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Plano Diretor Caieras

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Introdução

1.1. Sumário Executivo

Como parte do resultado da segunda etapa dos trabalhos da revisão do Plano Diretor de

Caieiras e da Lei de Zoneamento, Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo, a Geo Brasilis

elaborou a leitura crítica das duas legislações.

Essa leitura crítica foi realizada a partir das seguintes diretrizes:

Avaliar, artigo a artigo, a legislação vigente, quando à sua clareza e coerência;

Avaliar a legislação vigente quanto à sua aderência a leis estaduais e federais

relacionadas;

Avaliar o grau de implementação da legislação, a existência de conflitos de

ocupação dela decorrentes e sua coerência com a realidade e vocações do

município; e

Utilizar uma sistemática objetiva que dê suporte às proposições de modificação

na legislação ao longo da Etapa 3.

A seguir, a Geo Brasilis apresentará o resultado desse trabalho, fortemente amparado em

mapas georreferenciados e ilustrativos. Os mapas utilizaram como base as ortofotos do

município, tiradas em vôo de 2007 da Emplasa. Sobre as fotos foram acrescentados

diferentes layers, o que permitiu a identificação de conflitos e da confrontação do

zoneamento vigente com a ocupação real do município.

A leitura crítica será apresentada por grandes temas, de modo separado para cada lei.

Como encerramento, serão analisados os artigos não enquadrados em temas específicos,

incluindo aqueles pertinentes à própria estrutura da lei.

Além das análises do Plano Diretor e da Lei de Zoneamento, Parcelamento, Uso e

Ocupação do Solo, este relatório apresentará outras atividades realizadas pela Geo Brasilis

no período.

Deve-se destacar que, em virtude do atraso na organização dos eventos regionais para

apresentação do diagnóstico aos munícipes, a Geo Brasilis não inclui neste relatório as

contribuições dos cidadãos coletadas nas reuniões, originalmente programadas para os dias

27 de junho a 01 de julho.

Tais contribuições serão coletadas entre os dias 11 a 14 de julho, quando deverão ocorrer

as Audiências Públicas para apresentação do diagnóstico contido neste relatório e serão

relatadas no relatório posterior.

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2. Leitura Crítica do Plano Diretor Municipal de Caieiras

2.1. Análise Geral do Plano Diretor.

O Plano Diretor Municipal de Caieiras (Lei 3.896 de 10 de outubro de 2006) é um

instrumento de ordenamento territorial bastante genérico e pouco executivo, que depende

fortemente de regulamentações posteriores que nunca aconteceram.

A estrutura da lei é confusa e os eixos estratégicos definidos a princípio não são

desenvolvidos de modo que possam resultar em ações de melhoria.

As diretrizes propostas confundem os conceitos e objetivos do Plano Diretor e da Lei de

Zoneamento.

O Plano, na forma em que está, não indica os vetores de crescimento urbano do município

e não se relaciona com suas vocações econômicas.

No plano social, o Plano Diretor de Caieiras é omisso, tratando de forma precária os temas

citados, como saúde, educação, segurança, etc., sem todavia indicar as necessidades de

equipamentos e programas específicos.

O texto da lei aprovado pela Câmara Municipal está desprovido de quase todos os anexos

relacionados em suas páginas, à exceção do mapa de Macrozoneamento. A inexistência de

tais informações torna sua completa compreensão e aplicação inviável.

Quanto ao zoneamento, nota-se que nem todos os tipos de zoneamento existentes são

abordados no Plano e que as macrozonas propostas não se relacionam com as zonas

existentes.

O texto do plano, como um todo, é pouco conciso e muitas vezes confuso, ao passo que

rediscute questões já abordadas em outros títulos ou capítulos, muda nomenclaturas,

acrescenta ou retira palavras de definições repetidas, deixando o texto suscetível a

interpretações divergentes.

Os instrumentos urbanísticos propostos no Estatuto da Cidade não são desenvolvidos além

da sua definição, o que impede sua aplicação.

De modo geral, a lei atual não atua no real ordenamento e planejamento do espaço

territorial de Caieiras em virtude da fragilidade das ferramentas propostas e da ausência

de ações posteriores.

Nas análises temáticas a seguir, a lei será analisada com mais detalhes, de modo que as

características apresentadas acima sejam exemplificadas e contextualizadas.

2.2. Introdução

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A compreensão dos movimentos da expansão urbana de Caieiras está diretamente

associada ao crescimento populacional acima das médias estaduais e regionais que o

município apresentou nas últimas décadas.

A população que em 1980 era de 24.980 habitantes chegou, em 2010 a 86.422, segundo

dados do Censo do IBGE, o que corresponde a um aumento de 245,9% no período.

Fonte: Fundação SEADE. Elaboração: Geo Brasilis, 2011

Figura 1: Evolução da População de Caieiras, entre 1980 e 2010.

Esse crescimento é bastante superior às médias observadas na Região Metropolitana de São

Paulo (RMSP) e no estado de São Paulo (ESP), conforme pode ser observado pelas

diferenças nas respectivas taxas geométricas de crescimento demográfico, onde os

resultados de Caieiras são consideravelmente superiores ao estadual e regional nos

períodos de avaliação.

Fonte: Fundação SEADE. Elaboração: Geo Brasilis, 2011

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Figura 2: Evolução da Taxa Geométrica de Crescimento da População, entre 1991 e 2010,

em Caieiras, no Estado de São Paulo e na RMSP.

Nas décadas de 1970 e 1980, houve expansão da área urbana chegando a regiões distantes

da ocupação original, às margens do leito ferroviário, como o Jd. dos Eucaliptos, V. dos

Pinheiros, Jd. Vera Tereza, Jd. Marcelino, entre outros. Essa dinâmica foi motivada,

inicialmente, pela aprovação da Lei Municipal 1.192 de 05/07/78, que favoreceu o

surgimento de loteamentos voltados à baixa renda que exigia apenas a infraestrutura

básica (guia, sarjeta, galeria de águas pluviais, arborização, luz e água), tendo como

garantia de venda 20% dos lotes. Em 1982, a lei municipal 1.466 modificou a 1.192,

passando a exigir mais infraestrutura e garantia de 50% dos lotes, o que reduziu o ritmo de

implantação dos loteamentos, que atraíram a pessoas que buscavam alternativas aos

custos de habitação crescentes no município de São Paulo e ofereceram pouca

infraestrutura urbana e equipamentos públicos de apoio.

Como consequência desse movimento, houve a proibição de novos loteamentos a partir da

aprovação da Lei Orgânica de Caieiras, o se reflete na redução significativa do ritmo de

crescimento populacional a partir de 2000.

Deve-se destacar o caráter urbano do crescimento da população de Caieiras. Ao longo das

décadas, o município observou relativa estabilidade no número absoluto da população

rural, em contrapartida à ampliação contínua da população urbana.

Fonte: Fundação SEADE. Elaboração: Geo Brasilis, 2011

Figura 3: Evolução da População Urbana e Rural em Caieiras, entre 1980 e 2010.

Esse movimento é similar ao observado no estado e na RMSP. Embora a ampliação do grau

de urbanização em Caieiras seja mais acentuada, o índice de 97,52% verificado pelo Censo

2010 do IBGE ainda está abaixo do resultado da metropolitana, que foi de 98,77%.

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Fonte: Fundação SEADE. Elaboração: Geo Brasilis, 2011

Figura 4: Evolução do Grau de Urbanização em Caieiras, RMSP e no Estado de São Paulo,

entre 1980 e 2010.

A análise do crescimento demográfico de Caieiras revela que este se deve, essencialmente

à migração, uma vez que os índices de natalidade são similares no município, na RMSP e no

ESP.

Fonte: Fundação SEADE. Elaboração: Geo Brasilis, 2011

Figura 5: Evolução da Taxa de Natalidade em Caieiras, RMSP e Estado de São Paulo, entre

1980 e 2009 (por mil habitantes).

A avaliação dos índices de migração, através da taxa líquida do período entre censos,

revela o forte movimento de chegada de novos habitantes ao município.

Esse resultado é coerente com o vetor de expulsão da população do centro da metrópole

para a sua periferia, observado na RMSP nas últimas décadas.

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A avaliação da intensidade desse movimento migratório na atualidade depende da

divulgação dos dados do censo 2010 do IBGE relativos ao tema.

Fonte: Fundação SEADE. Elaboração: Geo Brasilis, 2011

Figura 6: Evolução da Taxa Líquida de Migração em Caieiras, na RMSP e no Estado de São

Paulo, entre 1991 e 2000 (por mil habitantes).

Pirâmide Etária

Outro ponto a ser avaliado quanto ao perfil demográfico de Caieiras é a mudança de

comportamento quanto à distribuição etária de sua população.

O município, acompanhando a tendência nacional, apresentou crescimento proporcional da

parcela da população adulta, com correspondente redução da participação de crianças e

adolescentes.

Esse fato deve ser acompanhado de importante reflexão quanto às necessidades da

população quanto a infraestrutura urbana e equipamentos sociais, já que há uma redução

das demandas de jovens e ampliação das necessidades dos idosos, incluso quanto à

mobilidade e acessibilidade.

Significa também que a demanda por novas habitações no futuro será menor, pois com

menos jovens, haverá menos famílias e filhos, que formaram novos domicílios no futuro.

No entanto, no momento presente, a ampliação da população de 20 a 24 anos e o vetor de

migração geram pressão por novas moradias.

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Fonte: Fundação SEADE. Elaboração: Geo Brasilis, 2011

Figura 7: Distribuição da População de Caieiras por Faixa Etária em 1980.

Fonte: Fundação SEADE. Elaboração: Geo Brasilis, 2011

Figura 8: Distribuição da População de Caieiras por Faixa Etária em 2010.

O forte crescimento da população adulta, observado nos gráficos, reflete a necessidade

por mais empregos. A restrição do crescimento das oportunidades de trabalho no município

pode acentuar a condição de “cidade-dormitório”.

Projeção da População

O planejamento de longo prazo do município de Caieiras deve considerar as suas

perspectivas de crescimento populacional.

No sentido de amparar os diagnósticos e, posteriormente, proposições para a revisão do

Plano Diretor Municipal de Caieiras e para a Lei de Zoneamento, Parcelamento, Uso e

Ocupação do Solo no município, será realizada uma análise sobre o potencial de

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crescimento da população até 2020, acompanhando as projeções elaboradas pela Fundação

Seade.

É importante salientar que tais projeções não consideram os fatores exógenos com forte

potencial de influenciar as pressões migratórias sobre o município, como a construção do

Tramo Norte do Rodoanel Mário Covas e do empreendimento imobiliário da CCDI.

Fonte: Fundação SEADE. Elaboração: Geo Brasilis, 2011

Figura 9: Projeção da População de Caieiras em 2015 e 2010 (em número de habitantes).

A projeção indica crescimento de 12,9% da população até 2015 e de 25,6% até 2020.

Isso significa que o município deverá gerar condições para absorver em condições

adequadas essa população e garantir o que o Plano Diretor atual trata como a “função

social da cidade”, na forma de serviços públicos de qualidade e suficientes para os

habitantes.

Antes de mais nada, deve-se proceder à definição das áreas urbanas sujeitas a

adensamento habitacional e a instalação de atividades econômicas com potencial para a

geração de empregos, como forma de definir vetores de crescimento compatíveis com o

planejamento do município e dos investimentos em infraestrutura.

2.3. Diagnósticos temáticos

2.3.1 Gestão Territorial

2.3.1.1 Como o Plano Diretor aborda o tema Gestão Territorial

O Plano Diretor começa a abordar as questões relacionadas a Gestão Territorial já nas

diretrizes do plano. A seção IV – Da Gestão do Plano Diretor e do Processo de Planejamento

Permanente, expõe suas quatro diretrizes, que são:

A restruturação da administração pública;

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Estabelecer práticas de planejamento e intervenção conjunta com outros

municípios da RMSP;

Implantar e consolidar o Conselho da Cidade, e

Implantar um sistema de informações municipais com base no mapa de

organização do território.

Posteriormente, o Título VI é inteiramente dedicado ao Sistema Municipal de Gestão

Territorial1, cujos objetivos são:

Processo participativo na gestão das políticas municipais,

Articulação das politicas e investimentos públicos; e

Implantação de processo de monitoramento das diretrizes previstas no plano.

Este sistema deveria ser composto pelo Conselho da Cidade (formado por representantes

do poder público e da sociedade civil organizada), Secretaria de Obras, Projetos e

Planejamento (SMOPP) e outras secretarias envolvidas, além do Fundo de Estruturação

Urbana, que jamais foi criado.

Segundo o texto da lei vigente, a SMOPP é responsável pela aplicação das normas

urbanísticas e apoio ao gerenciamento, com as seguintes competências: divulgação e

monitoramento dos dados físico-territoriais, cartográficos e socioeconômicos; acompanhar

a aplicação do Plano Diretor; implantar os instrumentos propostos no plano; gerenciar os

processos de revisão, articular ações com outros órgãos da administração municipal.

O Conselho da Cidade, criado somente em 2010, é responsável por acompanhar, analisar e

aprovar os planos setoriais requeridos no Plano Diretor, além de coordenar o processo de

revisão do plano; analisar em audiências públicas e elaborar pareceres de possíveis

alterações da Lei do Plano Diretor; acompanhar e avaliar a implantação do Plano Diretor;

gerenciar o Fundo Municipal de Estruturação Urbana.

Deve-se destacar o texto da lei não é explícito quanto às atribuições do Conselho da

Cidade. Um exemplo disso é que se atribui ao Conselho a coordenação da revisão do Plano,

enquanto a SMOPP é responsável pelo gerenciamento da mesma revisão.

No titulo X2 da lei, quando se colocam as disposições transitórias, algumas questões devem

ser levadas em consideração. O artigo 126º da Lei diz que o Plano Diretor deverá ser

revisado a cada cinco anos através de processo participativo coordenado pelo Conselho da

Cidade. O texto em questão é dúbio, pois não se sabe ao certo se o CC é responsável pela

coordenação do processo participativo somente ou da coordenação de toda a revisão.

A Lei atual estabelece também que todas as alterações em qualquer instrumento

urbanístico municipal (plano diretor, lei de zoneamento, entre outros) deverão,

obrigatoriamente, ser analisadas pelo Conselho da Cidade.

Como instrumentos de gestão democrática, foram estabelecidos os Conselhos Municipais,

1 Apesar do nome do titulo ser este, o Artigo 90º instaura a criação do um Sistema Municipal de Planejamento e Gestão Territorial. A inclusão da palavra planejamento atribui novos significados, sendo necessário padronizar os títulos para não haver duvidas em relação ao contexto e atribuição do sistema em questão.

2 Seguindo a numeração dos titulos da Lei, ao invés de X, leia-se VII.

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debates, audiências e consultas públicas e as conferências municipais.

Como condição obrigatória para aprovação pela Câmara Municipal, as propostas do plano

plurianual, lei de diretrizes orçamentarias e orçamento anual deveriam passar por processo

participativo, através estes instrumentos. No do orçamento anual, particularmente, existe

a necessidade de definição de um percentual mínimo de despesas para projetos discutidos

e definidos com a comunidade.

Quanto à gestão democrática, as audiências e conferências públicas são realizados

esporadicamente, sob demanda do poder público. O plano não é claro em determinar em

quais momentos se faz obrigatório o uso de algum dos instrumentos em questão.

Todavia, o processo participativo foi incrementado com a criação do Conselho da Cidade,

onde grande parte dos projetos relativos a novos empreendimentos são discutidos.

2.3.1.2 Diagnóstico

O Plano Diretor deixa a cargo da Secretaria de Obras, Projetos e Planejamento (SMOPP),

tanto a responsabilidade pelo planejamento e gestão territorial do município, quanto à

implantação do Plano Diretor como instrumento desse planejamento.

Algumas cidades, como as paranaenses Curitiba e Londrina, criaram institutos específicos

de planejamento e projeto urbano, respectivamente IPPUL – Instituto de Pesquisa e

Planejamento Urbano de Londrina e IPPUC – Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano

de Curitiba. A separação das responsabilidades de planejamento urbano e realização de

intervenções proporciona uma maior mobilidade e agilidade nas questões urbanas, uma vez

que estes institutos são autarquias municipais. Considerar outras possibilidades na

responsabilidade da gestão também é um aspecto importante a ser abordado na próxima

etapa.

Após a aprovação do Plano Diretor, a Secretaria de Obras incluiu “Projetos e Planejamento

Urbano” nas suas atribuições. Todavia, a implantação de novas ferramentas de gestão,

adaptação da estrutura física e ampliação quadro de funcionários não foram condizentes

com as novas responsabilidades, ao mesmo tempo em que a SMOPP continuou priorizando

suas atividades relacionadas às intervenções em infraestrutura no município.

Essa situação é consequência, em parte, do próprio texto do plano, que é bastante

impreciso e não determina, minimamente, os quadros necessários à sua adequada

implantação e gestão, considerando as oportunidades associadas à separação do

planejamento urbano das funções associadas à realização de melhorias urbanísticas no

município.

Esse quadro foi acentuado pela demora na implantação das Disposições Transitórias

definidas na lei 3896. A lei determina que o Código de Obras deveria ser elaborado em 60

dias após a publicação da Lei, o que não ocorreu. Atualmente, o Código de Obras vigente é

de 1967. Determinou também que o Conselho da Cidade deveria estar operando em 120

dias. O Conselho foi criado no segundo semestre de 2010.

A estrutura administrativa da SMOPP é definida pela Lei 2.487 de 10 de fevereiro de 1995,

onde se propõe a existência de dois departamentos, cada um com três divisões, assim

como demostrado a seguir.

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Organograma da Secretaria Municipal de Obras, Projetos e Planejamento

Fonte: Plano Local de Habitação de Interesse Social. Prefeitura Municipal de Caieiras, Lei nº2487 de 10 de fevereiro de 1995. Elaboração: Integra Sociedade Cooperativa, 2009.

Figura 10: Organograma da Secretaria Municipal de Obras, Projetos e Planeamento

Em entrevista com funcionários da Secretaria de Obras3, verificou-se que, na prática,

existem apenas cinco divisões, sendo estas: Obras, Fiscalização, Cadastro, Engenharia e

Projetos. A divisão de planejamento, que sequer é proposta dentro do departamento

correspondente, não existe. Segundo os dados de Recursos Humanos disponíveis no Portal

da Transparência4 da Prefeitura Municipal de Caieiras, a Secretaria conta atualmente com,

aproximadamente, 250 funcionários, o quadro abaixo mostra os principais cargos e número

de funcionários, mostrando apenas quatro chefias.

Quadro de Funcionários da Secretaria Municipal de Obras, Projetos e Planejamento

Departamento Divisão ou setor Cargo Nº funcionários

Obras Públicas Cadastro Chefia 1

Obras Públicas Manutenção Chefia 1

Obras Públicas Serviços Urbanos Chefia 1

Obras Públicas Topografia e Projeto Chefia 1

Obras Públicas SMOPP Diretoria 2

Obras Públicas Setor Parques e -- 2

3 Entrevista realizada por telefone, no dia 30 de Maio de 2011.

4 Prefeitura Municipal de Caieiras, Portal da Transparência, Pesquisa em Recursos Humanos (2011). Disponível em http://caieiras.prefeitura.sp.etransparencia.com.br/portal/transparencia

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Jardins

Obras Públicas -- Fiscais de obra 5

Obras Públicas -- Técnico edificação 1

Obras Públicas -- Desenhista Técnico 1

Obras Públicas -- Técnico Agrim. 1

Fonte: Prefeitura Municipal de Caieiras, Portal da Transparência, Recursos Humanos, ano corrente de 2011. Elaboração: Geo Brasilis, 2011.

Quadro 1: Funcionários da Secretaria Municipal de Obras, Projetos e Planejamento de Caieiras.

Assim como o organograma acima, o quadro de funcionários não deixa claro quais os perfis

dos colaboradores que efetivamente atuam no planeamento urbano, resultando em uma

lacuna de responsabilidades quanto à aplicação e fiscalização das disposições constantes

no Plano Diretor e, possivelmente, propor a utilização adequada de instrumentos

urbanísticos e intervenções que melhorem o aproveitamento do território e sua relação

com os cidadãos.

A análise da evolução das despesas municipais com urbanismo aporta outros dados a este

cenário. Observa-se oscilação das despesas em torno de 11 milhões de reais, com a

redução dos investimentos nos dois primeiros anos da aprovação do Plano Diretor. A falta

de planejamento urbano interfere nos montantes aplicados, que não crescem na mesma

proporção que a população. Essa situação, no longo prazo, tende a acentuar deficiências

existentes quanto a intervenções de melhorias em espaços públicos e estímulo à

requalificação de propriedades e áreas da cidade.

Fonte: Fundação Seade. Elaboração: Geo Brasilis. 2011.

Figura 11: Evolução das Despesas Municipais com Urbanismo em Caieiras, entre 2005 e

2009 (em R$).

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Na ocasião da Agenda 21 realizada em Caieiras, em 2010 já havia sido diagnosticado, em

toda a prefeitura, a necessidade de agilidade administrativa e a capacitação dos gestores

públicos, como alguns dos principais desafios do município. Em consonância com esta

análise, a oportunidade de revisão da estrutura e organização da Secretaria de Obras no

que diz respeito à gestão territorial, planejamento e projetos urbanos é condição

indispensável à implantação do Plano Diretor e outras ferramentas de gestão.

Quanto à implantação de um sistema de informações municipais, tendo como referencial o

mapa de organização do território, este não foi disponibilizado entre as secretarias e não

se utiliza informações geoprocessadas para tomada de decisões, ao contrário do que é

proposto no texto da lei atual.

Não existe uma base de dados unificada sobre o município, nem mapas atualizados que

contemplem a organização do território5, equipamentos públicos, novos loteamentos e

ruas, entre outros dados que permitam aos órgãos da administração pública trabalhar

sobre informações coerentes com os vetores de expansão urbana de Caieiras.

A Secretaria de Obras, Projeto e Planejamento é responsável pela divulgação e

monitoramento de informações, principalmente dos dados físico-territoriais e

cartográficos, incluindo os mapas constantes no Plano Diretor de 2006. Estes dados não

estão organizados, atualizados e disponíveis para consulta na prefeitura. A prefeitura não

dispõe de software para atualização das plantas, que foram congeladas com as

informações levantadas em 2006. A divisão de cadastro imobiliário utiliza um único mapa,

em papel, para registrar as alterações referentes ao parcelamento e ocupação do solo e no

abairramento.

Acentuando essa situação de carência de informações regionalizadas, algumas das plantas

citadas como anexo na lei 3.896 de 2006 não estão disponíveis.

Sendo a SMOPP responsável pela aplicação dos instrumentos dispostos no Plano Diretor,

vale ressaltar que não existem informações sobre as áreas onde incidem instrumentos

urbanísticos ou regulamentação para sua utilização. Aponta-se também a necessidade de

incluir referência ao monitoramento de uso e parâmetros de ocupação do solo definidos na

Lei de Zoneamento.

É importante observar que os artigos 95º e 96º do PDM discorrem sobre a gestão

democrática não somente ao que competem gestão e organização territorial, mas também

do orçamento municipal e Plano Plurianual do município, indo além das questões sobre

planeamento urbano.

Nota-se que a elaboração do Plano Plurianual é terceirizada a uma empresa privada

chamada Conam. De acordo com o diagnóstico elaborado para a Agenda 21, para o período

2010-2013, o plano plurianual não foi discutido pelos vereadores, que realizaram a

aprovação já prevendo alterações futuras na lei e não é conhecido por todos os

secretários, que sabem da necessidade de intervenção política para conseguirem recursos

de modo a realizarem os projetos previstos. Essa situação compromete a consecução dos

5 O Plano Diretor, sobre estes mapas, se refere à delimitação das unidades territoriais, que seriam unidades e regiões de planejamento. Estas unidades não foram mencionadas no restante do texto da lei, não sendo possível identifica-las.

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objetivos administrativos relacionados ao PPA, que é proporcionar adequado planejamento

periódico para o município, de modo que as metas da administração possam ser

alcançadas.

O Orçamento Participativo de 2009, apesar das reuniões com a população, não se

desdobrou em projetos e complementações reais à previsão de gastos da municipalidade.

O Conselho da Cidade, criado em 2010 (Lei nº 4361 de 2010), é responsável principalmente

pelo acompanhamento, avaliação e aprovação do desenvolvimento e aplicação do plano, e

também por analisar e recomendar diretrizes para a formulação e a implantação da

política municipal de desenvolvimento urbano sustentável, conforme descrito em seu

regimento interno.

O Conselho da Cidade é formado por oito representantes do poder público (indicados pelo

prefeito) e dez da sociedade civil (eleitos entre representantes da sociedade civil

organizada), que se reúnem mensalmente na primeira quarta-feira do mês. São

responsáveis por analisar e recomendar diretrizes para a formulação e a implantação da

política municipal de desenvolvimento urbano sustentável, conforme descrito em seu

regimento interno. O conselho possui a seguinte composição: presidência, secretaria

executiva, plenário e comitês técnicas. São quatro câmaras técnicas:

Habitação;

Saneamento Ambiental;

Trânsito, Transporte e Mobilidade Urbana e

Planejamento e Gestão do Solo Urbano.

Os membros titulares têm direito a voz e voto, enquanto os respectivos suplentes podem

participar nas reuniões sem votar. As reuniões são abertas aos cidadãos interessados.

O texto da lei vigente do Plano Diretor não define explicitamente as responsabilidades de

fiscalização e acompanhamento do Conselho quanto os projetos propostos no Orçamento

Participativo.

A ambiguidade do texto do Plano pode ser novamente observada na leitura do artigo 97º,

que define que qualquer iniciativa de alteração da Lei do Plano Diretor, ou Lei de

Zoneamento e mesmo do Código de obras e Posturas, deveria ser objeto de análise e

elaboração de parecer por parte do Conselho da Cidade. Já no artigo anterior 93º, o item

III deixa explícito que os possíveis projetos de alteração da Lei do Plano Diretor devem ser

analisados em audiências públicas. Dessa maneira, sugerem-se diferentes abordagens da

mesma questão.

Segundo o diagnóstico da Agenda 21, sobre Poder Público em Caieiras, a situação da

Secretaria de Obras, Projetos e Planejamento, responsável pela gestão territorial na

cidade, encontra os mesmo entraves de toda gestão administrativa da prefeitura. Entre os

principais desafios de gestão estão a modernização da administração municipal, com a

eliminação de conflitos e gargalos, especialmente nos setores Jurídico e de Recursos

Humanos, que praticamente inexiste, o que compromete a atração de talentos para o

poder público, num município onde a mão-de-obra qualificada é rara em todos os setores e

prejudica a formação continuada dos servidores de carreira, em função a inexistência de

planos de treinamento e de carreira.

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2.3.2 Habitação

2.3.2.1 Como o Plano Diretor aborda o tema Habitação

A Lei Complementar No 3.896 – Plano Diretor Municipal de Caieiras dedica, dentro do

Título II – Da Dinâmica de Ocupação do Território, o capitulo V específico para Habitação.

A lei dá diretrizes para Habitação no município e estas delimitam a ação da Política

Habitacional. O artigo 57 afirma que essa política visa assegurar o direito social à

habitação, envolvendo não somente moradia, como também infraestrutura urbana,

serviços e equipamentos públicos comunitários.

O plano propõe objetivos e diretrizes da politica habitacional e define a elaboração de um

Plano Municipal de Habitação. Este plano deveria contemplar o seguinte conteúdo mínimo:

Diagnóstico das condições da moradia;

Identificação de demandas; objetivos, diretrizes e ações estratégicas;

Definição de metas e prazos;

Articulação de programas de habitação de interesse social com outros

programas da RMSP;

Instrumentos da política urbana a serem utilizados.

A política habitacional apresenta como objetivos, descritos no artigo 59:

I. Garantia de acesso a Habitação de Interesse Social (HIS) em terras

urbanisticamente adequadas e sem fragilidade ambiental;

II. Alternativas de habitação para moradores de áreas improprias ou em situação

de risco

III. Impedimento de novos parcelamentos e ocupações irregulares, utilizando-se de

instrumentos urbanísticos e fiscalização;

IV. Promoção do acesso a terra através dos instrumentos urbanísticos, aplicados a

áreas vazias ou subutilizadas.

O artigo 62 determina que a Secretaria de Obras, Projeto e Planejamento (SMOPP) é a

estrutura da administração municipal responsável pelas questões de Habitação, devendo

atualizar periodicamente o quadro de demanda habitacional do município. Embora o Plano

Diretor não defina exatamente o conteúdo desse quadro, ele deve incluir as necessidades

habitacionais que incluem o déficit (qualitativo e quantitativo), que é o passivo existente

assim como a demanda futura (em função de projeções de crescimento para as quais

Caieiras deve estar preparada).

Quanto aos os instrumentos da politica de habitação, estes são descritos no artigo 63º, e

incluem conferências, comissões, audiências públicas, serviços de assistência técnica,

programa de regularização e instrumentos urbanísticos.

A partir do conteúdo proposto no Plano Diretor para Habitação, observou-se a definição de

diretrizes muito amplas e genéricas, que dificultam sua implantação. A organização das

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ações em planos consistentes foi atribuída a uma etapa posterior ao Plano Diretor, o que

aconteceu parcialmente em 2009/2010, com a elaboração do PLHIS.

Pode-se acrescentar que, em relação ao tema habitação, o texto do PDM é inconsistente

ao estabelecer objetivos e diretrizes de uma política habitacional e logo depois, exigir um

plano, sem indicar as ações de correspondência entre um e outro, e principalmente, sem

regulamentar a política em si.

A Secretaria de Obras, Projetos e Planejamento – SMOPP foi nomeada responsável pela

elaboração e implantação da política habitacional no município. Para realizar plenamente

tais objetivos, a SMOPP necessita melhorar sua estrutura física e aumentar quadro de

funcionários qualificados, hoje insuficientes para atender as crescentes demandas

municipais de planejamento, projeto e acompanhamento nesse setor.

Essa avaliação é corroborada pelo relatório final do PLHIS e também pelo do fato de que a

coordenação da elaboração do plano de habitação de interesse social foi delegada a uma

instância da administração pública que não integra a SMOPP. Até o momento, a Secretaria

de Obras conta com cinco funcionários voltados a fiscalização de áreas invadidas, sendo

responsáveis pela localização e remoção de novas invasões.

Quanto aos objetivos definidos para a politica habitacional do município, estes priorizam

questões relacionadas às moradias e áreas de interesse social, não contemplando a

universalidade da abrangência do plano como condição para atender a diversidade das

demandas por moradia em um município metropolitano.

Ainda em relação aos objetivos para a Política Municipal de Habitação, propostos no PDM,

os instrumentos urbanísticos elegidos como aplicáveis pelo Plano Diretor não foram

empregados em nenhuma área ou imóvel em Caieiras, em função de ausência de

regulamentação e da definição de áreas para sua incidência. Quanto ao artigo 61, sobre o

plano municipal de habitação, em 2009 foi realizado o PLHIS – Plano Local de Habitação de

Interesse Social.

Uma Comissão de Habitação de Interesse Social foi criada após a entrega do plano, em

2010, sendo responsável pela implantação do PLHIS, mas não iniciou suas atividades.

Para os demais tipos de habitação, faltam definições de planos de ação, além de metas,

necessidade de indicação de prazos, responsáveis e ações, além de linhas de créditos e

recursos de governos estadual e federal ou fundos de financiamento que possam viabilizar

as ações propostas.

Quanto às diretrizes, é importante apontar que muitas delas necessitam de melhor

estruturação no texto, de modo a se tornarem concisas e mais objetivas. Elas também

mesclam diretrizes aplicáveis à HIS e à politica habitacional como um todo, sendo que a

distinção daquelas voltadas especificamente para interesse social pode contribuir para a

melhor compreensão da proposta.

Ao contrário de outros temas, a Lei do Plano Diretor não define ações prioritárias na área

da habitação. Deve-se destacar que, ao mesmo tempo em que a lei 3.896 trata da

necessidade de infraestrutura urbana, equipamentos e serviços necessários como suporte à

moradia adequada, a lei não especifica quais sãos esses parâmetros, deixando espaço para

discussões e interpretações dos interessados.

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2.3.2.2. Considerações sobre a Lei - ZEIS

Constando na Seção I, Capitulo II, Titulo II do PDM, as ZEIS – Zonas Especiais de Interesse

Social são áreas destinadas à recuperação urbanística, regularização fundiária e produção

de habitação de interesse social.

Apesar de lidarem diretamente com o tema habitação e terem sido apresentadas no corpo

do texto da lei antes do capitulo destinado à habitação, não é feita uma correspondência

entre estes artigos e capítulos.

As ZEIS são classificadas sob duas categorias: a primeira aborda as áreas já ocupadas por

assentamentos espontâneos que necessitam de regularização fundiária e projetos de

urbanização e infraestrutura. A segunda trata de possíveis áreas não edificadas onde haja

interesse público em elaborar programas habitacionais de interesse social.

O primeiro parágrafo do artigo 24 do PDM necessita de redação adequadas. O texto atual diz que todas as áreas da ZEIS I são classificadas como área de risco, e, desse modo, não poderiam receber projetos de urbanização e regularização fundiária, o que é contraditório com a definição de ZEIS I apresentada anteriormente. Além disso, nem todas as ZEIS são áreas de risco.

Ainda neste parágrafo, o texto cita que as ZEIS são identificadas no Mapa das Zonas Especiais, e que este seria parte integrante da lei. No entanto, o mapa não foi encontrado como anexo da lei. As informações estão disponíveis no mapa de zoneamento (anexo da lei municipal 4.160 de 2008).

O Plano Diretor define seis ZEIS da primeira categoria no município, marcadas no mapa

abaixo (figura 12).

Fonte: PLHIS de Caieiras. Elaboração: Integra Sociedade Cooperativa, 2010.

Figura 12: Localização das ZEIS I.

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O PDM não define áreas para a construção regular e planejada de HIS, embora algumas

ZEIS I(Zonas Especiais de Interesse Social) estejam localizadas parcial ou totalmente em

áreas consideradas de risco pelo IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas, em seu trabalho

Carta Geológica de Caieiras (2005).

Segundo o PDM, no item XI do artigo 25º, estas áreas não estariam aptas a serem ocupadas

por habitação, nem passivas de regularização, devendo as famílias serem realocadas.

Como exemplo dessa situação, tem-se o Parque Genioli.

Fonte: PLHIS – Plano Local de Habitação de Interesse Social de Caieiras. IPT 2005. Elaboração: Integra

Sociedade Cooperativa, 2009.

Figura 13: Imagem aérea do Parque Genioli com intersecção entre área de ZEIS I e áreas de

risco.

A Figura 13 ilustra a área de interseção entre a ocupação do Pq. Genioli e área de risco

identificada pelo IPT, com 20 domicílios em setor de alto risco.

