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REGULAÇÃO DE PREÇOS PÚBLICOS POR AGÊNCIAS FEDERAIS: ENERGIA ELÉTRICA, TELEFONIA , TRANSPORTE TERRESTRE E AQUAVIARIO . Elaborado por Jorge Ruiz, da Gerência de Desempenho Operacional-GPDOP, da ANTAQ-Agência Nacional de Transportes Aquaviários. E-mail [email protected] ou [email protected]

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REGULAÇÃO DE PREÇOS PÚBLICOS POR AGÊNCIAS FEDERAIS: ENERGIA ELÉTRICA, TELEFONIA , TRANSPORTE TERRESTRE E AQUAVIARIO♣.

♣ Elaborado por Jorge Ruiz, da Gerência de Desempenho Operacional-GPDOP, da ANTAQ-Agência Nacional de Transportes Aquaviários. E-mail [email protected] ou [email protected]

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 2. COMPETÊNCIAS PARA REAJUSTE E REVISÃO DE TARIFAS OU PREÇOS PÚBLICOS 2.1 TARIFAS NO SETOR DE TELECOMUNICAÇÕES 2.2 TARIFAS NO SETOR DE ENERGIA ELÉTRICA 2.2.1 REAJUSTE TARIFÁRIO ANUAL 2.2.2 REVISÃO TARIFÁRIA PERIÓDICA 2.2.2.1 INFORMAÇÕES REQUERIDAS PARA A REVISÃO TARIFÁRIA 2.2.3 CÁLCULO DO “FATOR X” 2.2.3.1 CASO ESCELSA 2.2.3.2 CASO CPFL 2.2.4 EVOLUÇÃO DAS TARIFAS MÉDIAS DO SETORELÉTRICO 2.3 TARIFAS NO SETOR DE TRANSPORTES TERRESTRES 2.3.1 CASO NOVA DUTRA 2.4 TARIFAS NO SETOR DE TRANSPORTESAQUAVIÁRIOS 2.4.1 TARIFAS NOS TERMINAIS ARRENDADOS 2.4.1.1 CASO TERMINAL DE CONTÊINERES SANTOS-BRASIL 2.4.1.2 CASO TERMINAL DE CONTÊINERES DE SALVADOR 2.4.1.1.3 CASO TERMINAL DE CONTÊINERES DE SUAPE 2.4.2 TARIFAS NOS TERMINAIS PRIVATIVOS 2.4.3 EVOLUÇÃO DOS PREÇOS MÉDIOS NO SETOR PORTUÁRIO 3. ANÁLISE DOS RESULTADOS 4. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.

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1. INTRODUÇÃO.

Passados oito anos da implantação do Plano Real, pressões inflacionárias importantes tem se verificado, particularmente nos setores que foram objeto de processos de privatização/concessão e que praticam tarifas ou preços públicos sujeitos a regulação econômica a partir de agências. Com maior vigor, tais pressões tem se apresentado nos setores de energia elétrica, telecomunicações e petróleo, áreas sob regulação da ANEEL- Agência Nacional de Energia Elétrica , ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações e ANP – Agência Nacional de Petróleo. Outros setores regulados, como o de Transportes terrestres e marítimos, sob alçada da Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT e Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ, respectivamente, tem apresentado comportamento cíclico nesta matéria. No transporte terrestre, desencadeando processos de negociação para mitigar os efeitos da alta tarifária na renda dos usuários –caso do pedágio rodoviário-.No transporte aquaviário – especificamente nos terminais portuários arrendados a particulares- desencadeando processos junto a órgãos de defesa da concorrência sob a alegação de cobranças indevidas e abuso de posição dominante. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas - IBGE, entre 1995 e 2002, os assim chamados preços monitorados1, aumentaram em 203,67 % , enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA, parâmetro oficial de inflação no país, variou em 94,05 % . Já o Índice Geral de Preços de Mercado IGP-M, da Fundação Getúlio Vargas, evoluiu em 138,78 % no mesmo período. Veja quadro no anexo I. Este documento tem o propósito de sumariar a experiência reguladora em matéria de reajuste e revisão de tarifas ou preços públicos nos setores de energia elétrica, telefonia e transporte, submetidos à fiscalização de agências federais. Entende-se que o conhecimento desta experiência pode contribuir no aprimoramento do processo regulatório na área.

2. COMPETÊNCIAS PARA REAJUSTE E REVISÃO DE TARIFAS OU PREÇOS PÚBLICOS.

A Lei 8.880 de 27 de maio de 1994, instituiu no Brasil uma nova moeda, o Real que passou a ter a sua formal existência a partir de 01 de julho de 1994 ( artigos 2° e 3 ° ). Desde aquela data, as tarifas ou preços públicos passaram à alçada do Ministério da Fazenda, tanto no que diz respeito à sua conversão para a nova moeda quanto para os seus eventuais reajustes (art. 35 ). Nos casos de serviços privatizados ou concedidos à iniciativa privada, particularmente a partir de 1998, nos setores de energia elétrica e telefonia, os critérios de reajustes e revisões tarifárias foram estabelecidos em contratos. No setor de transportes, a Portaria do Ministério da Fazenda n° 118 de 17 de maio de 2002 estabeleceu critérios para reajustes e revisões anuais de tarifas dos serviços públicos regulados pela Agência

1 IPTU, taxa de água e esgoto, gás de bujão, energia elétrica, ônibus urbano, ônibus intermunicipal, água, metrô, gasolina, álcool, óleo diesel, plano de saúde, telefone fixo e telefone celular.

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Nacional de Transportes Terrestres-ANTT e Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ. Tais reajustes e revisões tarifárias seriam comunicados pelas Diretorias destas agências ao Ministério da Fazenda com antecedência mínima de 15 dias. Os reajustes com periodicidade inferior a um ano continuam a ser matéria da alçada do Ministério da Fazenda.Às tarifas portuárias cabe ainda a sua homologação pelo Conselho de Autoridade Portuária-CAP instalado em cada um dos principais portos do país.

