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Reforço de Pilares de Betão por Encamisamento Híbrido com Mantas de FRP Sérgio Carneiro Henriques Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil Orientadores: Prof. Doutor Eduardo Nuno Brito Santos Júlio Prof. Doutor Fernando José Forte Garrido Branco Júri Presidente: Prof. Doutor Luís Manuel Coelho Guerreiro Orientador: Prof. Doutor Eduardo Nuno Brito Santos Júlio Vogal: Prof. Doutor João Pedro Ramôa Ribeiro Correia Abril de 2015

Reforço de Pilares de Betão por Encamisamento Híbrido ...€¦ · elevado módulo de elasticidade, fibras de aramida e fibras de vidro. Foram utilizados dois tipos de reforço,

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  • Reforço de Pilares de Betão por Encamisamento Híbrido

    com Mantas de FRP

    Sérgio Carneiro Henriques

    Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

    Engenharia Civil

    Orientadores: Prof. Doutor Eduardo Nuno Brito Santos Júlio

    Prof. Doutor Fernando José Forte Garrido Branco

    Júri

    Presidente: Prof. Doutor Luís Manuel Coelho Guerreiro

    Orientador: Prof. Doutor Eduardo Nuno Brito Santos Júlio

    Vogal: Prof. Doutor João Pedro Ramôa Ribeiro Correia

    Abril de 2015

  • i

    Resumo

    A presente dissertação incide sobre o estudo experimental do comportamento de pilares de betão de

    secção circular reforçados com materiais compósitos de FRP com fibras de carbono de reduzido e

    elevado módulo de elasticidade, fibras de aramida e fibras de vidro. Foram utilizados dois tipos de

    reforço, o de uso corrente em que o sistema de confinamento é constituído apenas por um tipo de

    fibra e um encamisamento híbrido, sendo o sistema de confinamento constituído por dois tipos de

    fibra.

    A motivação para este estudo advém da crescente utilização de materiais compósitos no reforço de

    estruturas e como tal a necessidade de aprofundar o conhecimento deste tipo de sistema de reforço.

    O estudo experimental envolveu a realização de vários ensaios de compressão uniaxial até à rotura

    dos modelos de catorze séries diferentes, duas das quais corresponderam às séries de referência em

    que os modelos de betão não apresentavam reforço. Relativamente às doze séries confinadas com

    mantas de FRP, em todas elas o sistema de confinamento consistiu em 3 camadas de mantas.

    Foram utilizadas três camadas de reforço com o objectivo de avaliar a influência de diferentes

    disposições de camadas no caso dos sistemas híbridos, utilizando sempre duas mantas do mesmo

    tipo de fibra alternando com outra manta com um tipo de fibra diferente. Quatro séries

    corresponderam a sistemas de confinamento constituídos apenas por um tipo de fibra, sendo as

    restantes oito constituídas por sistemas de confinamento híbridos.

    Os resultados experimentais foram analisados em termos de diversos parâmetros que caracterizam o

    comportamento à compressão do betão confinado. O nível de confinamento atingido, avaliado

    principalmente pelo acréscimo de tensão-extensão de rotura à compressão e da extensão do FRP, foi

    relacionado com o tipo de encamisamento. Experimentalmente verificou-se que a resistência dos

    pilares de betão reforçados com mantas de FRP pode ser consideravelmente incrementada, em

    especial nos sistemas de reforço com aramida.

    Efectuou-se uma análise de custo versus o acréscimo de resistência dos diversos sistemas de

    confinamento utilizados, tendo-se obtido soluções híbridas com acréscimos de resistência

    semelhantes e custos mais baixos

    Efectuou-se ainda a comparação dos ensaios experimentais com os resultados obtidos por diversos

    modelos teóricos publicados até à data. A estimativa da tensão última do betão confinado com FRP

    apresenta uma maior fiabilidade face à estimativa da extensão axial. Realizou-se a calibração de

    modelos teóricos que permitem uma estimativa da tensão de rotura do betão confinado com FRP.

    Palavras-chave: pilares de betão, secção circular, reforço estrutural, confinamento, FRP, sistemas

    híbridos, análise experimental.

  • ii

  • iii

    Abstract

    This master thesis focuses on the experimental study of the behaviour of circular cross-section

    strengthened concrete columns, with FRP composite materials with low and high modulus of elasticity

    carbon fibers, aramid fibers and glass fibers. Two types of reinforcement have been used, a standard

    one, in which the confinement system contains only one type of fiber and hybrid systems, where the

    confinement system contains two types of fiber.

    The motivation for this study comes from the increasing use of composite materials in strengthening

    structures and therefore the need to deeper the knowledge of this type of reinforcement system.

    The experimental study involved various monotonic axial compression tests at failure, for fourteen

    models of different series, two of them corresponded to the reference series which the models are not

    strengthened. For the twelve series confined with FRP sheets, in all of them, the confinement system

    consisted in three layers of sheets. Three reinforcing sheets were used in order to evaluate the

    influence of different arrangements of layers in hybrid systems. Two sheets of equal fibres were used

    alternating with a different one. Four series, corresponded to confinement systems containing a single

    type of fiber, and the remaining eight, consisted of hybrid systems.

    The experimental results were analyzed in terms of various parameters that characterize the

    compressive behavior of confined concrete. The achievement level of confinement, evaluated by

    stress-strain failure in compression and the FRP strain was related to the type of wrapping.

    Experimentally it was found that the resistance of strenghtened concrete columns with FRP sheets

    can be considerably increased, especially in confinement systems with aramid.

    Cost analysis versus increase resistance of the various confinement systems was performed. It was

    found that it is possible to obtain hybrid confinement solutions with similar strength capacity at lower

    costs.

    The laboratorial tests are compared with the results obtained by many analytical models published to

    date. The analysis results highlight that the errors related to the strength are lower than that of ultimate

    strain. Strength prediction is rather good; on the other hand, the large scatter of strain data makes this

    prediction more difficult. Calibration of analytical models that allows predict the strength of FRP

    confined concrete was carried out.

    Keywords: columns, circular section, structural reinforcement, confinement, FRP, hybrid systems,

    experimental analysis.

  • iv

  • v

    Agradecimentos

    A realização da presente dissertação só foi possível devido a várias pessoas e entidades que das

    mais variadas formas contribuíram para a sua realização.

    Ao Professor Eduardo Nuno Brito Santos Júlio, orientador científico desta dissertação expresso o

    meu profundo agradecimento pela sua disponibilidade, profissionalismo, entusiasmo e apoio científico

    revelado.

    Ao Professor Fernando José Forte Garrido Branco, co-orientador científico desta dissertação gostaria

    também de expressar o meu profundo agradecimento, pelo apoio dado na pesquisa bibliográfica e na

    realização dos ensaios experimentais, pela partilha de conhecimentos e ainda pela ajuda na

    preparação do artigo referente a esta dissertação, apresentado nas Jornadas Portuguesas de

    Engenharia de Estruturas 2014.

    Ao pessoal técnico do LERM, especialmente ao Fernando Alves agradeço todo o apoio prestado,

    sem o qual a realização dos ensaios e, consequentemente, a elaboração desta dissertação não teria

    sido possível.

    À empresa S&P Clever Reinforcement Ibérica Lda, na pessoa do Engenheiro Filipe Dourado,

    agradeço o fornecimento dos materiais de reforço.

    Ao Engenheiro João Pedro Lage da Costa Firmo quero expressar o meu agradecimento pela ajuda

    prestada no laboratório, pelo esclarecimento de dúvidas e ainda pelo apoio dado na pesquisa

    bibliográfica.

    Aos meus colegas de curso, André Alves e Sérgio Ferreira, agradeço toda a amizade,

    companheirismo e apoio transmitidos ao longo dos anos em que estudámos e realizámos trabalhos

    juntos.

    Aos meus pais e à minha irmã agradeço todo o apoio, amor e compreensão, não só ao longo desta

    dissertação mas também ao longo de toda a minha vida. Sem a ajuda do meu pai na aplicação das

    mantas de FRP esta dissertação não seria possível, o meu muito obrigado pelo seu apoio.

    Por fim, agradeço à minha namorada, Alda Dinis, todo o seu amor, apoio, dedicação, compreensão e

    que nos momentos mais difíceis sempre me motivou a continuar, permitindo-me fechar mais uma

    importante etapa da minha vida.

