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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO CEARÁ REGISTRO DE CANDIDATURA Nº 0601248-48.2018.6.06.0000 ORIGEM: FORTALEZA - CE RELATOR: JUIZ ALCIDES SALDANHA LIMA REQUERENTE: LIA FERREIRA GOMES ADVOGADO: André Garcia Xerez Silva EMENTA: ELEIÇÕES 2018. REQUERIMENTO DE REGISTRO DE CANDIDATURA - RRC. DEPUTADO ESTADUAL. CANCELAMENTO DA INSCRIÇÃO ELEITORAL DA PRETENSA CANDIDATA. AUSÊNCIA DE COMPARECIMENTO À REVISÃO DO ELEITORADO COM COLETA DE DADOS BIOMÉTRICOS. AUSÊNCIA DE ALISTAMENTO ELEITORAL. INDEFERIMENTO. 1. Trata-se do Requerimento de Registro de Candidatura - RRC de pretensa candidata da Coligação PP, PDT, PR, DEM, PRP (11-PP / 12-PDT / 22-PR / 25-DEM / 44-PRP) ao cargo de Deputado Estadual, nas Eleições de 2018. 2. Desnecessária a diligência solicitada pela candidata, pois as informações sobre a situação eleitoral de outra candidata, que não está sujeita à jurisdição deste TRE-CE, já foram apresentadas pela própria requerente, no documento ID 123990. Apesar do pedido, a própria candidata apresentou informação da Secretaria Judiciária do TRE-PR (ID 123990), segundo a qual a candidata indicada como paradigma possui “situação regular no Cadastro de Eleitores” e apresenta restrição à sua quitação eleitoral (“AUSÊNCIA ÀS URNAS e MULTA ELEITORAL Cod.: 264 Motivo: 2”). Conclui-se, portanto, que as situações fáticas são diversas e não se confundem, já que a candidata deste processo possui inscrição eleitoral cancelada e quitação eleitoral, circunstâncias que serão devidamente analisadas no julgamento do presente processo de registro de candidatura. 3. Cumpre a aferição da condição de elegibilidade considerado o cancelamento da inscrição eleitoral da requerente pelo não comparecimento à revisão do eleitorado com coleta de dados biométricos ocorrida em Caucaia, fato incontroverso, pois reconhecido e certificado pelo Cartório Eleitoral e pelo espelho do Cadastro Eleitoral – ELO. 4. A identificação biométrica do eleitor foi autorizada pela Lei nº 12.034/2009 e disciplinada, dentre outras, pela Resolução TSE n.º 23.440/2015, que detalha os procedimentos para incorporação de dados biométricos dos eleitores, mediante atualização ordinária do cadastro eleitoral e por meio de revisões de eleitorado de ofício. O Provimento nº 16/2016 do Corregedor-Geral da Justiça Eleitoral (DJe 09/12/2016 - TSE) tornou pública relação de localidades a serem submetidas a revisão de eleitorado com coleta de dados biométricos, pertinente ao Programa de Identificação Biométrica 2017-2018, destacando-se, dentre outros, o município de Caucaia (37ª, 120ª e 123ª Zonas Eleitorais). 5. No âmbito do TRE/CE, a Resolução nº 649/2016 determinou que, dentre outros, o município de Caucaia (sob a presidência do Juiz Eleitoral da 123ª ZE) estaria sujeito à revisão do eleitorado com coleta de dados biométricos “obrigatória a todos os eleitores, em situação regular ou liberada, inscritos nos municípios envolvidos ou para ele movimentados até 30 (trinta) dias antes do início dos respectivos Num. 132023 - Pág. 1 Assinado eletronicamente por: ALCIDES SALDANHA LIMA - 14/09/2018 14:44:36 https://pje.tre-ce.jus.br:8443/pje-web/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=18091414443436600000000125131 Número do documento: 18091414443436600000000125131

REGISTRO DE CANDIDATURA Nº 0601248-48.2018.6.06 · requerimento de registro de candidatura (TRE-PR PJe nº 0601536-17.2018.6.16.0000) com certidão do cartório eleitoral (117ª

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Page 1: REGISTRO DE CANDIDATURA Nº 0601248-48.2018.6.06 · requerimento de registro de candidatura (TRE-PR PJe nº 0601536-17.2018.6.16.0000) com certidão do cartório eleitoral (117ª

PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO CEARÁ

 

 

REGISTRO DE CANDIDATURA Nº 0601248-48.2018.6.06.0000ORIGEM: FORTALEZA - CERELATOR: JUIZ ALCIDES SALDANHA LIMAREQUERENTE: LIA FERREIRA GOMESADVOGADO: André Garcia Xerez Silva

 

EMENTA: ELEIÇÕES 2018. REQUERIMENTO DE REGISTRO DE CANDIDATURA - RRC.DEPUTADO ESTADUAL. CANCELAMENTO DA INSCRIÇÃO ELEITORAL DA PRETENSACANDIDATA. AUSÊNCIA DE COMPARECIMENTO À REVISÃO DO ELEITORADO COMCOLETA DE DADOS BIOMÉTRICOS. AUSÊNCIA DE ALISTAMENTO ELEITORAL.INDEFERIMENTO.1. Trata-se do Requerimento de Registro de Candidatura - RRC de pretensa candidata da Coligação PP,PDT, PR, DEM, PRP (11-PP / 12-PDT / 22-PR / 25-DEM / 44-PRP) ao cargo de Deputado Estadual, nasEleições de 2018.2. Desnecessária a diligência solicitada pela candidata, pois as informações sobre a situação eleitoral deoutra candidata, que não está sujeita à jurisdição deste TRE-CE, já foram apresentadas pela própriarequerente, no documento ID 123990. Apesar do pedido, a própria candidata apresentou informação daSecretaria Judiciária do TRE-PR (ID 123990), segundo a qual a candidata indicada como paradigmapossui “situação regular no Cadastro de Eleitores” e apresenta restrição à sua quitação eleitoral(“AUSÊNCIA ÀS URNAS e MULTA ELEITORAL Cod.: 264 Motivo: 2”). Conclui-se, portanto, que assituações fáticas são diversas e não se confundem, já que a candidata deste processo possui inscriçãoeleitoral cancelada e quitação eleitoral, circunstâncias que serão devidamente analisadas no julgamento dopresente processo de registro de candidatura.3. Cumpre a aferição da condição de elegibilidade considerado o cancelamento da inscrição eleitoral darequerente pelo não comparecimento à revisão do eleitorado com coleta de dados biométricos ocorrida emCaucaia, fato incontroverso, pois reconhecido e certificado pelo Cartório Eleitoral e pelo espelho doCadastro Eleitoral – ELO.4. A identificação biométrica do eleitor foi autorizada pela Lei nº 12.034/2009 e disciplinada, dentreoutras, pela Resolução TSE n.º 23.440/2015, que detalha os procedimentos para incorporação de dadosbiométricos dos eleitores, mediante atualização ordinária do cadastro eleitoral e por meio de revisões deeleitorado de ofício. O Provimento nº 16/2016 do Corregedor-Geral da Justiça Eleitoral (DJe 09/12/2016 -TSE) tornou pública relação de localidades a serem submetidas a revisão de eleitorado com coleta dedados biométricos, pertinente ao Programa de Identificação Biométrica 2017-2018, destacando-se, dentreoutros, o município de Caucaia (37ª, 120ª e 123ª Zonas Eleitorais).5. No âmbito do TRE/CE, a Resolução nº 649/2016 determinou que, dentre outros, o município deCaucaia (sob a presidência do Juiz Eleitoral da 123ª ZE) estaria sujeito à revisão do eleitorado com coletade dados biométricos “obrigatória a todos os eleitores, em situação regular ou liberada, inscritos nosmunicípios envolvidos ou para ele movimentados até 30 (trinta) dias antes do início dos respectivos

