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1 Rede Urbana na Amazônia dos Grandes Rios: Uma Tipologia para as cidades na calha do rio Solimões - Amazonas -AM Tatiana Schor Professora Adjunta do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Amazonas, pesquisadora do NEPECAB Danielle Pereira da Costa Mestre em Geografia pela UNESP, pesquisadora do NEPECAB. Forma de apresentação: Apresentação Oral Sessão Temática: ST3 Redes de Cidades e Dinâmica Territorial

Rede Urbana na Amazônia dos Grandes Rios: Uma Tipologia para

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Page 1: Rede Urbana na Amazônia dos Grandes Rios: Uma Tipologia para

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Rede Urbana na Amazônia dos Grandes Rios:

Uma Tipologia para as cidades na calha do rio Solimões -

Amazonas -AM

Tatiana Schor Professora Adjunta do Departamento de Geografia da Universidade Federal do

Amazonas, pesquisadora do NEPECAB

Danielle Pereira da Costa

Mestre em Geografia pela UNESP, pesquisadora do NEPECAB.

Forma de apresentação: Apresentação Oral

Sessão Temática: ST3 – Redes de Cidades e Dinâmica Territorial

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Rede Urbana na Amazônia dos Grandes Rios:

Uma Tipologia para as cidades na calha do rio Solimões -

Amazonas -AMi

Resumo:

Este projeto teve como objetivo construir uma metodologia de análise urbana para a

Amazônia e elaborar uma tipologia urbana que permita compreender a dinâmica da

rede urbana no estado do Amazonas. Para tanto, a partir de dados secundários e

visitas de campo foi construída uma tipificação que considerou variáveis definidas de

acordo com um conjunto de arranjos institucionais que diagnosticam o perfil, a

hierarquia e a tipificação da rede urbana das cidades localizadas ao longo da calha

do Rio Solimões-Amazonas. Como resultado as cidades foram classificadas em dois

conjuntos: médias (de economia externa e de responsabilidade territorial) e

pequenas (de economia externa, de responsabilidade territorial e dependente). A

tipologia possibilitou entender as cidades por um outro prisma, visando relacionar o

perfil urbano e a construção e implementação de políticas públicas voltadas

especificamente para o fortalecimento do urbano e das cidades na região.

Forma de apresentação: ORAL

Sessão Temática: ST3 – Redes de Cidades e Dinâmica Territorial

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A Adequação da Noção de Rede para o Estudo de Rede Urbana

Manoel Castells lança ao final dos anos 90 “A era da informação”, sendo o

primeiro volume intitulado “A sociedade em rede”. Este livro sintetiza uma das

principais temáticas para as ciências sociais na última década do século XX:

compreender e analisar a sociedade em rede.

A idéia da sociedade organizada em rede é fruto de uma representação visual

que, por ser simples e concreta, funciona como metáfora para a representação do

espaço. Esta forma de representação sugere um espaço euclideano unidimensional

formado por pontos e linhas. A simplicidade da imagem faz com que seja análoga,

ao menos aparentemente, a grande parte dos processos sócio-espaciais da

contemporaneidade e a muitas análises das relações sócio-espaciais do passado. A

simplicidade da analogia transformada em metáfora da representação espacial

configura-se no modelo analítico de um número considerável de estudos em

sociologia, economia, geografia e demais ciências sociais. Porém, essa forma de

representar o espaço dá conta de analisar as inter-relações lugar-mundo e

conseqüentemente homem-meio, sociedade-natureza, temas caros à Ciência

Geográfica?

Percebe-se que já na nascente geografia alemã o lugar, como escala e

categoria de análise, conforma-se como conceito-chave para a ciência geográfica.

Mas é na França que a importância do lugar aparece de forma determinante e

condiciona uma longa tradição na geografia do século XX. Vidal de la Blache é sem

dúvida o marco desta discussão, pois cunha no livro “Princípios de Geografia

Humana” a definição de geografia como a “ciência dos lugares”. O lugar, para este

autor, é a escala adequada para se observar, descrever e analisar as diferentes

possibilidades de ação humana no seu meio. É lá que se pode observar a liberdade

de escolha (limitada pela técnica) de ação do homem sobre o meio. Estas diferentes

possibilidades de escolha de ação conformam sociedades espacialmente

específicas. Para analisá-las, La Blache constrói o conceito de “gênero de vida”, que

descreve o resultado no tempo das escolhas espaciais que conformam um grupo

social específico. O lugar na obra vidaliana é a escala e categoria analítica

primordial.