  • vi

  • vii

    Índice geral

    Resumo .....................................................................................................................................................i

    Abstract.................................................................................................................................................... iii

    Agradecimentos ........................................................................................................................................v

    Índice geral ............................................................................................................................................. vii

    Índice de figuras ...................................................................................................................................... xi

    Índice de tabelas ................................................................................................................................... xvi

    Simbologia ........................................................................................................................................... xviii

    Siglas ..................................................................................................................................................... xxi

    1 Introdução ........................................................................................................................................ 1

    1.1 Enquadramento ......................................................................................................................... 1

    1.2 Objectivos da dissertação ......................................................................................................... 2

    1.3 Organização do documento ...................................................................................................... 2

    2 Reforço de pilares com compósitos de FRP .................................................................................... 5

    2.1 Introdução ................................................................................................................................. 5

    2.2 Materiais compósitos reforçados com fibras (FRP) .................................................................. 8

    2.2.1 Fibras ............................................................................................................................... 8

    2.2.2 Resinas .......................................................................................................................... 11

    2.2.3 Matriz polimérica............................................................................................................ 12

    2.2.4 Técnicas e características gerais dos adesivos de colagem ........................................ 13

    2.3 Mantas .................................................................................................................................... 15

    2.4 Encamisamento com mantas de FRP .................................................................................... 16

    2.5 Propriedades mecânicas dos compósitos de FRP ................................................................. 18

    3 Modelos analíticos para betão confinado com sistemas de FRP .................................................. 21

    3.1 Introdução ............................................................................................................................... 21

    3.2 Betão simples .......................................................................................................................... 21

    3.3 Betão confinado com armaduras de aço ................................................................................ 23

    3.3.1 Modelos teóricos............................................................................................................ 28

    3.4 Betão confinado com sistemas de FRP .................................................................................. 28

    3.4.1 Modelos teóricos............................................................................................................ 35

  • viii

    3.4.1.1 Modelos orientados para o dimensionamento .......................................................... 37

    3.4.1.2 Modelos orientados para a análise............................................................................ 47

    3.4.1.3 Tensão-extensão de rotura do betão confinado com FRP ....................................... 49

    3.5 Modelos de dimensionamento e verificação da segurança .................................................... 53

    3.5.1 Bulletin 14 da fib ............................................................................................................ 54

    3.5.1.1 Equações de previsão “exactas” ............................................................................... 54

    3.5.1.2 Equações de previsão “aproximadas” ....................................................................... 56

    3.5.1.3 Valor de cálculo da tensão de rotura à tracção do FRP de confinamento ................ 57

    3.5.2 ACI 440.2R-08, 2008 ..................................................................................................... 57

    3.5.3 Norma Italiana CNR-DT 200/2004, 2004 ...................................................................... 60

    3.6 Resposta tensão-deformação ................................................................................................. 64

    3.7 Ensaios experimentais em pilares .......................................................................................... 67

    3.7.1 Tipo de fibras ................................................................................................................. 67

    3.7.2 Número de camadas de FRP e rigidez de confinamento.............................................. 72

    3.7.3 Nível de cintagem e orientação das fibras .................................................................... 74

    3.7.4 Geometria do pilar ......................................................................................................... 75

    3.7.5 Classe de resistência do betão ..................................................................................... 78

    4 Estudo experimental do betão confinado com sistemas híbridos de FRP .................................... 81

    4.1 Programa experimental ........................................................................................................... 81

    4.1.1 Objectivos do programa experimental ........................................................................... 81

    4.2 Materiais .................................................................................................................................. 81

    4.2.1 Betão ............................................................................................................................. 81

    4.2.2 Compósitos de fibras de carbono, aramida e vidro ....................................................... 85

    4.3 Ensaios de compressão uniaxial dos modelos de pilares ...................................................... 86

    4.3.1 Caracterização dos modelos de pilares de betão ......................................................... 86

    4.3.1.1 Geometria das secções transversais ........................................................................ 86

    4.3.1.2 Configuração das soluções de confinamento em FRP ............................................. 87

    4.3.1.3 Procedimento de aplicação do encamisamento em FRP ......................................... 89

    4.3.2 Sistema e procedimento de ensaio ............................................................................... 90

    4.3.2.1 Equipamento de ensaio e de aquisição de dados..................................................... 90

  • ix

    4.3.2.2 Instrumentação .......................................................................................................... 91

    4.4 Resultados dos ensaios experimentais .................................................................................. 93

    4.4.1 Introdução ...................................................................................................................... 93

    4.4.2 Ensaios experimentais com betão de referência 1 (Betão B1) ...................................... 95

    4.4.2.1 Série PB1.000 – Modelos de referência para o 1º grupo de ensaios ........................ 95

    4.4.2.2 Série PB1.3C1 ............................................................................................................ 96

    4.4.2.3 Série PB1.3C2 ............................................................................................................ 97

    4.4.2.4 Série PB1.C1.2C2 ....................................................................................................... 98

    4.4.2.5 Série PB1.2C1.C2 ....................................................................................................... 99

    4.4.2.6 Série PB1.C1.2A ....................................................................................................... 101

    4.4.2.7 Série PB1.2C1.A ....................................................................................................... 102

    4.4.2.8 Série PB1.A.C1.A...................................................................................................... 103

    4.4.2.9 Série PB1.2A.C1 ....................................................................................................... 104

    4.4.3 Ensaios experimentais com o betão de referência 2 (Betão B2) ................................. 105

    4.4.3.1 Série PB2.000 – Modelos de referência para o 2º grupo de ensaios ...................... 105

    4.4.3.2 Série PB2.3A ............................................................................................................ 106

    4.4.3.3 Séria PB2.3G ........................................................................................................... 107

    4.4.3.4 Série PB2.A.2G ........................................................................................................ 108

    4.4.3.5 Série PB2.2A.G ........................................................................................................ 109

    5 Discussão dos resultados dos ensaios experimentais ................................................................ 111

    5.1 Introdução ............................................................................................................................. 111

    5.2 Tensão e extensões axial e circunferencial na rotura .......................................................... 111

    5.3 Influência do tipo de fibras .................................................................................................... 116

    5.4 Influência dos sistemas híbridos ........................................................................................... 118

    5.5 Disposição das camadas ...................................................................................................... 124

    5.6 Extensão do FRP .................................................................................................................. 127

    5.7 Coeficiente de confinamento ................................................................................................ 129

    5.8 Extensão volumétrica e dilatância ........................................................................................ 133

    5.9 Análise custo / benefício ....................................................................................................... 141

    6 Comparação entre modelos analíticos e resultados experimentais ............................................ 145

  • x

    6.1 Diagramas tensão-extensão axial ......................................................................................... 145

    6.2 Tensão e extensão de rotura do betão confinado com FRP ................................................ 152

    6.3 Modelo analítico proposto ..................................................................................................... 161

    6.3.1 Tensão de rotura do betão confinado com FRP – Modelo analítico 1 ........................ 161

    6.3.2 Tensão de rotura do betão confinado com FRP – Modelo analítico 2 ........................ 163

    7 Considerações finais .................................................................................................................... 167

    7.1 Conclusões ........................................................................................................................... 167

    7.2 Desenvolvimentos Futuros ................................................................................................... 168

    8 Bibliografia .................................................................................................................................... 171

    Anexos ................................................................................................................................................. 179

    Anexo A ............................................................................................................................................... 181

    Diagramas de extensão volumétrica ................................................................................................... 181

    Anexo B ............................................................................................................................................... 187

    Relação entre a extensão lateral e axial (dilatância) .......................................................................... 187

    Anexo C ............................................................................................................................................... 193

    Tabelas com o cálculo dos custos das séries confinadas com FRP. ................................................. 193

    Anexo D ............................................................................................................................................... 197

    Diagramas teóricos de tensão-deformação axial obtidos com base na extensão de rotura à tracção do

    FRP de confinamento (εfu). .................................................................................................................. 197

    Anexo E ............................................................................................................................................... 205

    Comparação entre os resultados experimentais e os resultados teóricos obtidos com base na tensão

    lateral de confinamento última efectiva flu(εju). .................................................................................... 205

    Anexo F ............................................................................................................................................... 213

    Comparação entre os resultados experimentais e os resultados teóricos obtidos com base na tensão

    lateral de confinamento última teórica flu(εfu). ...................................................................................... 213

  • xi

    Índice de figuras

    Figura 1.1 – Evolução dos trabalhos de reabilitação em Portugal .......................................................... 1

    Figura 2.1 – Técnicas correntes para o encamisamento de pilares de betão armado ........................... 5

    Figura 2.2 – Aplicações de materiais compósitos em diversas indústrias .............................................. 6

    Figura 2.3- Primeiras aplicações de FRP na engenharia civil ................................................................ 6

    Figura 2.4 – Orientação das fibras no encamisamento com compósitos de fibras ................................ 7

    Figura 2.5 – Variação de resistência com a orientação das fibras ......................................................... 8

    Figura 2.6 – Tipos de fibra utilizados em mantas para o reforço de pilares ......................................... 10

    Figura 2.7 – Propriedades à tracção para vários tipos de fibra. ........................................................... 11

    Figura 2.8 – Matriz polimérica ............................................................................................................... 13

    Figura 2.9 – Método de colagem através da introdução de tiras de laminados de CFRP em rasgos

    efectuados no betão .............................................................................................................................. 14

    Figura 2.10 – Encamisamento automático ............................................................................................ 14