2.1 TARIFAS NO SETOR DE TELECOMUNICAÇÕES.

Com a aprovação da emenda constitucional n° 8 de 8 de agosto de 1995 ( permitindo ao Governo Federal outorgar concessões em telecomunicações ao setor privado ); a lei n° 9295/96 ( permitindo licitar concessões de telefonia celular banda B ) e a lei 9.472 ( Lei Geral das Telecomunicações ); o Governo Federal organizou a base legal que culminou com a privatização do Sistema Telebrás em 29 de julho de 1998 via leilão na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. No período de 1991 a 2002 entre empresas federais leiloadas ( Telesp, Tele Centro Sul, Tele Norte Leste e Embratel) e Concessões ( telefonia Celular banda B e Empresas espelho ) , o Governo Federal arrecadou um montante de R$ 31,2 bilhões2. A resolução n° 26 de 27 de maio de 1998, do Conselho Diretor da Agência Nacional de Telecomunicações – ANATEL , aprovou os modelos de Contratos de Concessão para a prestação de serviços de telefonia fixa comutado nas modalidades local, longa distância nacional e longa distância internacional. Especificamente, no quesito reajuste e revisão tarifária, a resolução estabelece no capítulo XI que a cada intervalo não inferior a 12 ( doze ) meses, por iniciativa da ANATEL ou da Concessionária, observadas as regras da legislação econômica vigente, as tarifas constantes do plano básico do serviço de telefonia fixa local, poderiam ser reajustadas mediante a aplicação de reajuste através de fórmula que aqui apresentamos de forma simplificada para melhor entendimento.O regime regulatório é o de preços máximos ( price-cap ). HAPt ≤ ( 1 – k ) ( IGP-DIt ) HAPt0 ; onde IGP-DIt0 HAPt = Tarifa de telefonia englobando Habilitação, Assinatura e Valor do Pulso no período t, data da proposta do reajuste; k = Fator de transferência IGP-DIt = Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna da Fundação Getúlio Vargas ou outro índice que venha a substituí-lo, para o período t, data da proposta do reajuste;

2 Veja site do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social-BNDES.

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IGP-DIt0 = Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna da Fundação Getúlio Vargas ou outro índice que venha a substituí-lo, para o período do último reajuste. HAPt0 = Tarifa de telefonia englobando Habilitação, Assinatura e Valor do Pulso no período t0, data do último reajuste; Observe-se que o Fator de transferência ( k ) representa um redutor a ser aplicado sobre a variação anual do Índice Geral de Preços ( IGP-DI ) que reajusta a tarifa do periodo-base. Os valores do redutor estabelecidos na telefonia fixa local foram: - até 31 de dezembro de 2000 = 0 ( zero )

- de 1° de janeiro de 2001 a 31 de dezembro de 2005 = 0,01;

- após 2005 novos valores de fator de transferência poderão ser estabelecidos pela ANATEL.

Na modalidade de longa distância nacional esses fatores , são os seguintes:

- até 31 de dezembro de 2000 = 0,02

- de 1° de janeiro de2001 a 31 de dezembro de 2003 = 0,04

- de 1° de janeiro de 2004 a 31 de dezembro de 2005 = 0,05 Já na modalidade de longa distância internacional, o fator de transferência é igual a:

- até 31 de dezembro de 1999 = 0,05

- de 1° de janeiro de 2000 a 31 de dezembro de 2005 = 0,15 Como se sabe, o fator de transferência representa ganhos de produtividade que, numa visão prospectiva ( forward looking ), o regulador estima razoável de serem colocados como metas ao regulado, dadas as especificidades da atividade regulada. Tais ganhos, no entanto, referem-se àquela parcela de produtividade que a agência entende devam ser repassados, ou compartilhados, com o usuário. Daí a sua função redutora de nível de preços dentro da fórmula. Esses ganhos de produtividade são também às vezes referidos como “fator X” dentro da fórmula de reajuste tarifário.

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2.2 TARIFAS NO SETOR DE ENERGIA ELÉTRICA Com base na legislação em vigor∗ , à Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL compete proceder aos reajustes de preços e tarifas do setor, com periodicidade anual, bem como às revisões ordinárias, no geral a cada três ou quatro anos e extra-ordinárias conforme a necessidade da preservação do equilíbrio econômico-financeiro dos contratos de concessão.

2.2.1 REAJUSTE TARIFÁRIO ANUAL Os reajustes de tarifas do setor elétrico são efetuados a cada doze meses e basicamente obedecem à seguinte fórmula: IRT = VPA + VPB ( IVI ± X ) ; onde RA IRT = Índice de Reajuste Tarifário; VPA = Custos Operacionais não Gerenciáveis ( energia comprada e encargos tarifários ); VPB = Custos Operacionais “gerenciáveis” ( custos de operação e manutenção, depreciação, remuneração do capital próprio e de terceiros, PIS/PASEP/COFINS, impostos ); IVI = Índice Geral de Preços de Mercado da Fundação Getúlio Vargas entre os períodos do reajuste ou índice que vier a sucede-lo.Na hipótese de não haver um índice sucedâneo, a ANEEL estabelecerá novo índice a ser adotado. RA = Receita do Período de Referência X = Fator X Como se observa, a fórmula de reajuste contempla duas partes: a parte A (VPA ) corresponde a meros repasses de custos que independem da ação gerencial mais ou menos eficiente da concessionária, razão pela qual são integralmente repassados ao consumidor via tarifa. A Parte B ( VPB ) corresponde a custos sob a alçada de um gerenciamento mais ou menos eficiente por parte da concessionária, razão pela qual incide sobre esta parte um ∗ Inciso V do art. 29 da lei n° 8987 de 13 de fevereiro de 1995 ( Lei de Concessões), que estabelece competência do poder concedente em matéria de preços, bem com a lei n° 9.427 de 26 de dezembro de 1996, que cria a Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL e o inciso X do art. 4°do anexo I do decreto n° 2.335 de 06 de outubro de 1997, decreto constitutivo da ANEEL e a sua estrutura funcional estabelecendo competência para a agência proceder a reajustes e revisões de tarifas e preços.

