim de prequestionamento: cabem

    quando os tribunais estaduais e federais se abstm em se manifestar sobre a

    totalidade dos temas suscitados no recurso, inviabilizando a interposio dos

    recursos extraordinrio e especial por conta da omisso.

    III) Recursos destinados ao exame de questes jurdicas: as smulas 279 do STF

    e 7 do STJ definem que so inadmissveis recurso extraordinrio e especial

    para reexame de prova.

    IV) Exigncia de enfrentamento de todos os temas que sustentaram o acrdo

    impugnado: se existir mais de um fundamento no acrdo fustigado, sendo

    cada um deles suficiente para mant-lo, os recursos especial e extraordinrio

    devero abranger a todos, sob pena de no serem admitidos.

    V) Esgotamento das vias ordinrias: s se admite recurso extraordinrio ou

    especial quando se tratar de nica ou ltima instncia recursal.

    VI) Demonstrao da violao da lei federal ou do texto constitucional: o recurso

    que no traz a demonstrao efetiva da ofensa lei federal ou Constituio

    inadmissvel.

    Efeitos e Extino

    Quanto aos efeitos, segundo o art. 27, 2 da lei 8.038/1990, sero os recursos

    especial e extraordinrio recebidos somente no efeito devolutivo. No entanto, parte da

  • doutrina sustenta que pode haver efeito suspensivo indireto se os recursos forem

    deduzidos contra sentena condenatria. Tambm se defende a possibilidade de efeito

    regressivo quando mltiplos recursos forem deduzidos em relao mesma matria.

    Pode haver a denegao do recurso extraordinrio e do especial pelo presidente

    do tribunal de piso, nos termos da smula 322 do STF: No ter seguimento pedido ou

    recurso dirigido ao STF, quando manifestamente incabvel, ou apresentado fora do

    prazo, ou quando for evidente a incompetncia do tribunal.

    Hipteses de cabimento

    Para o recuso extraordinrio, so elencadas as seguintes hipteses:

    i) Ofensa Constituio Federal: aqui o fundamento do recurso a violao de

    dispositivo ou princpio constitucional. Parte da doutrina considera que em

    caso de ofensa indireta Constituio tambm cabvel o recurso, quando o

    acrdo afronta a Constituio por via reflexa, ou seja, a partir da violao a

    lei federal.

    ii) Deciso que declarar inconstitucional tratado ou lei federal: no processo

    peal, admissvel que qualquer juzo ou tribunal exera controle incidental

    de constitucionalidade, no aplicando leis ou atos normativos sob a

    justificativa de que infringem dispositivo, princpio ou regra constitucional.

    Portanto, caso no julgamento de recurso um Tribunal declare que

    determinada lei federal inconstitucional, cabe recurso extraordinrio, se se

    tratar de deciso de nica ou ltima instncia.

    iii) Deciso que julgar vlida lei ou ato do governo local contestado em face da

    Constituio Federal: cabe recurso extraordinrio quando, em caso de

    alegao de conflito entre a Constituio Federal e uma lei ou ato estadual

    ou municipal, o acrdo aplicar tais leis por entender que no violam a

    Constituio.

    iv) Deciso que julgar vlida lei local contestada em face de Lei Federal: o

    Supremo Tribunal Federal pode, por essa hiptese, controlar a

    constitucionalidade e a legalidade das leis locais.

    Para o recurso especial, as hipteses de cabimento so as seguintes:

    i) Contrariedade ou negativa de vigncia a tratado ou lei federal: cabe recurso

    especial quando a deciso ofende lei federal ( a lei emanada do Congresso

    Nacional) ou deixa de aplica-la. No que tange aos tratados, o ingresso com

  • recurso especial pode se dar quando o tratado violado for ratificado pelo

    Congresso Nacional.

    ii) Deciso que julgar vlido ato de governo local contestado em face da lei

    federal: aqui quando h conflito entre lei federal e ato editado por

    autoridade estadual ou municipal.

    iii) Deciso que der lei federal interpretao divergente da que lhe haja

    atribudo outro tribunal: nesse caso, o recurso especial cabe diante da

    divergncia jurisprudencial.

    Julgado

    RECURSO ESPECIAL E AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.

    CORRUPO PASSIVA. 1. AUSNCIA DE INTERESSE

    RECURSAL QUANTO AO AGRAVO. SMULAS N.S 292 E 528

    DO STF. 2. INOBSERVNCIA DO ART. 514 DO CPP.

    DENNCIA INSTRUDA COM INQURITO POLICIAL.

    NULIDADE RELATIVA QUE NO SE RECONHECE. SMULA

    N. 330 DO STJ. 3. CRIME COMETIDO NA ATIVIDADE.

    POSTERIOR APOSENTADORIA. PERDA DO CARGO PBLICO.

