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Redação 1 aula online_PUC (VÍDEO) Para acessar o conteúdo desta aula, assista ao vídeo na seção “vídeosdeaaz Aulas Online – Campanhas” no site do _A_Z. 1. Análise histórica Ano / Grupo Tema Tipo de texto Tamanho 2000 A Universidade e carreira que você escolheu Artigo de opinião 25 linhas 2001 Computador e comunicação Artigo de opinião 25 linhas 2002 A leitura dos jovens brasileiros Artigo de opinião 25 linhas 2003 O uso de energia renovável Artigo de opinião ou carta 25 linhas 2004 O que é ser criança no mundo contemporâneo Artigo de opinião 25 linhas 2005 Efemeridade de fatos, valores, relações e seus efeitos no ser humano Artigo de opinião 25 linhas 2006 Sua concepção sobre valores que orientam jovens como você Artigo de opinião 25 linhas 2007 (1, 3 e 4) O que é ter qualidade de vida para você Artigo de opinião 20 linhas 2007 (2) Carreira: vocação ou remuneração? Carta 20 linhas 2008 (1, 3 e 4) A vida nas grandes cidades Artigo de opinião 25 linhas 2008 (2) Como será o país em que você vai viver e trabalhar? Como o passado ajuda na construção do futuro? Artigo de opinião 25 linhas 2009 (1, 3 e 4) Inserção da mulher no mercado de trabalho Artigo de opinião 25 linhas 2009 (2) Violência contra a mulher Artigo de opinião 25 linhas 2010 (1, 3 e 4) A relação entre os indivíduos e o tempo no cotidiano Dissertação argumentativa 25 linhas 2010 (2) O ciúme nas relações humanas Dissertação argumentativa 25 linhas 2011 (1, 3 e 4) Relação entre a herança humana (biológica, cultural, social) que cada um recebe durante a vida e o que a pessoa que vem a ser Dissertação argumentativa 25 linhas 2011 (2) A relação entre o indivíduo e a beleza na contemporaneidade Dissertação argumentativa 25 linhas 2012 (1, 3 e 4) Tabus e preconceitos alimentares Dissertação argumentativa 25 linhas 2012 (2) O que forma a bagagem essencial de um futuro profissional da área em que você deseja atuar Dissertação argumentativa 25 linhas 2013 (1, 3 e 4) Ponto de vista sobre história (do noticiário, da tradição oral, da História Geral ou de ficção) que tenha como foco uma viagem Dissertação argumentativa 25 linhas 2013 (2) A loucura como forma poética de visão, de vivência e de contestação do mundo Dissertação argumentativa 25 linhas 2014 (1, 3 e 4) Felicidade Dissertação argumentativa 25 linhas 2014 (2) Liberdade Dissertação argumentativa 25 linhas 2015 (1,3 e 4) O poder da imaginação nos faz infinitos Dissertação argumentativa 25 linhas 2015 (2) A amizade Dissertação argumentativa 25 linhas 2. Temas Anteriores PUC 2007 GRUPOS 1, 3 e 4 Tema: Qualidade de vida Fala-se tanto de qualidade de vida no mundo atual que médicos e profissionais de outras áreas são convidados a indicar os comportamentos adequados para se ter uma vida mais saudável. Sabemos, entretanto, que ter qualidade de vida implica um conjunto de procedimentos a serem incorporados ao nosso dia-a-dia. Para auxiliar sua reflexão, leia os trechos abaixo selecionados da reportagem da revista Superinteressante e, a seguir, escreva um artigo de opinião, em cerca de 20 linhas, a ser publicado num jornal de circulação interna da Universidade, argumentando sobre o que é ter qualidade de vida para você. Não se esqueça de dar um título adequado ao seu texto. A ciência do bem viver Pequenas mudanças de atitude podem melhorar sua saúde física, mental e material. Conheça 7 hábitos comprovados cientificamente que você deve adotar para ganhar qualidade de vida. 1. Ouça música: Não se culpe se você é daqueles que passam o dia todo com um fone de ouvido cantarolando por aí. A música tem efeitos muito benéficos para a saúde física e mental. Já não é de hoje que os cientistas vêm estudando o fenômeno. Entre outras coisas, a música pode acalmar, estimular a criatividade e a concentração, além de ajudar na cura de uma porção de doenças. 2. Prepare-se para envelhecer: Ninguém gosta muito da idéia de vir a ser velho, mas isso é a melhor coisa que pode acontecer (pense na outra possibilidade). É bom reservar um tempo desde já para planejar como você pretende que seja sua velhice. Inclusive porque é bem possível que essa fase da sua vida dure bastante

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Redação

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aula online_PUC (VÍDEO)

Para acessar o conteúdo desta aula, assista ao vídeo na seção “vídeosdeaaz → Aulas Online – Campanhas” no site do _A_Z.

1. Análise histórica

Ano / Grupo Tema Tipo de texto Tamanho 2000 A Universidade e carreira que você escolheu Artigo de opinião 25 linhas 2001 Computador e comunicação Artigo de opinião 25 linhas 2002 A leitura dos jovens brasileiros Artigo de opinião 25 linhas 2003 O uso de energia renovável Artigo de opinião ou carta 25 linhas 2004 O que é ser criança no mundo contemporâneo Artigo de opinião 25 linhas 2005 Efemeridade de fatos, valores, relações e seus efeitos no ser humano Artigo de opinião 25 linhas 2006 Sua concepção sobre valores que orientam jovens como você Artigo de opinião 25 linhas

2007 (1, 3 e 4) O que é ter qualidade de vida para você Artigo de opinião 20 linhas 2007 (2) Carreira: vocação ou remuneração? Carta 20 linhas

2008 (1, 3 e 4) A vida nas grandes cidades Artigo de opinião 25 linhas 2008 (2) Como será o país em que você vai viver e trabalhar? Como o passado ajuda

na construção do futuro? Artigo de opinião 25 linhas

2009 (1, 3 e 4) Inserção da mulher no mercado de trabalho Artigo de opinião 25 linhas 2009 (2) Violência contra a mulher Artigo de opinião 25 linhas

2010 (1, 3 e 4) A relação entre os indivíduos e o tempo no cotidiano Dissertação argumentativa 25 linhas 2010 (2) O ciúme nas relações humanas Dissertação argumentativa 25 linhas

2011 (1, 3 e 4) Relação entre a herança humana (biológica, cultural, social) que cada um recebe durante a vida e o que a pessoa que vem a ser

Dissertação argumentativa 25 linhas

2011 (2) A relação entre o indivíduo e a beleza na contemporaneidade Dissertação argumentativa 25 linhas 2012 (1, 3 e 4) Tabus e preconceitos alimentares Dissertação argumentativa 25 linhas

2012 (2) O que forma a bagagem essencial de um futuro profissional da área em que você deseja atuar

Dissertação argumentativa 25 linhas

2013 (1, 3 e 4) Ponto de vista sobre história (do noticiário, da tradição oral, da História Geral ou de ficção) que tenha como foco uma viagem

Dissertação argumentativa 25 linhas

2013 (2) A loucura como forma poética de visão, de vivência e de contestação do mundo

Dissertação argumentativa 25 linhas

2014 (1, 3 e 4) Felicidade Dissertação argumentativa 25 linhas 2014 (2) Liberdade Dissertação argumentativa 25 linhas

2015 (1,3 e 4) O poder da imaginação nos faz infinitos Dissertação argumentativa 25 linhas 2015 (2) A amizade Dissertação argumentativa 25 linhas

2. Temas Anteriores

PUC 2007

GRUPOS 1, 3 e 4 Tema: Qualidade de vida

Fala-se tanto de qualidade de vida no mundo atual que médicos e profissionais de outras áreas são convidados a indicar os comportamentos adequados para se ter uma vida mais saudável. Sabemos, entretanto, que ter qualidade de vida implica um conjunto de procedimentos a serem incorporados ao nosso dia-a-dia. Para auxiliar sua reflexão, leia os trechos abaixo selecionados da reportagem da revista Superinteressante e, a seguir, escreva um artigo de opinião, em cerca de 20 linhas, a ser publicado num jornal de circulação interna da Universidade, argumentando sobre o que é ter qualidade de vida para você. Não se esqueça de dar um título adequado ao seu texto.

A ciência do bem viver

Pequenas mudanças de atitude podem melhorar sua saúde física, mental e material. Conheça 7 hábitos comprovados cientificamente que você deve adotar para ganhar qualidade de vida.

1. Ouça música: Não se culpe se você é daqueles que passam o dia todo com um fone de ouvido cantarolando por aí. A música tem efeitos muito benéficos para a saúde física e mental. Já não é de hoje que os cientistas vêm estudando o fenômeno. Entre outras coisas, a música pode acalmar, estimular a criatividade e a concentração, além de ajudar na cura de uma porção de doenças.

2. Prepare-se para envelhecer: Ninguém gosta muito da idéia de vir a ser velho, mas isso é a melhor coisa que pode acontecer (pense na outra possibilidade). É bom reservar um tempo desde já para planejar como você pretende que seja sua velhice. Inclusive porque é bem possível que essa fase da sua vida dure bastante

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aula PUC

tempo. Graças aos avanços no saneamento básico, à descoberta de novas drogas e a fatores ambientais e de prevenção, estamos vivendo cada vez mais. Em 1900, a expectativa de vida média no Brasil ao nascer era de 33 anos. Hoje, já estamos na marca dos 67. Estudos demográficos apontam que, em 2025, o brasileiro viverá em média 75,3 anos e, por volta do ano 2050, 2 bilhões de pessoas no mundo terão mais de 60 anos. E, graças a esses mesmos motivos, os velhos estão ficando cada vez mais velhos. 3. Tenha fé: Costuma ser mais feliz quem consegue encontrar um significado para a vida. Esse significado pode estar em qualquer coisa – da filatelia à filantropia. Mas é na religiosidade que a maior parte da população vai buscar essa razão de viver. E encontra. Pesquisas mostram que as pessoas religiosas consideram-se, em média, mais felizes do que as não religiosas. Elas também têm menos depressão, menos ansiedade e índices menores de suicídio. 4. Ande mais a pé: Gastar sola de sapato é um dos melhores exercícios que existem, seja para a saúde física, mental, do meio ambiente ou do bolso mesmo. Sim, porque para fazer caminhadas você não precisa gastar rios de dinheiro com academias elaboradas, muito menos com personal trainer. Um par de tênis basta, quando falamos de caminhada, não estamos nos referindo a nada profissional, que exija pista adequada e treinamento. Pode ser no seu bairro, no quarteirão da sua casa, ou até mesmo na escadaria do prédio, na pior das hipóteses. 5. Tenha (pelo menos) um amigo: Todo mundo quer ser feliz, isso é tão verdadeiro quanto óbvio. O psicólogo Martin Seligman, da Universidade da Pensilvânia (EUA), passou anos pesquisando o assunto e concluiu que, para chegar a tal felicidade, precisamos ter amigos. Os amigos, segundo ele, resumem a soma de 3 coisas que resultam na alegria: prazer, engajamento e significado. Explicando: conversar com um amigo, por exemplo, nos dá prazer. Fala-se tanto de qualidade de vida no mundo atual que médicos e profissionais de outras áreas são convidados a indicar os comportamentos adequados para se ter uma vida mais saudável. Sabemos, entretanto, que ter qualidade de vida implica um conjunto de procedimentos a serem incorporados ao nosso dia-a-dia. 6. Coma devagar: Parece até falatório de mãe, mas os benefícios de diminuir o ritmo das garfadas são incríveis. Para começar, ninguém ganha tempo comendo um sanduíche na frente de um computador – o máximo que você ganha são quilos a mais, uma vez que, quanto mais rápido come, mais sente fome. Isso quer dizer que, se você comer mais devagar, provavelmente vai comer menos sem ter que fazer nenhuma dieta. O que será um ganho danado à sua saúde. Fora a redução do peso e do risco de doenças aliadas à obesidade, há diversas pesquisas que apontam que devemos diminuir a quantidade de comida se quisermos viver mais. 7. Desligue a TV: Ninguém está dizendo aqui para você nunca assistir à televisão. Mas que você poderia diminuir o tempo em frente ao aparelho, isso você poderia. Até porque televisão em excesso não faz bem. Sim, o hábito de se largar no sofá e assistir a qualquer porcaria que esteja no ar pode deixar as pessoas viciadas no relaxamento que a TV produz. O problema é que essa sensação gostosa vai embora assim que o aparelho é desligado – é igualzinho ao vício em substâncias químicas. O estado de passividade e a diminuição no grau de atenção, no entanto, continuam. Quando vista por mais de 20 horas por semana, a televisão pode danificar as funções do lado esquerdo do cérebro, reduzindo o desenvolvimento

lógico-verbal. (Adaptado da Revista Superinteressante, Editora Abril, janeiro de 2006, 49-57)

GRUPO 2 Tema: Vocação ou remuneração?

Quando se escolhe uma profissão, muitos fatores são considerados, tais como: as vantagens e desvantagens; a empregabilidade; os conselhos de pais e amigos; a vocação. Suponha que, preocupado com essas questões, você tenha lido a crônica de Maurício de Sousa, abaixo transcrita, e o texto o tenha ajudado a definir o seu ponto de vista sobre a questão do retorno financeiro na escolha de uma profissão. Escreva uma carta sobre o tema da crônica, que poderia ser publicada na seção Cartas dos Leitores de uma revista voltada para os exames vestibulares, revelando as razões para a sua escolha profissional e defendendo sua posição com argumentos bem fundamentados. O texto da carta não deve ultrapassar 20 linhas.

“Desista! Desenho não dá futuro! ”

Essa frase ecoava na minha cabeça como mil sinos batendo num funeral. Mas como?

E os rabiscos que eu fazia desde criança? Com o acompanhamento entusiasmado de meus pais e parentes? E as historinhas que havia criado na escola, em gibizinhos de edição única e “consumidos” avidamente, de mão em mão, pelos colegas? E os cartazes que eu fazia para o comércio de Mogi, até que já bem remunerados? E os pôsteres que eu realizava para as alunas da Escola Normal - futuras professorinhas - sobre os mais diversos temas, até que belos e coloridos... e bem pagos.