    Figura 2.11 – Colagem de FRP pré-esforçado ..................................................................................... 15

    Figura 2.12 – Reforço com mantas de fibra de carbono num pilar ....................................................... 16

    Figura 2.13 – Passos da aplicação da manta de FRP .......................................................................... 17

    Figura 2.14 – Disposição dos materiais poliméricos ............................................................................. 17

    Figura 3.1 – Diagramas tensão/extensão (σ/ε) do betão ...................................................................... 22

    Figura 3.2 – Ensaio de compressão num provete cilíndrico. Lei tensão-deformação em compressão

    axial ....................................................................................................................................................... 22

    Figura 3.3 – Pormenorização de armadura num pilar ........................................................................... 23

    Figura 3.4 – Efeito dos diferentes tipos de confinamento no diagrama tensões-extensões do betão. 24

    Figura 3.5 – Tensão lateral de confinamento em secções circulares ................................................... 25

    Figura 3.6 – Núcleo de betão efectivamente confinado ........................................................................ 26

    Figura 3.7 – Núcleo de betão efectivamente confinado com armaduras transversais em secções

    rectangulares ......................................................................................................................................... 27

    Figura 3.8 – Tipo de encamisamento com FRP .................................................................................... 29

    Figura 3.9 – Efeito do raio de curvatura em pilares com secções quadradas e circulares .................. 29

    Figura 3.10 – Comparação entre a acção de confinamento dos FRP com o aço ................................ 29

    Figura 3.11 – Tensão lateral de confinamento exercida pelo encamisamento com FRP .................... 30

    Figura 3.12 – Estado triaxial de tensões verificado no encamisamento com FRP ............................... 31

    Figura 3.13 – Pilar com encamisamento parcial ................................................................................... 33

    Figura 3.14 – Fibras orientadas de forma helicoidal ............................................................................. 34

    Figura 3.15 – Núcleo de betão efectivamente confinado com FRP, numa secção rectangular ........... 34

    Figura 3.16 – Área efectivamente confinada em colunas de betão armado com secção rectangular

    com e sem encamisamento de FRP e variando o raio dos cantos arredondados ............................... 35

    Figura 3.17 – Comparação entre os diagramas tensão-extensão axial do betão não confinado, com o

    betão confinado com aço e FRP ........................................................................................................... 36

    Figura 3.18 – Modelo bilinear proposto por Samaan et al (1998) ......................................................... 37

    Figura 3.19 - Modelo proposto por Toutanji (1999) ............................................................................... 39

  • xii

    Figura 3.20 – Modelo proposto por Lam e Teng (2003) ....................................................................... 42

    Figura 3.21 – Modelo tensão-extensão axial proposto pela CNR-DT 200/2004 (2004) ....................... 44

    Figura 3.22 – Modelo proposto por Wei e Wu (2012) ........................................................................... 45

    Figura 3.23 – Processo iterativo do modelo proposto por Spoelstra e Monti (1999) ............................ 49

    Figura 3.24 – Procedimento de cálculo para a determinação da deformação última e resistência última

    à compressão do betão ......................................................................................................................... 55

    Figura 3.25 – Secção circular equivalente ............................................................................................ 59

    Figura 3.26 – Modelo tensão-extensão axial de dimensionamento proposto pela

    CNR-DT 200/2004 (2004) ..................................................................................................................... 64

    Figura 3.27 – Classificação das curvas tensão-deformação ................................................................ 65

    Figura 3.28 – Comparação entre o betão não confinado, confinado com aço e com FRP .................. 67

    Figura 3.29 – Relação entre o coeficiente de confinamento e a extensão última mobilizada pelo

    FRP. ....................................................................................................................................................... 70

    Figura 3.30 – Comparação entre a resistência e a extensão na rotura obtida para os modelos

    ensaiados com os diferentes compósitos de FRP. ............................................................................... 71

    Figura 3.31 – Relação entre a resistência e o coeficiente de confinamento. ....................................... 72

    Figura 3.32 – Curva tensão-deformação para diferentes níveis de confinamento ............................... 72

    Figura 3.33 – Influência do nível de confinamento no efeito de Poisson .............................................. 73

    Figura 3.34 – Relação entre o acréscimo de extensão axial e o coeficiente de confinamento ............ 73

    Figura 3.35 – Curvas tensão-deformação para diversos espaçamentos ............................................. 74

    Figura 3.36 – Curvas tensão-deformação para modelos de betão armado confinados e não

    confinados com CFRP ........................................................................................................................... 76

    Figura 3.37 – Efeito do raio de curvatura dos cantos arredondados .................................................... 77

    Figura 3.38 – Variação do valor de ke com a relação rc /b .................................................................... 77

    Figura 3.39 – a) Relação entre o acréscimo de resistência e o coeficiente de eficácia de

    confinamento; b) Relação entre o factor de eficácia de confinamento e a classe de resistência do

    betão ...................................................................................................................................................... 78

    Figura 3.40 – Influência da classe de resistência do betão no acréscimo da extensão axial última do

    betão confinado com FRP ..................................................................................................................... 79

    Figura 4.1 – Curva utilizada para a caracterização da resistência à compressão do betão da segunda

    série de ensaios. ................................................................................................................................... 84

    Figura 4.2 – Tipos de fibra utilizados .................................................................................................... 85

    Figura 4.3 – Resina epóxida constituída por dois componentes .......................................................... 85

    Figura 4.4 – Modelos de pilares ............................................................................................................ 86

    Figura 4.5 – Modelo confinado com sistema de reforço híbrido com CFRP e AFRP. .......................... 87

    Figura 4.6 – Procedimento de aplicação das mantas de FRP .............................................................. 90

    Figura 4.7 – Equipamento de ensaio e de aquisição de dados ............................................................ 91

    Figura 4.8 – Posicionamento dos transdutores de deslocamentos verticais. ....................................... 91

    Figura 4.9 – Posicionamento dos extensómetros ................................................................................. 92

    Figura 4.10 – Aplicação dos extensómetros ......................................................................................... 93

  • xiii

    Figura 4.11 – a) Rotura das fibras de encamisamento; b) Betão ligado ao encamisamento após a

    rotura do modelo; c) Formação de um cone de betão na zona de rotura do modelo. .......................... 95

    Figura 4.12 – Diagrama tensão-deformação para o modelo PB1.000 definido pelo EC2..................... 96

    Figura 4.13 – Diagramas tensão-deformação para a série PB1.3C1. ................................................... 97

    Figura 4.14 – Rotura dos modelos da série PB1.3C1. ........................................................................... 97

    Figura 4.15 – Diagramas tensão-deformação para a série PB1.3C2. ................................................... 98

    Figura 4.16 – Rotura dos modelos da série PB1.3C2 ............................................................................ 98

    Figura 4.17 – Diagramas tensão-deformação para a série PB1.C1.2C2................................................ 99

    Figura 4.18 – Rotura dos modelos da série PB1.C1.2C2. ...................................................................... 99

    Figura 4.19 – Diagramas tensão-deformação para a série PB1.2C1.C2.............................................. 100

    Figura 4.20 – Rotura dos modelos da série PB1.2C1.C2 ..................................................................... 100

    Figura 4.21 – Diagramas tensão-deformação para a série PB1.C1.2A. .............................................. 101

    Figura 4.22 – Rotura dos modelos da série PB1.C1.2A ....................................................................... 101

    Figura 4.23 – Diagramas tensão-deformação para a série PB1.2C1. A. ............................................. 102

    Figura 4.24 – Rotura dos modelos da série PB1.2C1.A ....................................................................... 102

    Figura 4.25 – Diagramas tensão-deformação para a série PB1.A.C1. A. ............................................ 103

    Figura 4.26 – Rotura dos modelos da série PB1.A.C1.A ..................................................................... 104

    Figura 4.27 – Diagramas tensão-deformação para a série PB1.2A.C1. .............................................. 105

    Figura 4.28 – Rotura dos modelos da série PB1.2A.C1 ....................................................................... 105

    Figura 4.29 – Diagrama tensão-deformação para o modelo PB2.000 definido pelo EC2................... 106

    Figura 4.30 – Diagramas tensão-deformação para a série PB2.3A. ................................................... 107

    Figura 4.31 – Rotura dos modelos da série PB2.3A ............................................................................ 107

    Figura 4.32 – Diagramas tensão-deformação para a série PB2.3G. ................................................... 108

    Figura 4.33 – Rotura dos modelos da série PB2.3G ........................................................................... 108

    Figura 4.34 – Diagramas tensão-deformação para a série PB2.A.2G. ............................................... 109

    Figura 4.35 – Rotura dos modelos da série PB2.A.2G ........................................................................ 109

    Figura 4.36 – Diagramas tensão-deformação para a série PB2.2A.G. ............................................... 110

    Figura 4.37 – Rotura dos modelos da série PB2.2A.G ........................................................................ 110

    Figura 5.1 – Valores médios para a tensão de rotura à compressão (fcc). ......................................... 112