    ART. 92, I, ALNEA A, DO CP. ROL TAXATIVO. CASSAO

    DA APOSENTADORIA. ILEGITIMIDADE. PRECEDENTES. 3.

    AGRAVO NO CONHECIDO. RECURSO ESPECIAL

    PARCIALMENTE PROVIDO. 1. No h interesse recursal na

    interposio do agravo, porquanto a deciso que admite parcialmente

    o recurso especial devolve a esta Corte Superior de Justia o

    conhecimento de toda a matria arguida no apelo nobre, no estando

    adstrita ao juzo de admissibilidade feito pelo Tribunal de origem.

    Smulas n.s 292 e 528 do Pretrio Excelso. 2. De acordo com a

    Smula n. 330 desta Corte, desnecessria a resposta preliminar de

    que trata o artigo 514 do Cdigo de Processo Penal, na ao penal

    instruda por inqurito policial. 3. Condenado por crime funcional

    praticado em atividade, anteriormente aposentaria, que se deu no

    curso da ao penal, no possvel declarar a perda do cargo e da

    funo pblica de servidor inativo, como efeito especfico da

    condenao. A cassao da aposentadoria, com lastro no art. 92, I,

    alnea a, do Cdigo Penal, ilegtima, tendo em vista a falta de

    previso legal e a impossibilidade de ampliar essas hipteses em

    prejuzo do condenado. 3. Agravo no conhecido e recurso especial

    parcialmente procedente.

    (STJ - REsp: 1416477 SP 2013/0368017-2, Relator: Ministro

    WALTER DE ALMEIDA GUILHERME (DESEMBARGADOR

    CONVOCADO DO TJ/SP), Data de Julgamento: 18/11/2014, T5 -

    QUINTA TURMA, Data de Publicao: DJe 26/11/2014)

    RECLAMAO CONSTITUCIONAL

    Conceito

  • A reclamao constitucional cabvel para manter a competncia do STJ e do

    STF ou garantir a autoridade de suas decises. Tem por intuito garantir que os rgos de

    jurisdio inferior acatem as decises desses tribunais. Existe o entendimento de que a

    reclamao no tem natureza recursal, no entanto, seu efeito pode transpassar para outro

    processo, o que a faz se aproximar de recurso e ser considerada, de certa forma, hbrida.

    Compete ao STJ por um lado processar e julgar originariamente a reclamao para

    preservao de sua competncia da autoridade de suas decises, e, cabe, por outro lado,

    a mesma atribuio ao STF.

    Fundamentos

    Os fundamentos para a reclamao constitucional se encontram no art. 105, I, f,

    e art. 102, I, l, da CF/1988. A lei n 8.038/1990 especifica a matria constitucional

    atinente ao recurso.

    Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justia:

    I - processar e julgar, originariamente:

    f) a reclamao para a preservao de sua competncia e garantia da

    autoridade de suas decises;

    Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a

    guarda da Constituio, cabendo-lhe:

    I - processar e julgar, originariamente:

    l) a reclamao para a preservao de sua competncia e garantia da

    autoridade de suas decises;

    Pressupostos

    A reclamao constitucional pode ser proposta por petio perante os tribunais

    cabveis, dirigida ao Presidente do Tribunal, instruda com prova documental, autuada a

    distribuda ao relator da causa principal sempre que possvel.

    Efeitos

    A natureza jurdica da reclamao constitucional de ao, e, por esse motivo,

    no tem efeito recursal. Entretanto, h que se admitir que ela devolve a matria que

    abrange seu objeto ao tribunal.

    Hipteses de cabimento

    cabvel a reclamao constitucional, conforme mencionado, quando foi

    desrespeitada deciso do STF ou do STJ. Tambm cabe tal dispositivo contra decises

    que contrariem smula vinculante do STF, de acordo com o art. 103-A da CF/1988.

    Julgado

  • RECLAMAO. INSTAURAO DE AO PENAL PARA

    APURAR EVENTUAL CRIME CONTRA A ORDEM

    TRIBUTRIA. AO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE

    N. 1.571/DF. IMPOSSIBILIDADE DE UTILIZAO DE

    RECLAMAO CONSTITUCIONAL COMO SUCEDNEO DE

    RECURSAL. ATO RECLAMADO ANTERIOR DECISO

    PARADIGMA. PRECEDENTES. RECLAMAO JULGADA

    IMPROCEDENTE.

    (STF - Rcl: 3076 MA , Relator: Min. CRMEN LCIA, Data de

    Julgamento: 12/05/2011, Tribunal Pleno, Data de Publicao: DJe-159

    DIVULG 18-08-2011 PUBLIC 19-08-2011 EMENT VOL-02569-01

    PP-00001)

    RECURSO ORDINRIO CONSTITUCIONAL

    Conceito

    O recurso ordinrio constitucional no mbito penal busca a reanlise pelo rgo

    competente de matria indicada na Constituio, sem vinculao de sua fundamentao.