E minha colaboração ao Jornal de Esportes da terra, com a criação de personagens símbolos para todos os clubes esportivos da região? ... e os desenhos coloridos, bonitos (e decalcados de belas ilustrações dos desenhos de Disney) que eu fazia para impressionar minhas paquerinhas?

Ah, não! Não podia ser verdade. Mas ... quem falava era um profissional tão importante, tão

conhecido, famoso que... não podia estar enganado. Antes da frase de gelo eu até que estava animado. Tinha juntado

vários desenhos meus, armei uma pastinha e me mandei para a redação do jornal Folha da Manhã, em São Paulo. Sabia que ali havia um departamento de arte. Tinha esperanças de conseguir nem que fosse um estagiozinho. Fui recebido pelo chefe do departamento: ilustrador famoso. Tinha até colaborado durante muito tempo na revista mais importante da época: O Cruzeiro. Agora dirigia os destinos artísticos da Folha.

Ele tomou minha pasta das mãos, ar bonacheirão, simpático, folheou desenho, fechou a pasta, olhou pra mim e soltou a frase-bomba: “- Desista! Desenho não dá futuro!” E continuou com outros “conselhos”: “- Por que não tenta outra coisa na vida? Você é jovem. Pode escolher qualquer coisa melhor do que passar anos e anos riscando papel! Vá fazer qualquer outra coisa que dê dinheiro!”

(Publicada no site www.monica.com.br/mauricio/cronicas/cron13.htm)

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redação

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aula PUC

PUC 2008

GRUPOS 1, 3 e 4

Queremos propor uma reflexão sobre a vida em grandes cidades e qualidade de vida.

Com esse objetivo, selecionamos alguns textos nos quais são apresentados características e comportamentos dos espaços urbanos.

Leia-os com atenção e procure confrontar sua percepção e experiência com o que dizem os textos.

“A vida em grandes metrópoles (...) apresenta uma série de vantagens que tornam essas cidades especiais. Nelas encontramos muitos dos atributos que consideramos sinônimos de progresso, como facilidades de acesso aos bens de consumo, oportunidades de trabalho, lazer, serviços, educação, saúde etc.”

(Ciência Hoje, Adilson de Oliveira, http://ich.unito.com.br)

“No mundo inteiro as cidades têm problemas. Maiores ou menores, conforme as pessoas que nelas vivem se mobilizam para resolvê-los. E a qualidade de vida de quem mora nessas cidades melhora à medida que governo e sociedade buscam juntos as soluções. ”

“Cerca de 81,2% da população brasileira vive em regiões urbanas. Particularmente nas grandes cidades, a quantidade de pessoas, carros e a poluição contribuem ao detrimento da saúde das pessoas que nelas moram. A poluição do ar, como a emissão de monóxido de carbono pelos automóveis, causa problemas respiratórios. Os depósitos de lixo a céu aberto permitem a proliferação de animais transmissores de doenças como a dengue e a cólera. Por fim as enchentes fazem com que os esgotos transbordem, expondo a população ao risco da leptospirose e ao da diarreia. ”

“Pesquisas revelam que as maiores taxas de homicídios ocorrem nas periferias das grandes cidades onde há mais pobreza, desemprego e a falta de serviços básicos como saúde, educação, transporte, segurança e justiça. ”

(http://www.abrasil.gov.br/nivel1/cidade.htm)

“Mesmo em um nível de envolvimento superficial — o exercício da cortesia diária — o urbano é supostamente deficiente.

As pessoas esbarram umas nas outras e muitas vezes não pedem desculpas. Elas derrubam embrulhos de outra pessoa e, na metade das vezes, prosseguem seu caminho com uma exclamação irritada em vez de oferecer ajuda. Dizem que tal comportamento, que muitos dos que visitam cidades grandes acham desagradável, é menos comum em cidades menores, onde cortesias tradicionais são mais prováveis de serem observadas. ”

(Stanley Milgram. ftp.unb.br/pub/UNB/ip/PsiAmbiental/tl05_experiencia_viver_cidade.rtf)

“Só com educação e respeito aos direitos alheios é possível viver

numa metrópole (...), como o Rio de Janeiro. Infelizmente, muitos simplesmente desprezam as regras básicas de convivência. E não é preciso grandes sacrifícios para desligar o celular no cinema, não buzinar em congestionamentos ou recolher o próprio lixo na praia (...). ”

(Veja Rio, Ano 40, nº 16, 25 abr. 2007. p. 18)

Com base na reflexão feita, produza um artigo de opinião a ser publicado num jornal de circulação interna da Universidade. Seu artigo deve tratar do tema: Como viver nas grandes cidades e cuidar da qualidade de vida.

Desenvolva suas ideias de forma clara, coerente e com argumentação bem fundamentada num texto de, aproximadamente, 25 linhas. Não se esqueça de dar um título adequado.

Recomenda-se que os trechos escolhidos sirvam apenas de auxílio à reflexão e não sejam copiados. Serão valorizadas, portanto, a pertinência e a originalidade de seus argumentos. GRUPO 2

Segundo Alfredo Bosi, “O passado ajuda a compor as aparências

do presente, mas é o presente que escolhe na arca as roupas velhas ou novas. ” Como será o país em que você vai viver e trabalhar no futuro? De que modo o passado longínquo e recente ajuda as pessoas a construírem o futuro?

Os trechos abaixo selecionados têm por objetivo ajudá-lo a fazer uma reflexão sobre a importância da memória histórica – passada e recente – na construção do país.

Que falta nesta cidade?...Verdade. Que mais por sua desonra?...Honra. Falta mais que se lhe ponha?...Vergonha. (...) Quem a pôs neste socrócio?...Negócio. Quem causa tal perdição?...Ambição. E no meio desta loucura?...Usura. (...) E que justiça a resguarda?...Bastarda. É grátis distribuída?...Vendida. Que tem, que a todos assusta?...Injusta. (...) A Câmara não acode?...Não pode. Pois não tem todo o poder?...Não quer. É que o Governo a convence?...Não vence.

(Gregório de Matos)

Em entrevista à Revista Veja, um dos líderes do “Cansei”, movimento criado a partir do acidente com o airbus da TAM, inicialmente para protestar contra o caos aéreo e a corrupção, afirma que “o movimento tem cinco propostas: o combate à corrupção com punição aos corruptos e corruptores, reforma tributária, prioridade à educação, melhoria da eficiência da gestão pública e da segurança pública.

(Revista Veja, Ano 40, n.34, 29 ago. 2007, p.11.)

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redação

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aula PUC

(Jornal O Globo) “Criar é sempre criar um futuro, isso não implica que uma criação seja sem passado. ”

(René Passeron)

Você está sendo convidado a produzir um artigo de opinião a ser publicado num jornal de circulação interna da universidade. Seu artigo deve apresentar sua visão sobre o país que temos e o que podemos vir a ter. Desenvolva o tema proposto, de forma clara, coerente e com argumentação bem fundamentada. Seu texto deve ter cerca de 25 linhas. Não se esqueça de dar um título adequado ao texto.

Recomenda-se que as ideias expostas nos trechos escolhidos sirvam apenas de auxílio à reflexão e não sejam copiadas. Serão valorizadas, portanto, a pertinência e a originalidade de seus argumentos.

PUC 2009 GRUPOS 1, 3 e 4 Queremos propor uma reflexão sobre a inserção da mulher no mercado de trabalho. Com esse objetivo, selecionamos algumas informações sobre esse tema. Leia-as com atenção e procure confrontar essas concepções com a sua. Pesquisa do Ibope/Ethos revelou, no ano passado, que apenas 11,5% das mulheres compõem o quadro executivo das grandes empresas brasileiras. O estudo constatou que a maior participação das mulheres aumenta quando decresce o poder e participação estratégica nas organizações: 24,6% na posição de gerência, 37% em cargos de supervisão e 35% no quadro funcional geral.

(Notícias, 19/08/2008. http://www.presidencia.gov.br)

• Embora o nível de atividade das mulheres tenha aumentado, ele ainda é bastante inferior àquele verificado para os homens (82,6%, em 2005).

• Enquanto a taxa de desemprego masculina foi de 6,9%, em 2005, a feminina atingiu 12%, o que representa um contingente de mais de 1,2 milhões de mulheres desempregadas em comparação aos homens.

• Em 2005, 28% das famílias tinham uma mulher como pessoa de referência. Brasil. Presidência da República. Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. Textos e roteiros de discussão para as Conferências Municipais e/ou Regionais e Conferências Estaduais de Políticas para as Mulheres –

Brasília: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, 2007.

O Plano Plurianual 2008-2011 da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres estabelece programas para efetivação dos direitos das mulheres e fixa, entre outros, os seguintes objetivos: • Contribuir para o pleno exercício da cidadania e para a garantia

do acesso das mulheres aos direitos sociais e econômicos, visando à redução das desigualdades e discriminações na perspectiva de gênero;

• Implementar, no âmbito do Estado, políticas que promovam a conciliação entre as atividades domésticas e possibilitem a alteração da atual divisão sexual do trabalho;

• Contribuir para a ampliação do exercício do poder pelas mulheres, possibilitando sua participação em todas as esferas de decisão.

Produza um artigo de opinião a ser publicado num jornal de circulação interna da Universidade. Desenvolva o tema proposto de forma clara, coerente e com argumentação bem fundamentada num texto de aproximadamente 25 linhas. Não se esqueça de dar um título adequado ao seu texto. As ideias expostas nos trechos escolhidos devem servir apenas de auxílio à reflexão. Não devem ser copiadas. Serão valorizadas, portanto, a pertinência e a originalidade de seus argumentos. GRUPO 2

Queremos propor uma reflexão sobre a violência contra a mulher. Com esse objetivo, selecionamos algumas informações sobre esse tema. Leia-as com atenção e procure confrontar essas concepções com a sua.

“Enfrentar a violência contra as mulheres requer não só uma percepção multidimensional do fenômeno, como também a convicção de que para superá-lo é preciso investir no desenvolvimento de políticas que acelerem a redução das desigualdades entre homens e mulheres.”

Enfrentamento à Violência contra as Mulheres Balanço de Ações - 2006-2007 http://200.130.7.5/spmu/docs/violencia_2007.pdf

“...deve-se entender por violência contra a mulher qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como no privado.”

(Capítulo 1; Artigo 1º. Da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher “Convenção de Belém do Pará” (1994))

A Central de Atendimento à Mulher é um serviço criado pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, em 2005. A partir de uma análise realizada no mês de julho de 2007, quando a Central registrou 20.385 ligações, foi possível obter os seguintes dados:

− 94% dos registros eram relacionados à violência doméstica e familiar;

− 73% dos registros de denúncias foram causados por violência praticada pelo cônjuge;

− 59% dos registros de denúncias informaram que a frequência com que a violência ocorre é diária;

− 57% dos registros informaram que os agressores utilizam entorpecentes;

− 70% das mulheres que registraram o relato de violência alegaram estar correndo risco de espancamento ou morte.

Enfrentamento à Violência contra as Mulheres. Balanço de Ações - 2006-2007 http://200.130.7.5/spmu/docs/violencia_2007.pdf

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aula PUC

“Nas oficinas com os homens, percebemos que a ‘identidade masculina’ vê a violência como algo quase natural, quase como sinônimo da masculinidade. Homem que é homem manda. O objetivo do nosso trabalho é desnaturalizar essa violência que vai desde obrigar a companheira a servir a comida até ter relações sexuais forçadas.”

(Sérgio Barbosa, Pró-Mulher, Família e Cidadania http://www.violenciamulher.org.br).

“A violência não é natural. É um comportamento aprendido. Quando um menino apanha na escola de outro menino, ele recebe mensagens dentro da sua casa: ‘amanhã, você vai lá e morde ou bate nele também’. Com isso, acabamos criando uma cultura da violência. A violência fica tão banalizada, que determinadas atitudes violentas passam como não sendo.”

(Marcos Nascimento, coordenador de projeto do Instituto Promundo http://www.violenciamulher.org.br).

Produza um artigo de opinião a ser publicado num jornal de circulação interna da Universidade. Desenvolva o tema proposto de forma clara, coerente e com argumentação bem fundamentada num texto de aproximadamente 25 linhas. Não se esqueça de dar um título adequado ao seu texto. As ideias expostas nos trechos escolhidos devem servir apenas de auxílio à reflexão. Não devem ser copiadas.

Serão valorizadas, portanto, a pertinência e a originalidade de seus argumentos.

PUC 2010 GRUPOS 1, 3 e 4

Um assunto recorrente nos debates sobre a sociedade contemporânea é a relação que os indivíduos estabelecem com o tempo no seu cotidiano, como ilustrado nos fragmentos a seguir:

“Não sei mais calcular a cor das horas. As coisas me ampliaram para menos.”

(BARROS, Manoel. Livro das ignoranças. Rio de Janeiro: Record, 1997). “Instantaneidade” significa realização imediata, “no ato” – mas

também exaustão e desaparecimento do interesse. A distância em tempo que separa o começo do fim está diminuindo ou mesmo desaparecendo [...] Há apenas “momentos” – pontos sem dimensões.”

(BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001. p. 137-138).

“Na literatura sobre o tempo e sobre as “conciliações” entre vida profissional e vida privada, tem-se a impressão de que a vida das pessoas ou se resume a intermináveis jornadas de trabalho, em permanente disponibilidade às empresas, ou não passa de uma corrida frenética de um lado para outro, no cumprimento de obrigações profissionais e na assistência aos filhos ou aos pais idosos. Subitamente, é como se esses adultos não tivessem vida amorosa e sexual, que pede tempo de convivência e distensão para que possa ser fonte de alegria.”

(OLIVEIRA, Rosiska Darcy de. Reengenharia do tempo. Rio de Janeiro: Rocco, 2003. p. 57).

REQUERIMENTO Adriana Falcão

Caro Senhor Tempo, Espero que esta o encontre passando bem, ou melhor,

passando o mais devagar possível. Por aqui vai-se indo, como o Senhor quer e consente, meio

rápido demais para o meu gosto, e quando vi já era dezembro. Foi-se mais um ano. E com ele foram-se uma quantidade incalculável de amores,

cores, idades, alguns amigos, não sei quantos neurônios, memórias, remorsos, desvarios, cabelos, ilusões, alegrias, tristezas, várias certezas (se não me engano treze), algumas verdades indiscutíveis, umas calças que não fecham mais e aquele vestido de que eu gostava tanto.

