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Referencias bibliográficas: IASI, Mauro. Ensaios sobre consciência e emancipação. São Paulo: Expressão Popular, 2007, p. 11 – 87. THOMPSON, Edward. P. Algumas observações sobre classe e “falsa consciencia”. In: NEGRO, Antonio Luigi., SILVA, Sérgio. (orgs.) E. P. Thompson: as peculiaridades dos ingleses e outros artigos. Campinas: Edunicamp, 2001, p. 269-281. KONDER, Leandro. A questão da ideologia. São

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Page 1: Referencias bibliográficas: IASI, Mauro. Ensaios sobre consciência e emancipação. São Paulo: Expressão Popular, 2007, p. 11 – 87. THOMPSON, Edward. P

Referencias bibliográficas:

IASI, Mauro. Ensaios sobre consciência e emancipação. São Paulo: Expressão Popular, 2007, p. 11 – 87.

THOMPSON, Edward. P. Algumas observações sobre classe e “falsa consciencia”. In: NEGRO, Antonio Luigi., SILVA, Sérgio. (orgs.) E. P. Thompson: as peculiaridades dos ingleses e outros artigos. Campinas: Edunicamp, 2001, p. 269-281.

KONDER, Leandro. A questão da ideologia. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

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Consciência como processo/movimento – importa as leis da sua transformação – desenvolvimento – transições de uma forma para outra.

Consciência inserta na história de sua formação – amadurecimento por fases distintas que se superam – formas que se rompem – indicadores de futuros impasses, superações. Carrega fases superadas e retoma aparentemente formas antes abandonadas.

Processo múltiplo e uno:a) consciência individual - cada individuo transita de

certas visões de mundo a outras a partir de sua base de relações;

b) consciência de classe - da diversidade de manifestações individuais encontram-se linhas universais.

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O processo de consciência parte da exterioridade, da representação mental da sua vida e dos próprios atos:

“Todos são filósofos, ainda que ao seu modo, inconscientemente, porque inclusive na mais simples manifestação de uma atividade intelectual, a linguagem, está contida uma determinada concepção de mundo.” (Gramsci, A concepção dialética da história, p. 11)

“A consciência é naturalmente, antes de mais nada, mera conexão limitada com as outras pessoas e coisas situadas fora do indivíduo que se torna consciente.” (Marx, A ideologia alemã, p. 43)

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Para Freud, no campo da psicanálise: “Nesse sentido inicialmente, a consciência seria

o processo de representação mental (subjetiva) de uma realidade concreta e externa (objetiva), formada neste momento, através de seu vínculo de inserção imediata (percepção).  Dito de outra maneira, uma realidade externa que se interioriza”. (Iasi, p. 15)

A materialidade deste movimento se verifica em seu aspecto físico/orgânico e relacional (Homem-Homem e Homem-Natureza).

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Este movimento material se complexifica, já que para além da materialidade externa, resulta da captação de um concreto aparente, limitado, parte do todo.

“O novo indivíduo ao ser inserido no conjunto das relações sociais, que tem uma história que antecede a do indivíduo e vai além dela, capta assim, um momento abstraído do movimento. 

A partir daí busca compreender o todo pela parte – ultra-generalização – o que consistirá, como veremos, em um dos mecanismos básicos de sua primeira forma de consciência” (p. 14)

Outras informações chegam ao indivíduo sob a forma de conhecimento, que trazem uma perspectiva determinada.

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1- A vivência de relações que já estavam preestabelecidas como realidade dada;

2- A percepção da parte pelo todo, onde o que é vivido particularmente como uma realidade pontual torna-se “a realidade” (ultra-generalização);

3- Por este mecanismo as relações vividas perdem seu caráter histórico e cultural para tornarem-se NATURAIS, levando à percepção de que “sempre foi assim e sempre será”.

