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1 REDE DE AVALIAÇÃO E CAPACITAÇÃO PARA A IMPLEMENTAÇÃO DOS PLANOS DIRETORES PARTICIPATIVOS Pré-proposta de Roteiro para Avaliação dos Planos Diretores Nome do pesquisador: William Resende de Castro Jr E-mail e telefone de contato: [email protected] 24-99520202 Município: Vassouras Número da lei: 2270/2007 Data da aprovação do Plano Diretor: 20/03/2007 Estado: RJ A. Informações gerais do município. 1. Caracterização socio-demográfica e econômica do município. Para essa caracterização podem ser utilizadas fontes secundárias (dados IBGE) e o próprio diagnóstico utilizado no Plano Diretor. Além disso, se possível, buscar situar o contexto sócio-político no qual o Plano Diretor foi elaborado. O MUNICÍPIO NO CONTEXTO REGIONAL Desde os tempos coloniais, o vale do Paraíba desempenhou papel fundamental nas ligações estabelecidas entre a Cidade do Rio de Janeiro e outras regiões do país, notadamente São Paulo, Minas Gerais e o Planalto Central, apesar de, em um primeiro momento, terem sido enormes as dificuldades representadas pela topografia acidentada, em particular no trecho de serra, e pela floresta de tipo tropical, que, então, cobria toda a região. Depois de ultrapassada a barreira montanhosa é que se desdobra a paisagem típica do médio-vale do rio Paraíba, conhecida pela expressão “mar de morros”, isto é, uma zona de morros arredondados, de encostas com fortes declives. Estes morros eram outrora revestidos por matas tropicais, que, hoje em dia, já estão completamente destruídas e, em grande parte, substituídas por pastagens pobres, marcadas por “terracetes”, que nada mais são do que pequenos caminhos resultantes do pisoteio do gado em pastoreio extensivo. Algumas encostas são também marcadas por “voçorocas”, grandes desbarrancamentos resultantes do trabalho erosivo das enxurradas, em vertentes cujos solos desprotegidos são particularmente vulneráveis a este tipo de erosão concentrada. Tanto a devastação das matas quanto a erosão em voçorocas denotam uma exploração secular, feita de forma arcaica e predatória, cuja principal característica ainda é a ausência de técnicas agrícolas adequadas e conservacionistas. A primeira função econômica desempenhada pela região de Vassouras foi a de passagem de rotas terrestres que asseguravam as comunicações do Rio de Janeiro porto e capital com as capitanias de São Paulo e Minas Gerais. A estrada para São Paulo seguia pela antiga São João Marcos e o caminho novo de Garcia Paes, aberto no alvorecer do século XVIII, atravessava a parte oriental do que veio a ser o Município

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REDE DE AVALIAÇÃO E CAPACITAÇÃO PARA A IMPLEMENTAÇÃO DOS

PLANOS DIRETORES PARTICIPATIVOS

Pré-proposta de Roteiro para Avaliação dos Planos Diretores

Nome do pesquisador: William Resende de Castro Jr

E-mail e telefone de contato: [email protected] 24-99520202

Município: Vassouras

Número da lei: 2270/2007

Data da aprovação do Plano Diretor: 20/03/2007

Estado: RJ

A. Informações gerais do município.

1. Caracterização socio-demográfica e econômica do município. Para essa

caracterização podem ser utilizadas fontes secundárias (dados IBGE) e o próprio diagnóstico utilizado no Plano Diretor. Além disso, se possível, buscar situar o contexto sócio-político no qual o Plano Diretor foi elaborado.

O MUNICÍPIO NO CONTEXTO REGIONAL

Desde os tempos coloniais, o vale do Paraíba desempenhou papel fundamental

nas ligações estabelecidas entre a Cidade do Rio de Janeiro e outras regiões do país,

notadamente São Paulo, Minas Gerais e o Planalto Central, apesar de, em um primeiro

momento, terem sido enormes as dificuldades representadas pela topografia

acidentada, em particular no trecho de serra, e pela floresta de tipo tropical, que,

então, cobria toda a região. Depois de ultrapassada a barreira montanhosa é que se

desdobra a paisagem típica do médio-vale do rio Paraíba, conhecida pela expressão

“mar de morros”, isto é, uma zona de morros arredondados, de encostas com fortes

declives.

Estes morros eram outrora revestidos por matas tropicais, que, hoje em dia, já

estão completamente destruídas e, em grande parte, substituídas por pastagens

pobres, marcadas por “terracetes”, que nada mais são do que pequenos caminhos

resultantes do pisoteio do gado em pastoreio extensivo. Algumas encostas são também

marcadas por “voçorocas”, grandes desbarrancamentos resultantes do trabalho

erosivo das enxurradas, em vertentes cujos solos desprotegidos são particularmente

vulneráveis a este tipo de erosão concentrada. Tanto a devastação das matas quanto a

erosão em voçorocas denotam uma exploração secular, feita de forma arcaica e

predatória, cuja principal característica ainda é a ausência de técnicas agrícolas

adequadas e conservacionistas.

A primeira função econômica desempenhada pela região de Vassouras foi a de

passagem de rotas terrestres que asseguravam as comunicações do Rio de Janeiro –

porto e capital – com as capitanias de São Paulo e Minas Gerais. A estrada para São

Paulo seguia pela antiga São João Marcos e o caminho novo de Garcia Paes, aberto no

alvorecer do século XVIII, atravessava a parte oriental do que veio a ser o Município

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de Vassouras.

Teve papel de importância, no traçado dos eixos de circulação, a presença, a

noroeste da cidade do Rio de Janeiro, de secção mais baixa de serra do Mar – a serra

das Araras – amplamente aproveitamento para implantação das vias de circulação,

tanto antigas quanto modernas.

No entanto, a ocupação efetiva da maior parte do Município e a fundação da

cidade de Vassouras, somente ocorreram como decorrência da expansão da lavoura

cafeeira que, no decorrer da primeira metade do século XIX, se estendeu a todas as

áreas do vale Médio do Paraíba propícias ao desenvolvimento dos cafeeiros.

Anteriormente, ao longo do Caminho Novo existiram apenas alguns engenhos de açúcar

e roças, com produção de pouca expressão econômica. Aí surgiria, em 1755, a

freqüência de Nossa Senhora da Conceição do Alferes, a qual, em 1820, com o nome

de Paty do Alferes foram elevados à condição de vila, sede de Município, condição que

perderia treze anos mais tarde, quando se erigiu em vila o embrião do núcleo de

Vassouras.

Em decorrência da multiplicação das fazendas e da expansão da lavoura

cafeeira, implantou-se uma intrincada malha de circulação viária, mais tarde ampliada

e desenvolvida pelas ferrovias, hoje extintas em suas quase totalmente, Por iniciativa

da Câmara do Comércio do Rio de Janeiro, já em 1829 foi determinada a abertura de

uma nova estrada, ou caminho do comércio, a principal estrada ligando o vale à baixada

para, através do rio Iguaçu e da baía de Guanabara, levar ao porto do Rio de Janeiro o

café da área de Vassouras.

Deve-se destacar o espírito empreendedor dos fazendeiros de Vassouras,

radicalmente diferente do espírito dominante em outras áreas, como a própria Vila de

Paty do Alferes. Em Vassouras, os grandes fazendeiros originaram um núcleo urbano

que em poucas décadas ascendeu à condição de verdadeira Cidade. Por iniciativa

pessoal, construindo ricas mansões na cidade e nelas residindo, por esforço coletivo,

eles não só criaram a cidade de Vassouras, como dela fizeram um importante centro

da vida regional. Centro regional, por suas funções econômicas, especialmente a de

coleta da produção cafeeira e de ponte intermediário nas trocas com a capital

imperial, e por sua função cultural, oferecendo inúmeros, como colégios dirigidos só

por professores estrangeiros e espetáculos teatrais apresentados por companhias de

sucesso no Rio de Janeiro. O caráter urbano que logo assumiu o núcleo fundado pelos

fazendeiros de Vassouras e se poderio político e econômico, valeram-lhe elevação à

condição de Vila e de Sede do Município, em Janeiro de 1833.

Criando uma vila urbana única inigualável, mesmo quando comparada a outros

importantes centros cafeeiros, localizados no vale do Paraíba fluminense – como

Valença e Cantagalo – esta associação do campo à cidade, realizada pelos fazendeiros

de Vassouras, ainda pode ser percebida através das inúmeras construções antigas,

várias delas tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional –

IPHAN, bem como pela imponente praça com a Igreja Matriz e o prédio da Prefeitura,

em torno da qual gravitava a vida do lugar.

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Contudo, nem a força política, nem o poder financeiro que, então desfrutavam

os barões de Vassouras, foram suficientes para conseguir a primeira estrada de ferro

destinada a penetrar no Vale do Paraíba na direção de São Paulo, seguisse o traçado

que desejavam, passando pelo centro da Cidade, ainda que tenham participando

diretamente do financiamento e de difícil reconhecimento topográfico da serra das

Araras para definição do traçado a ser adotado. Com efeito, a opção final para o

traçado da E.F. D.Pedro II, que veio a ser linha tronca da Central do Brasil, seguindo

em direção a Barra do Piraí, pela garganta de Rodeio, deixou a Cidade de Vassouras à

margem da principal via de circulação. Barão de Vassouras, Vila situada a pequena

distância da sede (6Km), seria alcançada desde 1875 pela linha da D. Pedro II e se

destinava à Zona da Mata de Minas Gerais e, graças a linha de carris unindo-a à sede

municipal, atenderia a esta e também ao escoamento da parte da produção cafeeira

vassourense até o porto do Rio de Janeiro. A Cidade de Vassouras, entretanto, só

seria alcançada em 1914 pelo ramal construído entre Governador Portela, Vassouras e

Barão de Vassouras, quando já se extinguia a lavoura cafeeira no Município.

Na verdade o ciclo do café - com sua sociedade polarizada, de um lado, pelos

barões do café e de outro pela mão de obra escrava – teve curta duração na parte

fluminense do médio vale do Paraíba. A aplicação de técnicas agrícolas obsoletas e o

descuido da conservação do solo determinaram, em poucas décadas, o esgotamento

das terras e a produção se deslocou para outras áreas, do próprio Estado de São

Paulo, Minas Gerais e do Espírito Santo, em busca de terras ainda cobertas por matas

virgens. Esta decadência na produção cafeeira foi agravada pelas crises econômicas do

fim do século e pela abolição do trabalho escravo, onde se apoiava toda a organização

agrária.

O deslocamento espacial das áreas de produção do café significou, também, a

diminuição das cargas transportadas por ferrovia, tornando-a deficitária e obrigando

a extinção de muitos trechos, como o ramal Governador Portela – Vassouras - Barão de

Vassouras, eliminado em 1968. No entanto, as cidades e povoados criados pela

prosperidade cafeeira permaneceram, apesar da estagnação econômica e da

diminuição de sua população.

Ainda em fins do século passado, iniciou-se paulatinamente a introdução na

região da pecuária de leite, por iniciativa de fazendeiros originários de Minas Gerais.

Baseada em métodos extensivos, a pecuária trouxe uma nova fonte de renda para a

região e fixou razoável contingente humano nas áreas rurais, mas não restaurou a

prosperidade econômica e outrora. Os ramais ferroviários criados para escoar o café

e, mais tarde, as rodovias, serviam ao transporte de leite “in natura” para o Rio de

Janeiro e pequena indústria de laticínios surgiria no Município.