Num. 132023 - Pág. 1Assinado eletronicamente por: ALCIDES SALDANHA LIMA - 14/09/2018 14:44:36https://pje.tre-ce.jus.br:8443/pje-web/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=18091414443436600000000125131Número do documento: 18091414443436600000000125131

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trabalhos”.6. Conforme determina o art. 3º da Resolução TSE n.º 23.440/2015, “ultrapassado o prazo estabelecidopara o comparecimento do eleitorado, serão canceladas, mediante comando do código de ASE 469, asinscrições correspondentes aos títulos que não forem apresentados à revisão”. Ao final do procedimento,sentença proferida pelo Juízo da 123ª Zona Eleitoral – Caucaia/CE, nos autos do Processo nº1-37.2017.6.06.0123 – Petição (PET), determinou “o CANCELAMENTO das inscrições dos eleitores doMunicípio de Caucaia/CE que não compareceram à revisão (fl. 482/584v), lançando-se o código de ASE469 no cadastro eleitoral” (DJe 11/04/2018). Apreciando o Processo nº 60-69.2018.6.06.0000 – Revisãode Eleitorado (RVE), este TRE/CE homologou, por unanimidade, “a revisão do eleitorado realizada nomunicípio de Caucaia” (DJe 27/04/2018).7. Conforme o Manual ASE (aprovado pelo Provimento nº 6/2009 – CGE – TSE), o código “ASE 469 –Cancelamento – revisão de eleitorado” tem por finalidade “identificar a inscrição de eleitor que nãocomprovou o domicílio no processo de revisão de eleitorado” e “cancela a inscrição” a partir da “data dahomologação do processo revisional pelo TRE”. Ademais, “a regularização de inscrição cancelada pelocódigo de ASE 469 só poderá ocorrer após comprovação do domicílio, além do cumprimento dos demaisrequisitos próprios da operação”. Para regularizar a situação da inscrição cancelada, deve ser consignada aOPERAÇÃO 5 – REVISÃO, “com reutilização do número de inscrição cancelada pelos códigos FASE019 – falecimento, 027 – duplicidade/pluralidade, 035 – deixou de votar em três eleições consecutivas e469 – revisão de eleitorado, desde que comprovada a inexistência de outra inscrição liberada, nãoliberada, regular ou suspensa para o eleitor” (Resolução TSE nº 21.538/2003, art. 4º, §§ 3º e 4º). Referidoprocedimento prestigia a preservação do histórico do eleitor e impede o inchamento artificial do cadastroeleitoral, conforme voto do Ministro Barros Monteiro (PA nº 18.463, Resolução TSE nº 21.538/2003).8. Conclui-se, portanto, não haver a alegada imperfeição no Sistema ELO ou equívoco em seu manuseio(alimentação). O cancelamento da inscrição dos eleitores faltosos processou-se regularmente, em estritaobservância à legislação de regência, com publicação dos respectivos editais e ampla divulgação (rádiolocal, estabelecimentos públicos e comerciais, escolas públicas e particulares). Conforme a sentença, orecadastramento biométrico ordinário ocorreu de 17/08/2015 a 05/02/2017 e o período oficial da RevisãoBiométrica transcorreu de 06/02/2017 a 23/03/2018, findando o procedimento com 36.162 inscriçõespassíveis de cancelamento e um total de 199.531 eleitores recadastrados biometricamente (Processo nº1-37.2017.6.06.0123, pub. DJe de 11/04/2018). Os procedimentos revisionais encerraram-se antes de 31de março de 2018, nos termos do art. 20 da Resolução TSE nº 23.440/2015 e art. 33 do Provimento n°1/2017 do Corregedor Regional Eleitoral do Ceará. Evidencia-se, portanto, a regularidade docancelamento da inscrição eleitoral da requerente, à semelhança do que ocorreu com os demais eleitoresna mesma situação.9. Em razão do cancelamento válido da inscrição eleitoral, não há como acolher o argumento de que ainscrição eleitoral estaria ativa por constar seu número na certidão de filiação partidária e na certidãocircunstanciada de quitação eleitoral (n.a. ID 39365).10. Esclareça-se que a filiação partidária da requerente ocorreu anteriormente (01/04/2016) aocancelamento da inscrição (25/04/2018) e a simples referência ao número de inscrição cancelado nãoproduz qualquer efeito restaurador. Apenas após nova operação de REVISÃO, com reutilização donúmero de inscrição cancelada (cf. Resolução TSE nº 21.538/2003, art. 4º, §§ 3º e 4º), será regularizada asituação do eleitor, isso após a reabertura do cadastro eleitoral em 05/11/2018.11. Quitação eleitoral, por sua vez, é conceito restrito, conforme expressa a Resolução TSE nº21.823/2004. A Lei nº 9.504/1997 estabelece que “a certidão de quitação eleitoral abrangeráexclusivamente a plenitude do gozo dos direitos políticos, o regular exercício do voto, o atendimento aconvocações da Justiça Eleitoral para auxiliar os trabalhos relativos ao pleito, a inexistência de multasaplicadas, em caráter definitivo, pela Justiça Eleitoral e não remitidas, e a apresentação de contas decampanha eleitoral” (art. 11, § 7º). Desse modo, em razão da limitação legal, o conceito de quitaçãoeleitoral não abrange a regularidade da inscrição eleitoral, como pretendido.12. As circunstâncias do registro de candidatura de eleitora de outra Unidade da Federação devem serapreciadas pelo Tribunal competente e não se prestam como parâmetro para apreciar a situação irregularda inscrição eleitoral da requerente.13. Absoluta e incontornável ausência de alistamento eleitoral. Precedentes do TSE, deste TRE-CE e deoutros Regionais.14. Requerimento de Registro de Candidatura - RRC indeferido.

 

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ACORDAM os Membros do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará, por unanimidade, em indeferir o pedido de registro decandidatura, nos termos do voto do(a) Relator(a).

Fortaleza, 14/09/2018

JUIZ(A) ALCIDES SALDANHA LIMA

 

 

 

 

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I. RELATÓRIO

Trata-se de Requerimento de Registro de Candidatura – RRC de Lia Ferreira Gomes, pretensa candidatada Coligação PP, PDT, PR, DEM, PRP (11-PP / 12-PDT / 22-PR / 25-DEM / 44-PRP) ao cargo deDeputado Estadual, nas Eleições de 2018.O pedido foi distribuído por prevenção ao Demonstrativo de Regularidade de Atos Partidários – DRAP daColigação PP, PDT, PR, DEM, PRP (11-PP / 12-PDT / 22-PR / 25-DEM / 44-PRP) (RCand nº0601227-72.2018.6.06.0000), deferido em 28/08/2018.Publicado o edital de candidatura, não houve impugnação ou notícia de inelegibilidade, conforme certidãoda Secretaria Judiciária.O processo foi instruído com fotografia, documento de identidade, prova de escolaridade, declaração debens, comprovante de desincompatibilização e certidões criminais das Justiças Estadual e Federal de 1º e2º graus do domicílio eleitoral da candidata (Caucaia), as quais não revelam causa de inelegibilidade.A Secretaria Judiciária informou que a candidata possui domicílio eleitoral em Caucaia (desde 08/07/2015e no Ceará desde 15/04/1986), filiação partidária (PDT, 01/04/2016) e quitação eleitoral. Escolhida emconvenção, ela não registra condenação por crime eleitoral ou circunstância de inelegibilidade, conformea base de dados do Cadastro Eleitoral. No entanto, sua inscrição eleitoral encontra se cancelada (ASE:469 - CANCELAMENTO - REVISÃO DE ELEITORADO).Destaca-se certidão da Central de Atendimento da Justiça Eleitoral em Caucaia (ID 39365), informandoque a requerente está quite com a Justiça Eleitoral, no entanto sua inscrição eleitoral foi cancelada e aregularização não foi possível, em razão da suspensão do alistamento nos 150 (cento e cinquenta) diasanteriores ao pleito até a conclusão dos trabalhos de apuração (art. 91 da Lei nº 9.504/1997).