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redutor a ser aplicado sobre a evolução do Índice Geral de Preços de Mercado ( o “fator X ” ). No caso da energia elétrica, o “fator X “ para os primeiros anos antecedendo a primeira revisão tarifária foi fixado em zero, como forma de estímulo às concessionárias. Já a partir da primeira revisão tarifária, o Índice Geral de Preços de Mercado passa a ser objeto de redução pela aplicação desse fator.

2.2.2 REVISÃO TARIFÁRIA PERIÓDICA. A cada três ou quatro anos, a ANEEL procede à revisão tarifária estabelecida em clausula contratual. A primeira concessionária a passar por revisões periódicas foi a Espírito Santo Centrais Elétricas S/A – ESCELSA, contrato de concessão n° 001/95 celebrado entre o concessionário e a União em 17 de julho de 1995. Em 1998 foi realizada a primeira revisão tarifária periódica da ESCELSA. Houve naquela época um reposicionamento tarifário médio negativo em – 3, 4 % . Ao mesmo tempo, as metas para o “fator X” dos anos seguintes foram estabelecidos em 1,5 % para 1999 e em 0,8 % para 2000. Posteriormente, os reajustes anuais de tarifas de energia elétrica sofreram aumentos de 20,32 % em 1999 e em 16,04 % em 2000. A segunda revisão tarifária periódica da ESCELSA prevista para vigorar no ano de 2001 foi um processo que teve inicio em 9 de março e teve término em 7 de agosto de 2001.Portanto, a definição do reposicionamento tarifário e a fixação do “fator X” tomou 5 meses de trabalho dos técnicos envolvidos na questão. Esse período abrange comunicação oficial à concessionária quanto à realização da revisão tarifária, bem como do cronograma de trabalho e solicitação das informações iniciais; informação ao Conselho de Consumidores; comunicado à concessionária quanto à realização da fiscalização econômico-financeira, na sede da concessionária, com duração aproximada de dez dias; apresentação pela agência à concessionária quanto à metodologia utilizada e primeiros resultados; apresentação de pontos de vista da concessionária; apresentação à diretoria da agência incluindo divergências com a concessionária; audiência pública via Internet da metodologia utilizada; audiência pública no município-sede da concessionária; incorporação das sugestões da audiência pública e apresentação à diretoria da agência e finalmente resolução fixando o reposicionamento tarifário, o valor do “fator X” e o das novas tarifas. A segunda revisão tarifária da ESCELSA resultou em reposicionamento tarifário de 19,89 % e Fator X de 1,89 % ao ano para os anos de 2002 e 2003. Conforme se observa, pois, a revisão tarifária periódica envolve dois momentos: a) cálculo do reposicionamento tarifário, que consiste em calcular a receita necessária para a cobertura dos custos eficientes e uma remuneração adequada dos investimentos prudentemente efetuados; e b) Cálculo do “fator X”. O reposicionamento tarifário pode manter, reduzir ou aumentar as tarifas existentes, dependendo da situação econômico-financeira do contrato de concessão. A fórmula utilizada pela ANEEL para tanto é a seguinte: RT = [ ( RR – DVR ) / RV ] ; onde:

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RT = Reposicionamento tarifário; RR = Receita requerida para cobertura de custos eficientes e investimentos prudentemente efetuados DRV = Demais receitas verificadas, são outras receitas não tarifárias ou extra-concessão; RV = Receita verificada, é a receita tarifária obtida Todos os cálculos são efetuados em bases anuais. Para esta segunda revisão tarifária da ESCELSA tais cálculos praticamente não se utilizaram de projeções, em função das dificuldades típicas de tal tipo de exercício, particularmente no mercado de energia que passou por fortes oscilações nos últimos anos no Brasil. Foram utilizadas portanto informações referentes aos últimos doze meses anteriores à revisão tarifária periódica, sendo dez meses de dados reais e dois meses de dados previstos. 2.2.2.1 INFORMAÇÕES REQUERIDAS PARA A REVISÃO TARIFÁRIA. Conceitualmente o critério de cálculo do reposicionamento tarifário é razoável. No entanto, ao se passar do campo conceitual para o operacional, algumas dificuldades surgem e precisam ser solucionadas com a melhor técnica disponível. Para se renunerar os custos eficientes bem como os investimentos prudentes, as seguintes informações tornam-se imprescindíveis:

a) Base da remuneração. É necessário definir, para remunerar os investimentos prudentes, qual critério adotar para se fazer tal levantamento. No caso da ESCELSA, foram cogitados o valor histórico contábil; o histórico corrigido monetariamente; o preço mínimo de venda especificado no processo de privatização mais acréscimos de investimentos menos depreciação;o preço de compra quando da privatização mais investimentos realizados menos depreciação; e a reavaliação de ativos.

No final do processo foram apresentados o valor histórico e duas avaliações de empresas de consultoria: a Arthur Andersen ajustou os valores contábeis pro-rata tempore utilizando-se dos princípios geralmente aceitos USGAAP e a consultoria Deloitte fez uma reavaliação de ativos. Optou-se pelo limite inferior arredondado da menor avaliação dentre as das empresas de consultoria. b) Taxa de Retorno e estrutura de capital. É necessário calcular-se uma taxa de retorno a ser aplicada à base de remuneração. Utilizou-se a metodologia do Custo Médio Ponderado de Capital ( Weighted Average Cost of Capital – WACC ) A estrutura de capital para o caso ESCELSA foi de 60 % de capital próprio e 40 % de capital de terceiros. A taxa de retorno do capital próprio foi de 12,84% real em reais ao