A relação de ZEIS I deve ser complementada conforme indicações do PLHIS, que identificou outras oito novas áreas de assentamentos enquadráveis, conforme figura 3. O mesmo vale para as ZEIS II, que tiveram algumas áreas identificadas no PHLIS. O esforço, no caso da identificação de potenciais áreas, públicas ou privadas, de ZEIS II deve ser ampliado, dada

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a oportunidade atual de disponibilidade de áreas no município e da necessidade de criação de locais de HIS planejados, como forma de contrapor pressões habitacionais e de invasão existentes sobre Caieiras.

Fonte: PLHIS de Caieiras. Elaboração: Integra Sociedade Cooperativa, 2010.

Figura 14 – Identificação outros assentamentos precários que se enquadra na

categoria ZEIS I.

A partir de programas estaduais e federais como o Cidade Legal, alguns bairros de Caieiras

foram regularizados, como o Parque Genioli. Essa regularização envolveu apenas aspectos

fundiários, não incluindo as necessidades anteriormente identificadas de infraestrutura

urbana e equipamentos públicos.

A ausência de investimentos em infraestrutura atinge também outros núcleos de ZEIS I,

identificados pelo PHLIS, nas regiões de planejamento Laranjeiras e Serpa.

2.3.2.3 Diagnóstico de Habitação

O panorama geral da habitação em Caieiras é caracterizado por um intenso crescimento

nos últimos vinte anos e a tendência para os próximos anos é de continuidade dessa

expansão.

O município tem como desafios a aplicação dos programas e ações estratégicas do PLHIS e

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a elaboração de uma Política de Habitação que englobe ações específicas para lidar com

esse crescimento habitacional e suas demandas intrínsecas.

Essa constatação é percebida na verificação do aumento populacional na cidade. Em dez

anos, contados a partir do ano 2000, a população de Caieiras cresceu 22,02%, muito acima

dos índices registrados no estado de São Paulo e na RMSP, o que pode ser registrado

abaixo.

Variação da População entre 2000 e 2010

2000 2007

2010

Caieiras 71.221 81.163 86.529

Fonte: Fundação Seade. 2011. Elaboração: Geo Brasilis, 2011.

Quadro 2: Variação da População de Caieiras entre 2000 e 2010.

Fonte: Fundação SEADE. Elaboração: Geo Brasilis, 2011.

Figura 15: Crescimento Percentual da População de Caieiras, da RMSP e do Estado de São

Paulo, entre 2000 e 2010.

Esse crescimento demográfico se reflete na necessidade de novas unidades habitacionais, o

que é perceptível pela ampliação de número de domicílios em Caieiras no mesmo período.

Entre 2000 e 2010, o número total de domicílios passou de 19.103 para 28.261, o que

corresponde a um aumento de 47,94%. Nota-se que o aumento do número de domicílios

entre 2000 e 2010 (47,94%) é bastante superior ao crescimento populacional no período

(22,02%).

É importante observar a presença de um número relativamente alto de domicílios vagos na

cidade (2.168, em 2010), que correspondem a 7,67% do total de domicílios levantados em

2010. Entende-se por vagos, aqueles domicílios que não estão ocupados e que não são

destinados a uso ocasional.

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Destaca-se que o número de domicílios vagos é bastante superior ao déficit habitacional

para a renda de 0 a 3 salários mínimo, calculado pelo PLHIS em 1.409 unidades.

Os possíveis motivos de tantos imóveis estarem desocupados são desconhecidos, mas essa

situação abre espaço para aplicação de instrumentos urbanísticos que induzam ao

cumprimento da função social da propriedade urbana, de maneira articulada com a

política habitacional do município.

Apesar do número total de domicílios ter crescido no período de análise, não houve

variação similar entre os imóveis vagos, que se mantiveram estáveis.

Fonte: IBGE. Elaboração: Geo Brasilis, 2011.

Figura 16: Comparação entre o número total de domicílios e os domicílios vagos em

Caieiras, em 2000, 2007 e 2010.

a. Pressões habitacionais

O intenso crescimento populacional de Caieiras deve continuar em função de diversas

pressões exógenas que incidirão sobre o município nos próximos anos.

Além da própria inserção do município na maior região metropolitana do país, o que a

torna parte de um contínuo movimento de população urbana, onde São Paulo exporta para

suas áreas periféricas e cidades vizinhas a população expulsa do núcleo central, Caieiras

deve ser afetada pelos seguintes projetos:

Tramo Norte do Rodoanel Mário Covas, cujo traçado ainda não é definitivo e

deve passar entre a Serra da Cantareira e os bairros da zona norte de São

Paulo. Atualmente em processo de licenciamento e licitação, a conclusão das

obras esta prevista para 2014. O trecho norte deve desalojar pelo menos 1300

famílias distribuídas em 1091 imóveis. Como estratégia de reassentamento, a

DERSA - empresa responsável pela construção do rodoanel, possui duas linhas

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de ação: a indenização e o reassentamento pelo CDHU – Companhia de

Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo.6 A valorização

das terras ao redor do trajeto do rodoanel, bem com a mudança de caráter do

uso dessas terras poderá expulsar parte dos moradores. Caieiras por se localizar

muito próxima a essa região poderá absorver parte desses deslocamentos

habitacionais.

Expansão SP, que tornará o município mais acessível pela via férrea, é o

projeto de ampliação da capacidade das linhas da CPTM – Companhia Paulista

de Trens Metropolitanos, incluindo a linha Rubi, que atende Caieiras. Esse

projeto prevê a aquisição de novos trens e eliminação de gargalos à sua

circulação, aumentando o número de embarques e desembarques de

passageiros e diminuindo o intervalo de tempo entre os trens. O aumento da

mobilidade na qualidade dos serviços oferecidos pela CPTM intensificará seu

uso e impulsionará o crescimento de habitações próximas à estação ou que

possuem fácil acesso a ela através de outros meios de transporte, dando

continuidade a um processo comum em Caieiras, que seria a ocupação por

moradias ao longo da linha férrea.

Além desses fatores, associados a projetos de expansão de infraestrutura, está

o processo de conturbação urbana. Inserida em uma região metropolitana

complexa como a RMSP, Caieiras esta sujeita a uma possível pressão

habitacional. O bairro paulistano Perus e o município de Franco da Rocha

possuem pontos de conturbação com bairros ao sul e norte de Caieiras,

respectivamente. Já na divisa com o município de Cajamar não existem

pressões fortemente estabelecidas. Apesar da área urbana de Cajamar

localizar-se próxima a divisa com Caieiras, as áreas de reflorestamento da Cia

Melhoramentos impedem ocupações habitacionais nesta área. Porém, existe

uma possibilidade de conurbação se, por ventura, a empresa disponibilizar suas

terras para usos urbanos. Muito dessa descontinuidade também ocorre pela

intensa falta de acessos do centro de Caieiras para sua porção oeste. Dois

bairros em Caieiras, Calcárea e Village Scorpios, II são conturbações com

Cajamar e são acessados atualmente por rodovias que atendem este município.

A leste, a divisa de Caieiras com Mairiporã faz parte de uma grande área de

proteção de mananciais da represa Paiva Castro. Nesse sentido, a ocupação se

caracteriza por sua severa restrição, e necessidade de controle de qualquer

processo de adensamento populacional.

b. Mercado imobiliário

O município de Caieiras, cujo território é de 96.698 km², possui aproximadamente 50% de

sua área pertencente à Cia Melhoramentos e outros 5% à Camargo Corrêa Desenvolvimento

Imobiliário – CCDI.

6 Informações retiradas do website BRASIL ECONOMICO. Disponível em:

http://www.brasileconomico.com.br/noticias/trecho-norte-do-rodoanel-comeca-em-

novembro_99411.html

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A maior parte da área da Cia Melhoramentos é Zona Rural de Preservação Ambiental

destinada a reflorestamento para uso na indústria papeleira. Como a Melhoramentos

vendeu sua fábrica de papel, existe a possibilidade de a empresa mudar seu foco de

negócios e disponibilizar parte da área para projetos habitacionais, embora não haja

sinalização oficial sobre possíveis usos da gleba.

No caso da CCDI, não existe a divulgação de projetos específicos para a área além de

previsões realizadas por ocasião da aquisição da gleba, destinada majoritariamente à

habitação, com potencial de grande aumento de habitantes no município.

Daí a necessidade de articulação conjunta entre a empresa e a Prefeitura de Caieiras, no

sentido de viabilizar, em termos de equipamentos públicos e infraestrutura urbana, o

crescimento do município gerado pelo empreendimento.

c. Tipologia das habitações

As habitações de Caieiras, enquanto conjunto de edificações, possuem caráter

predominantemente horizontal. Além de questões culturais relacionadas à construção civil,

a legislação contribui para consolidação desse padrão de ocupação, através da adoção de

parâmetros urbanísticos que tendem a restringir o adensamento, o que será analisado no

texto de Zoneamento, Uso e Ocupação do Solo.

A revisão de índices e parâmetros urbanísticos e usos permitidos de modo a favorecer o

processo de verticalização das residências deverá ser analisada na etapa posterior deste

trabalho, considerando condições geomorfológicas e demandas de infraestrutura urbana e

viária, além da crescente demanda por domicílio no município.

As casas térreas ou sobrados em Caieiras, especialmente de classe média e baixa, possuem

elementos construtivos que permitem compor uma tipologia, caracterizada pela

construção escalonada no terreno, naturalmente em função do relevo acidentado.

As edificações possuem, então, muitos terraços e vistas da paisagem local, o que agrega

considerável bem estar ao morador. Apesar da construção das casas necessitarem de maior

rigor estrutural e construtivo, por estarem sujeitas a desmoronamentos, qualidade do

material e instabilidade de solo, esse tipo de construção permite boa insolação e

ventilação as residências.

A predominância dessa tipologia construtiva não se deve à padronização de critérios

através de um código de obras atualizado ou assistência técnica da prefeitura aos

cidadãos. Esses dois instrumentos, previstos no PDM de 2006, não foram implementados,

apesar do seu potencial de benefício para o município, em termos de segurança estrutural

para os domicílios e de adoção de parâmetros urbanísticos como recuo frontal e lateral que

atualmente são ignorados.

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Elaboração: Geo Brasilis, 2011.

Figura 17: Corte esquemático do tipo de ocupação mais comum em Caieiras.

Fonte: Acervo Geo Brasilis, 2011.

Figura 18: Exemplo de ocupação com escalonamento das edificações.

d. PLHIS

O PLHIS – Plano Local de Habitação de Interesse Social de Caieiras foi realizado entre 2009

e 2010, como ação municipal decorrente das estratégias do Plano Nacional de Habitação –

PNH e do Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social- SNHIS (Lei Federal nº

3.933/2006), que determina aos municípios brasileiros realizarem seus planos locais para

obtenção de recursos do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social.

O PLHIS faz parte de uma etapa de estruturação da Política Habitacional de Caieiras, tendo

como resultado um plano de ações com metas e prazos para sua implantação e gestão. No

entanto, para a realização das ações previstas é necessária uma estruturação

administrativa, cujo início estava previsto para o segundo semestre de 2010. Até o

presente momento essas estruturações não foram realizadas, assim como as demais metas

previstas para o ano de 2010 e primeiro semestre de 2011 não se concretizaram. A Política

Habitacional também não foi elaborada e regulamentada até então.

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Na etapa do diagnóstico o PLHIS identificou e mapeou a situação da habitação de interesse

social em Caieiras. Nesse processo, identificou-se que a Secretaria de Promoção Social

confirma a existência de loteamentos clandestinos e de favelas, mas não possui um dado

consolidado, assim como a Defesa Civil municipal. Por meio dos programas de assistência à

população, entre 2008 e 2009, a secretaria cadastrou 3.133 famílias carentes em Caieiras.

As áreas de risco mapeadas se concentram nos bairros Laranjeiras e Jardim Vitória. No

primeiro, a Secretaria de Obras cadastrou 122 famílias da localidade Maria do Mato, que

vivem em ocupações irregulares nas encostas. No Jardim Vitória são 47 famílias residentes

em áreas alagáveis, que já foram removidas, mas que retornaram ao local. Um projeto da

Secretaria de Obras, em parceria com a Caixa Econômica Federal, prevê a construção de

unidades habitacionais para a remoção destes moradores.

O Plano coloca que as ações para provisão de habitação de interesse social têm se

concentrado em iniciativas do governo estadual, por meio do CDHU (Companhia de

Desenvolvimento Habitacional e Urbano).

Ocorreram, nos últimos anos, iniciativas do INOCOOP (Instituto de Orientação às

Cooperativas de São Paulo) e soluções da Caixa Econômica Federal, dentro do Sistema

Financeiro de Habitação, mas em menor escala.

As iniciativas municipais para a solução do déficit habitacional relacionado à população

economicamente vulnerável limitaram-se à cessão de áreas públicas para fins de moradia,

por meio de legislação específica. Foram 28 leis, entre 1989 e 2003, que cederam

137.072,07m2.

Mesmo com essas ações, o PLHIS define o déficit habitacional de Caieiras, para famílias

com renda entre 0 e 3 salários mínimos, em 1.296 unidades, relacionadas à coabitação

familiar, domicílios improvisados e domicílios alugados, além de outros 113 domicílios que

têm deficiências de infraestrutura e que requerem investimentos.

Numa etapa seguinte, foram previstas ações, diretrizes e estratégias na intenção de

equacionar o déficit habitacional de interesse social no município. Como soluções, o PLHIS

propõe a captação de recursos em diversos programas e ações dos governos estadual e

federal para a eliminação do déficit habitacional. O plano também elabora um cronograma

com prazos para cumprimento das metas estabelecidas e inclusive elabora uma meta

específica para capacitação dos colaboradores dedicados a implantação e gestão do PLHIS.

2.3.3 Mobilidade

2.3.3.1 Como o Plano Diretor aborda o tema Mobilidade

A Lei Complementar nº 3.896 – Plano Diretor Municipal de Caieiras dispõe sobre as questões

relacionadas à Mobilidade no seu capítulo IV, quando também discorre sobre Trânsito e

Transporte.

Dentre as diretrizes da Política Municipal, no que diz respeito à mobilidade, o plano

prioriza os pedestres, os ciclistas e o transporte coletivo na organização do sistema viário;

visa o atendimento universal a mobilidade, priorizando portadores de necessidades

especiais e prevê facilitar o acesso às estradas da região e municípios vizinhos.

Deve-se salientar a coerência entre as diretrizes e as ações prioritárias propostas na lei,

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que são: a construção de uma ciclovia interligando os bairros Serpa, Centro e Laranjeiras

(não foi concretizada).

A questão da adoção de modais sustentáveis para transporte urbano surge novamente no

Artigo 53º, que define a necessidade de reestruturação e integração do, envolvendo a

formação de um sistema cicloviário.

Quanto à acessibilidade, o plano prevê obras e intervenções no município para adequação

do deslocamento dos portadores de mobilidade reduzida, inclusive no sistema de

transporte coletivo. Mas não assegura acessibilidade universal a todos os moradores da

cidade.

Como instrumentos da política municipal, determinou-se a criação de comissões e

conferências sobre Mobilidade, Trânsito e Transporte. Apesar da comissão não ter sido

criada, Caieiras hoje possui, dentro do Conselho da Cidade, uma Câmara Técnica de

Trânsito, Transporte e Mobilidade.

Embora o plano condicione a realização das ações e diretrizes a regulamentações

posteriores, inclusive quanto à criação de comitês e comissões, nota-se que praticamente

todas as disposições sobre mobilidade previstas não foram sequer iniciadas.

As exceções são a incorporação de ônibus adaptados ao transporte de pessoas de

acessibilidade reduzida á frota que atende o município.

2.3.3.2. Diagnóstico

O conceito de Mobilidade Urbana é entendido, pelo Ministério das Cidades, como “um

atributo associado às pessoas e aos bens; corresponde às diferentes respostas dadas por

indivíduos e agentes econômicos às suas necessidades de deslocamento, consideradas as

dimensões do espaço urbano e a complexidade das atividades nele desenvolvidas”7. Desse

modo, “pensar a mobilidade urbana é, portanto, pensar sobre como se organizam os fluxos

na cidade e a melhor forma de garantir o acesso das pessoas ao que a cidade oferece, de

modo mais eficiente em termos socioeconômicos e ambientais”8.

Vale ressaltar também que o conceito de acessibilidade extrapola o sentido de facilitar o

deslocamento de pessoas portadoras de dificuldade motora, abrangendo todos os

habitantes da cidade. O conceito pode ser entendido como a qualidade e facilidade de

acesso da população a realização de suas atividades e deslocamentos cotidianos.

A partir de tais premissas, o diagnóstico de Mobilidade a seguir abordará componentes

específicos e relevantes relacionados ao tema.

a) Acessos

Quanto aos deslocamentos intermunicipais, Caieiras, sendo uma das cidades da Região

Metropolitana de São Paulo, possui diferentes possibilidades de acesso, em diversos níveis

de utilização.

7 BRASIL. Ministério das Cidades. 2007. Caderno Plamob: para orientação aos órgãos gestores municipais na elaboração de Planos Diretores de Mobilidade. Brasília, Pag. 41

8 VARGAS, Heliana Comin. [I]mobilidade Urbana. Urbs, São Paulo, Viva o Centro, ano XII, n. 47, p. 8-

11, jul-set 2008

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Hoje, o principal deles, ao sul, é a rodovia SP 332 - Tancredo Neves, que liga São Paulo a

Caieiras e Franco da Rocha. Congestionada nos horários de pico, é utilizada como via

arterial do sistema viário, sendo a única interligação entre as regiões Serpa, Laranjeiras e

o centro da cidade. De gestão do DER – Departamento de Estradas de Rodagem, a rodovia é

muito utilizada, também, para acesso a Jundiaí e nas suas margens situam-se algumas das

principais indústrias de Caieiras (como Jandaia, Convenção e Saint Gobain) e o Parque

Industrial Araucária

Não existem acessos diretos ao Município de Cajamar, a leste de Caieiras. É possível

acessar a cidade através da rodovia SP 354 - Edgard Máximo Zambotto, pois esta possui

saída para a SP-332.

Outro acesso a Caieiras é a Estrada de Santa Inês, a leste, liga o município à zona norte de

São Paulo (bairro de Santana) e da acesso à SP 023 – Rodovia Prefeito Luiz Salomão

Chamma. Trata-se de uma via de pista simples, com manutenção precária fora do

território caieirense, em uma área onde existem diversas chácaras, inserida no perímetro

da Área de Preservação de Mananciais do Sistema Cantareira.

Já na SP 023, utilizada para se chegar a Mairiporã e ao centro de Franco da Rocha,

circulam 15 mil veículos por dia e ocorre lentidão no acesso à Mairiporã, por onde existe

ligação com a BR 381 – Rodovia Fernão Dias, pois o trecho é constituído de pista simples

com acostamento em más condições de conservação e que recebe tráfego intenso de

caminhões. A SP 023 não é pedagiada, contorna o Parque do Juquery, em Franco da Rocha

e é lindeira ao reservatório Paiva Castro, em Mairiporã.

O volume de tráfego nas rodovias é formado pelo movimento dos veículos de passeio, que

cruzam Caieiras visando evitar os pedágios das rodovias Anhanguera e Bandeirantes e

encurtar o percurso entre a região e as Zonas Leste e Norte de São Paulo; veículos de

carga, que cruzam Caieiras a caminho de municípios vizinhos; e ônibus fretados, que

transportam os funcionários que trabalham nos municípios vizinhos.

A outra importante rodovia que cruza Caieiras é a SP 348 – Rodovia dos Bandeirantes,

concessionada para a CCR Autoban e conhecida como uma das melhores estradas do país.

Todavia, a SP 348 que poderia ser um grande vetor de desenvolvimento, apenas divide o

território do município, uma vez que não existe acesso direto para Caieiras. O pedágio do

Km 38 da rodovia está em território careirense e a rodovia está em excelente estado.

Sendo assim, uma única rodovia permite o acesso rápido ao centro da cidade, a SP-332,

funcionando como principal via de acesso a São Paulo e ao Rodoanel Mário Covas (tramo

Oeste).

O mapa abaixo mostra a inserção de Caieiras no contexto regional metropolitano,

evidenciado a localização estratégica da cidade.

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Fonte: PLHIS Caieiras, 2009. Elaboração: Integra Sociedade Cooperativa, 2009.

Figura 19: Inserção de Caieiras no contexto metropolitano regional.

b) Infraestrutura Urbana e Acessibilidade

Caieiras possui um relevo extremamente acidentado, dificultando o deslocamento de

pessoas e bens. O parcelamento das glebas muitas vezes não respeitou as curvas de nível

do terreno, distribuindo ruas desnecessariamente íngremes. Além de estreitas, a grande

maioria das ruas não possuem faixas de estacionamento e algumas delas estão saturadas

nos horários de maior fluxo de veículos.

A urbanização da cidade aconteceu de maneira dispersa no território. A distribuição dos

bairros é descolada do centro, núcleo original da cidade onde se concentra a grande

maioria dos equipamentos urbanos, como os de saúde, lazer e transporte, entre outros.

Grandes porções do território possuem acessos viários precários, muitos destes acessos são

estradas rurais e não possuem a infraestrutura necessária aos fluxos de circulação urbana

cotidiana.

O sistema viário de Caieiras utiliza, na condição de vias arteriais e coletoras, estradas que

não possuem sinalização, acostamento, passeio para pedestres e iluminação pública.

Algumas destas estradas sequer possuem duas pistas.

Como exemplos dessa situação tem-se a estrada de Santa Inês, Estrada do Ajoá, Estrada do

Morro Grande e avenida Olindo Dártora, que conecta bairros dispersos no sentido leste-

oeste do município, parcialmente inserida em área de proteção de mananciais, condição

que dificulta o urbanização adequada das vias.

A dispersão espacial dos núcleos urbanos dificulta o deslocamento, principalmente, no que

diz respeito a circulação de pedestres. As calçadas são estreitas, mesmo nas áreas

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comerciais. Agravando a situação, os níveis da calçada não possuem continuidade, pois

cada pessoa molda o nível da calçada de acordo com as cotas de seus respectivos acessos,

criando uma situação de barreiras e obstáculos ao longo de praticamente todas as calçadas

da cidade. Essa situação pode ser vista nas figuras abaixo, onde a calçada se transforma

numa escada improvisada.

O pedestre encontra dificuldade de se locomover a pé muito em função da topografia

acidentada, calçadas estreitas ou inexistentes e falta de sinalização. A sinalização é

precária e em muitos pontos, inexistente. Existem poucos semáforos organizando o trânsito

de veículos e a travessia de pedestres. São poucas as faixas de pedestres, na maioria das

vezes, em vias centrais.

Nesse sentido, deve-se destacar a existência de apenas uma passarela para travessia de

pedestres na SP 332, o que deixa os transeuntes em situação vulnerável em bairros como

V. Rosina e Sítio Aparecida.

O centro da cidade merece atenção especial no que diz respeito a mobilidade e

acessibilidade de pedestres, pois concentra os principais equipamentos públicos, rede

bancaria e comércio, entre outros. Esse cenário é visível na proximidade do terminal

urbano, estação da CPTM e maternidade e pronto socorro, onde o fluxo de pedestres é

intenso e as possibilidades de acesso a maternidade, por exemplo, são inadequadas a

pessoas com mobilidade reduzida ou enfermas.

As imagens abaixo ilustram as diversas situações relacionadas a infraestrutura de

mobilidade e as condições de acessibilidade em Caieiras:

Figura 20: Acesso do terminal a maternidade é feito por escada sem patamares, dificultando o acesso a portadores de dificuldade motora.

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Figura 21: Passeios íngremes. Moradores modificam o nível da calçada de acordo com o acesso aos lotes.

Figuras 22 e 23: Ruas íngremes e estreitas. À esquerda, rua próxima à estrada do Ajoá. À direita, rua de acesso ao Jardim Esperança, conhecida como “tobogã”, antes de asfaltada, era uma escadaria.

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Figuras 24 e 25: Ruas estreitas. À esquerda, rua do Jardim Esperança. À direita, calçada beirando a rodovia SP 332, construída a pouco tempo, deveria contemplar também uma ciclovia, no entanto, ciclistas e pedestres competem pela única e estreita faixa pavimentada existente.

Figuras 26 e 27: Pedestres em situações de risco. A falta de passeios e sinalização é um sério problema na cidade. À esquerda, trechos sem calçadas na rodovia SP 332. À direita, cruzamento da SP 332 com linha férrea, no centro, entre a Estação Caieiras da CPTM e o Terminal Urbano.

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Figura 28: Passeios íngremes. O ponto de ônibus ocupa a passagem do pedestre. Fonte das imagens de 20 a 28: Acervo Geo Brasilis, 2011.

c) Integração dos meios de transporte

O centro da cidade converge todos os meios de transporte públicos existente em Caieiras, deixando lado a lado o trem metropolitano e o terminal urbano de ônibus9, que geram alto fluxo de pedestres.

A rodovia SP-332 cruza a linha do trem exatamente ao lado da estação, resultando em ponto de estrangulamento de tráfego. Nesse trecho, a calçada é precária ou não existe, fazendo com que os pedestres utilizem as ruas e a rodovia para circulação, competindo com veículos na travessia.

A concentração de equipamentos de saúde públicos e privados no centro da cidade é outro fator gerador de trânsito na região. Para facilitar a mobilidade na área central, foram realizadas diversas melhorias em 2006, através do Programa de Revitalização dos Pólos de Articulação Metropolitana – Pro-Pólos, desenvolvido pela EMTU/SP. Foram implantadas duas plataformas para embarque, rampas de acesso, floreiras, tratamento nas calçadas. As paradas receberam baias para ônibus com pavimento rígido.

O transito de veículos é intenso, com poucas possibilidades de estacionamento, vias estreitas e sem sinalização, e mais grave, o principal eixo de articulação entre os três importantes bairros da cidade é feita através de uma rodovia estadual, que dispõe de apenas um ponto para travessia de pedestres e não conta com passeios públicos na maior parte do traçado.

A CPTM – Cia Paulista de Trens Metropolitanos esta desenvolvendo um projeto de expansão da capacidade na linha Rubi, que atende a Caieiras, diminuindo o intervalo entre os trens. A melhoria dos serviços prestados será um dos elementos mais estruturadores da mobilidade urbana da cidade. O aumento do fluxo de pedestres na região deverá ser contemplado com projetos onde haja uma articulação dos sistemas de transporte, fluxos de pedestres e bens.

9 Apesar de ter recebido o nome de Terminal Rodoviário Alípio Martinho é um terminal urbano de ônibus municipais e metropolitanos.

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Fonte: Agenda 21 de Caieiras. Logit. Elaboração Geo Brasilis (2009)

Figura 29: Previsão de redução do intervalo entre os trens da linha Rubi, segundo o plano ExpansãoSP da CPTM.

Nesse sentido , a implantação do Plano de Expansão na linha Rubi foi a razão para a CPTM

realizar a construção do viaduto para transposição da ferrovia, o que permitirá que os

trens trafeguem em intervalo menor, sem interrupção do trânsito da SP-332. A previsão do

término da obra era para dezembro de 2010, mas sofreu atrasos.

A estação de trens é pouco acessível para os usuários, que precisam cruzar a SP 332 e a

linha do trem. Não há faixas para cruzamento de pedestres e a passarela que transpõe a

ferrovia é pouco utilizada. Com as obras no novo viaduto, uma nova estação será

necessária e o local de sua construção é motivo de negociações entre a prefeitura de

Caieiras e técnicos da CPTM. A estação atual é bastante próxima do terminal de ônibus

urbano, o que pode gerar desconforto para a população, caso seja alterada sua

localização.

Caieiras possui um latente potencial em relação a mobilidade, apresentando oportunidades

de desenvolvimento de projetos articuladores dos meios modais para os mais diversos tipos

de deslocamento podem ser contemplados com qualidade, melhorando a qualidade de vida

das pessoas.

A construção do tramo Norte do Rodoanel Mário Covas deve colaborar com a realização

desse potencial, ampliando a acessibilidade de pessoas e cargas o município e as pressões

de ocupação na sua vizinhança.

d) Grandes investimentos em transportes

Recentemente, Caieiras tem discutido a possível ocorrência dois de grandes investimentos

logísticos no município. O primeiro é o TAV – Trem de Alta Velocidade, concebido para

ligar São Paulo e Rio de Janeiro, se estendendo até Campinas, de modo a atender

demandas geradas pelo crescimento econômico e pelas Olimpíadas de 2016, quanto ao

transporte de passageiros.

É um vultuoso investimento, destinado a reduzir a sobrecarga nos aeroportos, que requer,

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em termos de engenharia, trajeto sem curvas, o que implicará na predominância de pontes

e túneis.

O projeto atualmente discutido divide o municio e sua área central em duas partes e gera

polêmica pelos possíveis impactos urbanísticos nocivos e prejuízos a equipamentos públicos

e propriedades privadas.

O outro projeto é o de um aeroporto, que seria privado, viabilizado por meio de uma

parceria entre as empresas Camargo Corrêa e a Andrade Gutierrez, que começaria a operar

antes da Copa de 2014. Sua localização não está definida e a aprovação requer mudança

de marco regulatório do setor, de responsabilidade do Governo Federal.

As construtoras, com apoio das companhias aéreas TAM e GOL, garantem que não

precisariam e recursos públicos para construção do aeroporto. No entanto, as informações

a respeito ainda são embrionárias e a construção é incerta. Ainda assim, por se tratar de

um equipamento de porte e relevância nacional, deve-se considerar que toda a cidade e

entorno próximo seriam afetados, passando por uma reestruturação intensa na intenção de

atender as demandas que acompanhariam o empreendimento10.

Outros investimentos em infraestrutura significativos previstos para a região são a

construção do tramo Norte do Rodoanel Mário Covas, que deve facilitar o acesso ao

município e a ampliação da linha férrea que liga São Paulo a Jundiaí, passando por

Caieiras, atualmente concessionada para a MRS, que expandiria a capacidade de transporte

de cargas.

2.3.4. Trânsito e Transporte

2.3.4.1. Como o Plano Diretor trata o tema Trânsito e

Transporte

A Lei Complementar No 3.896 – Plano Diretor Municipal de Caieiras dedica seu Capítulo IV

às questões relacionadas a Mobilidade, Trânsito e Transporte, definindo diretrizes para a

política municipal correspondente e seus instrumentos, além de propor a classificação das

vias municipais e a estruturação do Sistema Viário de Transporte Público Municipal (Seção

I).

Como os demais assuntos abordados no Plano Diretor Municipal de Caieiras, Trânsito e

Transporte têm uma abordagem superficial, com o desdobramento das ações em

instrumentos legais posteriores que não foram elaborados ao longo dos cinco anos de

vigência do Plano.

Ao mesmo tempo, informações importantes como o Mapa do Sistema Viário e Planta Oficial

do Sistema Viário do Município não estão disponíveis como anexo da Lei No 3.896, o que

compromete a avaliação do crescimento do sistema viário e das linhas de transporte no

período. Tais comparações foram realizadas através de entrevistas com funcionários do

departamento de Cadastro Imobiliário e com a utilização de mapas disponibilizados nos

estudos para a elaboração do Plano Diretor, em 2006.

10

Informações disponíveis em: www.investimentos.sp.gob.br/noticias

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2.3.4.2. Diagnóstico

a) Trânsito

O trânsito de veículos em Caieiras tem na SP 332 – Rod. Tancredo Neves seu eixo principal.

A rodovia une as diferentes regiões de planeamento do município (Serpa, Centro e

Laranjeiras) e torna necessária a criação de eixos alternativos, em função da saturação da

SP 332, principalmente nos seguintes trechos:

Travessia da passagem em nível com a linha do trem, na altura da Praça da

Emancipação Pref. Eng. Gino Dártora, onde atualmente está em construção um

viaduto, solicitado como intervenção prioritária no Plano Diretor Municipal de

2006 (artigo 51, alínea III);

Trevo de acesso à SP 023 – Rod. Salomão Chamma, na entrada de Franco da

Rocha, sem intervenções de melhoria prevista;

Trevo da av. Paulicéia, sujeita a tráfego de caminhões, apesar da existência de

legislação municipal prevendo a limitação de trânsito de cargas acima de 13t, o

que não é fiscalizado.

Merece destaque que o congestionamento persiste nesses trechos apesar das obras de

melhoria realizadas pelo DER entre 2009 e 2010, que incluíram a melhoria de sinalização,

recapeamento asfáltico, construção de trevos de acesso aos principais bairros lindeiros à

rodovia e construção de faixa adicional nos trechos de subida.

Além da rodovia, as principais vias do município são:

O corredor formado pelas avenidas XIV de dezembro e Carvalho Pinto, no

Centro, que concentram o principal corredor comercial de Caieiras com outros

serviços geradores de tráfego como o PAT (Posto de Atendimento ao

Trabalhador), e a Câmara Municipal, além de darem acesso ao Hospital e

Maternidade Municipal, ao Pronto Socorro Central e à Delegacia de Polícia de

Caieiras;

Av. Armando Sestini, que dá acesso aos bairros Jd. Marcelino e Jd. Vera Tereza,

bastante populosos;

Av. Marcelino Bressiani, que liga a SP 332 ao Jd. Marcelino e ao Serpa;

Av. Gino Dártora, que liga os bairros de Jd. Nova Era e Jd. Novo Rumo à área da

Secretaria Estadual da Saúde, no Juquery e ao Jd. Esperança.

Av. Paulicéia, principal avenida do bairro Laranjeiras, que dá acesso à Estrada

de Santa Inês (ligação secundária de Caieiras com a zona norte de São Paulo), à

estrada dos Alpes e ao município de Mairiporã; e

Av. Olindo Dártora, idealizada para unir o bairro de Laranjeiras ao Centro de

Caieiras, que atualmente é subutilizada e apresenta espaço para o crescimento

da ocupação urbana no seu entorno.

É importante notar que o número de veículos no município cresceu muito mais do que o

sistema de vias entre 2006 e 2010. Nesse período, as vias públicas criadas se referem,

essencialmente, às que compõem novos loteamentos, além da inauguração da Av. Olindo

Dártora, ocorrida em 2008.

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No mesmo período, o número de automóveis cresceu 46,8% e de motocicletas 78,6%,

conforme ilustrado no gráfico abaixo.

Fonte: Fundação Seade. Elaboração Geo Brasilis. 2011

Figura 30: Evolução do Número de Veículos em Caieiras, entre 2006 e 2010.

Tais dados se refletem no aumento dos pontos de congestionamento e na alteração do

horário de pico na SP 332, que passou para o intervalo das 7h às 8h da manhã, quando

anteriormente era das 8h às 9h. O deslocamento do horário de pico reflete o fato de

grande número de pessoas trabalharem fora de Caieiras e de terem que sair mais cedo de

casa.

Como desdobramentos previstos da política municipal de transportes, a Lei apontou a

necessidade de cinco intervenções prioritárias, que foram relacionadas abaixo juntamente

com a situação de implantação correspondente:

No Intervenção Situação

I Duplicação da Rodovia SP 332 Foi realizada obra de melhoria, com a

implantação de 2ª faixa nos trechos de

subida e melhoria dos trevos e

sinalização.