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Instada a manifestar-se nos prazos de 3 (três) e 7 (sete) dias (arts. 37 e 51 da Resolução TSE nº23.548/2017 e art. 4º da Lei Complementar nº 64/1990), a candidata constituiu advogado e apresentou asseguintes razões para o deferimento do seu registro de candidatura:(1) “por uma limitação interna da própria Justiça Eleitoral, a regularização da situação eleitoral darequerente somente será operada tão logo encerrada a apuração das eleições de 2018, motivo pelo qual,independentemente da equivocada nomenclatura adotada pelo Sistema do Cadastro Eleitoral utilizadopelo TRE/CE (ELO), a consequência jurídica que decorre do não comparecimento à revisão do eleitoradopara cadastro biométrico não é o cancelamento da inscrição, mas, quando muito, apenas sua suspensão”;(2) “ainda que a situação da inscrição seja suspensa ou cancelada, a restrição apenas alcança suadisponibilidade para o exercício de voto, não para ser votado”;(3) é indicada como paradigma a situação regular da inscrição eleitoral de outra candidata que instruiu seurequerimento de registro de candidatura (TRE-PR – PJe nº 0601536-17.2018.6.16.0000) com certidão docartório eleitoral (117ª Zona Eleitoral – Curitiba/PR); entende “que o deslinde do caso concreto não seenvolve de questão exclusivamente de direito, pois, na realidade, segundo demonstrado, há umacontrovérsia fática quanto ao teor das certidões que foram expedidas a eleitores com situaçãorigorosamente idêntica, em manifesta contradição entre os entendimentos perfilhados pelo cartório da 37ªZona Eleitoral do Ceará e a 117ª Zona Eleitoral do Paraná”;(4) “uma vez plenamente regulares o domicílio eleitoral e a filiação partidária da requerente (certidão defiliação em anexo, que apenas se emite por meio do preenchimento do número de inscrição eleitoral), cujapré-condição para tanto é a existência de inscrição eleitoral válida, a teor da Resolução TSE n.23.117/2009, conclui-se que o aparente cancelamento da inscrição eleitoral não constitui, por si só, nocaso concreto, motivo jurídico capaz de resultar no indeferimento de registro da candidatura de LiaFerreira Gomes, porquanto demonstradas todas as condições de elegibilidade necessárias para disputar opleito”;(5) julgado do TRE-MA (RE 5990) “admite o registro da candidatura, ainda que cancelado o títuloeleitoral por ausência de comparecimento para revisão do eleitorado, quando evidenciadas a existência dedomicílio e quitação eleitoral mediante certidão circunstanciada, conforme se deu no caso concreto à luzda certidão expedida pelo cartório da 37ª Zona eleitoral”;(6) precedente deste TRE-CE (RE 11092) assinalou que “o cancelamento do título pela ausência decomparecimento ao recadastramento biométrico não induz automaticamente a ausência de domicílioeleitoral para efeito de aferição da mencionada condição de elegibilidade, haja vista a sua possibilidade deimediata regularização posterior”;(7) precedente do TSE (REspe 16529) registrou que “se o eleitor teve seu título cancelado por não havercomparecido ao cartório eleitoral, por ocasião da revisão do eleitorado, mas em seguida outro lhe foideferido, por ter sido provado que seu vínculo com o município permanecia, atendida está a exigêncialegal”;(8) “a possibilidade de restabelecimento posterior do título não resulta na ausência de domicílio eleitoralcapaz de obstar o deferimento do registro de candidatura”, conforme Súmula TSE nº 43 (As alteraçõesfáticas ou jurídicas supervenientes ao registro que beneficiem o candidato, nos termos da parte final doart. 11, § 10, da Lei nº 9.504/1997, também devem ser admitidas para as condições de elegibilidade.).Ao final requer:“i) Em cumprimento ao art. 4º da LC n. 64/90, determine a expedição ofício ao cartório eleitoral da 117ªzona eleitoral do Paraná, a fim de que aquela instância preste informações minudentes sobre aregularização da situação eleitoral da Sra. Gleisi Helena Hoffmann, portadora do Título Eleitoral n.030787430620, seção 188 da Zona 177, a despeito do disposto no art. 91 da Lei n. 9.504/97, uma vez queo não comparecimento ao recadastramento biométrico e o fechamento temporário do cadastro eleitoralnão afetou seu status jurídico de eleitora;ii) Após as informações prestadas pelo cartório eleitoral da 117ª zona eleitoral de Curitiba/PR, seja abertoprazo de 5 (cinco) dias para alegações finais, à luz do art. 41 da Resolução TSE n. 23.458/2017 e, emseguida, a remessa dos autos à Procuradoria Regional Eleitoral para emissão de parecer no prazo de 2(dois) dias, na forma parágrafo único do mencionado art. 41, para, ao final, reconhecer plenamentesatisfeitos todos os requisitos enumerados pela Resolução TSE n. 23.548/2017 para o deferimento doregistro da candidatura de Lia Ferreira Gomes ao cargo de deputada estadual ou, subsidiariamente,determine a expedição de diligência ao cartório da 37ª Zona Eleitoral do Estado do Ceará a fim deatualizar a situação de sua inscrição eleitoral de cancelada para suspensa, considerando a impropriedadeda nomenclatura adotada.”É o relatório.

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II. VOTO

O Requerimento de Registro de Candidatura – RRC é tempestivo, já que apresentado no Processo JudicialEletrônico – PJe em 13/08/2018, às 19:13, observando o prazo legal (19h do dia 15/08/2018 – art. 11 daLei nº 9.504/1997).Conforme relatado, trata-se de Requerimento de Registro de Candidatura – RRC de Lia Ferreira Gomes,pretensa candidata da Coligação PP, PDT, PR, DEM, PRP (11-PP / 12-PDT / 22-PR / 25-DEM / 44-PRP)ao cargo de Deputado Estadual, nas Eleições de 2018.Inicialmente, evidencia-se ser desnecessária a diligência solicitada pela candidata, pois as informaçõessobre a situação eleitoral de outra candidata, que não está sujeita à jurisdição deste TRE-CE, já foramapresentadas pela própria requerente, no documento ID 123990. Apesar do pedido, a própria candidataapresentou informação da Secretaria Judiciária do TRE-PR (ID 123990), segundo a qual a candidataindicada como paradigma possui “situação regular no Cadastro de Eleitores” e apresenta restrição à suaquitação eleitoral (“AUSÊNCIA ÀS URNAS e MULTA ELEITORAL Cod.: 264 Motivo: 2”).Conclui-se, portanto, que as situações fáticas são diversas e não se confundem, já que a candidata desteprocesso possui inscrição eleitoral cancelada e quitação eleitoral, circunstâncias que serão devidamenteanalisadas por ocasião do julgamento do seu processo de registro de candidatura.Ultrapassada essa questão, destaca-se um aspecto com potencial para repercutir no eventual deferimentodo registro da candidata. Nesse momento, cumpre a aferição da condição de elegibilidade considerado ocancelamento da inscrição eleitoral da requerente pelo não comparecimento à revisão do eleitorado comcoleta de dados biométricos ocorrida em Caucaia, fato incontroverso, pois reconhecido e certificado pelo

Num. 132023 - Pág. 5Assinado eletronicamente por: ALCIDES SALDANHA LIMA - 14/09/2018 14:44:36https://pje.tre-ce.jus.br:8443/pje-web/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=18091414443436600000000125131Número do documento: 18091414443436600000000125131