[...] Não pensa em tirar umas férias, dar uma pausa, respirar um

pouco? Não lhe agrada a ideia de mudar o andamento? Diminuir o ritmo? Em vez de tic-tac, inventar uma palavra mais

comprida para compasso, mantra, ícone, diagrama? Me diga sinceramente: para que tanta pressa? Anda difícil acompanhar seus passos ultimamente. [...] Calma, Tempo! Espera só um minutinho para eu explicar melhor

o meu ponto de vista. Nem todo mundo é pedra, concorda? Dito isso, imagine então quantos pobres mortais sofrem da

mesma agonia diária: giros e mais giros nos ponteiros, os cantos dos cucos, as denúncias das sombras, os grãos de areia escorregando (parece até hemorragia crônica), tudo escapulindo, descendo, subindo, o frenesi dos dígitos, um, dois, três, quatro, cinco, cem, o Senhor vai tirar o pai da forca?

Está fugindo de alguém? De quem? De mim? De ontem? Eu conheço de cor suas obrigações. Estou convencida de suas utilidades. Não fosse o Senhor, não existiriam saudade, retrato, suvenir,

antiguidade, história, época, período, calendário, outrora, passatempo, novidade, creme anti-rugas, disputa por pênaltis, antepassado, descendente, dia, noite, nada, não existiria sabedoria, eu sei disso.

[...] OBJETOS DE USO PESSOAL

(http://bloglog.globo.com/miguelpaiva/).

E você? Como vê a relação ser humano – tempo hoje em dia?

Produza um texto dissertativo–argumentativo de

aproximadamente 25 linhas, apresentando um ponto de vista sobre o assunto.

Suas ideias devem ser claras, coerentes e bem fundamentadas.

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aula PUC

Recomenda-se que a coletânea sirva apenas de auxílio à reflexão e que não ocorra cópia de trechos dos fragmentos expostos. Serão valorizadas a pertinência e a originalidade de seus argumentos. GRUPO 2

O ciúme parece fazer parte das inquietações humanas, já que é

tratado, com frequência, nos consultórios sentimentais publicados em revistas e jornais, nas charges da internet, na música popular e na literatura.

Abaixo você encontra alguns fragmentos de textos, os quais procuram retratar o ciúme em épocas diferentes.

(bloglog.globo.com/blog/blog.do?act=loadSite&id=55&mes=8&ano=2008).

Ciúme

Ultraje a Rigor Eu quero levar uma vida moderninha Deixar minha menininha sair sozinha Não ser machista e não bancar o possessivo Ser mais seguro e não ser tão impulsivo (Refrão) Mas eu me mordo de ciúme Mas eu me mordo de ciúme Meu bem me deixa sempre muito à vontade Ela me diz que é muito bom ter liberdade Que não há mal nenhum em ter outra amizade E que brigar por isso é muita crueldade Mas eu me mordo de ciúme Mas eu me mordo de ciúme

(http://letras.terra.com.br/ultraje-a-rigor/49184/).

“Fomos passar a noite no Flamengo, os dois casais e mais o

José e a prima. Sucedeu uma coisa que me pareceu muito grave. Vou refletir sobre ela e depois decidirei o que fazer. Não tenho com quem discutir o ocorrido visto que envolve meu marido e minha melhor amiga. Por isso, após uma noite sem sono e antes de seguir para minhas orações na missa das nove, recorro agora a estas páginas, único desabafo possível. Não tenho dúvidas do que vi ontem – os segredos ao canto da janela, os suspiros, os olhares a se buscar durante toda a noite (ele à janela, ela ao pé do piano) o gesto de Santiago a ponto de beijar a testa de Sancha quando os surpreendi, o modo como ele mirava seus braços, a despedida lânguida, num aperto de mão demorado e esquecido... Não foram intrigas, ninguém me contou. Eu mesma vi, de repente. Não sei há quanto tempo isso já ocorre sem que eu visse ou suspeitasse. Meu

coração ficou tumultuado como os vagalhões do mar bravio batendo lá fora. Não sei que fazer, se finjo que nada sei, se busco uma explicação com um deles ou com ambos. [...] No momento, só logro sentir. Raiva, desespero. Vontade de matar, de morrer....”

(Machado, Ana Maria. A audácia dessa mulher. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. p. 152-153).

“Certa vez, Juno notou que o dia escurecera de súbito e

imediatamente desconfiou que seu marido levantara uma nuvem para esconder algumas de suas façanhas que não gostava de expor à luz. Juno afastou a nuvem e viu o marido, à margem de um rio cristalino, com uma bela novilha ao seu lado. A rainha dos deuses desconfiou de que a aparência da novilha ocultava alguma bela ninfa de estirpe mortal, como , na verdade, era o caso. Tratava-se de Io, filha do rio deus Ínaco, a quem Júpiter cortejava, e a quem dera aquela forma, ao sentir a aproximação de sua esposa.

Juno foi-se juntar ao marido e, vendo a novilha, elogiou sua beleza e perguntou quem era ela e a que rebanho pertencia. Júpiter, para evitar que as perguntas continuassem, respondeu que se tratava de uma nova criação da terra. Juno pediu-lhe que lhe desse a novilha de presente. Que poderia Júpiter fazer? Não queria entregar a amante à esposa; como recusar-lhe, porém, um presente tão insignificante como uma novilha? Não poderia fazê-lo sem despertar suspeitas.”

(Bulfinch,Thomas. O livro de ouro da mitologia, História de deuses e heróis. Rio de Janeiro: Ediouro,1999.p.39).

Produza um texto dissertativo-argumentativo no qual você expresse de forma clara, coerente e com argumentação bem fundamentada a sua visão sobre o ciúme nas relações humanas.

O seu texto deve ter cerca de 25 linhas e um título criativo, que sintetize o ponto de vista apresentado sobre a questão.

PUC 2011 GRUPOS 1, 3 e 4

A seguir, você encontrará alguns fragmentos do romance O arroz

de Palma de Bernardo Azevedo publicado pela Ed. Record, RJ, em 2008. Estes trechos de ficção não devem ser reproduzidos na sua produção textual, nem no que diz respeito à forma nem ao gênero. Como toda literatura, essa seleção tem por objetivo apenas ajudá-lo a desenvolver suas próprias ideias sobre a questão abordada.

herança

“Terminado o lanche, Leonor, Nicolau, Joaquim e eu somos chamados ao quarto de Tia Palma. A herança deixada por ela comove. A quarta cadeira, onde costumava se sentar, fica para mim. A caixinha de jóias é entregue a Leonor. A imagem de São Joaquim, na família há algumas gerações, passa a pertencer ao Joaquim, é claro. Para o Nicolau, vão duas libras esterlinas de ouro, primeiro dinheiro que Tia Palma ganhou no Brasil, por ter lavado, passado e engomado as camisas dos oficiais de um navio britânico que, durante um mês, esteve ancorado no porto do Rio de Janeiro.

— Se ainda quiserem algumas outras recordações, podem levar. Todos os pertences de Palma estão cá neste quarto.

Leonor, visivelmente emocionada, pergunta se mamãe se importa de ela ficar com a mesinha que também é caixa de costura. O pequeno móvel e seus apetrechos sempre a encantaram, desde menina.

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aula PUC

— Imagina, filha! Já disse, guarda da tua tia o que quiseres. Faço também o meu pedido. Se os irmãos estiverem de acordo,

gostaria ainda de levar como lembranças a caneta e o mata-borrão. Problema nenhum, todos acham justo. Eu sou o que gosta de escrever. Mamãe se alegra com a decisão rápida e unânime.

— Estarão em boas mãos. Nicolau e Joaquim não fazem ideia do que ainda possam querer.

Pensam um pouco, olham ao redor e dizem que o que receberam está de bom tamanho.

A partilha fácil e harmoniosa de Tia Palma me obriga a pensar. ...” p. 250-251

sangue

“Insisto: não há “Família à Oswaldo Aranha”, “Família à Rossini”, “Família `Belle Meunière” ou “Família ao molho pardo” – em que o sangue é fundamental para o preparo da iguaria. Família é afinidade, é “à Moda da Casa”. E cada casa, repito, gosta de preparar a família a seu jeito. Os Alves Machado, por exemplo, nunca puderam ter filhos. Isabel é adotiva. Nenhuma ideia de quem foram os pais verdadeiros. Quero dizer os pais biológicos. Os pais verdadeiros, ao meu ver, são o senhor Avelino e dona Maria Celeste, que a receberam ainda recém-nascida, e que, indiferentes ao sangue que lhe corria nas veias, criaram-na e a educaram. Deram-lhe amor. Isabel soube ser grata. Principalmente, por não lhe terem escondido a verdade. Todos sabiam a história da adoção. Quando começamos a namorar sério, ela tocou no assunto sem nenhum desconforto. Queria que eu estivesse mesmo ciente de que, se viéssemos a casar, nossos filhos não saberiam, por parte dela, a origem do sangue.

— Se é sangue bom, se é sangue ruim... não faço ideia, Antonio.

— E daí minha querida? Que importância tem isso? Hoje, velhinho, aqui nessa cozinha, acho graça do diálogo que já

vai longe. Afluentes de um rio somos todos, eu disse a ela. Artérias de uma só veia que deságua no coração: a veia artística. Criadores de nós mesmos, nós inventamos e reinventamos sem trégua, diariamente. A cada experiência, boa ou má, nasce um outro eu de nossa própria autoria. O talento é dado a todos, sem exceção. Por instinto e vocação, todos nos concebemos, nos rascunhamos, nós passamos a limpo e nos apresentamos em público na versão que julgamos menos falha ou mais convincente. Depois, voltamos corajosamente para dentro de nós e labutamos. Tentamos nos emendar, nos corrigir. Cortamos aquela parte que nos incomoda ou não soa bem e acrescentamos algo que agora nos dá sentido. O que há de errado com nossa forma e conteúdo? Que dieta precisamos fazer, que ginástica, que corte de cabelo? Que livro nos falta? Que ousadia, que idioma, que habilidade? Que sentimento é preciso? Que carícia, que estímulo? Que mulher, que homem em nossa cama? Que figurino para festas? Que roupa para enterro? Ninguém mais fala em luto fechado ou luto aliviado. A morte já não exige tanto. Nossa dor ficou um pouco mais leve e confortável, podemos usar jeans sem medo. Ao final, que diferença faz o sangue? Então, por que nossos pais têm sangues diferentes? Que fator RH nos fará mais felizes? Que grupo sanguíneo nos reunirá de verdade para beber e cantar em torno da mesma mesa? Breve tocará o sinal e o Professor Deus tomará a minha prova. Tantas questões por responder. Afluentes de um só rio somos todos, acredito. Artérias de uma só veia que desá-gua no coração. Bela missão essa que nos foi dada: a de nos criarmos e recriarmos pacientemente a cada dia. Sem que o sangue jamais nos suba à cabeça, é o que eu peço. Família somos todos. ” p. 124 -126

Produza um texto dissertativo-argumentativo no qual você expresse de forma clara, coerente e bem fundamentada suas ideias acerca da relação entre a herança biológica, cultural, social, enfim, humana que cada um recebe durante a vida e a pessoa que vem a ser no seu dia a dia.

Serão valorizadas a pertinência e a originalidade de seus argumentos.

Você deverá contextualizar o tema, discutir posições e manifestar seu posicionamento sem perder de vista a sociedade em que vivemos.

O seu texto deve apresentar um título sugestivo e ter cerca de

25 linhas. GRUPO 2

A seleção de textos que você encontrará a seguir tem por objetivo apenas ajudá-lo a desenvolver suas próprias ideias sobre a questão abordada. Estes textos não devem ser reproduzidos na sua produção textual.

(...) De desígnio divino ou de limitações anatômicas, a beleza passou a ser um ‘ato de vontade’, ‘de esforço’ e um ‘denotativo do caráter’. Como aponta Baudrillard, a sociedade de consumo traz a mensagem de que ‘só é feio quem quer’, ‘moralizando o corpo feminino’ nas palavras do próprio autor. (...) Se o corpo até a sociedade industrial era o corpo ferramenta, observamos agora que o mesmo passou a ser o principal objeto de consumo. Das academias de ginástica, dos anabolizantes, esteróides e anfetaminas que são

consumidos como jujubas, das inúmeras e infindáveis técnicas de correção corporal, o corpo ‘malhado’ entrou em cena. Beleza é artigo de primeira necessidade. Mas por ela você pagará um alto preço!(...)

(Novaes, J. V. (2007) Sobre a tirania da beleza. Revista Eletrônica Polêmica, v. 18, UERJ. http://www.polemica.uerj.br/pol18/oficinas/lipis_4.htm).

“Toda rotina tem sua beleza, descubra a sua”

A ideia é a rotina do papel O céu é a rotina do edifício O início é a rotina do final

A escolha é a rotina do gosto A rotina do espelho é o oposto

A rotina do perfume é a lembrança O pé é a rotina da dança

A rotina da mão é o toque A rotina da garganta é o rock

Julieta é a rotina do queijo A rotina da boca é o desejo

O vento é a rotina do assobio A rotina da pele é o arrepio

A rotina do caminho é a direção A rotina do destino é a certeza

Toda rotina tem sua beleza. Linha Natura Todo Dia.

(Comunicação criada pela Tarteka para a Natura http://www.cosmeticosbr.com.br/conteudo/noticias/noticia.asp?id=1746).

“Meu neto Bernardo é quem sempre me apresenta às

tecnologias de última geração. Volta e meia chega do Rio de Janeiro com alguma novidade. Está parecidíssimo com meu pai José Custódio quando era mais moço. Neto faz bem à saúde. Se avô é pai com açúcar, neto é filho com proteínas, vitaminas e sais minerais. Um abraço de neto a cada 24 horas substitui perfeitamente qualquer

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aula PUC

tipo de medicamento. Só em saber que o Bernardo está perto, meu corpo agradece. E tem vontade de lhe fazer todo tipo de festa – festa de carícia, festa de celebração.

Bernardo me traz vida, juventude.