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No pós-primeira guerra mundial a forma de fazer geografia estabelecida por

La Blache encontra fortes críticos não só com relação ao método (observação e

descrição), mas também à escala proposta pela Geografia Quantitativa; em 1939

Richard Hartshorne publica o livro “A natureza da geografia” no qual considera que o

objetivo do estudo geográfico é analisar as inter-relações entre as áreas. Para este

autor a delimitação da área fica a critério do pesquisador, devendo-se considerá-la

como uma categoria analítica, e não necessariamente empírica.

Este livro de Hartshorne volta a suscitar, principalmente na Geografia

Regional, o debate acerca da escala específica que singulariza os estudos

geográficos. Qual a escala específica que conforma a geografia como ciência

autônoma distinguindo-a das demais ciências sociais? Esta questão gera ao longo

do século XX um dos debates mais frutíferos e interessantes das ciências sociais e a

conclusão dada pelos geógrafos – depende do objeto de análise – permite uma

maleabilidade analítica que torna a geografia única, sendo a sua especificidade

como ciência social a primazia do objeto sobre o método.

Sandra Lencioni, no livro “Região e Geografia”, de 1999, retorna a este

debate de maneira muito interessante, apontando que a geografia regional é a

análise da relação do todo com as partes. Desta interpretação da construção da

geografia pode-se dizer que a geografia é uma ciência de síntese das inter-relações

da parte em si e dela com o todo. Sendo que o todo, tal como nos ensina Milton

Santos, não é a somatória das partes nem o mundo a soma dos lugares. A

concretude das partes materializa-se nos lugares, que comportam em si elementos

de sua especificidade (delimitando-os como partes) e elementos do todo

(expressando na parte formas e conteúdos do todo). Esta análise de Milton Santos o

leva a configurar as categorias de fixos e fluxos que descrevem as relações das

partes no todo, ou dos lugares no mundo.

Estas categorias inserem Santos no debate de sua época: o da representação

espacial em rede, porém com uma especificidade que permite uma leitura geográfica

deste modelo. Tal especificidade é oriunda da influência de Henri Lefebvre na

construção do pensamento de Milton Santos, principalmente na configuração da

categoria de cotidiano.

Henri Lefebvre elabora, principalmente nas obras “Espaço e Política”; “Crítica

da Vida Cotidiana: Fundamentos de uma sociologia do cotidiano” volume II e “A

produção do espaço”, a categoria de cotidiano como central para a análise da

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sociedade moderna que ele denomina de Sociedade Burocrática de Consumo

Dirigido. Para Lefebvre é no cotidiano realizado no lugar que se pode observar as

racionalidades e irracionalidades da sociedade moderna. O lugar comporta essas

racionalidades e irracionalidades, pois elas ficam marcadas no espaço tanto pela

ausência quanto pela presença de seus termos racionais e irracionais. Para Lefebvre

o modo de produção capitalista sai do local de trabalho e invade todos os âmbitos da

sociedade, e o cotidiano mais banal (aparentemente) retrata e é configurado pela

modernidade: por isso o lugar, palco do cotidiano, é lócus privilegiado para análise.