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Cartório Eleitoral e pelo espelho do Cadastro Eleitoral – ELO.A identificação biométrica do eleitor foi autorizada pela Lei nº 12.034/2009 e disciplinada, dentre outras,pela Resolução TSE n.º 23.440/2015, que detalha os procedimentos para incorporação de dadosbiométricos dos eleitores, mediante atualização ordinária do cadastro eleitoral e por meio de revisões deeleitorado de ofício. O Provimento nº 16/2016 do Corregedor-Geral da Justiça Eleitoral (DJe 09/12/2016 -TSE) tornou pública relação de localidades a serem submetidas a revisão de eleitorado com coleta dedados biométricos, pertinente ao Programa de Identificação Biométrica 2017-2018, destacando-se, dentreoutros, o município de Caucaia (37ª, 120ª e 123ª Zonas Eleitorais).No âmbito do TRE/CE, a Resolução nº 649/2016 determinou que, dentre outros, o município de Caucaia(sob a presidência do Juiz Eleitoral da 123ª ZE) estaria sujeito à revisão do eleitorado com coleta de dadosbiométricos “obrigatória a todos os eleitores, em situação regular ou liberada, inscritos nos municípiosenvolvidos ou para ele movimentados até 30 (trinta) dias antes do início dos respectivos trabalhos”. Conforme determina o art. 3º da Resolução TSE n.º 23.440/2015, “ultrapassado o prazo estabelecido parao comparecimento do eleitorado, serão canceladas, mediante comando do código de ASE 469, asinscrições correspondentes aos títulos que não forem apresentados à revisão”. Ao final do procedimento,sentença proferida pelo Juízo da 123ª Zona Eleitoral – Caucaia/CE, nos autos do Processo nº1-37.2017.6.06.0123 – Petição (PET), determinou “o CANCELAMENTO das inscrições dos eleitores doMunicípio de Caucaia/CE que não compareceram à revisão (fl. 482/584v), lançando-se o código de ASE469 no cadastro eleitoral” (DJe 11/04/2018).Apreciando o Processo nº 60-69.2018.6.06.0000 – Revisão de Eleitorado (RVE), este TRE-CEhomologou, por unanimidade, “a revisão do eleitorado realizada no município de Caucaia - 123ª ZonaEleitoral” (DJe 27/04/2018), nos seguintes termos:REVISÃO DE ELEITORADO Nº 60-69.2018.6.06.0000 ORIGEM: CAUCAIA-CE RELATOR(A): HAROLDO CORREIA DE OLIVEIRA MÁXIMO INTERESSADO(S): JUÍZO ELEITORAL DA 123ª ZONA - CAUCAIA EMENTA: Revisão do eleitorado com coleta de dados biométricos. 123ª Zona Eleitoral do Ceará,Município de Caucaia. Observância dos requisitos normativos atinentes à espécie. Regularidade doprocesso revisional. Cancelamento de inscrições eleitorais. Revisão do eleitorado homologada. Artigo 76,II, da Resolução TSE nº 21.538/2003.I - Ante a inexistência de vícios comprometedores à validade e à eficácia da revisão, ratifica-se a decisãoa quo. Inteligência do artigo 73 da Resolução TSE nº 21.538/2003. II - Observados os preceitos normativos atinentes à espécie, impõe-se a homologação dos trabalhosrevisionais (Artigo 76, II, da Resolução TSE nº 21.538/2003). DECISÃO: ACORDAM os Membros do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará, por unanimidade, emhomologar a revisão do eleitorado realizada no município de Caucaia - 123ª Zona Eleitoral, mantendo asentença, nos termos do voto do(a) Relator(a). DATA DO JULGAMENTO: 24/04/2018

Conforme o Manual ASE (aprovado pelo Provimento nº 6/2009 – CGE – TSE), o código “ASE 469 –Cancelamento – revisão de eleitorado” tem por finalidade “identificar a inscrição de eleitor que nãocomprovou o domicílio no processo de revisão de eleitorado” e “cancela a inscrição” a partir da “data dahomologação do processo revisional pelo TRE”. Ademais, “a regularização de inscrição cancelada pelocódigo de ASE 469 só poderá ocorrer após comprovação do domicílio, além do cumprimento dos demaisrequisitos próprios da operação”. Para regularizar a situação da inscrição cancelada, deve ser consignada aOPERAÇÃO 5 – REVISÃO, “com reutilização do número de inscrição cancelada pelos códigos FASE019 – falecimento, 027 – duplicidade/pluralidade, 035 – deixou de votar em três eleições consecutivas e469 – revisão de eleitorado, desde que comprovada a inexistência de outra inscrição liberada, nãoliberada, regular ou suspensa para o eleitor” (Resolução TSE nº 21.538/2003, art. 4º, §§ 3º e 4º). Referidoprocedimento prestigia a preservação do histórico do eleitor e impede o inchamento artificial do cadastroeleitoral, conforme voto do Ministro Barros Monteiro (PA nº 18.463, Resolução TSE nº 21.538/2003):“No que diz respeito às operações disponíveis no Requerimento de Alistamento Eleitoral – RAE,salienta-se a possibilidade de reutilização de número de inscrição cancelada, que vem ao encontro dadiretriz adotada pela Justiça Eleitoral de preservação do histórico do eleitor, mediante a manutenção denúmero único de inscrição, que deverá acompanhar o cidadão por toda sua vida e conter registro dasocorrências de interesse verificadas ao longo do tempo.[…]

Num. 132023 - Pág. 6Assinado eletronicamente por: ALCIDES SALDANHA LIMA - 14/09/2018 14:44:36https://pje.tre-ce.jus.br:8443/pje-web/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=18091414443436600000000125131Número do documento: 18091414443436600000000125131

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Não se justifica que, a cada procedimento de depuração do cadastro eleitoral, qualquer que seja suanatureza (cancelamentos por ausência a três eleições consecutivas, automáticos pelo sistema, emdecorrência de não-comprovação de domicílio ou ausência a revisão de eleitorado), venha o eleitor a sercompelido, pela inflexibilidade do procedimento adotado e pela demora no processamento do pedido, arequerer nova inscrição eleitoral, contribuindo para o inchamento desnecessário do cadastro e a dispersãodas informações constantes do histórico da inscrição.”

Conclui-se, portanto, não haver a alegada imperfeição no Sistema ELO ou equívoco em seu manuseio(alimentação). O cancelamento da inscrição dos eleitores faltosos processou-se regularmente, em estritaobservância à legislação de regência, com publicação dos respectivos editais e ampla divulgação (rádiolocal, estabelecimentos públicos e comerciais, escolas públicas e particulares). Conforme a sentença, orecadastramento biométrico ordinário ocorreu de 17/08/2015 a 05/02/2017 e o período oficial da RevisãoBiométrica transcorreu de 06/02/2017 a 23/03/2018, findando o procedimento com 36.162 inscriçõespassíveis de cancelamento e um total de 199.531 eleitores recadastrados biometricamente (Processo nº1-37.2017.6.06.0123, pub. DJe de 11/04/2018). Os procedimentos revisionais encerraram-se antes de 31de março de 2018, nos termos do art. 20 da Resolução TSE nº 23.440/2015 e art. 33 do Provimento n°1/2017 do Corregedor Regional Eleitoral do Ceará. Evidencia-se, portanto, a regularidade docancelamento da inscrição eleitoral da requerente, à semelhança do que ocorreu com os demais eleitoresna mesma situação.Em razão do cancelamento válido da inscrição eleitoral, não há como acolher o argumento de que ainscrição eleitoral estaria ativa por constar seu número na certidão de filiação partidária e na certidãocircunstanciada de quitação eleitoral (n.a. ID 39365).Sua inscrição eleitoral não está regular e, por consequência, não há como ser reativada pela circunstânciade filiação partidária pretérita. Esclareça-se que a filiação partidária da requerente ocorreu anteriormente(01/04/2016) ao cancelamento da inscrição (25/04/2018) e a simples referência ao número de inscriçãocancelado não produz qualquer efeito restaurador. Apenas após nova operação de REVISÃO, comreutilização do número de inscrição cancelada (cf. Resolução TSE nº 21.538/2003, art. 4º, §§ 3º e 4º), seráregularizada a situação do eleitor, isso após a reabertura do cadastro eleitoral em 05/11/2018.Do mesmo modo, a quitação eleitoral é conceito restrito, conforme expressa a Resolução TSE nº21.823/2004:Quitação eleitoral. Abrangência. Pleno gozo dos direitos políticos. Exercício do voto. Atendimento àconvocação para trabalhos eleitorais. Inexistência de multas pendentes. Prestação de contas de campanha.Registro de sanções pecuniárias de natureza administrativa previstas no Código Eleitoral e na Lei nº9.504/97. Pagamento de multas em qualquer juízo eleitoral. Aplicação analógica do art. 11 do CódigoEleitoral. O conceito de quitação eleitoral reúne a plenitude do gozo dos direitos políticos, o regular exercício dovoto, salvo quando facultativo, o atendimento a convocações da Justiça Eleitoral para auxiliar os trabalhosrelativos ao pleito, a inexistência de multas aplicadas, em caráter definitivo, pela Justiça Eleitoral e nãoremitidas, excetuadas as anistias legais, e a regular prestação de contas de campanha eleitoral, quando setratar de candidatos. O controle da imposição de multas de natureza administrativa e da satisfação dos débitos correspondentesdeve ser viabilizado em meio eletrônico, no próprio cadastro eleitoral, mediante registro vinculado aohistórico da inscrição do infrator. É admissível, por aplicação analógica do art. 11 do Código Eleitoral, o pagamento, perante qualquer juízoeleitoral, dos débitos decorrentes de sanções pecuniárias de natureza administrativa impostas com base noCódigo Eleitoral e na Lei nº 9.504/97, ao qual deve preceder consulta ao juízo de origem sobre o quantuma ser exigido do devedor.