    Figura 5.2 – Valores médios para a extensão axial rotura de compressão (εcc). ............................... 112

    Figura 5.3 – Valores médios para a extensão circunferencial de rotura do encamisamento de

    FRP ...................................................................................................................................................... 113

    Figura 5.4 – Valores médios para a tensão de rotura e respectivas extensões axiais e laterais para os

    modelos do betão B1. .......................................................................................................................... 114

    Figura 5.5 – Valores médios para a tensão de rotura e respectivas extensões axiais e laterais para os

    modelos do betão B2. .......................................................................................................................... 114

    Figura 5.6 – Curvas tensão-deformação para a série de ensaios do betão B1. ................................. 115

    Figura 5.7 – Curvas tensão-deformação para a série de ensaios do betão B2. ................................. 116

    Figura 5.8 – Resultados experimentais para as séries confinadas com um tipo de fibra ................... 117

  • xiv

    Figura 5.9 - Valores médios para a tensão e extensão axial de rotura normalizados para as séries

    confinadas com um tipo de fibra. ........................................................................................................ 117

    Figura 5.10 - Diagrama tensão-extensão axial normalizadas para as séries confinadas com um tipo de

    fibra. ..................................................................................................................................................... 118

    Figura 5.11 – Resultados experimentais normalizados para análise da influência dos sistemas

    híbridos ................................................................................................................................................ 120

    Figura 5.12 – Valores médios para a tensão e extensão axial de rotura normalizadas para as séries

    confinadas com carbono e/ou aramida. .............................................................................................. 121

    Figura 5.13 – Valores médios para a tensão e extensão axial de rotura normalizadas para as séries

    confinadas com aramida e/ou vidro. ................................................................................................... 122

    Figura 5.14 – Diagramas tensão-extensão axial normalizadas para as séries confinadas com carbono

    e/ou aramida. ....................................................................................................................................... 123

    Figura 5.15 – Diagramas tensão-extensão axial normalizadas para as séries confinadas com aramida

    e/ou vidro. ............................................................................................................................................ 124

    Figura 5.16 – Resultados experimentais para os sistemas híbridos carbono-aramida em que se

    alterou a disposição das camadas ...................................................................................................... 125

    Figura 5.17 – Valores médios para a tensão e extensão axial de rotura normalizadas para as séries

    confinadas com sistemas híbridos carbono-aramida em que se alterou a disposição das

    camadas. ............................................................................................................................................. 126

    Figura 5.18 – Diagramas tensão-extensão axial normalizadas para as séries confinadas com carbono

    e aramida em que se estudou a influência da disposição das camadas. ........................................... 126

    Figura 5.19 – Mobilização da extensão última do FRP de confinamento. .......................................... 128

    Figura 5.20 – a) Relação entre o acréscimo de resistência e a rigidez do sistema de confinamento;

    b) Relação entre o acréscimo de ductilidade e a rigidez do sistema de confinamento. ..................... 132

    Figura 5.21 – a) Relação entre o acréscimo de resistência e o coeficiente de confinamento;

    b) Relação entre o acréscimo de ductilidade e o coeficiente de confinamento. ................................. 133

    Figura 5.22 - Extensão volumétrica para as séries do betão B1. ........................................................ 134

    Figura 5.23 - Extensão volumétrica para as séries do betão B2. ........................................................ 134

    Figura 5.24 – Relação entre a extensão lateral e axial para as séries do betão B1. .......................... 135

    Figura 5.25 – Relação entre a extensão lateral e axial para as séries do betão B2. .......................... 136

    Figura 5.26 – a) Extensão volumétrica para as séries confinadas apenas com um tipo de fibra;

    b) Relação entre a extensão lateral e axial para as séries confinadas com apenas um tipo de

    fibra. ..................................................................................................................................................... 137

    Figura 5.27 – a) Extensão volumétrica para as séries com sistemas de confinamento com mais de um

    tipo de fibra (carbono C1-carbono C2 e carbono C1-aramida); b) Relação entre a extensão lateral e

    axial para as séries com sistemas de confinamento com mais de um tipo de fibra (carbono C1-carbono

    C2 e carbono C1-aramida). .................................................................................................................. 139

    Figura 5.28 – a) Extensão volumétrica para as séries com sistemas de confinamento de aramida e/ou

    vidro; b) Relação entre a extensão lateral e axial para as séries com sistemas de confinamento

    aramida e/ou vidro. .............................................................................................................................. 140

  • xv

    Figura 5.29 – Custo associado a cada série. ...................................................................................... 142

    Figura 5.30 – a) Comparação entre o custo e o acréscimo de resistência; b) Custo por acréscimo de

    resistência associado a cada série. .................................................................................................... 144

    Figura 6.1 – Comparação entre os resultados experimentais e os modelos teóricos com base na

    tensão lateral de confinamento última fl(εju) ........................................................................................ 149

    Figura 6.2 – Comparação entre os resultados experimentais e os valores teóricos obtidos com base

    na extensão de rotura do encamisamento de FRP verificada experimentalmente (εju) ..................... 156

    Figura 6.3 – Comparação entre os resultados experimentais e os valores teóricos obtidos com base

    na extensão de rotura à tracção do encamisamento de FRP (εfu) ...................................................... 160

    Figura 6.4 – Relação entre o coeficiente k1, e o coeficiente de confinamento flu/fc0. .......................... 161

    Figura 6.5 – Comparação entre o modelo analítico 1 e os resultados experimentais para a tensão de

    rotura à compressão do betão confinado com FRP. ........................................................................... 163

    Figura 6.6 – Relação entre o parâmetro A e o módulo de elasticidade para o encamisamento de

    FRP ...................................................................................................................................................... 164

    Figura 6.7 – Comparação entre o modelo analítico 2 e os resultados experimentais para a tensão de

    rotura à compressão do betão confinado com FRP. ........................................................................... 165

  • xvi

    Índice de tabelas

    Tabela 2.1 – Propriedades das fibras correntes para reforço dos FRP ................................................ 10

    Tabela 2.2 – Propriedades físicas e mecânicas das resinas termoendurecíveis ................................. 12

    Tabela 3.1 – Expressões que permitem determinar a tensão máxima de compressão do betão

    confinado (fcc) e a respectiva extensão axial (εcc). ................................................................................ 51

    Tabela 3.2 – Factores parciais de segurança para os FRP .................................................................. 57

    Tabela 3.3 – Factor de redução ambiental CE, para vários tipos de FRP e condições de exposição. . 60

    Tabela 3.4 – Valores dos factores parciais γf ........................................................................................ 63

    Tabela 3.5 – Factor de conversão ambiental ηa, para diferentes condições ambientais e sistemas de

    FRP ........................................................................................................................................................ 63

    Tabela 3.6 – Ensaios experimentais em modelos de betão de secção circular realizados por diversos

    autores. .................................................................................................................................................. 68

    Tabela 3.7 – Coeficiente da extensão de rotura do FRP e extensão de rotura nos ensaios

    normalizados. ........................................................................................................................................ 70

    Tabela 4.1 - Cálculo da tensão média de rotura do betão à compressão da primeira série de ensaios a

    tempo infinito. ........................................................................................................................................ 82

    Tabela 4.2 – Extensão do betão à compressão correspondente à tensão fcm, da primeira série de

    ensaios. ................................................................................................................................................. 83

    Tabela 4.3 – Tensão de rotura à compressão dos provetes de betão da segunda série de ensaios. . 83

    Tabela 4.4 – Extensão do betão à compressão correspondente à tensão fcm, da segunda série de

    ensaios. ................................................................................................................................................. 84

    Tabela 4.5 – Módulo de elasticidade secante do betão para várias idades. ........................................ 85

    Tabela 4.6 – Propriedades dos diferentes tipos de fibra utilizados fornecidas pelas fichas técnicas da

    S&P Clever Reinforcement.................................................................................................................... 86

    Tabela 4.7 – Configurações das soluções de confinamento dos diversos modelos ............................ 88

    Tabela 4.8 – Configurações dos compósitos utilizados no confinamento dos modelos. ...................... 94

    Tabela 5.1 – Resultados experimentais: tensão de rotura à compressão, extensão axial e lateral. .. 111

    Tabela 5.2 – Resultados experimentais para a tensão e extensão de rotura para as séries de

    referência e confinadas com um tipo de fibra. .................................................................................... 116

    Tabela 5.3 – Resultados experimentais para a tensão e extensão axial de rotura para as séries de

    referência e confinadas com dois tipos de fibra. ................................................................................. 119

    Tabela 5.4 – Resultados experimentais para a tensão e extensão axial de rotura para as séries

    confinadas com sistemas híbridos carbono-aramida em que se alterou a disposição das

    camadas. ............................................................................................................................................. 124

    Tabela 5.5 – Extensão do FRP correspondente à rotura dos modelos de cada série. ...................... 127