Para poder entender melhor a afirmação destes autores é necessário

aprofundar a análise do século XX e entender os conceitos de globalização e

mundialização. Os dois principais autores nesta discussão oferecem visões

diferentes, mas não contraditórias. No livro “O longo século XX”, tomando como

ponto de partida o conceito de longue durée de Fernand Braudel, Giovanni Arrighi

analisa os ciclos de acumulação financeira como determinantes na construção da

modernidade no século XX. Para este autor, o processo de modernização pode ser

analisado como uma dinâmica de ascenção-estabilização-declínio de acumulação

financeira. O século XX tem início com o final do ciclo de acumulação inglesa (do

final do século XIX à Primeira Guerra Mundial) e inclui mais dois ciclos de

acumulação financeira: dos anos 1950/60 e 1990. Arrighi considera que os ciclos

ficam, tendencialmente, mais curtos em termos de duração e mais agudos em

termos de rapidez e quantidade de recursos financeiros adquiridos. Esta rapidez e

profundidade do ciclo fizeram com que a mundialização financeira ocorrida no final

dos anos 80 e na década de 90 parecesse como algo único na história que ganhou o

nome de globalização. Nesta mesma perspectiva, em “La mondialisation du Capital”

Chesnais discute a mundialização dos mercados, principalmente dos financeiros,

como determinante da sociedade contemporânea.

Já Eric Hobsbawn - no livro “A era dos extremos: o breve século XX” - discute

menos a esfera econômica da mundialização e parte para a análise da rapidez com

que os lugares foram interconectados e acoplados à modernidade capitalista. Esta

rapidez extrapolou os mercados e empresas e tomou conta do cotidiano e cultura

das sociedades diferentes.

Longa, tal como sugere Arrighi, ou breve, tal como descreve Hobsbawn, a

mundialização tornou-se tema central na produção acadêmica em ciências sociais

na década de 90. E parte integrante desta discussão é a temática da relação que os

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lugares mantém com o mundo. Por um lado, muitos autores neste período

postulavam o fim da importância dos lugares, pois a nova era da informação digital e

o desenvolvimento tecnológico dos meios de comunicação e transporte a negariam.

Por outro lado, as relações sociais necessitam materializar-se, e em algum local tal

materialização ocorre, configurando lugares específicos.

Diversos estudos empíricos mostram essa contradição. Um trabalho

importante de uma não-geografa para o campo da geografia, especificamente para a

Geografia Urbana, é o de Saskia Sassen. Sassen cunha o conceito de “global cities”

para analisar a realidade de algumas cidades do mundo. Estas cidades, dentre as

quais Nova Iorque, Tokyo, Londres, São Paulo, se inserem na economia global

estando interconectadas por cabos de fibra ótica e satélites. A autora mostra como

áreas dessas cidades, principalmente os centros financeiros guardam ma is

proximidade entre si que com as áreas fisicamente próximas na própria cidade. A

metáfora da rede cabe perfeitamente para a sua descrição das cidades globais. A

análise de Sassen permite também perceber os limites deste modelo, afinal os

lugares não conectados aparecem como vazios, como fora do mundo.

De fato, a análise econômica trata os lugares não conectados mundialmente

como vazios. Não só grandes centros urbanos, mas também o campo. É sintomático

que Celso Furtado, no clássico “Formação Econômica do Brasil”, analise no capítulo

15 a regressão econômica das áreas decadentes dos ciclos econômicos (a

regressão à subsistência) como irrelevante para a análise da formação econômica

do Brasil. Ou o lugar está conectado com a economia mundial (a cana e o café no

caso de Furtado e os mercados financeiros no caso de Sassen) e por isso funciona

como um “nó” na rede, ou está nos vazios, ausente, como diria Lefebvre.

Esta análise sugere que a representação do espaço em rede é insuficiente

para compreender e analisar as relações dos lugares com o mundo e a

conseqüentemente as relações homem-meio, sociedade-natureza. Quando porém a

representação espacial em rede é pensada na perspectiva geográfica a questão da

delimitação do objeto de estudo e da escala adequada para a análise permite que a

idéia de organização sócio-espacial em rede ganhe contornos específicos. A

determinação do objeto de estudo e a conseqüente delimitação da área (uma

geografia a la Hartshorne) permite que o uso da metáfora da rede seja frutífero para

se compreender as inter-relações lugar-mundo e participar desta forma no debate

contemporâneo nas ciências sociais: afinal, a sociedade é organizada em rede?

