13
REGIME D IFERENCIADO DE CONTRATAÇÕES PÚBLICAS (RDC) E A EFICÁCIA DO R EGIME DE CONTRATAÇÃO INTEGRADA DAS OBRAS PÚBLICAS: EXPERIÊNCIA INFRAERO HÉRCULES ALBERTO DE OLIVEIRA JOSÉ ANTÔNIO PESSOA NETO RÔMULO TORRES BRAZ

REGIME D C ÚBLICAS (RDC) E A EFICÁCIA DO R …banco.consad.org.br/bitstream/123456789/1318/1/REGIME DIFERENCIADO... · Este artigo trata da aplicação da legislação do Regime

Embed Size (px)

Citation preview

REGIME DIFERENCIADO DE CONTRATAÇÕES

PÚBLICAS (RDC) E A EFICÁCIA DO REGIME DE

CONTRATAÇÃO INTEGRADA DAS OBRAS

PÚBLICAS: EXPERIÊNCIA INFRAERO

HÉRCULES ALBERTO DE OLIVEIRA JOSÉ ANTÔNIO PESSOA NETO

RÔMULO TORRES BRAZ

2

Painel 53/163 Inovando os formatos de contratação na Administração Pública

REGIME DIFERENCIADO DE CONTRATAÇÕES PÚBLICAS (RDC)

E A EFICÁCIA DO REGIME DE CONTRATAÇÃO INTEGRADA DAS OBRAS PÚBLICAS:EXPERIÊNCIA INFRAERO

Hércules Alberto de Oliveira

José Antônio Pessoa Neto

Rômulo Torres Braz

RESUMO

Este artigo trata da aplicação da legislação do Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), sob o instituto do regime preferencial de contratação

integrada, experimentada pela Administração Pública Federal na contratação de empreendimentos de infraestrutura, conhecidos como “contratos de duração

prolongada”. A contratação integrada tem como escopo repassar para o contratado o desenvolvimento do projeto básico e executivo, bem como adimplir a obra decorrente deste projeto, deixando de existir os aditivos aos contratos,

excepcionados os casos de força maior ou alteração do projeto a pedido da Administração. A análise do tema passa pela experiência da INFRAERO nas

contratações realizadas sob este regime especial. Nesta evolução, a reprogramação insti tucional é latente a fim de que se possa gerar uma mudança de cultura dos administradores públicos na aplicação dos preceitos de governança e

gestão pública.

3

Hodiernamente, tem-se ampliado a opção por modelos de contratações

públicas além daqueles cercados na Lei Geral de Licitações, especialmente os

procedimentos relacionados com as obras/serviços de engenharia. Nessa evolução

de normas modernizantes, descrita como “reforma por dentro 1 ”, tem-se a

experimentação legislativa 2 do regime alternativo do RDC (aplicável segundo o

critério material do art. 1o da Lei no 12.461/11).

Esse novo instituto, mais flexível em sua dinâmica procedimental, reflete

as boas práticas normativas de outras legislações3. Nesta norma, cabe ao gestor

decidir o melhor caminho a trilhar, ou seja, a legislação do RDC chegou ao

ordenamento jurídico brasileiro, como uma opção a mais, outorgada ao

administrador público, na contratação de empreendimentos de infraestrutura,

conhecidos como “contratos de duração prolongada”, no intuito de se cumprir os

prazos contratuais estipulados entre o ente contratante e a contratada. O Poder

Público não pode furtar-se dessa parceria para realizar o desenvolvimento nacional

sustentável.

Inicialmente, este novo regime tinha aplicabilidade somente para

contratações Públicas nas esferas Federal, Estadual, Municipal e Distrital, cujos

objetos tivessem relação com a Copa do Mundo de Futebol (2014) e os Jogos

Olímpicos e Paraolímpicos (2016). Com pouco mais de um ano de aplicação da Lei,

e constatada a sua eficácia, a legislação sofreu a sua primeira alteração

possibilitando a utilização para ações integrantes do Programa de Aceleração do

Crescimento (PAC), podendo ser utilizado para quaisquer objetos e, no caso das

obras e serviços de engenharia, aquelas que constem da Matriz de

Responsabilidades.