A Lei nº 9.504/1997 estabelece que “a certidão de quitação eleitoral abrangerá exclusivamente a plenitudedo gozo dos direitos políticos, o regular exercício do voto, o atendimento a convocações da JustiçaEleitoral para auxiliar os trabalhos relativos ao pleito, a inexistência de multas aplicadas, em caráterdefinitivo, pela Justiça Eleitoral e não remitidas, e a apresentação de contas de campanha eleitoral” (art.11, § 7º).Desse modo, em razão da limitação legal, o conceito de quitação eleitoral não abrange a regularidade dainscrição eleitoral, como pretendido.As circunstâncias do registro de candidatura de eleitora de outra Unidade da Federação devem serapreciadas pelo Tribunal competente e não se prestam como parâmetro para apreciar a situação irregular

Num. 132023 - Pág. 7Assinado eletronicamente por: ALCIDES SALDANHA LIMA - 14/09/2018 14:44:36https://pje.tre-ce.jus.br:8443/pje-web/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=18091414443436600000000125131Número do documento: 18091414443436600000000125131

Page 8: REGISTRO DE CANDIDATURA Nº 0601248-48.2018.6.06 · requerimento de registro de candidatura (TRE-PR PJe nº 0601536-17.2018.6.16.0000) com certidão do cartório eleitoral (117ª

da inscrição eleitoral da requerente.Destaco a orientação da jurisprudência do TSE e de outros Tribunais Eleitorais sobre o assunto:“[...] Recadastramento biométrico. Revisão do eleitorado. Não comparecimento. Cancelamento deinscrição eleitoral. Legalidade. Decisão mantida. Desprovimento. 1. A Resolução-TSE n° 23.335/2011,em seu art. 4°, regulamenta a causa de cancelamento da inscrição eleitoral em decorrência do nãocomparecimento à revisão eleitoral. 2. In casu, inexistem dúvidas quanto à legalidade do cancelamento dotítulo eleitoral no caso dos autos, ante sua expressa previsão na legislação eleitoral, máxime porque orecadastramento biométrico constitui hipótese de revisão do Eleitorado [...]”. (TSE, Ac. de 4.8.2015 noAgR-AI nº 7107, rel. Min. Luiz Fux.) 

“[...] Deputado estadual. Condição de elegibilidade. Inscrição eleitoral. Cancelamento. Prova. Sentidocontrário. Ausência. Desprovimento. 1. Nos termos da jurisprudência do TSE, ‘estando o candidato com asua inscrição eleitoral cancelada, em processo de revisão do eleitorado, em que não foi comprovado o seudomicílio eleitoral na circunscrição do pleito, não pode ser deferido o registro, em virtude de ausência dascondições de elegibilidade previstas nos arts. 11, § 1º, III e IV, e 12 da Resolução/TSE nº 22.717/2008’[...] 2. Questões atinentes a eventuais irregularidades ocorridas no cancelamento da referida inscriçãoeleitoral devem ser, necessariamente, discutidas nas vias próprias e não no processo de registro decandidatura [...]”. (TSE, Ac. de 3.10.2014 no AgR-REspe nº 43906, rel. Min. Luciana Lóssio; no mesmosentido Ac de 16.10.2008 no AgR-REspe nº 30035, rel. Min. Marcelo Ribeiro.)

EMENTA: ELEIÇÕES 2014- AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. REGIMENTOINTERNO DO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL. NEGATIVA DE SEGUIMENTO. DECISÃOMONOCRÁTICA. POSSIBILIDADE. REGISTRO DE CANDIDATURA.  ALISTAMENTOELEITORAL. REVISÃO DE ELEITORADO. INSCRIÇÃO CANCELADA. REEXAME DE FATOS EPROVAS. IMPOSSIBILIDADE. ENUNCIADO DA SÚMULA 182 DO SUPERIOR TRIBUNAL DEJUSTIÇA. INCIDÊNCIA. DESPROVIMENTO. […] 2. Acolher o argumento de que não tomouconhecimento do recadastramento biométrico ocorrido em seu domicílio eleitoral em razão decompromisso profissional demandaria o reexame de fatos e provas, tarefa impossível nesta instânciarecursal, de acordo com os enunciados 7 do STJ e 279 do Supremo Tribunal Federal.  3.Corretaobservância do que determina o art. 14, § 31, inciso III, da Constituição Federal, que, expressamente,impõe como condição de elegibilidade o regular alistamento eleitoral. […] (TSE, AGRAVOREGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL N° 2907-23. 2014.6.19.0000, Relatora:Ministra Maria Thereza de Assis Moura, j. 25/11/2014.)

EMENTA: ELEIÇÕES 2016. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL.REGISTRO DE CANDIDATURA INDEFERIDO. VEREADOR. COLIGAÇÃO UNIDOS POR MORRINHOS (PMDBIPSBIPRP). INSCRIÇÃO ELEITORAL CANCELADA EM PROCESSO DEREVISÃO DE ELEITORADO. CONDIÇÃO DE ELEGIBILIDADE NÃO PREENCHIDA.ALISTAMENTO ELEITORAL AUSENTE. [...] 4. Ainda que se considerem prestadas as contas decampanha do agravante atinentes ao pleito de 2008, no curso do processo de registro de candidatura,subsiste o não preenchimento da condição de elegibilidade prevista no art. 11, § 10, III, da Resolução TSEn° 23.455/2015, relativa ao alistamento eleitoral, à luz das premissas fáticas delimitadas pelo acórdãoregional, ante o cancelamento de sua inscrição, decorrente do não comparecimento à Justiça Eleitoral emprocesso de revisão de eleitorado para o qual foi regularmente convocado. […] (TSE, AGRAVOREGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL N° 65-12.2016.6.09.0022, Relatora: MinistraRosa Weber, J. 25/04/2017.)