    Tabela 5.6 – Factor de eficiência do FRP. .......................................................................................... 129

    Tabela 5.7 – Parâmetros para o cálculo da rigidez do sistema de confinamento (Kconf) e da tensão

    lateral de confinamento última (flu). ..................................................................................................... 130

  • xvii

    Tabela 5.8 – Rigidez do sistema de confinamento, tensão lateral de confinamento última, coeficiente

    de confinamento e acréscimo de tensão e extensão axial de compressão para as séries

    ensaiadas. ........................................................................................................................................... 131

    Tabela 5.9 – Custo das mantas de FRP ............................................................................................. 141

    Tabela 5.10 – Custo da resina saturante ............................................................................................ 141

    Tabela 5.11 – Custo por acréscimo de resistência associado a cada uma das séries. ..................... 141

    Tabela 6.1 – Tensão lateral última efectiva de confinamento e tensão lateral última teórica de

    confinamento. ...................................................................................................................................... 145

    Tabela 6.2 – Comparação entre os resultados experimentais e os modelos teóricos para a tensão de

    rotura à compressão (fcc) obtidos para a tensão lateral de confinamento última flu(εju). ..................... 151

    Tabela 6.3 – Comparação entre os resultados experimentais e os modelos teóricos para a extensão

    axial de rotura (εcc) obtida obtidos para a tensão lateral de confinamento última flu(εju). .................... 152

    Tabela 6.4 – Comparação entre os resultados experimentais e os resultados teóricos para a tensão

    de rotura à compressão do betão confinado com FRP, calculada com base na extensão de rotura do

    FRP verificada experimentalmente (εju). ............................................................................................. 154

    Tabela 6.5 – Comparação entre os resultados experimentais e os resultados teóricos para a extensão

    de rotura do betão confinado com FRP, calculada com base na extensão de rotura do FRP verificada

    experimentalmente (εju). ...................................................................................................................... 155

    Tabela 6.6 – Comparação entre os resultados experimentais e os resultados teóricos para a tensão

    de rotura à compressão do betão confinado com FRP, calculada com base na extensão última do

    FRP (εfu). .............................................................................................................................................. 158

    Tabela 6.7 – Comparação entre os resultados experimentais e os resultados teóricos para a extensão

    última do betão confinado com FRP, calculada com base na extensão última do FRP (εfu).............. 159

    Tabela 6.8 – Parâmetros para a calibração do modelo analítico 1. .................................................... 162

    Tabela 6.9 – Parâmetros para a calibração do modelo analítico 2. .................................................... 165

  • xviii

    Simbologia

    Notações romanas maiúsculas

    Símbolo Descrição

    𝐴𝑐 Área da secção de betão confinado

    𝐴𝑒 Área da secção de betão efectivamente confinado

    𝐴𝑔 Área total da secção de betão

    𝐴𝑠𝑙 Área total de armaduras longitudinais

    𝐴𝑠𝑤 Área da secção transversal do sistema de confinamento

    𝐴𝑢 Área da secção de betão não confinado

    𝐶𝐸 Factor ambiental de redução

    𝐷 Diâmetro do pilar

    𝐸𝑐 Módulo de elasticidade tangente do betão

    𝐸𝑐𝑚 Valor médio do módulo de elasticidade do betão

    𝐸𝑑 Valor de cálculo do efeito das acções

    𝐸𝑓 Módulo de elasticidade à tracção do compósito de FRP

    𝐸𝑓𝑖𝑏 Módulo de elasticidade à tracção das fibras

    𝐸𝑓𝑖𝑏,𝑖 Módulo de elasticidade das fibras da manta i

    𝐸𝑓𝑖𝑏′ Módulo de elasticidade equivalente das fibras

    𝐸𝑗 Módulo de elasticidade do encamisamento de FRP

    𝐸𝑙 Módulo de confinamento

    𝐸𝑚 Módulo de elasticidade à tracção da matriz

    𝐸𝑠𝑒𝑐 Módulo de elasticidade secante do betão

    𝐾𝑐𝑜𝑛𝑓 Rigidez do sistema de confinamento de FRP

    𝑀𝐶𝑅 Coeficiente de confinamento modificado

    𝑁𝑅𝑐𝑐,𝑑 Valor de cálculo do esforço axial resistente do elemento de betão confinado com FRP

    𝑁𝑠𝑑 Valor de cálculo do esforço axial actuante

    𝑃 Passo da hélice

    𝑃𝑛 Valor nominal da resistência axial de compressão do betão

    𝑅𝑑 Valor de cálculo das resistências

    𝑇𝑔 Temperatura de transição vítrea

    𝑉0 Volume do núcleo de betão confinado

    𝑉𝑐𝑜𝑛𝑓 Volume do sistema de confinamento

    𝑉𝑓𝑖𝑏 Fracção volumétrica das fibras

    𝑉𝑚 Fracção volumétrica da matriz

  • xix

    Notações romanas minúsculas

    𝑐𝑐𝑜𝑛𝑓. Coeficiente de confinamento

    𝑏 Diâmetro da coluna, dimensão da secção quadrada ou menor dimensão da secção rectangular

    𝑏𝑗 Largura do encamisamento de FRP

    𝑐 Dimensão da secção rectangular

    𝑑𝑠 Diâmetro do núcleo de betão confinado, medido em relação ao eixo das armaduras transversais

    𝑓𝑐0 Tensão de rotura à compressão do betão não confinado

    𝑓𝑐 Tensão de compressão no betão

    𝑓𝑐𝑐 Tensão máxima à compressão do betão confinado

    𝑓𝑐𝑐𝑑 Valor de cálculo da tensão de rotura de confinamento

    𝑓𝑐𝑑 Valor de cálculo da tensão de rotura à compressão do betão não confinado

    𝑓𝑐𝑖 Tensão de rotura à compressão do provete cúbico i

    𝑓𝑐𝑘 Valor característico de tensão de rotura do betão à compressão

    𝑓𝑐𝑘,𝑐𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜𝑠 Valor característico da tensão de rotura à compressão para os provetes cilíndricos

    𝑓𝑐𝑘,𝑐𝑢𝑏𝑜𝑠 Valor característico da tensão de rotura à compressão para os provetes cúbicos

    𝑓𝑐𝑢 Tensão de rotura à compressão do betão confinado

    𝑓𝑐𝑚 Valor médio da tensão de rotura à compressão do betão

    𝑓𝑐𝑚,𝑐𝑢𝑏𝑜𝑠 Valor médio da tensão de rotura à compressão para os provetes cúbicos

    𝑓𝑓 Tensão de rotura à tracção do compósito de FRP

    𝑓𝑓𝑑 Valor de cálculo da tensão última de tracção do FRP

    𝑓𝑓𝑖𝑏 Tensão de rotura à tracção das fibras

    𝑓𝑓𝑘 Valor característico da tensão de tracção do FRP

    𝑓𝑓𝑢 Tensão última de tracção do compósito de FRP

    𝑓𝑗 Tensão de tracção do encamisamento de FRP

    𝑓𝑗𝑢 Tensão última de tracção do encamisamento de FRP

    𝑓𝑙 Tensão lateral de confinamento

    𝑓𝑙,𝑒𝑓 Tensão lateral efectiva de confinamento

    𝑓𝑙,𝑒𝑞 Tensão lateral de confinamento equivalente

    𝑓𝑙𝑢 Tensão lateral de confinamento última

    𝑓𝑚 Tensão de rotura à tracção da matriz

    𝑓𝑠𝑦 Tensão de cedência da armadura transversal

    𝑓𝑦𝑑 Valor de cálculo da tensão de cedência do aço à tracção

    𝑓𝑦𝑘 Valor característico da tensão de cedência à tracção do aço

    ℎ maior dimensão da secção rectangular

    𝑘𝑎, 𝑘𝑏 Coeficientes de eficiência para ter em consideração a geometria da secção transversal

  • xx

    𝑘𝑒 Coeficiente de eficácia de confinamento

    𝑘𝐻 Coeficiente de eficácia de confinamento horizontal

    𝑘𝜀 Coeficiente de eficácia do FRP

    𝑘𝑉 Coeficiente de eficácia de confinamento vertical

    𝑘𝛼 Coeficiente de eficácia de confinamento para encamisamento helicoidal

    𝑘1, 𝑘2 Coeficientes determinados experimentalmente

    𝑛𝑠𝑙 Número de varões longitudinais

    𝑟𝑐 Raio dos cantos arredondados

    𝑠 Espaçamento das armaduras transversais ou do encamisamento de FRP

    𝑠′ Espaçamento livre entre armaduras transversais e bandas de FRP

    𝑠𝑙′ Distância livre entre varões longitudinais adjacentes e lateralmente restringidos