4- A satisfação das necessidades, seja da sobrevivência ou do desejo, deve respeitar a forma e a ocasião que não são definidos por quem sente, mas pelo outro que tem o poder de determinar o quando e o como;

5- Estas relações não permanecem externas, mas interiorizam-se como normas, valores e padrões de comportamento, formando com o SUPEREGO um componente que o indivíduo vê como dele, como auto cobrança e não como uma exigência externa;

6-Na luta entre a satisfação do desejo e a sobrevivência reprime ou desloca seu desejo;

7-Assim o indivíduo submete-se às relações dadas e interioriza os valores como seus, zelando por sua aplicação, desenvolvimento e reprodução.

http://mensagemflavioleandro.blogspot.com.br/2011/05/id-ego-super-ego.html

A família e a formação da estrutura psíquica (Freud)

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Família (valores morais)

Escola (determinada forma de escola)

Trabalho (assalariamento como prosperidade inevitável e satisfação pelo consumo)

Etc..

Compreensão do mundo a partir do vínculo imediato e particularizado, generalizando-o.

Tomando a parte pelo todo a consciência expressa-se como alienação.

Terreno fértil, onde será plantada a ideologia como forma de dominação

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“As ideias dominantes nada mais são que a expressão ideal das relações materiais dominantes, as relações materiais dominantes concebidas como idéias; portanto, a expressão das relações que tornam uma classe a classe a classe dominante, as idéias de sua dominação” (Marx, A Ideologia alemã, p. 72).

Propriedade privada – assalariamento = alienação x humanização.

a)      o ser humano está alienado da natureza;b)      o ser humano está alienado de si mesmo;c)      o ser humano esta alienado de sua espécie;

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“Este conjunto que une desordenada e contraditoriamente elementos de senso comum e instituições de um pensamento crítico, é a base do que chamamos de primeira forma de consciência.  Ela apresenta-se como alienação não porque desvincula-se da realidade, mas pelo fato de naturalizá-la, por desvincular os elementos componentes da visão de mundo de seu contexto e de sua história” (Iasi, p. 25)

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A família que determina no indivíduo inicialmente a ideologia dominante, é determinada pelas relações de produção dominante em dado momento histórico, garantindo a reprodução, reforço, frutificação das relações sociais de produção dominantes.

“...a ideologia e as relações sociais de produção formam um todo dialético, ou seja, não estabelecem simples relações de complementariedade, mas uma união de contrários.  Por mais elaborada, sofisticada ou eficiente que seja uma ideologia, ela é ainda a representação mental de certo estágio das forças produtivas historicamente determinadas” (Iasi, p. 26).

“...contradição insolúvel da sociedade capitalista: [...] as forças produtivas devem constantemente desenvolver-se, as relações sociais de produção e sua manifestação e justificativa ideológica devem permanecer estáticas em sua essência.  Com o desenvolvimento das forças produtivas, acaba por ocorrer uma dissonância entre as relações interiorizadas como ideologia e a forma concreta como se efetivam na realidade em mudança.  É o germe de uma crise ideológica” (Iasi, p. 26).

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O indivíduo diante dos valores, juízos, comportamentos introjetados e as novas relações vividas , busca vivê-las, julgá-las, compreendê-las., a partir das ferramentas idealizadas e das realidade concreta vivida.

Diante da – realidade material formam-se novos valores desencadeadores da contradição, vivenciada pelo individuo como conflito subjetivo e que se expressa e maneira mais nítida como revolta.

Ex: é o caso do indivíduo que pensava que trabalhando duro, um dia, ficaria rico...Contudo, o único que resulta deste esforço é uma vida miserável.

As relações materiais externas não expressam o valor interiorizado. Sentimento de injustiça e disposição de não submeter-se. Porém: “sempre foi assim”.  “sempre foram injustas”, preparando-se a sentença...

“sempre serão injustas”.  “A primeira forma da consciência pode então ser reapresentada.  É apenas

em certas condições que a revolta pode tornar-se uma passagem para uma nova etapa do processo de consciência” (Iasi, p. 28).

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Em determinadas condições a vivência das contradições da primeira forma de consciência (antigos valores e novas relações materiais) pode desencadear o princípio da superação do estado de alienação.

A vivência da injustiça solitariamente pode levar ao estado de revolta. A revolta partilhada no grupo pode levar à construção de uma identidade grupal.

Os sujeitos podem dimensionar o espaço de socialização política (espaço interativo, espaço comunicativo, espaço de luta e resisitência) desencadeando a ação coletiva reivindicatória, que busca a alteração do quadro de injustiça.