II Constituição de Marginais da SP 332 Não realizada

III Transposição da ferrovia através de

construção de viaduto sobre os trilhos

em substituição à passagem em nível

Atualmente em andamento, a obra foi

assumida pela CPTM, dentro do plano

ExpansãoSP

IV Via arterial ao lado da margem Não realizada. A área no entorno do

Ribeirão do Cavalheiro não foi

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esquerda do Ribeirão do Cavalheiro urbanizada no período.

V Ciclovia interligando o Serpa, o Centro

e Laranjeiras

Não realizada

Quadro 3: Situação atual das intervenções em infraestrutura de transporte e mobilidade

sugeridas pelo Plano Diretor Municipal de Caieiras.

É importante notar que a criação de acesso entre Caieiras e a SP 348 – Rodovia dos

Bandeirantes não consta entre as intervenções prioritárias propostas em 2006, embora se

trata de um projeto estruturante para o município.

O melhor aproveitamento da malha viária urbana requer investimento em sinalização das

vias, incluída a indicação de caminhos alternativos e em calçamento, que é precário em

função da falta de investimento de moradores e da topografia acidentada.

Outro aspecto importante é a fiscalização das restrições de tráfego e estacionamento

impostas pela legislação municipal. Não é permitida a circulação de caminhões com tara

superior a 13t na av. Paulicéia e acessos a Mairiporã. A fiscalização, todavia, é precária e o

trânsito de caminhões de grande porte é comum, comprometendo o estado da via, cuja

pavimentação requer constantes manutenções e reduz o fluxo de veículos.

A área central da cidade de Caieiras possui ruas estreitas e os habitantes reclamam da

dificuldade em encontrar vagas para estacionar. Existem solicitações populares para

projetos do tipo Zona Azul e o crescimento contínuo do número de veículos reafirma a

necessidade de planejamento para mobilidade urbana e reorganização de espaços,

prevenindo prejuízos para o tráfego.

As vias da região central estão saturadas o que reforça a necessidade de estudos de

melhorias para o fluxo de veículos, sentido de ruas, velocidade máxima permitida,

necessidade de obstáculos e outros mecanismos de regulação do trânsito.

Para facilitar a mobilidade na área central, foram realizadas diversas melhorias em 2006,

através do Programa de Revitalização dos Pólos de Articulação Metropolitana - Pro-Pólos,

desenvolvido pela EMTU/SP. Foram implantadas duas plataformas para embarque, rampas

de acesso, floreiras, tratamento nas calçadas. As paradas receberam baias para ônibus com

pavimento rígido e o sistema viário foi recapeado com a implantação de nova sinalização

viária. Os resultados do projeto podem ser vistos em um trecho da avenida Carvalho Pinto,

na proximidade da praça Armando Siqueira. A qualidade da intervenção impressionou os

cidadãos ao ponto de a praça ser conhecida atualmente como a “praça do Pró-pólos”.

O município tem estudos incipientes para a construção de ciclovias ou ciclofaixas

envolvendo, inicialmente, ligações do centro com os bairros das Laranjeiras e Jd.

Esperança. Atualmente, parte da população utiliza as bicicletas como meio de locomoção,

correndo riscos ao dividir espaços com veículos, como em trechos da SP 332 onde os

acostamentos foram eliminados. A adoção de meios de transportes sustentáveis pode ser

uma das alternativas para o município.

b) Transporte Coletivo

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A estrutura do transporte coletivo do município é composta por trem e ônibus. A Linha 7 -

Rubi da CPTM - permite o acesso à Lapa, Barra Funda e Luz. A linha apresenta elevada

saturação de passageiros por vagão, não apenas nos horários de pico, mas também nos

horários alternativos. Hoje, o intervalo entre as viagens varia entre 9 e 11 minutos, mas

um projeto da CPTM pretende reduzir o intervalo para 4 minutos até o final de 2012. A

implantação do Plano de Expansão na linha Rubi foi a razão para a CPTM realizar a

construção do viaduto para transposição da ferrovia, o que permitirá que os trens

trafeguem em intervalo menor, sem interrupção do trânsito da SP-332. Atualmente a obra

está paralisada e sem prazo para finalização.

A concretização do Plano de Expansão da linha Rubi facilitará o trajeto ferroviário entre

Caieiras e São Paulo. Ao mesmo tempo em que os moradores serão beneficiados pela

comodidade de novos trens e viagens mais rápidas, existe o risco de que a característica de

cidade-dormitório do município seja acentuada. Assim, as ações necessárias para o

enriquecimento da vida caieirense e geração de empregos no município são necessárias.

Ainda em relação ao transporte coletivo por ônibus, o município oferece, através da Viação

Caieiras, 12 linhas municipais servindo os bairros e 20 linhas intermunicipais, conectando

Caieiras a quatro municípios: São Paulo, Cajamar (incluindo os distritos de Polvilho e

Jordanésia), Franco da Rocha e Francisco Morato. A tabela 1 apresenta o número de linhas

para cada destino. A frota de Caieiras conta atualmente com 38 veículos.

A população percebe a necessidade de uma linha de transporte que ligue diretamente

Caieiras e Mairiporã. Atualmente, não há linha de ônibus ou de transporte alternativo

(como RTO - Reserva Técnica Operacional, da Secretaria de Transportes Metropolitanos)

que faça o trajeto, o que implica em baldeações em Franco da Rocha.

A ligação com Cajamar é feita através de linha de ônibus que liga Franco da Rocha ao

município vizinho, em seu distrito de Jordanésia e passa por Caieiras.

A instalação de um terminal intermodal que inclua o acesso à linha férrea e aos ônibus

urbanos é uma demanda da população.

Principais Destinos Nº de Linhas

São Paulo (Lapa) 7

São Paulo (Barra Funda) 3

São Paulo (Perus) 2

Franco da Rocha 3

Francisco Morato 2

Fonte: Viação Caieiras, 2009.

Quadro 4: Principais Destinos das

Linhas de Ônibus Intermunicipais de Caieiras.

A maior reclamação da população é a não implantação do Bilhete Único ou de sistema de

terminais de ônibus fechados com baldeação gratuita, além do alto valor relativo da

passagem, em razão dos curtos trajetos e, no caso dos idosos, da idade mínima para

gratuidade, que é de 65 anos. Os usuários reconhecem, todavia, o bom estado de

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conservação da frota e a baixa freqüência da ocorrência de problemas de manutenção com

os veículos.

Caieiras não possui serviço de lotação regularizado, como na capital. No total, estão

registrados 32 táxis.

É importante destacar a ausência de um terminal rodoviário dedicado a ônibus para longas

e médias distâncias. Os cidadãos que desejam viajar têm que utilizar os terminais de São

Paulo e Jundiaí.

2.3.5. Meio Ambiente

2.3.5.1. Como o Plano Diretor trata Meio Ambiente

A Lei Complementar No 3.896 – Plano Diretor Municipal de Caieiras trata do tema Meio

Ambiente em seu Título IV (Da Política Municipal do Meio Ambiente e do Patrimônio

Cultural), nos capítulos I a III.

Na ausência de uma lei específica para a Política de Meio Ambiente, o Plano Diretor traz

definições, objetivos, diretrizes, instrumentos e a proposta de um plano de preservação e

recuperação ambiental.

Ao mesmo tempo, a lei não determina que setor da administração municipal é responsável

pelas questões e projetos ambientais.

Entre as definições apresentadas, destaca-se o zoneamento ecológico-econômico,

apresentado como instrumento de planejamento de uso de áreas, através da determinação

de sua vocação. Esse zoneamento não foi realizado e a Agenda 21 de Caieiras não aborda

entre suas propostas de ação a sua elaboração.

A política municipal de Meio Ambiente trata, essencialmente, da preservação, recuperação

e controle do meio ambiente natural e antrópico do município, em seus diversos aspectos.

A inclusão da preservação do patrimônio histórico e cultural dentro dessa política é

inadequada, em função da diferença de focos, instrumentos necessários e setores

responsáveis dentro do poder executivo municipal.

Quanto às diretrizes propostas para a política municipal de Meio Ambiente, não são

abordados aspectos práticos de como implementar a política ambiental, apenas uma série

de intenções a serem tratadas. Merece destaque a diretriz II, que estabelece a definição e

controle da ocupação e uso dos espaços territoriais como assunto a ser tratado dentro da

política municipal de meio ambiente, o que deve ser revisto, já que tais definições e

controles cabem dentro da lei de Uso e Ocupação do Solo.

Os instrumentos propostos para a política municipal de Meio Ambiente são bastante

diversos e podem ser revistos no sentido de serem atualizados.

No seu artigo 73, o Plano Diretor define ações prioritárias para o plano de recuperação e

preservação ambiental. Nenhuma das seis ações propostas foram realizadas. A revisão da

legislação deve considerar a atualização de tais ações, incluindo o respeito às

responsabilidades de outras esferas de governo.

Outro ponto que merece destaque é a existência de zonas de Preservação Ambiental e de

Recursos Hídricos, especiais ou não (ZPARH e ZEPARH), dentro do zoneamento proposto.

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Todavia, não há definição de usos específicos e ambientalmente sustentáveis para tais

espaços.

Ainda quanto ao zoneamento, as áreas de preservação não coincidem com os limites dos

parques estaduais e com a área de proteção de mananciais do entorno do reservatório

Paiva Castro, o que deve ser estudado.

O PDM atual define ainda outra zona de preservação, a ZRPA – Zona Rural de Preservação

Ambiental. Esse zoneamento, todavia, tem nomenclatura inadequada, uma vez que trata

de áreas dedicadas à silvicultura enquanto atividade rural e não à proteção de riquezas

naturais do município.

2.3.5.2. Diagnóstico

A questão ambiental em Caieiras não tem sido valorizada, seja através de ações, seja pela

disponibilidade de recursos, nos últimos anos. A Coordenadoria Municipal de Meio

Ambiente ficou vaga por 8 anos e, apenas em 2009, foi convertida em secretaria

municipal, com recursos atribuídos no Orçamento Municipal.

Uma breve caracterização ambiental de Caieiras será feita a seguir, a partir dos principais

temas envolvidos.

a) Hidrografia

Quanto ao aspecto hidrográfico, o principal rio da região é o Juquery, que está bastante

assoreado e recebe grande parte do esgoto não tratado dos municípios de Caieiras,

Francisco Morato e Franco da Rocha. O assoreamento do rio Juquery é preocupação comum

entre essas localidades e ocasiona contínua redução da sua vazão de água, o que prejudica

estabelecimentos que captam água diretamente do rio e contribui para as enchentes na

região.

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Fonte: Acervo Geo Brasilis. 2010.

Figura 31: Rio Juquery, no centro de Caieiras

Segundo levantamento da CETESB, realizado em 2009, o Índice de Qualidade das Águas

(IQA) do Rio Juquery medido na altura do reservatório Paiva Castro oscilou entre bom e

ótimo nos doze meses do ano. No mesmo período, em ponto de análise após o rio receber

os esgotos sem tratamento dos município da região, o IQA oscilou entre regular e ruim.

Além do IQA, a CETESB determinou também o IVA (Índice de Qualidade das Águas para

Proteção da Vida Aquática e Comunidades Aquáticas) em 2009. No reservatório Paiva

Castro o indicador apontou regular e bom. No rio, nas proximidades de Perus, o resultado

ficou entre ruim e péssimo.

Com relação ao indicador de eutrofização (IET), que aponta a presença excessiva de

nutrientes que pode desequilibrar o ecossistema aquático culminando na redução

acentuada dos níveis de oxigênio, o rio Juquery mostrou-se eutrófico, supereutrófico e até

hipereutrófico, resultado condizente com a forte presença de fósforo e de clorofila nas

suas águas.

Das doze microbacias hidrográficas que estão no território de Caieiras, seis contribuem

com o Rio Juquery. São elas: Microbacia do Córrego do Tanque Velho, Microbacia do

Córrego dos Abreus, Microbacia do Córrego Melhoramentos, Microbacia do Ribeirão

Criciúma, Microbacia do Ribeirão do Cavalheiro, Microbacia do Ribeirão dos Pinheiros.

Quanto às outras bacias, merece destaque a microbacia do Córrego do Tanque Velho, em

cujo território está situado o CTR Caieiras, da Essencis. O controle da qualidade da água

desse rio merece especial atenção, em função do potencial de contaminação.

Na região leste de Caieiras estão as microbacias do Ribeirão Santa Inês e do Córrego do

Engenho, que contribuem com a represa Paiva Castro, do Sistema Cantareira (SABESP),

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onde é feita a captação de água para Caieiras e 53% da população do município de São

Paulo.

Tais microbacias são beneficiadas com a ocupação controlada e com as estritas leis

estaduais para preservação da área de mananciais.

As demais microbacias são as Itaboim/ Bonsucesso e Olho d´Água, que contribuem com o

Ribeirão dos Cristais, de Cajamar. Essas microbacias estão em áreas ocupadas em sua

maioria por reflorestamento de eucaliptos e lindam com a APA de Cajamar. Nessa região, o

extremo oeste de Caieiras, as únicas ocupações são as do Bairro Calcárea (também

conhecido como Parque Geniolli) e o Residencial Scorpios, de alto padrão, situado em sua

maior parte em Cajamar.

Figura 32: Microbacias Hidrográficas do município de Caieiras.

b) Vegetação

Quanto à vegetação, existem áreas de mata nativa (23,85% da área do município),

compostas por mistura de cerrado e mata atlântica, áreas de campos e vegetações do tipo

várzea e capoeira, embora Caieiras tenha sido notabilizada pelas áreas de silvicultura

(eucalipto), que ocupam 39,4% do território (Emplasa, 2005).

MICROBACIA OLHO

D´ÁGUA

olh

OLHO D’ÁGUA MICROBACIA

MELHORAMENTOS

MICROBACIA

JUQUERI

MICROBACIA

ITAÍM/BOM SUCESSO

MICROBACIA

TANQUE VELHO MICROBACIA

ABREUS

MICROBACIA CRICIÚMA

MICROBACIA CAVALHEIRO

MICROBACIA PINHEIROS

MICROBACIA SANTA INÊS

MICROBACIA ENGENHO

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Figura 33: Área de silvicultura de eucalipto, em Caieiras.

O município de Caieiras encontra-se inserido na Região Fitoecológica da Floresta Ombrófila

Densa, apresentando as formações submontana e montana.

Os fragmentos remanescentes são caracterizados pela presença de ambientes úmidos, sem

períodos de estiagem que permitam seca fisiológica. Apresentam três estratos bem

definidos, com indivíduos emergentes, estrato herbáceo bem desenvolvido e a presença de

uma densa rede de drenagem.

O município possui matas em vários estágios secundários, predominando os estágios médios

de regeneração, onde se nota baixa diversidade de epífitas, lianas e fetos arborescentes e

árvores sempre verdes (acima de 90% das espécies com folhas perenes), com estruturas

adaptadas à alta pluviosidade, como ápices em forma de goteira e superfície lisa.

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Figura 34: Exemplo de fragmento de vegetação característica em Caieiras.

Imagem 5 - Exemplo de vegetação nativa de Caieiras, na Área de Preservação de

Mananciais do Sistema Cantareira, com pressão de ocupação em zona que deveria ser

preservada.

Nessas áreas de mata secundária, incluem-se as áreas recobertas por mata ciliar e as

comunidades aluviais (brejos) e encontram-se diretamente associadas ao sistema de

drenagem natural existente no município. Sua ocorrência torna-se mais evidente quando

inserida em áreas mais antropizadas, como os talhões de reflorestamento, entretanto, nas

áreas de mata secundária sua diferenciação é praticamente indistinta devido à semelhança

fisionômica dessas formações.

c) Fauna

A variedade de fauna encontrada em Caieiras é bastante limitada.

A comunidade de aves tem pouca diversidade, o que pode ser ocasionado pela escassez de

alimentos, fragmentos muito isolados, floresta em estágio de crescimento inicial e médio e

por caça indiscriminada.

A grande área de reflorestamento de eucaliptos colabora com a baixa diversidade de aves,

uma vez que impacta na escassez de materiais para ninhos, ao mesmo tempo em que

permite a presença de mamíferos, que utilizam as áreas como corredores.

A preservação de ampliação da fauna local depende da manutenção dos fragmentos de

mata e da sua conexão através de corredores, o que estava previsto do Plano Diretor de

2006 e todavia não se realizou.

d) Unidades de Conservação

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Quanto a áreas de preservação, o município definiu recentemente, sua primeira APA (Área

de Preservação Ambiental), em parte da fazenda Santa Luzia. Na sua divisa oeste, situa-se

a APA Cajamar.

Os Parques Estaduais do Juquery e da Cantareira tem parte de sua área dentro do

território de Caieiras, assim como a área de preservação de mananciais do Sistema

Cantareira.

Figura 35: Áreas de preservação no território de Caieiras

O zoneamento atual não define claramente os limites dessas unidades de conservação e

não adota os parâmetros de ocupação regulados por leis estaduais e federais que lhes

correspondem. Esse fator, associado às dificuldades de fiscalização sobre ocupação da

SMOPP, impõe maior riscos para a sua preservação.

e) Programas e Iniciativas

Caieiras assinou o protocolo de Município Verde da Secretaria Estadual de Meio Ambiente.

Segundo o site da Secretaria, o município não foi avaliado quanto ao seu desempenho

ambiental nos exercícios de 2008 e 2009. Em 2010, Caieiras obteve 7,02 pontos (em 100

possíveis) e ficou na 635ª posição no ranking estadual do programa. A melhoria da

pontuação depende da execução de plano de ações amplo, que envolve desde criação de

leis ambientais específicas até a implantação de programas de arborização urbana, de

coleta seletiva, criação de programas de educação ambiental e melhoria de índices de

tratamento de resíduos sólidos, entre outros.

A SEMMA, apesar de seu orçamento limitado, trabalha na implantação de programas

importantes como o de arborização urbana e na criação do EcoParque de Caieiras, através

de parceria público-privada, com a concepção de utilizar a várzea do Rio Juquery, com

área de 280.000m2, e possuir, futuramente, um Centro de Educação Ambiental (com

Viveiro, Pomar e Mirante).

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Fonte: Fundação Seade. Elaboração: Geo Brasilis. 2011.

Figura 36: Evolução das despesas municipais anuais com Gestão Ambiental em Caieiras,

entre 2003 e 2009.

O programa de coleta seletiva domiciliar é incipiente e está sendo organizado em parceria

com o Instituto PNBE e com a Essencis, com foco na destinação adequada do óleo de

fritura. A meta é coletar 100% do óleo até 2013. Não existe galpão para triagem de

resíduos para reciclagem, que é feita nos fundos de algumas residências, o que

potencializa o surgimento de pragas.

Caieiras conta com uma ONG ambiental: o IPEH (Instituto de Pesquisa da Ecologia

Humana). Atuando desde 1996, o IPEH tem desenvolvido campanhas pela preservação do

Rio Juquery (Programa Juca Vivo) e pelo aproveitamento social da área estadual no

Juquery, na forma de uma universidade pública.

A solução das questões ambientais em Caieiras está intimamente relacionada ao

equacionamento das deficiências de saneamento básico que serão detalhadas a seguir,

além da ampliação dos recursos destinados ao setor ambiental.

2.3.6. Saneamento Ambiental

2.3.6.1 Como o Plano Diretor aborda o tema Saneamento

Ambiental

A Lei Complementar No 3.896 – Plano Diretor Municipal de Caieiras dedica, dentro do

Título VI (Da Política Municipal do Meio Ambiente e do Patrimônio Cultural), um seção

específica ao Saneamento Ambiental. A Seção II (Do Plano de Saneamento Ambiental)

define a existência de uma Política Municipal de Saneamento Ambiental e suas diretrizes.

As diretrizes propostas no artigo 75 do Plano Diretor Municipal de Caieiras não são

completamente congruentes com as propostas pela Lei Federal 11.445, de 2007, que rege

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o Saneamento Básico e deverão ser revistas para convergirem com as diretrizes da lei

federal.

As diretrizes propostas são alinhadas, em grande parte, com os aspectos ambientais e não

consideram fatores como a universalidade do atendimento e a necessidade de

planejamento com horizonte de vinte anos para os aspectos de saneamento e a

necessidade de definição de metas, ações e origem de recursos para realização das

propostas, que são requisitos da lei federal.

Além disso, o Plano Diretor Municipal define ações prioritárias que são importantes mas

não foram definidas a partir de um planejamento de longo prazo. O aspecto de drenagem

de águas pluviais não foi abordado por nenhuma ação. Ainda assim, as ações prioritárias

propostas não foram implementadas.

2.3.6.2. Diagnóstico

Acompanhando a lei federal 11.445/2007, o diagnóstico apresentado a seguir será dividido

pelos seguintes assuntos:

Sistema de abastecimento de água;

Sistema de coleta e tratamento de esgotos;

Sistema de drenagem urbana de águas pluviais; e

Sistema de coleta e disposição de resíduos sólidos domiciliares urbanos.

a) Sistema de Abastecimento de Água

Os serviços de relacionados ao abastecimento de água, em Caieiras, são providos pela

SABESP.

A empresas, que é uma sociedade de economia mista com administração pública, é

responsável pela captação, coleta e distribuição de água e utiliza a infraestrutura já

existente, do Sistema Integrado de Abastecimento de Água da RMSP, particularmente o

Sistema Produtor Cantareira, para atender o município.

A captação da água distribuída em Caieiras é realizada toda no Sistema Produtor

Cantareira e tratada na ETA Guaraú, localizada na região norte do município de São Paulo,

à estrada Santa Inês, no bairro de Pedra Branca.

O município de Caieiras é atendido pela alça Extremo Norte do Sistema Adutor

Metropolitano e possui reservação com capacidade nominal de 5.000 m³.

Atualmente, a alça Extremo Norte está em expansão, com a instalação de novo ramo da

adutora, que passa por Caieiras na altura do bairro Vila Rosina. Em consequência das

obras, esse bairro sofre com interrupções constantes de abastecimento.

O Setor Caieiras apresenta cerca de 237 km de rede de distribuição, abrangendo uma única

zona de pressão.

Essa rede de distribuição atinge 25.723 economias (contas) de água, segundo dados da

SABESP fornecidos ao SNIS (Sistema Nacional de Informações de Saneamento) relativos ao

ano de 2008. Dessas, 24.216 correspondem a economias domiciliares.

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A rede de água abrangia, em 2008, 81.753 habitantes de Caieiras, correspondendo a

97,84% de atendimento, segundo dados da Sabesp.

A elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) apresentará oportunidade

adequada para a verificação desse percentual e para a avaliação da qualidade dos serviços

prestados, uma vez que há diversas queixas da população quanto à alta frequência da

interrupção do abastecimento de água em Caieiras.

A cobrança pelo uso da água na Sub-Bacia do Juquery foi iniciada recentemente (julho de

2009), conforme tratativas do Comitê de Bacias.

b) Sistema de Coleta e Tratamento de Esgoto

Ao contrário da situação do abastecimento de água, a infraestrutura pra coleta e

tratamento de esgotos em Caieiras é insuficiente.

A responsável pelos serviços também é a SABESP, que utiliza o sistema isolado Extremo

Norte, não integrado ao Sistema Principal de Esgotos da RMSP, para atender o município.

Caieiras não dispõe de estação de tratamento de esgotos e a rede coletora abrange,

segundo dados da SABESP de 2008 (fonte SNIS), 74,95% dos seus habitantes.

A rede coletora de esgotos totaliza 120,0Km de extensão, o que corresponde a 50,6% da

rede de distribuição de água.

O volume de esgotos coletado anualmente pela SABESP foi de 2,21 milhões de m3, em

2008, contra 4,88 milhões de m3 de água fornecidos pela ETA Guaraú para Caieiras no

mesmo ano.

O esgoto coletado é destinado aos seguintes corpos d’água: Ribeirão Água Vermelha,

Ribeirão Crisciúma, Ribeirão do Cavalheiro e Ribeirão Pinheirinho, todos pertencentes à

bacia do Rio Juquery.

Os esgotos não coletados são despejados fora das casas, através de ligações clandestinas

precárias que direcionam os dejetos a barrancos, sarjetas e córregos.

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Figura 37: Exemplo de ligação irregular para afastamento de esgoto domiciliar, no bairro

Parque Santa Inês, em Caieiras.

Como forma de solucionar as deficiências estruturais quanto a coleta e tratamento de

esgotos, Caieiras uniu-se aos municípios de Franco da Rocha e Francisco Morato na

solicitação de recursos para a construção de estações de tratamento que atendam

simultaneamente as três localidades. Em 2008, recursos da ordem de 30 milhões de reais

foram liberados através do PAC para que a SABESP construa as estações.

Todavia, embora haja locais definidos para as ETEs (uma no bairro das Laranjeiras e outra

na proximidade do PEC – Parque Ecológico de Caieiras), as obras ainda não começaram.

c) Gerenciamento de Resíduos Sólidos

A coleta de resíduos sólidos domiciliares em Caieiras é atualmente realizada por empresa

contratada pela Essencis, que dispõe tais resíduos em seu CTR – Centro de Tratamento de

Resíduos, localizado na SP 348 – Rodovia dos Bandeirantes, na altura do Km 33.

O CTR Caieiras recebe resíduos Classe I e II de diversos municípios da região, além de São

Paulo, Taboão da Serra, Osasco, entre outros. Como parte da compensação negociada com

Caieiras, por ocasião de sua instalação, é responsabilidade do aterro a coleta e disposição

do lixo da localidade. A estimativa dos administradores é que o aterro atinja sua

capacidade licenciada até o ano de 2020.

O chorume gerado pelo aterro é direcionado para lagoas coletoras e retirado com

caminhões tanque e enviado para disposição final. Uma das idéias da operadora é enviar o

chorume para as estações de tratamento de esgoto que serão construídas.

Antes da instalação do aterro da Essencis, a disposição dos resíduos domiciliares de

Caieiras era realizada em área no bairro das Laranjeiras, sem as precauções adequadas

contra contaminação. Assim, há a necessidade de recuperação do terreno do antigo lixão.

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Não existem aterros licenciados para a disposição de resíduos de construção civil e de poda

de árvores. Os resíduos de poda são atualmente depositados, pela SMOPP, nas

proximidades do bairro Nova Caieiras, em terreno que era a Melhoramentos e passou para

a prefeitura através de dação em pagamento.

Em 2010, através do Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Domiciliares da CETESB, o

aterro particular de Caieiras foi considerado adequado, com avaliação 8,2 em total de dez

pontos possíveis.

O mesmo relatório apontou que Caieiras gera, diariamente, 33,8t de resíduos.

Dada a ausência de programas estruturados de coleta seletiva e reciclagem de lixo, grande

parte desses resíduos vão para o CTR Caieiras, da Essencis.

Outra parte é depositada em pontos viciados do município, juntamente com resíduos da

construção civil. Os trabalhos de campo realizados pela equipe da Geo Brasilis

identificaram pontos de deposição de resíduos sólidos comuns e de construção civil nos

bairros:

Vila Rosina;

Jd. Marcelino II;

Estrada de Santa Inês;

Sítio Aparecida;

Jd. Nova Era;

Portal das Laranjeiras.

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Figuras 38, 39 e 40: Pontos de depósito de resíduos domiciliares e de construção civil em

Caieiras

Em 2008, através do programa Bióleo, em parceria com o PNBE, a Secretaria Municipal de

Meio Ambiente iniciou programa de coleta e disposição de óleo de fritura, que é

direcionado pela população a pontos de coleta em entidades e depois utilizado na

produção de biodiesel.

A SMOPP é responsável pela varrição das ruas, que abrange a área central de Caieiras

(bairro de Cresciúma). Segundo informações da própria secretaria, são oito pessoas que

trabalham na limpeza do centro da cidade.

Quanto a planos específicos para as tratativas relacionadas a resíduos, Caieiras não dispõe

de nenhum. A elaboração de um Plano Municipal de Gerenciamento de Resíduos era uma

das ações prioritárias para Saneamento definidas no Plano Diretor de 2006 e não foi

realizada.

d) Drenagem Urbana

A drenagem urbana em Caieiras é realizada com a utilização das microbacias existentes,

como as do Ribeirão Água Vermelha, Ribeirão Crisciúma, Ribeirão do Cavalheiro e Ribeirão

Pinheirinho.

A rede de captação das águas pluviais é intermitente e não abrange todos os bairros do

município, apenas os novos loteamentos como.

Não há mapeamento da rede de drenagem urbana ou planos para sua ampliação e

documentação.

Em grande parte do município, o escoamento da água da chuva se dá em função da

declividade natural do terreno, por dentro de lotes ocupados e encostas de morro, na

direção dos fundos de vale.

Nas ruas dos diversos bairros, nota-se o baixo número e até a ausência de bueiros.

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2.3.7. Inclusão Social

2.3.7.1 Como o Plano Diretor aborda a Inclusão Social

A Lei Complementar No 3.896 – Plano Diretor Municipal de Caieiras aborda questões sociais

de maneira direta em seus objetivos (artigo 2º), quando esclarece a função social do

município e posteriormente, no Títuto III (Da Inclusão Social), de define diretrizes para

políticas voltadas a questões sociais.

No Título III, o Plano Diretor de 2006 propõe a abordagem temática dos diferentes aspectos

de Inclusão Social, envolvendo:

Saúde;

Educação;

Assistência Social;

Cultura;

Esporte e Lazer; e

Segurança Pública.

A partir desses temas, o Plano define a necessidade da elaboração de planos setoriais em

conferências municipais específicas, acompanhadas pelos respectivos conselhos.

Todavia, apenas Saúde, Educação e Segurança Pública dispõem de Conselhos específicos.

Os dois primeiros como órgãos que acompanham e fiscalizam a utilização de recursos

repassados pelo Estado e pela União e o último como exigência da Secretaria Estadual de

Segurança Pública.

Os planos setoriais propostos não foram elaborados, embora cada um dos temas tenha sido

discutido de modo participativo na Agenda 21 de Caieiras.

Além disso, o Plano Diretor não colabora com a compreensão da realidade dos serviços e

benefícios sociais disponíveis para a população de Caieiras, uma vez que não detalha os

temas apresentados, não identifica os equipamentos sociais existentes e não atribui

responsabilidades entre os diferentes setores da administração pública municipal.

2.3.7.2. Diagnóstico

O diagnóstico de inclusão social será realizado separadamente, abordando os diferentes

temas propostos na lei 3896/2006.

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a) Educação

Caieiras tem trabalhado para superar desafios, como a ampliação do número de vagas nos

primeiros anos da Educação Infantil e a criação de uma escola técnica pública. As

principais iniciativas e projetos são introduzidos através de instâncias governamentais,

embora tenha crescido, nos últimos anos, a participação comunitária na Educação. Além

disso, indicadores demonstram que boa parte da população adulta não conclui o ensino

fundamental. Por outro lado, os indicadores relacionados ao ensino fundamental e médio

apresentam melhores taxas quando comparados aos da RMSP (taxa de analfabetismo, taxa

de evasão e reprovação e o SARESP). Além disso, o repasse de recursos federais e estaduais

é contínuo, indicando consistência dos ensinos fundamental e médio.

Quanto ao número de escola, tem-se:

Nível de Ensino REDE

MUNICIPAL

REDE

ESTADUAL

REDE

PARTICULAR

TOTAL

EDUCAÇÃO INFANTIL 23 0 7 29

ENSINO FUNDAMENTAL 12 12 9 31

ENSINO MÉDIO 0 12 5 16

EJA 1 4 0 7

Fonte: Edunet. Secretaria Estadual da Educação. Elaboração Geo Brasilis. 2011.

Quadro 5: Distribuição das escolas em Caieiras, por nível de ensino e por rede.

Na Educação Infantil, de responsabilidade da Prefeitura Municipal, há falta de vagas e

listas de espera para creche (berçário e maternal), situação que tem sido alvo de esforços

concentrados, para ampliação do atendimento.

No ensino fundamental, a municipalização atingiu 10 escolas do primeiro ciclo, do 1º ao 5º

ano, no qual apenas 6 escolas estão sob responsabilidade da Secretaria Estadual de

Educação. A municipalização do 2º ciclo (6º ao 9º ano) será iniciada quando a primeira

etapa for concluída. Existe, nas duas redes, a preocupação de realizar uma transição

harmoniosa e sem conflitos, como tem sido até agora.

Quanto à distribuição geográfica das escolas, pode-se observar que a rede municipal de

ensino possui escolas em todos os grandes bairros de Caieiras. A rede estadual está bem

espalhada, embora não haja escola de ensino médio no Jd. Marcelino. O bairro Nova

Caieiras não conta com escolas públicas, dispondo apenas de colégio particular, que

atende todos os níveis de ensino.

No caso das escolas particulares, nota-se tendência de centralização de sua localização,

nos bairros de Cresciúma e Jd. São Francisco.

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Na EJA – Educação de Jovens e Adultos, a procura por vagas é pequena, em função da

centralização das escolas que oferecem os cursos e da dificuldade dos adultos de

conciliarem estudo com trabalho e vida familiar. Um dos desafios para Caieiras é superar

tais obstáculos, já que a qualificação da população é um dos requisitos para o pleno

desenvolvimento da cidade.

Fonte: Fundação Seade. 2010

Figura 41: Evolução do Número de Matrículas por Nível de Ensino em Caieiras, entre 2000 e

2008.

O numero de matrículas da Educação Infantil tem subido continuamente entre 2000 e

2008, resultado do esforço da Secretaria Municipal da Educação para eliminar o déficit de

vagas. Ao mesmo tempo, observa-se redução no número de matrículas no nível

fundamental, que reflete a redução do crescimento da população e da demanda por vagas.

No caso do ensino médio, há oscilação com ligeiro crescimento relativo do número de

matrículas. Isso acontece em função da maior oferta e acessibilidade desse nível de

ensino. Ao memso tempo, grande parte dos adolescentes de Caieiras trabalham em outros

municípios e preferem estudar nas proximidades do seu emprego, normalmente em locais

de fácil acesso pela linha de trem, como Barra Funda ou Lapa, em São Paulo.

É importante destacar o crescimento do número de vagas na rede particular, em todos os

níveis de ensino, principalmente no Ensino Médio. Esse crescimento é coerente com os

melhores resultados das escolas particulares de Caieiras nos exames de desempenho, como

SARESP – Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo e ENEM –

Exame Nacional do Ensino Médio.

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Evolução do número de Matrículas na Rede Particular de

Ensino de Caieiras

2004 2005 2006 2007 2008

Variação entre

2004 e 2008

Educação

Infantil 319 298 322 170 339 6,27%

Ensino

Fundamental 949 931 1.322 1.337 1.338 40,99%

Ensino Médio 286 247 552 603 639 123,43%

Fonte: Fundação Seade. Elaboração Geo Brasilis. 2010

Quadro 6: Evolução do Número de Matrículas na Rede Particular de Ensino em Caieiras,

entre 2004 e 2008.