Atualmente, o RDC poderá também ser utilizado em empreendimentos

que tenham como objeto a realização de obras e serviços de engenharia que tenha

por escopo os seguintes empreendimentos:

1 Niebhur, 2013, p. 5

2 JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários ... cit., p. 14. Palestra proferida no 11

o Fórum Brasileiro de

Contratação e Gestão Pública, Brasília, 23.05.13. 3 A exemplo da lei do Pregão, das microempresas e empresas de pequeno porte, da lei d as PPP’s,

das concessões públicas, e, por último, as regras do registro de preços.

4

ESCOPO LEGISLAÇÃO

Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Art. 1o, IV, Lei n

o 12.462/2011,

incluído pela Lei no 12.688/2012

Sistemas Públicos de Ensino Art. 1o, §3

o, Lei 12.462/2011,

incluído pela Lei 12.722/2012

Sistema Único de Saúde (SUS) Art. 1o, V, Lei n

o 12.462/2011,

incluído pela Lei 12.745/2012

Programa Nacional de Dragagem Portuária e Hidroviária II Art. 54, §4o, Lei n

o 12.815/2013

Aeródromos públicos com recursos do Fundo Nacional de Aviação Civil

Art. 63-A, §1o, da Lei n

o

12.833/2012

Unidades armazenadoras próprias destinadas às atividades de

guarda e conservação de produtos agropecuários em ambiente natural – pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB)

Arts. 1o e 2

o da Lei n

o 12.873/13

Estabelecimentos penais e unidades de atendimento

socioeducativo

Art. 1o, VI, Lei n

o 12.462/11,

incluído pela Lei no 12.980/14

Áreas de risco de desastres e de resposta e de recuperação em áreas atingidas

Art. 15-A da Lei no 12.983/14

Fonte: Autores / Site: www.planalto.gov.br

Sem confisco a essa nova realidade legislativa e da substancial

economia gerada pela opção RDC, em múltiplos Órgãos/Entidades da

Administração Pública Federal, existe em tramitação perante o Supremo Tribunal

Federal – STF duas ações diretas de Inconstitucionalidade, que se insurgem sob

os aspectos material e formal da Lei no 12.462/2011, identificadas sob o no 4645

impetrada por partidos políticos [PSDB, DEM e PPS] e a de no 4655 proposta pelo

Procurador Geral da República. Essas supostas inconstitucionalidades aguardam

apreciação de mérito pelo STF. Entende-se que o bom direito será discutido e ao

final prevalecerá a universalidade da maior eficiência, no que tange aos aspec tos

de economia e celeridade que é a finalidade primeira de qualquer licitação, que é o

que a administração pública precisa. Observa-se que, atualmente, as

jurisprudências e os doutrinadores têm apresentado inclinações para um senso

comum deste novo regime.

5

Ocorre que, a exceção dos poderes Judiciário e Legislativo, a abordagem

a este novo Regime apresenta-se de certa forma oposta, pois integrantes do

Tribunal de Contas da União, mesmo com poucos processos, já consideravam como

um “avanço histórico em matéria de licitatória”4.

O princípio constitucional da eficiência, previsto na EC 19/98, incorporado

ao art. 1o da Lei do Regime Diferenciado de Contratações (RDC), posto que a

intenção do legislador deixa evidente que os processos contratados com este novo

regime, transporta como premissa originária, atender aos anseios da sociedade com

resultados positivos, evitar obras de má qualidade ou inacabadas, ou o número de

contratos rescindidos. Nesta conjuntura, são implantados como preferenciais os

regimes de execução para obras de empreitada por preço global, empreitada

integral ou contratação integrada. O quadro a seguir demonstra os regimes de

execução, os critérios de julgamento de propostas cabíveis para cada objeto da

contratação e, em decorrência, como será a gestão e fiscalização dos contratos:

4 Ministro Valmir Campelo – Acórdão n

o 3011/12 – TCU Plenário.

Análise das Propostas

Tópicos especiais relacionados à Gestão e Fiscalização do Contrato

· Medição por Etapas – As etapas derivam do desdobramento da EAP e compreendem pacotes de trabalho realizáveis em 30 dias;

· Aditivos contratuais - São realizados em caso de mudança de escopo por solicitação da Administração, ou incorreção grave de projeto.