A partir da década de 1930 e, particularmente, dos anos 40, dois fatores

repercutiram, de forma diversa, sobre a economia do Município de Vassouras. O

primeiro deles foi o crescimento urbano acelerado do Rio de Janeiro, com a

progressiva formação de sua área metropolitana. Em decorrência das novas

necessidades do abastecimento alimentar e dos novos hábitos – como os de lazer nas

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áreas serranas próximas, de clima mais ameno durante o verão – Vassouras e algumas

de suas vilas, pouco a pouco, adquiriram novas funções. Assim, desde a década de

1930, grandes fazendas do Município viram suas terras repartidas em lotes para

veraneio, especialmente aquelas em áreas do então distrito de Miguel Pereira, elevado

a Município 1954, e do então distrito de Paty do Alferes, também elevado a Município,

em 19.12.1987, pela lei 1254. Ao lado destes desmembramentos, algumas sedes das

antigas fazendas cafeicultoras foram transformadas em hotéis-fazendas.

Por sua vez, pequena horticultura voltada, para o abastecimento da metrópole,

hoje mais especializada na produção de tomates, desenvolveu-se ao longo do eixo da

antiga Linha Auxiliar da Central do Brasil, que desce o Vale do Ubá, de Governador

Portela ao rio Paraíba, passando por Paty do Alferes e Arcozelo. Foi a permanência

desta ferrovia, como no passado cafeeiro, que revalorizou a posição da vila de Paty do

Alferes.

O segundo fator importante a ser assinalado foi o início da expansão das

atividades industriais na Região do Médio Paraíba. A implantação da Usina da

Companhia Siderúrgica Nacional - CSN, em Volta Redonda, e a melhoria da circulação

regional, com o asfaltamento do grande eixo rodoviário do vale do Paraíba (BR-116),

espinha dorsal da localização industrial, aprofundaram a posição de marginalidade de

Vassouras em relação às principais vias de circulação, que só a construção da BR-393,

entre Volta Redonda e Três Rios, na década de 1960, iria eliminar.

Com efeito, o atual processo de revitalização da economia da cidade de

Vassouras só se efetivou com a abertura da rodovia federal BR-393, que rompeu um

processo histórico que se vinha alongando, qual seja, o de marginalização em relação

aos principais eixos de circulação. Foi esta mesma rodovia que facilitou o aparecimento

de uma nova função terciária, a de ensino universitário, hoje de fundamental

importância para a vida da cidade.

Contudo, a economia municipal ainda está baseada principalmente nas atividades

primárias, em especial na pecuária leiteira que, em termos quantitativos, é bastante

significativa dentro da Região Industrial do Médio Paraíba, apesar de sua baixa

produtividade, pois feita de forma extensiva e empregando técnicas obsoletas. Ao

lado deste atraso técnico, os pecuaristas do Município não têm demonstrado um forte

espírito organizativo: em 1970, apenas 20% dos estabelecimentos estavam filiados a

cooperativas leiteiras.

Recenseamento de 1970, acusa que dos 70.285 ha. de terras de uso agrícola,

repartidas entre 1.244 estabelecimentos, 70% eram ocupadas por pastagens, naturais

ou plantadas, e somente 9% por culturas, destacando-se as culturas temporárias

(7,4%), no caso, as olerícolas.

As culturas temporárias, como o tomate ocupando posição de destaque, vêm

aumentando a área ocupada, avançando em zonas de loteamentos para veraneio. Este

avanço, porém, não tem significado concorrência ou disputa de terrenos, vez que a

ocupação pelo veraneio ainda é bastante rarefeita. A expansão desse cultivo está

intimamente relacionada à expansão do grande mercado consumidor metropolitano e

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toda a produção local complementando e toda a produção local, complementando o

abastecimento de origem paulista, para lá dirige através de Paty do Alferes, a Cidade

do Tomate, que vem se firmando como centro sub-regional de comercialização da

produção hortigranjeira.

O setor secundário do Município é bastante inexpressivo: o valor da produção

industrial de Vassouras, representa somente 0,37% do total regional.

As atividades terciárias são as que vêm apresentando maior dinamismo,

especialmente o setor de serviços, que direta e indiretamente, beneficiou-se com a

instalação e progresso da Fundação Educacional Severino Sombra, mantenedora da

Universidade.

A atividade universitária, retomando a função de centro educacional herdada do

tempo dos “Barões de Café”, dinamizou a área de atendimento e de prestação de

serviços médicos e reanimou a economia urbana, além da representação de um

aumento da centralidade regional, no campo da educação e da saúde.

Em síntese, pode-se dizer que a atual vida econômica do Município de Vassouras

relaciona-se diretamente a sua posição marginal em relação às principais vias

circulação inter-regional, durante longo tempo. A menor acessibilidade do centro

urbano, se comparado às cidades vizinhas do eixo do Vale do Paraíba, iria pesar até

época recente deixando-a à margem do processo de industrialização do médio vale,

vez que, para a implantação das novas indústrias, a localização preferida seria aquela

definida pela existência de condições de fácil acessibilidade entre os centros

produtores e consumidores. Tal preferência aprofundaria a posição marginal de

Vassouras, rompida tão somente com a abertura da rodovia BR 393.

Do ponto de vista de uma análise intra-municipal, estas mesmas condições de

acessibilidade, que se aliam as de natureza topográfica, influenciariam na definição

espacial das atuais formas de uso do solo: a sul e a leste, nas áreas da Serra e do Vale

do Ubá, os loteamentos de lazer e a horticultura; no restante do território, onde

predomina a paisagem “mar de morros”, a pecuária extensiva. Por último, ainda é a

topografia um fator físico determinante dentro da própria sede municipal: os

alinhamentos paralelos de cristas e vales balizaram o traçado das vias de circulação e

enquadraram o espaço urbano.

A DINÂMICA DEMOGRÁFICA

Para o estudo da dinâmica demográfica do Município de Vassouras, utilizou-se o

resultado de três recenseamentos, o de 1950, o de 1970 e de 2000-IBGE, que acusa

31.402 habitantes, e uma área de 552,4 Km², com altitude de 434m (IBGE 1999).

De início, uma primeira dificuldade teve de ser vencida, pois durante o período

assinalado o Município foi desmembrado, perdendo vários de seus distritos:

Engenheiro Paulo de Frontin, Governador Portela, Miguel Pereira, Sacra Família do

Tinguá, Tairetá, Conrado, Avelar e Paty do Alferes. O saldo demográfico foi

desfavorável para o Município de Vassouras, pois com os desmembramentos, perdeu

um total de 25.662 habitantes, representando 43% do total municipal, em 1950, sendo

importante a perda de contingentes urbanos, vez os distritos desmembrados

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contribuíam com 42% da população de origem urbana.

Assim, comparando-se o volume total da população do Município, sem considerar

os desmembramentos ocorridos, constatam-se decréscimos de 31% em relação à

população total, 17% em relação à população urbana e 38% em relação à população

rural, durante o período supra mencionado.

Devem-se considerar importantes para análise os níveis de natalidade e

mortalidade. Nasceram no município de 950 a 980 pessoas por ano, e faleceram entre

450 a 500 p/ano.

Para obter-se uma análise da situação real dos dados de 1970 e 2000, e uma

comparação válida com os resultados de 1950, a fim de melhor entender e evolução

demográficas do Município, elaborou-se um quadro estatístico onde só se incluíram os

distritos atualmente pertencem à Vassouras.

Chega-se a conclusão mais correta sobre a evolução da população que,

atualmente, compõe o Município de Vassouras: houve um crescimento apesar de

relativamente pequeno, da população total (17%), principalmente devido à contribuição

dos distritos de Vassouras; houve decréscimo (-2,6%) da população rural, cabendo a

Sebastião de Lacerda e Andrade Pinto as maiores perdas,

Por último, deve-se salientar que a população urbana praticamente dobrou, com

aumento bastante significativo em Andrade Pinto (62%), Vassouras (50%), apesar de

ter ocorrido diminuição em Sebastião de Lacerda (-19%). A população total era de

29.037 habitantes, sendo 18.231 urbanos e 10.806 rurais, com densidade de 52,4

hab/Km2, crescimento 0,82% e taxa de urbanização de 62,79%.

As principais atividades apresentam 477 estabelecimentos comerciais, 350

estabelecimentos de serviços, 5 industriais e 20 na agropecuária. Destaque para a

produção de tomate, pimentão, abóbora e repolho.

Outras conclusões ainda podem ser retiradas desta análise comparativa entre

os resultados censitários de 1950 / 1970 / 2000. A primeira delas é o aumento da

população urbana no Município, mesmo incluindo-se, para 1950, os dados referentes

aos distritos que mais tarde foram desmembrados: em 1950, a população urbana

representava 31% e em 1970 era 38% do total. Retirando-se os dados referentes aos

distritos desmembrados, o aumento da taxa de urbanização é maior ainda: de 23% em

1950, passa a 38% em 1970,e para 67% em 2000.

Prosseguindo esta análise comparativa, verifica-se que houve aprofundamento

da tendência da sede Vassouras aumentar seu poder de atração, concentrando a maior

parte da população urbana.

Finalmente, deve-se dizer que estes dados, apesar de esclarecerem parte da

situação demográfica do Município, não traduzem sua situação atual, especialmente em

relação ao distrito-sede. Deve-se lembrar que a presença recente de serviços de

educação universitária, representa acréscimo de população flutuante bastante

significativo, superior a 4.000 pessoas, além de gerar numerosos empregos diretos e

indiretos. a) população urbana e rural (Contagem 2007 – IBGE) e sua evolução nos últimos 20 anos.

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Total 32495 Urbana estimada 26.495 Rural estimada 6.000 b) evolução da PEA por setor nos últimos 10 anos.

Não disponível c) estratificação da população por renda e sua evolução nos últimos 10 anos.

Não disponível d) déficit habitacional e déficit de acesso aos serviços de saneamento ambiental.

Não disponível 2. Localização do município em tipologia a ser utilizada na metodologia de avaliação.

Utilizaremos (i) a tipologia municipal produzida pelo Observatório das Metrópoles (trabalho coordenado pela Tânia Bacelar) e reformulada pela Ermínia Maricato para o Planab, e (ii) a tipologia produzida pelo Observatório sobre o grau de integração dos municípios às metrópoles, especificamente para os municípios situados em regiões metropolitanas.

i) VASSOURAS RJ F - Centros urbanos em espaços rurais prósperos

ii) Não disponível 3. Solicitar a prefeitura/câmara os diagnóstico/estudos que subsidiaram a elaboração

do Plano Diretor, caso estes estejam disponíveis.

OK, anexo.

COMENTÁRIOS

O diagnóstico utilizado para a elaboração do PD privilegia a área ambiental, além do

histórico da ocupação urbana, e do desenvolvimento local. Os relatórios das reuniões

realizadas mostram que foi dado ênfase à consulta comunitária, e à escuta dos

diferentes atores locais. É um material de qualidade substantiva que, entretanto, aos

moldes do próprio PD, não foi transformado em artigos e mapas de formato legal.

Assim, várias decisões e orientações importantes, apresentam-se apenas como tal,

sem expressão legal. Penso que ao serem formulados os instrumentos legais previstos

no PD, e ainda faltantes, estes materiais devam ser utilizados. 4. Verificar se o município já possuía Plano Diretor antes da elaboração deste.

Já possuía um Plano Diretor, Lei 1098 de 10/11/1978. 5. Ao final da leitura do Plano Diretor, com foco nos aspectos elencados nesse roteiro,

solicita-se uma avaliação sintética, buscando refletir sobre o sentido geral do Plano, procurando responder às seguintes questões: (i) Conteúdo: O Plano apresenta uma estratégia econômica/sócio-territorial para o desenvolvimento do município? Quais são os elementos centrais desta estratégia? Caso não apresente uma estratégia de desenvolvimento econômico/sócio/territorial, qual é o sentido do plano?

A estratégia trabalhada no PD aponta, no Art. 8, para 5 eixos estratégicos de

desenvolvimento:

I - Cidade Pólo Regional Educacional;

II - Cidade Pólo Regional de Cultura;

III - Cidade Pólo Regional de Saúde;

IV - Cidade Pólo Turístico-Esportivo;

V – Cidade Pólo de Agro negócio;

VI - Cidade de Qualidade de Vida – Cidade Sustentável.