(...) Fiz ver a ele que não adiantam microondas com programação computadorizada, congelados, sopas instantâneas e tantas outras modernidades, sempre haverá sustos numa cozinha, sempre haverá aprendizados. Máquinas se reproduzem e evoluem com tamanha rapidez que nem há tempo para conflitos entre uma geração e outra. Mas nós, humanos – mesmo os de última geração –, somos lentos demais. Nossos progressos são imperceptíveis. Demoramos décadas para perceber êxitos e fracassos. Quando, depois de muito esforço, nos tornamos mestres na arte culinária, quando, de olhos fechados, acertamos o ponto do doce, muitos já se foram. A família que senta à mesa é outra. Já não somos netos, mas avós. ”

(Azevedo, Bernardo. O arroz de Palma. Rio de Janeiro, Record, 2008. p.23-25).

Produza um texto dissertativo-argumentativo no qual você expresse de forma clara, coerente e bem fundamentada suas ideias acerca da relação entre o indivíduo e a beleza na contemporaneidade.

Você deverá contextualizar o tema, discutir posições e manifestar seu posicionamento. Serão valorizadas a pertinência e a originalidade de seus argumentos.

O seu texto deve apresentar um título sugestivo e ter cerca de 25 linhas.

PUC 2012

GRUPOS 1,3 e 4

As refeições em grupo contribuem para estreitar laços de intimidade entre as pessoas uma vez que mexem com os sentidos, as necessidades, os desejos e as emoções humanas. Por isso, degustar comidas de países com tradições culinárias diferentes das nossas pode nos fazer compreender histórias, partilhar vivências e usufruir de experiências bastante enriquecedoras. Os hábitos alimentares dos povos revelam sua cultura e seu grau de abertura para tradições distintas das suas. As facilidades de comunicação e de deslocamentos, provenientes das inovações tecnológicas do século XX, fizeram com que larga diversidade de hábitos e sistemas de alimentação se difundisse pelo mundo. No entanto, ainda há muitos tabus (proibições) e preconceitos alimentares – que dizem respeito a intolerâncias voltadas a aspectos sensoriais (cor, odor, sabor) e culturais (preparo culinário e tipo de alimento consumido) –, contribuindo para a separação entre os povos.

Produza um texto dissertativo-argumentativo – com cerca de 25 linhas e título sugestivo –, discorrendo sobre tabus e preconceitos alimentares.

A seleção de fragmentos de artigos a seguir tem por objetivo ajudá-lo a desenvolver suas próprias ideias acerca do assunto. Alguns desses textos – assim como os demais constantes desta prova – podem ser reproduzidos, em parte, na sua redação, mas em forma de DISCURSO INDIRETO ou de PARÁFRASE, com as devidas fontes mencionadas na redação. NÃO ASSINE.

Filhos de Angelina Jolie comem grilos na refeição Grilos estão entre as refeições preferidas dos filhos de Angelina

Jolie e Brad Pitt. “Meus garotos amam comer grilos fritos. É a comida favorita deles. A primeira vez que eu dei esse tipo de comida a eles foi porque eu não queria que eles sentissem repulsa de algo que faz parte

de sua cultura. Eles comeram como Doritos e não pararam mais”, declarou a atriz. Maddox e Pax, filhos adotivos de Jolie, nasceram no Camboja e Vietnã, respectivamente. Nesses países, faz parte da tradição comer insetos. Angelina - que cria outros quatro filhos com o parceiro Brad Pitt – também diz já ter experimentado alguns pratos locais exóticos, entre eles um que leva baratas, mas, mesmo assim, há algumas iguarias que ela ainda não criou coragem para comer: “Eu quero experimentar tarântulas no palito e sopa de aranha. Não sei se eu tenho estômago, mas acho que você tem que conhecer de perto tudo o que o mundo lhe oferece”.

(ne10.uol.com.br/canal/cultura/noticia/2011/07/21/fi lhos-de-angelina-jolie-comem-grilos-na-refeicao-285055.php e

http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:oVBNW0v8jQYJ:www.pop.com.br/mundopop/noticias/celebridades. 21/07/2011).

Tabus alimentares

Gabriel Bolaffi Todos nós, em graus variáveis, temos lá nossos tabus

alimentares, tão arraigados que, muitas vezes, nem nos damos conta deles. Aparentemente, ninguém, em nossa cultura, tem hábito de comer minhocas, abelhas, baratas, cães, gatos ou gafanhotos, embora saiba de muitas culturas da Amazônia, nas quais a minhoca é iguaria reservada às mulheres grávidas. [...] pelo interior do Brasil, come-se carne de jacaré, cobra, paca, tatu e até cotia. Hoje os restaurantes japoneses se tornaram populares com seus sushis e sashimis, mas houve estranhamento em relação a tais acepipes quando, inicialmente, ouviu-se falar deles: “Peixe cru!?” [...] Mas qual será a origem de tantos tabus e preconceitos alimentares?

A explicação mais óbvia para os tabus é a maior familiaridade que temos com determinado alimento. Indivíduos medianos,

especialmente crianças, não gostam de alimentos aos quais não estejam acostumados. [...]

(Fragmento adaptado do livro A saga da comida: receitas e história (Rio de Janeiro: Record, 2000; p. 291-292).

Salada de frutas Luís da Câmara Cascudo

O consumo de salada de frutas é quase contemporâneo em nosso país. Até o século XIX, ninguém ousaria afrontar o tabu, servindo-se de várias frutas ao mesmo tempo – respeito apavorante por uma proibição de caráter centenário sob imposição doméstica. As populações repeliam a ideia sinistra da salada de frutas. A manga causava susto quando avistada no meio das outras frutas. Ninguém admitia a possibilidade de não ser veneno implacável a reunião da laranja, mamão, abacaxi, etc., mesmo com o açúcar, que era contraveneno clássico. [...] Os próprios médicos desaconselhavam, discretamente. Depois de 1914, porém, o hábito começou, lentamente, a se espalhar no Brasil. A propaganda pela persuasão, no entanto, operou muito vagarosamente, vencendo por força da experiência e da repetição. A inclusão da salada de frutas gelada nos menus de hotéis e restaurantes demorou mais um pouco. Ainda não era comum no Rio de Janeiro de 1922, Centenário da Independência, aparecendo somente em certas casas de famílias [...] com atrevido espírito reformador.

(Texto adaptado do 2o volume da História da alimentação no Brasil (Belo Horizonte: Ed. Itatiaia, 1983; p. 556-557), de L. da Câmara Cascudo (1898-1986).

Educação nutricional Rejane Andréa Ramalho e Cláudia Saunders

Tanto o ato da busca de alimentos – que inclui escolha e consumo – como as proibições do uso de certas substâncias comestíveis, em todos os grupos sociais, são ditados por regras sociais diversas, carregadas de significados.

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aula PUC

O alimento constitui uma linguagem – algo com significado cognitivo. Ademais, o comer não satisfaz apenas a necessidade biológica, mas preenche também funções simbólicas e sociais. A comensalidade – camaradagem à mesa – permeia todas as relações sociais de diferentes classes de uma mesma sociedade, apresentando sempre uma dimensão cultural. (Fragmento adaptado do artigo “O papel da educação nutricional no combate às

carências nutricionais”, de Rejane Andréa Ramalho e Cláudia Saunders. In: Revista de Nutrição. Campinas, 13 (1): 11-16, jan./abr. 2000; p. 11).

GRUPO 2

Os textos abaixo são fragmentos de cartas, escritas por profissionais reconhecidos nas suas áreas de atuação, endereçadas a jovens que aspiravam fazer a mesma escolha profissional que seus conselheiros.

Esses trechos têm o objetivo de contribuir para a sua reflexão. Leia-os com atenção, analise o grau de relevância do que é afirmado e procure confrontar sua percepção e experiência com o que dizem os textos.

Produza, então, um texto dissertativo-argumentativo, com título sugestivo, no qual você expresse – de forma clara, coerente e bem fundamentada – o que formaria a bagagem essencial de um futuro profissional da área em que você deseja atuar.

Em cerca de 25 linhas, você deverá contextualizar o tema, localizar/identificar a área de atuação escolhida, discutir posições e manifestar o seu ponto de vista. Serão valorizadas a pertinência e a originalidade de seus argumentos.

Alguns dos textos de reflexão – assim como os demais constantes desta prova – podem ser reproduzidos, em parte, na sua redação, mas em forma de DISCURSO INDIRETO ou de PARÁFRASE, com as devidas fontes mencionadas na redação. NÃO ASSINE.

Carta a um jovem poeta Rainer Maria Rilke

[...] Procure entrar em si mesmo. Investigue o motivo que o manda escrever; examine se estende suas raízes pelos recantos mais profundos de sua alma; confesse a si mesmo: morreria, se lhe fosse vedado escrever? Isto acima de tudo: pergunte a si mesmo na hora mais tranquila de sua noite: “Sou mesmo forçado a escrever? ” Escave dentro de si uma resposta profunda. Se for afirmativa, se puder contestar aquela pergunta severa por um forte e simples “sou”, então construa a sua vida de acordo com esta necessidade. [...] Evite, de início, as formas usais e demasiado comuns: são essas

as mais difíceis, pois precisa-se de uma força grande e amadurecida para se produzir algo de pessoal num domínio em que sobram tradições boas, algumas brilhantes. Eis por que deve fugir dos motivos gerais para aqueles que a sua própria existência cotidiana lhe oferece; relate suas mágoas e seus desejos, seus pensamentos passageiros, sua fé em qualquer beleza — relate tudo isto com íntima e humilde sinceridade. Utilize, para se exprimir, as coisas do seu ambiente, as imagens dos seus sonhos e os objetos de sua lembrança. Se a própria existência cotidiana lhe parecer pobre, não a acuse.

Acuse a si mesmo, diga consigo que não é bastante poeta para extrair as suas riquezas. [...] Nada a poderia perturbar mais do que olhar para fora e aguardar de fora respostas a perguntas a que talvez somente seu sentimento mais íntimo possa responder na hora mais silenciosa.

(http://www.releituras.com/rilke_cartpoeta.asp)

Carta a um jovem chef Laurent Suaudeau

Este livro é fruto do que vi e aprendi com meus mestres, e também do que aperfeiçoei em quase 30 anos de manejo de panelas. O que sei tento repassar aos jovens que frequentam a minha cozinha e a minha escola e que sonham com um grande futuro na profissão. Não tenho todas as respostas. [...] acho que, para ser cozinheiro, é fundamental que a pessoa goste de comer e de cozinhar. E que tenha o dom, pois a nossa profissão tem algo de sacerdotal, pela necessidade de aprendizagem, pelo fato de você precisar conquistar os postos na hierarquia de uma cozinha e pela existência de um verdadeiro ritual de gestos, tudo regulamentado por um determinado conceito. Você pode até me perguntar se, hoje em dia, é realmente necessária a formação rigorosa de um cozinheiro para ele ser bem sucedido. Apesar de o comportamento de certos colegas dar a impressão de que bastam criatividade e algum pragmatismo, acredito, com firmeza, que a disciplina e os conhecimentos são imprescindíveis. O bom cozinheiro está sempre se colocando questões, pois nunca julga ter alcançado a perfeição. [...] Quando se escolhe uma profissão, normalmente, a gente busca algo que ajude a ganhar a vida e também permita a realização pessoal. Mas isso não acontece da noite para o dia. Para se tornar um chef conhecido o aprendiz tem um longo caminho a percorrer. [...] todos os chefs que conseguiram destaque são pessoas com um grau de humildade muito elevado em sua postura e no respeito à ordem estabelecida na cozinha. São pessoas que querem aprender, que fazem perguntas, que observam caladas, mas com inteligência. Por outro lado, você vê pessoas extremamente talentosas, que não conseguem se enquadrar na equipe. Muitos acham que sabem tudo e aí se complicam.

(Trecho adaptado de SUAUDEAU, Laurent. Cartas a um jovem chef: caminhos no mundo da cozinha. Rio de Janeiro, Elsevier, 2007.)

Carta a um jovem advogado

José Nivaldo Cordeiro [...] é muito difícil para os jovens discernir entre o erro e o

acerto, a verdade e a mentira, o justo e o injusto. [...] Na verdade, é preciso mudar, pois a cada fase da existência alcançamos graus superiores de consciência que frequentemente negam as antigas convicções. Isso é uma normalidade, é o processo de educação humana em ação. Não se pode exigir que um jovem na faixa dos vinte anos tenha a maturidade e a experiência de alguém com o dobro da sua idade. A cada momento a sua consciência se amplia. Quando mudar, então? Quando sua convicção interior lhe recomendar que mude.

Não há outro juiz. [...] Se esses conhecimentos poderão ser digeridos e transformados em saber, é uma questão em aberto, que varia de indivíduo para indivíduo. [...] O erro é não mudar. Aqueles que têm compromisso com a Verdade precisam mudar permanentemente, pois conquistar graus elevados de consciência não é algo que se faça de um golpe só, é um processo contínuo que a cada instante exige o abandono das verdades parciais antigas. Ninguém chega à Verdade sem passar pelas dores do longo aprendizado. É isso que torna uma criança um ser humano adulto e senhor do seu próprio destino, no pleno exercício de sua liberdade. Mude e será um indivíduo pleno.