De modo geral, a qualidade do ensino municipal é superior ao estadual, na opinião dos

profissionais da área, da mesma forma que a qualidade do ensino, em Caieiras, é superior

ao da média do Arco Norte Metropolitano, formado também por Cajamar, Francisco

Morato, Franco da Rocha e Mairiporã.

O gráfico abaixo compara o desempenho de Caieiras, do Arco Norte Metropolitano e do

Estado de São Paulo no IDESP 2009. O IDESP – Índice de Desenvolvimento da Educação do

Estado de São Paulo é uma avaliação de qualidade feita na rede pública de ensino, que

determina índices para os anos finais dos ciclos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio,

contabilizando notas de Língua Portuguesa e Matemática do SARESP e indicador de fluência

escolar.

Ao final do primeiro ciclo do Ensino Fundamental (4ª série ou, atualmente 5º ano), os

alunos de Caieiras têm desempenho médio (3,89) cima do regional (3,75) e do estadual

(3,86). Na 8ª série (ou 9º ano) do Ensino Fundamenta e ao final do Ensino Médio, a média

de Caieiras é maior que a regional e inferior à estadual.

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Fonte: Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Elaboração Geo Brasilis. 2010

Figura 42: Desempenho no IDESP de Caieiras, do Arco Norte Metropolitano e do Estado de

São Paulo, por nível de ensino, em 2009.

Na comparação dos resultados do IDESP de 2008 e 2009, nota-se significativa evolução do

índice da 4ª série do Ensino Fundamental (26,71%), enquanto a 8ª série teve aumento de

0,71% e a 3ª série do Ensino Médio apresentou redução de 4,21% na média municipal.

Tais resultados refletem o maior nível de organização do ensino municipal (primeiro ciclo

do fundamental).

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Fonte: Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Elaboração Geo Brasilis. 2010

Figura 43: Evolução do Desempenho de Caieiras no IDESP, entre 2008 e 2009, por nível de

ensino.

O IDESP tem por meta equiparar as escolas da rede pública de ensino às escolas dos países

que compõem a OCDE - Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Dessa

forma, o Estado de São Paulo criou metas de longo prazo para que os três níveis de ensino

alcancem padrão de qualidade semelhante aos de países desenvolvidos.

4ª série EF 8ª série EF 3ª série EM

ESP 7,0 6,0 5,0

IDESP Metas de Longo Prazo: 2030

Fonte: Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Elaboração Geo Brasilis. 2010

Quadro 7: Metas do Estado de São Paulo para o IDESP para o ano de 2030, por nível de

ensino.

Observando-se o desempnho atual, os estabelecimentos de ensino de Caieiras devem

evoluir de maneira considerável, principalmente no que se refere ao Ensino Médio.

Ainda em relação ao ensino médio, temos a presença de 14 escolas de Caieiras no Enem

(Exame Nacional do Ensino Médio), nas categorias Ensino Médio Regular e Eduação de

Jovens e Adultos. Observando o município, as duas primeiras escolas do ranking são

particulares: Senemby Colégio e Ensino Fundamental e Médio e Colégio Luiz Bimbatti. Em

terceiro lugar está a Escola Estadual de Ensino Médio Otto Weiszflog. Comparando ao ESP,

as melhores escolas de Caieiras estão nas posições 812, 850 e 3.239 respectivamente, de

um total de 9.361 escolas em todo o Estado.

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Em relação às taxas de evasão escolar e reprovação, os últimos dados levantados foram no

ano 2000:

REDE PÚBLICA E PRIVADA EM 2000 - TOTAL

Localidade

Taxa de Evasão (%) Taxa de Reprovação (%)

Fundamental Médio Fundamental Médio

Caieiras 2,48 7,36 2,08 5,67

RMSP 3,52 10,27 4,32 6,81

Total do Estado de

São Paulo

3,43 10,44 4,61 6,72 Fonte: Fundação Seade. Elaboração: Geo Brasilis. 2010

Quadro 8: Taxas de Evasão e de Reprovação nas redes pública e privada de ensino, em

Caieiras, no Estado de São Paulo e na RMSP, no ano 2000.

Embora Caieras apresente melhores resultados tanto em relação à RMSP quanto ao Estado,

nota-se que, acompanhando a tendência do Estado, tanto a taxa de evasão quanto a de

Reprovação são sensivelmente maiores no Ensino Médio, devido à necessidade de trabalho

por parte do jovem, para complementação da renda familiar.

Os bons resultados da Educação de Caieiras também têm repercussão na rede privada,

onde é cada vez mais comum a procura de vagas por famílias dos municípios vizinhos.

O ensino técnico é oferecido por duas escolas particulares: Bimbatti (cursos:

Contabilidade, Eletrônica, Informática, Processamento de Dados e Enfermagem) e Instituto

Caieiras de Ensino (cursos de Enfermagem, entre outros).

Há convênio assinado com o Centro Paula Souza para a instalação de uma ETEC – Escola

Técnica Estadual em Caieiras, que oferecerá os cursos de Administração, Computação e

Técnico em Plásticos. As dificuldades para a consolidação do acordo figuravam na escolha

da área doada pela prefeitura, onde será instalada a escola. Em dezembro de 2009, foi

escolhido um terreno no bairro das Laranjeiras (antigo campo do Saful).

O ensino superior fica a cargo da Faculdade Metropolitana de Caieiras, que oferece os

cursos de Administração de Empresas, Ciências Contábeis, Pedagogia, e em parceria com a

UnoPAR oferece cursos presenciais à distância de: Tecnologia em Gestão Estratégica de

Vendas, Tecnologia em Administração de Pequenas e Médias Empresas, Letras, Normal

Superior. A faculdade iniciou suas atividades em 2004, ano em que registrou 92 matrículas.

Em 2007, segundo a Fundação Seade, o número de matrículas chegou a 283 no total,

envolvendo todos os cursos oferecidos.

A Secretaria da Educação de Caieiras tem procurado diversificar iniciativas, no sentido de

proporcionar variadas oportunidades aos estudantes da rede. Entre os maiores destaques

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estão a Feira do Livro Infantil de Caieiras, organizada em parceria com outras secretarias,

organização de calendários, livros escritos pelos alunos e concursos diversos, que buscam

aproximar a discussão de temas socialmente relevantes da sala de aula.

Outro projeto da Secretaria que deve ser mencionado é o programa de Educação Inclusiva,

que tem buscado acolher crianças com deficiências diversas no ambiente da escola

tradicional, conforme requer a legislação. A secretaria mantém um departamento

exclusivo para tratar do tema e assume que uma das dificuldades atuais é a carência de

informações censitárias sobre a população com necessidades especiais.

Os repasses federais para educação em Caieiras (FUNDEB) somaram R$6.601.216,08.

Todas as 16 escolas da rede estadual de educação contam com Sala de Informática e desde

de 2009 estão integradas no Programa Acesse a Escola, que realiza a terceirização dos

serviços de monitoria e manutenção dos equipamentos, de modo a ampliar a oferta do

serviço. Todavia, as bibliotecas dessas escolas não funcionam e algumas são utilizadas

como depósitos. Na maioria das escolas estaduais há equipamento audiovisual para

projeção de filmes e apresentações.

Tanto na rede pública quanto na privada, há dificuldade para contratação de docentes

qualificados. Os que existem, preferem trabalhar fora do município.

Os Conselhos da área de Educação estão sendo reestruturados, devido à sua anterior

atuação limitada. A reestruturação dos conselhos inclui cursos de capacitação para os

conselheiros eleitos, de modo que possam desempenhar adequadamente suas funções, no

interesse da Educação de Caieiras e da legislação cabível.

b) Saúde

A Saúde em Caieiras é deficiente, tanto na oferta de serviços públicos quanto particulares.

Existem poucas clínicas e ambulatórios particulares e grande dificuldade, tanto na rede

pública quanto na privada, para contratação de profissionais, principalmente médicos

especialistas. As reclamações da população se concentram na demora do agendamento de

exames e consultas. Indicadores importantes, como o número de leitos por mil habitantes

e de partos pré-termo, demonstram resultados decrescentes nos últimos anos. Programas

federais e estaduais importantes como o SAMU e o Saúde da Família (acompanhamento

domiciliar) não estão disponíveis no município.

A rede particular formal é composta por: 12 Clínicas com múltiplas especialidade (as

maiores são Intermédica e Orion), 6 consultórios médicos, 7 consultórios odontológicos, 4

clínicas de fisioterapia, 1 clínica de fonoaudiologia e 4 centros de diagnóstico (1 por

imagem e 3 laboratórios de análises clínicas).

O EMED é o maior hospital do município, é particular e conta com 77 leitos (11

apartamentos, 44 de enfermaria, 12 UTI adulto e 10 UTI neonatal) e diversas

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especialidades (Cardiologia, Cirurgia, Obstetrícia, Gastroenterologia, Otorrinolaringologia,

Ortopedia, Traumatologia, Pediatria, Oncologia e Neurologia, entre outras). Realiza

atendimento para partos através de convênio com a prefeitura, em caso de lotação da

Maternidade. O Pronto Atendimento funciona 24h, nas especialidades Clínica Médica,

Ginecologia e Obstetrícia, Pediatria, Ortopedia e Anesteologia. O EMED está equipado para

realizar análises clínicas, tomografias, radiografias, ultrassonografias, ecocardiografias,

Holter, nasofibrolaringoscopia e audiometria, entre outros e realiza palestras gratuitas

abertas a toda a população, com foco na prevenção de doenças e orientação para

gestantes.

A maior parte dos equipamentos de saúde privados estão localizados na região Central e

colaboração na geração de tráfego.

O Hospital Espírita Fabiano de Cristo é beneficente e presta atendimento oncológico para

pacientes carentes, após triagem realizada pelo seu serviço social. Localiza-se no bairro

das Laranjeiras, em área cedida em regime de concessão pela prefeitura, e funciona como

ambulatório e hospital-dia, onde o paciente recebe atendimento e tratamento e retorna

para sua casa, uma vez que não existem leitos para internação. Entre as especialidades

disponíveis estão Clínica Geral, Endocrinologia, Fisioterapia, Ortopedia, Psicologia, Terapia

Ocupacional, possuindo também uma farmácia comunitária. O atendimento odontológico,

a realização de exames laboratoriais e tratamentos radiológicos são realizados através de

parcerias.

O Hospital se mantém através de sua Associação Mantenedora (que conta com 250

associados ativos), doações espontâneas e eventos de arrecadação, como jantares e

bazares. Entre os planos do hospital, está a construção de uma “vila da saúde”, com

infraestrutura para internação de seus pacientes.

A rede municipal de saúde está distribuída pelos bairros e é composta por:

6 UBS (atendimento ambulatorial de especialidades e vacinação): Nova Era,

Laranjeiras, Vera Tereza, Centro (conta com centro ortopédico), Vila Miraval

(novo) e Jd. dos Pinheiros;

1 centro de apoio e diagnósticos, situado no Centro;

1 CIAS, localizado no Centro, onde são realizadas as consultas com

especialistas;

7 Postos de Saúde (atendimento ambulatorial de Clínica Geral, Ginecologia e

Obstetrícia, Pediatria e Odontologia): Serpa, Morro Grande (ampliado), Jd. dos

Eucaliptos, Vila Rosina, Jd. Marcelino (novo, feito através de parceria com a

Essencis), Sítio Aparecida (não está operando por falta de pessoal) e Calcárea.

1 Unidade Mista, com Pronto Socorro adulto, está operando no andar térreo do

prédio do novo Hospital e Maternidade e conta com 3 leitos semi-intensivos e

16 para observação. Realiza, em média, 180 atendimentos por dia.

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1 Pronto Socorro Infantil (antiga Unidade Mista), que realiza atendimento e

diagnóstico de urgência e que foi inaugurado em 04 de janeiro de 2009, situado

no Centro

O SUS conta com:

1 Maternidade (Hospital Regional de Caieiras), com 56 leitos para observação e

internação, além de 10 leitos de UTI neonatal;

Hospital das Clínicas de Franco da Rocha, que não disponibiliza leitos de

retaguarda, apenas via transferências pelo SUS.

A Prefeitura também conta com serviço de distribuição gratuita de medicamentos para a

população, viabilizado pelo repasse de verbas federais (R$ 152.570,77 em 2008).

A maternidade, que também atende pacientes de Franco da Rocha e Francisco Morato, foi

viabilizada por parceria com a Prefeitura de Caieiras e realiza, em média 660

atendimentos por mês, contra 532 atendimentos em média quando a maternidade se

localizava em franco da Rocha. Do total de 660 atendimentos, apenas 303,18, em média,

são para moradores de Caieiras.

Fonte e Elaboração: Secretaria de Estado da Saúde (Coordenadoria de Serviços de Saúde/ Complexo Hospitalar

do Juquery). 2009

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Figura 45: Evolução do número de atendimentos da maternidade de Caieiras, para os

municípios de Caieiras, Franco da Rocha e Francisco Morato, entre Janeiro de 2008 e

Outubro de 2009.

Além disso, Caieiras e Franco da Rocha se alternam na liderança de número de

atendimentos hospitalares, sendo que Francisco Morato está sempre abaixo de ambos. No

entanto, há tendência de crescimento para atendimentos das três localidades.

Entre os planos da Secretaria de Estado da Saúde para a Maternidade, está a realização de

cirurgias ginecológicas, a ampliação de 20 para 24 leitos ambulatoriais, além de 5 leitos

dedicados às cirurgias e 6 leitos de UTI feminina.

Além dos serviços da Maternidade, os moradores dos municípios vizinhos utilizam a rede de

UBS e postos de saúde de Caieiras, fornecendo endereços falsos e procurando os

equipamentos que se localizam nas proximidades da divisa dos municípios, como a UBS de

Vera Tereza.

Quanto ao número de leitos, segundo levantamento do SUS, em 2009 Caieiras dispunha de

1,1 leitos por mil habitantes no total. No caso de leitos dentro da rede o SUS, o número cai

para 0,3 por habitante, o que ilustra a dificuldade dos habitantes para internações e

cirurgias eletivas.

Outro indicador relevante, além do número de leitos, é a mortalidade infantil. O índice

tido como aceitável pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de 10 mortes para cada

mil nascidos vivos. Com essa premissa, os resultados de Caieiras são negativos, sendo

inferiores inclusive aos da RMSP e do ESP (com 12,5 mortes por mil nascimentos). O que

demonstra que sequer o ESP atende às recomendações da OMS.

GRÁFICO: TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (A CADA 1000 NASCIDOS VIVOS),

COMPARATIVO ENTRE CAIEIRAS, RMSP E ESP

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16,3

12,111,5

13,4

1514,4

13,4 13,312,9

12,5

10

11

12

13

14

15

16

17

18

2004 2005 2006 2007 2008

Caieiras RMSP ESP

Fundação Seade. Elaboração: Geobrasilis. 2010

Figura 46: Evolução da Taxa de Mortalidade em Caieiras, na RMSP e no Estado de São

Paulo, entre 2004 e 2008 (por mil nascidos vivos).

A presença de profissionais qualificados é outro ponto de destaque negativo: em Caieiras,

existem 0,44 médicos por mil habitantes, enquanto para RMSP e ESP, os números são de

2,63 e 2,22 respectivamente. Esse número é coerente com a principal queixa da população

caieirense: a falta de médicos e a dificuldade de contratação apontada pelos gestores

públicos e privados (a Maternidade, por exemplo, está com 16 vagas abertas para concurso

e recebeu número inferior de inscrições).

Outra queixa da população, a demora no agendamento de exames, tem sido suprida

através de mutirões promovidos pela rede municipal, como por exemplo para a realização

de ultrassonografias. A rede estadual promove, periodicamente, mutirões para

mamografias.

No caso de enfermeiros (registrados no COREN), o indicador é melhor: Caieiras apresenta

1,37 enfermeiros por mil habitantes, contra 1,5 da RMSP e 1,25 do ESP. No caso de

técnicos de enfermagem, o número de Caieiras (1,48 profissionais por mil habitantes) é

similar ao da RMSP (1,48) e do ESP (1,63).

Entre os indicadores nos quais Caieiras se destaca positivamente estão:

Auxiliares de Enfermagem por mil habitantes: Caieiras tem 6,88 profissionais,

contra 5,48 da RMSP e 4,5 da ESP, o que ilustra a maior disponibilidade de mão-

de-obra não qualificada. Ainda assim, os responsáveis pelos serviços afirmam

ter dificuldades de contratar bons auxiliares de enfermagem.

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Queda contínua do número de mães adolescentes (de 7,67% em 2004 para 6,26%

em 2007).

Quanto à Epidemiologia, Caieiras sempre apresentou pioneirismo em prevenção e tem

disponíveis e em constante atualização os sistemas de dados relativos a doenças

potencialmente epidêmicas. A UBS do bairro Nova Era realiza atendimento com

Infectologista e a equipe de Vigilância Epidemiológica conta com veterinários e 13 agentes

de controle de vetores e 3 visitadores sanitários. Em função das campanhas realizadas com

foco na prevenção da reprodução do mosquito vetor, Caieiras é classificada como Extrato 3

pela SUCEN (Superintendência de Controle de Endemias), ou seja, o município possui o

mosquito mas não registrou, nos últimos anos, nenhum caso da doença.

O Canil municipal começou a operar em 2006 e, com a proibição do sacrifício dos animais,

tem investido em campanhas de adoção de cães junto à população. O canil regional,

construído pelo CIMBAJU, tem seu início de operação previsto para o final de 2010, em

função de divergências quanto ao custeio do pessoal envolvido.

c) Cultura

A falta de recursos destinados à cultura é um dos principais desafios para a área, como

acontece em outros municípios do país. A participação de empresários na viabilização de

atividades e eventos culturais é restrita e não sistematizada e Caieiras não dispõe de fundo

municipal para o tema. A reduzida participação da população nas ações culturais é outro

desafio, ao mesmo tempo em que o município precisa ampliar a disponibilidade e a

diversidade de equipamentos.

Os principais avanços estão relacionados à ampliação das atividades culturais, promovidas

pela Secretaria da Ação Cultural, como a Feira do Livro Infantil (2ª edição em 2010), de

iniciativa da Secretaria Municipal da Educação, a semana da Compaixão, incluindo a

encenação da Paixão de Cristo, o Inverno Cultural e o Bairro Multicultural. Tais eventos

ocorrem, majoritariamente, na região central de Caieiras, dificultando o acesso de

habitantes de outros bairros, principalmente quando se trata do período noturno. Além de

dificuldades de locomoção, existem limitações quanto à divulgação dos acontecimentos,

uma vez que Caieiras conta apenas com uma rádio, poucos sites que tratam da vida no

município e alguns jornais semanais ou quinzenais de baixa tiragem.

Uma alternativa seria utilizar as escolas como canal de divulgação e incentivar as crianças

e adolescentes a participar. Outra saída é fortalecer rede social do município,

identificando formadores de opinião e lideranças setoriais que possam repercutir os

convites para os eventos e atividades culturais de Caieiras dentro do seu raio de influência.

A realização do Bairro Multicultural é uma das alternativas propostas para superar essa

limitação. Iniciado em 2009, no mês de julho, o trabalho consiste em levar, a diversos

bairros do município, atividades culturais diversificadas, durante o final de semana. Ao

mesmo tempo, colaboradores da Secretaria de Ação Cultural realizam, nos bairros

visitados, um inventário dos artistas disponíveis, buscando novos talentos e possíveis

atrações ou mesmo artesãos que queiram divulgar seu trabalho em futuros eventos. Entre

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as atividades disponíveis no Bairro Multicultural estão: circo e apresentações de dança e

música.

Entre os principais projetos para Cultura no município, está a criação de um corredor

cultural-ecológico, com a transformação da estação de trem em uma Estação Cultural,

restauração do prédio da Cia. Melhoramentos para instalação do Teatro Municipal, criação

do Museu do Imigrante na sede da antiga Rede Ferroviária Federal e de um Eco-parque.

Todos os investimentos serão realizados em parceria com a iniciativa privada, como a

concepção do Parque, que será viabilizada pela CPTM - Companhia Paulista de Trens

Metropolitanos, o que vai de encontro à necessidade municipal de identificar fontes

alternativas de recursos para a cultura, como a utilização de legislação e projetos de

incentivo, como o PROAC – Programa de Ação Cultural, da Secretaria de Estado da Cultura

ou a Lei Rouanet, do Ministério da Cultura e que pode ser estimulada via campanhas ou

políticas municipais.

A criação do corredor ecológico-cultural proverá importante impacto na ampliação de

espaços para práticas culturais no município, uma vez que, no seu território, estão

previstos uma concha acústica, novas e maiores salas de aula para os cursos gratuitos

atualmente promovidos no Cecin, além do museu e do teatro.

Em relação à infraestrutura, Caieiras dispõe do Centro Cultural Izaura Neves (Cecin),

localizado na área central da cidade, onde são realizados grande parte dos eventos, as

aulas de temáticas culturais e onde se situa a Biblioteca Mario Meneguini, inaugurada em

1992 e que teve seu acervo ampliado entre 2001 e 2004 e conta, atualmente, com mais de

10.000 títulos. Há uma parceria sendo firmada junto à Secretaria Estadual da Cultura para

revitalização da Biblioteca, contemplando a ampliação do acervo, modernização dos

equipamentos e computadores, aquisição de instrumentos e mobílias.

A Secretaria de Ação Cultural tem buscado instrumentos para prover a requalificação da

Biblioteca José Galdino Oliveira, inaugurada em dezembro de 2008 no bairro das

Laranjeiras, que está desativada por deficiências em segurança, equipamentos como

estantes e computadores e vulnerabilidade a alagamentos. . Essa biblioteca é conhecida

como Mini-Centro Cultural e deve ser transferida para local mais adequado, de modo a

atender os leitores de maneira eficiente.

Caieiras dispõe também de um Ônibus Biblioteca, que funciona como uma extensão da

Biblioteca Mario Meneguini e circula pelos bairros do município, aproximando a população

do acervo literário disponível.

O Centro Cultural Izaura Neves (Cecin) foi inaugurado em 1992 e abriga a Galeria de Artes

Cynira Nicola Lopes, que originalmente expõe obras emprestadas por artistas plásticos e

desenvolveu seu acervo próprio, iniciado em 2009, composto por mais de cinqüenta obras,

doadas por artistas de Caieiras e de São Paulo.

O Cecin conta também com um auditório, onde são desenvolvidas diversas atividades

culturais, educacionais, corporativas e cívicas e salas onde são oferecidos cursos que

atendem mais de dois mil alunos anualmente, em quinze diferentes modalidades culturais.

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Cursos oferecidos

gratuitamente

Matrículas em

2010

Teatro 204

Violão 353

Teclado 167

Teoria Musical 40

Canto/ Coral 167

Dança de Salão 155

Dança do Ventre 136

Oficina de Circo 100

Street Dance 155

Desenho - Mangá 130

Artesanato 66

Capoeira 166

Balé 167

Pintura em Tela 157

Orquestra 10

Total 2.173

Fonte: Secretaria da Ação Social de Caieiras. Elaboração: Geo Brasilis. 2010

Quadro 9: Cursos oferecidos no Centro Cultural Isaura Neves em Caieiras e os respectivos

números de vagas.

Em relação à infraestrutura, destaque para a falta de equipamentos culturais: o município

não possui teatro, salas de cinema, museu, dispondo apenas de um Centro Cultural e três

bibliotecas, sendo uma circulante, para atender uma população de 90 mil habitantes,

conforme apresentado na tabela abaixo. Caieiras também não dispõe de livrarias.

Equipamentos Culturais - 2009

Bibliotecas 2

Biblioteca Circulante 1

Auditórios 1

Centros Culturais 1

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Teatro – Salas Disponíveis 0

Galeria de Artes 1

Cinema – Salas Disponíveis 0

Museus 0

Fonte: Seade e Prefeitura Municipal de Caieiras. Elaboração: Geo Brasilis. 2010

Quadro 10: Equipamentos culturais em Caieiras.

O município possui, desde 1921, a Orquestra Filarmônica Melhoramentos Caieiras,

composta por 60 músicos voluntários e um maestro funcionário da prefeitura. O projeto

acontece em parceria com a Cia. Melhoramentos, que oferece o espaço para os ensaios,

uma verba de R$ 2.800 por mês, 8 cestas básicas e vale-transporte para 15 integrantes. A

atual verba é insuficiente e o projeto necessita ampliar o apoio.

Caieiras possui também uma Fanfarra (Associação Amigos da Fanfarra de Caieiras), com

destacado desempenho em competições no país, que recentemente foi selecionada como

Ponto de Cultura do Estado de São Paulo e se habilitou para ter parte de suas despesas

pagas com recursos da Secretaria Estadual de Cultura, durante três anos, no valor de até

sessenta mil reais por ano. Outro Ponto de Cultura do Estado situado em Caieiras é

Associação de Cultural, com atuação voltada para artes cênicas e promoção de cursos no

Cecin.

Caieiras dispõe de uma escola de samba, a Unidos de Laranjeiras, que se apresenta todos

os anos no carnaval de rua, junto com as escolas da região. Em outras festas populares e

religiosas, se apresenta grupos de Folias de Reis e Congadas.

Em 2009, Caieiras realizou a Conferência Municipal de Cultura, organizada pelo Conselho e

Secretaria Municipal de Cultura. A partir do evento, ficou definido que o município

realizará um Censo Cultural, para mapear todos os fazedores de cultura em Caieiras, ou

seja, os artistas que estão no anonimato, com o apoio e atuação das associações de bairro

como canal para chegar aos artistas.

Entre os principais objetivos futuros para a Cultura, em Caieiras, estão o desenvolvimento

de projetos de grande porte, que dêem ênfase e representatividade regional e estadual à

produção cultural do município e a realização de atividades e eventos em outras regiões da

cidade.

Esse último objetivo já vem sendo trabalhado, com a realização de eventos na Semana

Santa em vila Rosina, realizção de ações culturais no Cristo Redentor e a reforma e

requalificação da minibiblioteca de Laranjeiras.

Ao mesmo tempo, eventos tradicionais como o Festival de Inverno e o Femurca (Festival de

Música Regional de Caieiras) foram extinguidos, em função do público reduzido e da

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proposição de novos formatos. O Festival de Inverno foi substituído pelo Inverno Cultural,

concebido para proporcionar espaço de exibição para os alunos dos cursos municipais de

dança e música e promover integração com grupos que realizam trabalhos similares e dar

oportunidades para artistas populares do município, de estilos como street dance e rap.

As ações culturais promovidas no município são marcadas pelo voluntariado dos artistas,

que abrem mão de possíveis ganhos, em troca de espaço para divulgação de seu trabalho.

d) Esporte e Lazer

O esporte é considerado uma das vocações de Caieiras, que possui uma das melhores

infraestruturas do estado e tem potencial para ser tornar um centro de formação de

atletas. Mas a quantidade de equipamentos não se reflete diretamente na prática

esportiva, pois o município carece de recurso humano para viabilizar o bom funcionamento

e desenvolvimento do setor. O foco, na atualidade, é ampliar o acesso da população aos

equipamentos e criar espaços públicos voltados ao esporte e lazer, como o Eco Parque.

Na área esportiva, Caieiras é fortemente equipada, porém carece de recursos para

consolidar os projetos. O município possui 11 centros esportivos espalhados pelos bairros,

três deles completos com piscina semi-olímpica, além de um complexo poliesportivo, onde

ocorrem atividades de diversas modalidades. Mas, ao mesmo tempo em que os prefeitos se

empenham em entregar as obras, a Secretaria Municipal de Esportes tem dificuldades em

captar recursos para contratação dos profissionais, realizada, muitas vezes, através de

parcerias. Atualmente, são 20 profissionais atendendo 1.500 crianças e jovens.

A admissão de parte desses professores, como assessores da prefeitura, impede o acesso ao

plano de carreira e benefícios o que gera uma segmentação entre as pessoas que atuam na

área e cria a necessidade de regularização, através de seleção pública, e estudos sobre o

orçamento da área destinado à mão-de-obra.

Ainda com relação aos recursos humanos, a Secretaria de Esportes sofre com a

transferência de pessoas de outras secretarias, o que leva a um grande número de

servidores não especializados, sem a correspondente prestação de serviços à população.

O município possui um Velódromo, construído em 2002, com recursos federais em uma

área pública, com o propósito de formar atletas. Trata-se dada única pista de ciclismo, no

Estado de São Paulo, em tamanho oficial.

O espaço é utilizado atualmente por uma escolinha de ciclismo para 80 crianças e jovens,

através da parceria com a Federação Paulista de Ciclismo, que deveria oferecer

gratuitamente as bicicletas e professores, mas isso não vem acontecendo. O espaço foi

utilizado para o treinamento da seleção brasileira para os Jogos Pan-Americanos de 2007,

ocorrido no Rio de Janeiro. Visando o pleno aproveitamento do espaço, existe a

expectativa de um novo convênio para substituição da Federação Paulista como parceira

operadora de velódromo, por outra instituição que considere os interesses de Caieiras.

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O Complexo Poliesportivo Municipal Jorge Wrede, localizado no centro, é a estrutura mais

completa do município. O espaço engloba o Ginásio Nelson Bonfim, o Estádio Municipal

Carlos Ferracini, entre outras instalações. O campo de futebol é utilizado para o

treinamento do time profissional da cidade, o Força Futebol Caieiras, mantido em parceria

com a Força Sindical, que está na segunda divisão do Campeonato Paulista. O centro

oferece também aulas de futebol de salão, ginástica artística, hidroginástica, basquetebol,

voleibol, handebol e natação, para cerca de 2.500 pessoas por ano, na faixa etária de 6 a

65 anos. A pista de atletismo e a quadra de tênis não são utilizadas por falta de

treinadores.

Cada bairro de Caieiras possui uma estrutura esportiva: Centro Poliesportivo João Odoni,

no Serpa; Centro Esportivo Manoel Sanches, no Jardim Eucaliptos; Centro Esportivo

Américo Massinelli, no Jardim Vitoria; Centro Poliesportivo Antonio Dicresci, no Jardim

Nova Era (com piscina semi-olímpica); Centro Poliesportivo Jacinto de Moraes, em

Laranjeiras (com piscina semi-olímpica); Centro Esportivo Alberto Chrispim, no Vila Rosina;

Centro Esportivo Roberto Barrichello, na Vila dos Pinheiros.

Só em dezembro de 2008 foram inauguradas 5 equipamentos: Centro Poliesportivo Pedro

Borsari, no bairro Vila São João; Centro Poliesportivo Ernesto Diogo de Faria, no Portal de

Laranjeiras; Centro Esportivo e Social Miguel Alarcon Latorre, em Nova Caieiras; Centro

Poliesportivo Norival Fávero, no Serpa (com piscina semi-olímpica). Em obras encontra-se o

Centro Esportivo Augusta Maria da Silva, no bairro Jardim Vera Tereza.

Uma opção para a ampliação de recursos utilizados no Esporte é utilização de projetos

baseados na Lei de Incentivo ao Esporte (Lei Federal nº 11.438 de 29/12/06,

regulamentada pelo decreto 6.180 de 03/08/07 e pela portaria nº 177, em 11/09/07),

envolvendo recursos dedutíveis de empresas locais para investimento na qualificação do

jovem esportista.

A Lei de Incentivo ao Esporte permite que projetos esportivos cadastrados e aprovados

pelo Ministério do Esporte recebam aporte de recursos derivados do Imposto de Renda (IR)

recolhido por pessoas físicas e jurídicas (até 1% do total recolhido), que optam por

contribuir com a iniciativa. A adoção a captação de recursos pela Lei de Incentivo ao

Esporte implicará na evolução da gestão pública quanto ao planejamento de ações e

estruturação de projetos para atender os requisitos existentes, além de requerer atuação

na divulgação dos projetos para atrair interessados em contribuir.

Além disso, existe a possibilidade de captação de recursos junto aos governos estadual e

federal para projetos específicos e linhas de crédito existentes.

A estrutura pública destinada ao esporte funciona à margem dos clubes privados, que não

são envolvidos no planejamento e oferta de atividades à população. A iniciativa privada

mantém em Caieiras duas academias de ginástica, a Qualivida e a Biofitness, que oferecem

aulas de ginástica e musculação. E dois clubes, o Caieiras Atlético Clube, utilizado

principalmente para locação da quadra de futebol para grupos fechados, e o Clube

Recreativo da Terceira Idade, que realiza eventos sociais e de integração.

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A atual gestão municipal estuda a criação do Eco Parque, um parque ecológico linear

situado às margens do Rio Juquery, em uma área de 280 mil m2 situada no perímetro

urbano do município. O projeto prevê a criação de um Centro de Educação Ambiental, com

sala verde, viveiro, pomar, mirante e tanque de peixes; um núcleo de lazer ao ar livre,

com pista de cooper, pista de skate, ciclovia, parque infantil, espaço para ginástica e

musculação, pedalinho e bicicletário; um núcleo de lazer interno, com praça de

alimentação, pista de boliche, sanitários, ambulatório e área para exposições. A intenção é

viabilizar o projeto através de parcerias com a iniciativa privada, como a CPTM que

financia o projeto básico.

Para o lazer, o município não oferece nenhuma estrutura. Não existem parques, ciclovias,

pistas de caminhada, shoppings, cinemas. Sem opção, os moradores se deslocam até

Jundiaí ou São Paulo para se divertir.

Apesar da boa estrutura, o esporte atinge uma pequena parcela da população do

município. Pela quantidade e qualidade dos equipamentos, Caieiras poderia se tornar um

centro de formação de atletas. Mas falta o essencial: recurso humano. A dificuldade na

obtenção de recursos é a fragilidade da área, a primeira afetada com o corte de gastos.

e) Ação Social

Caieiras possui aproximadamente 4.485 famílias em situação de vulnerabilidade e risco

social, cadastradas pelo sistema de apoio social do município, cuja gestão é de

responsabilidade da Secretaria de Promoção Social.

Essa população está concentrada em 9 bairros: Jardim Vitoria, Serpa, Boa Vista, Jardim

Marcelino, Jardim dos Pinheiros, Jardim Eucaliptos, Vera Tereza, Laranjeiras e Monte

Alegre. A maioria proveniente de São Paulo, embora seja possível encontrar migrantes de

todas as regiões do pais, em busca de melhor qualidade de vida e acesso facilitado à

capital do estado, no entanto, está instalada em áreas de risco, reservas ambientais ou

loteamentos populares.

A Secretaria da Promoção Social trabalha com a inserção de Caieiras nas modernas

políticas nacionais para o setor, como a implantação do SUAS – Sistema Único de

Assistência Social, bem como na formalização do planejamento através do PMAS – Plano

Municipal de Assistência Social e na criação e operação de locais específicos para

atendimento da população, os CRAS – Centros de Referência de Assistência Social.