EMENTA - RECURSO ELEITORAL - ELEIÇÕES 2016 - REGISTRO DE CANDIDATURA -VEREADOR. INSCRIÇÃO ELEITORAL CANCELADA POR AUSÊNCIA À REVISÃOBIOMÉTRICA. REGISTRO INDEFERIDO - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. (TRE/PR,RECURSO ELEITORAL n 39213, ACÓRDÃO n 51438 de 25/09/2016, Relator(a) LOURIVAL PEDROCHEMIM, Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Data 25/09/2016 )

EMENTA: RECURSO. REGISTRO DE CANDIDATURA. CARGO DE VEREADOR. CONDIÇÃO DEELEGIBILIDADE. ALISTAMENTO ELEITORAL. ART. 11, § 1º, INC. V, DA LEI N. 9.504/97.ELEIÇÕES 2016. Decisão a quo pelo indeferimento do registro de candidatura, em razão de inscriçãoeleitoral cancelada por não comparecimento ao recadastramento biométrico. Preliminares afastadas. A

Num. 132023 - Pág. 8Assinado eletronicamente por: ALCIDES SALDANHA LIMA - 14/09/2018 14:44:36https://pje.tre-ce.jus.br:8443/pje-web/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=18091414443436600000000125131Número do documento: 18091414443436600000000125131

Page 9: REGISTRO DE CANDIDATURA Nº 0601248-48.2018.6.06 · requerimento de registro de candidatura (TRE-PR PJe nº 0601536-17.2018.6.16.0000) com certidão do cartório eleitoral (117ª

revisão do eleitorado obriga o comparecimento de todos os eleitores inscritos, inclusive os facultativos.Inviável o pedido de reabilitação do título eleitoral nos autos de registro de candidatura, tampouco aconversão do julgamento em diligências. Inadimplida a condição de elegibilidade atinente ao alistamentoeleitoral. Exigência prevista no art. 14, § 3º, III, da Constituição Federal. Provimento negado. (TRE/RS,Recurso Eleitoral n 46171, ACÓRDÃO de 14/09/2016, Relator(a) DES. CARLOS CINIMARCHIONATTI, Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Data 14/09/2016 )

EMENTA: RECURSO ELEITORAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. NÃO COMPARECIMENTOÀ REVISÃO ELEITORAL. TÍTULO CANCELADO. AUSÊNCIA DE ALISTAMENTO ELEITORAL.INDEFERIMENTO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. 1. O alistamento eleitoral constituirequisito para o deferimento do registro de candidatura (condição de elegibilidade) sendo certo que suaausência obsta a capacidade eleitoral ativa e passiva do eleitor. 2. Recurso conhecido e desprovido.(TRE/GO, RECURSO ELEITORAL n 2821, ACÓRDÃO n 1012/2016 de 26/09/2016, Relator(a) ABELCARDOSO MORAIS, Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Tomo 79, Data 26/09/2016 )

EMENTA: RECURSO ELEITORAL. REGULARIZAÇÃO DE SITUAÇÃO DE ELEITOR.INSCRIÇÃO CANCELADA POR AUSÊNCIA À REVISÃO BIOMÉTRICA. ART. 71, § 4º, DOCÓDIGO ELEITORAL.  PRESUNÇÃO IURI ET DE IURI DE AUSÊNCIA DE DOMICÍLIOELEITORAL NA CIRCUNSCRIÇÃO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. O cancelamento,de ofício, da inscrição eleitoral por ausência à revisão eleitoral visando o cadastramento biométricoencontra amparo no artigo 71, § 4º, do Código Eleitoral, da qual decorre presunção iuri et de iuri deausência de domicílio eleitoral na circunscrição. Recurso conhecido e desprovido. (TRE/AM, RecursoEleitoral n 5654, ACÓRDÃO n 639 de 23/10/2014, Relator(a) MARCO ANTONIO PINTO DA COSTA,Publicação: DJEAM - Diário de Justiça Eletrônico, Tomo 231, Data 28/10/2014 )

EMENTA: ELEIÇÕES 2012. RECURSO ELEITORAL. REGISTRO DE CANDIDATURA.INDEFERIMENTO. CANDIDATO. CARGO. VEREADOR. DOMICÍLIO ELEITORAL. NÃOCOMPROVAÇÃO. TÍTULO ELEITORAL. CANCELAMENTO. NÃO COMPARECIMENTO ÀREVISÃO ELEITORAL BIOMÉTRICA. AUSÊNCIA DE CONDIÇÕES DE ELEGIBILIDADE.RECURSO. NÃO PROVIMENTO. 1. O cancelamento de inscrição eleitoral, por não comparecimento àrevisão eleitoral biométrica, evidencia a perda da condição de elegibilidade atinente ao alistamentoeleitoral. 2. A não comprovação do domicílio eleitoral na circunscrição do pleito demonstra o nãopreenchimento da condição de elegibilidade prevista no art. 14, § 3°, IV, da CF/88. 3. Não provimento dorecurso.(TRE/SE, RECURSO ELEITORAL n 16125, ACÓRDÃO n 698/2012 de 13/08/2012, Relator(a) CLÉAMONTEIRO ALVES SCHLINGMANN, Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Data 13/08/2012 )

ELEIÇÕES 2014. REGISTRO DE CANDIDATURA. RECADASTARMENTO ELEITORAL NÃOEFETIVADO. CANDIDATA REGULARMENTE INTIMADA. TRANSCURSO IN ALBIS DO PRAZODE MANIFESTAÇÃO. AUSÊNCIA DE CONDIÇÃO DE ELEGIBILIDADE. PEDIDO INDEFERIDO.1. O alistamento eleitoral constitui condição de elegibilidade descrita no art. 14, § 3º, III, da ConstituiçãoFederal e visa assegurar aos eleitores um processo eleitoral isento de fraudes. 2. É de rigor oindeferimento do registro de candidatura, se a candidata teve seu alistamento eleitoral cancelado por nãoter realizado o recadastramento biométrico. 3. Registro indeferido. (TRE-DF, ACÓRDÃO Nº 6016, Rel.Desembargadora Eleitoral MARIA DE FÁTIMA RAFAEL DE AGUIAR, j. 20/08/2014)

O primeiro julgado (TRE-MA, RE 5990) indicado pela requerente adota entendimento minoritário,superado pela jurisprudência dominante antes referida.Os precedentes deste TRE-CE (RE 11092) e do TSE (REspe 16529) também não legitimam odeferimento do registro de candidatura em caso de inscrição eleitoral cancelada. Pelo contrário, reforçama necessidade de regularização da inscrição no momento adequado. A discussão nos autos do RE 11092(TRE-CE) restringiu-se à eventual perda ou suspensão do domicílio eleitoral em razão de cancelamentode inscrição eleitoral em virtude de não comparecimento à revisão eleitoral. Do mesmo modo, o REspe16529 (TSE) também tratou do domicílio eleitoral de eleitor que teve sua inscrição eleitoral cancelada.Ausentes quaisquer alterações fáticas ou jurídicas na situação da candidata, não se justifica a aplicação daSúmula TSE nº 43 (As alterações fáticas ou jurídicas supervenientes ao registro que beneficiem ocandidato, nos termos da parte final do art. 11, § 10, da Lei nº 9.504/1997, também devem ser admitidas

Num. 132023 - Pág. 9Assinado eletronicamente por: ALCIDES SALDANHA LIMA - 14/09/2018 14:44:36https://pje.tre-ce.jus.br:8443/pje-web/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=18091414443436600000000125131Número do documento: 18091414443436600000000125131

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para as condições de elegibilidade.).Finalmente, relembro que este Tribunal recentemente enfrentou a matéria, com as seguintes conclusões:

ELEIÇÃO 2018. REGISTRO DE CANDIDATURA. DEPUTADO ESTADUAL. CANCELAMENTODE INSCRIÇÃO ELEITORAL. AUSÊNCIA DE ALISTAMENTO ELEITORAL. INOBSERVÂNCIAAOS REQUISITOS LEGAIS. REGISTRO INDEFERIDO. 1. No caso em exame, em consulta à base de dados do cadastro eleitoral, consta como cancelada ainscrição eleitoral da candidata. Assim, impõe-se a impossibilidade legal de promover a regularização dasituação, tendo em vista o disposto no art. 91 da Lei n. 9.504/97, que suspende o período de alistamentoeleitoral nos 150 dias anteriores ao pleito até a conclusão dos trabalhos de apuração. Logo, resta ausente àcandidata a condição de elegibilidade prevista no art. 14, §3º, inciso III, da Constituição Federal e no art.11, §1º, III, da Res. TSE n. 23.548/2017. Precedentes TRE. 2. Assim, a candidata não reúne todas as condições de elegibilidade, em razão de ausência de alistamentoeleitoral, no momento da formalização do pedido de registro de sua candidatura. 3. Indeferimento do pedido de registro de candidatura. (TRE-CE, Registro de Candidatura nº 0600567-78.2018.6.06.0000, Rel. JUIZ CASSIO FELIPE GOESPACHECO, julgado em 13/09/2018.)

