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O Encontro Março de 2015 A Luz no Caminho - Associação Espiritualista - Distribuição gratuita Bhagavan Sri Ramana Maharshi Eu não estava lá (creio), mas, posso imaginar a dor e o senti- mento de desamparo que muitos dos devotos devem ter sentido na- quele 14 de abril de 1950, quando os olhos misericordiosos do Mestre se fecharam para sempre. O Senhor de Arunachala, que por tantos anos havia estado disponível à huma- nidade em um corpo físico, havia atingido o Mahasamadhi (a gran- de libertação). Milhares de pessoas choravam a Sua “Morte”. Muitos dentre os devotos e dis- cípulos de Ramana, entretanto, já estavam preparados internamente pela proximidade e pela dedica- ção ao Senhor. Estes hão de ter chorado sim, afinal eram humanos, mas, jamais se sentiram desampara- dos. Sabiam que a palavra “Morte” não se aplicava, em absoluto, ao Senhor. A Presença do Mestre a estes já era irrevogável. Nunca se apartariam Dele. Por algum tempo, muitos se afastaram de Ramanasra- man mas, aos poucos, a Força os atraiu de volta. O Asraman, então, cresceu ainda mais e chegou até nós. E nós, que não estivemos com Ele em Seu corpo físico, tivemos a Graça de poder conhecê-Lo e de nos tornar- mos devotos. Mas a Graça se faz por intenção do Mestre. Ele nos dirigiu Sua compaixão! Pudemos olhar o retrato, ser tocados por Bhagavan, a expressão da Verdade Reflexões Seu olhar transformador, sentir a Sua presença e entrar em contato com Seus ensinamentos. Ramana esteve entre os devotos em corpo físico o tempo preciso, segundo Seu Destino, para nos dar um exemplo vivo do Advaita Ve- danta. Assim, tudo que se refere ao nosso Senhor, Bhagavan Sri Rama- na Maharshi, é divino ensinamento. E não seria diferente com a morte ou “doença” do corpo. Esta “doença”, que tanto afligiu os devotos, chegou através de um pequeno tumor maligno próximo ao cotovelo do braço esquerdo de Bhagavan, e a conduta do Mestre foi em si Instrução a todos nós: “Vocês dão importância demasiada ao corpo”, “Eu não sou o corpo”, dizia Ele. E o nosso Senhor viveu sem concessões essa Verdade. Em um dos procedimentos recusou-se a receber anestésico e estremeceu de dor quando, mesmo contraria- dos, os médicos cortaram parte do tumor em seu braço. O Maharshi afirmou então “Sim o corpo ex- perimentou dor, mas e sou Eu o corpo?”. Este é o nosso Mestre aquele que jamais se desvia da verdade e nos convida a através da devoção a es- tarmos mais e mais próximos a Ele! Hare Ramana Hare Por Lêda Maria Fraga

Reflexões Bhagavan, a expressão da Verdade · proclamado por Krishna, no Bhagavat Gita, como a oração universal. Assim como o sol acaba com a escuridão, também o ... legal criado

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O EncontroMarço de 2015A Luz no Caminho - Associação Espiritualista - Distribuição gratuita

Bhagavan Sri Ramana Maharshi

Eu não estava lá (creio), mas, posso imaginar a dor e o senti-mento de desamparo que muitos dos devotos devem ter sentido na-quele 14 de abril de 1950, quando os olhos misericordiosos do Mestre se fecharam para sempre. O Senhor de Arunachala, que por tantos anos havia estado disponível à huma-nidade em um corpo físico, havia atingido o Mahasamadhi (a gran-de libertação). Milhares de pessoas choravam a Sua “Morte”.

Muitos dentre os devotos e dis-cípulos de Ramana, entretanto, já estavam preparados internamente pela proximidade e pela dedica-ção ao Senhor. Estes hão de ter chorado sim, afinal eram humanos, mas, jamais se sentiram desampara-dos. Sabiam que a palavra “Morte” não se aplicava, em absoluto, ao Senhor. A Presença do Mestre a estes já era irrevogável. Nunca se apartariam Dele. Por algum tempo, muitos se afastaram de Ramanasra-man mas, aos poucos, a Força os atraiu de volta.

O Asraman, então, cresceu ainda mais e chegou até nós. E nós, que não estivemos com Ele em Seu corpo físico, tivemos a Graça de poder conhecê-Lo e de nos tornar-mos devotos. Mas a Graça se faz por intenção do Mestre. Ele nos dirigiu Sua compaixão! Pudemos olhar o retrato, ser tocados por

Bhagavan, a expressão da Verdade

Reflexões

Seu olhar transformador, sentir a Sua presença e entrar em contato com Seus ensinamentos.

Ramana esteve entre os devotos em corpo físico o tempo preciso, segundo Seu Destino, para nos dar um exemplo vivo do Advaita Ve-danta. Assim, tudo que se refere ao nosso Senhor, Bhagavan Sri Rama-na Maharshi, é divino ensinamento. E não seria diferente com a morte ou “doença” do corpo.