Os planos da secretaria implicam na construção de um novo centro, para atender à

população do bairro das Laranjeiras. O CRAS realiza atendimentos de avaliação social para

recebimento de benefícios (programas de transferência de renda, isenção ou remissão de

IPTU, isenção funerária, auxílio aluguel, em caso de enchentes), prevenção e

encaminhamento de drogadição e organização de casamentos coletivos. Em 2010, Caieiras

dispunha de apenas um CRAS, localizado no Jardim dos Eucaliptos.

A secretaria, instalada na região central da cidade, tem investido em atrair para o

município recursos de programas e ações dos governos estadual e federal, devido à

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escassez de recursos da prefeitura, como forma de prover os munícipes carentes. Assim, os

programas municipais são de caráter temporário e emergencial, de modo a suprir

demandas urgentes. Essa estratégia de gestão tem como fator limitante o escasso número

de colaboradores vinculados à secretaria, o que limita a estruturação de projetos e a

adesão a outras iniciativas.

O Programa Bolsa Família (PBF), do governo federal, que tem foco em transferência de

renda, atendeu, em junho de 2010, a 2.692 famílias que se enquadram nos critérios

estabelecidos (renda per capita inferior a R$ 120,00). Nesse programa, os recursos são

repassados diretamente às famílias e o município oferece como contrapartidas o

atendimento, a realização, atualização do cadastro, avaliação e acompanhamento das

famílias e informes sobre as condicionantes exigidas, como a taxa de presença escolar,

consultas médicas periódicas e manutenção da pontualidade do calendário de vacinação.

A gestão do PBF é realizada, atualmente, por colaboradores da Secretaria de Educação.

Dentro da opção municipal de centralizar o planejamento e a operacionalização de ações

sociais estruturadas na Secretaria de Promoção Social, está prevista a transferência dos

gestores públicos e das responsabilidades quanto ao PBF ainda em 2010.

O PBF requer a integração da gestão de informações entre os setores municipais de

educação, saúde e assistência social. Em Caieiras, observa-se a facilidade de acesso e

recuperação de dados relativos à vida escolar dos assistidos, ao mesmo tempo em que

existem deficiências nas informações prestadas pela área da saúde.

O programa de transferência de renda do governo estadual Renda Cidadã atende 455

famílias em Caieiras, que possuem renda per capita inferior a R$ 200,00 e não são

assistidos pelo Bolsa Família. Ao contrário do PBF, onde as famílias recebem os benefícios

até que os filhos tenham 15 anos, no Renda Cidadã a renda é outorgada durante 12 meses,

período em que as chefes de família têm que participar de cursos semi-profissionalizantes

visando geração de renda e aulas de cidadania, para desenvolver a autonomia social,

pessoal e profissional. Os cursos de qualificação são organizados e promovidos pela

secretaria, em parceria com o Fundo Social de Solidariedade.

Com o objetivo de promover a inclusão social de jovens e adolescentes e estimular sua

permanência na escola, Caieiras aderiu ao programa estadual Ação Jovem, destinado a

munícipes de 15 a 24 anos de idade, com renda per capita de até meio salário mínimo. No

município, são atendidos 130 beneficiários, que recebem o valor mensal de R$ 60,00, como

forma de inibir a evasão escolar e possibilitar cursos de capacitação profissional. Os

participantes recebem acompanhamento de psicólogo e participam de reuniões

socioeducativas enquanto estão no programa.

Os jovens também são foco de Programa de Proteção Social de Média Complexidade, com o

atendimento aos adolescentes que cumprem Liberdade Assistida e Prestação de Serviços à

Comunidade. Essas ações são realizadas pela Promoção Social, e parceria com as

secretarias da Educação, da Cultura e de Esportes e Lazer.

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O programa Viva Leite está presente em Caieiras, atendendo 1.680 crianças e 750 idosos,

garantindo o fornecimento de 500 ml de leite por dia para cada beneficiário. A gestão

desse programa não ocorre por meio da Secretaria da Promoção Social.

Além dessas ações, o município mantém o Centro de Convivência do Idoso – CCI, localizado

no Jardim Nova Era, um espaço onde há 80 idosos cadastrados, dos quais 60 bastante

participativos, são deixados pelas famílias para passar o dia. Eles realizam atividades

lúdicas (jogos) e recebem alimentação completa. O Centro promove atividades como

Artesanato, Ioga e Acupuntura, bingos, bailes semanais e dois passeios anuais. Ao mesmo

tempo, a Secretaria Municipal de Saúde realiza atendimentos especiais aos idosos

acamados. O crescimento da população longeva justifica a construção de um novo CCI,

planejado para o Jardim dos Eucaliptos, onde foi identificada maior necessidade do

equipamento. O projeto será viabilizado com recursos repassados pelo governo estadual. A

atuação da Assistência Social no trato com a população idosa é amparada pelo Conselho

Municipal do Idoso que, após recente revisão legal e reformulação, tornou-se bastante

ativo e eficiente.

Quanto aos demais conselhos da área social, nota-se que Caieiras passa por um momento

de reestruturação e novas eleições para o CMAS – Conselho Municipal da Assistência Social

(que conta com apenas 17 entidades e associações cadastradas, quando são conhecidas

muitas outras que atuam no município) e de capacitação para os membros já eleitos do

CMDCA – Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, com três entidades

registradas apenas. Existem estudos para a criação do Conselho Municipal do Deficiente.

A reordenação dos Conselhos e sua atuação consciente e eficaz é uma das ferramentas

para Caieiras reduzir um dos problemas enfrentados pela rede social de amparo do

município: a carência de recursos próprios e a dependência de subvenções da prefeitura.

Como exemplo, tem-se que nove das 17 associações inscritas no CMAS recebem recursos

públicos, conforme ilustra a tabela abaixo:

Entidade ou Associação Total de Recursos repassados pela

Prefeitura em 2009

Fundação Vó Ambrosina R$ 60.000

Associação Beneficente Igreja Templo de

Jesus

R$ 25.000

Associação Mulher de Caieiras R$ 10.000

Associação dos Deficientes Físicos Visuais R$ 5.000

Hospital Espírita Fabiano de Cristo R$ 2.000

APAE – Associação de Pais e Amigos dos

Excepcionais de Caieiras

R$ 100.000

Associação Prisma R$ 25.000

Grupo Espírita Fraternidade R$ 2.000

Associação Amigos da Fanfarra de Caieiras R$ 15.000

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Fonte: Secretaria da Promoção Social. Elaboração: Geo Brasilis. 2010

Quadro 11: Entidades sociais apoiadas com recursos municipais em Caieiras em 2009.

Entre as entidades acima, merece destaque a APAE que, por falta de recursos, vem

reduzindo continuamente sua atuação em Caieiras. A entidade sobrevive com recursos

captados em campanhas de telemarketing, bazares e eventos, além de um convênio com a

Secretaria Estadual de Educação que é utilizada na manutenção de sua escola (são

atendidos 60 estudantes) e que não paga a totalidade dos salários e encargos dos

professores. Pela carência de fundos, a APAE desativou, em 2009, sua oficina de pré-

profissionalização, que atendia 27 jovens. O Centro de Reabilitação, que conta com 114

pacientes de diversos tipos de terapias e realiza, em média, 1.162 atendimentos por mês,

corre risco de fechar, já que o prédio atual precisa ser desocupado e não há condições

para aluguel de uma área similar.

O grande desafio para a APAE e das demais entidades que dependem de recursos

municipais para subsistir é a operação e o fortalecimento do Fundo Municipal de

Assistência Social como um fundo tripartite onde a sociedade civil, as empresas e os

gestores públicos decidem a destinação dos recursos e a prioridade dos projetos.

Para a Secretaria da Promoção Social, o desafio atual é identificar todas as entidades e

associações que atuam no município, destacando suas vocações e regiões de atuação.

Assim, pretende-se integrar esforços e desenvolver parcerias, fortalecendo a rede social de

Caieiras. A inclusão da sociedade civil organizada na atuação social organizada do

município pode beneficiar a população, melhorar o fluxo de informações e ampliar o

número de beneficiados nos diversos programas disponíveis.

Em complementação à atuação estruturada e voltada para políticas públicas e programas

sociais consolidados da Secretaria da Promoção Social, Caieiras dispõe do Fundo Social de

Solidariedade, que realiza atendimentos emergenciais, mediante avaliação social, como a

distribuição de cestas básicas e a realização de campanhas, parcerias e eventos, para

promover a mobilização social e a inserção do cidadão em ações de apoio aos munícipes

socialmente vulneráveis.

São atendidas crianças, idosos, deficientes e doentes, através da realização de visitas

domiciliares, avaliação social e constatação da real necessidade de apoio municipal. Esse

apoio se materializa na doação de cadeiras de roda e de banho, colchões, cestas básicas,

óculos, enxovais de bebê, material escolar, próteses, cobertores, medicamentos e recursos

financeiros para deslocamentos para consultas médicas e exames. Também são repassadas

roupas, móveis e calçados, oriundos de campanhas e doações, como a Campanha do

Agasalho, realizada anualmente.

Em 2009, foi unificado o cadastro dos atendidos, principalmente para as cestas básicas,

que são distribuídas por 95 entidades sociais e religiosas conveniadas, abrangendo todos os

bairros de Caieiras.

Um dos principais projetos do Fundo é a promoção de cursos com foco em geração de

emprego e renda, juntamente com a Prefeitura. Os interessados dispõem de cursos como:

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Panificação Artesanal e Culinária, Corte e Costura, Pintura em Tecido, Bordado, Crochê,

Cabeleireira, Manicure e Pedicure e recebem certificado ao final do curso, que pode se

realizar no centro ou nos bairros de Laranjeiras, Calcárea, Jardim dos Eucaliptos e Nova

Era.

Entre os projetos futuros do Fundo Social, destaca-se a construção de uma Praça do Idoso,

viabilizada através de repasse de verbas estaduais e do apoio da prefeitura, que cedeu o

terreno no bairro das Laranjeiras. O projeto visa apresentar alternativas de lazer aos

idosos, uma grande queixa dessa população.

A ampliação dos recursos da área social é um dos desafios da entidade, que espera ampliar

sua atuação e o número de atendimentos. A consolidação da atuação conjunta do Fundo

Social com a Secretaria de Promoção Social é uma estratégia que tem beneficiado a

população atendida e o fortalecimento da rede de apoio com outras secretarias, como a da

Saúde e de Obras pode ampliar os resultados advindos da combinação de esforços.

f) Segurança Pública

Apesar da percepção da população de que a criminalidade em Caieiras é baixa, os

indicadores mostram aumentos significativos no número de ocorrências, principalmente se

for considerado o aumento da população.

Os equipamentos de segurança disponíveis estão alocados em atividades rotineiras, como

plantões policiais e rondas ostensivas. As iniciativas de inteligência têm crescido nos

últimos anos, com a articulação das forças policiais presentes no município. O bom

relacionamento entre as equipes da Polícia Civil, Militar e da Guarda Civil é uma das

vantagens estratégicas no combate à criminalidade. Outro aspecto positivo é a atuação

constante do Conseg, que se reúne mensalmente com a participação da população e

representantes de entidades da sociedade civil.

Por outro lado, há diferença entre o salário pago em Caieiras e em São Paulo, que causa

constantes transferências no quadro da PM. Além disso, não há convênio com a Prefeitura

para pagamento de pro labore aos policiais. E a Polícia Civil viu, apesar do crescimento da

população, seu número de colaboradores decrescer nos últimos anos.

Caieiras conta com uma Delegacia da Polícia Civil (Centro) e um Distrito Policial

(Laranjeiras), cujo aluguel é viabilizado pela Prefeitura. O distrito do bairro das

Laranjeiras deverá se mudar de local, em função do espaço reduzido, em 2010. O efetivo

da Polícia Civil é de 41 policiais, que contam com 8 veículos. Não existem instalações nem

efetivo da Polícia Científica em Caieiras, que é atendida pelo IML de Franco da Rocha.

A 5ª Cia. da Polícia Militar está presente no município, com bases em um prédio de 120m2

na região central de Caieiras, com aluguel de responsabilidade da prefeitura, e uma Base

Comunitária no bairro das Laranjeiras. É subordinada ao 26º Batalhão da PM de Franco da

Rocha, e conta com efetivo estimado de 74 pessoas. O seu comandante, Capitão Mário

Alves da Silva Filho, assumiu a equipe em 20 de janeiro de 2009.

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A principal ação comunitária estruturada da PM no município ocorre através do PROERD,

programa que ensina os pré-adolescentes do 5º ano do Ensino Fundamental a dizer não

para as drogas e para a criminalidade. O programa abrange 1500 alunos por ano, das redes

particular, municipal e estadual.

A ação da PM é elogiada pelo policiamento ostensivo realizado continuamente, assim como

na porta das escolas.

A Guarda Civil Metropolitana (GCMC) está instalada no Centro, conta com 66 homens

armados, 7 carros e 3 motos. Sua função é a de ronda preventiva, prestação de

informações, além da fiscalização do trânsito. A GCMC se mudará para um novo prédio em

2010) e trabalha com investimentos na qualificação do seus profissionais, ao mesmo tempo

em que existe a ambição de aumento do efetivo. Uma parte desse efetivo é utilizado,

atualmente, nas delegacias da Policia Civil para apoio a essa entidade, que trabalha com

número reduzido de policiais.

Apesar da ampla área dedicada à silvicultura e aos conseqüentes riscos de incêndios, não

existe base do Corpo de Bombeiros em Caieiras. O município é atendido pelo quartel de

Franco da Rocha (são duas companhias de 13 homens cada) e em casos mais sérios pelo 5º

Grupamento de Guarulhos.

A Defesa Civil, que está instalada juntamente com a Guarda Civil Metropolitana, conta

com apenas três homens atuando diretamente no município, que tem registrado contínuos

casos de desmoronamentos de encostas e enchentes. Essas ocorrências concentram-se no

bairro conhecido como Rancho Fundo.

Quanto à participação de Caieiras em programas estaduais ou federais de Segurança

Pública, merece destaque o Conseg (Conselho Municipal de Segurança), órgão de atuação

comunitária de apoio à polícia local, que funciona segundo diretrizes da Secretaria de

Segurança Pública do Estado de São Paulo.

O Conselho de Segurança é composto por membros do poder público (delegados,

comandantes da Guarda Civil e da 5ª Cia. Da PM), além de representantes da sociedade

civil, que se reúnem mensalmente, analisando as estatísticas de crimes do período e as

principais queixas da população. A presença da população é baixa, segundo membros do

Conselho, pois, não são utilizadas as mídias locais para veicular os convites.

Quanto aos indicadores de segurança pública, Caieiras tem baixos índices de homicídio. Em

2007, foram 10,15 homicídio por 100.000 habitantes, contra 11,89 do ESP, conforme dados

da Secretaria Estadual de Segurança Pública.

Ano Homicídio Doloso Furto Roubo Furto e Roubo de Veículos

2004 8 551 184 172

2005 8 468 204 192

2006 21 498 167 184

2007 10 518 212 240

2008 8 578 277 188

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2009 11 546 378 215

2010 8 596 319 202

Fonte: Secretaria de Segurança Pública. Elaboração: Geo Brasilis. 2011

Quadro 12: Evolução de Número de Homicídios Dolosos, Furtos, Roubos e Furtos e Roubos

de Veículos, em Caieiras, entre 2004 e 2010.

Entre 2004 e 20010, nota-se um pico de homicídios em 2006, uma oscilação do número de

furtos, que se mantém em torno de uma média de 500 ocorrências, além do crescimento

do número de roubos (de 184 em 2004 para 319 ocorrências em 2010, o que implica em um

aumento de 73,3% no período).

Entre os principais projetos de Segurança, previstos para os próximos anos, estão a

implantação de vigilância por câmeras no centro da cidade (iniciada em 2010) e no bairro

das Laranjeiras, e a criação de portais nas entradas e saídas da cidade. Esses portais

respondem a uma das principais queixas das forças de segurança de Caieiras, que se

referem ao fato de o município ter crescido de modo a proporcionar várias rotas de fuga

para criminosos.

Nesse sentido, deve-se apontar a omissão do Plano Diretor vigente na proposição de

diretrizes e medidas para o planejamento de espaços seguros, envolvendo iluminação

adequada, vegetação e trânsito de pedestres, entre outros fatores relevantes.

2.3.8. Desenvolvimento Econômico

2.3.8.1 Como o Plano Diretor trata Desenvolvimento

Econômico

A Lei Complementar No 3.896 – Plano Diretor Municipal de Caieiras dedica seu Título V ao

Desenvolvimento Econômico, que também é relacionado como um dos eixos estratégicos

da Lei.

A Lei define objetivos para a Política Municipal de Desenvolvimento Econômico e Emprego,

bem como seus instrumentos, relacionando a seguir, a necessidade de elaboração de

planos setoriais para Indústria, Comércio e Serviços, Agricultura, Turismo e Economia

Solidária.

Uma vez que nenhum desses Planos Setoriais foi elaborado e que as diretrizes para eles

propostas apresentam caráter pouco prático e muitas vezes pontual, o crescimento

econômico do município no período é consequência de questões conjunturais, como o

momento favorável da economia nacional e o anúncio de grandes investimentos de

infraestrutura, como o Rodoanel Tramo Norte, que ampliam a atratividade do município.

É importante destacar que a lei não atribui responsabilidades, dentro do Poder Executivo

Municipal, para as questões de desenvolvimento econômico, não define vocações

municipais e não direciona intervenções prioritárias para esse eixo estratégico.

Quanto ao zoneamento, a lei 4.160 prevê as seguintes zonas destinadas para a ocupação de

caráter econômico:

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ZUD – Zona de Uso Diversificado;

ZUPI 1 – Zona de Uso Predominantemente Industrial;

ZCS – Zona de Comércio e Serviços; e

CCS – Corredor de Comércio e Serviços.

No caso dos usos, são previstos o uso industrial, comercial, de serviços e o uso rural, que se

distribuem pelo território do município e serão detalhados no diagnóstico de Zoneamento.

2.3.8.2. Diagnóstico

a) Economia

A história da ocupação e da atividade econômica de Caieiras está intimamente ligada à

atividade industrial, inicialmente através da produção de componentes de cal, nos fornos

que deram nome à cidade e posteriormente com a indústria do papel e celulose.

Esse perfil econômico, marcado pela importância industrial, tem se alterado, desde a

última década do século XX, com o crescimento acelerado dos serviços e do comércio.

Ainda assim, a indústria mantém sua importância tanto na composição do PIB municipal

quanto na geração de empregos.

Entre 2004 e 2008, observou-se crescimento econômico no município acima do ocorrido na

média da RMSP e do Estado, embora abaixo de Cajamar, que é a localidade da região com

maior grau de desenvolvimento.

Variação do PIB entre 2004 e 2008

PIB PIB em 2004

(milhões de R$)

PIB em 2008

(milhões de R$)

Variação no

período

ESP 643.487,49 1.003.015,76 55,87%

RMSP 357.015,13 572.250,78 60,29%

Caieiras 909,4 1.586,80 74,49%

Cajamar 1.702,82 3.764,61 121,08%

Francisco Morato 440,32 750,37 70,41%

Franco da Rocha 1.428,01 1.683,86 17,92%

Mairiporã 569,96 836,67 46,79%

Fonte: Fundação Seade. Elaboração: Geo Brasilis. 2011

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Quadro 13: Variação do PIB no Estado de São Paulo, na RMSP e nos municípios do Arco

Norte Metropolitano, entre 2004 e 2008.

Esse crescimento foi impulsionado pelos setores de serviços (incluindo comércio) e

indústria e é ilustrado pelo gráfico abaixo, que apresenta a evolução do Valor Adicionado

por setor, entre 2004 e 2008 e ilustra a baixíssima participação do agronegócio na

composição da riqueza produzida em Caieiras.

Fonte: Fundação Seade. Elaboração: Geo Brasilis.2011.

Figura 47: Evolução do Valor Adicionado por Setor Econômico em Caieiras, entre 2004 e

2008.

Complementando essa avaliação com a evolução do número de estabelecimentos entre

2004 e 2009, nota-se o crescimento contínuo dos novos negócios, em todos os setores.

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Fonte: Fundação Seade. Elaboração: Geo Brasilis.2011.

Figura 48: Evolução do Valor Adicionado por Setor Econômico em Caieiras, entre 2004 e

2008.

Apesar do crescimento do número total de estabelecimentos seja de 49,5% no período,

deve-se destacar que a informalidade é uma realidade entre os empreendedores em

Caieiras, em função das altas taxas de abertura de empresas, da demora na tramitação das

licenças municipais e do ISS, cuja alíquota é de 5%.

A seguir, será realizado diagnóstico específico para os setores de:

Indústria;

Comércio

Serviços;

Turismo; e

Agropecuária.

Quanto à distribuição da atividade econômica pelo território do município, deve-se

destacar o seu caráter descontínuo e não ordenado. Em diversos bairros, o uso industrial

está mesclado com o residencial e o comercial. O mapa de usos abaixo ilustra essa

realidade:

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Fonte: Emplasa.

Figura 49: Mapa de uso e ocupação do solo, apontando mescla de uso residencial (manchas

vermelhas) e industrial (amarelas) no território de Caieiras.

b) Indústria

A atividade industrial de Caieiras ainda é fortemente baseada na indústria do papel e

celulose, embora tenha crescido o setor embalagens e outros produtos plásticos.

Segundo o cadastro da prefeitura, existem oficialmente 216 indústrias em Caieiras, cujos

ramos de atividade mais significativos, do ponto de vista de geração de renda, são: papel e

celulose (10 empresas), edição e gráfica (25 empresas), além de produtos plásticos (44

empresas), notadamente a fabricação de sacolas à partir de material reciclado.

Tais empresas estão distribuídas de forma aleatória pelo município, que não tem Distrito

Industrial constituído. Os três pólos concentradores de indústrias atualmente são:

Bairro das Laranjeiras, onde existem diversas empresas instaladas ao longo da

av. Paulicéia, gerando concorrência entre o tráfego de cargas e o de pessoas

em uma avenida que possui apenas uma faixa em cada sentido de rolamento e

é o corredor comercial da região;

Parque Industrial Araucária, loteamento realizado pela Melhoramentos, de

áreas entre 5.000m2 e 6.000m2, que conta atualmente com 17 empresas

instaladas e 28 lotes disponíveis, gerando aproximadamente 1.000 empregos,

com entrada às margens da SP 332.

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Margens da SP 332, após o trevo de acesso a Franco da Rocha, entre os bairros

de Parque dos Pinheiros e Jardim Marcelino, onde estão instaladas: Saint

Gobain, Convenção, Jandaia, entre outras.

Esses três núcleos tem, atualmente, seu zoneamento definido como ZUPI 1, em

consonância com os parâmetros estabelecidos na lei estadual 1.817 de 1978.

Um novo pólo de concentração de indústrias foi planejado para ser instalado em

aproximadamente 150.000m2 de área na rodovia Tancredo Neves (SP 332), em espaço que

a prefeitura recebeu da Melhoramentos a título de pagamento de impostos devidos, cujo

uso foi concedido à Alliance Participações. Esse pólo atualmente está em implantação. A

área é atualmente definida como ZUD.

Outro ponto de recente aglomeração industrial é o bairro Jd. Maria Luiza, na divisa com

Cajamar. O bairro reflete um potencial eixo de expansão industrial, em Caieiras. Todavia,

fica bastante afastado do restante do município, isolado em função das florestas de

eucalipto.

O setor industrial foi responsável pela geração de 6.377 empregos formais, em 2008. Desde

2000, quando eram 4.993 empregos, esse número cresceu 27,7%. O rendimento médio dos

empregados do setor industrial cresceu continuamente no período, passando de R$ 900,44,

em 2000, para R$ 1.510,29, em 2008, numa evolução de 67,7%. Ainda assim, o salário do

trabalhador da indústria, em Caieiras, é 31,99% inferior à média da RMSP onde, em 2008, o

rendimento médio correspondeu a R$ 2.220,54

Os grandes empecilhos para o crescimento industrial são:

A ausência de áreas para a expansão da atividade (e as áreas que existem não

estão mapeadas e identificadas, de forma a facilitar a aproximação com os

interessados);

Morosidade na instalação de infraestrutura básica;

Melhoria dos acessos terrestres por parte da Prefeitura;

A carência de infraestrutura de saneamento básico; e

A deficiência de mão-de-obra técnica qualificada nos diversos setores.

A ausência de instância sólida de governança da indústria dificulta a negociação das

questões pertinentes do setor junto à sociedade e ao setor público local e estadual. Além

disso, apoio ao empresariado praticamente inexiste, seja para os que já estão instalados

em Caieiras, seja para os interessados em instalar-se.

A topografia tem papel importante no aumento dos custos de construção das áreas,

principalmente para grandes armazéns e os empresários acreditam que investimentos

adequados e contínuos em infraestrutura logística poderiam alavancar os negócios no

setor.

O principal fator atrativo para novas áreas industriais é a proximidade com o município de

São Paulo e com o Rodoanel Mário Covas (tramo oeste). Em seguida, é a mão-de-obra mais

barata que em São Paulo e na RMSP.

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Em relação ao custo da terra, o valor do m2 para a indústria subiu nos últimos anos e hoje

existe variação entre R$ 60,00 e R$90,00/m2 em média. Nas áreas mais nobres, com frente

para a rodovia SP-332, o valor pode chegar a R$ 160,00/m2.

A Prefeitura reconhece a morosidade no processo municipal de abertura de novas empresas

e admite que há uma parcela representativa de empresas na informalidade. O

planejamento de estratégias de longo prazo específicas para a indústria não está previsto

na agenda municipal. O Plano Diretor de 2006 fala da elaboração de um plano setorial para

a Indústria, que nunca se concretizou.

Caieiras está subordinada ao CIESP região Oeste (instalado na Lapa). O posto do SEBRAE foi

desativado em 2007 e reorganizado, a partir de 2009, junto à Secretaria Municipal de

Desenvolvimento Econômico, no centro do município, com a retomada dos cursos de gestão

para empresários prevista para 2011.

c) Comércio

Apesar de apresentar uma evolução nos últimos anos, o comércio de Caieiras está longe de

ser desenvolvido. O município possui muitos estabelecimentos familiares, não conseguiu

atrair nenhuma rede de fast food e não é prestigiado pela população local, que prefere se

deslocar até os grandes centros, como São Paulo, Jundiaí e até Campinas.

O setor conta com apenas uma entidade do setor, a Associação Comercial de Caieiras, com

1.300 empresas cadastradas, entre indústria, comércio e serviços. Dessas, apenas 46

empresas são efetivamente associadas, isso porque, a entidade é pouco estruturada e não

possui um quadro técnico e diretivo para implementação de ações de planejamento,

melhoria e fortalecimento do comércio local. As informações não estão disponíveis por

setor o que reflete a inexistência de um banco de dados consolidado e,

conseqüentemente, o desconhecimento da própria realidade.

De acordo com o cadastro da Secretaria Municipal de Desenvolvimento, o comércio de

Caieiras conta com mais de 430 estabelecimentos formais, que se dividem em 9

subsetores, dos quais os mais representativos são os de Materiais de Construção e

Informática.

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Fonte: Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Emprego. Prefeitura Municipal de Caieiras. Elaboração: Geo

Brasilis. 2008.

Figura 50: Número de estabelecimentos por subsetor do Comércio, em Caieiras, em 2008.

O setor emprega cerca de 3.200 trabalhadores com vínculo empregatício (dados do

Ministério do Trabalho – 2008), número que cresceu 145,06%, entre 2000 (quando havia

1.305 vínculos) e 2008. O setor corresponde a 19,15% no total de empregos, sendo o

terceiro em geração de emprego, atrás de indústria e serviços, com um rendimento médio

de R$ 961,66. O crescimento significativo do número de empregos no Comércio, em

Caieiras, reflete o potencial de crescimento do setor, bem como sua capacidade de

absorção de mão de obra.

O município possui três corredores comerciais: a Avenida 14 de dezembro (centro), Av.

Paulicéia (bairro Laranjeiras) e Av. Armando Sestine (bairro Serpa), que concentram a

maior parte dos estabelecimentos regularizados. Também estão instaladas agências das

principais redes bancárias: Itaú, Banco do Brasil, Santander, HSBC, Bradesco e Caixa

Econômica Federal.

As grandes redes de varejo chegaram praticamente ao mesmo tempo, a partir de 2006.

Hoje, Caieiras possui lojas das Casas Bahia, Lojas Cem e Magazine Luiza. Em 2008, se

instalou o supermercado Dia e também o Ricoy. Esse subsetor, o segundo do município em

arrecadação de ICMS, foi atendido durante anos pelo supermercado Federzone,

juntamente com Saito, ambos tradicionais em Caieiras.

A rede Bifarma, de drogarias, originou-se em Caieiras e é a única rede de farmácias

presente no município. Além disso, comparando a proporção de estabelecimentos

comerciais formais com a população, temos que Caieiras tem correlação baixa se

comparada à RMSP e ao ESP. Para o ano de 2008, o ESP possuía cerca de 8

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estabelecimentos a cada mil habitantes, enquanto Caieiras apresentou 3,78

estabelecimentos comerciais, ou seja, menos da metade da relação do Estado. Esse dados

refletem o espaço para o crescimento da atividade comercial em Caieiras, ao mesmo

tempo em que possibilitam a visualização de uma realidade comum nas ruas: o comércio

informal.

2000 2002 2004 2006 2008

ESP 0,65 7,00 7,34 7,79 8,27

RMSP 5,90 6,21 6,41 6,76 7,25

Caieiras 2,81 2,88 3,30 3,61 3,78

Relação entre estabelecimentos comerciais e população (estabelecimentos de comércio

por mil habitantes)

Fonte: Fundação Seade. Elaboração: Geo Brasilis. 2010

Quadro 14: Relação entre número de estabelecimentos comerciais e números de

habitantes, para o Estado de São Paulo, RMSP e Caieiras, entre 2000 e 2008.

A chegada de redes de comércio estruturadas é um risco para os comerciantes locais, que

precisam se organizar, de modo a oferecer ao caieirense uma alternativa de comércio

diferenciada.

A construção de um Shopping Center é um dos sonhos da população, que sugere locais

como o trevo de acesso a Franco da Rocha e Francisco Morato ou a vizinhança da estação

ferroviária, que já são pontos de grande circulação de pessoas. Um centro de compras

desse tipo, incorporando instalações de cinema, serviços automotivos, um grande

supermercado, área de alimentação e lojas de departamento, funcionaria também como

alternativa de lazer na cidade.

Em 2008, o comércio de Caieiras representava 17,37% do valor adicionado fiscal do

município, num total de R$ 155,48 milhões. No mesmo ano, conforme dados da Fundação

Seade, 69,76% do valor adicionado fiscal do setor foi gerado no comércio atacadista, e os

restantes 30,24% junto ao varejista. Quanto à composição do comércio varejista, podemos

destacar a distribuição de combustíveis e a revenda de carros. A tabela abaixo indica os

valores e as taxas de participação dos segmentos do comércio varejista em Caieiras em

2008:

Valor Adicionado Fiscal do Comércio Varejista, em Caieiras, em 2008

Subsetor do Comércio

Varejista

Valor

Adicionado

Fiscal (em

R$)

Participação no Valor

Adicionado Fiscal do

Comércio Varejista

Distribuição de

Combustíveis 10.394.340 28,85%

Revendedoras de Veículos 2.022.652 5,61%

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Lojas de Departamentos 1.554.107 4,31%

Outros 22.059.524 61,22%

Total 36.030.623 100%

Fonte: Secretaria de Estado dos Negócios da Fazenda e Fundação Seade. Elaboração: Geo Brasilis. 2010

Quadro 15: Valor Adicionado Fiscal do Comércio Varejista em Caieiras, em 2008.

O comércio em Caieiras tem como desafio a modernização, com atração de outras grandes

redes varejistas, no setor de vestuário e alimentação, além da implementação de ações

que garantam o desenvolvimento das atividades, além da qualificação de mão-de-obra

para atender o crescimento do setor.

d) Serviços

Seguindo a tendência que marca os demais setores econômicos de Caieiras, o setor de

serviços necessita de fortalecimento e estruturação para servir como âncora do

crescimento e desenvolvimento do município.

Existem, oficialmente, 667 prestadores de serviços em Caieiras. O mais representativo é o

de profissionais que exercem atividade autônoma de representação comercial, com 57

registros. O segundo maior número se refere aos serviços de consultoria de engenharia e

marketing (51). Em ambos os casos, são muitos profissionais cadastrados em endereços

residenciais, caracterizando o sistema Home Office e a baixa complexidade dos

estabelecimentos.

Se compararmos ao comércio, o volume de subsetores é mais amplo, caracterizando a

importância deste setor na economia do Município. No entanto, é elevado o número de

micro e pequenas empresas familiares.

Ao se comparar o número de prestadores de serviços formais com a população, temos que

Caieiras tem correlação baixa, em relação à Região Metropolitana de São Paulo e ao Estado

de São Paulo. Para o ano de 2008, o ESP possuía de 7,64 prestadores a cada mil habitantes,

enquanto Caieiras apresentou 2,78 prestadores de serviços formalizados, ou seja, 64% a

menos que o Estado e a RMSP. O que demonstra a necessidade de atração de novos

prestadores e da formalização dos já existentes em situação irregular, além do potencial

de crescimento do setor.

Relação entre nº de estabelecimentos de serviços e população

(estabelecimentos de serviços por habitante)

2000 2002 2004 2006 2008

ESP 0,65 6,73 6,83 7,15 7,64

RMSP 6,90 7,06 7,04 7,31 7,84

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Caieiras 2,33 2,24 2,41 2,53 2,78

Fonte: Fundação Seade. Elaboração: Geo Brasilis. 2010

Quadro 16: Relação entre número de estabelecimentos de serviços e números de

habitantes, para o Estado de São Paulo, RMSP e Caieiras, entre 2000 e 2008.

É o segundo maior empregador de Caieiras, atrás da Indústria, segundo dados do Ministério

do Trabalho e Emprego, que aponta 5.661 vínculos empregatícios e 33,91% de participação

no total do emprego em 2008.

Empregos no Serviço 2000 2006

Variação

2000/2006

Vínculos Empregatícios nos Serviços

(Em Qtde) 4.124 5.661 37,26%

Participação dos Vínculos

Empregatícios nos Serviços no Total

de Vínculos (Em %) 39,08% 33,91% -13,23%

Rendimento Médio nos Vínculos

Empregatícios nos Serviços (Em R$) 661,25

1.255,11 89,81%

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – MTE. Relação Anual de Informações Sociais – Rais. Fundação Seade.

Elaboração Geo Brasilis. 2010.

Quadro 17: Variação do número de vínculos empregatícios do setor de Serviços e sua

participação no total de vínculos empregatícios e do rendimento médio do setor de

serviços, em Caieiras, entre 2000 e 2006.

Observa-se que apesar de ser o segundo maior empregador, a representatividade do setor

na geração de empregos tem diminuído, nos últimos anos. Isso se deve ao crescimento

mais acelerado do número de vagas na indústria e no comércio.