Documentos de Engenharia p/

Licitação

Regimes de Execução

Art. 8°

Objeto de Contratação

PROJ. BÁSICO/EXEC

OBRA / SERV. DE ENGENHARIA

PROJ. EXECUTIVO

PROJ. EXECUTIVO

PROJ. BÁSICO

PEQUENOS TRABALHOS

ORÇAMENTO ANALÍTICO

PROJETO BÁSICO

ORÇAMENTO ANALÍTICO

ANTEPROJETO

ORÇAMENTO

ANALÍTICO

EXPEDITO

PARAMÉTRICO

PROJETO BÁSICO

ORÇAMENTO ANALÍTICO

OBRA / SERV. DE ENGENHARIA

OBRA / SERV. DE ENGENHARIA

OBRA / SERV. DE ENGENHARIA

· Medição por preço unitário – As medições são realizadas de acordo com as quantidades executadas;

· Aditivos contratuais – Podem ser realizados da forma tradicional, constatado erros de levantamento ou incoerência nos projetos a Administração poderá realizar aditivo com o objetivo de manter a viabilidade econômica do contrato.

EMPREITADA POR PREÇO GLOBAL

EMPREITADA INTEGRAL

CONTRATAÇÃO INTEGRADA

EMPREITADA POR PREÇO UNITÁRIO

CONTRATAÇÃO POR TAREFA

· Medição por Etapas – As etapas derivam do desdobramento da EAP e compreendem pacotes de trabalho realizáveis em 30 dias;

· Aditivos contratuais - São realizados em caso de mudança de escopo por solicitação da Administração.

PROJ. EXECUTIVO

EQUIP/MOBILIÁRIO

EQUIP/MOBILIÁRIO

PREÇO DAS ETAPAS

PREÇO DAS ETAPAS

PREÇO DAS ETAPAS

PREÇO DOS ITENS MAIS

REPRESENTATIVOS

6

Dentre as inovações do RDC, destaca-se o regime da contratação

integrada que permite que a empresa contratada produza a elaboração do projeto

básico da obra e da sua execução, sendo que pela Lei no 8.666/93 ocorre o

fatiamento de pelos menos duas licitações distintas, ou seja, o poder público realiza

uma licitação para a contratação do projeto básico e outra para execução das obras.

A contratação integrada tem como escopo repassar para o contratado o

desenvolvimento do projeto básico e executivo, bem como adimplir a obra

decorrente deste projeto. Para isso, deve ser feito mediante a apresentação pela

Administração de um anteprojeto 5 de engenharia, com elementos básicos

necessários para que o particular elabore a sua proposta comercial, deixando de

existir os aditivos aos contratos, ressalvados os casos de força maior ou alteração

do projeto a pedido da Administração.

Com pouco tempo de utilização, a contratação integrada passou a

rivalizar no cenário público com outros regimes de execução tradicional, apesar de

ter nascido com fortes críticas jurídicas. Mas, por outro lado, busca acabar ou até

minimizar os eternos termos aditivos, decorrentes de alteração de projetos e

acréscimo dos custos das obras por força destas alterações. Entretanto, para que o

particular assuma este risco, poderá estar previsto no orçamento da Administração

uma taxa de risco compatível com o objeto licitado e as suas respectivas

contingências.

A utilização da contratação integrada está condicionada a apresentação

de justificativas técnicas e econômicas de vantajosidade de sua adoção. E, ainda,

um orçamento previamente definido pela Administração, elaborado com base em

outros contratos da Administração, preços de mercado ou no custo global da obra,

aferido mediante orçamento sintético ou com metodologias expedita ou paramétrica.

As Administrações, ao se utilizarem do Regime de Contratação Integrada,

devem planejar o empreendimento com gerenciamento adequado, mediante

cronograma contendo a definição das sequências das tarefas predecessoras e

5 A Orientação Técnica do Instituto Brasileiro de Auditoria de Obras Públicas (Ibraop) n

o 04/2012

define o anteprojeto como representação técnica da opção aprovada no estudo de viabilidade técnica, apresentado em desenhos sumários, em número e escala suficientes para a perfeita compreensão da obra planejada, contemplando especificações técnicas, memorial descritivo e

orçamento preliminar.