A leitura do PD mostra preocupação com o meio ambiente, com a sustentabilidade

sóçio-econômica da cidade, com os riscos da ocupação desordenada, com a gestão

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democrática. Os instrumentos legais, entretanto, remetem ao futuro as decisões que

podem tornar efetivas aquelas decisões estratégicas. Sem novo empenho e dedicação,

aquelas novas leis podem ser criadas de maneira contraditória ao PD, ou não criadas.

Esta última hipótese, cria possibilidade de questionamentos legais ao Executivo

Municipal, pelo descumprimento de Lei, e cria conflitos entre o PD e a legislação em

vigor, contraditória. (ii) Linguagem: Verificar se o plano traz um glossário ou um documento explicativo. Verificar se a linguagem predominante no plano, é excessivamente técnica, dificultando sua compreensão pela população, ou se procura uma linguagem mais acessível.

Não foi desenvolvido um glossário dos termos técnicos utilizados no PD, e a linguagem

usada não é tecnicista, porém possui uma estrutura de linguagem baseada em

intenções não completadas pelos artigos da Lei. O texto legal, em vários momentos,

aparenta um material de motivação para a construção de um bom PD. (iii) Relação do Plano Diretor com o Orçamento Municipal. Verificar se o plano define prioridades de investimentos, relacionando-as ao ciclo de elaboração orçamentária subseqüente.

O PD no parágrafo 2º do Art. 2º determina que “as leis municipais do plano plurianual, das diretrizes orçamentárias e do orçamento anual, incorporarão e observarão as diretrizes e prioridades estabelecidas nesta lei, nos termos do parágrafo 1º do artigo 40, da Lei 10.257 de 10 de julho de 2001, e serão elaboradas mediante processo participativo, em cumprimento da diretriz de gestão democrática da cidade e de gestão orçamentária participativa, estabelecida no artigo 44, da Lei 10.257 de 10 de julho de 2001. No Art. 70, reafirma a obrigatoriedade de realização de Audiências Públicas para o

PPA, a LDO e a LOA.

O PD lista em seu Art. 9 dezenas de ações que poderiam ser entendidas como

prioridades de investimento. Como, entretanto, são apresentadas de maneira confusa,

ações de capacitação funcional, propostas genéricas de requalificação urbana,

recomendações à empresas privadas, princípios gerais, e obras e serviços públicos,

sem valores e prazos de implantação, NÃO há clara vinculação entre o PD e o

Orçamento. Em caso de mobilização social, o PD poderia ser usado como forma legal

de pressão sobre o Poder Público, para a discussão orçamentária. (iv) Relação entre o Plano Diretor e o PAC ou outros grandes investimentos. Caso o município seja atingido por algum investimento importante em infra-estrutura de logística/energia, avaliar se o Plano diretor leva em consideração estes investimentos e seus impactos.

Não há tal relação, por inexistência de grandes investimentos públicos ou privados. B. Acesso à terra urbanizada Os objetivos da avaliação estarão centrados nos seguintes aspectos: a) detectar que diretrizes do Estatuto da Cidade foram reproduzidas nos textos do PD

Os seguintes incisos do Art. 2º do EC foram reproduzidos no PD de Vassouras:

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9

Inc Art.2º

Redação do Inciso Item do PD

II Gestão democrática Art. 65 a 69

IV planejamento do desenvolvimento das cidades Art. 35 a 38

VIII adoção de padrões de produção e consumo de bens e

serviços e de expansão urbana compatíveis com os limites da sustentabilidade

Art. 5 Inc. 3

Art.

XII proteção, preservação e recuperação do meio ambiente

natural e construído, do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico;

Art. 5 Inc. 7

e 8

XIII audiência do Poder Público municipal e da população interessada nos processos de implantação de

empreendimentos ou atividades com efeitos potencialmente negativos sobre o meio ambiente

natural ou construído, o conforto ou a segurança da população;

Art. 70 a 75

XIV regularização fundiária e urbanização de áreas

ocupadas por população de baixa renda mediante o estabelecimento de normas especiais de urbanização,

uso e ocupação do solo e edificação, consideradas a situação socioeconômica da população e as normas

ambientais;

Art. 44 Inc II

b) apontar diretrizes que, embora não reproduzam o texto do Estatuto, se refiram como objetivos ou diretrizes do plano aos seguintes temas: Garantia do direito à terra urbana e moradia.

Art 5 inc III - III – realizar o desenvolvimento sustentável do município, compreendendo a garantia do direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte coletivo de passageiros e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer para as presentes e futuras gerações; Gestão democrática por meio da participação popular.

No Art 5 inc I - proporcionar a participação da população e de associações representativas dos variados segmentos sociais na formulação, execução e acompanhamento da política de desenvolvimento urbano e de expansão urbana do Município, instituindo um sistema municipal de gestão democrática da cidade; além

de fortemente presente nos Art. 65 a 93. Ordenação e controle do uso e ocupação do solo de modo a evitar a retenção

especulativa de terrenos.

Não identificado. Justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do processo de urbanização.

Não identificado. Recuperação dos investimentos do Poder Publico de que tenha resultado a valorização

de imóveis urbanos.

No Art 5 inc 4 - recuperar em benefício coletivo a valorização acrescentada pelos investimentos públicos à propriedade particular; Regularização Fundiária e urbanização de áreas ocupadas por população de baixa

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renda.

Não identificado. Questões centrais: I. A Função Social da Propriedade

1. O Plano estabelece como objetivo ou diretriz o cumprimento da função social da propriedade? De que forma?

Estabelece no Art. 4 inciso VI, como um dos objetivos gerais da Política Urbana –

cumprir a função social da cidade e da propriedade urbana. No Art. 5 são

apresentadas diretrizes gerais para cumprimento da função social, como se adotadas

fossem, sem, no entanto, qualquer materialidade legal. E no Art. 6 novamente são

apresentados requisitos para que a propriedade cumpra sua função social, sem

nenhuma regra ou parâmetro claro e substantivo. Esta é a característica marcante

deste PD – bem intencionado, mas sem conteúdo prático. II. Controle do Uso e Ocupação do Solo

1. O Plano estabelece macrozoneamento? Da zona urbana e rural?

Sim, no Art. 42, mas sem os mapas. 2. Estão definidos os objetivos do macrozoneamento? Quais?

Não 3. O macrozoneamento está demarcado em mapas? Delimitado por perímetros?

Não 4. Além do Macrozoneamento o plano estabelece alguma outra forma de regulação do

uso e ocupação do solo ou remete a uma revisão/elaboração de lei de uso e ocupação do solo?

Remete à revisão e elaboração posterior. Entretanto no Art. 5, como diretrizes,

aponta a implantação de infra-estrutura em áreas ocupadas (Inc IV), a implantação de

soluções que inibam a ocupação irregular do solo (IV), ordenar e controlar o uso do

solo (XIII) para evitar Utilização inadequada dos imóveis urbanos; Deterioração de

áreas urbanizadas, a poluição e a degradação ambiental; Retenção especulativa de

imóvel urbano, que resulte na sua subutilização ou não utilização; Instalação de

empreendimentos ou atividades que resultem em pólos geradores de tráfego, sem a

previsão da adequada infra-estrutura correspondente; ou Proximidade de usos

incompatíveis ou inconvenientes;

III. Perímetro Urbano e Parcelamento do Solo

1. O Plano estendeu (ou diminuiu) o perímetro urbano? Criou alguma regra para a extensão do perímetro? Qual?

Não é possível saber se o perímetro urbano foi alterado ou mantido, exceto

pela leitura do diagnóstico que menciona sua alteração. O PD no Art. 5 inciso V aponta

como diretriz geral adotada para cumprimento da função social da propriedade -

orientar a expansão urbana e do adensamento segundo a disponibilidade de saneamento básico, dos sistemas viários e de transporte e dos demais equipamentos e serviços urbanos. Já o parágrafo único do Art. 11 determina - É

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vedada a expansão urbana incompatível com os limites da sustentabilidade ambiental, social e econômica do Município.

2. O plano incluiu regras para o parcelamento do solo urbano ou remeteu para legislação específica? Criou regras específicas para parcelamento de interesse social?

O parcelamento foi remetido para legislação posterior, com prazo de 180 dias já

vencido desde 20 de setembro de 2008. 3. Identificar a previsão de área de expansão urbana e sua definição .

Não há clara definição da área de expansão urbana. Pode-se inferir dos incisos IV

(estímulo ao adensamento e ao crescimento ordenado da cidade na área urbanizada, dotada de infra-estrutura urbana e equipamentos urbanos e comunitários, de modo a impedir a ociosidade da infra-estrutura instalada) e VI

(criação de condições para o desenvolvimento de novas centralidades e espaços públicos em áreas de urbanização precária situadas em continuidade às áreas de urbanização consolidada) do Art. 23 que trata das diretrizes para a política de

urbanização e uso do solo que o PD gostaria de adensar as áreas já urbanizadas, e as

áreas lindeiras pré-urbanizadas da periferia. 4. Verificar se o plano estabelece que os novos loteamentos devem prever percentuais

para área de habitação de interesses social.

Sim, no Art. 26, quando apresenta como diretriz da política habitacional que “visa assegurar o direito social de moradia e reduzir o déficit habitacional” o inciso VII

- Quando da aprovação de novos loteamentos particulares será destinada uma área à Municipalidade para construção de casas populares na proporção de pelo menos 10% (dez por cento) do tamanho da área, destinada à construção de casas particulares. Atenção: Caso este tema não seja tratado no próprio plano, avaliar a lei de parcelamento do solo em vigor. Indicar se o plano prevê a revisão desta lei e em que prazo

O PD prevê a revisão da lei de parcelamento, com prazo vencido desde setembro de

2007. IV. Coeficientes e Macrozonas:

1. Verificar quais são os tipos de zona e/ou macrozonas definidos no Plano.

Definidos no Art. 42 - O território de Vassouras fica ordenado segundo as seguintes macro-zonas, estabelecidas quanto à destinação de suas terras, definidas e limitadas no mapa de macro-zoneamento: I. ZV-1 (Zona Verde 1): Corredor Ecológico Rio Paraíba do Sul-Vassouras; II. ZV-2 (Zona Verde2): Corredor Turístico Estrada Parque Barão de Vassouras; III. ZV-3 (Zona Verde 3): Corredor de Biodiversidade Tinguá-Bocaina; IV. APA-1 (Área de Preservação Ambiental): Parque Natural de Santa Catarina; V.APA-2 (Área de Preservação Ambiental): Parque Florestal da Serra Grande; VI. ZAs (Zonas das Águas): micro-bacia do Rio Paraíba do Sul; VII. ZIs (Zonas Industriais): zona industrial na BR-393 e RJ-127. Definidas em Lei, mas sem a publicação dos mapas.

No Art. Art. 44 - As Áreas de Especial Interesse são as seguintes:

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12

I – Área de Especial Interesse Urbanístico: a que será destinada à projetos urbanísticos específicos de estruturação ou reestruturação, renovação ou revitalização urbana; II – Área de Especial Interesse Social: a que apresenta terrenos não utilizados ou subutilizados, considerados necessários para a implantação de programas habitacionais de baixa renda, ou ainda aquela ocupada por loteamentos ou conjuntos habitacionais irregulares, que será submetida a projetos especiais visando a urbanização ou reurbanização; III – Área de Especial Interesse Turístico: aquela com potencial turístico e para a qual se façam necessários investimentos visando ao desenvolvimento da atividade turística; IV – Área de Especial Interesse Ambiental: aquela destinada á criação de Unidade de Conservação Ambiental, visando á proteção do meio ambiente natural e cultural; V – Área de Especial Interesse Funcional: aquela caracterizada por atividades de prestação de serviços e de interesse público que exija regime urbanístico específico.