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O estudo da rede urbana no Amazonas, em especial na calha do rio

Solimões-Amazonas devido as suas peculiaridades físicas, principalmente o regime

hidrológico e dos meios de transporte (fluvial), possibilita uma base empírica

interessante para dar substância à análise da categoria rede. A partir da análise de

determinados arranjos institucionais percebe-se que a rede urbana deve ser sempre

conjugada no plural, como redes, pois as diversas relações materializadas nos

diferentes fluxos de informação, de mercadoria, de instituições, de pessoas criam um

conjunto de redes que sobrepostas formam o que costumamos chamar de rede

urbana. A maneira e a intensidade pela qual as cidades participam deste processo

as colocam em posições hierárquicas diferenciadas, porém importantes para a

constituição do todo. A tipologia e conseqüente desenho de rede proposto por esse

estudo possibilita uma análise, baseada no materialismo histórico-geográfico

(Harvey, D. 2004), das relações socioespaciais constituídas neste território, o que

por sua vez permite uma compreensão da adequação, ou não, de determinadas

políticas públicas (urbanas) na região. Neste sentido, a descrição e análise da rede

urbana permite uma melhor compreensão das possibilidades existentes de alteração

da realidade urbana e subsidiam territorialmente a adequação de políticas urbanas

voltadas para a construção da cidadania. Assim, a idéia de sociedade em rede

obtém conteúdo emancipatório.

A Rede Urbana: Definição de Cidades Médias e Limites para a Análise da

Região Norte

Os estudos e discussões sobre cidades médias não são recentes no Brasil,

remontam a década de 1970, quando ocorreram as primeiras tentativas de

abordagem do tema, tendo quando o principal elemento para a determinação do

porte de uma cidade era apenas o critério demográfico. Segundo Sposito (2001),

nesse período eram consideradas cidades médias aquelas com população urbana

entre 50.000 e 250.000 habitantes. Mais recentemente, esse número foi elevado

para cidades com população entre 100.000 e 500.000 habitantes. No entanto,

estudos mais atuais propõem novos conteúdos teóricos-conceituais buscando

identificar o papel funcional dessas cidades na rede urbana. Distanciamento de

áreas metropolitanas, situação geográfica favorável, capacidade de retenção da

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população migrante e estrutura para ofertar bens e serviços são características que

figuram, segundo Pereira (2004), entre os atributos para uma nova definição do que

seja uma cidade média.

Pontes (2001), por sua vez, propõe um conjunto de procedimentos para

investigação das cidades médias, sendo os mesmos dimensionados em dois eixos

estruturadores - critérios espaciais que relacionam a cidade com a região e critérios

intra-urbanos que permite definir o perfil urbano. Já Amorim Filho (2002) procura

sugerir uma conceituação baseada na presença de atributos temporais, hieraquicos

e de escala.

Entretanto, ainda segundo as postulações de Pereira (op. cit.), do ponto de

vista regional esse debate guarda especificidades que precisam ser entendidas e

explicadas, a partir de questões como: qual o papel que cumprem as cidades médias

no desenvolvimento sócio-espacial urbano da Amazônia? Quais fatores foram

definidores para que se constituíssem como cidades méd ias? Quais as

características intra-urbanas relacionadas a essa condição? Estas são as questões

orientadoras para o estudo aqui proposto.

Nessa ampla seara, este autor aponta ainda duas questões que merecem ser

observadas: a primeira, referente ao fato de que na Amazônia as cidades médias

constituem-se em novos vetores de crescimento econômico e demográfico sem, no

entanto, afetar a primazia da metrópole; a segunda, diz respeito ao fato de que

diferentemente das cidades do Centro-Sul do País, o dinamismo econômico e à

estruturação intra-urbana das cidades na região Norte não estão relacionados ao

patamar demográfico alcançado por essas cidades nas últimas décadas, mas

principalmente à capacidade que possuem de responder às demandas regionais,

seja do ponto de vista do capital, seja do ponto de vista da força de trabalho,

tornando-se importantes nós de articulação de redes técnicas e de fluxos, tanto no

contexto municipal quanto no contexto da mesorregião da qual fazem parte.