7

sucessoras, de forma a possibilitar a elaboração dos projetos e a execução das

obras e serviços das diversas disciplinas de engenharia. Tal condição reduzirá

sensivelmente o tempo de execução do empreendimento como um todo, devido à

possibilidade de simultaneidade de atividades, ou seja, elaboração de projeto e

execução das obras. O quadro a seguir demonstra as etapas da contratação

integrada:

Elaboração de projeto básico de disciplinas

Elaboração de projeto executivo de disciplinas

Execução de obras e serviços

Observa-se que diversos órgãos/entidades da Administração Pública,

além de outros, já realizaram contratações pelo RDC utilizando o Regime de

Contratação Integrada, a saber:

OBJETO ORGÃO QUANTIDADE DE

PROCESSOS

Obras de edificações INFRAERO 03 (três)

Obras de rodovias DNIT 174 (cento e setenta e quatro)

Obras de pátios e ferrovias VALEC 10 (dez)

Obras de acesso aquaviários para navegabilidade de navios

Secretaria de Portos

06 (seis)

Reforma, construção e assistência técnica com operação

das instalações esportivas do Centro Olímpico

Ministério do

Esporte

01 (um)

Fornecimento, instalação, operação e manutenção de sistemas de ar condicionado e ventilação mecânica dos Pavilhões

Ministério do Esporte

01 (um)

Fonte: Site dos órgãos citados.

Como se vê, já foi licitado diversas obras e serviços de engenharia, se

utilizando do Regime de Contratação Integrada, pois a Lei do RDC não elenca quais

os objetos podem ser licitado com este regime. Estabelece no seu art. 9o [modificado

pela MP no 630/2013] que se aplica tão somente para objetos que atendam pelo

8

menos um dos seguintes requisitos: (I) inovação tecnológica ou técnica; (II)

possibilidade de execução com diferentes metodologias; ou (III) possibilidade de

execução com tecnologias de domínio restrito no mercado.

Como razões técnicas e econômicas para utilização deste Regime,

podemos elencar as seguintes, a título exemplificativo:

1) Simplificação dos processos licitatórios, além da redução de quantidade

de processos, pois uma única licitação poderá ter contratado o projeto

básico, projeto executivo e execução das obras;

2) Redução dos riscos com a elaboração de Termo Aditivo, em virtude de

alteração dos projetos básico e executivo;

3) Atender em prazo disponível para desenvolvimento do projeto e entrega

das obras, sendo possíveis percalços assumidos pela Contratada;

4) Permitir a possibilidade de utilização de novas tecnologias durante o

desenvolvimento dos projetos;

5) Obter a otimização dos recursos, uma vez que a contratada

desenvolverá o projeto e executará a obra com valor pré-definido, além

de transferência de risco para o privado; e

6) Acompanhar a entrega das obras por etapa, medindo o resultado de

cada entrega.

A INFRAERO – Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária, em 3

(três) oportunidades utilizou desse regime de contratação integrada. Assinala -se,

neste universo, inexistência de aporte de aditivos contratuais. A precificação global,

atrelado aos prazos iniciais averbados pelos entes contratantes, foi mantida na fase

de execução.

9

Objeto Fundamento legal

Contratada Prazo contratual

Executado

RDC Presencial no

013/DALC/SBCT/2012 – Planejamento, gerenciamento e execução integral de todas as

fases do empreendimento de reforma e ampliação do terminal de passageiros, do sistema viário de

acesso e demais obras complementares do Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São

José dos Pinhais/PR, compreendendo a elaboração e desenvolvimento dos projetos de

engenharia, execução de obras e serviços de engenharia, montagens, realização de testes e

pré-operação de equipamentos e sistemas envolvidos no escopo do empreendimento.

Inciso II, Art.

1o, da Lei n

o

12.462, de 2011.

Consórcio SIAL – JOTAELE –

PJJ – Valor global

R$

246.746.400,00

1.185 (um

mil cento e oitenta e

cinco) dias

ou 39 (trinta e nove)

meses consecutivo

s.