2. Definição de coeficientes de aproveitamento básico e máximo (se não forem

definidos esses coeficientes, verificar quais são os parâmetros utilizados para o controle do uso e ocupação do solo).

O Art. 54 fixa o CA em 1. Não foi fixado o máximo. 3. Definição do que é subutilização, não utilização e terreno vazio.

Não foi definido. 4. Definição de como se calculam os coeficientes de aproveitamento.

O Art. 54 parágrafo 1 define coeficiente de aproveitamento com a relação entre a

área edificável e a área do terreno. Não houve definição de diferentes coeficientes

possíveis em mapas ou tabelas. 5. Definição das macrozonas e/ou zonas e seus coeficientes e/ou parâmetros de

utilização.

Não foi definido. 6. Identificar o estabelecimento de zoneamento e políticas específicas para as áreas

centrais e sítios históricos.

Não foi definido. 7. Identificar o estabelecimento de zoneamento específico para áreas de proteção

ambiental.

Não foi definido. V. ZEIS

1. Definição de tipos de ZEIS.

Foi definida no Art. 44, sem sua localização, mas apenas intenção futura:

revitalização urbana; II – Área de Especial Interesse Social: a que apresenta terrenos não utilizados ou subutilizados, considerados necessários para a implantação de programas habitacionais de baixa renda, ou ainda aquela ocupada por loteamentos ou conjuntos habitacionais irregulares, que será submetida a projetos especiais visando a urbanização ou reurbanização;

2. Definição da localização em mapa, ou coordenadas ou descrição de perímetro

Não. 3. Definição da população que acessa os projetos habitacionais nas ZEIS.

Inciso 1 do Art. 26 – população de baixa renda.

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4. Definição de tipologias habitacionais em ZEIS.

Não há. 5. A remissão para lei específica.

Remiu a anterior no ART. 1 do PD. 6. Caso as ZEIS já estejam demarcadas em mapas, identificar qual é o percentual da

zona definido no plano.

Não há mapas ou localização de ZEIS. 7. Verificar se existem definições de investimentos em equipamentos sociais nas ZEIS,

tais como investimentos em educação, saúde, cultura, saneamento, mobilidade, etc.

Não há. VI. Avaliação geral do zoneamento em relação ao acesso à terra urbanizada.

1. Qual o significado do zoneamento proposto sob o ponto de vista do acesso à terra urbanizada? (ou seja, procure avaliar o zoneamento, buscando identificar em que porções do território, de acordo com os parâmetros estabelecidos pelo zoneamento se favorece o acesso à terra urbanizada pelas classes populares ou, pelo contrário, se favorece a utilização das s áreas pelos empreendimentos imobiliários voltados para classes médias e altas). Para fazer esta leitura, atentar para as seguintes características: tamanhos mínimos de lote, usos permitidos (incluindo possibilidades de usos mistos na edificação) e possibilidade de existência de mais de uma unidade residencial no lote.

Conforme avaliação anterior, pela inexistência de mapas e áreas fisicamente

demarcadas, a identificação do significado do zoneamento fica prejudicado. Pela

leitura do Art. 44 - As Áreas de Especial Interesse são as seguintes:

I – Área de Especial Interesse Urbanístico: a que será destinada à projetos urbanísticos específicos de estruturação ou reestruturação, renovação ou revitalização urbana; II – Área de Especial Interesse Social: a que apresenta terrenos não utilizados ou subutilizados, considerados necessários para a implantação de programas habitacionais de baixa renda, ou ainda aquela ocupada por loteamentos ou conjuntos habitacionais irregulares, que será submetida a projetos especiais visando a urbanização ou reurbanização; III – Área de Especial Interesse Turístico: aquela com potencial turístico e para a qual se façam necessários investimentos visando ao desenvolvimento da atividade turística; IV – Área de Especial Interesse Ambiental: aquela destinada á criação de Unidade de Conservação Ambiental, visando á proteção do meio ambiente natural e cultural; V – Área de Especial Interesse Funcional: aquela caracterizada por atividades de prestação de serviços e de interesse público que exija regime urbanístico específico.

Pode-se perceber a intenção de constituição de áreas destinadas a

diferentes usos. Entretanto a leitura dos Art. 45 e 46

Art. 45 – Para as áreas declaradas de especial interesse social, necessárias à implantação de projetos habitacionais de baixa renda, o Poder Executivo poderá, na forma da lei: I – exigir a edificação ou o parcelamento compulsório, ou ambos; II – impor o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana progressivo no tempo; III – desapropriar, mediante pagamentos com títulos de dívida pública.

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Art. 46 - Atendendo à finalidade específica de interesse público a que se

destinam, as Áreas de Interesse serão criadas e delimitadas por lei específica, para cumprimento dos objetivos desta lei.

remetem para legislação posterior as decisões do caput do Art. 44. 2. Avaliar este zoneamento do ponto de vista quantitativo (percentual do território

urbanizável destinado ao território popular frente ao percentual de população de baixa renda no município) e qualitativo (localização deste território no município)

Não é possível tal avaliação, em vista da ausência dos mapas. Atenção: incluir as ZEIS nesta análise, porém não restringir a avaliação apenas às ZEIS, caso existam zonas do macrozoneamento que permitam, pelas características e parâmetros de uso e ocupação do solo, a produção de moradia popular. Caso estes parâmetros não sejam estabelecidos no próprio plano e sim na lei de uso e ocupação do solo, buscar a lei de uso e ocupação do solo ou lei de zoneamento em vigor. VII. Instrumentos de Politica Fundiária

1. Para cada um dos instrumentos de políticas de solo listados abaixo, é necessário verificar:

Identificar se os instrumentos listados abaixo estão apenas listados/mencionados ou se

sua forma de aplicação específica no município está prevista. Caso esteja especificado sua forma de aplicação, identificar se esta é remetida à

legislação complementar específica ou se é autoaplicável através do próprio plano. Se foi remetido para uma lei específica, se foi ou não definido um prazo para sua

edição/regulamentação e qual é este prazo. Se é autoaplicável, identificar se está definido o perímetro aonde a lei se aplica (se esta

definição faz parte de mapa anexo ao plano e/ou descrição de perimetro). Identificar se a utilização do instrumento está explicitamente vinculada a um

objetivo/estratégia do plano ou a seu macrozoneamento. Qual? Caso autoaplicável, identificar se está previsto um prazo de transição entre a norma

atual vigente e o novo plano. Identificar se estão definidos prazos para o monitoramento do instrumento; Identificar se estão definidos prazos para revisão dos instrumentos. Identificar se está definido quem aprova a sua utilização. Identificar se está definido o procedimento para sua utilização. No caso de envolver pagamentos de contrapartida, identificar se estão definidos

critérios de isenção. Identificar se está especificada a fórmula de cálculo da contrapartida. Identificar para onde vão os recursos. Identificar qual a destinação dos recursos e suas finalidades Identificar quem é responsável pela gestão dos recursos. Identificar se o Plano diretor prevê ou define lei específica para o instrumento em

questão. Identificar se estão definidos prazos. No caso do EIV, incluir a definição da linha de corte do empreendimento que estaria

sujeito ao EIV.

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15

Como se aplica¹

onde se aplica²

quando se aplica³

Edificação/Parcelamento Compulsórios IPTU progressivo no tempo

Listados nos Art 47 e 48. Não

definido

Não

definido

Remetido a Lei

futura sem prazo

definido

Objetivo e

estratégia

Prazo de

monitoramento

Prazo de

revisão

Responsável

pelo uso

Procedimento

para uso

Critério

isenção

Quando

houver

demanda em

áreas

infraestrutur

adas

Não definido Não

definido

Não

definido

Não definido Não

definido

Cálculo de

contrapartida

Destino dos

recursos e

finalidades

Responsável

pelo

recursos

Lei

específica?

Prazos EIV

Não

pertinente

Não

pertinente

Não

pertinente

Remetido

para lei

futura

Sem

definição

Não

pertinen

te

Outorga Onerosa ( de direitos de construção ou alteração de usos)

Como se aplica¹

onde se aplica²

quando se aplica³

Listado nos Art 54, 55 e 56 Não

definido

Não

definido

Remetido a Lei

futura sem prazo

definido

Objetivo e

estratégia

Prazo de

monitoramento

Prazo de

revisão

Responsável

pelo uso

Procedimento

para uso

Critério

isenção

Não definido Não definido Não

definido

Não

definido

Não definido Não

definido

Cálculo de

contrapartida

Destino dos

recursos e

finalidades

Responsável

pelo

recursos

Lei

específica?

Prazos EIV

A ser

definido em

lei futura

Destinado

erradamente

ao Art. 45, no

Art. 56

Não

definido

Remetido

para lei

futura

Sem

definição

Não

pertinen

te

Operação Interligada Como se aplica¹

onde se aplica²

quando se aplica³

Não listada Não listada Não listada Não listada

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16

Objetivo e

estratégia

Prazo de

monitoramento

Prazo de

revisão

Responsável

pelo uso

Procedimento

para uso

Critério

isenção

XXX XXX XXX XXX XXX XXX

Cálculo de

contrapartida

Destino dos

recursos e

finalidades

Responsável

pelo

recursos

Lei

específica?

Prazos EIV

XXX XXX XXX XXX XXX XXX

ZEIS – Zonas de Especial Interesse Social Como se aplica¹

onde se aplica²

quando se aplica³

Listada no Art 44 inc II Não

definido

Em terrenos

não

utilizados ou

subutilizado,

ou

loteamentos

irregulares

Remetido a Lei

futura sem prazo

definido

Objetivo e

estratégia

Prazo de

monitoramento

Prazo de

revisão

Responsável

pelo uso

Procedimento

para uso

Critério

isenção

Para a

implantação

de programas

habitacionais

de baixa

renda

Não definido Não

definido

Não

definido

Em terrenos

não

utilizados ou

subutilizados

ou

loteamentos

ou conjuntos

habitacionais

irregulares

Não

pertinen

te

Cálculo de

contrapartida

Destino dos

recursos e

finalidades

Responsável

pelo

recursos

Lei

específica?

Prazos EIV

Não

pertinente

Não

pertinente

Não

pertinente

Remetido

para lei

futura

Não definido Não

pertinen

te

Operação Urbana Como se aplica¹

onde se aplica²

quando se aplica³

Listada nos Art. 57 a 60 Não

definido

Não

definido

Remetido a Lei

futura sem prazo

definido

Objetivo e

estratégia

Prazo de

monitoramento

Prazo de

revisão

Responsável

pelo uso

Procedimento

para uso

Critério

isenção

Alcançar em Não definido Não Não Por Não

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17

uma área,

transformaçõ

es

urbanísticas

estruturais,

melhorias

sociais e a

valorização

ambiental.

definido definido promulgação

de Lei

específica

pertinen

te

Cálculo de

contrapartida

Destino dos

recursos e

finalidades

Responsável

pelo

recursos

Lei

específica?

Prazos EIV

A ser

calculada na

lei futura

Na própria

área

Não

definido

Remetido

para lei

futura

Não definido Não

pertinen

te

Transferência do Direito de Construir Como se aplica¹

onde se aplica²

quando se aplica³

Listado no Art. 61 Não

definido

Não

definido

Remetido a Lei

futura sem prazo

definido

Objetivo e

estratégia

Prazo de

monitoramento

Prazo de

revisão

Responsável

pelo uso

Procedimento

para uso

Critério

isenção Para uso de

imóvel

destinado a –

implantação de

equipamentos

urbanos e

comunitários;

–preservação,

quando o

imóvel for

considerado

de interesse

histórico,

ambiental,

paisagístico,

social ou

cultural;

I– servir a

programas de

regularização

Não definido Não

definido

Não

definido

Não

definido

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fundiária,

urbanização de

áreas

ocupadas por

população de

baixa renda e

habitação de

interesse

social.

Cálculo de

contrapartida

Destino dos

recursos e

finalidades

Responsável

pelo

recursos

Lei

específica?