(http://www.olavodecarvalho.org/convidados/0161.htm)

Carta a um jovem jornalista Alberto Dines

O que é indispensável para mudar o mundo a partir do jornalismo? Uma pequena caixa de ferramentas e nela um apetrecho essencial: o conhecimento da história. Não me refiro à história da

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redação

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aula PUC

humanidade, que é disciplina obrigatória para todos os que fazem parte dela. A história que você deve, obrigatoriamente, conhecer é a história do jornalismo, como o jornalismo vem mudando o mundo antes mesmo de chamar-se jornalismo. Gutenberg é o herói de uma legião de pensadores, autores, visionários, tradutores, artistas, gravadores, papeleiros, impressores, livreiros, todos beneficiários diretos das suas inovações. Quem soube registrar, organizar, atualizar, hierarquizar e periodizar a formidável massa de informações produzidas desde então foi uma categoria de doidos: os jornalistas. Jovem ou velho jornalista, você é um operário da história. Um historiador com o pé no acelerador. Portanto, questione, remexa, desencave o passado do seu ofício. Depois, devidamente instrumentado e consciente, goze plenamente todas as delícias dos gadgets de Steve Jobs. (In DINES, Alberto. Carta a um jovem jornalista. In: Revista da ESPM. São Paulo,

v. 17, ed. 5, set/out. 2010)

Carta a um jovem fotógrafo Bob Wolfenson

A fotografia é antes de tudo meu ofício, o que tecnicamente sei fazer, mas é também um vetor das minhas ideias, minha forma de comunicação com o mundo. [...] Como em qualquer área de atuação, há uma obsessão para rapidamente se alcançar o sucesso – um dos dramas de nossa época. No entanto, é preciso lembrar que nada acontece dentro de um esquema pré-arranjado ou de uma fórmula, porque o sucesso advém de um conjunto de fatores, inclusive da sorte, mas principalmente de uma forma particular de ver as coisas (a ótica). [...] Gosto mesmo é de pensar e esquematizar um projeto, um conceito – seja ele encomendado ou da minha cabeça, comercial ou não. Gosto do movimento, da pressão de realizar, dos prazos curtos, da preparação, da atividade, do burburinho das pessoas à minha volta, da parceria com elas, no estúdio ou nas locações. Gosto de ver meu trabalho publicado e contextualizado em assuntos que não se encerram em uma única imagem. O instante fotográfico para mim é uma passagem. [...] Porém, minha ligação com o trabalho é o amor pela realização, pela encenação; é uma conexão com a minha época, a tensão com ela e a representação dela; e, subjacente a isso, é uma busca pela eternidade. Talvez por esse motivo tenha escolhido a fotografia como profissão, por seu caráter intrínseco de posteridade.

(Adaptado de WOLFENSON, Bob. Cartas a um jovem fotógrafo: o mundo através das lentes. Rio de Janeiro, Elsevier,).

PUC 2013 GRUPOS 1, 3 e 4

O sociólogo Octavio Ianni (1926-2004), em trecho reproduzido no texto 1 desta prova, afirma o seguinte: “A história dos povos está atravessada pela viagem, como realidade ou metáfora. Todas as formas de sociedade, compreendendo tribos e clãs, nações e nacionalidades, colônias e impérios, trabalham e retrabalham a viagem, seja como modo de descobrir o ‘outro’, seja como modo de descobrir o ‘eu’’’.

Produza um texto dissertativo-argumentativo – claro, coerente e bem fundamentado –, no qual você apresente um ponto de vista sobre uma história – do noticiário, da tradição oral, da História Geral ou de ficção (parte de um filme, romance, conto, crônica, etc.) – que tenha como foco uma viagem. Você deverá, em cerca de 25 linhas, apresentar a história – colocando seus referentes completos –, e analisá-la à luz da mencionada citação de Ianni.

A seleção de textos a seguir tem por objetivo ajudá-lo a desenvolver suas próprias ideias a respeito da questão abordada. Alguns desses textos podem ser reproduzidos, em parte, na sua produção textual – assim como os demais constantes desta prova –, mas em forma de DISCURSO INDIRETO ou PARÁFRASE, com as devidas fontes mencionadas na redação. Coloque um título em seu texto. NÃO ASSINE.

O que não é uma viagem? Por menos que se dê um sentido figurado a esse termo – e jamais pudemos deixar de fazê-lo – a viagem coincide com a vida, nem mais, nem menos: o que é esta, além de uma passagem do nascimento à morte? O deslocamento no espaço é o indício primeiro, o mais óbvio, da mudança; ora, quem diz, diz mudança. O relato também se alimenta da mudança; nesse sentido, viagem e relato aplicam-se mutuamente. A viagem no espaço simboliza a passagem do tempo, o deslocamento físico o faz para a mudança interior; tudo é viagem, mas trata-se de um tudo sem identidade. A viagem transcende todas as categorias, incluindo a da mudança, do mesmo e do outro, pois desde a mais remota Antiguidade são acumuladas viagens de descobrimento, explorações do desconhecido, e viagens de regresso, reapropriação do familiar: os argonautas são grandes viajantes, mas Ulisses também o é.

[...] podemos, com um pouco mais de probabilidade de êxito, tentar distinguir, no próprio interior desse magma imenso, vários tipos de viagem, ou talvez várias categorias que permitem caracterizar as viagens particulares. A oposição mais comum, e que se impõe primeiramente, é a dos planos espiritual e material, ou, se preferirmos, do interior e do exterior. Tomemos dois exemplos célebres de relatos medievais: a Viagem de ultramar, de Mandeville, e A busca do Santo Graal. O primeiro descreve duas viagens (compostas de elementos reais e imaginários; mas podemos deixar essa distinção de lado, por enquanto), na Terra Santa e no Extremo-Oriente, lugares onde o autor descobre, para grande prazer de seus leitores, todas as espécies de seres maravilhosos, e ainda por cima o próprio Paraíso terrestre! O segundo descreve as aventuras dos cavaleiros da Távola Redonda, da corte do rei Artur, que partem em busca de um objeto misterioso e sagrado, o Graal; mas pouco a pouco esses cavaleiros descobrem que a busca em que estão envolvidos é de natureza espiritual, e que o Graal é uma entidade impalpável; por isso só os mais puros, Galaad e Perceval, podem alcançá-lo.[...]

(Fragmento de artigo do fi lósofo Tzvetan Todorov, “Le voyage et son récit”, publicado em: Les morales de l’histoire (TODOROV, 1995). Tradução de Lea Mara Valezi Staut - publicação original no volume 39 (1999) da Revista de

Letras. Rev. Let., São Paulo, v.46, n.1, p.231-244, jan./jun. 2006.)

Entre os inúmeros narradores anônimos, dois grupos se interpenetram de múltiplas maneiras. [...] Quando alguém faz uma viagem, então tem alguma coisa para contar, diz a voz do povo e imagina o narrador como alguém que vem de longe. Mas não é com menos prazer que se ouve aquele que, vivendo honestamente do seu trabalho, ficou em casa e conhece as histórias e tradições de sua terra. Se se quer presentificar esses dois grupos nos seus representantes arcaicos, então um está encarnado no lavrador sedentário e o outro no marinheiro mercante.

(Fragmento retirado do texto “O narrador” (1936), de Walter Benjamin (1892-1940). In: Os pensadores, nº 8 – Textos escolhidos: Benjamin, Horkheimer,

Adorno, Habermas. 2ª ed.Trad.: José Lino Grunnewald et al. São Paulo: Abril Cultural, 1983; p.58.)

[...] O viajante vai sempre optar por não viver onde estiver

morando. Para ele, não estar em casa significa estar mais em casa do que em qualquer outro local. A busca de um lugar passa pela recusa de ter um lugar. Para se encontrar, ele tem de ir embora e não morar em lugar nenhum. [...] Incapazes de levar uma vida

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redação

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sedentária numa cidade qualquer, eles estão sempre na estrada. [...] Viajar, aqui, não é uma forma de chegar a algum lugar, mas de deixar para trás tudo aquilo que torna a vida insuportável. Estar em movimento é uma espécie de estado de suspensão. [...]

(Fragmento retirado do capítulo “O viajante”, do livro Cenários em ruínas, de Nélson Brissac Peixoto. São Paulo: Brasiliense, 1987; p. 82-85.)

Compreendemos, portanto, que as viagens sejam sempre

experiências de estranhamento. E podemos mesmo observar que está, talvez, neste efeito de distanciamento, no sentimento de dépaysement (termo forjado com tanta felicidade pela língua francesa, cuja significação se aproximaria do nosso termo “desterro”, se tomássemos num registro exclusivamente psicológico e simbólico) que, de um modo ou de outro, sempre envolve o viajante (que não se mostra inabalavelmente frívolo), o seu núcleo essencial e sua expressão mais íntima.

(Fragmento do artigo “O olhar do viajante”, de Sérgio Cardoso. In: NOVAES, Adauto. O olhar. São Paulo: Companhia das Letras, 1988, p.359.)

GRUPO 2

Segundo a escritora Susan Sontag (1933-2004), a sanidade é uma “mentira aconchegante’. Realmente, é costume dizer que há uma linha tênue entre sanidade e loucura. Com base nesse enquadramento do tema, produza um texto dissertativo-argumentativo – claro, coerente e bem fundamentado – acerca da loucura como forma poética de visão, de vivência e de contestação do mundo. Você deverá, em cerca de 25 linhas, contextualizar o tema, explicar posições e manifestar seu ponto de vista. A seleção de textos a seguir tem por objetivo ajudá-lo a desenvolver suas próprias ideias a respeito da questão abordada. Alguns desses textos podem ser reproduzidos, em parte, na sua produção textual – assim como os demais constantes desta prova –, mas em forma de DISCURSO INDIRETO ou PARÁFRASE, com as devidas fontes mencionadas na redação. Coloque um título em seu texto. NÃO ASSINE.

Regressamos assim à imaginação. A essa louca por vezes fascinante e por vezes furiosa que mora no sótão. Ser romancista é conviver felizmente com a louca lá de cima. É não ter medo de visitar todos os mundos possíveis e alguns impossíveis. Tenho outra teoria (tenho muitas: resultado da frenética laboriosidade da minha razão), segundo a qual os narradores somos seres mais dissociados ou talvez mais conscientes da dissociação que os outros. Isto é, sabemos que dentro de nós somos muitos. Há profissões que combinam melhor que outras com este tipo de caráter, como, por exemplo, ser ator ou atriz. Ou ser espião. Mas para mim não há nada que se compare com ser romancista, porque isto nos permite não apenas viver outras vidas, mas também inventá-las. “Às vezes tenho a impressão de que surjo do que escrevi tal como uma serpente surge da sua pele”, diz Vila-Matas em A viagem vertical. O romance é a autorização da esquizofrenia.

Um dia do mês de novembro último eu estava dirigindo por Madri; era mais ou menos hora do almoço e lembro que ia a um restaurante me encontrar com uns amigos. Era um desses dias típicos do inverno madrileno, frios e intensamente luminosos, com ar limpo e escarchado e um céu esmaltado de laca azul brilhante. Estava na Modesto Lafuente ou em alguma das ruas paralelas, vias estreitas e com obrigação de dar passagem nas esquinas, nas quais não se pode andar a mais de quarenta ou cinquenta por hora. Assim, indo devagar, passei ao lado de um edifício antigo de dois ou três andares em que nunca havia reparado. Em cima da porta, um

letreiro metálico dizia: CENTRO DE SAÚDE MENTAL. Devia pertencer a algum organismo público, porque mais acima havia um mastro branco com uma bandeira espanhola se agitando ao vento. Eu passava em frente a esse lugar, enfim, quando de repente, sem que eu pretendesse nem previsse, uma parte de mim se separou e entrou no edifício transformada num paciente que vinha se internar. E num fulminante e intensíssimo instante esse outro eu viveu de tudo: subiu, quer dizer, subi os dois ou três degraus da entrada, com os olhos feridos pelo reflexo da fachada e escutando o furioso flamejar da bandeira, sonoro, abominável e atordoante; e segui para o interior, com o coração tremendo porque sabia que era para ficar, e lá dentro tudo era penumbra repentina, e um silêncio algodoento e irreal, e cheiro de cloro e naftalina, e uma lufada de calor insano nas bochechas. Aquela pequena projeção de mim ficou ali, no Centro de Saúde Mental, às minhas costas, enquanto eu continuava pelas ruas na minha picape rumo ao almoço, pensando em alguma futilidade, tranquila e impassível após aquele espasmo de visão angustiosa que caiu sobre mim como uma gota d’água. Mas, sem nenhuma dúvida, agora já sei como é internar-se num centro psiquiátrico; agora vivi isso, e se algum dia tiver que descrever num livro, saberei fazê-lo, porque uma parte de mim esteve lá e talvez ainda esteja. Ser romancista consiste exatamente nisso. Não creio que possa ser capaz de explicá-lo melhor.

(Fragmento do livro A louca da casa, de Rosa Montero. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004. p. 21-23.)

Dizem que sou louco/ Por pensar assim/ Se eu sou muito louco/

Por eu ser feliz/ Mais louco é quem me diz/ Que não é feliz, não é feliz// Se eles são bonitos/ Sou Alain Delon,/ Se eles são famosos/ Sou Napoleão/ Mais louco é quem me diz/ Que não é feliz, não é feliz// Eu juro que é melhor/ Não ser um normal/ Se eu posso pensar/ Que Deus sou eu// Se eles têm três carros/ Eu posso voar/ Se eles rezam muito/ Eu já estou no céu/ Mais louco é quem me diz/ Que não é feliz/ Não é feliz// Sim, sou muito louco/ Não vou me curar/ Já não sou o único/ Que encontrou a paz/ Mais louco é quem me diz/ E não é feliz/ Eu sou feliz. Balada do Louco. Composição de Arnaldo Baptista e Rita Lee.

(Disponível em: <http://www.letras.com.br>. Acesso em: 24 set. 2012.) Nádia Timm: A senhora sempre admite que a loucura une toda sua obra. “Loucura” sintetiza sensibilidade, percepção, forma de expressão diferente do convencional? Hilda Hilst: É tudo isso, sim, mas também é um desequilíbrio total, um desarranjo. É horrível ser louco. Meu pai foi esquizofrênico paranoico e ele sofreu muito. As pessoas fantasiam muito com a loucura, ficam imaginando só um lado poético, genial de ser louco. Mas não é só isso. Padecer de loucura é terrivelmente doloroso. E não sei até onde a loucura garante a boa qualidade de sensibilidade ou percepção de alguém. O mundo teve loucos geniais, como Nietszche, Nijinsky e tantos outros. Mas teve os horríveis. [...] E também deve ter muito louco chato, maluco mesmo, como acontece com todo o mundo.

(Fragmento de entrevista com a escritora Hilda Hilst (1930-2004), feita por Nadia Timm, em 2002, para o site Cyber Goíás

(<http://www.cybergoias.com>).) PUC 2014 GRUPOS 1, 3 e 4

“A felicidade é uma questão individual. Aqui, nenhum conselho

é válido. Cada um deve procurar, por si, tornar-se feliz.” (Sigmund Freud)

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Produza um texto dissertativo-argumentativo – entre 20 e 25 linhas –, discorrendo sobre a felicidade. Seu texto deve conter, obrigatoriamente, um resumo do texto abaixo em forma de DISCURSO INDIRETO ou PARÁFRASE, com a devida fonte mencionada na redação. Dê um título ao seu texto. NÃO ASSINE.