54,15%

RDC Presencial no

003/DALC/SBCY/2013 [DL no

060/DALC/SBCY/2013] – Contratação dos serviços técnicos especializados de engenharia para

elaboração dos projetos nas etapas de projeto básico e projeto executivo e para execução das

obras e serviços referentes à construção do novo sistema de tratamento de esgoto do Aeroporto

Internacional Marechal Rondon, Várzea Grande/MT.

Inciso III e

IV, Art. 1o, da

Lei no

12.462, de

2011. Posteriormente inciso VII

do art. 24 da Lei n

o

8.666/93

combinado com art. 35 da Lei n

o

12.462/2011

Sampa

Saneamento Ambiental Ltda.

Valor global

R$ 3.673.000,00

330

(trezentos e trinta) dias

consecutivo

s

Finalizado

no prazo contratual

RDC Presencial no

001/ADSE/SBCF/2013 [DL no

028/DALC/SBCF/2013] –

Contratação dos serviços especializados de engenharia para elaboração dos projetos nas etapas

de projeto básico, projeto executivo e para execução das obras e serviços referentes à reforma e

ampliação do Terminal de Aviação Geral e demais obras e serviços complementares para implantação

do Terminal de Passageiros 3 (TPS 3) no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, Confins/MG.

Inciso II, Art. 1

o, da Lei n

o

12.462, de

2011. Posteriormente art. 35 da

Lei no

12.462/2011 combinado

com Inciso V da Lei n

o

8.666/93

Consórcio Urbtopo

Engenharia/EP

C Valor global – R$

22.325.000,00

330

(trezentos e trinta) dias

consecutivo

s

Finalizado

no prazo contratual

10

A fotografia [Infraero] dessas contratações integradas, mapeadas pelos

gestores desses empreendimentos, indicam, para as futuras contratações, maior

detalhamento do estudo conceitual [anteprojeto] a fim de dimensionar com maior

precisão a arquitetura do empreendimento; a inclusão de faixas remuneratórias

aceitáveis das etapas; formas de pagamento e de medição para cada entrega

parcial ou total; previsão na equipe mínima, um coordenador de projeto e um

responsável pela qualidade da entrega (tanto no atendimento dos requisitos como

no uso de material e equipamento, no intuito de elaborar uma rotina/fluxo de

conferência antes da medição); outro ponto é a concepção de um Grupo de

Trabalho para avaliação prévia do anteprojeto por uma equipe multidisciplinar com

vivência em obras de porte semelhante para contribuir na elaboração do Edital e

Termo de Referência, antes do processo licitatório. A premissa a ser alcançada

perpassa, inclusive, nas boas soluções de engenharia que a expertise do privado

oferece, dentro do padrão pretendido pelo realizador da licitação. Deve-se priorizar o

resultado final.

Numa visão analítica, identificaram-se inconsistências de cronograma

uma vez que este previa desembolso no início das obras, justamente quando se

estava elaborando o projeto básico/executivo, se fosse invertido ficaria muito mais

real. A segunda patologia conferida recaiu na divisão/transferência dos riscos entre a

INFRAERO e a Contratada. É importante que os mesmos estejam claramente

definidos no Edital

Essa relação associativa, fundada em interesses mútuos, face aos

embates e efeitos corretivos dessas metamorfoses contratuais vivenciadas nestas

contratações integradas, foi amplamente sentida pelos gestores responsáveis e

pelas empresas contratadas. Prevaleceu a cooperação das partes abrangidas no

esvaziamento dos pontos negativos. A percepção que se tem é a de um ganha-

ganha.

Com isso, o RDC, na forma integrada, repaginou, na INFRAERO, uma

renovação das contratações de duração prolongada, em destaque do modus como a

INFRAERO deve lidar com a fase preparatória dessas licitações, que impõe um

maior esforço de planejamento na concepção integral do seu anteprojeto, uma vez

que neste regime não há projeto básico disponibilizado pela INFRAERO, mas estudo

11

conceitual de engenharia, de forma que o próprio projeto, a solução técnica, o

método construtivo, e demais condições da execução do objeto são definidos pelo

próprio contratado. Das integradas realizadas pela INFRAERO se propaga a

capitalização da responsabilidade e o interesse do empreiteiro construtor no sentido

da boa execução e funcionalidade do empreendimento.