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ano ( 19,28 % nominal ).O custo total da dívida, isto é de capital de terceiros foi estabelecido em 15,33 % ao ano. O custo médio ponderado de capital no final foi de 15,61 % e real de 10,11 %. c) Despesa Operacional. Foram utilizados dados informados pela ESCELSA , validados pela ANEEL após auditoria independente 2.2.3 CÁLCULO DO “FATOR X” Duas metodologias de cálculo de “fator X” apresentam-se a seguir para o setor de energia elétrica no Brasil,com base em dois casos concretos de revisões tarifárias efetuadas pela ANEEL: a segunda revisão tarifária efetuada para a ESCELSA, no ano de 2001 e a primeira revisão tarifária para a Companhia Paulista de Força e Luz – CPFL, em andamento em fevereiro de 2003. 2.2.3.1 CASO ESCELSA A espírito Santo Centrais Elétricas S/A, atua na geração e comercialização de energia elétrica no estado de Espírito Santo. A sua área de concessão abrange 41.327 quilômetros quadrados , atende 67 municípios daquele estado e uma população de 2,9 milhões de habitantes. O cálculo do “Fator X” para o caso da segunda revisão tarifária da ESCELSA considerou a seguinte fórmula: X = Xρ . α + Xe ; onde X = Fator X buscado Xρ = Produtividade técnica Xe = Produtividade econômica

α = Prêmio por eficiência técnica e qualitativa que, pode atingir valor máximo de 0,5 situação na qual a produtividade técnica é dividida em partes iguais entre consumidores e o concessionário.

A Produtividade técnica foi avaliada pela produtividade parcial dos fatores ( especificamente trabalho ) e não pela Produtividade Total dos Fatores, como seria de se esperar.Assim, foi calculado para três anos ( ano n, n-1 e n-2 ) a produtividade M/H; sendo M = mercado físico em MWh e H = Homens/hora alocados no processo produtivo nesses anos.De posse desses dados calculou-se a Produtividade Técnica Média da Empresa para se fixar finalmente a meta de produtividade como: Xρ = ( X m - PIBd ). As estimativas de crescimento do PIB foram baseadas na elaboração de cenários macroeconômicos mais prováveis e estimativas do Banco Central.

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A Produtividade Econômica foi calculada a partir da seguinte fórmula: Xe = (IVI – INR ) . VPBc VPB Onde: Xe = Produtividade Econômica IVI = Índice de Preços do Mercado regulado , i.e., índice contratual; INR = Índice de preços no mercado não regulado ( varejo ) VPBc = Valor da Parcela B correspondente aos Custos gerenciáveis de Operação e Manutenção VPB = Valor da Parcela B correspondente aos Custos Gerenciáveis Nesta forma de cálculo do “fator X”, o que transparece é que, quanto menores os custos de manutenção e operação gerenciáveis ( isto é, quanto maiores os esforços de redução de custos ), menor o valor do “fator X”, como espécie de “prêmio” ao administrador mais eficiente. Este cálculo do “fator X” , e de resto, da apuração da produtividade econômica, parte de uma situação inicial de equilíbrio entre receitas e despesas (já incluídos os retornos do concessionário). Sabe-se que ao longo do tempo entre duas revisões tarifárias ( período regulatório ), o desequilíbrio de preços relativos, isto é, a diferença entre a variação de preços dos insumos versus os preços dos produtos do concessionário poderão trazer, pela condição monopolista ou quase-monopolista deste último, ganhos extra-ordinários, considerando-se como constantes os ganhos propriamente físicos que são avaliados pela produtividade técnica. Assim sendo, busca-se transferir algum ganho dessa diferença de preços relativos ao consumidor. No limite, por hipótese, o concessionário poderá até obter acréscimos de preços por ganhos de produtividade econômica, sempre que seus preços tiverem variação zero ou negativa e variação positiva do mercado concorrencial (não regulado ). 2.2.3.2 CASO CPFL A Companhia Paulista de Força e Luz – CPFL é uma empresa distribuidora de energia elétrica que atua na cidade de Campinas e interior do estado de São Paulo, atendendo quase 8 milhões de usuários e 234 cidades, numa área geográfica de mais de 90 mil quilômetros quadrados. No caso da CPFL , o cálculo do “fator X” observou uma metodologia mais voltada para projeções, enfatizando a visão prospectiva já mencionada e, por essa razão , assumindo os custos da maior incerteza pois que baseada em hipóteses que podem ou não vir a se verificar.

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Assim sendo a apuração do “fator X” buscou separar dois componentes: um associado aos ganhos de produtividade na gestão, chamado de Xe, ao qual se referem os resultados que a metodologia irá apurar e a outra consistindo de um “fator de qualidade” Xc centrado na satisfação que os clientes percebem da concessionária. Este fator deverá ser medido por empresas de pesquisa de opinião pública especificamente sobre a satisfação do consumidor. Visto a ênfase no cenário prospectivo, o cálculo do “fator X” baseou-se na apuração de um fluxo de caixa descontado incluindo projeções de demanda, investimentos e custos operacionais eficientes. Nas projeções da demanda utilizou-se de estimativas do PIB e séries históricas sobre energia e número de clientes. As projeções de custos operacionais, à diferença do método empregado na avaliação da ESCELSA, com base em dados de custo auditados, passou a utilizar os custos de operação, manutenção, administração e gestão comercial de uma “Empresa de Referência “ (ER)... “ A “Empresa de Referência” (ER) se define como uma companhia responsável pelo fornecimento do serviço (neste caso a distribuição e comercialização de energia elétrica) na área geográfica do caso específico sob análise, que presta esse serviço em condições de eficiência e adaptação econômica ao ambiente no qual desenvolve sua atividade. O enfoque da ER pretende simular as condições que enfrentaria um operador entrante no mercado no qual opera a empresa real responsável pelo serviço por redes de que se trata, e que deve prestar esse serviço cumprindo as condições estabelecidos no respectivo contrato de concessão. Esse operador deverá cumprir todos os processos e atividades necessários para prestar o serviço de distribuição de energia elétrica, que compreende a operação e a manutenção ( O & M ) das instalações da infra-estrutura, a gestão técnico-comercial dos clientes e as atividades de direção e administração inerentes a toda empresa. Com essa finalidade deverá obter os serviços, recursos materiais e humanos que se necessitam para cumprir com eficiência esses processos e atividades, acessando aos diversos mercados representativos das condições reais existentes na área geográfica da concessão de que se trata.”3 O custo do capital seguiu a mesma linha de cálculo do valor médio ponderado já comentado para o caso da ESCELSA (WACC). Com base nessas estimativas ... “ o valor do fator X surge como aquele para o que se iguala o valor presente líquido dos fluxos de caixa ( net cash inflow ) da concessionária no período de vigência do Price Cap (incluindo o valor dos ativos da mesma ao fim do período), com o valor dos ativos da concessionária ao início do período de vigência”4 Conforme se depreende da fórmula de cálculo, o “fator X” nesta versão aplicada ao caso da Companhia Paulista de Força e Luz, é quase equivalente à noção convencional de Taxa Interna de Retorno ou de Retorno Econômico Puro, pois o retorno é apurado já descontado o custo médio ponderado do capital ( próprio e de terceiros ). Tecnicamente , tal conceito é mais próximo do que a literatura econômica reconhece como Eficiência Marginal do Capital. Neste caso, utilizado para o seu compartilhamento com os usuários. 3 ANEEL.Metodologia e cálculo da “Empresa de Referência” relativa à área de concessão da CPFL. Audiência Pública AP 008/2003 Nota Técnica n° 041/2003 de fevereiro de 2003; pg. 3 4 ANEEL . Metodologia de cálculo do Fator X para a concessionária de distribuição de energia elétrica CPFL, Audiência Pública AP 008/2003, fevereiro de 2003,pg.3