Estudos recentes, como de Ribeiro (2001), indicam uma caracterização dos

núcleos urbanos na Amazônia que busca identificar o papel que cada um deles

cumpre na rede urbana regional. Segundo sua proposta, esses núcleos apresentam

características funcionais complexas, ou seja, desempenham múltiplos papéis,

relacionados a três tipos de interações espaciais geradoras de rede – a de

produção, a de distribuição (difusão) e a de gestão (decisão).

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Este conjunto de discussões e estudos geram um amplo leque de

possibilidades de arranjos de variáveis que podem compor uma metodologia para o

estudo do urbano na Amazônia.

Tipologias de Cidades Médias no Amazonas

Aprofundando a escala de análise para o estado do Amazonas e tendo por

base os totais populacionais registrados pelo Censo Demográfico de 2000 (IBGE)

por municípios, a partir de parâmetros demográficos para classificação das cidades

em pequenas, médias e grandes, percebe-se que, considerando os critérios que

perduraram até o ano 2000, havia 5 (cinco) cidades médias no estado – Parintins,

Autazes, Manacapuru, Coari, Tefé – todas localizadas na calha dos rios Solimões e

Amazonas. Já ponderando os valores pela categorização adotada após 2000,

existiriam no estado somente cidades de pequeno porte, à exceção de Manaus, que

seria enquadrada como cidade de grande porte.

A apreciação desde quadro por si só reafirma a necessidade de associar o

critério demográfico de definição das cidades a outros, de ordem histórica,

econômica, social e de funcionalidade, na perspectiva de mitigar a realização de

análises errôneas e/ou equivocadas sobre o papel real que algumas cidades do

Amazonas exercem, especialmente aquelas localizadas na calha dos rios Solimões

e Amazonas. Deste modo, como assinala Amorim Filho (1976) ao analisar cidades

médias, mesmo que o primeiro critério seja ainda o demográfico, este é apenas

capaz de identificar o grupo ou a faixa aos quais a cidade pertence. Analisar o dado

demográfico de maneira abstrata pouco informa sobre o papel desempenhado na

hierarquia da rede urbana do estado do Amazonas, principalmente quando se

considera a brutal diferença entre os dados de Manaus, com uma estimativa de 01

milhão e 700mil habitantes em 2005, e os da segunda maior cidade do estado,

Parintins, com menos de 100mil. Ao abstrair Manaus da comparação percebe-se ao

longo da calha dos rios Solimões e Amazonas dois grupos distintos de cidades: o

das que estão com população acima dos 50mil e o das que estão abaixo deste

número. Mesmo considerando esta diferenciação seria demasiado simplista

classificar as cidades com mais de 50 mil habitantes como cidades médias e as

demais como cidades de pequeno porte, pois percebe-se em uma análise mais

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detalhada do perfil urbano de cada cidade e de sua inserção na rede urbana que a

tipologia e a classificação em média ou pequena não é quantitativa em termos

demográficos, mas sim relacional em termos de atuação na estruturação da rede

urbana da região.

O presente texto visa propor uma tipificação que incorpore estes parâmetros

relacionais, pois considera que é necessário compreender o papel de cada cidade

na estruturação da rede urbana para se elaborar políticas públicas urbanas

específicas para a região, sem as quais a possibilidade de desenvolvimento, aqui

entendido de acordo com Sen (2000) como liberdade das pessoas que habitam

estas localidades e sustentabilidade da vida nelas, fica reduzida a padrões

homogêneos que não modificam as estruturas sociais.

Na tentativa de construir uma tipologia da rede urbana para o estado do

Amazonas, delimitou-se um conjunto de arranjos institucionais que poderiam, se

analisados conjuntamente, estabelecer uma hierarquia urbana que fosse para além

das definições usualmente utilizadas para definir a tipologia urbana. Os arranjos

institucionais e os dados analisados são os seguintes:

Quadro 1: Arranjos Institucionais

Arranjos Institucionais Dados Coletados Dinâmica populacional Dados populacionais, pirâmide etária e estimativas populacionais

coletados em fontes secundárias, principalmente IBGE. Variáveis históricas Origem da cidade; mapas históricos; cronologia; descrição da estrutura

de poder; iconografia comparativa (fotos atuais com imagens do passado) Relações intra e interurbana

Fluxos de comércio e de transporte.