De acordo com dados da Secretaria de Estado dos Negócios da Fazenda, em 2008, os

subsetores que mais colaboraram com a formação do valor adicionado fiscal de Serviços,

em Caieiras, foram os de produção e distribuição de energia elétrica e gás, seguidos por

comunicação e transportes (de cargas e passageiros).

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Fonte: Secretaria de Estado dos Negócios da Fazenda. Fundação Seade. Elaboração: Geo Brasilis. 2010

Figura 51: Participação dos subsetores de Serviços na composição do valor adicionado fiscal

em Caieiras, em 2008.

Com relação ao valor adicionado do setor de serviços, observa-se forte tendência de alta,

com crescimento absoluto de 141,15% entre 2000 e 2008, quando a riqueza gerada pelo

setor totalizou R$ 589,84 milhões. A participação de Serviços no total do valor adicionado

oscilou, no período, em função do desempenho de outros setores.

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Fonte: Secretaria de Estado dos Negócios da Fazenda e Fundação Seade. Elaboração: Geo Brasilis. 2010

Figura 52: Evolução do valor adicionado do setor de Serviços, em Caieiras, entre 2000 e

2007.

O município conta com 8 agências bancárias e 23 postos de atendimento bancário. Estão

instalados em Caieiras os bancos: Bradesco, Banco do Brasil, Itaú, Santander, Caixa

Econômica Federal, HSBC e Unibanco. As agências são concentradas na área central, à

exceção de uma localizada no bairro das Laranjeiras. O município dispõe de três agências

dos correios: uma no centro (que tem serviços de banco postal), uma em Laranjeiras e

outra na vila Gertrudes, às margens da SP 332 – Rodovia Pres. Tancredo Nevees.

Entre as queixas da população, está a ausência de serviços de manutenção direcionada a

atividades e equipamentos existentes no município, como máquinas de costura, serviços de

transporte expresso (motoboys), instalação de alarmes, estabelecimentos qualificados para

estética, entre outros.

Poucas categorias têm associações de classe organizadas, como a dos contadores, que

dispõe da Acontar.

Para atingir um grau de competência na prestação de serviços, Caieiras carece de uma

entidade representativa do setor, além da criação de condições para ampliar a

qualificação e a capacitação das empresas e dos profissionais, que poderia acontecer coma

presença no Sistema S no município (SENAI, SESI, SESC e SENAC). Essa situação pode

começar a mudar com a chegada no SEBRAE que, atualmente, foca seus esforços na

qualificação inicial de empreendedores.

A qualificação de serviços, com destaque para a área de tecnologia e inovação, é uma

alternativa para o desenvolvimento do setor, que não dispõe de incubadora ou de plano de

incentivos fiscais para atração de novos negócios ou para legalização de estabelecimentos

informais, sobre os quais não há dados disponíveis.

e) Turismo

O setor de Turismo em Caieiras se caracteriza pelo baixíssimo aproveitamento das atrações

da cidade e de seu potencial indutor de emprego e renda, com número reduzido de

empresas dedicadas à área.

Segundo o Cadastur (Cadastro Nacional de Turismo, do Ministério do Turismo), que agrupa

prestadores de serviços de diversos segmentos, o município não possui hotéis ou pousadas,

conta com três agências de viagens que promovem o turismo para fora do município e com

duas empresas de transporte turístico de pessoas.

Agências de Turismo 3

Meios de Hospedagem 0

Organizadora de Eventos 0

Prestadora de Serviços de Infraestrutura para Eventos 0

Parque Temático 0

Transportadora Turística 2

Setor do Turismo em Caieiras - 2010

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Fonte: Cadastur. Ministério do Turismo. Elaboração: Geo Brasilis. 2010

Quadro 18: Equipamentos do setor de Turismo cadastrados no CadasTur, em Caieiras, em

2010

Institucionalmente, a gestão municipal do turismo está sob responsabilidade da Secretaria

da Ação Cultural, que conta com diretoria específica para o assunto, na qual trabalham 02

pessoas. Ainda assim, o planejamento para fomento e desenvolvimento do setor

praticamente inexiste e as ações não são direcionadas para atração de pessoas à Caieiras.

O único destino atualmente utilizado é o Cristo Redentor, foco de turismo religioso (cultos

e missas) e visitas monitoradas, além de algumas festas municipais (como o Festival de

Teatro e o Bairro Multicultural), que atraem, além dos municípes, pessoas de Franco da

Rocha e Francisco Morato. Mesmo o Cristo Redentor requer intervenções, como a

instalação de portaria e guaritas de segurança, controle de resíduos sólidos e dos

ambulantes que atuam no local.

Além disso, há a Rua dos Estudantes, onde concentram-se alguns bares e restaurantes. Em

geral, a população acaba por se deslocar para São Paulo ou Jundiaí, em busca de

alternativas gastronômicas e para ascidades vizinhas, como Cajamar e Franco da Rocha,

para as festas de peão e rodeios existentes nessas localidades.

Locais como o Velódromo e os diversos centros esportivos, que receberam investimento

público e se destacam no município, não são utilizados para a atração de visitantes

interessados em utilizar a estrutura disponível.

Além dessas possíveis atrações, existe o Seminário dos Arautos do Evangelho, com

potencial para turismo religioso , nas proximidades da Estrada de Santa Inês e os diversos

mirantes espalhados pelo município, que proporcionam belíssimas vistas panorâmicas e

contato com o meio ambiente.

Apesar da proximidade com o município de São Paulo, não existem centros de convenção

ou outros destinos que estimulem o turismo de negócios e a realização de feiras e eventos.

Atrações que podem ser utilizadas para turismo de aventura e passeios de um dia não

estão organizadas e divulgadas e a paisagem não funciona como atrativo para

investimentos destinados ao repouso, como hotéis-fazenda ou spas, o que poderia ser uma

alternativa para o desenvolvimento do bairro de Santa Inês.

A presença do Parque Estadual do Juquery, a proximidade com o Parque da Cantareira, as

belezas naturais na área da Cia. Melhoramentos e a presença de edifícios históricos, como

os Fornos de Cal (são Patrimônio Histórico Municipal), qualificam Caieiras como destino de

passeios curtos, que podem ser estruturados através de planos de manejo dos parques ou

do plano setorial que o Plano Diretor previu para o turismo e não foi elaborado.

f) Agropecuária

O agronegócio está concentrado na atividade florestal da Cia. Melhoramentos (plantações

de eucalipto) e não há registro de outra atividade formal agroindustrial em Caieiras. A

fazenda de eucaliptos emprega hoje 100 pessoas, numa área plantada de 45.510.000 m2

em Caieiras. Segundo os planos da Cia. Melhoramentos, cuja diretriz estratégica para o

negócio se alterou nos últimos dois anos, o manejo está organizado de modo a não haver

mais plantação de eucaliptos nos próximos 20 anos.

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Essa situação reflete a valorização dos grandes espaços de terra na RMSP e o impacto da

pressão metropolitana sobre a ocupação tradicional do município.

Essa situação se reflete nos dados levantados pelo Projeto LUPA (Secretaria Estadual da

Agricultura e Abastecimento, em 2008) sobre o município, que apontou que Caieiras dispõe

apenas de 6 unidades de produção agropecuária, com rebanho total de 30 cabeças de gado

bovino e 12ha dedicados à cultura de alface, além dos 3.037,5ha com plantação de

eucaliptos. As demais culturas existentes são brócolis, cebolinha, cenoura, chicória, couve,

mandioca, chuchu, espinafre, totalizando outros 14ha, além de um pomar.

Esse quadro reflete a baixa importância econômica da agropecuária, o que é coerente com

o caráter metropolitano de Caieiras e reforça a tendência de crescimento da área

urbanizada sobre as de silvicultura nos próximos anos.

A área atualmente destinada à silvicultura é caraterizada como ZRPA (Zona de Rural de

Proteção Ambiental), e tem diretrizes determinadas que não são coerentes com o seu

propósito, devendo posteriormente serem adequadas dentro do processo de revisão da lei.

O Plano Diretor também determina a elaboração de um plano municipal de Agricultura,

que não foi realizada.

2.3.9. Patrimônio Cultural

2.3.9.1 Como o Plano Diretor aborda o tema Patrimônio

Cultural

A primeira menção ao Patrimônio Cultural do Município de Caieiras no Plano Diretor (Lei

3.896/2006) se faz nas diretrizes do plano, que trata Da Preservação, Proteção e

Recuperação do Meio Ambiente e do Patrimônio Histórico e Cultural. O Artigo 8º da lei

dispõe das diretrizes para as politicas públicas na área de patrimônio histórico, devendo

estas, “contribuir para a construção e difusão da memória e identidade do Município e

Região” e “implantar um programa municipal permanente de preservação, proteção,

recuperação”.

Em seguida, quando o plano discorre sobre a Dinâmica de Ocupação dos Territórios e suas

respectivas categorias de ordenamento de uso, os imóveis e áreas ditos como de

importância histórica e arquitetônica são instituídas no Artigo 36º como sendo Unidades

Protegidas. O Plano Diretor determina a existência de algumas unidades protegidas, e são:

I – UP dos Fornos de Cal, localizados no Bairro do Monjolinho;

II – UP do conjunto de casas, galpões, pontes, fábricas e igrejas de relevante

interesse histórico e cultural localizadas na propriedade da Cia Melhoramentos,

ou de seu sucessor;

III – UP da Estação Ferroviária de Caieiras;

IV – UP do antigo ponto de capitação de água da Vila Miraval, de propriedade da

Rede Ferroviária Federal S.A (RFFSA)

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Os dois parágrafos que constam no artigo determinam que o poder público seja capaz de

criar novas UP’s e aquilo que foi estabelecido como patrimônio histórico-cultural pelo

Artigo 185º da Lei Orgânica Municipal (Lei nº 1.994/1990) também são Unidades Protegidas.

Todas as UP’s deveriam receber um “projeto socioeconômico específico, cujas

características deveriam ser determinadas através de instrumentos legais adequados”.

Por fim, quanto o plano discorre Da Política Municipal do Meio Ambiente e do Patrimônio

Cultural, no seu Capitulo II - que trata de objetivos da Política do Meio Ambiente, a

questão do patrimônio entra como um dos objetivos. Mais adiante, o Capitulo V – Do

Patrimônio Cultural (numeração errada, onde se lê V, deve-se ler IV), se dedica a

descrever a política pública adotada para este tema, o PAC11– Política de Preservação do

Patrimônio Cultural. O Artigo 77º diz que o PAC deveria ter como gestor o Conselho

Municipal de Meio Ambiente e Defesa do Patrimônio Cultural, os artigos 78º e 79º definem

seus objetivos - contribuir para cidadania cultural, inclusão social, valorização e estimulo

ao uso do PAC, e diretrizes – usos compatíveis para edificações preservadas; proteção e

preservação do Rio Juquery (de valor paisagístico e cultural) e participação da

comunidade.

O levantamento, preservação e regulação das condições de uso dos imóveis de interesse

histórico-cultural são descritos como ações do PAC, que também contempla ações de

fiscalização, programas de educação patrimonial e incentivo a divulgação dos bens

preservados no roteiro turístico da cidade.

2.3.9.2. Considerações sobre o texto da Lei

O tema patrimônio trata diretamente dos espaços a serem preservados relacionados à

cultura, à história, à arquitetura, considerando a necessidade de ações de conservação

desses bens, ao mesmo tempo em que se estimula o contato da população com o seu valor

patrimonial intrínseco.

Esse contato poderia ocorrer através de ações culturais, ligadas a preservação da memória

e identidade do município.

No texto do Plano Diretor, os temas relacionados a patrimônio histórico-cultural estão

vinculados aos temas de meio ambiente. Por se tratar de assuntos muito diferentes,

poderiam constar separadamente no corpo da Lei.

Nesse sentido, as questões ligadas ao meio ambiente tratam, em primeiro plano, de

preservar as condições biológicas necessárias a manutenção da qualidade de vida no

planeta, controlando as ações antrópicas que, invariavelmente, desequilibram os

ecossistemas. Observando essa argumentação, questiona-se a coerência em tratar dois

assuntos distintos, patrimônio histórico e meio ambiente, sob o mesmo prisma,

dificultando a compreensão de seus contextos no conjunto dos objetivos, diretrizes e

ações.

A organização dos assuntos relacionados a Patrimônio Histórico no corpo do texto do PDM é

11

Já que o PAC é uma sigla que ser refere a Politica de Preservação do Patrimônio Cultural, provavelmente houve uma confusão de escrita. Verificar essa sigla e corrigi-la no texto revisado da Lei.

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confusa. Inicialmente, coloca-se o tema como sendo uma das diretrizes do plano, logo

depois já são apresentados os bens a serem preservados na forma de UP (Unidade

Protegidas), que é uma categoria de ocupação do território.

As diretrizes e objetivos listados para uma política de preservação do patrimônio cultural

são definidos somente depois de serem apresentados os bens elegidos a preservação. A

inversão dessa ordem poderia facilitar a leitura e compreensão.

Outro ponto a ser avaliado é o primeiro parágrafo do Artigo 36º da Lei, quando além de

apresentar os imóveis classificados como UP’s , define que os bens elegidos como

patrimônio no Artigo 185º da Lei Orgânica do Município (Lei 1.994/1990) também são UP´s.

Seria mais simples relacionar os bens proposto na Lei Orgânica do que remeter a esta

última e criar necessidade adicional de consulta. Além disso, a consulta à Lei Orgânica

esclareceria que os referidos patrimônios já estão citados no caput.

Ainda assim, nenhuma das Leis, Plano Diretor ou Orgânica, define uma Politica de

preservação desse Patrimônio Histórico-cultural, apenas instaura sua criação, não deixando

claros os bens a serem preservados como patrimônio cultural.

A ausência de um estudo detalhado sobre o valor histórico, cultural e/ou arquitetônico se

manifesta na ausência de explicações, seja no corpo da Lei, seja nos estudos realizados

para a sua elaboração e na identificação imprecisa de algumas UPs e seus limites.

Assim, se constata a necessidade de um inventário patrimonial como forma de identificar,

localizar, restaurar, compreender o patrimônio municipal e lançar as bases para a

elaboração de um plano de preservação coerente e fundamentado, contemplando prazos,

responsabilidades e recursos.

Como Unidades Protegidas, sem critérios claros de manutenção, conservação ou restauro,

esses edifícios ficam sujeitos a interpretações inadequadas e ações incompletas, em

função da imprecisão do texto da Lei.

Ainda, a ausência de uma Lei municipal específica para Tombamento, reduz o valor

jurídico das UP’s, sendo questionável como forma de proteção destes imóveis.

Nesse sentido, sobre o tema Patrimônio Histórico-cultural o texto do Plano Diretor traz

algumas confusões conceituais. Em muitos momentos fala-se de patrimônio histórico-

cultural, ou somente cultural, e em alguns casos inclui arquitetônico, na realidade, tudo se

enquadra em patrimônio cultural. Para não haver dúvidas, uniformizar o uso do termo

“histórico-cultural” se faz mais apropriado, uma vez que abrange todas as outras

instancias.

O plano contempla algumas ações, objetivos e diretrizes interessantes a preservação do

patrimônio, como por exemplo, disponibilizar os bens patrimoniais em roteiros turísticos e

garantir usos compatíveis ao imóvel preservado. Poderiam ser mais bem explorados

No geral, nenhuma ação voltada a preservação do patrimônio histórico-cultural foi tomada.

Não se sabe ao certo a situação em que se encontram as UP’s, algumas delas em áreas

privadas, necessitam de autorização prévia para visitação. A política de preservação não

foi regulamentada e portanto não foram definidas responsabilidades e prazos.

2.3.9.3. Diagnóstico

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Tendo em vista as definições do IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico

Nacional, o patrimônio cultural de uma nação compreende “o conjunto de manifestações,

realizações e representações de um povo ou comunidade” 12.

Entende-se que esse patrimônio possui duas naturezas: a material e a imaterial. A primeira

corresponde todos os “bens culturais classificados segundo sua natureza nos quatro Livros

do Tombo: arqueológico, paisagístico e etnográfico; histórico; belas artes; e das artes

aplicadas, estão divididos em bens imóveis como os núcleos urbanos, sítios arqueológicos e

paisagísticos e bens individuais; e móveis como coleções arqueológicas, acervos

museológicos, documentais, bibliográficos, arquivísticos, videográficos, fotográficos e

cinematográficos” 13. Já o patrimônio imaterial é definido pela UNESCO14 como sendo: “as

práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas - junto com os

instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados - que as

comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte

integrante de seu patrimônio cultural”15.

No geral, existem quatro esferas de preservação: a internacional; a nacional; a estadual,

regidos pela UNESCO, IPHAN, CONDEPHAAT, respectivamente. E por fim, a esfera

municipal, onde cada município deve criar sua legislação específica, política de

preservação do patrimônio e órgão ou instituição responsável pela gestão da preservação,

de acordo com a particularidade de sua memória, cultura e identidade. Deve-se destacar a

ausência de uma instância municipal em Caieiras responsável pelo patrimônio histórico.

Em todas as esferas são criadas leis específicas de tombamento, onde todo bem de valor

patrimonial é submetido a alguma destas leis de acordo com o âmbito de sua relevância e

representatividade.

Vale ressaltar que, embora seja possível tombar bens municipais como sendo de valor

nacional ou estadual, entrando então em outras esferas de proteção, alguns bens de valor

cultural particulares a uma cidade ou comunidade específica devem ser preservados em

âmbito municipal.

Em Caieiras, a necessidade da preservação histórico-cultural se relaciona com a

oportunidade para o resgate da identidade cultural da localidade, o que foi identificado

pela Agenda 21 do município.

A questão da degradação do patrimônio foi colocada como uma das Ameaças na Análise

FOFA16, devido à perda das características originais das casas antigas localizadas na área da

Melhoramentos, nas futuras instalações do Eco Parque, uma vez que foram reformadas ao

invés de restauradas.

Ainda na Agenda 21 de Cultura, foram definidas ações relacionadas a “tombar e recuperar

prédios históricos dentro do perímetro do Eco Parque e disponibiliza-los ao público como

12

Definições do IPHAN. Disponível em http://portal.iphan.gov.br/ 13

Ibid. 14

UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. 15

http://portal.iphan.gov.br/ 16

Método de Análise S.W.O.T. (ou análise F.O.F.A. em português) é uma ferramenta estrutural utilizada na análise do ambiente interno, para a formulação de estratégias. Permite-se identificar as Forças e Fraquezas de uma empresa, extrapolando então Oportunidades e Ameaças externas para a mesma. Disponível em: http://www.administracaoegestao.com.br/planejamento-estrategico/analise-swot/

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locais de ações culturais”, considerando um objetivo de ampliar e melhorar a

infraestrutura cultural de Caieiras.

Embora haja uma intenção clara de preservar a memória coletiva de Caieiras através do patrimônio histórico-cultural, os instrumentos utilizados não são eficientes ou utilizados.

A ausência da definição de responsabilidades quanto ao cuidado e gestão do patrimônio histórico, cultural e arquitetônico do município prejudica a elaboração e implantação de planos no setor, ao mesmo tempo em que a carência de recursos da administração local e a inexistência de projetos para atração de investidores públicos ou privados colabora para a inviabilização das ações.

2.4. Outros Aspectos da Lei

O texto da lei possui um caráter genérico em relação às características e necessidades particulares do município. Suas disposições não deixam uma delimitação clara de dialogo entre as diretrizes e o território, nem como estas serão alcançadas. Nesse sentido, o plano deveria estabelecer diretrizes que tenham objetivos, e que estes estejam amarrados a metas.

Na comparação com outras legislações estaduais e federais, verifica-se necessidade de adequação, de modo que a lei municipal seja plenamente aderente às das esferas superiores, o que não acontece atualmente.

Além dos seus assuntos principais, abordados anteriormente, a Lei Complementar do Plano Diretor (Lei Nº 3986 de 10 de outubro de 2006) contempla diversos outros temas pertinentes à estrutura do texto da lei (como disposições gerais, diretrizes, etc.) ou relacionados instrumentos urbanísticos e disposições transitórias. Tais temas serão avaliados a seguir, a partir da utilização da estrutura da lei atualmente vigente.

TITULO 1

Dos objetivos, diretrizes e constituição do Plano Diretor

Artigo 1

O Plano Diretor é um instrumento de ordenamento do território, sendo um componente da política de desenvolvimento urbano. Nesse sentido, o termo “expansão urbana” não é adequado nesse momento do texto, isso porque o PD não pretende desenvolver a expansão urbana, e sim ordenar da melhor maneira a expansão futura. O parágrafo primeiro pode ser melhorado no sentido de descrever as necessidades de reestruturações no poder executivo, de modo a implementar processos de planejamento e gestão democrática, como por exemplo a indicação da necessidade de nova diretoria ou secretaria para este fim.

Artigo 2

Os objetivos podem ser melhorados no sentido de valorizar o aspecto de planejamento urbano alinhado às vocações municipais e oportunidades de desenvolvimento econômico e social, à integração de diferentes políticas públicas e promover a função social da propriedade.

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O conceito de função social do município não é útil ou desdobrado em ações no plano atual.

CAPITULO I Dos objetivos

Seção I Função social do município

Artigo 3

Definição confusa criada para o município.

Seção II Função social da propriedade

Artigo 4

A definição utilizada é bastante genérica e pode ser melhorada, em função da descrição do Estatuto da Cidade e da inclusão de referências à utilização da propriedade enquanto recursos para o desenvolvimento social e econômico, e de preservação ambiental de Caieiras e de suas vocações.

CAPITULO II Das diretrizes

Artigo 5

Os eixos estratégicos propostos são adequados. No entanto, o texto não especifica eixos estratégicos nas áreas sociais. Ainda que o texto estabeleça eixos estratégicos, estes não estão interligados com suas respectivas diretrizes, objetivos e metas e, dessa maneira, a estrutura das ações não é definida. Essa situação deixa a lei difícil de ser interpretada e aplicada.

Seção I Da estruturação do território

Artigo 6

Aqui o eixo estratégico é nomeado de Estruturação do Território, enquanto no artigo 5º ele surge como Dinâmica Equilibrada de Ocupação do Espaço Urbano e Rural

Seção II Da preservação, proteção e recuperação do meio ambiente e patrimônio histórico.

Artigo 7

No Artigo 5º, o nome do eixo estratégico inclui a palavra cultural. Uniformizar para Histórico-Cultural. A diretriz I fala em parque estadual a leste do município. Há um equívoco. O estudo se refere ao Parque Anhanguera, que é municipal. O artigo VI pode ser melhorado pois não abrange outros aspectos de saneamento básico, além do tratamento de esgoto.

Artigo 8

Ver nota do artigo 5º.

Seção III Da dinamização da atividades econômicas

Artigo 9

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As diretrizes todas podem ser melhoradas, em função dos estudos e resultados da Agenda 21, que orientam aspectos de vocações e oportunidades de desenvolvimento econômico de Caieiras.

O item II necessita de nova redação, pois trata de um plano de desenvolvimento econômico e atração de investidores.

O item III é confuso, não dá diretriz para o desenvolvimento de comércio e serviços e, se seguido à risca, pode acentuar o processo de geração de tráfego no núcleo Criciúma.

Item I – a definição de zonas industriais não tem se mostrado eficiente na atração de novas indústrias. O texto não menciona zonas mistas, onde se permite indústria, mas não se congela este único uso, com risco desta zona permanecer desurbanizada.

Item II- o item não identifica as vantagens competitivas de Caieiras, ou seja, não explora as vocações da cidade.

Seção IV Da gestão do Plano Diretor e do processo de planejamento permanente

Artigo 10

Ver nota do Artigo 1º, para o item I.

CAPITULO III Da constituição do Plano Diretor

Artigo 11

O texto não desenvolve nenhum aspecto sobre inclusão social.

TITULO II

Da dinâmica de ocupação do território

Artigo 12

O texto coloca várias categorias, entretanto, estão organizadas de forma confusa, não definindo com rigor o que é cada uma destas categorias. Posteriormente no plano nota-se confusão no uso dos conceitos apresentados neste artigo.

CAPITULO I Do Macrozoneamento

Artigo 13

Estas diretrizes para as macrozonas não são necessárias porque repetem as diretrizes gerais. AS diretrizes devem ser definidas em cada macrozona.

Artigo 14

O Mapa das macrozonas não é anexo a lei.

Seção I Da macronoza de estruturação urbana

Artigo 15

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O texto pode ser melhorado no sentido de se obter definição mais esclarecedora, no caso da manutenção dessa macrozona. Falta uma definição de áreas de expansão urbana, inclusive prioritárias.

Artigo 16

I – Item pouco esclarecedor e objetivo – do modo como está escrito parece contraditório com a macrozona de estruturação urbana uma vez que toda área não urbanizada deve ser utilizada como área verde ou institucional. É necessário rever essa disposição, pois essa macrozona tem o objetivo de adensar a urbanização dentro dela para permitir a preservação de outras áreas, se as áreas desocupadas forem todas utilizadas para isso não haverá área disponível no município para ocupação futura.

II - O mapa que identifica fragmentos de mata nativa–as áreas do entorno dos fragmentos de matas não esta que devem ser utilizados para implantação de áreas institucionais.

III – Adequado –mas como não existe mapa não podemos avaliar se estas áreas são fragmentos de preservação dentro da macrozona urbana, ou se são espaços que deveriam esta contidos dentro da macrozona de preservação ambiental.

IV – adequado

V – checar justificativa nos estudos, em função da tendência de connurbação com Franco da Rocha e Cajamar – esta diretriz pode ter o efeito perverso de promover ocupações irregulares se for delimitada a áreas de grande pressão como Franco da Rocha e Cajamar

VI – O sistema viário, que faz parte das questões relacionadas a mobilidade, não é mencionado no texto.

VII – uma melhor descrição poderia estar relacionada à utilização equilibrada do espaço urbano, com a delimitação de áreas para expansão habitacional e econômica. A questão da geração de empregos se relaciona com o PDM de maneira bastante indireta. A ideia de reserva da áreas não garante seu uso, é necessário desenvolver outra metodologia para aumentar a oferta de emprego.

Seção II Da macrozona de preservação ambiental e recursos hídricos

Artigo 17

Definição pode ser melhorada, uma vez que está redundante.

Artigo 18

Sobre as diretrizes da MZPARH:

I – parece adequada

II – Aqui o texto mais adequado seria garantir que as restrições estabelecidas para área de preservação dos mananciais sejam seguidas e no zoneamento se determina os usos.

III – diretriz muito ambiciosa. Pode ser troca por algo como “ colaborar na preservação dos RH da região)

V – Não é diretriz de macrozona. Diretriz é garantir a não contaminação do meio ambiente existente, meta pode ser impedir a passagem de transporte.

VI – Adequado.

VII – Adequado.

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Seção III Da macrozona rural e de preservação ambiental

Artigo 19

Esta macrozona deve ser revista, pois sendo uma porção considerável do território deve prever outros usos. A agricultura e a silvicultura não se encaixam na categoria de preservação ambiental, deve-se também rever as definições dessa macrozona adequando-a a dinâmica de crescimento da cidade.

Artigo 20

Também no PD se faz necessário a descrição das zonas, mesmo que o zoneamento já as contemple.

Sobre as diretrizes

I – a silvicultura, por suas características botânicas, não colabora com a preservação ambiental.

II – Deve se estudar as vocações econômicas do município, para avaliar se agricultura se encaixa entre elas.

III – pode ser remodelado, com a permissão do uso de áreas para mineração. A manutenção da permanência é bastante restritivo)

IV – Verificar a necessidade desse item.

V – Adequado

VI – o turismo dito ecológico não se enquadra em áreas de silvicultura.

CAPITULO II Das zonas especiais e unidades protegidas

Artigo 21

A definição da zona especial pode ser inserida aqui, com a subsequente apresentação da sua categorização. O texto atual precisa ser melhorado.

Essa categorização pode melhorar, com a adoção de nomes mais adequados. ZEIU, na realidade, indica áreas de interesse ambiental, com foco em APPs expandidas, o que não é compatível com o nome. Quanto à ZEPARH, pode haver confusão com a ZPARH, que tem a mesma descrição e não é “especial”. A diferenciação dessas áreas não fica clara no plano

Quanto ao parágrafo único, refere-se a outro anexo, que não é numerado. A ordenação e identificação dos anexos é essencial na revisão, para facilitar que os cidadãos encontrem as informações. Na verdade, a localização das ZEs e UPs estão disponíveis no mapa de zoneamento.

Artigo 22

As ZEIU não estão sendo analisadas pelo Conselho do Meio AmbienteSeção I Das Zonas especiais de interesse social (ZEIS)

Artigo 23

Áreas de risco grave não devem ser delimitadas como ZEIS

Artigo 24

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A relação de ZEIS I deve ser complementada conforme indicações do PLHIS, que identificou outras 8 áreas desse tipo.

Quanto ao parágrafo 1º, não foi encontrado mapa de zonas especiais, como anexo da lei. As informações estão disponíveis no mapa de zoneamento. Outro ponto interessante é que nem todas as ZEIS são áreas de risco, o que de pode ser corrigido.

Precisa definir o que é área de risco. Devem ser realizados estudos adequados. O termo aqui utilizado é inadequado e deveria ser “assentamentos precários” e não área de risco. Se forem áreas de risco mesmo o PD deve recomendar a elaboração e um plano de risco para adequação ou remoção destas moradias. O PLHIS traz considerações sobre isso. Recomendar consolidação com PLHIS.

Artigo 25, 26, 27 e 28

É importante manter as ZEIS no PD, mas deve-se recomendar que o PD já traga as especificações e parâmetros p utilização de ZEIS de forma a que o instrumento se torne auto aplicável a partir do PD.

Seção II Das Zonas especiais de preservação ambiental e recursos hídricos (ZEPARH)

Artigo 29

Adequado

Artigo 30

Não existe indicação de ZEPARHs correspondentes aos perímetros de amortecimento dos parques estaduais e segundo o mapa, a APM da Cantareira não é ZEPARH.

Artigo 31

È necessário definir diretrizes aos projetos sócios econômicos.

Seção III Das Zonas especiais de interesse urbanístico (ZEIU)

Artigo 32

Essa definição é genérica e muito pouco esclarecedora, não define usos possíveis nem quais são os interesses das áreas demarcadas como ZEIU, além de encaminhar a decisão para uma regulamentação futura.

Artigo 33

III – Descrição do perímetro é divergente do que aparece no mapa, segundo o qual a área mais próxima ao viaduto é ZEPARH 5.

O mapa de zonas especiais não é anexo à lei.

Artigo 34

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O artigo encaminha a caracterização dos projetos que podem ser feitos na ZEIU. Pode ser melhorado e aprofundado, no caso da manutenção da existência dessa zona especial. O plano atual não justifica a criação das ZEIUS.

Seção IV Das Unidades protegidas (UP)

CAPITULO III Das diretrizes para uso e ocupação do solo

Seção I Do uso e ocupação do solo

Seção II Dos critérios de uso e ocupação do solo

Seção III Do código de obras, edificações e posturas

CAPITULO IV Das diretrizes pra mobilidade, trânsito e transporte

Seção I Do sistema viário e do transporte público municipal

Artigo 50

Para o parágrafo 1º: A Planta oficial do sistema viário não existe enquanto anexo do plano. As ruas são visualizáveis no mapa de zoneamento.

Seção II Do transporte coletivo

Seção III Da acessibilidade

CAPITULO V Das diretrizes para habitação

TITULO III

Da Inclusão social

TITULO IV

Da política municipal do meio ambiente e patrimônio cultural

CAPITULO I Das definições

CAPITULO II Dos objetivos da politica municipal do meio ambiente

CAPITULO III Das diretrizes

Seção I Do plano de preservação e recuperação ambiental

Seção II Do plano de saneamento ambiental

CAPITULO V Do patrimônio cultural

(numeração errada – IV)

TITULO V

Da desenvolvimento econômico

CAPITULO I Dos objetivos

CAPITULO II Das planos setoriais

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Seção I Da indústria

Seção II Do comercio e serviço

Seção III Da agricultura

Seção IV Do turismo

Seção V Da economia solidária

Seção VI Do programa municipal de capacitação profissional

TITULO VI

Da sistema municipal de gestão territorial

CAPITULO I Dos objetivos

CAPITULO II Da competência

CAPITULO III Da gestão

CAPITULO IV Dos instrumentos urbanísticos

Seção I Do parcelamento, edificação e utilização compulsória

Artigo 98 a 100

A descrição dos instrumentos urbanísticos é feita pelo Estatuto da Cidade. O texto da lei municipal deve se apropriar adequadamente do conteúdo proposto pelo Estatuto, o que não ocorre em todos os casos.

Neste instrumento não há definição das áreas sujeitas à sua aplicação, sendo que esta definição é obrigação do Plano Diretor. O plano deve fornecer as diretrizes para utilização dos instrumentos e delimitar áreas para sua aplicação, o que não acontece. Também é definido no Estatuto da Cidade que este instrumento deve ter lei específica, ou seja, constando somente no Plano Diretor o instrumento não tem validação jurídica.

Paragrafo 1º do artigo 98 – este instrumento jurídico apropriado não existe.

Seção II Do IPTU progressivo no tempo e da desapropriação

Artigos 101 e 102

Ver comentário do artigo 98 a 100.

Seção III Da transferência de potencial construtivo

Artigos 104 e 105

Este instrumento não precisa de lei especifica, mas os artigos não apresentam os parâmetros para o instrumento ser autoaplicável a partir do Plano Diretor. O instrumento jurídico adequado que demarcaria as possíveis áreas não existe.

Seção IV Do consorcio imobiliário

Artigos 106 a 108

Apesar de não precisar de lei específica, o consorcio em si necessita, sendo assim o artigo cita uma lei municipal que não existe na prática e desse modo, as áreas não são delimitadas e o instrumento não possui validação, não podendo ser aplicado.

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Seção V Do direito de preferencia pra aquisição do imóvel - direto de preempção

Artigos 109 a 111

Ver comentário do Artigo 104 e 105

Seção VI Da outorga onerosa do direito de construir

Artigos 112 a 113

Este instrumento não precisa de lei especifica, mas os artigos não apresentam os parâmetros para o instrumento ser autoaplicável a partir do Plano Diretor. O instrumento jurídico adequado que demarcaria as possíveis áreas não existe.

Artigo 114

Esse artigo fala de usar o instrumento urbanístico para “legalizar” construções irregulares. Essa disposição não existe no estatuto sendo um entendimento equivocado do instrumento. Não se pode cobrar retroativo a construção, isso é inconstitucional.

Artigo 115

Apesar de constar no estatuto os itens do artigo 26 a destinação dos recursos podem compor um fundo de estruturação urbana ou também um fundo de habitação.

Seção VII Das operações urbanas consorciadas

Artigos 116 a 120

A lei municipal especifica que regulariza esse instrumento não existe.