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2.2.3 EVOLUÇÃO DAS TARIFAS MÉDIAS DO SETOR ELÉTRICO

Apresenta-se a seguir, graficamente, a evolução das tarifas médias no setor de distribuição de energia elétrica para a região sudeste do país. Os quadros tomados como base para elaboração dos gráficos encontram-se no anexo II. O primeiro gráfico mostra a evolução de índices construídos a partir das tarifas médias de energia elétrica em cada classe de consumo (Residencial, Industrial e Comercial), e da evolução do Índice de Preços ao Consumidor Amplo-IPCA_IBGE no mesmo período. O propósito é mostrar a velocidade com que tarifas e o indicador oficial de inflação no país se movimentam entre os anos de 1995 e 2002. Observa-se claramente uma evolução tarifária muito por cima da variação do IPCA , como já tinha sido comentado. Na seqüência apresenta-se a evolução das mesmas tarifas, desta vez em a preços médios do ano de 2002. As variações reais são também crescentes. Em termos nominais, enquanto o IPCA médio evolui entre 1995 e 2002 a uma taxa média anual de 7,52 %, as tarifas médias de energia elétrica nas classes residencial, industrial e comercial o fazem a taxas médias de 15,95 %, 12,73 % e 11,91 % respectivamente.Em termos reais, isto é descontada a variação do IPCA, o crescimento é de 7,96 %, 4,85 % e 4,08 % em cada uma daquelas classes de consumo.Entre os principais fatores dessa evolução pode ser comentado a vinculação cambial da aquisição de energia elétrica proveniente da Hidrelétrica de ITAIPU, a elevada carga tributária incidente sobre os serviços em apreço bem como a indexação das despesas gerenciáveis à variação de Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna, da FGV, com relevante presença de preços por atacado, conforme já comentado. Veja a seguir os gráficos.

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ENERGIA ELÉTRICA-ÍNDICES DA TARIFA MÉDIA POR CLASSE DE CONSUMO-R$/MWh E IPCA

100,00

138,22152,42

160,17

178,40

208,31

235,57

283,88

100,00

115,76123,78 127,73

133,94143,37

153,18166,13

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

250,00

300,00

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

ANOS

R$/

MW

h ResidencialIndustrialComercialIPCA MÉDIO

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BRASIL:REGIÃO SUDESTE-TARIFAS MÉDIAS DE ENERGIA ELÉTRICA-A PREÇOS MÉDIOS DE 2002-R$/MWh

129,88

155,08 159,93 162,86172,99

188,70199,73

221,94

74,09 75,86 76,19 77,07 82,24 86,9794,71

103,20

147,39140,76 143,34 143,89

151,85161,76

174,56

195,02

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

250,00

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

ANOS

R$/

MW

h ResidencialIndustrialComercial

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2.3 TARIFAS NO SETOR DE TRANSPORTES TERRESTRES. O Programa de Concessões de Rodovias Federais teve início em 1995 e abrange 1680,1 kms de rodovias efetivamente transferidos à iniciativa privada e fiscalizados pela Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT e mais 9.026,3 kms a serem concedidos futuramente pela agência. Além destes existem ainda 3.007,5 kms de rodovias federais delegadas aos estados com base na Lei n° 9.277 de 10 de maio de 1996 (Lei das Delegações). Este instrumento autorizou a união a delegar a estados , municípios e o Distrito Federal a administração e exploração de rodovias e portos federais, concessionados diretamente pelos estados. O quadro a seguir sintetiza os contratos de concessões de rodovias federais sob a fiscalização da Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT CONTRATOS DE CONCESSÃO DE RODOVIAS ADMINISTRADAS PELA AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES-ANTT

DATA DO EXTENSÃO PRAZO CONTRATO CONCESSIONÁRIA TRECHO DA CONCESSÃO (kms) (anos)