Consciência em si ou Consciência da reivindicação. Se faz nas lutas sindicais, lutas populares, movimentos culturais,

movimentos de mulheres, movimentos camponeses, movimentos estudantis, movimentos indígenas, etc...

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A consciência em si baseia-se na vivência de relações imediatas, supera a ótica do indivíduo, para a percepção da realidade como grupo, categoria e pode evoluir até a consciência de classe.

Ocorre a negação de parte da ideologia pela vivência das contradições do modo de produção x atuação de acordo com os valores considerados naturais e verdadeiros.

O trabalho nega a igualdade com relação capital;

O capital afirma a igualdade com base na liberdade;

Ao reconhecer-se como classe os trabalhadores (força) reconhecem o capital (contradição entre produção social e acumulação privada);

Ao reivindicar “conquistar” reproduz a necessidade do outro para satisfação o desejo.

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Consciência em si Consciência para si

“A verdadeira consciência de classe é fruto desta dupla negação: num primeiro momento o proletariado nega o capitalismo assumindo sua posição de classe, para depois negar-se a si próprio enquanto classe, assumindo a luta de toda a sociedade por sua emancipação contra o capital” (Iasi, p. 32).

A consciência em si, quando não “ultrapassa a simples negação de uma parte”, acaba por distanciar-se de sua meta revolucionária, busca novamente, mecanismos de adaptação à ordem estabelecida. 

“Superar a consciência da reivindicação pela da transformação.  O indivíduo transcende o grupo imediato e o vínculo precário com a realidade dada, busca compreender relações que se distanciam no tempo e no espaço, toma como sua a história da classe e do mundo.  Passa a conceber um sujeito coletivo e histórico como agente da transformação necessária” (Iasi, p. 24-25).

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As alterações da consciência se dão no plano individual e o processo de transformação é social, da classe;

Indivíduo que passou por amadurecimento da consciência, decorrente da sua vivência, continua inserido em grupo de consciência alienada;

Conflitos subjetivos internos entre o indivíduo que atingiu o patamar superior de consciência, mas a realidade e parte da sua estrutura psíquica continua atuando para negar a consciência para si; O militante que decide ir cuidar da vida...

Necessidade de manifestar a consciência para si para além do pensamento, através da prática;

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Religião – Emancipação Política – Emancipação Humana.Problema: o Homem não se reconhece enquanto humano, não

se reconhece no outro, na sua generosidade, mas através de uma mediação (religião, Estado, etc.) que impede os seres humanos de encontrarem-se a si mesmos como sujeitos da história.

O Estado afirma-se como mediação entre o Homem e a Liberdade Humana, criando duas dimensões do existir: O Público e o Privado/ Sociedade Civil e indivíduo privado/ Sem terra – Cidadão; Professor – Cidadão, etc

Esta cisão é funcional: o Homem é universal apenas na condição de proprietários exploradores e trabalhadores explorados, produção de mercadorias

Fetichisação da mercadoria e Reificação das relações humanas impedem a emancipação.

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Limites: A) o Estado é expressão política do mercado expressa os

interesses do capital;B) Capitalismo é mais que ma sociedade produtora de

mercadorias, é uma sociedade produtora de mais-valia, - produção do capital por meio da consumo da força de trabalho como mercadoria;

C) Liberdade de todos os homens: livres dos meios de produção, livres da servidão, livres da condição de existência autônoma.

D) Criação de uma classe dominante por “tradição”, “costume”, “educação”, naturalização das relações desiguais como “vontade comum”, através do poder político, poder da autoridade ou poder despótico.

A Emancipação Humana – exige a superação da mercadoria, do capital e do Estado.

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“A emancipação humana segue em sua ação prática uma rota oposta ao desenvolvimento histórico. Ao realizar uma revolução e quebrar o metabolismo do capital (ou iniciar sua negação) pela negação da propriedade privada dos meios de produção e a negação da força de trabalho como mercadoria, não se quebra a produção de mercadorias prevalecendo ainda o critério do valor como medida do intercâmbio entre o trabalho oferecido e os produtos retirados por cada um do fundo social. Para superar a lógica da mercadoria é necessário restabelecer a determinância do valor de uso, chegando, assim, à famosa equação de cada um segundo sua capacidade e a cada um segundo sua necessidade” (Iasi, p. 73).