Prazos EIV

Não

pertinente

Não

pertinente

Não

pertinente

Remetido

para lei

futura

Não definido Não

pertinent

e

EIV – Estudos de Impacto de Vizinhança Como se aplica¹

onde se aplica²

quando se aplica³

Listado nos Art. 62 à 64 Não

definido

Não

definido

Remetido a Lei

futura sem prazo

definido

Objetivo e

estratégia

Prazo de

monitora

mento

Prazo de

revisão

Responsável

pelo uso

Procedimento

para uso

Critério

isenção

Para contemplar os

efeitos negativos e

positivos do

empreendimento ou

atividade quanto à

qualidade de vida da

população residente

na área e suas

proximidades

Não

definido

Não

definido

Não

definido

Para TODOS

os

empreendime

ntos

Não

pertinent

e

Cálculo de

contrapartida

Destino

dos

recursos

e

finalidad

es

Responsável

pelo

recursos

Lei

específica?

Prazos EIV

Não pertinente Não

pertinen

te

Não

pertinente

Remetido

para lei

futura

Não definido

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Concessão de uso especial para moradia Como se aplica¹

onde se aplica²

quando se aplica³

Não listado

Objetivo e

estratégia

Prazo de

monitoramento

Prazo de

revisão

Responsável

pelo uso

Procedimento

para uso

Critério

isenção

XXX XXX XXX XXX XXX XXX

Cálculo de

contrapartida

Destino dos

recursos e

finalidades

Responsável

pelo

recursos

Lei

específica?

Prazos EIV

XXX XXX XXX XXX XXX XXX

Direito de superfície Como se aplica¹

onde se aplica²

quando se aplica³

Não listado

Objetivo e

estratégia

Prazo de

monitoramento

Prazo de

revisão

Responsável

pelo uso

Procedimento

para uso

Critério

isenção

XXX XXX XXX XXX XXX XXX

Cálculo de

contrapartida

Destino dos

recursos e

finalidades

Responsável

pelo

recursos

Lei

específica?

Prazos EIV

XXX XXX XXX XXX XXX XXX

Direito de preempção Como se aplica¹ onde se aplica²

quando se aplica³

Listado nos Art. 51 à 53 Quando houver

necessidade de área

para:

I – regularização fundiária; II – execução de programas e projetos habitacionais de interesse social; III – constituição de reserva fundiária; IV – ordenamento e direcionamento da expansão urbana; V – implantação de direitos urbanos e comunitários; VI – criação de espaços públicos de lazer e áreas verdes;

Em área a

ser

definida

Remetido a Lei

futura sem prazo

definido

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VII - criação de unidades de conservação ou proteção de outras áreas de interesse ambiental; VIII – proteção de áreas de interesse histórico, cultural e paisagístico.

Objetivo e

estratégia

Prazo de

monitoramento

Prazo de

revisão

Responsável

pelo uso

Procedimento

para uso

Critério

isenção

Para uso nos

vazios

urbanos na

periferia da

cidade

Não definido Não

definido

Não

definido

XXX XXX

Cálculo de

contrapartida

Destino dos

recursos e

finalidades

Responsável

pelo

recursos

Lei

específica?

Prazos EIV

Não

pertinente

Não

pertinente

Não

pertinente

Remetido

para lei

futura

Não definido Não

pertinen

te Observações: (1) Como se aplica – fazer uma descrição sucinta do funcionamento do instrumento. (2) Onde se aplica – identificar a relação com o zoneamento ou macrozoneamento. (3) Quando se aplica – verificar se a aplicação ocorre a partir da data de aprovação do plano; se há prazo para regulamenteação; ou se há outras definições.

C. Acesso aos serviços e equipamentos urbanos, com ênfase no acesso à habitação, ao saneamento ambiental e ao transporte e à mobilidade.

O Estatuto das Cidades estabelece que o plano diretor, aprovado por lei municipal, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana (art. 40). Nesse sentido é fundamental avaliar em que medida o Plano Diretor aprovado pelos municípios incorporam diretrizes, instrumentos e programas visando o acesso aos serviços e equipamentos urbanos e a sustentabilidade ambiental, com ênfase no acesso à habitação, ao saneamento ambiental, ao transporte e mobilidade e ao meio ambiente urbano sustentável. Questões centrais: I – O Plano Diretor e a Integração das Políticas Urbanas Buscar-se-á avaliar a existência de uma abordagem integrada das políticas urbanas através dos seguintes aspectos:

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1. Definições, diretrizes e políticas que expressem essa abordagem integrada

Aparecem como sinais de abordagem integrada, no Art 4 os inc I, III e IV, como

objetivos da Política Urbana:

I – ordenar o crescimento das diversas áreas da cidade, compatibilizando-o com o saneamento básico, o sistema viário e de transportes e os demais equipamentos e serviços urbanos; III – compatibilizar o desenvolvimento urbano com a proteção do meio ambiente; IV – proteger o patrimônio histórico, artístico, cultural, folclórico, natural, paisagístico, arqueológico, lendário, pitoresco, imaterial e turístico. O Art 5 aponta como diretrizes gerais, que apontam para uma abordagem integrada,

os incisos:

III – realizar o desenvolvimento sustentável do município, compreendendo a garantia do direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte coletivo de passageiros e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer para as presentes e futuras gerações; V - orientar a expansão urbana e do adensamento segundo a disponibilidade de saneamento básico, dos sistemas viários e de transporte e dos demais equipamentos e serviços urbanos; VI – promover a integração e a complementaridade entre as atividades urbanas e rurais, tendo em vista o desenvolvimento sócio-econômico do município, priorizando o Turismo como indutor e facilitador dessa complementaridade; VIII – promover a proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e construído do Município, do seu patrimônio natural, cultural, histórico, paisagístico, arquitetônico e arqueológico, se estes forem identificados;

2. A criação de programas e a instituição de instrumentos visando a integração das políticas urbanas.

Não pude identificar programas que visem a integração das políticas. Entretanto, mais

uma vez, há aspectos legais de muito boa intenção neste sentido, que são remetidos

para o futuro. Destaco:

Art. 37 - Lei específica instituirá o sistema municipal de planejamento urbano, definindo a sua estrutura a qual será integrada pelo Conselho Municipal de Política Econômica, a ser criado.

Art.38 - O sistema municipal de planejamento urbano se responsabilizará:

I – pela aplicação das diretrizes e políticas setoriais previstas, bem como acompanhamento e a avaliação dos resultados da implementação do Plano Diretor; II – pela ampla divulgação dos dados e informações; III – pela realização de análises e formulação de propostas solicitadas aos órgãos do sistema de planejamento pelas instituições da sociedade civil; IV - pela criação e atualização de um sistema de informações sobre a cidade, compreendendo, entre outros, cadastro de terras e infra-estrutura e dados gerais sobre o uso e ocupação do solo urbano.

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Art. 95 – Ficam estabelecidas as seguintes prioridades e prazos de

execução e cumprimento pelo Poder Público: I – instituir o Sistema de Gestão e Planejamento Permanente e Democrático, visando a avaliação, atualização e ajustes na implementação do Plano Diretor Participativo, dentro do prazo de um ano, contados do início de vigência desta Lei;

3. Identificar eventuais contradições e dicotomias entre as definições e instrumentos relativos às políticas setoriais previstas no Plano.

Não pude identificar II – O Plano Diretor e a Política de Habitação. Buscar-se-á identificar:

1. A existência de diagnóstico identificando a situação habitacional do município, com ênfase nas desigualdades sociais nas condições de moradia e no déficit habitacional. Identificar se essa avaliação incluiu levantamentos específicos ou se o plano prevê a elaboração de cadastros de moradias precárias.

Não há diagnóstico da situação habitacional. 2. As diretrizes estabelecidas para a política de habitação.

No Art. 25 - A política habitacional do Município visa assegurar o direito

social de moradia e reduzir o déficit habitacional, com base nas seguintes diretrizes:

I – dar prioridade ao atendimento da população de baixa renda que ocupa áreas de risco para a vida ou à saúde, insalubres e de preservação ambiental; II – desenvolver programas de melhoria de qualidade de vida dos moradores de habitações de interesse social através de programas de valorização do espaço público destinado ao lazer, aos esportes, à cultura e implantação de equipamentos comunitários; III – captar recursos financeiros, institucionais, técnicos e administrativos em fontes privadas e governamentais, destinados a investimentos de interesse social e habitação popular; IV – promover campanhas de educação ambiental nos programas habitacionais, objetivando a preservação dos mananciais de água, a não ocupação de áreas de risco, e de espaços destinados ao uso comum do povo; V – implantar áreas de interesse social em zoneamento próprio; VI – criar, promover ou implantar programas habitacionais federais, estaduais ou municipais, públicos ou privados no município. VII- Quando da aprovação de novos loteamentos particulares será destinada uma área à Municipalidade para construção de casas populares na proporção de pelo menos 10% (dez por cento) do tamanho da área, destinada a construção de casas particulares. (vale destacar este inciso, pela ousadia. Em conversa com técnicos da PMV, soube que este item causou e causa incômodo aos loteadores da cidade) VIII-promover e estimular convênio com conselhos e entidades de classe com o objetivo de garantir a qualidade das construções da população de baixa renda, mediante aplicação de programa de arquitetura pública, orientação à população quanto às normas técnicas e legais de construção, aprovação de projetos, qualidade de projeto e construção, de forma a alcançar qualidade da habitação e da

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paisagem urbana; IX- incentivar empreendedores do setor imobiliário para a produção de lotes urbanizados e unidades habitacionais voltados ao mercado popular; X- implantar programas de regularização fundiária gratuita ou onerosa, do solo e das edificações; XI- apoiar e desenvolver programas de cooperativas de habitação popular, mediante assessoramento para a obtenção de melhores padrões de assentamento, aperfeiçoamento técnico de suas equipes e a consecução dos objetivos de proporcionar moradia de qualidade e custo justo; XII – especificar áreas para a expansão urbana, preservando nascentes e resgatando as degradadas.

3. A definição de objetivos (e o grau de concretude dos mesmos) e o eventual

estabelecimento de metas concretas.

Os objetivos são dados pelo caput do Art. 25 - A política habitacional do Município visa assegurar o direito social de moradia e reduzir o déficit habitacional, com base nas seguintes diretrizes

Não há concretude ou metas concretas. 4. A definição de uma estratégia de aumento da oferta de moradias na cidade pela

intervenção regulatória , urbanística e fiscal na dinâmica de uso e ocupação do solo urbano.

Não existe uma estratégia strito-sensu, mas diretrizes que apontam para uma direção.

Vale destacar no Art 25 os incisos I, III, V, e VII 5. A definição de instrumentos específicos visando a produção de moradia popular.

Verificar se o plano define instrumentos específico voltado para cooperativas populares.

O PD aponta como diretriz no inciso XI do Art. 25 apoiar e desenvolver programas de cooperativas de habitação popular, mediante assessoramento para a obtenção de melhores padrões de assentamento, aperfeiçoamento técnico de suas equipes e a consecução dos objetivos de proporcionar moradia de qualidade e custo justo;

6. A criação de programas específicos (urbanização de favelas, regularização de loteamentos, etc.)

O inciso X do Art. 25 aponta como diretriz implantar programas de regularização fundiária gratuita ou onerosa, do solo e das edificações;

7. A utilização dos instrumentos previstos no Estatuto da Cidade – em especial, (i) a instituição de ZEIS – Zonas Especiais de Interesse Social, inclusive em áreas vazias; (ii) a demarcação de áreas dotadas de infra-estrutura, inclusive em centrais, para fins de habitação popular; (iii) o estabelecimento de parâmetros de uso e ocupação do solo condizentes com os princípios da função social da propriedade; (iv) a outorga onerosa do direito de construir; (v) o parcelamento compulsório e o IPTU progressivo – e sua relação com a política de habitação definida no plano diretor, observando a aplicação desses instrumentos em áreas definidas, seus objetivos e o estabelecimento de prazos.

i – ZEIS não foram lançadas ou definidas em mapas;

ii – não houve demarcação da áreas com infra-estrutura;

iii – não houve estabelecimento de parâmetros de uso;

iv – não houve definição para seu uso.