31/10/1995 NOVA DUTRA BR-116 TREHO RIO-SÃO PAULO 402,00 25

28/12/1994 PONTE S.A. BR-101/RJ-PONTE PRESIDENTE

COSTA E SILVA 23,34 20

31/10/1995 CONCER BR-040/MG/RJ (JUIZ DE FORA - -PETRÓPOLIS-RIO DE JANEIRO ) 179,70 25

22/11/1995 CRT BR-116/RJ TRECHO ALÉM PARAI- -BA-TERESÓPOLIS-ENTRONCA- -MENTO COM A BR 040/RJ 142,30 25

4/3/1997 CONCEPA BR-290/RS-TRECHO OSÓRIO- -PORTO ALEGRE 112,30 20

15/7/1998 ECOSUL BR-116, BR-392 E BR-293 - PÓLO RODOVIÁRIO DE PELOTAS/RS 623,80 27,3

TOTAL 1483,44 Fonte: Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT

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Sob a administração da Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT se encontram ainda uma série de concessões, como as ferroviárias, bem como permissões no setor de transporte rodoviário de passageiros, além de outras áreas de atuação. Adotamos para fins de análise de critérios reguladores de preços os que constam dos contratos de concessão de rodovias. As concessões de rodovias federais adotaram como critério licitatório a oferta da menor tarifa por parte dos licitantes, alternativa esta constante da Lei 8.987 de 13 de fevereiro de 1995 ( Lei das Concessões ). Este aspecto é fundamental e terá repercussões importantes no andamento dos contratos. Revela, de início, uma preocupação do poder concedente para como o impacto do pedágio nos usuários. É oportuno lembrar que no caso das concessões rodoviárias do estado de São Paulo, o maior programa de concessões rodoviárias do país, o critério licitatório adotado para os principais corredores rodoviários concedidos à iniciativa privada naquele estado, foi o de maior ônus pago pelo licitante ao estado pela concessão. Isto é revelador das preocupações nitidamente fiscais que nortearam o programa de concessões rodoviárias do estado de São Paulo, atitude esta explicada por um momento de aguda escassez de recursos daquela unidade da federação. 2.3.1 CASO NOVA DUTRA A NOVA DUTRA – Concessionária da Rodovia Presidente Dutra S. A., é uma sociedade anônima constituída pela vencedora de processo licitatório regulado pela lei 8.666 de 21 de junho de 1993, entre outros diplomas legais.A área da concessão abrange a rodovia federal BR-116 ( Presidente Dutra ) no trecho São Paulo-Rio de Janeiro do km 163 (RJ-Av.Brasil) ao km 333,5 (RJ-Divisa RJ/SP) e do km 0 (SP-Divisa RJ/SP) ao km 236,6 (SP-Acesso Marginal Tietê ), e respectivos acessos. O critério de reajuste tarifário utilizado nas concessões rodoviárias federais, tomando-se por base o caso da Nova Dutra, empresa que opera o principal corredor rodoviário federal concessionado no estado de São Paulo, é também de periodicidade anual, conforme legislação vigente. A fórmula utilizada para tal fim é uma fórmula paramétrica cujos pesos parciais utilizados como ponderadores representam os itens de custo mais próximos da composição de custos da concessionária. Da seguinte forma: TBR =V {[ 0,14 ( ITi – ITo ) + 0,34 ( IPi – IPo ) + 0,32 ( IOAEi – IOAEo ) + Ito IPo IOAEo + 0,20 ( ICi – ICo ) ] } ICo Onde: TBR = Valor da Tarifa Básica de Pedágio reajustado V = Valor Básico da Tarifa de Pedágio, a ser reajustado

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ITi e ITo = Os índices de Terraplanagem da Fundação Getúlio Vargas no mês do reajuste e na data-base , respectivamente IPi e IPo = Os índices de Pavimentação da Fundação Getúlio Vargas no mês do reajuste e na data-base , respectivamente IOAEi e IOAEo = Os índices de Obras de Arte Especiais da Fundação Getúlio Vargas no mês do reajuste e na data-base , respectivamente ICO e ICi = Os índices de Serviços de Consultoria da Fundação Getúlio Vargas no mês do reajuste e na data-base, respectivamente. Os parâmetros somam 1 (um). Se, por qualquer motivo, o cálculo dos índices de reajuste forem suspensos, poderão se r adotados, por período máximo de seis meses contados da data da suspensão, outros índices de custos ou preços, colhidos de comum acordo entre o DNER e a Concessionária (cláusula 57 do contrato de concessão ). A vigência dos parâmetros da fórmula de reajuste foi definida por um período que iria até a conclusão e recebimento definitivo das obras de recuperação da rodovia ( no 5° ano do contrato ), com exceção das obras de arte especial.Uma vez executadas tais obras, os parâmetros para fins de reajustes passariam a ser: 0,20 ( Terraplanagem ), 0,16 (Pavimentação), 0,13 (Obras de Arte Especiais ) e 0,51 (Serviços de Consultoria). O cálculo do reajuste será feito pela Concessionária e a ANTT verificará a correção dos cálculos num período de 48 (quarenta e oito horas ). Aprovado pela fiscalização, a Concessionária fica autorizada a praticar o reajuste anual. É importante observar que a preocupação no uso da fórmula paramétrica, salienta a importância de se reportar o tanto quanto possível à evolução dos custos do Concessionário. Assim é que na hipótese do encerramento a apuração dos índices por qualquer razão, o contrato de concessão prevê que, de comum acordo entre a concessionária e o poder concedente “...devem escolher outros índices que retratem a variação dos preços dos principais componentes de custos considerados na formulação do valor da Tarifa Básica de Pedágio”5 No caso das concessões rodoviárias do estado de São Paulo, essa preocupação por refletir evolução de custos do concessionário inexistiu na hora da escolha do índice de reajuste , de forma que os contratos de concessão incorporaram o Índice Geral de Preços de Mercado-IGP-M em lugar de índices setoriais, como os utilizados nas concessões federais. Assim sendo, no caso das concessões federais evitou-se até onde possível, o repasse aos usuários de variações de preço refletidas em índices gerais não incorridas pelos concessionários. Tal fenômeno, de uso de índices gerais desvinculados dos custos incorridos pelo concessionário , como foi visto anteriormente, foi repetido no caso das concessões de energia elétrica e telefonia, já analisados. 5 Contrato de Concessão DNER/PROCURADORIA GERALPG-137/95-00 de 31 de outubro de 1995, cláusula 60, pg 16.