Felicidade e alegria Contardo Calligaris

Quando eu era adolescente, pensava que a felicidade só chegaria quando eu fosse adulto, ou seja, autônomo, respeitado e reconhecido pelos outros como dono exclusivo do meu nariz. Contrariando essa minha previsão, alguns adultos me diziam que eu precisava aproveitar bastante minha infância ou adolescência para ser feliz, pois, uma vez chegado à idade adulta, eu constataria que a vida era feita de obrigações, renúncias, decepções e duro labor.

Por sorte, meus pais nunca disseram nada disso; eles deixaram a tarefa de articular essas inanidades a amigos, parentes ou pedagogos desavisados. Graças a esse silêncio dos meus pais, pude decretar o seguinte: os adultos que afirmavam que a juventude era o único tempo feliz da vida deviam ser, fundamentalmente, hipócritas. Com isso, evitei uma depressão profunda, pois, uma vez que a adolescência, que eu estava vivendo, não era paraíso algum – nunca é –, qual esperança me sobraria se eu acreditasse que a vida adulta seria fundamentalmente uma decepção? Cheguei à conclusão de que, ao longo da vida, nossa ideia da felicidade muda: quando a gente é adolescente, a felicidade é algo que só será possível no futuro, na idade adulta; quando a gente é adulto, a felicidade é algo que já se foi – a lembrança idealizada (e falsa) da infância e da adolescência como épocas felizes. Em suma, a felicidade é uma quimera que seria sempre própria de outra época da vida – futura ou passada.

No filme de Arnaldo Jabor, “A Suprema Felicidade” (2010), o avô (Marco Nanini) confia ao neto que a felicidade não existe e acrescenta que, na vida, é possível, no máximo, ser alegre. Concordo com o avô do filme. E há mais: para aproveitar a vida, o que importa é a alegria, muito mais do que a felicidade. Então, o que é a alegria? Ser alegre não significa necessariamente ser brincalhão. Nada contra ter a piada pronta, mas a alegria é muito mais do que isso: ser alegre é gostar de viver mesmo quando as coisas não dão certo ou quando a vida nos castiga. É possível, aliás, ser alegre até na tristeza ou no luto [...] Essa alegria, de longe preferível à felicidade, é reconhecível, sobretudo, no exercício da memória, quando olhamos para trás e narramos nossa vida para quem quiser ouvir ou para nós mesmos. Para quem consegue ser alegre, a lembrança do passado sempre tem um encanto que justifica a vida. Para que nossa vida se justifique, não é preciso narrar o passado de forma que ele dê sentido à existência. Não é preciso que cada evento da vida prepare o seguinte. Tampouco é preciso que o desfecho final seja sublime – “descobri a penicilina, solucionei o problema do Oriente Médio, mereci o Paraíso”. Para justificar a vida, bastam as experiências – agradáveis ou não – que a vida nos proporciona, à condição de que a gente se autorize a vivê-las plenamente. Ora, nossa alegria encanta o mundo, justamente, porque ela enxerga e nos permite sentir o que há de extraordinário na vida de cada dia, como ela é. Para reencantar o mundo, não precisamos de intervenções sobrenaturais, de feitos sublimes. Para reencantar o mundo, é suficiente descobrir que o verdadeiro encanto da vida é a vida mesmo.

(Texto adaptado de artigo publicado na Folha de S. Paulo (18/11/2010).13 (1): 11-16, jan./abr. 2000; p. 11)

GRUPO 2

Produza um texto dissertativo-argumentativo – entre 20 e 25 linhas –, discorrendo sobre a liberdade. Ao compor o seu texto, você deve incluir, em forma de discurso indireto ou de paráfrase, algumas das afirmações da entrevista do economista Eduardo Gianetti ao jornal Folha de São Paulo (23/10/2005) de modo a fundamentar pertinentemente suas opiniões, com a devida fonte mencionada na redação. Dê um título ao seu texto. NÃO ASSINE.

Entrevista (Folha de S. Paulo) - Eduardo Giannetti Liberdade é um termo muito utilizado em economia e tem seu

significado associado à oposição entre escolhas. O economista e cientista social Eduardo Giannetti, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo (23/10/2005), fala sobre isso. Folha - Como se pode descrever o “Estado-babá”? Eduardo Giannetti - O termo tradicionalmente usado nesse caso é “paternalismo”, em que o Estado age em relação à sociedade, aos indivíduos, como se fosse um pai; e eles, as crianças. Muitas vezes, a preservação da liberdade requer um cerceamento de aspectos dessa liberdade. O que precisamos chegar a um acordo é sobre quais são as restrições adequadas para que possamos exercer nossa liberdade, todos ao mesmo tempo, da forma mais criativa e promotora da realização humana. Quais seriam as regras do jogo para que todos possam realizar seu plano de vida com o máximo de liberdade? A fronteira disso não é fixa e imutável para toda e qualquer época. Situações de calamidade pública ou guerras, por exemplo, sempre provocam uma expansão da fronteira da ação coletiva, ou seja, do Estado. Quando se está vivendo uma situação de emergência coletiva, as pessoas abrem mão da sua liberdade em nome de um objetivo comum, que é a proteção, a segurança e a sobrevivência.

Folha - Qual o cenário futuro que podemos prever? Giannetti - O conceito relevante nessa questão é o que os economistas chamam de “trade off”: sacrificar um valor como contraparte da obtenção de um outro. O “trade off” de que estamos falando aqui é aquele entre liberdade e segurança. Um mundo de total segurança é um mundo que sacrifica demais a liberdade; por outro lado, um mundo de liberdade anárquica é um mundo em que a segurança é muito precária. Aí se têm dois extremos: de um lado, a fogueira hobbesiana, a guerra de todos contra todos; e, de outro, o congelamento, a fossilização do Estado totalitário.

Folha - O Estado tem a função de proteger o indivíduo dele mesmo? Giannetti - Muitas vezes são os próprios indivíduos que preferem ser cerceados em sua liberdade, eles demandam isso.É o caso imortalizado pela situação de Ulisses e a sereia: sabendo que não resistiria ao canto das sereias, que seria uma morte certa, ele manda tapar com cera o ouvido dos tripulantes do barco e ordena que o amarrem ao mastro do navio, para que ele não possa dirigi-lo até a ilha das sereias. Ou seja, para preservar sua liberdade e sua vida, ele cerceia temporariamente seu direito de escolha. Em muitas situações da vida prática as pessoas preferem não ter opção. Essa atuação do Estado é legítima, partindo dos indivíduos.

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Folha - E onde fica o equilíbrio entre a prevalência da maioria e a liberdade de uma minoria? Giannetti - Não há panaceia. Tudo tem que ser discutido e negociado. Em cada situação particular, os argumentos têm que ser pesados, e é importante lembrar sempre que a benefícios correspondem custos. É muito rara uma situação em que só haja benefícios.

Folha - De que outras formas, que não apenas a ação restritiva, o Estado pode incentivar essa atuação consciente dos indivíduos? Giannetti - O ideal seria ter uma população em que cada indivíduo fosse preparado para responder de forma madura ao maior número de questões; mas, infelizmente, estamos muito longe disso. O problema é que muitas dessas restrições estão ligadas também a danos que se impõem a terceiros. Fumar em local público, por exemplo. Hoje eu me lembro das salas de aula da minha juventude, na USP, e fico estarrecido com o fato de que aceitávamos aquilo como parte natural da vida: salas em que se tinha dificuldade até mesmo de ver o professor, tal era a densidade da fumaça. Adam Smith dizia que a justiça está para a virtude como a gramática está para o estilo. Sem gramática não há linguagem, não existe interação social, todo o edifício da ordem social desmorona. Mas sem estilo não há grandeza, não há uma expressão do belo. O que falamos é do arcabouço de regras básicas para a interação humana. O ideal é constituir regras que permitam que todos vivam a melhor vida possível ao mesmo tempo. Existem, pelo menos, dois conceitos de liberdade. Isaiah Berlin define a liberdade positiva e a negativa. A segunda é a ausência de restrições na escolha e na ação de indivíduos. A primeira é a capacitação para o exercício efetivo de uma escolha. De que vale a liberdade de ler Joaquim Nabuco ou Machado de Assis para uma pessoa analfabeta? Se as pessoas não estiverem preparadas e capacitadas, essa liberdade é vazia.

Folha - O Sr. concorda que muitas das restrições impostas pelo Estado são impostas por pensamentos “puritanos” de parte da sociedade? Giannetti - A opinião pública, como a ação do Estado, pode se tornar uma força tirânica e muito cerceadora. São dois mecanismos diferentes de coerção e de cerceamento. Na verdade, o que estamos aprendendo hoje é que o cérebro humano é modular, com motivações diferentes. Há um processo permanente de negociação entre áreas do cérebro que nos motivam a fazer coisas diferentes. O indivíduo está permanente e internamente cindido, renegociando consigo mesmo o que faz. E essa negociação é escorregadia. O que acontece é que, muitas vezes ciente dessa dificuldade de agir tal como ele preferiria, pede que alguma força de fora, o Estado, por exemplo, defina para ele os termos da transação, tentando fazer um contrato com ele mesmo, por meio dessa força externa.

(Texto adaptado da entrevista “O indivíduo no fi o da navalha”, publicada no caderno “Mais”, da Folha de S. Paulo (23/10/2005)

Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs2310200507.htm)

PUC 2015 GRUPOS 1, 3 e 4

Produza um texto dissertativo-argumentativo – com cerca de 25

linhas e título –, em terceira pessoa, comentando a frase do naturalista escocês/norte-americano John Muir (1834-1914): “O poder da imaginação nos faz infinitos”, seja para concordar com ela, seja para contradizê-la. Além disso, deve-se citar algum pensamento, frase ou ideia do artigo abaixo, inserindo a fonte de referência em seu texto (Marcelo Gleiser, no texto “A festa da imaginação”...).

A festa da imaginação

Marcelo Gleiser1

Quando era garoto, costumava passar as férias de verão na casa dos meus avós, em Teresópolis, uma cidade na serra dos Órgãos, perto do Rio. Eram 80 km de viagem, os últimos 25 km atravessando montanhas, uma sequência espetacular de picos de granito. O Fusca do meu pai subia com muito esforço. Mas pouco me importava: torcia mesmo para que o carro avançasse bem devagar. Assim, tinha mais tempo de olhar pela janela, acompanhando a incrível transformação do cenário, do caos urbano de Copacabana às montanhas sublimes, recortadas por centenas de milhões de anos de erosão, revestidas aqui e ali pela inigualável mata atlântica. Para meus olhos de criança, a transformação da cidade em montanhas, dos prédios no majestoso Dedo de Deus, dos vasos de planta na explosão de orquídeas e bromélias, era algo de mágico. [...] O Carnaval era sempre lá, na casa das montanhas. Minha família escapava do calor e do buchicho, e íamos aos bailes vestidos de pirata e de cowboy, pulando e marchando ao som da banda ao vivo. Era uma grande festa da imaginação, cada um sendo o que queria ser, mas não podia. Crescer é perder a capacidade de imaginar que o imaginado é o real; é erguer cada vez mais a muralha entre a realidade e a imaginação, ficar sensato, esquecer-se de manter a mente aberta para contemplar o impossível.

Nessas horas de nostalgia entendo por que acabei virando cientista. Queria ter uma vida em que a imaginação não é aprisionada pelo bom senso. É bem verdade que nenhuma criança pede para se fantasiar de Einstein ou de

Santos Dumont – se bem que já saí com a Unidos da Tijuca vestido como o dito cujo. Mas poderiam: um reinventou o que é o espaço e o tempo; o outro inventou como podemos voar. São exemplos de pessoas que cresceram se recusando a crescer, ao menos sem erguer uma muralha intransponível entre realidade e imaginação. Pelo contrário, mostraram que é possível transformar a realidade em algo aparentemente mágico usando justamente a imaginação.

É esse o aspecto mais cativante da ciência, recriar o mundo. Imagino a cara do meu avô se me visse falando num iPhone, ele no Rio e eu em Teresópolis; ou se usasse o seu GPS para evitar o trânsito na avenida Brasil; ou se olhasse para o céu noturno e vislumbrasse satélites cruzando a escuridão; ou se visse imagens de mundos distantes, trazidas por telescópios espaciais.

Que mundo mágico esse em que vivemos, hein, vô? E que pena que pouco ligamos para essa mágica toda ou paramos para refletir que ela vem justamente dessas pessoas que têm um compromisso aberto com a imaginação.

(GLEISER, Marcelo. A festa da imaginação. Folha de S. Paulo, 8 de agosto

de 2014.

Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cienciasaude/154556-a-

festa-da-imaginacao.shtml>.)

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GRUPO 2

Conforme as instruções a seguir, produza um texto dissertativo-argumentativo – com cerca de 25 linhas e título –, discorrendo sobre a amizade. Seu texto deve COMENTAR, obrigatoriamente, alguma parte, pelo menos, do texto abaixo – seja para concordar com ele ou para discordar de seu teor –, acrescentando a devida referencialização (“Em uma cena do filme ‘Tal’...”). Além disso, pelo menos uma das frases que se seguem ao texto deve ser inserida em sua redação, também com a inclusão do nome do seu autor. Caso seja necessário, algum outro texto desta prova poderá ser utilizado, desde que adequadamente referenciado.

Na cena final do clássico “A felicidade não se compra”

(“It’s a wonderful life”, EUA, 1946), o personagem Henry Travers, um anjo que, durante o filme, convenceu o protagonista – George Bailey – a não se matar, presenteia seu protegido com um exemplar do livro “As aventuras de Tom Sawyer” (1876), obra do escritor norte-americano Mark Twain (1835-1910), que narra uma das amizades mais famosas da literatura. Na dedicatória, o anjo fez questão de garantir que George, antes desesperado com problemas financeiros, sentindo-se derrotado e achando que sua vida tinha sido inútil, sempre se lembrasse do que configura o verdadeiro êxito em uma vida, ainda que distante dos modelos de sucesso traduzidos em cifras e títulos. O anjo Henry, tendo visto as pessoas em torno de George se organizarem para ajudá-lo, em um momento extremamente difícil para ele, escreveu o seguinte: “Nunca se esqueça, George, de que ninguém é um fracasso se tem amigos”.

Frases

• “Amigos e boas maneiras vão levar você aonde o dinheiro não leva”.

(Margaret Walker (1915-1998), escritora.)