    Em alguns casos, objetiva garantir o duplo grau de jurisdio.

    Fundamentos

    O fundamento para o recurso ordinrio constitucional em matria criminal est

    nos arts. 102 e 105, II, da CF, e arts. 30 a 32 da lei 8.038/1990.

    Pressupostos

    O recurso ordinrio para o STF interposto aos Tribunais Superiores por meio

    de petio acompanhada das razes e dirigida ao Ministro-Presidente respectivo. As

    razes devem ser endereadas s Turmas do STF. O prazo de interposio de cinco

    dias. Se se tratar de recurso interposto em relao ao julgamento de crime poltico, o

    prazo e de trs dias.

    O recurso ordinrio para o STJ deve ser interposto perante os Tribunais de

    Justia dos Estados e do Distrito Federal ou dos Tribunais Regionais Federais. A

    admissibilidade regulada pelos regimentos internos dos tribunais respectivos. O prazo

    de interposio de cinco dias se direcionado deciso denegatria de habeas corpus, e

    de quinze dias no caso de mandado de segurana. A petio dirigida ao Presidente dos

    Tribunais dos Estados, do DF ou Regionais Federais, ou a quem o Presidente respectivo

    delegar tal funo. As razes do recurso so endereadas s Turmas do STJ.

    Efeitos

  • O efeito pode ser: a) somente devolutivo, quando versar sobre sentena

    absolutria de crime poltico e quando se tratar de denegao de mandado de segurana

    e de habeas corpus ou b) devolutivo e suspensivo, quando for interposto contra sentena

    condenatria ou absolutria imprpria em processo por crime poltico.

    Hipteses de cabimento

    O recurso ordinrio pode ser interposto tanto para o STJ quanto para o STF.

    Na rbita do STF, pode ser interposto contra as decises seguintes:

    i) Decises dos Tribunais Superiores que, em nica instncia denegarem o

    mandado de segurana, o mandado de injuno, o habeas data e o habeas

    corpus. No vivel o recurso nesses casos contra as decises concessivas

    de ordem.

    ii) Decises relativas a crimes polticos.

    No mbito do STJ, as hipteses em que o recurso ordinrio cabvel so as

    seguintes:

    i) Decises dos Tribunais de Justia dos Estados e do Distrito Federal ou dos

    Tribunais Regionais Federais, que, em nica ou ltima instncia, denegarem

    a ordem do habeas corpus.

    ii) Decises dos Tribunais de Justia dos Estados e do Distrito Federal ou dos

    Tribunais Regionais Federais, que, em nica instncia, denegarem o

    mandado de segurana.

    iii) As causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo

    internacional, de um lado, e, do outro, Municpio ou pessoa residente ou

    domiciliada no pas.

    Julgado

    RECURSO ORDINRIO CONSTITUCIONAL HABEAS CORPUS.

    A teor do disposto no artigo 30 da Lei n 8.038/90, o prazo referente

    ao recurso ordinrio constitucional em habeas corpus de cinco dias.

    RECURSO ORDINRIO CONSTITUCIONAL INTEMPESTIVIDADE RECEBIMENTO COMO HABEAS

    CORPUS ORIGINRIO. A organicidade do Direito afasta a

    possibilidade de tomar-se, como habeas corpus originrio, recurso

    ordinrio constitucional intempestivo. HOMICDIO

    QUALIFICADORAS MOTIVO FTIL E MEIO A DIFICULTAR A

    DEFESA DA VTIMA. Ante pticas diversas sobre a oportunidade ou

    no das qualificadoras do Juzo, em sentido negativo, e do Tribunal

    de Justia, remetendo o tema a debate e reflexo maiores , no se tem

    como concluir pela configurao de ilicitude a ponto de ensejar a

    concesso da ordem de ofcio.

  • (STF - RHC: 123550 SP , Relator: Min. MARCO AURLIO, Data de

    Julgamento: 28/10/2014, Primeira Turma, Data de Publicao: DJe-

    239 DIVULG 04-12-2014 PUBLIC 05-12-2014)

    AGRAVO CONTRA DECISO DENEGATRIA DE RECURSO ESPECIAL OU

    DE RECURSO EXTRAORDINRIO

    Conceito

    Trata-se de recurso que visa o reexame de ato judicial que nega seguimento a

    recurso especial ou extraordinrio, quando o presidente do tribunal entende que faltam

    requisitos processuais de admissibilidade do recurso.

    Efeitos

    O agravo permite que a matria seja reexaminada pelo prolator da deciso em

    juzo de retratao, tendo, pois, efeito regressivo, e, se aceito, encaminhado ao

    membro relator do tribunal para julgamento de mrito do recurso especial ou

    extraordinrio, realizando-se o efeito devolutivo.