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8. O uso de outros instrumentos voltados para a política habitacional tais como consórcios imobiliários, operações interligadas com destinação de recursos para o Fundo de Habitação, etc.

Os recursos previstos das operações urbanas consorciadas ( Art. 56) são destinados a

finalidades não existentes na Lei. Os incisos indicados – I a VIII do Art 45 não

existem. 9. O estabelecimento de plano municipal de habitação, a definição de objetivos,

diretrizes e o estabelecimento de prazos.

Aparece como diretriz no Art 16 inc IX - promover e estimular a implantação do Sistema Municipal de Habitação , inclusive com a formulação da Politica Municipal de Habitação; A existência de princípios e objetivos que visem a ação articulada com os níveis de governo estadual e federal.

Apenas como diretriz, o inciso VI do Art 25 - criar, promover ou implantar programas habitacionais federais, estaduais ou municipais, públicos ou privados no município.

10. A instituição de fundo específico de habitação de interesse social, ou de fundo de desenvolvimento urbano (desde que também seja destinado à habitação), e suas fontes de recursos, observando: (i) o detalhamento da destinação dos recursos do Fundo; (ii) quem gere o Fundo criado; (iii) quais são as receitas do Fundo; (iv) a necessidade de legislação específica; (v) prazos estabelecidos.

Não há a instituição de fundo. 11. A existência de definições relativas ao orçamento municipal (PPA, LDO e LOA),

como tornar obrigatório a existência de um Programa de Habitação a ser contemplado nos instrumentos orçamentários PPA, LDO e LOA ou a determinação de prioridades de investimentos, a definição de obras e investimentos concretos na área habitacional, por exemplo.

O Art 2° em seu parágrafo 2° determina As leis municipais do plano plurianual, das diretrizes orçamentárias e do orçamento anual, incorporarão e observarão as diretrizes e prioridades estabelecidas nesta lei, nos termos do parágrafo 1º do artigo 40, da Lei 10.257 de 10 de julho de 2001, e serão elaboradas mediante processo participativo, em cumprimento da diretriz de gestão democrática da cidade e de gestão orçamentária participativa, estabelecida no artigo 44, da Lei 10.257 de 10 de julho de 2001. Este item pode ser um poderoso instrumento de pressão legal.

12. A definição de critérios de gênero, etnia/raça ou de outras políticas afirmativas.

Não há 13. O grau de auto-aplicabilidade das definições estabelecidas na política habitacional.

Não há auto aplicabilidade das definições da política habitacional. 14. A definição dos instrumentos e mecanismos de controle social na política de

habitação.

Um dos pontos fortes deste PD é o sistema de controle social previsto nos Art 65 à

93. A gestão democrática da Cidade tem por objetivo efetivar as políticas e ações estratégicas ....(Art 65), avaliar, revisar e fiscalizar o PD (Art 69), elaborar o

PPA, LDO e LOA (Art 70), para casos de EIV, Conferências das Cidades, eleição do

Conselho das Cidades.

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III – O Plano Diretor e a Política de Saneamento Ambiental. Buscar-se-á identificar:

1. A existência de diagnóstico identificando a situação do município na área do saneamento ambiental, com ênfase nas desigualdades sociais no acesso ao abastecimento de água, à rede de esgotos e à coleta de resíduos sólidos, bem como a situação social relativa à gestão de recursos hídricos, em especial à drenagem urbana e seus impactos sobre as áreas sujeitas às enchentes.

Não há diagnóstico de saneamento ambiental, a menos que assim consideremos a

constatação de que os efluentes domésticos são todos lançados nos rios, sem

tratamento. Há, no diagnóstico de suporte ao PD, afirmações genéricas sobre

drenagem, e comentários sobre coleta de lixo urbano. 2. As diretrizes estabelecidas para a política de saneamento ambiental, identificando

se o PD apresenta uma visão integrada de saneamento ambiental. Aqui também é fundamental verificar se na política de uso do solo há definições relativas à disponibilidade de infra-estrutura de saneamento

Há uma visão integrada do saneamento ambiental no Art. 16, mas não há definições no

PD sobre política do uso do sola ligada a saneamento. 3. A definição de objetivos (e o grau de concretude dos mesmos) e o eventual

estabelecimento de metas concretas. Verificar se o PD apresenta alguma definição sobre a titularidade municipal do serviço ou sobre o papel do município na gestão dos serviços, se traz alguma indicação de privatização dos mesmos, ou ainda se traz alguma informação relativa ao contrato com a prestadora de serviços.

Não há nenhuma meta concreta para o saneamento. Define no Art. 27 inc I - Os serviços de produção e distribuição de água potável ficarão a cargo do Estado ou de sua Companhia de abastecimento de água potável;

4. A definição de instrumentos específicos visando a universalização do acesso aos serviços de saneamento ambiental.

Não há esta definição, exceto como objetivo geral, conforme Art. 28. São diretrizes da política de infra-estrutura e dos serviços de utilidade pública: I – assegurar a universalização do acesso à infra-estrutura e aos serviços de utilidade pública;

5. A utilização dos instrumentos previstos no Estatuto da Cidade – em especial, (i) a instituição de ZEIS – Zonas Especiais de Interesse Social, inclusive em áreas vazias; (ii) a demarcação de áreas dotadas de infra-estrutura, inclusive em centrais, para fins de habitação popular; (iii) o estabelecimento de parâmetros de uso e ocupação do solo condizentes com os princípios da função social da propriedade; (iv) a outorga onerosa do direito de construir; (v) o parcelamento compulsório e o IPTU progressivo – e sua relação com a política de saneamento ambiental definida no plano diretor, observando a aplicação desses instrumentos em áreas definidas, seus objetivos e o estabelecimento de prazos.

Já respondido na pág 23

6. A utilização de outros instrumentos para viabilizar a política de saneamento ambiental , tais como direito de preempção sobre áreas destinadas a implementação de estação de tratamento de efluentes; transferência de direito de construir sobre perímetros a serem atingidos por obras de implementação de infraestrutura de saneamento, etc.

Não há utilização destes instrumentos.

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7. O estabelecimento de plano municipal de saneamento ambiental, a definição de objetivos, diretrizes e o estabelecimento de prazos.

Não foi estabelecido o plano municipal de saneamento, nem apontado como uma

necessidade. 8. A existência de princípios e objetivos que visem a ação articulada com os níveis de

governo estaduais e federal.

Não foram incluídos tais princípios e objetivos. 9. A instituição de fundo específico de saneamento ambiental, ou de fundo de

desenvolvimento urbano (desde que também seja destinado ao saneamento ambiental), e suas fontes de recursos, observando: (i) o detalhamento da destinação dos recursos do Fundo; (ii) quem gere o Fundo criado; (iii) quais são as receitas do Fundo; (iv) a necessidade de legislação específica; (v) prazos estabelecidos.

Não foi criada ou lembrada a criação de tal fundo. 10. A existência de definições relativas ao orçamento municipal (PPA, LDO e LOA),

como a determinação de prioridades de investimentos, ou a definição de obras e investimentos concretos na área de saneamento ambiental, por exemplo.

Há apenas uma listagem de diversos investimentos, sem obrigação legal de inclusão no

orçamento. 11. A definição de critérios de gênero, etnia/raça ou de outras políticas afirmativas.

Não há. 12. O grau de auto-aplicabilidade das definições estabelecidas na política de

saneamento ambiental.

Não há auto-aplicabilidade. 13. A definição de uma política de extensão da rede de serviços de saneamento

ambiental na expansão urbana.

Aparece como uma diretriz nos Art. 18, 20, 21 e 27, respectivamente sobre recursos

hídricos, limpeza urbana, esgotamento sanitário e abastecimento dágua. 14. A definição dos instrumentos e mecanismos de controle social na política de

saneamento ambiental.

Não há esta definição nos artigos relativos ao saneamento, porém os Art. 65 a 93

apresentam fortes instrumentos destinados ao controle social. IV – O Plano Diretor e a Política de Mobilidade e Transporte. Buscar-se-á identificar:

1. A existência de diagnóstico identificando a situação do município na área da mobilidade e do transporte, com ênfase nas desigualdades sociais no acesso as áreas centrais (trabalho, escola e lazer).

Não há este diagnóstico. 2. A s diretrizes estabelecidas para a política de mobilidade e transporte, com ênfase

na inclusão social. Identificar-se-á a existência de alguma política ou diretrizes relativa às tarifas.

Os princípios para o transporte coletivo aparecem no Art 24 - I – democratização do sistema viário, com prioridade do seu uso para o transporte público coletivo rodoviário sobre o transporte individual; II – promoção de mecanismos para a participação da comunidade e dos usuários no planejamento e na fiscalização dos órgãos gerenciadores e operadores de transporte;

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III – estabelecimento de prioridade para a proteção individual dos cidadãos e do meio ambiente com o aperfeiçoamento dos transportes; IV – estabelecimento de linhas e horários para o transporte público coletivo rodoviário, que contemplem as necessidades da população; V – racionalização do sistema de transporte rodoviário e o estabelecimento de gerenciamento e controle da operação; VI – promoção da educação para o trânsito; VII – implantação de ciclovias destinadas ao deslocamento da comunidade local, bem como ao uso turístico; VIII – exigibilidade de estudos de impacto de vizinhança na implantação de empreendimentos geradores de tráfego; IX – implementação de programas e projetos destinados à proteção da circulação de pedestres, ciclistas e portadores de deficiências. No tocante á mobilidade não há menção de princípios.

3. Deve ser avaliado se as diretrizes e os objetivos de intervenção visam: a) conformar o sistema de transportes pela definição de modais com funções diferentes; c) definição do modal prioritário a ser estimulado pelo poder público; c) a existência de princípios regulatórios; d) a existência de diretrizes para integração de modais; e) a definição de uma hierarquização do sistema viário.

a) No inc VII do Art. 24, aparece a desejável implantação de ciclovias. b) o

transporte coletivo rodovário aparece como prioridade no Inc I c) Não há menção a

princípios regulatórios. d) nem a integração de modais, ou e) hierarquização.

4. A definição de objetivos (e o grau de concretude dos mesmos) e o eventual estabelecimento de metas concretas.

Não há definição de metas concretas.

5. A definição de instrumentos específicos visando a ampliação da mobilidade da população e promoção de serviços de transporte público de qualidade (identificando a existência de política de promoção de ciclovias e transportes não-poluentes e/ou não-motorizados).

Não há. 6. A utilização dos instrumentos previstos no Estatuto da Cidade – em especial, (i) a

instituição de ZEIS – Zonas Especiais de Interesse Social, inclusive em áreas vazias; (ii) a demarcação de áreas dotadas de infra-estrutura, inclusive em centrais, para fins de habitação popular; (iii) o estabelecimento de parâmetros de uso e ocupação do solo condizentes com os princípios da função social da propriedade; (iv) a outorga onerosa do direito de construir; (v) o parcelamento compulsório e o IPTU progressivo – e sua relação com a política de mobilidade e transportes definida no plano diretor, observando a aplicação desses instrumentos em áreas definidas, seus objetivos e o estabelecimento de prazos.

Não pude identificar nenhum uso dos instrumentos apontados na política de

mobilidade e transporte. 7. A utilização de outros instrumentos vinculados à política de transporte/mobilidade,

tais como: operações urbanas consorciadas para viabilizar intervenções no sistema viário e/ou sistemas de transporte coletivo, transferência de potencial construtivo

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de perímetros a serem atingidos por obras de implementação de infraestrutura, outorga onerosa de potencial construtivo etc.