Seção VIII Do estudo de impacto de vizinhança

Artigos 121 a 124

Não há correspondência entre estes artigos e lei de zoneamento, onde se pede EIV em algumas situações. E ainda assim, muitos dos itens do artigo 122 que constam na lei de zoneamento não requerem o EIV.

Seção IX Da concessão do direito real de uso (CDRU)

TITULO X (titulo com numeração errada - VII)

Das disposições transitórias e finais

Artigo 126

O texto é confuso quando fala das atribuições do Conselho da Cidade, não fica claro se este deve coordenar a revisão do plano em si ou o processo participativo da revisão.

Artigo 127

Difere do que foi determinado pelo artigo 93 sobre das competências do Conselho da Cidade.

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Artigo 128

O artigo define prazos para a implantação das disposições transitórias, a tabela abaixo verifica o cumprimento do artigo:

Disposição transitória Foi criado ou elaborado

no prazo?

Esta em funcionamento?

Conselho da Cidade Foi criado fora do prazo Sim

Conselho Municipal de Meio Ambiente

Defesa do Patrimônio Cultura

Fundo Municipal de Meio Ambiente

Não foi criado Não

Fundo Municipal de Habitação Foi criado fora do prazo Não

Planos das Políticas de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico

Não foi elaborado Não

Programa Municipal de Regularização Fundiária

Foi criado fora do prazo Sim

Sistema Municipal de Planejamento e Gestão Territorial

Não foi criado Não

Lei de Zoneamento e parcelamento do Solo

Foi criado fora do prazo Sim

Código de Obras e Posturas Não foi criado Não

Elaboração: Geo Brasilis. 2011

Quadro 19: Situação atual das disposições transitórias propostas pelo Plano Diretor Municipal de Caieiras.

Artigo 129

Essa reestruturação é pouco desenvolvida no texto, não cita quais estruturações seriam necessárias. De qualquer maneira, nenhuma restruturação foi realizada na administração.

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LLEEIITTUURRAA CCRRÍÍTTIICCAA

DDAA LLEEII DDEE

ZZOONNEEAAMMEENNTTOO,,

PPAARRCCEELLAAMMEENNTTOO,,

UUSSOO EE OOCCUUPPAAÇÇÃÃOO

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3. Leitura Crítica da Lei de Zoneamento, Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo

3.1. Análise Geral da Lei de Zoneamento, Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo

A Lei de Zoneamento, Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo de Caieiras (Lei 4.160 de 11 de

julho de 2008), essencialmente, documentou os padrões de ocupação já consolidados no

território do município.

Ao mesmo tempo, atribuiu a grande parte das terras disponíveis para ocupação urbana o

zoneamento de residencial de média densidade, o que inibe o adensamento populacional.

A lei atual realiza apropriações incorretas ou incompletas de leis estaduais e federais

relevantes, como o Código Florestal, a Lei Estadual 1.817 de 1978, Lei estadual 1.172 de

1976, entre outras.

Os usos possíveis para cada zoneamento são apresentados no Quadro I, assim como o

parâmetros de ocupação aplicáveis.

Esse quadro requer atenção especial na sua revisão, em função de diversas inconsistências nos

usos e parâmetros propostos.

No texto a seguir, serão detalhada a análise realizada, utilizando como referência, além dos

mapas elaborados, o zoneamento atual.

3.2. Diagnóstico de Zoneamento, Uso e Ocupação do Solo

3.2.1. Como o Plano Diretor aborda o Zoneamento

O Plano Diretor, no seu Título II (Da Dinâmica de Ocupação do Território), define Zona como

o detalhamento do interior a Macrozona, com o estabelecimento de formas de controle do

uso e ocupação do Solo.

Na sequência do texto, a relação entre as zonas existentes dentro de cada uma das

macrozonas não está explícita, o que é piorado uma vez que a apresentação e definição de

parte das zonas está no Plano Diretor e outra parte na Lei de Zoneamento, Parcelamento, Uso

e Ocupação do Solo.

Além das zonas, o artigo 12 do PDM define a existência de zonas especiais, como áreas do

território que exigem tratamento especial na definição de parâmetros reguladores do uso e

ocupação do território.

O artigo 21 apresenta três tipos de zonas especiais:

ZEIS – Zona Especial de Interesse Social – destinadas à recuperação urbanística, à

regularização fundiária e produção de HIS;

ZEPARH – Zona Especial de Preservação Ambiental e de Recursos Hídricos – áreas

que exigem definição de usos e diretrizes que consideram sua importância

ambiental e hídrica para Caieiras, necessitando de preservação e/ou recuperação.

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ZEIU – Zona Especial de Interesse Urbanístico - porções do território que terão

regulamento próprio, visando qualificação urbanística-ambiental.

A localização dessas zonas especiais fica esclarecida apenas no mapa que acompanha a Lei de

Zoneamento, ao contrário do parágrafo único do artigo 21, que relaciona a existência de

mapa, como anexo da lei 3.896, específico sobre essas regiões.

O detalhamento e as descrições das zonas especiais será feito a seguir, envolvendo os

parâmetros definidos na Lei de Zoneamento.

3.2.2. O que a Lei de Zoneamento (Lei No 4.160 de 2008) trata sobre as Zonas

No seu Título III (Do Zoneamento), a Lei de Zoneamento, Parcelamento, Uso e Ocupação do

Solo apresenta definições das zonas e zonas especiais, além dos corredores e unidades

protegidas. Estas últimas serão tratadas no diagnóstico de patrimônio histórico.

Os artigos 12 e 13 replicam, com algumas variações as definições apresentadas no Plano

Diretor para as zonas e zonas especiais.

No artigo 16, apresenta-se as diferentes zonas nas quais será dividido o território de Caieiras:

ZPR – Zona Predominantemente Residencial, que por sua vez se subdivide em:

o ZPR 1 – de alta densidade;

o ZPR 2 – de média densidade; e

o ZPR 3 – de baixa densidade.

ZRPA – Zona Rural de Preservação Ambiental;

ZPARH – Zona de Preservação Ambiental e de Recursos Hídricos;

ZCS – Zona de Comércio ou Serviços;

ZUPI 1 – Zona de Uso Predominantemente Industrial 1;

ZUD – Zona de Uso Diversificado;

ZSA – Zona de Saneamento Ambiental;

ZEIS – Zona Especial de Interesse Social;

ZEPARH – Zona Especial de Preservação Ambiental e de Recursos Hídricos;

ZEIU – Zona Especial de Interesse Urbanístico;

CCS – Corredor de Comércio ou Serviços; e

UP – Unidade Protegida.

Nota-se a diversidade de zonas existentes, algumas delas bastante similares, como a ZCS e a

CCS e a ZPARH e a ZEPARH. Observando-se a distribuição dessas zonas no mapa que

acompanha a lei, fica evidente a fragmentação e descontinuidade do zoneamemto.

Após relacionar as possíveis zonas, a lei dedica o Capítulo II desse título a descrever cada uma

das zonas e os possíveis instrumentos aplicáveis a cada uma delas.

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A seguir, serão abordadas casa uma das zonas, com a respectiva avaliação da tratativa

dedicada na Lei No. 4.160 e no se Quadro 1, onde são relacionados os usos possíveis e

parâmetros urbanísticos para cada zona.

O quadro 1 está incompleto, apresenta siglas que não são esclarecidas, como o RR (uso rural),

o CST (não definido no texto) e indicações de exceções na foram de asteriscos que não são

explicados.

Cabe destacar que o Quadro 1 não apresenta os usos proibidos para cada zona, o que pode

causar discussões sobre sua interpretação.

Usos

Os usos são definidos nos artigos de 5 a 10 da lei de zoneamento, detalhados a seguir:

Artigo 5 – A lei não considera ou define usos institucionais. Interessante notar que não há segregação de “usos urbanos”.

Artigo 6 – Quanto aos diferentes tipos de uso residencial pode-se observar:

I – A existência de duas unidades habitacionais autônomas por lote não é característica de uso residencial unifamiliar;

II – Adequado, com espaço para melhoria no texto;

III – Adequado;

IV – Adequado;

V – Importante notar que existe um limite de área máxima para as VCRs, embora não haja área mínima, independentemente a zona.

Artigo 7 – Existe espaço para melhoria da definição de usos comercial ou de

serviços. O item II inclui como atividades de prestação de serviços a religião, educação e a administração pública, que seriam melhor enquadradas em uso institucional.

Artigo 8 - A redação desse artigo deve ser adequada. A expressão “matérias-

primas de insumos” é confusa.

Artigo 9 – A lei atual fala em ”uso do solo de características rurais”, quando o

artigo 5º trata de Usos Rurais. Outro ponto importante é que a agroindústria deveria entrar em uso industrial. Não esquecer que algumas atividades de criação de animais geram transformação de matéria prima, poluição, resíduos, ruído e odor (como a criação de porcos e frangos) e devem exigir parâmetros mais específicos para implantação. Além disso, a lei estadual 1.817 de 27 de outubro de 1978 define, na sua tabela IB/IC diversos tipos de agroindústrias que estão sujeitas à sua regulamentação.

Zona de Uso Predominantemente Residencial

a. Alta Densidade

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São permitidos os usos: residencial unifamiliar (que, contraditoriamente, permite até duas

habitações por lote), residencial multifamiliar até 4 pavimento, residencial multifamiliar sem

limite de pavimentos, vila condominial residencial, comércio ou serviços não geradores de

incômodo de pequeno e médio porte.

É admitido o uso de comércio ou serviços de grande porte.

Nesse tipo de zoneamento, o menor lote admitido é o de 125 m2, com frente mínima de 5m e

coeficiente de aproveitamento que pode variar de 0,5 a 3,0. A taxa de ocupação máxima é de

65%, enquanto a taxa de permeabilidade mínima é de 20%.

Esse zoneamento é atualmente aplicado aos seguintes bairros:

Jd. dos Pinheiros;

Jd. Vera Tereza;

Jd. Marcelino I e II;

Serpa;

Real Park;

Portal das Laranjeiras;

Laranjeiras;

V. Rosina, entre outros.

Nesses bairros, a maioria das residências não atende os parâmetros propostos para recuo

frontal e lateral, além de terem áreas permeáveis muito reduzidas.

Tais ocupações são anteriores à lei, o que justifica o extremo aproveitamento dos terrenos

(em casas com até 5 pavimentos), situação que pode comprometer a drenagem das águas

pluviais, aspectos de insolação das edificações, entre outros.

Embora as ocupações sejam anteriores, deve-se destacar a necessidade de controle das obras

nas residências, cujas aprovações de ampliações devem ocorrer em conformidade com a lei

4.160.

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Fonte: Acervo Geo Brasilis. 2011

Figuras 53, 54, 55 e 56: Zonas Predominantemente Residenciais de Alta Densidade, em

Caieiras.

Entre os instrumentos relacionados na lei 4.160 a serem utilizados nas ZPRs estão:

parcelamento e utilização compulsória, além de IPTU progressivo, EIV, consórcio imobiliário,

outorga onerosa do direito de construir, direito de preempção, transferência de potencial

construtivo e regularização fundiária.

Os instrumentos urbanísticos propostos não foram regulamentados na lei 3.896 ou na lei

4.160, não sendo, portanto passíveis de aplicação.

Deve-se salientar a existência de conflito na ZPR1 localizada no bairro Jd. Novos Rumos, onde

existe questionamento sobre interferência de ruas e pequenos comércios na área do Parque

Estadual do Juquery.

b. Média Densidade

Para o zoneamento residencial de média densidade são aprovados os seguintes usos:

residência unifamiliar, residencial multifamiliar com até 4 pavimentos, vila condominial

residencial e comércio e serviços de pequeno porte e não geradores de incômodo. É admitido

o uso comercial ou de serviços de médio porte não gerador de incômodo.

Os lotes mínimos são de 250m2, com frente mínima de 10m. A taxa de ocupação máxima é de

65%, enquanto a taxa de permeabilidade mínima é de 20%.

Os bairros que melhor exemplificam esse zoneamento e a ocupação que ele regula são o Jd.

São Francisco e Nova Caieiras. Esse zoneamento é também aplicado às seguintes áreas:

Gleba situada a leste do bairro Nova Caieiras;

Gleba situada entre o Sítio Aparecida e a Vila Rosina;

Área situada entre o Jd. San Rafael e o Jd. Virgínia; e

Gleba negociada entre a Melhoramentos e a CCDI, entre outras.

As casas do Jd. São Francisco e de Nova Caieiras são unifamiliares, têm mais de um

pavimento, em sua maioria, respeitam os recuos definidos na lei, ocupam um lote completo.

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Fonte: Acervo Geo Brasilis. 2011

Figuras 57 e 58: Residências do Nova Caieiras.

Entre os instrumentos relacionados na lei 4.160 a serem utilizados nas ZPRs estão:

parcelamento e utilização compulsória, além de IPTU progressivo, EIV, consórcio imobiliário,

outorga onerosa do direito de construir, direito de preempção, transferência de potencial

construtivo e regularização fundiária.

Os instrumentos urbanísticos propostos não foram regulamentados na lei 3.896 ou na lei

4.160, não sendo, portanto passíveis de aplicação.

Deve-se destacar que, atualmente, grande parte das áreas urbanizáveis de Caieiras tem a

ZPR-2 como zoneamento, o que limita o crescimento do município.

c. Baixa Densidade

Para o zoneamento residencial de baixa densidade são aprovados os seguintes usos: residência

unifamiliar, residencial multifamiliar com até 4 pavimentos, vila condominial residencial e

comércio e serviços de pequeno porte e não geradores de incômodo. É admitido o uso

comercial ou de serviços de médio porte não gerador de incômodo.

Os lotes mínimos são de 500m2, com frente mínima de 15m. A taxa de ocupação máxima é de

65%, enquanto a taxa de permeabilidade mínima é de 20%. O coeficiente de aproveitamento

pode variar entre 0,5 e 2,5.

É interessante notar que usos tradicionalmente relacionados a áreas de baixa densidade

habitacional, como chácaras e sítios de recreio, embora sejam previstos na lei 4.160, não

estejam permitidos ou admitidos em Caieiras.

O bairro em Caieiras que se caracteriza pelo zoneamento predominantemente residencial de

baixa densidade é o Jd. Virgínia. Outras áreas atualmente qualificadas como ZPR 3 são:

Glebas situadas entre o CTR Caieiras e o Jd. Marcelino;

Gleba situada entre o CTR Caieiras e o Jd. dos Pinheiros.

Quanto a estas áreas, parte delas está dentro da zona de 200m que não deve sofrer ocupação

residencial, em função da proximidade como o aterro sanitário CTR Caieiras, o que no mapa

vigente não é claramente delimitado. Ao mesmo tempo, trata-se de uma área planejada para

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baixa densidade, cercada por ocupação residencial de baixa densidade, o que não é

compatível, em termos urbanísticos.

Fonte: Acervo Geo Brasilis. 2011

Figura 59: Jd. Virgínia.

A opção pelas ZPR 3 no Jd. Virgínia foi definida para colaborar com a preservação do entorno

do Parque Estadual do Juquery. Assim, os parâmetros urbanísticos e usos que permitem o

adensamento acima do convencional para a baixa densidade são fortemente questionados,

principalmente quanto à permissão para edifícios de 4 pavimentos e vilas condominiais.

Fonte: Acervo Geo Brasilis. 2011

Figura 60: Vila condominial no Jd. Virgínia.

Entre os instrumentos relacionados na lei 4.160/2008 a serem utilizados nas ZPRs estão: EIV,

consórcio imobiliário, outorga onerosa do direito de construir, direito de preempção,

transferência de potencial construtivo e regularização fundiária.

Os instrumentos urbanísticos propostos não foram regulamentados na lei 3.896 ou na lei

4.160, não sendo, portanto passíveis de aplicação.

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Zona de Comércio e Serviços e Corredor de Comércio e Serviços

Nas zonas de comércio e serviços são permitidos os seguintes usos: residencial unifamiliar,

residencial multifamiliar de 4 pavimentos, residencial multifamiliar sem limite de

pavimentos, comércio ou serviços não geradores de incômodo de pequeno, médio e grande

porte, comércio e serviços geradores de ruídos, comércio e serviços geradores de tráfego

intenso. Como uso admitido na ZCS há comércio e serviços geradores de tráfego pesado.

Com parâmetros urbanísticos, estão o lote mínimo de 250m2, frente mínima de 10m e

coeficiente de aproveitamento máximo de 4,0, com taxa de ocupação máxima de 75%.

Esses mesmos usos e parâmetros urbanísticos se aplicam aos três corredores de comércio e

serviços definidos na lei 4.160.

É interessante notar que a legislação caieirense não prevê o tipo de uso vila condominial não

residencial dentro da ZCS ou CCS.

A maior área caracterizada como ZCS é o centro de Caieiras, formado pelos bairros Cresciúma

e Jd. São Francisco. Nessas áreas, as casas coexistem com clínicas médicas, escritórios

diversos, oficinas mecânicas, estabelecimentos comerciais de confecções e calçados,

restaurantes, entre outros.

Fonte: Acervo Geo Brasilis. 2011

Figuras 61 e 62: Zona de Comércio e Serviços, em Caieiras.

Fonte: Acervo Geo Brasilis. 2011

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Figuras 63 e 64: Corredor de Comércio e Serviços da av. Carvalho Pinto.

Fonte: Acervo Geo Brasilis. 2011

Figura 65: Corredor Comercial e de Serviços da av. Paulicéia.

Os instrumentos tidos como aplicáveis na ZCS na legislação municipal atual são: EIV, operação

urbana consorciada, outorga onerosa do direto de construir, transferência de potencial

construtivo e regularização fundiária. Apesar de previsto no Estatuto da Cidade, o direito de

preempção, o parcelamento, edificação ou utilização compulsórios e o IPTU progressivo não

são relacionados entre os instrumentos com possível aplicação nas ZCS e CCS.

Zona de Uso Predominantemente Industrial 1

Caieiras dispõe de diversas ZUPI 1 e a definição apresentada para esse zoneamento é genérica

e pouco esclarecedora, não incorporando diretamente a distinção que apresenta a lei

estadual 1.817, de 1978, que as destina à ocupação industrial de médio e grande porte, para

os quais se aplicam os instrumentos de EIA e RIMA.

Nestas zonas estão permitidos os usos industriais IB, IC e ID, conforme Quadro III da lei 1.817

de 1978, além de vilas condominiais não residenciais e comércios e serviços poluidores. O

Quadro 1 da lei 4.160/2008 também faz referência ao uso CST, que não consta entre os

relacionados na lei.

Não há usos admitidos para a ZUPI 1. A lei municipal 4.160 não deixa explicita a proibição de

uso residencial e uso institucional nas ZUPIs 1, o que é declarado na lei 1817.

Entre as áreas de ZUPI 1 em Caieiras, estão:

Área norte de Caieiras, próximo à divisa com Mairiporã, na região conhecida como

Cálcárea;

Parque Industrial Araucária;

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Áreas industriais já consolidadas como: MD Papéis, CMPC, Sntequímica, Primícia

(próximo à V. Rosina), Saint Gobain, Convenção e Jandaia, Mazda e empresas vizinhas na av.

Paulicéia.

É importante notar que a criação de ZUPI 1 foi congelada por ocasião da lei 1.817 de 1978,

que também define a área mínima de terreno para esse zoneamento como 10.000m2, além de

estabelecer outros parâmetros urbanísticos, como taxa de ocupação e coeficiente de

aproveitamento que são idênticos aos definidos na lei municipal 4.160, de 2008, embora essa

última não faça menção às faixas de proteção definidas na legislação estadual.

Quanto à ocupação das ZUPI 1, em Caieiras, observou-se que a grande maioria está

adequadamente ocupada, com empresas de médio e grande porte.

Fonte: Site MD Papéis. 2011

Figura 66: Planta fabril da MD Papéis, localizada em ZUPI 1, em Caieiras

Todavia, área definida como ZUPI 1 na região da Cálcarea é, hoje, ocupada para silvicultura e

com áreas residenciais, conhecias como Parque Geniolli, às margens da SP 348 Rod. dos

Bandeirantes.

Fonte: Acervo Geo Brasilis. 2011

Figuras 67 e 68: ZUPI 1 do Parque Genioli

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Na mesma ZUPI 1 há uma parcela de ocupação residencial unifamiliar de alto padrão, dentro

do loteamento Scorpios, cuja maior parte está em território de Cajamar.

Fonte: GoogleEarth. 2011

Figura 69: Loteamento Scorpios, em ZUPI 1, em Caieiras.

Deve-se destacar a existência de áreas de ZUPI 1 não ocupadas, o que proporciona a Caieiras,

áreas para expansão da atividade industrial para empresas de médio e grande porte.

Zona de Uso Diversificado

A definição das Zonas de Uso Diversificado da lei 4.160 de 11 de julho de 2008 é idêntica à

definição apresentada para a ZUPI 1, não incorporando no texto da lei vigente o conceito da

lei 1.817 de 1978 de que são áreas de uso industrial que podem ser criadas e parametrizadas

pela administração municipal.

Em Caieiras, esse zoneamento foi amplamente utilizado, para definir áreas de expansão

industrial criadas pelo município, que assim caracterizou este zoneamento:

Usos permitidos: Industrial (ID, conforme Quadro III da lei 1.817), vila condominial não

residencial, comércio ou serviços geradores de tráfego intenso e de tráfego pesado, comércio

e serviços perigosos e comércio e serviços não geradores de incômodo, todos de pequeno,

médio ou grande porte. Não são definidos usos admitidos.

Lote mínimo: 500m2;

Frente mínima: 15m;

Coeficiente de aproveitamento: de 0,2 a 4,0;

Taxa de ocupação: 75%.

Entre as principais áreas de ZUD em Caieiras estão:

Viação Caieiras, no Portal das Laranjeiras;

Área na av. João Casarotto, desde a SP 332 até o portal das Laranjeiras;

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Terrenos lindeiros à SP 332 no sentido São Paulo, desde o Sítio Aparecida até a

empreiteira Soebe, entre outros.

Fonte: Acervo Geo Brasilis. 2011

Figura 70: Galpão em construção na ZUD da av. João Casarotto.

A maior parte dessas áreas realmente tem uso industrial, comercial ou de serviços. Todavia, a

parte da ZUD mais próxima ao Sítio Aparecida apresenta sinais de ocupação residencial

irregular.

O artigo 28 da lei de zoneamento define como instrumentos aplicáveis às ZUDs o EIA, RIMA e

EIV. Nota-se que os instrumentos urbanísticos propostos no Estatuto da Cidade não são

referenciados como passíveis de uso no caso de ZUDs, o que cria oportunidade para melhoria

na próxima fase.

Além das ZUDs definidas através da Lei de Zoneamento, Parcelamento, Uso e Ocupação do

Solo, desde outubro de 2006 foram criadas outras 38 ZUDs, a partir de leis municipais

específicas.

Essas zonas de uso diversificado estão distribuídas pelas ZPR1 existentes e compreendem

muitas vezes, apenas um lote. Grande parte dessas 38 ZUDs não atendem os parâmetros

urbanísticos definidos, seja quanto ao lote mínimo (500m2), seja quanto a frente mínima

(15m) ou taxa de permeabilidade.

Zonas Especiais de Interesse Urbanístico

As ZEIUs tem definição genérica e pouco esclarecedora, tanto no que concerne ao seu

conceito quanto aos possíveis usos.

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O artigo 33 do Plano Diretor apresenta três ZEIUs: Ribeirão do Cavalheiro, Matas do Pacheco e

Rod. Tancredo de Almeida Neves. Essas mesmas zonas são referenciadas no artigo 38 da lei de

zoneamento.

O Plano Diretor requer a definição de projetos socioeconômicos específicos para a

regulamentação do uso das ZEIUs, o que não aconteceu desde 2006.

Não está clara a possibilidade de sobreposição da ZEIU com outros zoneamentos, como no

caso da ZEIU 1 e da ZPR 3, na altura do Jd. Virgínia, ou da ZEIU 1 e ZPR 2, dentro da área

negociada entre Melhoramentos e CCDI, às margens da SP 332.

Além disso, a definição especial da ZEIU 1 do Ribeirão do Cavalheiro é imprecisa,

referenciando a existência de um fragmento de mata nativa não apontado no mapa.

No caso da ZEIU da Rodovia Presidente Tancredo Neves, a descrição apresentada no artigo 33

difere do que se vê no mapa, podendo haver área de intersecção entre a ZEIU 3 e a ZEPARH

1, além da coexistência dessa área com um corredor comercial às margens da SP 332 na

altura do bairro Serpa.

Os usos permitidos para esta ZEIU, conforme definido no Quadro 1 da lei de zoneamento são:

residencial unifamiliar, residencial multifamiliar de 4 pavimentos, residencial multifamiliar

sem limite de pavimentos, além de comércio e serviços não geradores de incômodo, comércio

e serviços geradores de ruído, comércio e serviços geradores de tráfego pesado e intenso.

Como parâmetros de ocupação, tem-se o lote mínimo de 250m2 e frente e 10m, coeficientes

de aproveitamento de 0,2 a 4,0 e taxa de ocupação de 75%, entre outros.

Nem a lei de zoneamento nem o Plano Diretor esclarecem porque se trata de uma zona

especial. Nos trabalhos de campo, observou-se espaço para qualificação urbanística do

trecho. O potencial de adensamento (sugerido pela permissão de usos residências

multifamiliares) deve ser analisado na etapa posterior criteriosamente, em função da

ocupação atual que já está consolidada, da saturação do tráfego na SP 332 e da proximidade

com o córrego dos Abreus.

Quanto aos usos possíveis e parâmetros de ocupação, o Quadro 1 da lei 4.160 define a ZEIU 1

como área de preservação permanente do Ribeirão do Cavalheiro, conforme Lei 4.771 de

1995. A imprecisão nesta indicação se encontra no ano da lei federal do Código Florestal, que

é de 1965. O código impede a ocupação e uso alternativo de áreas de preservação

permanente, a não ser em casos de utilidade pública ou interesse social, com autorização

federal. Tais áreas devem ter sua vegetação preservada e/ou recuperada, dentro dos limites

estabelecidos no artigo 2º do Código Florestal.

É importante destacar a existência de ocupações irregulares atualmente, dentro da APP do

Ribeirão do Cavalheiro, na altura do Portal das Laranjeiras.

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Fonte: Acervo Geo Brasilis. 2011

Figuras 71 e 72: Ocupações irregulares na APP do Ribeirão do Cavalheiro, na altura do Portal

das Laranjeiras.

Quanto às ZEIU II, as chamadas Matas do Pacheco, a lei 4.160 de 2008 prevê uso residencial

unifamiliar, com lote mínimo de 20.000m2, no sentido de garantir a preservação dos

fragmentos de mata nativa, o que é corroborado pelo coeficiente de aproveitamento máximo

de 0,1 e taxa de ocupação de 10%.

A Lei No 4254, de 22 de dezembro de 2008 cria mais uma ZEIU, chamada de ZEIU do Jd.

Monte Alegre e Jd. dos Eucaliptos, correspondente a uma faixa de terra na altura do Km 37 +

750,64m da SP 332 Rod. Tancredo Neves. A lei não faz indicação de possíveis usos e

parâmetros de ocupação em não apresenta justificativas para a indicação dessa área como

ZEIU.

Zona Especial e Preservação Ambiental e de Recursos Hídricos

O artigo 30 do Plano Diretor apresenta quatro ZEPARHs: do Rio Juquery, do Morro do Tico-

Tico e da Serra de Laranjeiras e Área Envoltória do CTR Caieiras. A lei de zoneamento não

define essa última ZEPARH.

Essas áreas estão assinaladas no mapa que acompanha a Lei 4.160, à exceção da ZEPARH 4,

definida como uma faixa de 200m no entorno do aterro da Essencis. Essa área não aparece

assinalada e foi substituída, em parte por ZSA e em parte por ZPR3, gerando conflito entre a

lei e seu mapa.

A Lei 3.896 define a necessidade de vinculação das ZEPARHs a projetos socioeconômicos para

se uso, o que não ocorreu desde 2006.

A lei de zoneamento (4.160 de 2008) pouco acrescenta às definições das ZEPARHs, além dos

possíveis usos e parâmetros de ocupação, que seguem:

ZEPARH I (do rio Juquery): os usos permitidos e parâmetros de ocupação são

direcionados à lei 4.771 de 1995, que não existe. Deve-se corrigir o ano da lei federal para

1965, uma vez que se trata do Código Florestal, que define as larguras das áreas de

preservação permanente (APP) dos rios e os possíveis usos para essas áreas. Deve-se atentar

também para o fato de que parte da ZEPARH I é definida pelo mapa como sendo mais larga

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que a APP do Rio, no trecho lindeiro à SP 332, na altura do PEC. A ocupação existente nessa

área (institucional) não está definida na lei municipal.

ZEPARH II (do Morro do Tico-tico): os usos permitidos nessa ZEPARH são residencial

unifamiliar, chácaras e sítios de recreio, além de comércio ou serviços não geradores de

incômodo de pequeno porte. Como uso admitido tem-se comércio ou serviços não geradores

de incômodo de médio porte. O lote mínimo estabelecido é de 20.000 m2, com coeficiente de

aproveitamento máximo de 0,2 e taxa de ocupação de 20%. Atualmente, essa área não é

ocupada. Aqui há divergência quanto à lei federal 4.771 de 1965, que define os topos de

morro como APPs (artigo 2º) e determina que só podem ser desmatados em caso de utilidade

pública ou interesse social, na ausência de alternativas locacionais.

ZEPARH III (Serra das Laranjeiras): esta zona contempla parcialmente a área de

proteção de mananciais do Sistema Cantareira, que é regida pela lei estadual 898 de 1975 e

pela lei 1.172 de 1976. Assim, os usos previstos (residencial unifamiliar, chácaras e sítios de

recreio e rural) se aplicam apenas a parte desta zona, cujo acesso é realizado pela estrada do

Ajoá e pela estrada de Santa Inês. Os principais parâmetros de ocupação para a ZEPARH III

são: lote mínimo de 20.000m2, coeficiente de aproveitamento máximo 0,1 e taxa de

ocupação de 10%, todas no sentido de limitar o adensamento e promover a preservação.

Todavia, dentro do perímetro da área de preservação de manancial, o lote máximo é de

5.000m2 e a ocupação pode ser feita em condições bastante controladas. A ocupação atual

dentro da ZEPARH III varia desde o uso rural, chácaras de recreio a residências unifamiliares e

loteamentos fechados, como os Alpes de Caieiras e o Nova Suíça, ambos parcialmente dentro

da APM do Sistema Cantareira. Também foram identificadas ocupações de comércio e serviços

isoladas, além de ocupações irregulares com adensamento acima do permitido.

Fonte: Acervo Geo Brasilis. 2011

Figuras 73 e 74: Uso rural e chácara de recreio na ZEPARH III

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Fonte: Acervo Geo Brasilis. 2011

Figura 75: Rua do loteamento Nova Suiça

Fonte: Acervo Geo Brasilis. 2011

Figura 76 : Ocupação de serviços na ZEPARH III

Fonte: Acervo Geo Brasilis. 2011

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Figura 77: Ocupação na estrada do Ajoá, na ZEPARH III.

Zona Especial de Interesse Social

As Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) são definidas tanto na lei de zoneamento (artigos

32 a 34) quanto no Plano Diretor (artigos 23 e 24), com diferenças nas tratativas, o que abre

espaço para uniformização.

São caracterizadas como porções do território destinadas, prioritariamente, à recuperação

urbanística (conceito vago, que abre espaço a discussões), à regularização fundiária e

produção de Habitações de Interesse Social (HIS).

É interessante como o texto da lei não aponta e a possibilidade da existência de ZEIS em

áreas onde a requalificação urbanística ou a regularização fundiária não são possíveis,

requerendo a transferência das famílias nela instaladas, como no caso de áreas de risco. Ao

mesmo tempo, o texto da lei não admite como ZEIS áreas para recuperação urbanística ou

regularização fundiária ou produção de HIS.

Segundo as leis, existem dois tipos de ZEIS, a I (áreas públicas ou particulares ocupadas por

assentamentos de população de baixa renda, onde ocorrerá a urbanização e a regularização

fundiária) e a II (imóveis não edificados onde haja interesse e possibilidade de construção de

HIS, dentro de programas habitacionais).

Segundo o artigo 34 da lei de zoneamento, existem em Caieiras 6 ZEIS I:

ZEIS Nome Bairro Área (m2) Área de

Ocupação

(m2)

Propriedade Densidade de

Ocupação

Estimativa de

Número de

Famílias

1 Parque Genioli Jd. Maria Luiza 65.116,47 41.585,00 Privada

Alta 832

2 Rua Amábile Della

Torre

Vila Rosina 22.062,23 22.062,00 Pública

Média 329

3 Rua Rodolfo

Polidoro

Vila Rosina 3.334,40 2.634,00 Pública Média 41

4 Rua Basílio da

Gama

Vila São

Gonçalo

34.248,42 10.657,00 Pública

Alta 213

5 Rua Anita Garibaldi Jardim Victoria

23.432,94 12.821,00 Pública

Média 181

6 Área do final da rua

João Rosa da Silva

+ José Failace

Vila dos

Pinheiros

32.443,21 25.878,00 Pública

Média 325

Fonte: PLHIS de Caieiras. 2009

Quadro 20: ZEIS I identificadas no Plano Diretor e na Lei de Zoneamento.

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O PLHIS, de 2009, identificou outras 8 áreas, a saber:

ZEIS Nome Bairro Área (m2) Área de

Ocupação

(m2)

Propriedade Densidade de

Ocupação

Estimativa de

Número de

Famílias

7 Ricardo Zerbinati e

Rodolfo Polidoro

Vila Rosina 12.000,00 16.432,00 Pública Alta 329

8 Rua Maria Bernarda

Bluter

Vila Rosina 5.000 5.000 Privada Alta 100

9 Catingueiro Santa Inês APM 2.841 Pública Muito Baixa 30

10 Rua Avaí Santa Inês APM 8.341 Não Informado Baixa 88

11 Av. Ver. Alfredo

Casarotto

V. Pinheiros 4.395,00 4.395,00 Pública Alta 98

12 Rua dos Manacás e

Pinheirais

Jd. Eucaliptos 22.091,00 17.707,00 Pública Alta 393

13 Rua Campinas V. Miraval 10.567,00 9.940,00 Pública Média 155

14 Ver. Luis Gonzaga

Dartora

Laranjeiras 18.882,00 15.105,60 Não Informado Baixa 32

Fonte: PLHIS de Caieiras. 2009

Quadro 21: Outras ZEIS I identificadas pelos estudos do PLHIS.

É importante destacar que nem o Plano Diretor nem a lei de zoneamento indicam áreas para a

construção de HIS regulares e planejadas (ZEIS II).

O Plano Diretor define a necessidade de plano de urbanização específico para a realização de

melhorias em cada uma das ZEIS I indicadas. Desde 2006, nenhum desses planos foi

elaborado, embora haja avaliações, dentro do PLHIS, justificando a urgência das intervenções

em função da coincidência das áreas de ZEIS I com áreas de risco de alagamento ou

desmoronamento.