    Hipteses de Cabimento

    Alm dos casos j citados, o agravo cabvel, ainda, quando ocorrer retardo

    injustificado para decidir sobre a admissibilidade de recurso de competncia do STF,

    por mais de 30 dias, conforme preleciona o art. 313, III, do Regimento Interno do STF.

    Fundamento

    Referido recurso regulamentado pela lei 8.038/1990, ratificado pela Smula n

    699 do STF e ainda pelo Cdigo de Processo Civil, sendo interposto na esfera criminal,

    por petio, no prazo de 5 (cinco) dias, para o Superior Tribunal de Justia ou para o

    Supremo Tribunal Federal, a fim de se garantir a celeridade processual. O CPC prev

    prazo diferenciado de 10 (dez) dias.

    Processamento

    A interposio feita perante a presidncia do tribunal a quo, nos prprios autos

    do processo, conforme art. 544 do CPC, e no h a necessidade de apresentar preparo,

    salvo se houver acrscimo de volumes processuais, oportunidade em que o preparo

    inicial oferecido em razo do recurso especial ou extraordinrio dever ser

    complementado.

  • Em seguida, o agravado notificado para apresentar contrarrazes em 5 (cinco)

    dias.

    O julgamento do agravo pode ocorrer de forma monocromtica, pelo relator, ou

    colegiada pelo rgo do tribunal competente para o exame. O julgador poder conhecer

    ou no do agravo. No ser conhecido quando for manifestamente inadmissvel ou

    quando no atacar especificamente os fundamentos da deciso agravada. Se conhecido o

    agravo, este poder ser negado ou admitido.

    Quando admitido o agravo, o recurso especial ou extraordinrio ser

    encaminhado para julgamento de mrito.

    Ser negado o agravo quando for deficiente na fundamentao ou na do recurso

    extraordinrio, no permitir a exata compreenso da controvrsia (smula 287 do STF),

    ou, ainda, quando estiver em confronto com smula ou jurisprudncia dominante no

    tribunal. Da deciso que negar seguimento ou provimento ao agravo, caber agravo

    inominado/regimental perante o rgo julgador no prazo de 5 (cinco) dias, como

    preleciona o art. 28, 5 da Lei 8.038/1990.

    Julgado

    PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL. DECISO

    DENEGATRIA COM FUNDAMENTO NA SMULA 284 DO

    STF. REITERAO DAS RAZES DO ESPECIAL. AUSNCIA

    DE IMPUGNAO ESPECFICA. SMULA 182 DO STJ.

    INCIDNCIA. PRETENSO DE ABSOLVIO. REEXAME DE

    PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. 1. O Superior Tribunal de Justia

    possui o entendimento de que a ausncia de impugnao especfica

    aos fundamentos da deciso agravada impede o conhecimento do

    recurso, porquanto descumpridos os requisitos previstos no art. 544,

    4, I, do CPC (AgRg no AREsp 484.357/SP, Rel. Min. MOURA

    RIBEIRO, Quinta Turma, DJe 1/09/2014). 2. Nos termos da Smula

    182 do STJ, " invivel o agravo do art. 545 do CPC que deixa de

    atacar especificamente os fundamentos da deciso agravada". 3.

    Hiptese em que se evidencia, tambm, a aplicao da Smula 284 do

    STF, firme ao apontar ser "inadmissvel o recurso extraordinrio,

    quando a deficincia na sua fundamentao no permitir a exata

    compreenso da controvrsia". 4. Ademais, a pretenso do agravante

    de reverter a condenao para que seja absolvido do delito a ele

    imputado implicaria necessariamente a anlise do conjunto probatrio,

    o que invivel na via eleita, ante o bice da Smula 7 desta Corte. 5.

    Agravo regimental desprovido.

    (STJ - AgRg no AREsp: 679300 PE 2015/0058204-7, Relator:

    Ministro GURGEL DE FARIA, Data de Julgamento: 16/06/2015, T5 -

    QUINTA TURMA, Data de Publicao: DJe 29/06/2015)

    EMBARGOS DE DIVERGNCIA

  • Conceito

    recurso que tem por finalidade a uniformizao de jurisprudncia, sendo

    admitido no mbito do STF e do STJ, quando houver divergncia de interpretao de

    direito federal.

    Hipteses de Cabimento

    Em resumo, caber agravo de divergncia quando a deciso proferida em sede

    recurso especial ou extraordinrio for divergente do julgamento de outra turma, seo,

    rgo ou pleno do mesmo tribunal. Segundo smula 316 do STJ caber, ainda,

    embargos de divergncia contra acrdo que, em agravo regimental, decide recurso

    especial.

    Processamento

    Referido recurso deve ser interposto por petio, no prazo de 15 (quinze) dias,

    perante o relator da causa, com documentos que comprovem a e