Esta “doença”, que tanto afligiu os devotos, chegou através de um pequeno tumor maligno próximo ao cotovelo do braço esquerdo de Bhagavan, e a conduta do Mestre foi em si Instrução a todos nós: “Vocês dão importância demasiada ao corpo”, “Eu não sou o corpo”, dizia Ele. E o nosso Senhor viveu sem concessões essa Verdade. Em um dos procedimentos recusou-se a receber anestésico e estremeceu de dor quando, mesmo contraria-dos, os médicos cortaram parte do tumor em seu braço. O Maharshi afirmou então “Sim o corpo ex-perimentou dor, mas e sou Eu o corpo?”.

Este é o nosso Mestre aquele que jamais se desvia da verdade e nos convida a através da devoção a es-tarmos mais e mais próximos a Ele!

Hare Ramana Hare

Por Lêda Maria Fraga

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O Encontro março, 2015

O mantra é uma vibração sonora que, quando emitido corretamente, exerce um efeito poderoso no nosso corpo e na nossa mente. É uma pa-lavra de poder, uma palavra sagrada. A sílaba “man” é oriunda de “manas”, que significa mente e a sílaba “tra“ significa aquilo que protege.

O Gayatri é considerado o mantra da iluminação. É o mais reverencia-do mantra da tradição védica, sendo proclamado por Krishna, no Bhagavat Gita, como a oração universal.

Assim como o sol acaba com a escuridão, também o mantra Gayatri destrói a ignorância, e concede libertação.

Vejamos então o significado destas sa-gradas palavras.

“Om” é o mantra-semente, que contém tudo dentro de si. O som primordial, a fon-te de toda criação.

“Bhúr” remete a onde nos encontramos, o mundo da nossa experiência (terra) o mundo fenomênico.

“Bhuva” é o mundo da aquisição mental. Nossa experiência atual é o efeito da nossa aquisição mental. É o resultado do karma, acumulado em vidas anteriores.

“Sváhá” é o plano da busca por algo além. É quando se começa a utilizar o intelecto como meio de al-cançar esferas espirituais mais eleva-das.

Então, de início temos três cama-das: o mundo físico, o mental e o intelectual.

“Tat” quer dizer aquilo, no sentido

Gayatri o mantra da IluminaçãoCírculo de Estudos

Próxima palestraTema: Ramana Maharshi

Palestrante: Cristiane Simões

Data e horário: 11 de abril, às 19h

do imperecível, do absoluto, aquele que não se pode descrever com pa-lavras.

“Savitur” é aquilo que revela ou ilu-mina a alma.

“Varenyam” significa adorável, vene-rável.

De uma maneira geral, Bhargo sig-nifica “luz”. Mas uma luz

poderosa, que pode revelar a alma. Refulgência que des-trói os pecados. A radiação da glória, a energia que consome a ignorância e, por conseguinte, o sofrimento e a miséria.

“Devasya” é uma súplica “concede-nos a sabedoria divina, a iluminação que vem de Deus”.

“Dhimahi” significa adorar, partici-par do fluxo, da corrente de devoção. À medida que servimos, obtemos a predisposição para serviços cada vez

maiores e nossa devoção é impulsio-nada.

“Dhyo yo nah prachodayat” é um pedido para que a grande visão seja despertada em nós, para que nossas mentes sejam iluminadas.

Apesar da dificuldade de traduzir ao português o significado elevado do Gayatri, abaixo indicamos algumas traduções livres:

“Meditamos na refulgência espiritual daquela suprema, adorável e infi-

nita realidade divina, fonte dos três mundos (fenomênico,

sutil ou psíquico e causal). Que aquele divino e su-premo Ser possa estimu-lar a nossa inteligência para que possamos re-alizar a verdade.”

“O Deus, tu és o doador da vida, o re-movedor da dor e da tristeza, que garante a

felicidade; O criador do universo, possamos nós

receber a Tua suprema luz, destruidora dos peca-

dos; possa Tu guiar o nosso intelecto no caminho certo.”

Em síntese, o Gayatri é uma ora-ção sagrada, através da qual rogamos a Deus por proteção e libertação e que pode ser usada por qualquer pessoa.

Da palestra “Porque falar sobre o Gayatri” Círculo de Estudos de 13 de fevereiro de 2015, por Vera Carolina Ramalho de Mello.

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O Encontromarço, 2015

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A Iniciação através do OlharEu me prostrei diante de Bha-

gavan e sentei. Naquele momento, os olhos de Bhagavan me fitaram. Se você quer olhar Bhagavan, deve escolher um momento em que Ele não esteja olhando diretamen-te para você, porque quando isto acontece, é impossível manter os olhos abertos. A intensidade do olhar de Bhagavan é demais para um humano comum. É como se algum poder invisível tivesse entra-do em você e caminhado para as profundezas de seu ser, e não exis-tisse mais nada além da abençoada consciência do Ser.