Não pude identificar nenhum uso dos instrumentos apontados na política de

mobilidade e transporte. 8. O estabelecimento de plano municipal de mobilidade e/ou de plano viário da

cidade, seus objetivos, suas diretrizes e o estabelecimento de prazos.

Não foi estabelecida a necessidade deste Plano 9. A existência de princípios e objetivos que visem a ação articulada com os níveis de

governo estaduais e federal. No caso de municípios integrantes de RM, verificar a existência de propostas referentes à integração do sistema, integração tarifária, etc

Não identifiquei tais princípios e objetivos. 10. A instituição de fundo específico de mobilidade e transportes, ou de fundo de

desenvolvimento urbano (desde que também seja destinado a área de transporte e mobilidade), e suas fontes de recursos, observando: (i) o detalhamento da destinação dos recursos do Fundo; (ii) quem gere o Fundo criado; (iii) quais são as receitas do Fundo; (iv) a necessidade de legislação específica; (v) prazos estabelecidos.

Não houve a proposta de criação de tal fundo. 11. A existência de definições relativas ao orçamento municipal (PPA, LDO e LOA),

como a determinação de prioridades de investimentos, ou a definição de obras e investimentos concretos na área de mobilidade e transportes, por exemplo.

O Art 2 parágrafo 2 determina que As leis municipais do plano plurianual, das diretrizes orçamentárias e do orçamento anual, incorporarão e observarão as diretrizes e prioridades estabelecidas nesta lei, nos termos do parágrafo 1º do artigo 40, da Lei 10.257 de 10 de julho de 2001, e serão elaboradas mediante processo participativo, em cumprimento da diretriz de gestão democrática da cidade e de gestão orçamentária participativa, estabelecida no artigo 44, da Lei 10.257 de 10 de julho de 2001. Há também uma listagem de diversos investimentos.

12. A definição de critérios de gênero, etnia/raça ou de outras políticas afirmativas.

Não há. 13. O grau de auto-aplicabilidade das definições estabelecidas na política de

mobilidade e transportes.

Não há auto aplicabilidade. 14. A definição de uma política de extensão da rede de serviços de transportes públicos

na expansão urbana.

Não. 15. A definição dos instrumentos e mecanismos de controle social na política de

transporte e mobilidade.

Não há esta definição nos artigos relativos ao transporte e/ou mobilidade, porém os

Art. 65 a 93 apresentam fortes instrumentos destinados ao controle social. V – O Plano Diretor e a Política de Meio Ambiente. Buscar-se-á identificar:

1. A existência de diagnóstico identificando a situação do município na área do meio ambiente, com ênfase nas desigualdades sociais relacionadas aos impactos da degradação do meio ambiente sobre as diferentes áreas da cidade (localização de

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depósitos de lixo ou de resíduos tóxicos, disponibilidade de áreas verdes, por exemplo), na perspectiva da justiça sócio-ambiental.

Não há diagnóstico ambiental. 2. As diretrizes estabelecidas para a política de meio ambiente. Verificar

particularmente se existem dispositivos restritivos à moradia de interesse social (por exemplo, remoções de moradias em áreas de preservação).

As diretrizes estão expressa no Art. 11 - I – planejar e fiscalizar o uso dos recursos ambientais; II – promover a educação ambiental da municipalidade, especialmente dos estudantes de ensino fundamental; III – recuperar e preservar a qualidade de meio ambiente; IV – promover e fomentar a pesquisa, o desenvolvimento e a aplicação de tecnologias adequadas à proteção dos recursos naturais; V – proteger e preservar os ecossistemas com a preservação das áreas indispensáveis à sua manutenção; VI – definir áreas e programas prioritários de ação governamental objetivando a preservação e a promoção da boa qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico; VII – manter atualizado o sistema integrado de informações ambientais, bem como proceder periodicamente à divulgação das informações e dados nele contidos para toda a comunidade. Não há restrições ambientais a moradias de interesse social.

3. A definição de objetivos (e o grau de concretude dos mesmos) e o eventual estabelecimento de metas concretas.

Não há metas definidas. 4. A definição de instrumentos específicos visando a sustentabilidade ambiental

(zoneamento ambiental e instrumentos jurídicos e fiscais). Verificar se o plano tem definições – e quais – e relativas aos seguintes pontos: (i) Delimitação de Áreas de restrição ambiental.

Não (ii) Delimitação de Áreas de utilização e conservação dos recursos naturais.

Não (iii) Delimitação de Áreas de preservação permanente em função de situações

críticas existentes.

Não (iv) Delimitação de Áreas a serem revitalizadas.

No Art 9 VI d Ação 4 há previsão para Recuperar o meio natural: arborização de espaços públicos; reflorestamentos de encostas e topos de morros; reflorestar Morro da Vaca; Implantação do Parque Natural de Santa Catarina e Parque Florestal da Serra Grande; criação de Jardim Botânico;

(iv) Delimitação de Áreas a serem recuperadas ambientalmente.

Não (v) Delimitação de unidades de conservação.

Não

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(vi) Delimitação de zonas de transição entre as Áreas a serem preservadas, conservadas e ocupadas.

Não (vii) Delimitação de Áreas de recuperação e proteção da Fauna e Flora.

Não (ix) Delimitação de Áreas de recuperação e proteção de Recursos Hídricos.

No Art 42 há determinação de macro-zoneamento ambiental, sem que, no entanto

sejam marcadas em mapas.

I. ZV-1 (Zona Verde 1): Corredor Ecológico Rio Paraíba do Sul-Vassouras; II. ZV-2 (Zona Verde2): Corredor Turístico Estrada Parque Barão de Vassouras; III. ZV-3 (Zona Verde 3): Corredor de Biodiversidade Tinguá-Bocaina; IV. APA-1 (Área de Preservação Ambiental): Parque Natural de Santa Catarina; V.APA-2 (Área de Preservação Ambiental): Parque Florestal da Serra Grande; VI. ZAs (Zonas das Águas): micro-bacia do Rio Paraíba do Sul; VII. ZIs (Zonas Industriais): zona industrial na BR-393 e RJ-127. No Art 44 item IV – Área de Especial Interesse Ambiental: aquela destinada á criação de Unidade de Conservação Ambiental, visando á proteção do meio ambiente natural e cultural; também sem mapa que a caracterize.

5. A compatibilização do planejamento territorial com o diagnóstico ambiental, através das seguintes definições: (i) Delimitação de Áreas de Risco de Inundação. (ii) Delimitação de Áreas de Risco Geológico. (iii) Mapeamento da geomorfologia dos solos e aptidões. (iv) Mapeamento de declividades. (v) Delimitação de Áreas com restrição de impermeabilização dos solos. (vi) Delimitação de Áreas de ocupação e de expansão urbana, considerando as condições dos ecossistemas locais e a capacidade de suporte da infra-estrutura. (vii) Delimitação de Áreas de risco à ocupação humana. (viii) Delimitação de Áreas de atividades agrícolas. (ix) Delimitação de Áreas de atividades de exploração. (x) Localização preferencial de comércio, indústria e serviços. (xi) Áreas especiais instituídas em correspondência com as atividades econômicas geradoras de impacto nos ecossistemas locais. (xii) Áreas especiais instituídas em correspondência com as atividades de infra-estrutura urbana geradoras de impacto nos ecossistemas locais

Não foram marcadas nenhuma destas áreas apontadas, pela não existência de

diagnóstico ambiental. 6. O estabelecimento de plano municipal de meio ambiente, seus objetivos, suas

diretrizes e o estabelecimento de prazos.

O Art 12 item 3 indica como instrumento, o Plano de Preservação Ambiental e Cultural; sem explicar do que se trata.

7. A existência de princípios e objetivos que visem a ação articulada com os níveis de governo estaduais e federal.

Não identifiquei tais princípios. 8. A instituição de fundo específico de meio ambiente e suas fontes de recursos,

observando: (i) o detalhamento da destinação dos recursos do Fundo; (ii) quem gere o Fundo criado; (iii) quais são as receitas do Fundo; (iv) a necessidade de legislação específica; (v) prazos estabelecidos.

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Não foi feita tal proposta. 9. A existência de definições relativas ao orçamento municipal (PPA, LDO e LOA),

como a determinação de prioridades de investimentos, ou a definição de obras e investimentos concretos na área ambiental, por exemplo.

O Art 2 parágrafo 2 determina que As leis municipais do plano plurianual, das diretrizes orçamentárias e do orçamento anual, incorporarão e observarão as diretrizes e prioridades estabelecidas nesta lei, nos termos do parágrafo 1º do artigo 40, da Lei 10.257 de 10 de julho de 2001, e serão elaboradas mediante processo participativo, em cumprimento da diretriz de gestão democrática da cidade e de gestão orçamentária participativa, estabelecida no artigo 44, da Lei 10.257 de 10 de julho de 2001. Há também uma listagem de diversos investimentos.

10. A definição de critérios de gênero, etnia/raça ou de outras políticas afirmativas.

Não há. 11. O grau de auto-aplicabilidade das definições estabelecidas na política de meio

ambiente.

Não há. 12. A definição dos instrumentos e mecanismos de controle social na política de meio

ambiente.

Apenas nos Art. 65 a 93 VI – O Plano Diretor e a Política Metropolitana (apenas para os municípios situados em regiões metropolitanas). A idéia é situar os municípios segundo o grau de integração metropolitana e o grau de autonomia fiscal dos municípios (utilizando a tipologia e os estudos do Observatório das Metrópoles) Para os municípios situados em regiões metropolitanas, buscar-se-á avaliar em que medida os planos diretores incorporaram instrumentos de gestão compartilhada em torno das políticas urbanas. Buscar-se-á identificar:

1. A existência de diagnóstico identificando a situação do município no contexto metropolitano, com ênfase nos problemas de coordenação e cooperação entre os municípios e nas desigualdades sociais existentes na metrópole.

2. As diretrizes estabelecidas na perspectiva da integração do município à metrópole.

3. A definição de objetivos (e o grau de concretude dos mesmos) e o eventual estabelecimento de metas concretas visando uma política metropolitana.

4. A definição de instrumentos específicos visando a gestão compartilhada e cooperativa com outros municípios metropolitanos (por exemplo, a definição de consórcios municipais) e se envolve outros âmbitos federativos (estados e união).

5. O grau de auto-aplicabilidade das definições estabelecidas na política metropolitana.

D – Sistema de Gestão e Participação Democrática

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Nesse item, a avaliação está centrada nos seguintes objetivos:

(i) Identificar os elementos presentes nos planos diretores que garantam a implementação do estatuto das cidades nos itens referentes à participação social no planejamento e gestão das cidades.

Os artigos do Título IV, que são o que há de melhor no PD, com todos os instrumentos

previstos do Estatuto da Cidade referentes ao planejamento e gestão. (ii) Identificar se o plano regulamenta ou prevê a criação de Conselhos das Cidades e

outros mecanismos de participação.

Sim nos Art 76 a 81.