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A combinação das cláusulas 77 e 78 do contrato de concessão da NOVA DUTRA fornece elementos para que o uso das receitas alternativas, acessórias ou complementares à receita principal ( pedágio ), possam ser utilizadas para fins de modicidade (redução) tarifária. A cada doze meses, no aniversário do contrato, está previsto a análise da receita obtida na relação que as partes pactuaram inicialmente. Quanto à eventual transferência de ganhos de produtividade aos usuários, via preços, os contratos de concessões não se pronunciam. Provavelmente tal ausência seja devida a que a própria regra de preços utilizada (preço mínimo e não preço máximo), encontra-se mais próxima de um critério de garantia de taxa de retorno do que de um regime de price cap, onde em princípio, busca-se o estímulo a condutas pró-competitivas. Como se sabe, tal não é o caso quando a regulação se dá através de taxas de retorno. 2.4 TARIFAS NO SETOR DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS. A lei 8.630 de 25 de fevereiro de 1993 cuidou de estabelecer um novo marco legal que permitisse a mudança no regime jurídico de exploração dos portos organizados. A partir da mesma passou-se de uma operação portuária centralizada para outra descentralizada, delegando a particulares a operação e exploração comercial de instalações até então privativas do setor público, através do sistema Portobrás. Atualmente, do total de mercadorias movimentadas nos portos brasileiros em torno de 87 % transitam por terminais privativos e instalações portuárias públicas arrendadas a particulares. O restante 13 % corresponde à movimentação por entidades públicas (Administrações de Porto). Veja anexo III. No período anterior à Lei 8.630 de 24/02/1993 (Lei de Modernização dos Portos), entre 1985 e 1992, os terminais privativos movimentavam aproximadamente 77 % do total de cargas movimentadas, ficando os restantes 23 % com as instalações de uso público.6 Quanto à competência regulatória, parece bastante transparente que, independentemente da natureza do operador portuário ( público ou privado ), os preços por eles praticados por serem referidos a serviços de natureza pública (delegados-autorizados ou concedidos pela União), conforme art. 21 inciso XII da Constituição da República, são objeto de regulação, em regimes diferenciados, por parte da Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ. Em Nota Técnica, o Ministério da Fazenda entendeu que “...as atividades portuárias possuem características de serviços públicos, implicando na obrigatoriedade do fornecimento desses serviços, que podem ser prestados pelo Estado, por empresas estatais ou mesmo por empresas privadas. Sendo assim o estado, mesmo não executando diretamente essas atividades, deve regular e fiscalizar as atividades portuárias...Desta maneira, quanto maiores forem os níveis de competição inter-portos e intra-porto, menor será a necessidade de regulação dos preços dos serviços prestados pelas concessionárias e arrendatárias da industria portuária. Contudo como a privatização e a liberalização brasileiras é um fato recente, implicando ainda na não estruturação deste mercado, se faz necessária a participação do estado como agente regulador dos serviços portuários, pois as 6 Conforme GEIPOT-Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes. O Modelo Portuário Brasileiro e a Realidade Internacional.Avaliação dos Preços dos Serviços Portuários. Pg13, setembro de 1993.

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empresas entrantes nesta indústria terão um ambiente propício para exercer uma posição dominante,resultando em menores níveis de competição, maiores preços e menores ganhos de eficiência”.7

E finalmente, não deixando dúvidas quanto à procedência da regulação de todos os preços (tarifas e preços) portuários, o Ministério da Fazenda define: “A regulação dos serviços relacionados à infra-estrutura aquaviária,infra-estrutura terrestre e da superestrutura se deve ao fato de os mesmos representarem serviços públicos,ou seja necessariamente os mesmos devem ser fornecidos à sociedade.Ademais a regulação se faz necessária porque nos serviços portuários as estruturas de mercado prevalecentes são os monopólios naturais...implicando em mercados com baixos níveis de contestabilidade.Assim, a obrigatoriedade de prestação de tais serviços,pelos mesmos serem considerados públicos,somado ao fato destes serviços pertencentes à indústria portuária serem altamente concentrados,faz com que seja necessária a regulação dos mesmos por parte do poder concedente. Em outras palavras,os preços destes serviços devem ser regulados para que seja garantida a acessibilidade dos mesmos pelos usuários” .8 Quanto aos procedimentos administrativos envolvidos quando dos aumentos tarifários,a legislação cuidou de introduzir nesse particular o papel do Conselho de Autoridade Portuária – CAP , a quem cabe, entre outros, homologar os valores das tarifas portuárias.9 O CAP, sendo constituído por quatro blocos (poder público, operadores portuários, dos trabalhadores portuários e dos usuários dos serviços portuários ), poderia em tese homologar apenas aquelas variações que atendessem os interesses dos vários blocos representados.10 2.4.1 TARIFAS NOS TERMINAIS ARRENDADOS. Para a análise de critérios de precificação dos serviços portuários em terminais arrendados, adotaremos três casos que representam a parcela majoritária dos contratos de arrendamento celebrados entre as diversas Autoridades Portuárias e os arrendatários. Adicionalmente, uma caracterização sintética do regime de preços para operadores de terminais privativos é incluída. 2.4.1.1 CASO TERMINAL SANTOS-BRASIL A Santos-Brasil S/A, empresa sediada no Rio de Janeiro vencedora do leilão realizado em 1997 ao amparo do Programa Nacional de Desestatização - PND e do Programa de Arrendamento de Áreas e Instalações Portuárias – PROAPS. Trata-se de terminal de contêineres com 366.000 metros quadrados e ampliação prevista de mais 118.000 metros quadrados totalizando 484.000 metros quadrados . Além desta ampliação foi previsto ampliação de cáis em 250 metros, ambas as obras num prazo máximo de cinco anos

7 Nota Técnica n° 627/COGSI/SEAE/MF de 15 de dezembro de 2000, pg. 3 8 Ibid,pg. 4 9 Lei 8.630 de 25 de fevereiro de 1993,art. 30 inciso VIII. 10 A composição precisa do Conselho de Autoridade Portuária pode ser encontrada no art. 31 da lei 8.630 mencionada.