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM REQUERIMENTO DE REGISTRO DE CANDIDATURA -RRC. ELEIÇÕES 2018. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. ÂMBITO DE COGNIÇÃO RESTRITO DORRC. ALEGAÇÃO DE FATOS SOBRE OS QUAIS SEQUER SE CONTROVERTEU.OBSCURIDADE. NÃO CONFIGURAÇÃO. PRÉ-QUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA DE VÍCIOS.INADMISSIBILIDADE. CONHECIMENTO E NÃO PROVIMENTO. 1. Trata-se de embargos de declaração apresentados em face de acórdão que indeferiu, por unanimidade, oRequerimento de Registro de Candidatura - RRC de Elizabeth Fernandes da Silva, candidata do PartidoRepublicano da Ordem Social – PROS ao cargo de Deputado Estadual, nas Eleições de 2018. 2. Os embargos de declaração prestam-se para esclarecer obscuridade, eliminar contradição e supriromissão existente na decisão, nos termos do disposto no art. 1.022 do CPC/2015, podendo,eventualmente, ter efeito modificativo (infringente) do julgado, no entanto, não são a via adequada àrediscussão da matéria decidida, que exige o manejo da espécie recursal adequada. 3. Não há a alegada omissão do item “a” (demonstração da autorização do TSE e excepcionalidade docancelamento de cadastro de eleitores), pois o presente processo tem por objeto exclusivamente o registrode candidatura, nele não se podendo tratar de questões estranhas, no caso, relacionadas à revisão doeleitorado de Caucaia. Reitere-se, conforme já destacado no acórdão embargado, a presunção deregularidade e validade daquele procedimento, o qual findou por sentença proferida pelo Juízo da 123ªZona Eleitoral – Caucaia/CE (DJe 11/04/2018), que foi chancelada por unanimidade por este TRE/CEhomologando “a revisão do eleitorado realizada no município de Caucaia - 123ª Zona Eleitoral” (DJe27/04/2018). 4. Eventuais impropriedades na revisão do eleitorado devem ser discutidas na via processual adequada,não cabendo sua discussão no processo de registro de candidatura, conforme entendimento jurisprudencialconsolidado. Precedentes (v.g: “Questões atinentes a eventuais irregularidades ocorridas no cancelamentoda referida inscrição eleitoral devem ser, necessariamente, discutidas nas vias próprias e não no processode registro de candidatura.” TSE, Recurso Especial Eleitoral nº 43906, Relator(a) Minª. LUCIANACHRISTINA GUIMARÃES LÓSSIO, Publicado em Sessão, Data 03/10/2014). 5. Não há a alegada omissão do item “b” (“desprezo da comprovação do domicílio eleitoral daembargante”), pois o indeferimento do pedido de registro fundamentou-se na ausência de alistamentoeleitoral, corolário do cancelamento da inscrição por ausência ao recadastramento biométrico. Acomprovação do domicílio eleitoral deve ser feita perante o Juízo Eleitoral competente, em sede deeventual futuro pedido de regularização de inscrição eleitoral, isso após a reabertura do cadastro(05/11/2018). Sobre o tema sequer se controverteu nesses autos. 6. Não há, finalmente, a alegada omissão do item “c” (“como a Embargante pode estar no regular e plenogozo de seus direitos políticos e não poder ser votada”), pois o indeferimento de seu RRCI não decorreude perda ou suspensão de direitos políticos. Sobre o tema, também, sequer se controverteu nesses autos. 7. A própria certidão de quitação eleitoral apresentada pela candidata esclarece seu alcance: “Res.-TSE nº21.823/2004: O conceito de quitação eleitoral reúne a plenitude do gozo dos direitos políticos, o regularexercício do voto, salvo quando facultativo, o atendimento a convocações da Justiça Eleitoral paraauxiliar os trabalhos relativos ao pleito, a inexistência de multas aplicadas, em caráter definitivo, pela

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Justiça eleitoral e não remitidas, excetuadas as anistias legais, e a regular prestação de contas decampanha eleitoral, quando se tratar de candidatos. A plenitude do gozo de direitos políticos decorre dainocorrência de perda de nacionalidade; cancelamento de naturalização por sentença transitada emjulgado; interdição por incapacidade civil absoluta; condenação criminal transitada em julgado, enquantodurarem seus efeitos; recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa; condenaçãopor improbidade administrativa; conscrição; e opção, em Portugal, pelo estatuto da igualdade.” 8. Em razão da limitação legal (Lei nº 9.504/1997, art. 11, § 7º), o conceito de quitação eleitoral nãoabrange a regularidade da inscrição eleitoral, mas exclusivamente os parâmetros antes referidos. 9. A certidão de quitação eleitoral refere-se aos dados históricos do eleitor, apontando, por exemplo, que,em eleições pretéritas, houve o “regular exercício do voto” ou foram quitadas as multas decorrentes deeventual ausência às urnas. Isso não significa que a certidão de quitação eleitoral tenha o fim de habilitarà votação o eleitor que teve sua inscrição cancelada, como neste caso. 10. Não cabem embargos de declaração para o específico fim de se pronunciar o julgador (unipessoal oucolegiado) acerca de tese ou fundamento incapaz de alterar a conclusão alcançada. Precedentes. 11. Nos termos jurisprudenciais: “Não se admitem embargos de declaração com a finalidade depré-questionamento, quando não existem vícios na decisão embargada” (Embargos de Declaração emRecurso em Representação n° 295549, Acórdão de 01109/2011, Relator(a) Min. MARCELOHENRIQUES RIBEIRO DE OLIVEIRA, Publicação: DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Data22/09/2011, Página 55). 12. Embargos de declaração conhecidos e não providos. (TRE-CE, Embargos de Declaração em Registro de Candidatura nº 0600567-78.2018.6.06.0000, Rel.JUIZ ALCIDES SALDANHA LIMA, julgado em 12/09/2018.) 