• “O verdadeiro amigo é aquele que chega quando o resto do mundo está indo embora”.

(Walter Winchell (1897-1972), jornalista.)

• “A amizade é tão desnecessária como a filosofia, como a arte, como o próprio universo – pois Deus não precisava criar. A amizade não tem valor para a sobrevivência; mas ela é, antes de tudo, uma das coisas pelas quais vale a pena sobreviver. ”

(C. S. Lewis (1898-1963), escritor, professor e teólogo.)

• “Não caminhe atrás de mim; pois posso não te guiar. Não ande na minha frente; pois posso não te seguir. Simplesmente caminhe ao meu lado e seja meu amigo. ”

(Albert Camus (1913-1960), escritor.)

3. Tipos Textuais 3.1. Artigo de opinião

Trata-se de um tipo de texto muito semelhante à dissertação argumentativa. As diferenças mais marcantes são: • Grau de pessoalidade: aceitável uso da 1ª pessoa, inclusive do

singular. Com cuidado, é possível recorrer a experiências pessoais pertinentes para ilustrar pontos de vista.

• Menor exigência de formalidade: possibilidade de textos mais “leves”, naturais, que se distanciem das fórmulas.

• Necessidade de maior criatividade: valorização de uma

linguagem metonímica. • Estrutura: preferencialmente em quatro parágrafos • Argumentação: clareza, consistência, adequação ao tema e

originalidade

3.2. Carta Argumentativa

É comum ler na imprensa artigos de pessoas saudosistas reclamando da perda de um hábito bastante saudável: a correspondência por cartas. Aparentemente, as pessoas não se dedicam mais ao chamado gênero epistolar.

Entretanto, com maior atenção, podemos perceber que existem, hoje, muitas formas de realizar essa prática: mensagens instantâneas e e-mails são apenas transformações desse hábito – com as devidas adaptações, é claro.

A rigor, a carta é definida como um texto dirigido a um ou mais leitores específicos, a partir do ponto de vista de um autor. De maneira didática, há dois tipos de distinção que se podem fazer: • Quanto à LINGUAGEM, a carta pode ser formal ou informal. No

primeiro caso, geralmente o emissor não tem intimidade com o destinatário e, por isso, utiliza-se de uma linguagem semelhante à da dissertação: vocabulário objetivo, coesão técnica, planejamento estrutural. No segundo caso, a carta é endereçada a um leitor próximo, sendo possível fazer uso de termos menos técnicos.

• Quanto ao CONTEÚDO ou ao teor, há cartas de várias espécies, destacando-se três: informativa, emotiva e argumentativa. Suas características derivam diretamente de suas designações: a primeira informa, a segunda apresenta sentimentos e/ou faz apelos, e a terceira procura convencer o leitor a respeito de algo.

3.2.1. Estruturação geral

De início, o autor precisa estabelecer a localização espaço-temporal da carta, por meio da indicação do local e da data. Em seguida, logo após “pular” uma linha, apresenta-se o destinatário sob a forma de vocativo, após o qual também se deve “pular” uma linha para iniciar o texto.

Na parte final do carta, o emissor deve estabelecer uma despedida adequada ao nível de intimidade entre ele e o receptor. Palavras como “Atenciosamente”, “Cordialmente” e “Respeitosamente” são bastante indicadas. Após essa despedida, deve-se assinar a carta.

No caso do vestibular, obviamente, não se pode indicar o próprio nome no “pé” da carta. Por essa razão, em geral, as bancas indicam a maneira de o candidato “assinar” a carta, com temos como “Um cidadão”, “Um estudante”, “Fulano de Tal”.

À semelhança da dissertação, a carta pode ser dividida em três momentos principais – excluindo-se os dados gerais apresentados anteriormente.

Num primeiro momento, o emissor apresenta a motivação e o motivo de sua carta: como se originou o desejo de escrever o texto e qual a justificativa para ela. Essa parte constitui um parágrafo curto e bastante objetivo.

Em seguida, apresenta-se o “corpo” do texto, que, no caso da carta argumentativa, diz respeito à argumentação propriamente dita. Nessa parte, a divisão por parágrafos é análoga à da dissertação. Isso significa que, a cada parágrafo, corresponde um

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argumento ou aspecto da “tese”, que deve ser apresentado sob a forma de tópico frasal – embora com linguagem adaptada.

No final da carta, recomenda-se redigir um parágrafo de reiteração da justificativa da carta, transformada em pedido para o destinatário. Como na apresentação, esse parágrafo deve ter curta extensão.

3.3.2. Linguagem e imagem

É possível que a principal diferença da carta argumentativa para a dissertação seja o grau de subjetividade da linguagem empregada. Enquanto a dissertação se caracteriza pelo uso da 3ª pessoa, a carta demanda a escrita em 1ª pessoa do singular.

Nessa perspectiva, é bastante aconselhável que o autor se apresente e fale sobre si, na medida em que essa fala represente aspectos úteis ao processo de argumentação e persuasão. Essa referência não precisa acontecer apenas no início do texto, como também no desenvolvimento e na finalização.

Da mesma forma, a carta permite a construção da imagem do interlocutor. Isso quer dizer que se pode falar a respeito de aspectos conhecidos do destinatário – seu currículo, sua personalidade, suas atitudes e, sobretudo, suas opiniões.

Esses aspectos de maior subjetividade devem sempre servir à argumentação e à persuasão, não devendo ser utilizados apenas para “cumprir tabela”, como se diz na linguagem popular.

Uma boa recomendação, a esse respeito, é que se utilizem termos em 1ª pessoa (verbos e pronomes) e vocativos ao longo de todo o texto, marcando com clareza o processo de interlocução que distingue a carta de outros textos.

Em alguns casos, dependendo do tema e da banca, o aluno pode criar o que se chama tecnicamente de “máscara”. Trata-se de uma personalidade fictícia, adequada a certas argumentações. Para fazê-lo, não basta ser criativo, mas sobretudo ter a capacidade de cuidar de todos os aspectos de modo a estabelecer a melhor coerência.

3.3.3. Argumentação No caso da carta argumentativa, o objetivo primordial de

convencer o leitor de uma opinião, persuadindo-o a agir de certo modo, constitui a base de conteúdo do texto. Na prática, de nada adianta o texto apresentar as principais marcas formais da carta se não houver uma argumentação consistente.

Muitos estudantes, no entanto, acabam por se confundir, pois imaginam que a subjetividade do texto implique um texto menos profundo que uma dissertação argumentativa. Na verdade, deve-se ter grande preocupação em ser convincente, na medida em que existe apenas um potencial leitor do texto.

A busca pelas premissas mais aprofundadas e a identificação de evidências pertinentes são as principais armas do emissor para convencer o interlocutor. Isso significa que a dedução e a indução continuam sendo bastante úteis.

Além disso, estabelecer a contra-argumentação pode ser uma forma bastante eficaz de cumprir os objetivos iniciais. Afinal, quando se “derruba” uma ideia oposta, ganha-se em capacidade de convencimento. 3.2.4. Interpretação da proposta

Em qualquer tema de redação, a interpretação adequada da proposta é a chave para um bom desempenho. A chamada “fuga ao

tema” costuma retirar a competitividade de bons alunos. No caso da carta argumentativa, esse aspecto é ainda mais

decisivo, pois há muitos dados a considerar: para quem escrever, sobre o que escrever, a partir de que aspectos escrever. Por esse motivo, as bancas costumam apresentar instruções muito precisas sobre aquilo que o candidato deve fazer. Além disso, para que se consiga criar uma boa argumentação, é preciso ler e reler o texto do destinatário da carta – quando essa opção for possível. Nessa leitura atenta, o aluno pode identificar a premissa do interlocutor, bem como suas opiniões implícitas. Ao percebê-las, fica mais fácil derrubá-las e tornar-se convincente. 3.3. Dissertação

Nos últimos anos, o vestibular da PUC substituiu artigos de opinião e cartas pelo tipo textual mais tradicional em todo os concursos do país: a dissertação. Nessa perspectiva, o perfil e as funções a serem cumpridas no texto são rigorosamente os mesmos trabalhados ao longo do ano, em especial no primeiro semestre.

Com uma linguagem culta, procure apresentar o tema e elaborar uma tese na introdução, defender esse ponto de vista central ao longo do desenvolvimento, e confirme suas ideias na conclusão, com um desfecho criativo.

Lembre-se de que a banca da PUC não exige propostas de intervenção, como tipicamente ocorre no ENEM, por isso as conclusões podem ser feitas com base nas estratégias vistas no módulo de conclusão. Nesse caso, os melhores caminhos provavelmente passam por analogias, reflexões e ressalvas.

Caso sinta necessidade, vale a releitura de exemplos da aula de conclusão e de redações comentadas distribuídas ao longo dos 30 módulos da apostila. Há muitos textos que analisam e explicam estratégias de encerramento da dissertação, que não passam por propostas de intervenção, privilegiando conteúdos aprofundados e uma linguagem criativa. 3.3.1. Qualidades

A PUC costuma valorizar textos que apresentem as qualidades típicas de uma boa dissertação: correção, clareza, objetividade, organização, adequação ao tema e argumentatividade, se possível com ideias pouco óbvias e com alguma profundidade.

Nesse grupo de qualidades, talvez o maior desafio seja a adequação ao tema. Nos últimos anos, a PUC vem investindo em propostas abstratas, às vezes de difícil compreensão, por isso é fundamental um cuidado extremo com a pré-produção do texto, ou seja, com a interpretação do tema, com a leitura da coletânea e com a elaboração de um roteiro. Procure não ter pressa nessas etapas, pois qualquer falha pode comprometer gravemente o resultado.

Em relação à estruturação, vale lembrar que a PUC tradicionalmente oferece uma folha de 25 linhas e exige título. Assim, devido à limitação de espaço, faz mais sentido estruturar o texto apenas em quatro parágrafos, sendo dois argumentativos.

3.3.2. Uso da coletânea Outra marca das propostas da PUC nos vestibulares mais

recentes tem sido o uso dos textos de apoio. Nas últimas provas, havia instruções específicas acerca desse uso: discurso indireto ou paráfrase da coletânea, comentário acerca de texto de apoio, uso de

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frases citadas etc. É difícil prever exatamente o formato dessas instruções, já que

não há um padrão definido para isso. Nesse caso, a dica é simples: seguir as instruções, com bom senso, afinal, de modo geral, são orientações bastante diretas e objetivas.

4. Redações exemplares Redação 1 Tema: A efemeridade / transitoriedade dos fatos, dos valores, das relações e seus efeitos no ser humano.

(PUC-Rio 2005)

Mundo tecnológico Computador, acesso à Internet, câmera fotográfica digital, telefone

celular, cd ou mp3 “player”: eis o aparato de qualquer adolescente de classe média, no Brasil ou no mundo. Em meio a chips, baterias e antenas, as pessoas criam uma vida marcada pelas tecnologias em todos os setores, da vida pessoal ao trabalho, passando pelas relações amorosas. Tudo em uma velocidade espantosa.

Isolado diante da tela de computador e com o mundo a seu alcance, o homem contemporâneo dá sentido concreto à palavra individualismo. Embora se conecte a outras pessoas, ele evita aproximações reais e desafiantes. Com isso, cria-se um ambiente propício à solidão, para não citar os problemas de saúde advindos dessa vida sedentária em meio aos confortos do mundo moderno. Nem quando sai de casa (protegido por vidros fechados, ar-condicionado e som ambiente), esse sujeito faz esforços.

No trabalho, essa inércia permanece. Não apenas os computadores, mas também todas as outras máquinas invadem os escritórios e repartições, poupando os trabalhadores até mesmo de algumas tarefas intelectuais. Sem precisar fazer contas ou conhecer ortografia, as pessoas vão perdendo parte de sua capacidade produtiva, ao mesmo tempo em que se tornam escravas dos aparelhos. Como imaginar um dia sem email ou telefone em qualquer trabalho?

Por último, nas relações sentimentais, as tecnologias também têm criado muitos efeitos. Ou defeitos. Realmente, a proteção do anonimato virtual lança as pessoas em relações tão superficiais quanto perigosas. Inventando personalidades que não têm, muitos indivíduos se entregam a aproveitadores, favorecendo o surgimento de uma série de novos crimes. Isso para não falar no controle permitido por celulares e câmeras, dando vazão ao ciúme doentio de muitas pessoas.

Logo, é indiscutível que as tecnologias estão transformando o mundo atual. Entretanto, o homem precisa utilizar as máquinas com sabedoria, evitando os excessos. Só assim, de maneira saudável, as pessoas não correm o risco de se tornar reféns das transformações.

Redação 2 Tema: A efemeridade / transitoriedade dos fatos, dos valores, das relações e seus efeitos no ser humano. (PUC-Rio 2005)

Tempo de reflexões Em nenhum outro tempo o tempo foi tão importante quanto hoje.

O século XX iniciou — e o XXI continua — um processo de aceleração das transformações em todos os campos, afetando fatos, valores e até mesmo as relações pessoais. Nesse contexto, o

homem contemporâneo fica dividido entre acompanhar as mudanças e negá-las. O problema é que ambas as escolhas parecem equivocadas.

Não é preciso esperar muitos anos para perceber as transformações em todos os setores da vida. A criança que escrevia cartas se tornou o adulto que envia emails e carrega consigo os mais variados aparelhos eletrônicos. Aqueles que tentam estar sempre atualizados precisam de muito dinheiro e nunca ficam satisfeitos. Por outro lado, há os que evitam as mudanças e perdem espaço no mercado de trabalho, para dizer o mínimo.

Na base dessas mudanças concretas, encontram-se transformações mais profundas. Trata-se da substituição de valores e comportamentos. Também nesse campo duas posturas opostas se colocam. Para alguns, o individualismo e o materialismo são incontornáveis. Para outros, a solidariedade e o respeito continuam sendo elementos norteadores da vida . Em ambos os casos, “certo” e “errado” se tornaram pouco claros. Os egoístas ficam culpados, e os altruístas sentem-se um pouco “trouxas”.

Como se não bastasse a efemeridade dos valores, percebem-se também muitas mudanças nas relações humanas. De uma hora para outra, casais se desfazem, adolescentes “ficam” e amizades se perdem no ritmo de trabalho incessante das pessoas. Entre manter relações estáveis e “aproveitar a vida”, os indivíduos têm pouco a ganhar. Escolher uma postura significa perder a outra, e a sensação da perda é negativa para todos.