Por um pequeno espaço de tem-po, olhei Bhagavan com os olhos abertos. Dentro de alguns segun-dos, eles se fecharam por sua pró-pria conta, e eu estava completa-mente imersa em uma paz que não consigo descrever. Não sei quan-to tempo permaneci neste estado abençoado. Após algum tempo, tentei abrir meus olhos e vi que o olhar de Bhagavan permanecia sobre mim. Ele não havia mudado sua posição, nem retirado aquele mágico olhar. Fechei meus olhos novamente.

Após algum tempo, ouvi vozes

Filosofia

Certa vez, um ocidental que visi-tava o Ashram, trouxe uma cadeira de lona dobrável para o salão de meditação. Não tendo o hábito de se sentar no chão, ele, obviamente, teve a ideia de usar esta cadeira a

fim de ser capaz de meditar na presença de Bhagavan. Como o visitante estivesse desdobrando a cadeira e montando-a, um dos aten-dentes do Ashram percebeu o que estava acontecendo. O atendente aproximou-se do visitante e lhe disse, que não havia esta prática – a de se sentar em uma ca-deira mais alta na presen-ça de Bhagavan. O visitan-te, sentindo ser impossível, para ele, sentar-se no chão, recolheu a cadeira e deixou o salão.

Bhagavan estava obser-vando tudo e disse ao aten-dente: “Então! Você prestou um grande serviço ao seu Mestre, não foi? Aquele ho-

mem planejava usar uma cadeira por não ter condições de se sen-tar no chão. E você, espertamente impediu-o de ter uma ação tão desrespeitosa! E agora, o que você planeja fazer com esta outra pessoa

que está sentada justo acima de minha cabeça?”

Nós todos olhamos para cima e vimos um grande macaco no teto do salão, diretamente acima da cabeça de Bhagavan. Até que Bhagavan falasse, nenhum de nós o havia notado. Agora, todos os olhares estavam sobre ele, mas o macaco estava totalmente despreo-cupado da atenção que recebia dos que estavam no chão.

Bhagavan disse: “Se fôssemos capazes, tentaríamos impor nossa vontade sobre os demais. Se a ou-tra pessoa é mais forte, deixamo-la fazer o que deseja. Tal é a natureza humana. Porque devemos nos pre-ocupar com tais assuntos triviais? Que diferença pode fazer se a pes-soa senta no chão ou sobre uma cadeira? O que é alto e o que é baixo? Não são apenas conceitos? Não deveríamos aprender a olhar além destas coisas?”Do livro Cherished Memories, p. 192, tradu-zido por Vera Carolina Ramalho de Mello.

O que fazer sobre isto?

e abri meus olhos para ver o que estava acontecendo. Srinivasa Rao tinha chegado com a correspon-dência.

Kameswaramma se aproximou. Ela estava muito emocionada. Abraçou-me e, com lágrimas em seus olhos disse-me: Kanakamma! Você é afor-tunada. Que maravilhosa experiên-cia você teve! Desde o momento em que se sentou diante Dele, até a chegada de Srinavasa, os olhos de Bhagavan estiveram sobre você!

Do livro Cherished Memories, p. 65, tradu-zido por Vera Carolina Ramalho de Mello.

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O Encontro março, 2015

A Luz no Caminho - Associação Espiritualista | Rua Maxwell, 145 - Vila Isabel - Rio de Janeiro, RJ - CEP 20541-100 | (21) 2208 5196 | Horário de funcionamento (inclusive dias santos e feriados): segundas e quartas, das 14h30 às 20h30 - terças e quintas, das 14h30 às 21h00 - sábados, das 14h00 às 20h00 | Mais informações no site: www.aluznocaminho.org.br | Site da Casa de Ramana: www.casaderamana.org.br | Notícias da Casa: www.casaderamana.blogspot.com

Casa de Ramana

Acolher um idoso é um gesto de amor!

Acolher um idoso é um gesto de amor!

O envelhecimento da população brasileira já se coloca na agenda política dos programas e projetos sociais desenvolvidos pelo governo brasileiro. É na velhice que mais se precisa de cuidado, de carinho e de afeto.

Esta é a missão da Casa de Ra-mana. Iluminada pelo olhar gene-roso e cativante de Bhagavan, a Casa de Ramana desempenha uma importante função social ao acolher e cuidar de nove senhoras idosas (as conhecidas “vovós” da Casa de Ramana) e, também, prestar assis-tência a mais de trinta idosos e seus familiares, através da distri-buição mensal de cestas básicas, remédios, material escolar, dentre outros itens materiais.

Por Ana Izabel Moura de Carvalho

No Brasil, o envelhecimento da população se torna uma questão social quando vem acompanhado do abandono e das carências ma-teriais (como moradia, alimentação, acesso à saúde e a medicamentos).

Além do Estatuto do Idoso - instituído pela Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, cujo o obje-tivo é regular os direitos assegu-rados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, existe também a Carteira do Ido-so. Esta Carteira é um instrumento legal criado para pessoas maiores de sessenta anos, que não tenham como comprovar renda individual de até dois salários mínimos. Com a carteira, o idoso pode ter acesso gratuito ou descontos de, no mí-nimo 50% no valor das passagens interestaduais. Mais informações no site do Ministério de Desenvolvi-mento Social (www.mds.gov.br).