Serviços e comércio Telefonia (fixa, celular, telefones públicos); rádio (AM, FM, livres); antenas de telecomunicações; provedores de internet. C omercialização de alimentos (supermercados, mercadinhos, feiras, mercados municipais, feiras do produtor). Comercialização de insumos para a construção civil (casas comerciais, regatões, flutuantes).

Tendências locacionais das atividades produtivas

Fabricas e indústrias locais; sistemas agropecuários; extração mineral.

Arrecadação de impostos

Cesta de impostos municipais arrecadados (IPTU, ICMS); repasses recebidos (estadual e federal); royalties.

Insumos para a Cesta Básica Regionalizada

Foi re-estruturada a cesta básica de alimentação organizada pelo CODEAMA e coletado o preço dos produtos ao longo da calha, visando elaborar um indicador de preço da cesta básica ao consumidor final.

Índice da construção civil

Elaborou-se uma cesta de insumos para a construção civil (madeira, areia, seixo, telha, tijolos) com coleta de preços nas cidades ao longo da calha.

Produtos extrativistas Forma de organização (associação/sindicato); produção; comercialização e preço de produtos extrativistas não madeireiros.

Movimentos sociais, ONGs e práticas religiosas

Sindicatos; associações; ONGs; instituições religiosas.

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Infra-estrutura urbana Dados de saúde (leitos, tipos de hospitais, postos de saúde, centros de diagnose de malária, médicos e odontólogos, destino dos resíduos de serviços de saúde); educação (escolas de ensino fundamental, médio e superior; professores, bibliotecas escolares); segurança pública (número e t i p o de delegacias, fóruns, cartórios, assistência jurídica, varas, ocorrências mais freqüentes); hotelaria, funerárias, dados relativos à presença das forças armadas; sistema financeiro (agências bancárias, lotéricas, banco postal, banco popular, financeiras, seguradoras); sistema de fornecimento de água e energia; saneamento básico.

Fluxo de transporte Transporte interurbano (carga e passageiros, rotas, freqüências, preço) e transporte intra-urbano (tipos, quantidade e forma de organização)

Percebe-se que os arranjos institucionais e a análise dos dados coletados

permitem compreender o perfil urbano de cada uma das cidades, e assim entender a

sua interação na rede urbana que se estabelece ao longo da calha do rio Solimões-

Amazonas, o que por sua vez permite propor uma tipologia para as cidades lá

localizadas.

Os dados aqui relacionados são objeto da pesquisa “As cidades e os rios:

tipificação da rede urbana na calha dos rios Solimões-Amazonas” e estão em

processo de coleta e sistematização em um banco de dados georeferenciado que

permitirá uma análise espaço-temporal da rede urbana nesta localização.

Aspectos Metodológicos do Estudo da Rede Urbana no Amazonas A linguagem da globalização nega qualquer forma de autonomia para o

desenvolvimento urbano, subestima a capacidade individual de cada cidade de

definir novas possibilidades de viver no urbano e torna impossível vislumbrar saídas

alternativas para a trajetória capitalista da globalização/urbanização. Neste sentido,

a base teórica encontra-se na teoria do materialismo histórico-geográfico (Harvey,

2004), cujo enfoque reside no entendimento da produção do espaço urbano,

articulando-o às relações sociais de produção que, por meio do conhecimento

acumulado sobre o espaço vivido, criam por sua vez as possibilidades de

permanência e de ruptura. Trata-se de um terreno no qual o espaço-tempo, lugar e o

ambiente não podem ser separados um do outro nem tratados como mera

abstrações fora das condições concretas da história e geografia. Aqui, neste ponto

de intersecção, a teoria do materialismo histórico-geográfico está pronta para ser

aplicada, o que significa uma mudança do discurso da globalização ou da

comunidade para a linguagem do “desenvolvimento espaço-temporal desigual” ou

simplesmente “desenvolvimento geográfico desigual”.