    𝑡 Idade do betão em dias

    𝑡𝑗 Espessura do encamisamento de FRP

    𝑤𝑖′ Distância livre entre os cantos arredondados

    Notações gregas minúsculas

    Símbolo Descrição

    𝛼𝑓 Ângulo de aplicação das fibras com o eixo longitudinal da coluna

    𝛼𝑓𝐸 Coeficiente de segurança relativo à rigidez do FRP

    𝛾𝑐 Coeficiente parcial relativo ao betão

    𝛾𝑓 Factor parcial de segurança para o FRP

    𝛾𝑅𝑑 Coeficiente parcial para a resistência dos modelos

    𝛾𝑠 Coeficiente parcial relativo ao aço

    𝜀𝑐 Extensão axial de compressão do betão

    𝜀𝑐0 Extensão axial do betão correspondente à tensão de rotura de compressão do betão não confinado 𝑓𝑐0

    𝜀𝑐𝑐 Extensão axial do betão correspondente à tensão de rotura de compressão do betão

    confinado 𝑓𝑐𝑐

    𝜀𝑐𝑐𝑑 Valor de cálculo da extensão axial última do betão confinado

    𝜀𝑐𝑢 Extensão axial de rotura do betão à compressão

    𝜀𝑓𝑑 Valor de cálculo da extensão última do FRP

    𝜀𝑓𝑘 Valor característico da extensão de tracção do FRP

    𝜀𝑓𝑢 Extensão de rotura à tracção do FRP

    𝜀𝑓𝑢𝑚 Valor médio da extensão última do FRP verificada no ensaio normalizado de tracção

    𝜀𝑗 Extensão circunferencial do encamisamento de FRP

    𝜀𝑗𝑢 Extensão circunferencial de rotura do encamisamento de FRP correspondente à rotura à compressão do betão confinado

    𝜀𝑗=𝑙 extensão circunferencial do encamisamento de FRP (igual à extensão lateral do betão, 𝜀𝑙)

    𝜀𝑙 Extensão lateral do betão

  • xxi

    𝜀𝑣 Extensão volumétrica

    𝜀 ̅ Extensão axial normalizada

    𝜂𝑎 Factor de conversão ambiental

    𝜇 Coeficiente de dilatação

    𝜇0 Coeficiente de dilatação inicial

    𝜇𝑚á𝑥 Coeficiente de dilatação máximo

    𝜇𝑢 Coeficiente de dilatação último

    𝜌𝑐𝑜𝑛𝑓 Relação volumétrica de confinamento

    𝜌𝑓𝑖𝑏,𝑖 Densidade das fibras da manta i

    𝜌𝑗 Relação volumétrica do encamisamento de FRP

    𝜌𝑘 Coeficiente de rigidez do sistema de confinamento

    𝜌𝑠𝑐 Percentagem de armaduras longitudinais em relação à área total de betão confinado

    𝜌𝑠𝑤 Relação volumétrica das armaduras transversais

    𝜌𝜀 Coeficiente de deformação do sistema de confinamento

    𝜎𝑐 Tensão de compressão do betão

    𝜙 Factor redutor da resistência

    𝜓𝑓 Factor redutor da resistência do FRP

    Notações gregas maiúsculas

    Símbolo Descrição

    Δ𝑅 Acréscimo de resistência

    Siglas

    Símbolo Descrição

    ACI American Concrete Institute

    AFRP Polímero reforçado com fibras de aramida (do termo inglês aramid fibre reinforced polymer)

    ASTM American Society for Testing and Materials

    CFRP Polímero reforçado com fibras de carbono (do termo inglês carbon fibre reinforced polymer)

    CNR Italian National Research Council

    EC2 Eurocódigo 2

    Fib Fédération Internacionale du Béton

    FRP Polímero reforçado com fibras (do termo inglês fibre reinforced polymer)

    GFRP Polímero reforçado com fibras de vidro (do termo inglês glass fibre reinforced polymer)

    HM Rigidez Elevada (do termo inglês high modulus)

    HM CFRP Polímero reforçado com fibras de carbono de elevado módulo de elasticidade (do termo inglês high modulus carbon fibre reinforced polymer)

  • xxii

    HPC Betão de elevado desempenho (do termo inglês High Performance Concrete)

    HS Resistência Elevada (do termo inglês High Strenght)

    HSS Secções tubulares (do termo inglês Hollow Structural Sections)

    IM Rigidez Intermédia (do termo inglês Intermediate Modulus)

    ITZ Zona de interface entre o agregado e a pasta ligante (do termo inglês Interfacial Transition Zone)

    UHM Rigidez Ultra Elevada (do termo inglês Ultra High Modulus)

    UHS Resistência Ultra Elevada (do termo inglês Ultra High Strenght)

  • Introdução

    1

    1 Introdução

    1.1 Enquadramento

    As estruturas são projectadas para um período de vida útil, correspondendo a 50 anos no caso de

    estruturas correntes. Depois de ultrapassado o limite de vida útil das estruturas, estas deverão ser

    avaliadas e, caso seja necessário, deverão sofrer intervenções de reparação ou reforço. Por outro

    lado, mesmo no decurso da sua vida útil, as estruturas necessitam frequentemente de intervenções,

    motivadas e.g. por necessidade de adaptação a novas utilizações. Deste modo, a reparação e o

    reforço de estruturas apresenta cada vez mais um papel importante na Engenharia Civil. Nos últimos

    anos as actividades de manutenção, reparação, reabilitação e reforço de estruturas têm vindo a

    ganhar um peso cada vez maior no sector da construção civil em Portugal (Figura 1.1).

    Figura 1.1 – Evolução dos trabalhos de reabilitação em Portugal de [1]: a) 1990 – 2010; b) 2011 – 2030; c) Mercado de Reabilitação em Portugal.

    Existe um número considerável de técnicas a que se pode recorrer para a execução de operações de

    reforço estrutural. No caso de pilares em betão armado, algumas destas incluem o seu

    encamisamento através de betão, aço ou de materiais de compósitos, Fiber Reinforced Polymer

    (FRP). Actualmente, verifica-se um aumento no uso dos FRP neste contexto pois apresentam

    inúmeras vantagens e competitividade económica, conduzindo a um aumento da capacidade

    resistente dos pilares, da sua ductilidade e da sua capacidade de absorção de energia, por efeito do

    confinamento em toda a altura do pilar ou apenas em troços críticos [2]. As mantas de FRP também

    aumentam a resistência ao corte do pilar e previnem roturas prematuras na sequência, por exemplo,

    da acção sísmica [3].

    O estudo aqui descrito teve por objectivo fazer a prova de um novo conceito de reforço de pilares de

    betão por encamisamento híbrido de FRP, tendo como motivação principal as diferenças em termos

    de módulo de elasticidade e custos das fibras comercializadas: carbono, aramida e vidro. O estudo do

    encamisamento híbrido surge da necessidade de tentar obter um incremento de resistência

    considerável para pilares de betão, através da junção de um material de reforço mais caro com um

    material mais barato, tornando assim o sistema de reforço mais económico. O estudo do sistema

    16%

    84%

    Trabalhos reabilitação

    Trabalhos novos

    44,9%

    55,1%

    Trabalhos reabilitação

    Trabalhos novos

    Edifícios Residenciais

    47,0%

    Edifícios Não

    Residenciais 20,0%

    Património Monumental

    19,0%

    Eficiência Energética

    7,0%

    Infra-estruturas

    7,0%

    a) b) c)

  • Reforço de pilares de betão por encamisamento híbrido com mantas de FRP

    2

    híbrido, baseou-se essencialmente na análise experimental, tendo sido realizadas várias séries de

    ensaios de compressão até à rotura de modelos de pilares circulares em betão. Os modelos

    experimentais de cada série foram concebidos de forma a avaliar, principalmente, a influência do tipo

    de FRP adoptado no encamisamento. Ensaiaram-se modelos com encamisamentos constituídos por

    apenas um tipo de fibra e modelos com encamisamentos constituídos por dois tipos de fibra, aqui

    designados sistemas híbridos. Em todos os modelos reforçados foram adoptadas três camadas de

    FRP.

    1.2 Objectivos da dissertação

    A presente dissertação pretende contribuir para o aprofundamento dos conhecimentos existentes no

    domínio do reforço de pilares de betão, através da proposta e estudo de uma técnica inovadora de

    encamisamento híbrido de FRP.

    A metodologia adoptada no desenvolvimento deste trabalho foi a seguinte:

    Realização de uma pesquisa bibliográfica, de forma a obter uma síntese e a tomar um

    conhecimento actual das contribuições relevantes nesta área;

    Definição de um programa experimental que permitisse avaliar o confinamento de pilares de

    betão de secção circular com compósitos de FRP reforçados combinando vários tipos de fibra

    (carbonos de reduzido e elevado módulo de elasticidade, aramida e vidro);

    Observação experimental do comportamento à compressão dos modelos de pilares de betão

    confinados com compósitos de FRP reforçados com vários tipos de fibra;

    Confrontação dos resultados experimentais com modelos analíticos propostos por diferentes

    autores.