Com a prática e a avaliação contínua dos processos pelo Tribunal de

Contas da União – TCU, nas futuras contratações, o risco da contratação integrada

será minimizado com a inclusão nos editais da INFRAERO da matriz de risco6, que

contempla as seguintes etapas: (a) planejamento; (b) identificação; (c) análise; (d)

planejamento de respostas; (e) monitoramento e controle de riscos. Por outro lado, a

administração, também, poderá requerer garantia que excedam o percentual

tradicionalmente exigido nas obras de infraestrutura. O TCU já se manifestou no

Acórdão no 2745/2013 sobre a legalidade de exigência de garantia maiores.

Dessa forma, podemos afirmar que com a maturidade deste novo Regime

e a qualidade que foram entregues estes empreendimentos, a exemplo das

integradas da INFRAERO, a tendência da Administração Pública será adotar o

Regime de Contratação Integrada, como forma de se ter um avanço na execução

das obras públicas e maior agilidade no processo de contratação pública, além de

acabar com os aditivos que tanto atormentam os Gestores Públicos.

Desse modo, a prática desse regime contratual, com certeza

administrativa, evidencia a eficiência das contratações governamentais, a

desburocratização procedimental, e, com isso, contribui para o alcance do melhor

custo benefício. O RDC se configura, atualmente, numa plataforma política de

governo, na busca de ampliar a governança e gestão das obras públicas.

6 Acórdão n

o 1510/2013 – TCU Plenário. “9.1.3. a “matriz de riscos”, instrumento que define a

repartição objetiva de responsabilidades advindas de eventos supervenientes á contratação, na medida em que é informação indispensável para a caracterização do objeto e das respectivas

responsabilidades contratuais, como também essencial para o dimensionamento das propostas por parte das licitantes, é elemento essencial e obrigatório do anteprojeto de engenharia, em prest ígio ao definido no art. 9

o, § 2

o, inciso I, da Lei 12.462/2011, como ainda nos princípios da segurança

jurídica, da isonomia, do julgamento objetivo, da eficiência e da obtenção da melhor proposta”.

12

REFERÊNCIAS

ALTOUNIAN, Cláudio Sarian; CAVALCANTE, Rafael Jardim. RDC e contratação integrada na prática: 250 questões fundamentais. Belo Horizonte: Fórum, 2014. 325

p. ISBN 978-85-7700-863-6. BRASIL. Tribunal de Contas da União – TCU. Acórdão no 3011/2012 – Plenário, TC

017.603/2012-9, rel. Min. Valmir Campelo, 08.11.2012. Disponível em: www.tcu.gv.br. Acesso em 12.04.2015.

JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários... cit., p. 14. Palestra proferida no 11o Fórum de Contratação e Gestão Pública, Brasília, 23.05.13.

NIEBHUR, Joel de Menezes. 20 anos da Lei no 8.666/93 – Por uma nova Lei de

Licitações. Revista Zênite – informativo de licitações e contratos (ILC), Curitiba: Zênite, n. 227, p. 5, jan. 2013, seção Ponto de Vista.

NETO, José Antônio Pessoa; CORREIA, Marcelo Bruto da Costa. Comentários ao Regime Diferenciado de Contratações – Lei no 12.462/2011. Uma Perspectiva

Gerencial. 1a edição. Curitiba: Editora Negócios Públicos do Brasil, 2015. NETO. José Antônio Pessoa. As Obras Públicas pelo RDC com o Regime de

Contratação Integrada. Revista Negócios Públicos, n. 128, p. 17/21, mar. 2015. Curitiba: Editora Negócios Públicos do Brasil, 2015.

13

___________________________________________________________________

AUTORIA

Hércules Alberto de Oliveira – Coordenador de Licitação de Obras e Serviços de Engenharia/ LALI-1. Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (INFRAERO).

José Antônio Pessoa Neto – Superintendente de Serviços Administrativos/DFSA. Empresa

Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (INFRAERO).

Endereço eletrônico: [email protected]

Rômulo Torres Braz – Superintendente de Logística Administrativa/LABR. Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (INFRAERO).