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Harvey (1996) focaliza a idéia de desenvolvimento geográfico desigual nas

condições concretas histórico-geograficas nas quais a ação sócio-ecológica é

possível e na maneira como a ação humana pode transformar as condições sócio-

ecológicas. O conceito de desenvolvimento geográfico desigual captura: o

palimpesto das relações sócio-ecológicas historicamente sedimentadas no lugar; o

mosaico multicamadas e hierarquicamente ordenado das configurações sócio-

ecológicas (e desejos) que ordenam aquele espaço; o movimento muitas vezes

caótico dos fluxos sócio-ecológicos (particularmente sob condições do capital e da

migração) que produzem, sustentam e dissolvem as diferenças geográficas com o

passar do tempo.

A urbanização é uma manifestação do desenvolvimento geográfico desigual

em uma certa escala (HARVEY, D. 1996:429). Na Amazônia esta escala inter-

relaciona, por meio de redes de comunicação e comércio, a macro e a micro escala,

o lugar e o mundo, e é permeada por um discurso e prática sócio-ecológicos

determinantes. O espaço na Amazônia, em especial o espaço urbano, configura

novas perspectiva s d e análise e prática fundamentada nas relações sócio-

ecológicas historicamente sedimentadas e em contínua mutação devido à expansão

das diversas redes interconectadas.

Assim, o espaço é compreendido não só como local onde ocorrem as ações,

mas como o local geográfico da ação (LEVEBVRE, 1986). Nesta visão existe a

possibilidade de compreender os vários produtores do espaço urbano (CORRÊA,

2002) e o modo como ocorre a produção, a circulação e o consumo de bens e

serviços e a partir desta compreensão definir a tipologia das cidades que compõem

a rede urbana sócio-ecológica. Portanto, a rede urbana será aqui considerada como

o conjunto de centros urbanos funcionalmente articulados entre si, algo socialmente

produzido, historicamente contextualizado, cujo papel principal é articular a

sociedade numa dada porção do território. As cidades não se constituem numa rede

funcional em si, mas para si. Quem se estabelece em rede é a sociedade, que tem a

cidade como base desse processo, sendo essa a escala da analise.

RESULTADOS: Uma Tipologia de Rede Urbana para o Amazonas A análise integrada dos arranjos institucionais pesquisados para as cidades

localizadas a longo da calha do rio Solimões-Amazonas permiti identificar d ois

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grupos distintos de cidades, com diferenciações internas (quadro 2), no que se

refere a construção de uma tipologia e hierarquização urbana.

Quadro 2: Tipologia proposta

TIPOLOGIA

CIDADES MÉDIAS

CARACTERÍSTICAS

CIDADE

CIDADES MÉDIAS DE RESPONSABILIDADE

TERRITORIALii

Exerce uma função na rede que vai além das suas características em si, pois detém uma responsabilidade territorial que a torna um nódulo importante internamente na rede. Exerce diversas funções urbanas e contém arranjos institucionais que são importantes não só para o município, mas para as cidades e municípios ao seu redor. A importância territorial da cidade tem origem no desenvolvimento histórico-geográfico que constituiu a rede urbana nesta região. O desenvolvimento econômico desta cidade tende a agregar valor na região.Ainda nesta tipologia deve-se incluir a variável “de fronteira” pois a dinâmica das cidades localizadas na fronteira as difere das demais tanto em termos de perfil urbano principalmente devido ao papel exercido pelas forças armadas quanto com relação as redes que se estabelecem.

Tabatinga Tefé

Manacapuru Parintins

Itacoatiara

CIDADE MÉDIA COM

DINÂMICA ECONÔMICA

EXTERNA

Tem importância na rede por sua inserção em uma dinâmica econômica externa, os vínculos com as demais cidades na rede não são necessariamente fortes, nem o seu desenvolvimento econômico implicará em um desenvolvimento regional significativo, pois a atividade econômica responsável pelo seu desenvolvimento não agrega valor nem no local nem regionalmente.

Coari

CIDADES PEQUENAS CARACTERÍSTICAS CIDADES

CIDADES PEQUENAS DE

RESPONSABILIDADE TERRITORIAL

Exerce uma função intermediária, entre os fluxos de transporte e comercialização, entre as cidades médias e as demais cidades pequenas e aglomeradas humanos.As cidades de fronteira também devem ser consideradas nesta tipologia de forma diferenciada pois exerce um papel específico e constitui redes de relações próprias.