    Os principais objectivos que orientaram a definição deste trabalho foram os seguintes:

    Definir a influência do tipo de fibra;

    Avaliar a eficácia de encamisamentos híbridos;

    Caracterizar a influência da disposição de camadas de reforço nos sistemas híbridos;

    Avaliar a adequação dos modelos teóricos existentes na literatura na previsão do

    comportamento de pilares reforçados por encamisamento de FRP.

    1.3 Organização do documento

    A presente dissertação encontra-se estruturada em sete capítulos de acordo com os objectivos

    definidos.

    O primeiro capítulo faz um breve enquadramento sobre a necessidade crescente de reparar e

    reforçar as estruturas e em como, neste contexto, o reforço com FRP se apresenta como uma

    alternativa interessante relativamente às técnicas correntes.

  • Introdução

    3

    No segundo capítulo, com base na pesquisa bibliográfica efectuada, são apresentadas as principais

    características, vantagens e desvantagens do reforço de pilares com materiais compósitos de FRP, e

    indicam-se os materiais e tecnologias associados a esta técnica.

    O terceiro capítulo, igualmente baseado na pesquisa bibliográfica efectuada, apresenta uma

    compilação de vários modelos teóricos que permitem estimar o efeito do confinamento em elementos

    de betão com compósitos de FRP, incluindo alguns contidos em propostas normativas. Apresenta-se

    ainda, o resumo de alguns trabalhos experimentais de investigação sobre confinamento com FRP,

    onde se estudam diversos parâmetros que influenciam o comportamento do betão confinado com

    FRP.

    No quarto capítulo apresenta-se o programa experimental que serviu de base ao estudo do

    confinamento de pilares de betão de secção circular com vários tipos de FRP: carbon fibre reinforced

    polymer (CFRP), high modulus carbon fibre reinforced polymer (HM CFRP), aramid fibre reinforced

    polymer (AFRP) e glass fiber reinforced polymer (GFRP). No início deste capítulo, faz-se a

    caracterização dos modelos de pilares e dos sistemas de FRP adoptados no confinamento, bem

    como os respectivos procedimentos de aplicação. Na segunda parte, apresentam-se os resultados

    dos ensaios de caracterização dos materiais utilizados na produção dos modelos. Na terceira parte é

    feita uma descrição relativamente ao sistema de ensaio e instrumentação dos modelos. Finalmente,

    são apresentados os resultados dos ensaios de compressão até à rotura das catorze séries de

    modelos ensaiadas, cada uma delas constituída por dois modelos iguais. Em duas destas, uma para

    cada tipo de betão adoptado, os modelos não foram reforçados, servindo assim como referência. As

    restantes doze séries foram confinadas com três camadas de mantas de FRP, nomeadamente:

    HM CFRP, CFRP, AFRP, GFRP e oito séries com soluções híbridas, constituídas por combinações

    dos FRP anteriormente referidos, adoptando-se sempre duas camadas de um mesmo FRP e uma

    camada de um FRP diferente.

    O quinto capítulo apresenta uma análise global dos resultados dos ensaios experimentais realizados,

    a caracterização do comportamento à compressão do betão confinado com FRP e uma análise de

    custo/benefício onde se quantifica a relação entre o custo e o acréscimo de resistência obtida com

    cada uma das séries confinadas.

    O sexto capítulo apresenta em primeiro lugar, a comparação dos resultados experimentais com os

    resultados teóricos obtidos através dos modelos teóricos considerados no terceiro capítulo. Em

    segundo lugar, são propostas duas expressões para estimar a tensão de rotura do betão confinado

    com sistemas híbridos de FRP.

    No sétimo capítulo apresentam-se as principais conclusões deste estudo e sugerem-se alguns

    aspectos para desenvolvimento futuro.

  • Reforço de pilares de betão por encamisamento híbrido com mantas de FRP

    4

  • Reforço de pilares com compósitos de FRP

    5

    2 Reforço de pilares com compósitos de FRP

    2.1 Introdução

    A necessidade de reabilitação (implicando reparação e/ou reforço) de uma estrutura poderá

    encontrar-se associada a diversos factores como: a correcção de anomalias decorrentes de

    deficiências de projecto ou de construção, a alteração da geometria da estrutura ou das acções

    instaladas, em resultado de nova regulamentação ou da alteração da sua função principal de

    utilização [4]. A crescente deterioração das estruturas resultado do seu envelhecimento, ataque de

    agentes agressivos, falta de manutenção, ou em resultado de sismos, incêndios ou acções

    acidentais, combina-se também como uma necessidade crescente da reabilitação estrutural.

    As técnicas de reparação e reforço correntes correspondem ao encamisamento com betão armado

    (Figura 2.1a), encamisamento metálico (Figura 2.1b), cintagem com elementos metálicos

    (Figura 2.1c), colagem de chapas metálicas (Figura 2.1d) ou a aplicação de pré-esforço exterior com

    cordões de aço (Figura 2.1e) ou cintas metálicas (Figura 2.1f).

    Figura 2.1 – Técnicas correntes para o encamisamento de pilares de betão armado: a) Encamisamento com betão armado (adaptado de [5]); b) Encamisamento metálico (adaptado de [5]); c) Encamisamento com elementos metálicos (adaptado de [5]); d) Encamisamento com colagem de chapas metálicas (adaptado de [5]); e) Encamisamento com cordões de aço pré-esforçados num pilar quadrado (adaptado de [6]); f) Encamisamento com cintas metálicas pré-esforçadas (adaptado de [7]).

    Nos últimos trinta anos, o sistema de reforço com materiais compósitos de matriz polimérica

    reforçada com fibras, designados por compósitos de FRP, tem sido sucessivamente mais adoptado.

    Estes materiais já eram contudo utilizados em diversas indústrias, em especial no domínio das

    engenharias aerospacial (Figura 2.2a), naval (Figura 2.2b) de defesa e aeronáutica (Figura 2.2c),

    tendo despertado o interesse por parte da engenharia civil, devido às vantagens que apresentam

    relativamente aos materiais tradicionais. Os materiais compósitos, e em particular os FRP, são

    a) b) c)

    d) e) f)

  • Reforço de pilares de betão por encamisamento híbrido com mantas de FRP

    6

    sinónimo de uma procura constante de materiais de elevada resistência e durabilidade, fáceis de

    manusear, transportar e aplicar [4].

    Figura 2.2 – Aplicações de materiais compósitos em diversas indústrias: a) Nave espacial SpaceShipOne e o seu veículo de lançamento White Knight (adaptado de [9]); b) F-16 da aviação militar Norte Americana (adapatado de [10]); c) Barco de recreio com casco totalmente em compósito de fibras de vidro [11].

    Entre a década de 50 e a década de 60 do século XX, verificaram-se as primeiras aplicações de

    materiais compósitos na área da construção em dois projectos experimentais denominados

    “Monsanto House of the Future” (Figura 2.3a) e “American Pavilion in Brussels” (Figura 2.3b), em que

    no revestimento das suas fachadas foram utilizados compósitos de fibra de vidro, conferindo um

    aspecto vanguardista a estes edifícios [12].

    Figura 2.3- Primeiras aplicações de FRP na engenharia civil: a) “Monsanto House of the Future” com revestimentos em compósitos de fibra de vidro [13]; b) “American Pavillion in Brussels” com fachadas totalmente em compósitos de fibra de vidro [14].

    No final da década de 80 e início da década de 90 do século XX, a descida dos custos dos FRP,

    resultado da evolução tecnológica dos processos de fabrico como a pultrusão e da maior procura

    destes materiais, acompanhou a necessidade de renovação de um conjunto de infra-estruturas,

    sobretudo rodoviárias, com exigências de funcionalidade crescentes. O desenrolar de projectos-

    piloto, apoiados pela indústria e por organizações governamentais, em paralelo com o crescimento do

    esforço de investigação, contribuiu para uma aceitação cada vez maior destes materiais em

    aplicações do sector da construção. Este tema estimulou frentes de trabalho em localizações

    distintas, destacando-se o Japão interessado na pré-fabricação e no pré-esforço por pré-tensão, a

    América do Norte empenhada nas soluções para problemas de durabilidade, e a Europa preocupada

    com as necessidades de preservação do património histórico [12]. Na década de 1990 deu-se início a

    uma série de conferências internacionais com o objectivo de discutir aspectos específicos do uso

    destes materiais compósitos na engenharia civil. Desde então, tem sido desenvolvida uma grande

    diversidade de produtos desde armaduras para estruturas de betão (incluindo varões e cabos de

    a) b) c)

    a) b)

  • Reforço de pilares com compósitos de FRP

    7

    pré-esforço), cabos para pontes suspensas, perfis estruturais, painéis de laje pré-fabricados, até

    laminados e mantas para reforço de estruturas existentes [12].