ELEIÇÕES 2018. REQUERIMENTO DE REGISTRO DE CANDIDATURA (RRC). DEPUTADOESTADUAL. CANCELAMENTO DA INSCRIÇÃO ELEITORAL DA CANDIDATA. AUSÊNCIA DECOMPARECIMENTO À REVISÃO DO ELEITORADO COM COLETA DE DADOS BIOMÉTRICOS.AUSÊNCIA DE ALISTAMENTO ELEITORAL. RRC INDEFERIDO. ACÓRDÃO PUBLICADO EMSESSÃO. 1. Trata-se do Requerimento de Registro de Candidatura – RRC de candidata do Partido Republicano daOrdem Social – PROS ao cargo de Deputado Estadual, nas Eleições de 2018. 2. A partir da análise das certidões criminais apresentadas pela candidata, não se identifica circunstânciade inelegibilidade, já que ausente decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado. 3. Convém analisar a situação decorrente do cancelamento da inscrição eleitoral da candidata, porausência de comparecimento à revisão do eleitorado com coleta de dados biométricos ocorrida emCaucaia, fato incontroverso reconhecido pela própria candidata e documentado por certidãocircunstanciada emitida pelo Cartório Eleitoral e pelo espelho do Cadastro Eleitoral – ELO. 4. A identificação biométrica do eleitor foi autorizada pela Lei nº 12.034/2009 e disciplinada, dentreoutras, pela Resolução TSE n.º 23.440/2015, que detalha os procedimentos para incorporação de dadosbiométricos dos eleitores, mediante atualização ordinária do cadastro eleitoral e por meio de revisões deeleitorado de ofício. 5. No âmbito do TRE-CE, a Resolução nº 649/2016 determinou que, dentre outros municípios, omunicípio de Caucaia estaria sujeito à revisão do eleitorado com coleta de dados biométricos, “obrigatóriaa todos os eleitores, em situação regular ou liberada, inscritos nos municípios envolvidos ou para elemovimentados até 30 (trinta) dias antes do início dos respectivos trabalhos”. Conforme determina o art. 3ºda Resolução TSE n.º 23.440/2015, “ultrapassado o prazo estabelecido para o comparecimento doeleitorado, serão canceladas, mediante comando do código de ASE 469, as inscrições correspondentes aostítulos que não forem apresentados à revisão”. Ao final do procedimento, sentença proferida pelo Juízo da123ª Zona Eleitoral – Caucaia/CE, nos autos do Processo nº 1-37.2017.6.06.0123 – Petição (PET),determinou “o CANCELAMENTO das inscrições dos eleitores do Município de Caucaia/CE que nãocompareceram à revisão (fls.482/584v), lançando-se o código de ASE 469 no cadastro eleitoral” (DJe11/04/2018). Apreciando o Processo nº 60-69.2018.6.06.0000 – Revisão de Eleitorado (RVE), esteTRE-CE homologou, por unanimidade, “a revisão do eleitorado realizada no município de Caucaia - 123ªZona Eleitoral” (DJe 27/04/2018). 6. Conforme o Manual ASE (aprovado pelo Provimento nº 6/2009 – CGE – TSE), o código “ASE 469 –Cancelamento – revisão de eleitorado” tem por finalidade “identificar a inscrição de eleitor que nãocomprovou o domicílio no processo de revisão de eleitorado” e “cancela a inscrição” a partir da “data dahomologação do processo revisional pelo TRE”. Ademais, “a regularização de inscrição cancelada pelo

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código de ASE 469 só poderá ocorrer após comprovação do domicílio, além do cumprimento dos demaisrequisitos próprios da operação”. Para regularizar a situação da inscrição cancelada, deve ser consignada aOPERAÇÃO 5 – REVISÃO, “com reutilização do número de inscrição cancelada pelos códigos FASE019 – falecimento, 027 – duplicidade/pluralidade, 035 – deixou de votar em três eleições consecutivas e469 – revisão de eleitorado, desde que comprovada a inexistência de outra inscrição liberada, nãoliberada, regular ou suspensa para o eleitor” (Resolução TSE nº 21.538/2003, art. 4º, §§ 3º e 4º). Referidoprocedimento prestigia a preservação do histórico do eleitor e impede o inchamento artificial do cadastroeleitoral, conforme voto do Ministro Barros Monteiro (PA nº 18.463, Resolução TSE nº 21.538/2003). 7. A partir disso, verifica-se que não prospera a alegação de que haveria imperfeição ou equívoco nomanuseio do sistema ELO. O cancelamento da inscrição dos eleitores faltosos processou-se regularmente,em estrita observância à legislação vigente, com a publicação dos respectivos editais e ampla divulgação(rádio local, estabelecimentos públicos e comerciais, escolas públicas e particulares). Conforme asentença, o recadastramento biométrico ordinário ocorreu de 17/08/2015 a 05/02/2017 e o período oficialda Revisão Biométrica transcorreu de 06/02/2017 a 23/03/2018, findando o procedimento com 36.162inscrições passíveis de cancelamento e um total de 199.531 eleitores recadastrados biometricamente(Processo nº 1-37.2017.6.06.0123 – DJe 11/04/2018). Evidencia-se, portanto, a regularidade docancelamento da inscrição eleitoral da candidata e por outros eleitores de Caucaia na mesma situação, aqual foi reconhecida por sentença do Juízo da 123ª Zona Eleitoral e por decisão unânime deste TRE-CE. 8. Em razão do cancelamento da inscrição eleitoral, não há como acolher a alegação da requerente de quesua inscrição eleitoral seria válida, por haver referência ao seu número na certidão de filiação partidária ena certidão circunstanciada de quitação eleitoral. 9. Sua inscrição eleitoral não está regular e, por consequência, não há como ser reativada pelacircunstância de filiação partidária pretérita. A filiação partidária ocorreu em momento anterior aocancelamento da inscrição e a simples referência ao número de inscrição cancelado não tem o condão deregularizá-lo automaticamente. Apenas após nova operação de REVISÃO, com reutilização do número deinscrição cancelada (Resolução TSE nº 21.538/2003, art. 4º, §§ 3º e 4º), será possível regularizar asituação da eleitora, após a reabertura do cadastro eleitoral em 05/11/2018. 10. Do mesmo modo, a quitação eleitoral é conceito restrito, conforme expressa a Resolução TSE nº21.823/2004. A Lei nº 9.504/1997 estabelece que “a certidão de quitação eleitoral abrangeráexclusivamente a plenitude do gozo dos direitos políticos, o regular exercício do voto, o atendimento aconvocações da Justiça Eleitoral para auxiliar os trabalhos relativos ao pleito, a inexistência de multasaplicadas, em caráter definitivo, pela Justiça Eleitoral e não remitidas, e a apresentação de contas decampanha eleitoral” (art. 11, § 7º). Desse modo, em razão da limitação legal, o conceito de quitaçãoeleitoral não abrange a regularidade da inscrição eleitoral, mas exclusivamente os parâmetros antesreferidos. 11. As circunstâncias do registro de candidatura de eleitora de outra Unidade da Federação devem serapreciadas pelo Tribunal competente e não se prestam como parâmetro para apreciar a situação irregularda inscrição eleitoral da requerente. 12. Requerimento de Registro de Candidatura (RRC) indeferido, em razão da ausência de alistamentoeleitoral. Acórdão publicado em sessão.”(TRE-CE, Registro de Candidatura nº 0600567-78.2018.6.06.0000, Rel. JUIZ ALCIDES SALDANHALIMA, julgado em 06/09/2018.)

Em face do exposto, voto por indeferir o Requerimento de Registro de Candidatura – RRC de Lia FerreiraGomes, em razão da ausência de alistamento eleitoral.Fortaleza 14 de setembro de 2018.

ALCIDES SALDANHA LIMAJuiz Relator

 

 

 

EXTRATO DA ATA

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REGISTRO DE CANDIDATURA Nº 0601248-48.2018.6.06.0000ORIGEM: FORTALEZA - CERELATOR: JUIZ ALCIDES SALDANHA LIMAREQUERENTE: LIA FERREIRA GOMESADVOGADO: André Garcia Xerez Silva 

Composição: DESEMBARGADORA MARIA NAILDE PINHEIRO NOGUEIRA (PRESIDENTE),DESEMBARGADOR HAROLDO CORREIA DE OLIVEIRA MÁXIMO, JUIZ CASSIO FELIPEGOES PACHECO, JUIZ ALCIDES SALDANHA LIMA, JUIZ ROBERTO VIANA DINIZ DEFREITAS, JUIZ TIAGO ASFOR ROCHA LIMA E JUIZ FRANCISCO EDUARDO TORQUATOSCORSAFAVA.

 

PROCURADOR REGIONAL ELEITORAL: ANASTÁCIO NÓBREGA TAHIM JÚNIOR

 

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Decisão: ACORDAM os Membros do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará, por unanimidade, em indeferir opedido de registro de candidatura, nos termos do voto do(a) Relator(a).

 

Composição: DESEMBARGADORA MARIA NAILDE PINHEIRO NOGUEIRA (PRESIDENTE),JUIZ CASSIO FELIPE GOES PACHECO, JUIZ ALCIDES SALDANHA LIMA, JUIZ ROBERTOVIANA DINIZ DE FREITAS, JUIZ TIAGO ASFOR ROCHA LIMA E JUIZ FRANCISCOEDUARDO TORQUATO SCORSAFAVA.

 

PROCURADOR REGIONAL ELEITORAL: ANASTÁCIO NÓBREGA TAHIM JÚNIOR

8SESSÃO DE 14.9.201

 

 

 

 

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