Benjamin Constant;

Fonte Boa; Santo Antônio

do Içá

CIDADES PEQUENAS COM DINÂMICA

ECONÔMICA EXTERNA

Tem sua economia voltada para a exportação de algum produto (mineral, agropecuário, extrativista, ou de pequena indústria) para a cidade de porte grande, neste caso Manaus. É pouco relevante na manutenção da rede urbana da calha.

Iranduba Codajás

CIDADES PEQUENAS

DEPENDENTES

Pela ausência de infra-estrutura que possibilite exercerem plenamente as funções urbanas e por sua localização geográfica que torna mais complicada a relação delas com a calha central do rio, tornam-se dependentes das cidades médias e pequenas de responsabilidade territorial.

Amaturá; Alvaraes;

Santo Antônio do Içá;

Uarini; Anori; Tonantins;

Silves; Urucurituba;

Anamã; Jutaí; Careiro da

Várzea; São Paulo de

Olivença; Urucará

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14

Associado aos critérios demográficos tradicionais, a distribuição espacial de

variáveis como infra-estrutura de serviços (por exemplo: transporte – figuras 1 e 2 e

comunicação – figura 3); e, disponibilidade de equipamentos de saúde (figura 4),

segurança e do setor financeiro (figuras 5 a 8) tornou evidente as diferenças entre o

alto (rio Solimões) e baixo (rio Amazonas) curso da calha, sendo as cidades situadas

na calha do Amazonas e aquelas do Solimões próximas a Manaus (Iranduba e

Manacapuru) as que apresentaram maior quantidade e diversidade de serviços.

Figuras 1 e 2

Page 15: Rede Urbana na Amazônia dos Grandes Rios: Uma Tipologia para

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Devido às características do estado do Amazonas com relação à infra-

estrutura de transporte, fortemente dependente do transporte hidroviário, as figuras

acima, em especial a de numero 1, refletem bem a idéia de cidade média de

responsabilidade territorial tal como é o caso de Tefé e Tabatinga.

Figura 3

A disponibilidade de serviços de comunicação segue o padrão apresentado

pela distribuição geográfica das empresas de telefonia móvel.

Figura 4

Cidades da Calha Solimões-Amazonas – Total de empresas de telefonia móvel celular por municípios - 2007

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No caso das cidades Pólos em Serviços de Saúde percebe-se que a rede

urbana se estende para além dos rios determinados.

Figuras 5,6,7 e 8

Cidades da Calha Solimões-Amazonas – Total de população e de agências por município - 2007

Cidades da Calha Solimões-Amazonas – Total de agências por banco - 2007

Page 17: Rede Urbana na Amazônia dos Grandes Rios: Uma Tipologia para

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As figuras acima apresentadas reiteram a tipologia proposta e apontam para

uma diferenciação de rede urbana entre o rio Solimões e Amazonas. Esta

diferenciação pode, neste primeiro momento, ser justificada pelo processo de

desenvolvimento histórico-geográfico e pelo posicionamento das cidades localizadas

ao longo do rio Amazonas entre as duas metrópoles regionais do norte do país –

Manaus e Belém.

A analise do conjunto dos arranjos institucionais que permitiu definir a

tipologia de cidades de responsabilidade territorial é interessante, pois possibilita

compreender as articulações específicas entre estas e as demais cidades da calha

(Figura 9). Esta tipologia é importante no estudo das cidades no Amazonas, e

conseqüentemente na Amazônia, pois permite resgatar a importância do urbano em

cidades que se julgadas pelos critérios correntes não se perceberia sua importância

e desapareceriam do mapa.

Cidades da Calha Solimões-Amazonas – Total de Loterias - 2007

Cidades da Calha Solimões-Amazonas – Total de Caixa Aqui - 2007

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Figura 9

Manaus

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Bitoun “Observar em redes: implicações políticas, geopolíticas e técnico-científicas” realizada no Seminário Internacional Cidades na Floresta, em 01 de dezembro de 2006, Belém.