Art.76 – As Conferências da cidade tem por finalidade promover a participação da população nos processos decisórios do Poder Público Municipal sobre assuntos de interesse público do Município. Parágrafo 1°- As Conferências da Cidade serão realizadas ordinariamente: I – durante a elaboração do Plano Plurianual; II- quando convocadas, elo Conselho Nacional das Cidades, com vistas à contribuição nas propostas das Conferências das Cidades a nível estadual e nacional. Paragrafo 2° - As Conferências da Cidade serão realizadas extraordinariamente para deliberação sobre proposta de alteração da Lei do Plano Diretor como condição obrigatória à sua aprovação pela Câmara Municipal. Art.77 – As conferências da Cidade tem caráter deliberativo e as resoluções tomadas vinculam as decisões do Poder Executivo. Paragrafo Único – Se houver necessidade de alteração das deliberações tomadas nas Conferências da Cidade o Poder Executivo deve convocar Audiência Pública para esclarecer os motivos da alteração. Art.78 – A Conferência da Cidade terá dentre outras atribuições: I – avaliar a implementação e deliberar sobre proposta de revisão do Plano Diretor de Vassouras; II- deliberar sobre alterações do Plano Diretor de Vassouras: III- eleger e destituir os membros do Conselho das Cidades de Vassouras: IV -eleger os (as) delegados (as) para Conferência Estadual da Cidade, conforme legislação pertinente; V- sugerir ao Poder Executivo Municipal adequações nos instrumentos, programas e projetos destinados à efetivação dos princípios, políticas e ações estratégicas do Plano Diretor de Vassouras:

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VI – discutir e deliberar sobre o Plano Plurianual. Art.79 – As conferências da Cidade poderão ser convocadas: I- pelo Poder Executivo Municipal em conjunto com o Conselho das Cidades de Vassouras; II- pela sociedade civil por solicitação de no mínimo 1% (um por cento) dos eleitores do município. Art.80 – Participam das Conferências da Cidade: I – delegados (as) eleitos (as) nas Pré- Conferências da Cidade ou indicados (as) por entidades representativas dos diversos segmentos da sociedade civil com direito a voz e voto; II – demais cidadãos e cidadâs na qualidade de observadores com direito a voz.

Art.81 - As Conferências da Cidade serão precedidas de Pré- Conferências realizadas por temáticas, por segmento ou por territórios conforme a divisão do Município. Parágrafo 1° - As Pré-Conferências deverão ser organizadas com antecedência de no mínimo 30 (trinta) dias, para garantir que os diferente segmentos sociais possam tomar conhecimento dos temas que serão debatidos e deliberados durante as Conferências da Cidade. Parágrafo 2° - A publicidade das Conferências e Pré-Conferências da Cidade deve respeitar o disposto no art.64 desta Lei. Parágrafo 3° - Cada Conferência e Pré -Conferência da Cidade deverá ser organizada com base em regimento que discipline todo o processo de realização, sendo adotado, quando for o caso, o Regimento elaborado pelo Conselho Nacional das Cidades – ConCIdades – para o processo de Conferência Nacional das Cidades.

(iii) Identificar a relação entre as ações do PD e o processo orçamentário (PPA,

LDO e LOA).

O Art 2 parágrafo 2 determina que As leis municipais do plano plurianual, das diretrizes orçamentárias e do orçamento anual, incorporarão e observarão as diretrizes e prioridades estabelecidas nesta lei, nos termos do parágrafo 1º do artigo 40, da Lei 10.257 de 10 de julho de 2001, e serão elaboradas mediante processo participativo, em cumprimento da diretriz de gestão democrática da cidade e de gestão orçamentária participativa, estabelecida no artigo 44, da Lei

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10.257 de 10 de julho de 2001. Há também uma listagem de diversos investimentos.

(iv) Identificar as referências e definições relativas à estrutura de gestão da Prefeitura e as condições para o planejamento das ações e seu monitoramento.

O Art 37 remete para lei futura o sistema municipal de planejamento, sem

data limite para tal. Art. 37 - Lei específica instituirá o sistema municipal de planejamento urbano, definindo a sua estrutura a qual será integrada pelo Conselho Municipal de Política Econômica, a ser criado. Já o Art 78 cria o Conselho das Cidades articulado com a Conferências das Cidades. Questões centrais:

1. A existência de previsão de audiências públicas obrigatórias. Se sim, em que casos?

Para a produção das Leis orçamentárias (Art 70) e para EIA e EIV (Art 72). 2. As definições relativas às consultas públicas (plebiscito; referendo popular ou

outras)

Aparecem nos Art 70 a 75

Art 70 - As audiências públicas tem por finalidade informar e prestar esclarecimentos à população sobre os atos do Poder Público Municipal.

Parágrafo Único – As Audiências Publicas serão realizadas obrigatoriamente:

I – durante a elaboração do Plano Plurianual, da Lei de Diretrizes Orçamentárias e da Lei Orçamento Anual como condição necessária à sua aprovação pela Câmara Municipal, conforme determina o artigo 44 da Lei Federal 10.257/2001;

II – nos demais casos previstos em legislação.

Art. 71 - Os Debates públicos tem por finalidade discutir, avaliar impactos e resultados, analisar e colher subsídios, críticas e sugestões sobre assuntos de interesse público do Município.

Parágrafo Único: Os debates públicos serão obrigatoriamente: I – durante a elaboração de projetos, programa e legislações propostas

pelo Poder Público Municipal; II – durante a elaboração de Estudo de Impacto Ambiental ( EIA) e de

Estudos de Impacto de Vizinhança (EIV) sobre a implantação de empreendimentos ou atividades públicas ou privadas, com efeitos potencialmente negativos sobre o meio ambiente natural ou construído, o conforto ou a segurança da população.

Art.72 – As audiências e os debates públicos poderão ser convocados: I- pelo Poder Executivo Municipal; II-pelo Poder Legislativo Municipal; III- pelo Conselho das Cidades; IV- pela sociedade civil por solicitação de no mínimo 1%(um por cento)

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dos eleitores do Município. Paragráfo único – Nos casos referentes ao Estudo de Impacto Ambiental

(EIA) e ao Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) a determinação do inciso IV deste artigo deverá ser flexibilizada.

Art. 73 - As Audiências e os Debates Públicos tem caráter consultivo e informativo e as sugestões encaminhadas não vinculam as decisões produzidas nas audiências e debates públicos.

Art. 74 – As audiências e os debates públicos deverão atender aos

seguintes requisitos: I – representatividade e publicidade:

II – serem dirigidos pelo Poder Público Municipal, que após a exposição do conteúdo, abrirá as discussões aos presentes

III – garantia da presença de todos os cidadãos e cidadãs, independentemente de comprovação de residência ou qualquer outra condição; IV – todos os documentos relativos ao tema da audincia ou do debate público, tais como estudos, plantas, planilhas e projetos, serão colocados à disposição de qualquer interessado para exame e extração de cópias, inclusive por meio eletrônico, com antecedência mínima de 96 (noventa e seis) horas da sua realização.

Art.75 – As intervenções dos participantes realizadas em audiência ou debate público serão registradas por escrito e gravadas para acesso e divulgação públicos, e deverão constar nos processos referentes aos licenciamentos e/ou processos legislativos que lhe dão causa, conforme disposto nesta Lei.

Parágrafo único – Em caso de realização de audiências ou debates públicos

para elaboração ou discussão de leis, as gravações e atas deverão ser anexadas ao Projeto de Lei, compondo memorial do processo, inclusive na sua tramitação legislativa.

3. As definições relativas às Conferências (identificar quais) e sua peridiocidade.

Aparecem nos Art 76 a 82. As Conferências devem ocorrer simultaneamente à

Conferência Nacional das Cidades, e durante a elaboração do PPA.

4. A instituição de Conselho das Cidades e outros Conselhos ligados à política urbana (Conselho Gestor do Fundo de Habitação de Interesse Social, Conselho de Transporte, Conselho de Saneamento, de Desenvolvimento Urbano, etc.) e se existem conexões ou mecanismos de articulação entre estes.

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O Conselho das Cidades foi criado no Art. 78. O PD faz menção ao Conselho do meio

Ambiente e ao Conselho Municipal de Política Econômica.

5. Identificar para cada Conselho: a) Composição por Segmento (identificar os seguintes segmentos: (i) governo, (ii) empresários, (iii) trabalhadores e entidades de ensino e pesquisa, (iv) movimento popular, (v) ONGs, (vi) outros – especificar, (vii) total. Anotar o número de representantes por segmento e o percentual sobre o total de conselheiros(as). Observação: Estão sendo considerados os mesmos segmentos que orientam a composição do Conselho Nacional das Cidades

Sua composição respeita a proporção do CNC. Não consegui identificar seu número e

composição por segmento. b) Composição do poder público e sociedade

Ver acima

Tabela – Composição poder público e sociedade

Município Composição (Poder

Público e Sociedade Civil) Segmentos sociais

representados

Participação do Movimento Popular (%)

Observações: (i) Composição: anotar a composição percentual entre o poder público e a sociedade; (ii) Segmentos sociais representados: levar em consideração dos seguintes segmentos: poder público federal; poder público estadual; poder público municipal; movimentos populares; entidades da área empresarial; entidades dos trabalhadores; entidades da área profissional, acadêmica e de pesquisa; organizações não-governamentais; (iii) Participação do movimento popular: indicar o peso relativo (%) do segmento do movimento popular na composição total do Conselho das Cidades.

c) Caráter (consultivo ou deliberativo ou ambos)

Consultivo e deliberativo d) Atribuições (verificar se está prevista como uma das atribuições a iniciativa de revisão dos planos diretores)

Pelo Art 72, convocar audiências e debates;

Pelo Art 79, convocar junto com o poder público, a Conferência Municipal

Pelo Art 87, remeter questões para consulta pública; e) A definição da forma de eleição dos conselheiros.

Durante a Conferência das Cidades f) A definição de critérios de gênero na composição do conselho.

Não pude identificar.

6. Previsão de participação da população e de entidades representativas dos vários segmentos da sociedade na formulação, execução e acompanhamento dos planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano.

Está bem previsto, no Título IV – da gestão democrática da cidade.

7. A definição de criação de Fóruns entre governo e sociedade para debate de políticas urbanas.

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8. A definição de criação de instâncias de participação social no orçamento público

municipal (definir quais instâncias estão previstas: debates, reuniões periódicas, audiências, consultas públicas, etc. e se são condição obrigatória para o encaminhamento das propostas do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentária e do orçamento anual).

O parágrafo único do Art 70 preve

Parágrafo Único – As Audiências Publicas serão realizadas obrigatoriamente:

I – durante a elaboração do Plano Plurianual, da Lei de Diretrizes Orçamentárias e da Lei Orçamento Anual como condição necessária à sua aprovação pela Câmara Municipal, conforme determina o artigo 44 da Lei Federal 10.257/2001;

9. Verificar no plano diretor a relação que existe entre a definição de obras e investimentos propostos com a capacidade financeira do município (se existem definições relativas a essa relação e quais).

As diversas obras e intervenções prevista no PD devem ser implementadas ao longo de

10 anos, conforme parágrafo terceiro do Art 2. Entretanto não aparecem estudos

sobre custos ou sobre a capacidade financeira para sua realização. 10. A definição de outras instâncias de participação

As instâncias são os Conselhos, as audiências e consultas públicas, o plebiscito e

referendo administrativo. 11. Identificar a existência no plano da instituição de sistema de gestão, estrutura,

composição e atribuições de cada órgão; as formas de articulação das ações dos diferentes órgãos municipais.

Existe a previsão futura no Art. 37 - Lei específica instituirá o sistema municipal de planejamento urbano, definindo a sua estrutura a qual será integrada pelo Conselho Municipal de Política Econômica, a ser criado.

12. Identificar no plano diretor as formas de planejamento e execução das ações; se

existem definições relacionadas às formas regionalizadas e centralizadas de gestão; Como está previsto a participação da sociedade neste processo?

Não existe forma regionalizada prevista. 13. Identificar, no plano, as formas de monitoramento das ações no território

municipal; Está previsto a participação da sociedade?

Não identifiquei formas de monitoramento. 14. Identificar, no plano, a referência a existência de cadastros (imobiliário,

multifinalitário, georeferenciados, planta de valores genéricos e as formas de atualização) e a implementação dos impostos territoriais (IPTU, ITR e ITBI). Observação: O ITR pode não aparecer porque o plano pode ter sido aprovado antes do ITR ser passado para o município.

O Art 38 menciona cadastros. O Art 23 das diretrizes no inciso V cita a criação e

manutenção de sistema de informações geo-referencidas.

15. Identificar a previsão no plano, de revisão do código tributário.

Não identifiquei.