A lei de zoneamento não define a possibilidade de uso de instrumentos urbanísticos nas ZEIS,

ao contrário do Plano Diretor, que abre espaço para a utilização dos instrumentos propostos

pelo Estatuto da Cidade. Ao mesmo tempo, o PDM não indica que instrumentos devem ser

aplicados e onde.

A grande evolução no tocante à tratativa das HIS em Caieiras foi a elaboração do PLHIS, em

2009, que realizou diagnóstico estratégico e propôs diferentes linhas de ação e programas

para a melhoria das ZEIS. Dentro do plano de ações elaborado no primeiro trimestre de 2009,

nenhuma das ações com prazos já vencidos foi realizada.

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Fonte: Acervo Geo Brasilis. 2011

Figuras 78 e 79: ZEIS da Rua Anita Garibaldi

Zona Rural de Preservação Ambiental

A Zona Rural de Preservação Ambiental não é definida na lei de zoneamento, sendo

apresentado apenas o seu objetivo que é a preservação dos elementos naturais e atividades

existentes na porção do território indicada no mapa, correspondente a parte das áreas de

silvicultura da Cia. Melhoramentos. O objetivo inclui cumprir função no equilíbrio ambiental,

o que não é condizente com o uso econômico da área para plantação de eucaliptos.

A lei de zoneamento indica a aplicação de EIA e RIMA, dentro dessa zona, excluindo os

instrumentos urbanísticos do Estatuto da Cidade.

Ao mesmo tempo, o Plano Diretor apresenta uma Macrozona Rural de Preservação Ambiental

(MRPA), com diretrizes específicas e indicação de localização similares às apresentadas no

mapa de zoneamento, deixando subentendida a relação entre a ZRPA e a MRPA.

Todavia, os usos permitidos para a ZRPA não estão totalmente aderentes às diretrizes

propostas para a MRPA, que se relacionam em sua maioria com a preservação das atividades

de silvicultura dentro do perímetro indicado. A lei de zoneamento indica como permitidos o

uso residencial unifamiliar, o uso rural e sítios e chácaras de recreio, com lotes mínimos de

20.000m2, com taxa de ocupação de 10% e coeficiente de aproveitamento máximo de 0,1.

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Fonte: Acervo Geo Brasilis. 2011

Figura 80: Área de silvicultura na ZRPA.

Zona de Saneamento Ambiental

A Zona de Saneamento Ambiental (ZSA) é a área do município destinada a aterro de resíduos

sólidos de diversas classes, localizada conforme mapa da lei de zoneamento.

Essa área tem seus usos e parâmetros de ocupação definidos conforme a lei municipal 2.676

de 10 de dezembro de 1996, onde é utilizada a nomenclatura de Zona de Serviços de

Saneamento Ambiental e da Indústria do Setor Primário.

Fonte: Essencis.

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Figura 81: CTR Caieiras

Zona de Preservação Ambiental e de Recursos Hídricos

A Zona e Preservação Ambiental e de Recursos Hídricos é definida, na lei de zoneamento,

pela necessidade de proteção aos recursos naturais, hídricos e biodiversidade, de modo a

proporcionar um corredor entre os Parques Estaduais do Juquery e da Cantareira, passando

pelo extremo leste de Caieiras.

Segundo a lei, são aplicáveis a essa porção do território o EIV, EIA e RIMA.

O Quadro 1 apresenta como usos permitidos o residencial unifamiliar, sítios e chácaras de

recreio e comércio ou serviços não geradores de incômodo de pequeno porte. É admitido o

uso de comércio ou serviços não geradores de incômodo de médio porte. Como parâmetros de

ocupação, tem-se o lote mínimo de 1500m2, com coeficiente de aproveitamento de 0,2

máximo e taxa de ocupação de 20%. O quadro não admite uso rural nessa zona.

Embora uma parte considerável da ZPARH esteja dentro da Área de Preservação de

Mananciais do Sistema Cantareira, os parâmetros e usos apresentados não referenciam a lei

estadual 1.172 de 1976, que limita os lotes em 5000m2 e a área construída em 400m2, além

de regular a ocupação em áreas de 1ª categoria.

Outro ponto importante é o fato de que áreas dos parques estaduais do Juquery e da

Cantareira estão dentro da ZPARH. A lei de zoneamento, todavia, não faz ressalvas quanto à

ocupação nesses trechos, que é regulamentada pelos planos de manejo dos referidos parques.

A ocupação atual nessa região, fora das áreas dos parques estaduais, é de loteamentos de

médio e alto padrão, como o Parque Suiça e o Alpes de Caieiras, além de sítios, clubes,

chácaras e escolas de equitação e de outras áreas residenciais com maior densidade, como o

parque Santa Inês e o Nova Baviera.

]

Fonte: Acervo Geo Brasilis. 2011

Figuras 81 e 82: Bairro Nova Baviera

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Fonte: Acervo Geo Brasilis. 2011

Figuras 83 e 84: Escola de Equitação e sítio na ZPARH

3.3. Parcelamento do Solo

3.3.1. Como o Plano Diretor Aborda o Tema Parcelamento

A Lei Complementar nº 3.896 – Plano Diretor Municipal de Caieiras em seu capitulo III sobre as

Diretrizes Para Uso e Ocupação do Territórioi, dedica a seção I para uso e parcelamento do

solo.

As disposições referentes ao uso e ocupação do solo serão esclarecidas no tema zoneamento,

parte integrante deste diagnóstico.

O artigo 38 da Lei estabelece que os critérios e parâmetros para uso e parcelamento serão

definidos na Lei de Zoneamento e Parcelamento do solo, que deveria ser elaborada a partir

das seguintes diretrizes, estabelecidas no artigo 39 da lei 3.896:.

II. Compatibilizar os usos e parcelamentos do solo com o sistema viário e transporte coletivo;

III. Integrar os espaços urbanos através dos critérios de uso e parcelamento do solo;

IV. Viabilizar os meios que proporcionem qualidade de vida a população, em espaço urbano adequado e funcional;

VI. Preservar e valorizar os valores naturais, culturais e paisagísticos; e

VII. Promover a participação da comunidade na gestão urbana.

Embora os itens II, III e IV sejam adequados, há espaço para a melhoria do texto, uma vez que

alguns dos itens se relacionam com a lei indiretamente e outros são demasiados genéricos.

Já o item VI, que apresenta referência aos valores naturais, culturais e paisagísticos, se faz

necessário um esclarecimento preciso do objeto da preservação e como essa preservação se

dará através de critérios de parcelamento.

A Seção II é dedicada aos critérios de uso e parcelamento do solo, assim sendo, o artigo 41

define o papel do parcelamento na ordenação do território, esclarecendo que este “definirá

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as normas para subdivisões de terrenos na forma de fracionamentos, desmembramentos e

loteamentos para fins urbanos, bem como as dimensões e áreas mínimas para cada região e

usos da cidade”.

3.3.2. Como a Lei de Zoneamento, Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo aborda o

tema Parcelamento

O nome da Lei de Zoneamento, Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo (Lei nº 4160/2008)

aparece na Lei do Plano Diretor sem o tema Ocupação. Deste modo uma uniformização dos

termos deverá ser realizada para que não haja desacordos.

No artigo 2º, sete dos nove itens que são apresentados como sendo objetivos, constam na lei

do plano diretor como sendo diretrizes. Mais uma vez constata-se a necessidade de

uniformização dos conceitos no corpo do texto de ambas as leis.

As definições da lei sobre parcelamento são apresentadas no Titulo IV, dedicado inteiramente

ao tema.

Sobre os objetivos e aplicabilidade das normas, o artigo 61 diz que o parcelamento, para fins

urbanos, deve regulamentar a abertura de vias públicas e a criação de lotes, na forma de

loteamento, desmembramento, fracionamento, desdobro, anexação e modificação de

quadras.

Sendo assim, estabelece-se que todos os parcelamentos devem seguir as disposições

apresentadas nesta lei, seguindo as legislações estaduais e federais pertinentes. Bem como

qualquer parcelamento somente poderá ser executado mediante certidão de aprovação

expedida pela Prefeitura Municipal.

Quanto aos projetos de parcelamento que integram a construção das edificações, estes

devem ser submetidos à análise conjunta e devem atender a todos os índices e requisitos

aplicáveis. Deve-se definir, no entanto, quem é responsável por essa análise conjunta, o que

não está claro na legislação atual.

As definições apresentadas às modalidades de parcelamento são coerentes. No entanto, o

artigo 2º da lei federal nº 6.766 de 1979, que rege nacionalmente os critérios de

parcelamento do solo, coloca que parcelamento deve ser feito apenas mediante loteamento

ou desmembramento. Nesse sentido, a lei municipal abrange também as modalidades que

estabelecem critérios específicos para modificação de lotes, como, por exemplo, anexação.

Seria interessante, para melhor compreensão da lei, especificar quais modalidades de

modificação servem a glebas e quais servem a lotes.

O capitulo III, seção I estabelece as diretrizes para aprovação de parcelamentos. O artigo 66

define que, antes do início do processo de aprovação dos projetos de loteamento e

parcelamento, o empreendedor deve solicitar à prefeitura as diretrizes que nortearão o

projeto.

Em comparação com as normas encontradas no artigo 6º da lei federal 6.766 de 1979, faltam

os seguintes itens, que devem ser incorporados aos dados que o empreendedor imobiliário

deve fornecer à administração municipal para serem analisados:

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O tipo de uso predominante a que o loteamento se destina; e

As características, dimensões e localização das zonas de uso contíguas.

A partir do fornecimento dos dados pelo empreendedor, a prefeitura, através da SMOPP, tem

o prazo de no máximo sessenta dias úteis para emitir as diretrizes. Mais uma vez usando a

base de comparação oferecida pela lei federal 6.766, no artigo 7º, os elementos que devem

constar na diretriz também incluem, especificamente, a indicação de:

Faixas sanitárias do terreno necessárias ao escoamento das águas pluviais e as

faixas não edificáveis e,

Zona ou zonas de uso predominante da área, com indicação dos usos compatíveis.

Tais itens não são contemplados atualmente pela legislação de parcelamento de Caieiras.

A documentação necessária à aprovação e aceitação dos loteamentos está descrita no artigo

68. No entanto, não constam as definições de formato para entrega dessa documentação. Por

exemplo, não são definidas quantas copias entregar, se precisam ou não ser autenticadas, ou

mesmo no caso de mapas e outras peças gráficas, quais escalas, fontes, espessuras de penas e

diagramação de prancha são aceitas pela prefeitura.

A documentação listada também não contempla a obrigatoriedade do Estudo de Impacto de

vizinhança – EIV, instrumento do Estatuto da Cidade. Uma vez que o EIV percorre assuntos que

relacionam o projeto de loteamento frente a sua condição de inserção no entorno imediato e

na cidade como um todo, este instrumento é indispensável em qualquer análise e aprovação

de parcelamento.

Quanto ao artigo 69, este não especifica, para agilidade do processo de aprovação, quais são

os exatos órgãos municipais, estaduais e federais, além da prefeitura, que devem aprovar um

parcelamento antes da expedição do alvará de execução.

A Lei municipal em questão, em seu artigo 74, permite a aprovação de loteamentos fechados

desde que atendam:

I. A todos os requisitos urbanísticos previstos nesta Lei;

II. Não prejudiquem a continuidade da malha viária urbana e não envolvam sistema

estrutural da cidade;

III. As áreas institucionais e no mínimo 60% das áreas verdes projetadas estejam

localizadas fora do perímetro fechado, fazendo frente para o sistema viário

oficial; e

IV. Os serviços públicos e a manutenção das áreas comuns localizadas dentro do

perímetro fechado sejam desempenhados por conta dos moradores.

Ainda nesse artigo, o parágrafo primeiro esclarece que o sistema viário interno será objeto de

concessão real de uso, que será outorgada ao loteador, de modo que a associação dos

proprietários constituída sob a forma de pessoa jurídica seja responsável pela sua

administração e manutenção.

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Atualmente, os loteamentos Alpes de Caieiras, Nova Caieiras e Parque Suíça são considerados

loteamentos fechados. Entretanto, nos primeiros dois, a prefeitura arca com serviços públicos

e manutenção das áreas comuns, apesar do item IV do artigo 74º da lei dispor claramente que

a responsabilidade dos serviços internos é do conjunto de moradores.

Dito isso, vale ressaltar que todas as questões relacionadas a loteamentos ou condomínios

fechados são alvos das diversas interpretações que se tem das Leis federais nº 6766/1979 e

nº4591/64 (regem o parcelamento do solo e condomínio em edificações e as incorporações

imobiliárias, respectivamente). Assim, o tipo de loteamento que se diz fechado não possui

validação na jurisprudência brasileira.

De acordo com o Dr. José Carlos de Freitas, Promotor de Justiça de Habitação e Urbanismo de

São Paulo:

“Nos termos do art. 17 da Lei 6766/79, o loteador não poderá alterar a destinação dos espaços livres

de uso comum, as vias e praças, as áreas destinadas a edifícios públicos e outros equipamentos urbanos

constantes do projeto e memorial descritivo (art. 9, § 2º, III e IV). [...] Como a lei federal só trata

dos loteamentos convencionais, abertos, com espaços e áreas públicas franqueadas ao acesso de

todos, a aprovação pelo Município dos “loteamentos fechados” não é lícita, pois não lhe preside o

princípio da legalidade, nem a legislação municipal editada para tratar do assunto lhe dá foros de

legitimidade, porque a matéria, por sua natureza condominial, é da competência da União [...] Assim,

o fechamento das vias de circulação, por ato do loteador ou associação de moradores, com ou sem

aprovação do Município, vulnera o art. 17 da Lei 6766/79 e o art. 180, VII, da Carta Paulista, na medida

em que, subtraindo-as da fruição geral, altera a destinação, os objetivos e a finalidade

congênitos dessas áreas, predispostas que estão para atender ao público indistintamente.ii “(grifo do

autor)

Quanto aos desmembramentos, a lei não estipula áreas mínimas ou máximas para que glebas,

áreas de terras ou terrenos sejam considerados passiveis de desmembramento.

Quanto à aprovação e modificação de quadras, o texto do artigo 76º deve ser melhorado no

sentido de esclarecer com precisão os parâmetros de modificação em relação ao porte da

quadra. No que se relaciona à documentação requerida, nota-se uma vez mais a ausência do

EIV inclusive para modificações de quadras de maior porte.

No artigo 78º que dispõe sobre desdobro, anexação ou fracionamento de lotes pra fins

urbanos, não se determina que qualquer umas das operações citadas não poderá produzir

lotes com áreas inferiores às mínimas permitidas no seu respectivo zoneamento. Também não

se estabelece qual o prazo de aprovação da prefeitura nos casos de desdobro.

Nas questões relacionadas a normas técnicas dispostas no artigo 79º do capitulo IV, ocorre

uma adaptação inconsistente do texto da lei 6766/1979, particularmente quanto ao item I.

Quando dizem:

I. Os terrenos baixos, alagadiços, insalubres, que tenham sido aterrados com

materiais nocivos, ou sujeitos a inundações serão considerados inadequados, até

que sejam executados os serviços ou obras de saneamento de aguas, aprovadas

pelo órgão municipal competente.

II. Deverão ser mantidas as florestas e demais formas de vegetação situadas em

encostas com declividade superior a 45º (quarenta e cinco graus).

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Em contrapartida, a lei federal, no artigo 3º, parágrafo único, diz que não será permitido o

parcelamento do solo:

I. Em terrenos alagadiços e sujeitos a inundações, antes de tomadas as providências

para assegurar o escoamento das águas;

II. Em terrenos que tenham sido aterrados com material nocivo à saúde pública, sem

que sejam previamente saneados;

III. Em terreno com declividade igual ou superior a 30% (trinta por cento), salvo se

atendidas exigências específicas das autoridades competentes;

IV. Em terrenos onde as condições geológicas não aconselham a edificação;

V. Em áreas de preservação ecológica ou naquelas onde a poluição impeça condições

sanitárias suportáveis, até a sua correção.

Nos parágrafos que seguem o artigo 79 se faz necessário a uniformização das unidades

utilizadas para definição de ângulos de encostas, ou deixando claro seus coeficientes de

equivalência.

No mesmo artigo, o segundo paragrafo deve especificar quais órgãos e leis, em nível estadual

e federal, determinam os critérios de remoção de matas naturais ou artificiais.

O Artigo 83 determina que as dimensões mínimas das vias de circulação dos loteamentos.

Assim sendo, dão-se as larguras mínimas sem definir a que se destina o uso da via, se será

somente leito carroçável ou se essa dimensão também deve contemplar áreas de

estacionamento. Falta, na lei, a definição de usos compatíveis com a largura das vias.

3.3.3. Diagnóstico

A característica mais acentuada do território de Caieiras é sua ocupação dispersa.

Verifica-se que urbanização ocorreu de modo segmentado no território do município, o que dificulta a instalação de infraestrutura adequada. Nesse tipo de ocupação, grandes porções do território sofrem especulação imobiliária por localizarem-se entre áreas já urbanizadas e dotadas de infraestrutura.

As questões relacionadas a mobilidade urbana e distribuição de equipamentos públicos é afetada diretamente, uma vez que muitos bairros dispõe de sistema viário pouco planejado e nem sempre possuem acesso fácil a serviços públicos, o que gera deslocamentos de seus moradores ao centro da cidade.

Observando a evolução da mancha urbana no município no mapa abaixo, a situação de dispersão fica evidente.

MAPA DE EVOLUÇÃO DA MANCHA URBANA (por décadas)

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Fonte: Prefeitura Municipal de Caieirasiii. Elaboração: Geo Brasilis, 2011.

Figura 85: Mapa de Evolução da Mancha Urbana de Caieiras, por décadas.

O mapa esquemático de Evolução da Mancha Urbana revela que o período de maior ocupação do território se deu nas décadas de 1970 e 1980. A não continuidade do crescimento da cidade pode vir da situação gerada pela lei Orgânica do município aprovada na década de 1990.

Neste período a lei Orgânica (Lei nº 1994/1990) em seu artigo 239 determinou que, num prazo de doze anos, não seriam admitidos novos loteamentos, antes de todos os loteamentos existentes receberem infraestrutura adequada.

A Lei Orgânica de Caieiras, ao mesmo tempo em que exigiu a regularização de uma situação de deficiência de atendimento à população, não esclareceu que bairros ou loteamentos deveriam ter sua infraestrutura melhorada, nem quais equipamentos seriam necessários.

Ainda que durante muitos anos não fosse permitido aprovação de loteamentos, a população do município continuou a crescer. Entre 1990 e 2000, Caieiras recebeu 33 mil novos moradores, como apresentado gráfico abaixo.

Esse crescimento pode ser entendido como o aumento natural da população que ocupou os loteamentos aprovados anteriormente a 1990 e que foram ocupados ao longo das décadas seguintes. Ainda assim, com a proibição de abertura de novos loteamentos, muitas ocupações surgiram nos anos 90 e 2000 e foram posteriormente regularizadas.

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Fonte: Fundação Seade,2011. Elaboração: Geo Brasilis, 2011.

Figura 86: Evolução da População de Caieiras, entre 1980 e 2010.

Outra característica do parcelamento feito em Caieiras é percebida nas condições geomorfológicas do município. Se for observado o relevo da cidade através do mapa clinográfico (declividade) sob a perspectiva da lei federal de parcelamento do solo (lei 6766/1979) e do código florestal vigente (lei 4771/1965), muitas ocupações e loteamentos em Caieiras desrespeitam estas duas leis.

Elaboração: Geo Brasilis. 2011.

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Figura 87: Mapa Clinográfico de Caieiras

Verifica-se esta situação na lei federal de parcelamento, quando diz no artigo 3 que não é permitido o parcelamento em áreas:

“III - em terreno com declividade igual ou superior a 30% (trinta por cento), salvo se atendidas exigências específicas das autoridades competentes; IV - em terrenos onde as condições geológicas não aconselham a edificação;”

Nesse sentido, o Código Florestal determina a preservação permanente das florestas e demais formas de vegetação natural situadas nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% de inclinação.

3.4. Vilas condominiais

As disposições da lei municipal 4.160 de 11 de julho de 2008 relativas a vilas condominiais não

estão inseridas no corpo do texto que trata de parcelamento, dispondo do titulo V

exclusivamente para este fim.

Quanto aos critérios, se estabelece uma área máxima para construção de vilas (50.000 m2),

entretanto, não há menção sobre as áreas mínimas. Também não fica claro no texto que o

artigo 85 trata de vilas residenciais. Subentende-se essa interpretação quando o artigo 86

define que se refere a vilas de comercio e serviço ou industriais.

Em comparação com a documentação necessária a aprovação de loteamentos, salvo as

distinções de escala, a lei é claramente menos severa no que diz respeito a aprovação das

vilas condominiais. Nesse caso também não se requer o pedido de EIV – Estudo de Impacto de

Vizinhança, o que em vilas de grande porte se faz necessário.

Ainda sobre o artigo 85, a lei não esclarece se o lote mínimo estipulado 125 m2 aqui vale para

todos os diferentes zoneamentos onde são permitidas as vilas residenciais. Já o artigo 86

define que vilas também podem ser de comercio e serviço ou industriais. No entanto, não

estabelece requisitos específicos, remetendo os critérios urbanísticos às mesmas diretrizes

estabelecidas na vila residencial, o que pode ser particularmente inadequado em caso de

indústrias, que devem atender à lei estadual 1.817 de 1978.

3.5. Outros Aspectos da Lei

De um modo geral, a Lei 4.160 de 11 de julho de 2008 traz recorrentes equívocos quanto ao que é concernente ao Plano Diretor Municipal e o que é concernente aos temas de zoneamento, parcelamento, uso e ocupação do solo. Há conflitos de indicações das Zonas no texto da lei e no seu mapa.

Na comparação com outras legislações estaduais (ex.: Lei 1.817 de 1978) e federais (ex. Lei 6.766 de 19 de dezembro de 1979), verifica-se necessidade de adequação, de modo que a lei municipal seja plenamente aderente às das esferas superiores, o que não acontece atualmente.

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Além dos seus assuntos principais, abordados anteriormente, a Lei de Zoneamento, Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo (Lei No. 4.160 de 11 de julho de 2008) contempla diversos outros temas pertinentes à estrutura do texto da lei (como disposições gerais, diretrizes, etc.) ou relacionados a aspectos de estruturação urbana, como normas técnicas.

Tais temas serão avaliados a seguir, a partir da utilização da estrutura da lei atualmente vigente.

TITULO I

Disposições gerais

Artigo 2 – Objetivos –

O que aparece nesta lei como objetivos, consta no PDM como diretrizes, o que requer uniformização do conceito. Além disso, enquanto o PDM apresenta 7 itens de diretrizes, a Lei de Zoneamento apresenta 9, o que também deve ser readequado.

Quanto ao conteúdo, os objetivos são difusos e pouco esclarecedores. Alguns deles, precisam ser reavaliados, por não se relacionarem com os temas da lei, como: I- geração de emprego e renda por distribuição equilibrada de novas atividades no território: não se relaciona com os propósitos de zoneamento, parcelamento do solo, uso ou ocupação do solo; II- Integração dos espaços urbanos – atualmente a ocupação de Caieiras é fragmentada, composta por diferentes núcleos urbanos. A integração de tais núcleos não pode ser realizada através de critérios de uso, ocupação e parcelamento do solo; III- Assegurar a fluidez e o desempenho do sistema de circulação são temas relacionados prioritariamente a planejamento e investimentos em mobilidade urbana; IV- A hierarquização do sistema viário e suas decorrências deve ser abordada no Plano Diretor Municipal de Caieiras V- Este objetivo é contraditório ao expressado no PDM, onde se expressa a necessidade de evitar a conurbação com municípios vizinhos. VI- A viabilização de meios que proporcionem qualidade de vida à população não se relaciona com zoneamento, parcelamento, uso e ocupação do solo e deve ser inserida no Plano Diretor; VII- Adequado; VIII- Muito vago, uma vez que não define que políticas públicas devem ser integradas. É importante destacar que, posteriormente, a lei não desenvolve nenhum artigo relacionado a este objetivo; IX- A participação da comunidade no planejamento e gestão deve ser abordada no Plano Diretor.

Artigo 3 – Adequado.

TITULO II

Das classificações dos usos

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Artigo 4 – Adequado.

CAPITULO I Da categoria de uso

Ver diagnóstico de Zoneamento, Uso e Ocupação do Solo, item 2.3

CAPITULO II Do porte

Artigo 10 –

Os portes propostos não consideram o número de funcionários, fator que possui forte potencial de impacto na estrutura urbana e fluxo de veículos. Além disso, para a manutenção dos portes indicados, há necessidade de separar o uso industrial do comercial e de serviços, dado que a lei estadual 1.817 de 27 de outubro de 1978 traz sua própria classificação de porte das indústrias.

CAPITULO III Da incomodidade

Artigo 11 –

A lei não fornece instrumentos para a real avaliação da existência do incômodo e do seu nível, seja através da definição de parâmetros físicos para a análise, seja através a apresentação de relações de tipos de negócios geradores de incômodo.

TITULO III

Do zoneamento

CAPITULO I Das definições das zonas de uso, zonas especiais, corredores e unidades protegidas

CAPITULO II Das zonas de uso

CAPITULO III Das zonas especiais

CAPITULO IV Dos corredores

As zonas de uso, zonas especiais e corredores são detalhadas no item 2.3 deste relatório.

A análise das unidades Protegidas (UPs) consta do relatório Leitura Crítica do Plano Diretor Municipal de Caieiras.

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CAPITULO VI Da adequação dos usos às zonas

Os artigos do Capítulo VI (42 ao 47) são adequados e estão aderentes ao Plano Diretor Municipal.

A observação importante é que a lei de zoneamento define claramente a necessidade de EIV apenas quando da adoção de usos admitidos, não especificando outros casos nos quais ele seria recomendado, como loteamentos, vilas condominiais, entre outros.

Artigo 46 –

Deve-se acrescentar também que o Quadro I não define que está proibido, apenas o permitido e o admitido. O texto deve ser modificado, explicitando que os usos que não constam no quadro estão proibidos.

Artigo 47

Introduz o uso da palavra “categoria” quando se refere a uso, o que pode gerar equívocos de interpretação.

CAPITULO VII Dos índices e critérios de aplicabilidade

Artigo 48, 49 e 50 – Apresentam texto adequado.

Artigo 51

Propõe a revisão de parâmetros de uso e ocupação em zonas especiais sem a avaliação do Conselho da Cidade, o que é contrário ao Plano Diretor Municipal.

Artigo 52

Pode ter sua redação melhorada, no sentido de facilitar sua compreensão.

Artigo 53 e 54 - Apresentam texto adequado.

Artigo 55

Pode ter sua redação melhorada, no sentido de facilitar sua compreensão.

Artigo 56

Existe divergência entre a taxa que pode ser utilizada para garagem. Aqui diz 50%. No caso de vilas condominiais, a taxa é de 2/3, mesmo tratando-se do mesmo tamanho de frente de lote.

Artigo 57 a 60 - Apresentam texto adequado.

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TITULO IV

Do parcelamento do solo

CAPITULO I Dos objetivos e aplicabilidade das normas

CAPITULO II Das definições

CAPITULO III Da aprovação dos parcelamentos

Seção I Das diretrizes

Seção II Da aprovação e aceitação dos loteamentos

Seção III Da aprovação dos loteamentos fechados

Seção IV Da aprovação dos desmembramentos

Seção V Da aprovação da modificação de quadras

Seção VI Da aprovação do fracionamento, desdobro e anexação

CAPITULO IV Das normas técnicas

A análise do Parcelamento do Solo consta no item 3 deste relatório.

TITULO V

Das vilas condominiais

A análise das vilas condominiais consta no item 3 deste relatório.

TITULO VI

Da responsabilidade técnica

Artigo 89

A redação pode ser melhorada, no sentido inclusive de admitir o cadastro regular em órgão de classe.

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TITULO VII

Da infrações e penalidades

Artigo 90 – Tem redação adequada.

TITULO VIII

Da disposições transitórias e finais

Artigos 91 a 94 - Tem redação adequada.

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São Paulo, 16 de Junho de 2011

Ofício: 31/2011

Ref.: Revisão do PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CAIEIRAS e da LEI DE ZONEAMENTO, PARCELAMENTO, USO E OCUPAÇÃO DO SOLO – Solicitação de Reunião

A Geo Brasilis, em função da revisão do Plano Diretor Municipal de Caieiras e da lei de Zoneamento, Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo solicita uma reunião com a equipe de representantes indicados pela Prefeitura Municipal de Caieiras para acompanhamento dos trabalhos.

Na reunião, será abordada a seguinte pauta:

1) Organização das reuniões regionais nos bairros:

Definir novas datas (considerando impossibilidade de realização entre 27/06 e 01/07, datas originalmente propostas)

Definir locais em cada um dos bairros

Impacto do atraso dos eventos no cronograma do projeto

2) Coletar informações solicitadas nos ofícios 029/2011 e 030/2011

3) Discutir situação das ZUDs aprovadas após 2006

4) Coleta de dados relacionados a outras mudanças de zoneamento desde 2008

5) Arruamento

6) Pauta para a reunião com o CC em 06/07

Conforme contato telefônico, consideraremos a reunião agendada para o dia 22 de junho, a partir das 9h no Centro Cultural Isaura Neves, em Caieiras.

Atenciosamente,

Juceline Durigam

Gerente de Projetos

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São Paulo, 24 de Junho de 2011

Ofício: 32/2011

Ao Ilmo. Sr. Joaquim Costa – Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico e Emprego

CC: Ilmo. Sr. Reginaldo Lima – Presidente do Conselho da Cidade

CC.: Exmo. Sr. Roberto Hamamoto – Prefeito Municipal de Caieiras

Ref.: Revisão do PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CAIEIRAS e da LEI DE ZONEAMENTO, PARCELAMENTO, USO E OCUPAÇÃO DO SOLO – Solicitação de Levantamento de Campo

A Geo Brasilis, em função da revisão do Plano Diretor Municipal de Caieiras e da lei de Zoneamento, Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo solicita a realização de um Levantamento de Campo indicando o real uso das ZUD – Zonas de Uso Diversificado criadas e definidas por leis municipais específicas como forma de garantir a veracidade das informações utilizadas na elaboração do diagnóstico que será a base para a realização de proposições para a revisão das leis referidas acima.

A Geo Brasilis solicita que o levantamento de campo tenha como resultado uma tabela, como a proposta abaixo, adequadamente preenchida, e que esta tabela seja entregue à Geo Brasilis até o dia 01 de julho de 2011, em cópia física e digital.

A Geo Brasilis recomenda o registro fotográfico das fachadas como forma de registro e auxilio na localização e identificação da ZUD no levantamento de campo.

Número da ZUD

Lei que Criou

(número e ano)

Uso Atual (se é residencial, ou comercial, ou de serviços, ou se é não

edificado)

Nome da Empresa (se

houver)

Produto/serviço prestado ou

comercializado

Nos colocamos à sua disposição para o caso de dúvidas e agradecemos antecipadamente sua colaboração.

Atenciosamente,

Juceline Durigam

Gerente de Projetos

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5.1. Apoio na convocação das Audiências Públicas de Diagnóstico

Como forma de apoiar a equipe de gestão da Prefeitura de Caieiras na divulgação das

Audiências Públicas de Diagnóstico, a Geo Brasilis elaborou um artigo para jornais e um

breve texto de comunicado de convocação. Ambos seguem abaixo.

”O Plano Diretor de Caieiras, elaborado em 2006, está atualmente em processo de revisão.

Essa revisão deve contar com a participação da sociedade caieirense, através de seus cidadãos, líderes comunitários, empresários e gestores públicos, interessados no planejamento para o ordenamento do território do município.

Como etapa do processo participativo dessa revisão, a Prefeitura de Caieiras promoverá entre 11 e 14 de julho uma série de Audiências Públicas para a apresentação dos diagnósticos elaborados até o momento.

As Audiências Públicas serão realizadas por regiões, de acordo com o seguinte calendário:

Região Data Hora Local Endereço

Santa Inês

(INCLUIR BAIRROS ABRANGIDOS

11/07 10h EMEI Gino Dártora ACRESCENTAR ENDEREÇO

Cálcarea

(INCLUIR BAIRROS ABRANGIDOS

11/07 14h CONFIRMAR LOCAL ACRESCENTAR ENDEREÇO

Centro

(INCLUIR BAIRROS ABRANGIDOS

12/07 19h Clube da 3ª Idade ACRESCENTAR ENDEREÇO

Laranjeiras ((INCLUIR BAIRROS ABRANGIDOS

13/07 19h Sub Prefeitura de Laranjeiras

ACRESCENTAR ENDEREÇO

V. dos Pinheiros (INCLUIR BAIRROS ABRANGIDOS)

14/07 19h Centro Esportivo Pinheiros

ACRESCENTAR ENDEREÇO

As audiências públicas serão abertas a todos os interessados, que poderão opinar sobre o diagnóstico realizado e incluir sugestões.

A partir desses diagnósticos, serão elaboradas as propostas de revisão na lei, na próxima etapa dos trabalhos.”

“CONVOCAÇÃO PARA AUDIÊNCIA AUDIÊNCIA PÚBLICA

Page 143: Plano Diretor Caieras

Geo Brasilis – Inteligência Territorial, Planejamento e Gestão Ambiental Rua Paulistânia, 154 – Vila Madalena – CEP 05440-000 - São Paulo – SP

Tel/Fax: (11) 3034-1995 – (11) 3032-6403 - www.geobrasilis.com.br 143

REVISÃO DO PLANO DIRETOR DE CAIEIRAS

O Plano Diretor é a lei que organiza o desenvolvimento territorial de Caieiras,

considerando as necessidades de novos espaços públicos, de habitação, de indústrias e

comércios, entre outros.

O Plano Diretor de Caieiras está sendo revisado atualmente e os cidadãos são convidados a

participar.

Nesta primeira etapa das audiências públicas, os interessados poderão conhecer e

contribuir com o diagnóstico do município.

CONVITE PARA OS BAIRROS: inserir aqui todos os bairros que serão atendidos pela

audiência

DATA

HORA

LOCAL: (incluir endereço)”

i As disposições referentes ao uso e ocupação do solo serão esclarecidas no tema zoneamento, parte

integrante deste diagnóstico.

ii Trecho retirado de “Da ilegalidade dos loteamentos fechados”, escrito pelo Dr. José Carlos de Freitas, promotor de justiça de habitação e urbanismo da cidade de São Paulo. Disponível em: http://www.ebooksbrasil.org/sitioslagos/documentos/ilegalidade.html

iii Algumas informações foram retiradas do livro” de Peres, Celina de Jorge Graziano. “Cidade dos

Pinheirais”. Perfil Editora, Caieiras, 2008.