Torna-se relativamente claro, portanto, que o homem contemporâneo enfrenta um dilema: submeter o tempo ou submeter-se ao tempo. Todavia, mais do que fazer todas as escolhas da vida segunda uma dessas perspectivas, talvez seja o caso de mudar de atitude: escolher menos e refletir mais. Com tempo para pensar, perde-se menos tempo pensando no que se perdeu.

Redação 3 Tema: Escreva um artigo de opinião, em cerca de 20 linhas, a ser publicado num jornal de circulação interna da Universidade, argumentando sobre o que é ter qualidade de vida para você. (PUC-Rio 2007 – Grupos 1, 3 e 4)

O retorno à natureza

Uma famosa empresa de saúde veicula, atualmente, uma campanha que ressalta que o melhor plano de saúde é viver. Não é caso único: numerosas campanhas publicitárias e matérias jornalísticas falam sobre a nova utopia do homem contemporâneo – a qualidade de vida. Em meio a receitas e fórmulas mirabolantes, dois aspectos se destacam: volta à natureza e valorização das relações pessoais.

Diante de tantas tecnologias e remédios, a nova revolução estar na prevenção. Usar menos máquinas e artifícios pode parece um contra-senso para quem vive numa época tão marcada pelas máquinas como a nossa, mas a ciência tem comprovado que o contato com a natureza, a ingestão de produtos orgânicos, as atividades físicas ao ar livre têm um efeito duradouro nas pessoas, garantindo seu bem-estar.

Da mesma maneira, em vez de se comunicar por mensagens de texto, emails ou telefone, os indivíduos devem procurar as formas mais naturais de contato humano. O encontro com amigos, o namoro, a conversa de bar podem ajudar as pessoas a reencontrar aquilo de mais humano que o trânsito, o trabalho e a televisão vão aniquilando.

Em resumo, as pessoas precisam procurar um pouco mais de

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aula PUC

equilíbrio em suas vidas. Em um mundo marcado pelas coisas artificiais, isso significa recuperar os valores mais básicos e naturais, que apontam para a origem dos tempos, numa espécie de “paraíso perdido”. Pode não ser a fonte da felicidade eterna, mas nos ajuda a ter menos estresse, sedentarismo e ansiedade, ou seja, mais qualidade de vida. Redação 4 Tema: Escreva uma carta sobre o tema da crônica, que poderia ser publicada na seção Cartas dos Leitores de uma revista voltada para os exames vestibulares, revelando as razões para a sua escolha profissional e defendendo sua posição com argumentos bem fundamentados. (PUC-Rio 2007 – Grupo 2) Rio de Janeiro, 04 de dezembro de 2007 Prezados Editores,

Sabendo que esta revista tem por objetivo ajudar vestibulandos a fazer suas escolhas, imaginei que meu depoimento pudesse trazer alguma contribuição a essa tarefa tão difícil, muitas vezes dividida entre a vocação e o desejo de estabilidade financeira.

Quando escolhi fazer Publicidade, a primeira frase que ouvi foi que poucos sobrevivem nesse mercado competitivo e que o “glamour” da profissão é – ironicamente – apenas auto-propaganda. Mal sabiam esses “conselheiros” que foi exatamente essa conversa que me convenceu: os “poucos” que sobrevivem, imagino, são exatamente os que depositam paixão no que gostam de fazer, não distinguindo o trabalho do prazer e sendo capazes de pensar em criação o tempo todo.

Ao mesmo tempo, se alguém procura uma profissão pensando na aparência ou no sucesso provavelmente está usando o critério errado. O “glamour” da Publicidade fascina pessoas despreparadas, facilitando a concorrência no mercado para aqueles que realmente amam a comunicação e a venda. Ter sucesso é uma possível consequência de trabalhar bem, não uma causa.

Assim, acho recomendável que pensemos naquilo que podemos fazer bem e que, acima de tudo, percebemos como fonte de prazer. Com essas duas premissas, mesmo as profissões menos valorizadas ou mais difíceis terão reconhecimento. Infelizmente – ou felizmente, não sei – caminhos fáceis são apenas uma ilusão. Esperando ter contribuído, despeço-me. Atenciosamente,

L. P. C.

Redação 5

Tema (UERJ 2007): enviar carta ao escritor José Saramago, para convencê-lo de que a vida do planeta é mais importante do que a vida humana.

Rio de Janeiro, 10 de dezembro de 2006

Prezado senhor José Saramago,

Como seu leitor há muito tempo, nunca deixo de ler suas entrevistas e artigos, que sintetizam tão bem a visão que nós, humanistas, temos do sistema produtivo atual e sua perversidade. Recentemente, porém, um fragmento de um pensamento seu acerca da preservação ambiental me levou a uma reflexão demorada, cuja conclusão me leva a discordar de suas ideias. Ouso expor-lhe por quê.

Em uma entrevista concedida a um site – ou sítio, como se diz em sua terra natal –, o senhor afirma que o discurso ecológico coloca em segundo plano o que deveria ser sua prioridade: a vida humana. Seu argumento é o de que a morte de árvores, por exemplo, pode ser remediada, o que se torna impossível no caso de seres humanos.

Ora, senhor Saramago, permita-me dizer que essa é uma meia verdade. Em primeiro lugar, porque, tanto quanto no caso dos homens, as árvores são seres vivos, e seu fim não pode ser revertido. A aceitar o seu argumento, poderíamos dizer que, da mesma forma, a morte de uma pessoa pode ser compensada com o nascimento de muitas. Entretanto, como o senhor bem sabe, cada vida tem um valor absoluto.

Em segundo lugar, é essencial perceber que os recursos naturais da Terra são condições essenciais de existência da vida humana, aliás, da própria vida, qualquer que seja ela. Em sua obra “Ensaio sobre a cegueira”, o senhor chama a atenção dos leitores para a dificuldade do homem contemporâneo em enxergar coisas óbvias. Foi exatamente essa espécie de cegueira que nos levou a adiar o que parece agora inadiável: a preservação ambiental. Sem ela, parece-me, não adiantarão todas as pessoas salvas.

Por tudo isso, espero, sinceramente, que o senhor possa rever sua posição. Na minha condição de jovem estudante, tenho menos experiência de vida que o senhor, o que poderia ser uma desvantagem. Poderia, mas não é, pois minha pouca vivência me leva a apostar minhas fichas em uma causa que precisa de todos.

Com admiração, Um estudante

Redação 6 Tema: Discordar de uma carta que criticava o comportamento dos jovens, supostamente alienados e indisciplinados.

São Paulo, 29 de novembro de 1992

Prezado Sr. E.B.M. Em artigo publicado pelo jornal Folha de São Paulo a primeiro de

setembro do corrente ano, deparei-me com sua opinião expressa no Painel do Leitor. Respeitosamente, li-a e, percebendo equívocos em suas considerações frente a veracidade dos motivos que colocaram milhares de jovens na rua, de maneira organizada e cívica, tento elucidar-Ihe os fatos.

Nosso país, o senhor bem sabe, viveu muitos anos sob o regime militar ditatorial. Toda e qualquer manifestação que discordasse dos parâmetros ideológicos do governo era simplesmente proibida. Hoje, ao contrário daquela época, as pessoas conquistaram a liberdade de expressão e o país vive o auge da democracia. Assim, perante essa liberdade, o país evoluiu. Certo é que atravessamos um período de crises econômicas, mas as pessoas passaram a se interessar de maneira mais acentuada pelo cotidiano, frente a própria liberdade que lhes foi dada. Dessa forma, deparamo-nos com uma população ideologicamente mais madura.

Em sua carta enviada à Folha de São Paulo, o senhor assegura que a juventude é absolutamente imatura e incapaz de perceber a profundidade dos acontecimentos que a envolvem. Asseguro que tal opinião não é a mais justa. Nós já fomos jovens e sabemos perfeitamente que é uma época de transição. Mudamos nossos conceitos, nossos desejos e nossa visão de mundo. Mesmo assim, determinados valores que assumimos como corretos persistem em nossas vidas de forma direta ou não. Não sei se o senhor tem filhos,

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aula PUC

mas eu invejo a concepção que os meus assumem perante inúmeros acontecimentos. São adolescentes, que se interessam pelos fatos políticos e se preocupam com o destino da nação, pois estão cientes de que, num futuro próximo, serão as lideranças do país.

Outro aspecto relevante em sua carta é o de dizer que a juventude, generalizadamente, é indisciplinada. Tal opinião não condiz com a verdade. Nas manifestações pró-impeachment que invadiram o país visando à queda do presidente ColIor, não se viram agressões, intervenções policiais ou outras formas de violência. Fica claro, portanto, que a manifestação dos chamados caras-pintadas não é vazia. Conscientes de que uma postura pouco organizada não Ihes daria credibilidade, os jovens manifestaram-se honrosamente. Com isso, frente ao vergonhoso papel do próprio Presidente da República, a juventude demonstrou um grau de maturidade e percepção maior que o do próprio chefe de estado.

Vemos, com isso, que os jovens visam ao bem do país e o seu processo de conscientização não se deu de uma hora para outra. Assim, dizer que a juventude é motivada pelo espírito da época, visando ao hedonismo, é errôneo. Nossos jovens, senhor E.B.M., são reflexos da liberdade dada ao país e da sua evolução político-ideoIógica.

Sem mais, despeço-me. KC.M. de M.

Redação 7 Tema: Defesa de um ponto de vista sobre uma história – do

noticiário, da tradição oral, da História Geral ou da ficção – tenha como foco uma viagem (PUC 2013)

Viajar é preciso “Navegar é preciso, viver não é preciso. ” Os versos de

Fernando Pessoa falam de uma prática humana que atravessa os séculos: a viagem. Desde o nomadismo pré-histórico até o turismo globalizado atual, o fato é que a descoberta de novos lugares e culturas sempre fascinou o homem. Nesse contexto, deve-se entender que o deslocamento no espaço permite descobertas exteriores e interiores, independentemente da distância percorrida.

Antes de tudo, pode-se interpretar as viagens como situações em que as pessoas entram em contato com o desconhecido. Embora às vezes já se saiba previamente como é a Torre de Pisa ou a culinária chinesa, esse conhecimento tende a ser superficial se for obtido apenas por meio da internet ou da TV. Estar fisicamente nesses lugares cria uma experiência integral, em que o que somos é colocado em uma perspectiva diferente.

De fato, também o viajante se descobre quando vivencia outra cultura. É comum que pessoas passem a vestir roupas que não usavam ou proponham ideias que não tinham quando chegam de outro lugar. Mesmo aqueles que fazem turismo do tipo “50 cidades redação em 15 dias” acabam assimilando um mínimo de diferenciação, nem que seja para reclamar do trânsito no caminho de casa, quando a viagem acaba.

Essas experiências, contudo, não precisam envolver países distantes ou dez horas em um avião. Mesmo deslocamentos cotidianos ou de fim de semana permitem essas descobertas. As lojas de um bairro desconhecido, o modelo do táxi na cidade vizinha, o sotaque do gerente de hotel, enfim, cada pequeno detalhe costuma ser percebido pelo indivíduo que deixa o conforto do lar por algum tempo.

Por tudo isso, é possível considerar que o viajar constitui uma experiência de ampliação de muitas fronteiras do homem. Isso explica a ansiedade e a excitação que se intensificam à medida que uma viagem programada se aproxima. A explicação é simples: apesar de precisarmos de uma identidade e de um lugar onde estejamos à vontade, também somos fascinados pelo mistério, seja de outras culturas, seja de nós mesmos.

Redação 8 Tema: Defesa de um ponto de vista sobre uma história – do noticiário, da tradição oral, da História Geral ou da ficção – tenha como foco uma viagem (PUC 2013)

Viagens de mão dupla Em um de seus poemas, Drummond fala sobre a necessidade

de o homem realizar a difícil viagem de si a si mesmo, em vez de ir a lugares cada vez mais distantes. Embora a crítica do poeta se volte às muitas fugas que fazemos de nós mesmos, pode-se dizer que o deslocamento espacial também exerce o papel de descoberta interior, em uma relação de mão dupla entre o mundo e o “eu”. Nesse sentido, a Carta de Pero Vaz de Caminha pode servir de metonímia para essa visão sobre as viagens.

De fato, qualquer ida a outro lugar representa uma oportunidade de descobrir o novo. Sair de casa significa abandonar aquilo que, de tão natural, já nem nos chama mais a atenção. No destino (e até durante o percurso), olhamos tudo com mais atenção e cada detalhe parece significativo. Por essa razão, em sua carta, Pero Vaz se mostrou tão espantado com aquilo que observava: traços físicos, recursos naturais, hábitos, linguagem. Tudo era estranho e encantador, tudo era novidade.

Esse estranhamento, por sua vez, permite que o olhar para fora se volte para dentro. Essa parte não está na História com “h” maiúsculo, dado que o registro feito na carta ao rei provavelmente não permitiria uma reflexão mais introspectiva. Ainda assim, é possível inferir que Caminha tenha sido profundamente impactado pelo que experimentou. Se, indo a outro bairro, já sentimos essa influência, muito maior deve ter sido a (re) descoberta interior vivida por alguém que encontrou um novo continente, com uma história e uma realidade tão contrastantes com a sua.

De forma análoga, o contato de Cabral e sua equipe com a nova terra também teve impactos nesse “outro” que aqui vivia. Como a história nos mostra, um novo país se construiu a partir dessa viagem, muitas vezes às custas dessas culturas nativas. Afinal, nem todos os viajantes têm a mesma postura de Caminha, no sentido de ficar maravilhado com as novidades. De qualquer maneira, o “anfitrião” também passa por uma viagem às avessas, pois sofre alguma influência do visitante.

Dessa forma, a carta de Pero Vaz de Caminha ilustra o que muitas outras narrativas de viagens – fictícias ou reais – poderiam representar: viajar é transformar a si mesmo e ao “outro”. Nem sempre, é claro, a mudança significa ganhos para todos. No entanto, se o viajante tiver o espírito de fazer do estranhamento uma fonte de riqueza, os deslocamentos físicos podem, sim, ajudar o homem a se redescobrir e – quem sabe – a se melhorar, realizando o que Drummond sugeria.