    Os FRP poderão ser aplicados a diferentes elementos estruturais de betão como vigas, pilares e

    lajes. As aplicações típicas correspondem ao reforço à flexão de lajes e vigas, reforço ao corte de

    vigas e pilares e aumento da capacidade resistente de pilares através do efeito de confinamento. No

    reforço à flexão de vigas, o FRP é colocado na zona traccionada com as fibras dispostas

    paralelamente à direcção principal das tensões. No reforço ao corte de vigas e pilares o FRP é

    colocado nas faces laterais, com as fibras dispostas paralelamente à direcção principal de tensões,

    actuando como reforço exterior ao corte. O aumento da capacidade resistente de pilares de betão é

    conseguido através do encamisamento de FRP [15].

    As principais vantagens da aplicação dos FRP resultam directamente das propriedades intrínsecas

    aos próprios FRP, como resistência à tracção elevada, peso volúmico muito reduzido, resistência à

    corrosão e à fadiga elevada, diversidade e versatilidade dos sistemas comercializados [4]. É ainda

    uma técnica fácil e rápida de executar e não provoca grandes alterações nas dimensões das peças.

    Em contra ponto, os principais inconvenientes apresentados pelos compósitos de FRP são a

    exigência de mão-de-obra especializada, reduzida resistência ao fogo, necessidade de protecção

    contra os raios ultravioletas e comportamento elástico até à rotura, i.e. não apresentando o patamar

    de cedência associado ao aço.

    O reforço de pilares de betão armado com FRP consiste na colagem dos compósitos à superfície dos

    pilares, com as fibras orientadas, usualmente, na direcção transversal ao eixo longitudinal do

    elemento por forma a aumentar o confinamento ( Figura 2.4). Para o efeito, utilizam-se mantas,

    tecidos ou tubos pré-fabricados. Os tecidos e as mantas caracterizam-se por possuírem elevada

    flexibilidade no momento de aplicação, sendo facilmente adaptáveis à geometria das secções

    transversais. Os tubos pré-fabricados, além de servirem de armaduras transversais, podem

    igualmente ser utilizados como cofragens dos pilares [4].

    Figura 2.4 – Orientação das fibras no encamisamento com compósitos de fibras [16].

    Normalmente, são utilizados três tipos de compósitos reforçados com fibras: CFRP, AFRP e GFRP.

  • Reforço de pilares de betão por encamisamento híbrido com mantas de FRP

    8

    A utilização do encamisamento com CFRP nas potenciais regiões de formação de rótulas plásticas

    nos pilares de betão armado para melhorar o seu desempenho sísmico permite um ganho de

    ductilidade por parte do pilar. Este ganho de ductilidade resulta, por um lado, do confinamento do

    betão conferido pela cintagem das mantas e, por outro, do aumento de resistência ao corte que

    previne este modo de rotura, conduzindo a um modo de rotura por flexão, consequentemente mais

    dúctil [17].

    2.2 Materiais compósitos reforçados com fibras (FRP)

    2.2.1 Fibras

    Segundo a “American Society for Testing and Materials” (ASTM) [19], fibras são materiais alongados

    com dimensões na razão mínima de 10/1 (comprimento/espessura), com uma área mínima de secção

    transversal de 0.05 mm2 e uma espessura máxima de 0.25 mm.

    As fibras constituintes dos FRP representam as componentes de resistência e rigidez do compósito e

    o seu desempenho é função de parâmetros como o tipo de fibra (composição química), teor de

    concentração, comprimento (curtas ou longas) e a sua disposição no seio da matriz. A resistência à

    tracção e o respectivo módulo de elasticidade são máximos segundo a direcção longitudinal das

    fibras, reduzindo de forma progressiva quando o ângulo analisado se afasta dessa direcção. As

    propriedades mecânicas para qualquer orientação das fibras é proporcional à quantidade de fibras

    por volume orientado segundo essa direcção (Figura 2.5).

    Figura 2.5 – Variação de resistência com a orientação das fibras (adaptado de [20]).

    O comportamento exibido pelas fibras é elástico até à rotura, i.e não se verificando tensão de

    cedência e deformação plástica, contrariamente ao que se observa com o aço [21, 22].

    As fibras em filamento de forma contínua são as que permitem, numa situação de reforço estrutural,

    um melhor desempenho do compósito devido à possibilidade de orientar as fibras em direcções

    específicas [23].

    As fibras contínuas mais usuais no reforço de estruturas correspondem às fibras de carbono (C), de

    aramida (A) e de vidro (G).

  • Reforço de pilares com compósitos de FRP

    9

    Dos materiais fibrosos de elevado desempenho, as fibras de carbono (Figura 2.6a) são as mais

    utilizadas no reforço de compósitos (laminados e mantas) convencionais. Tal deve-se às seguintes

    razões [23]:

    As fibras de carbono possuem o mais elevado módulo de elasticidade e resistência

    específica;

    À temperatura ambiente, não são afectadas pela humidade nem por uma grande variedade

    de solventes, ácidos e bases;

    Os processos que têm sido desenvolvidos para fabrico das fibras e respectivos compósitos

    são relativamente acessíveis, quer na produção, quer no custo efectivo.

    As fibras de carbono resultam do tratamento térmico de dois precursores orgânicos ricos em carbono,

    já existentes sob a forma de fibras. O precursor mais comum é o poliacrilonitrilo, pois proporciona

    fibras com melhores características, designadas de PAN. É ainda usual a utilização de fibras pitch

    (resíduo resultante da destilação do petróleo), apresentando maior rigidez relativamente a outras

    fibras comercializadas [21]. As fibras de carbono possuem coloração preta (Figura 2.6a e b),

    apresentam bom comportamento à fluência e fadiga, no entanto, em relação às fibras de vidro e

    aramida, exibem pior comportamento ao impacto. De acordo com a sua característica mecânica

    determinante, as fibras de carbono classificam-se de resistência elevada (HS – high strength),

    resistência ultra elevada (UHS – ultra high strength), rigidez elevada (Figura 2.6b) (HM – high

    modulus), rigidez ultra elevada (UHM – ultra high modulus) e rigidez intermédia (IM – intermediate

    modulus).

    As fibras de aramida (Figura 2.6c) foram introduzidas no mercado no início dos anos 1970, sob o

    nome comercial de Kevlar, abrangendo diversas variedades. As fibras de aramida apresentam cor

    amarela (Figura 2.6d) e uma estrutura anisotrópica. As fibras de aramida apresentam uma estrutura

    molecular muito rígida e, em geral, um elevado módulo de elasticidade e elevada resistência

    mecânica [23]. No reforço de estruturas, dada a elevada resistência destas fibras, apresentam

    vantagens na aplicação do reforço de colunas, sendo especialmente utilizadas em protecções de

    pilares para acções de explosão ou impacto. Quimicamente, as aramidas são susceptíveis à

    degradação por soluções ácidas e bases fortes, mas são relativamente inertes a outros solventes e

    químicos. Estas fibras apresentam a desvantagem de seres susceptíveis à rotura por fadiga e à

    degradação pela radiação ultra violeta [23, 24].

    As fibras de vidro (Figura 2.6d) são utilizadas para reforçar matrizes poliméricas, por forma a obter

    materiais compósitos estruturais de GFRP, na forma de laminados e componentes moldados. O vidro

    é utilizado como fibra de reforço, pois apresenta algumas características favoráveis [23]:

    É facilmente extraído do seu estado fundido sob a forma de fibra de elevada resistência;

    Tem fácil disponibilidade, associada a reduzido custo, podendo ser produzido num plástico

    reforçado com fibras de vidro, utilizando uma diversidade de técnicas de processamento;

  • Reforço de pilares de betão por encamisamento híbrido com mantas de FRP

    10

    Como fibra relativamente forte que é, embebida numa matriz plástica, produz-se um

    compósito de elevada resistência específica;

    Quando agrupada com os vários plásticos, possui uma química inerente que favorece o

    compósito em diversos ambientes agressivos.

    As fibras de vidro podem ser classificadas em três tipos: E, S e AR. As fibras de vidro do tipo E

    (isolamento eléctrico), possuem elevado teor de boro-silicato, alumínio e cálcio, isento ou com

    reduzidos teores de sódio e potássio. Após o fabrico, as fibras de vidro do tipo E apresentam boas

    propriedades de isolamento térmico. No entanto, apresentam-se desvantajosas quando sujeitas a

    meios alcalinos. As fibras de vidro do tipo S (elevada resistência mecânica), são mais resistentes

    mecanicamente do que as fibras do tipo E. Apresentam uma relação resistência/peso mais elevada,

    apresentando também um custo mais elevado do que as fibras do tipo E, sendo este tipo de fibra

    normalmente utilizado para aplicações em que são exigidos elevados desempenhos mecânicos

    (aplicações militares e aerospaciais). Apresenta, tal como as fibras do tipo E, a característica de não

    ser resistente a meios alcalinos. As fibras do tipo AR (resistência em meio alcalino) são as fibras mais

    resistentes a meios alcalinos. Este tipo de fibra é obtido por adiçã