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contados a partir da assinatura do contrato.Meta de movimentação de contêineres de 360.000 unidades a partir do sexto ano de operação do terminal ou do primeiro ano após a conclusão das obras de expansão. Prazo do arrendamento de 25 anos prorrogáveis uma única vez por igual período. O contrato de arrendamento, conforme edital de leilão PND/MT/CODESP n° 01/97 estabeleceu no parágrafo 5° da cláusula 20a um sistema de preços máximos, portanto sob regime Price-Cap, para os serviços básicos de movimentação de contêineres –exceto para contêineres frigorificados ou contendo cargas perigosas de alto risco, a vigorarem a partir de 28 de novembro de 1997, data da assinatura do contrato entre a Companhia Docas do estado de SãoPaulo-CODESP e a Santos-Brasil. O critério de preços máximos da cláusula 20a, e o estabelecido pela cláusula 13a (Do Reajuste), podem ser combinados para sintetizar formalmente o regime de Price Cap para serviços prestados por operadores portuários-arrendatários: TMC ≤ K ( IGP-Mt ) ; onde: IGP-Mt0 TMC = Taxa de Movimentação de Contêineres K = Valores constantes pré-definidos em Reais e prazos contados a partir da data de assinatura do contrato ( neste caso a partir de 28 de novembro de 1997 ): Até 6 meses = R$ 500,00 Acima de 6 a até 12 meses = R$ 330,00 Acima de 12 e até 18meses = R$ 253,00 Acima de 18 e até 24 meses = R$195,00 Acima de 24 e até 36meses = R$ 150,00 Acima de 36 meses = Livre IGP – Mt = Índice Geral de Preços de Mercado da Fundação Getúlio Vargas relativo ao mês de reajuste; IGP-Mt0 = Índice Geral de Preços de Mercado correspondente ao mês da liquidação da parcela inicial do leilão. Na hipótese do IGP-M ser definitivamente encerrado, adotar-se-á o índice que o suceder ( cláusula décima terceira, parágrafo terceiro do contrato de arrendamento ). É importante, para uma cabal interpretação da aplicação do critério acima, fazer referência a cláusulas complementares às já citadas.

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O parágrafo sexto da 20a cláusula estabelece que; “a ´TMC´ deve ser compatível com as regras dos contratos de frete sob condição “liner terms”, ou seja, incluídos todos os serviços básicos de movimentação e armazenagem necessários à recepção e liberação dos contêineres do costado do navio ao portão do Terminal , ou vice-versa.”11 O parágrafo sétimo da mesma cláusula é também relevante, pois estabelece que “As taxas dos demais serviços serão negociadas livremente entre a arrendatária e os clientes/usuários do TECON-1”12. Em relação a um aspecto pouco tratado mas cuja observação ou não mereceria atenção especial é o que se refere à publicidade das estruturas de preços praticados. Neste particular, o parágrafo 8° da 20a cláusula estabelece que “A arrendatária elaborará a estrutura de preços e fixará os seus valores máximos que serão cobrados dos usuários das instalações do TECON-1, para cada um dos serviços portuários prestados, o que será amplamente divulgado e comunicado à CODESP, quando de eventuais alterações”13. Em termos práticos, todos os operadores portuários de terminais arrendados ( e privativos, como se verá adiante ) deveriam colocar as suas estruturas de preços atualizadas em página na Internet.No caso dos arrendatários privados de instalações públicas, deveriam ainda oficiar em paralelo a Autoridade Portuária, neste caso, a CODESP, toda vez que as mesmas sofrerem alteração, bem como submete-las a homologação dos Conselhos de Autoridade Portuária (CAP). Quanto aos repasses de produtividade e o seu compartilhamento com os usuários, os contratos de arrendamento, apesar de operarem sob um regime price-cap, nenhuma referência fazem a este respeito.Outros trabalhos já insistiam nessa necessidade: “No exercício do seu poder normativo, por exemplo, caberá à ANTAQ zelar pela competição efetiva da prestação dos serviços, principalmente entre portos, disciplinar a obrigação de continuidade na sua prestação e na exploração da infra-estrutura e definir os termos para compartilhamento com os usuários dos ganhos econômicos dos concessionários e das condições de acesso às instalações portuárias” 14 É oportuno lembrar que a fundamentação dessa proposição encontra-se na lei 10.233 de 5 de junho de 2001, que dentre as atribuições das agências nos modais terrestre e aquaviario explicita “promover estudos aplicados às definições de tarifas, preços e fretes em confronto com os custos e os benefícios econômicos transferidos aos usuários pelos investimentos realizados”15

11 Contrato PRES/69.97 da Companhia Docas do Estado de São Paulo assinado em 28 de novembro de 1997, pg. 13. A observação ou não desta modalidade de contrato pelo operador portuário ao efetuar a cobrança dos serviços prestados não é trivial e tem dado lugar a representações por parte de usuários dos portos perante as autoridades de Defesa da Concorrência. Veja em particular o processo administrativo da Secretaria de Direito Econômico ( SDE ) do Ministério da Justiça n° 08012.007443/99-17 de 11 dezembro de 2002. O parecer pode ser obtido no site da SDE. A acepção do termo liner terms que consta deste contrato é mais ampla que a tradicional dos INCOTERMS,vez que armazenagem, nesta última, não deveria fazer parte dos termos do contrato.Tal amplitude na definição assemelha-se mais com a condição, não padronizada, de “Full Liner Terms”. 12 idem 13 Idem 14 GEIPOT- Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes “A reforma Portuária Brasileira”,Brasília, setembro de 2001, pg.45. 15 Art 24 inciso II no caso da ANTT e art 27 inciso II no caso da ANTAQ, na referida lei.

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Observe-se, no entanto, que a definição de metas de preços decrescentes ao longo do tempo como as fixadas no caso do contrato Santos-Brasil subsumem transferência de ganhos de produtividade aos usuários. A sistemática simplesmente não explicita, em fórmula de reajuste, a magnitude dessas transferências: quanto é ganho apropriado pelo usuário e quanto pelo operador-arrendatário.É claro que, pela lógica das metas de preço e os ganhos de escala e produtividade ao longo do tempo, supõe-se que no período de preços livres os mesmos sejam inferiores à última meta anual para a Taxa de Movimentação de Contêineres-TMC. 2.4.1.1.2 CASO TERMINAL DE CONTÊINERES DE SALVADOR. Em 14 de março de 2000 foi assinado contrato de arrendamento entre a Companhia Docas do Estado da Bahia e WILPORT Operadores Portuários S.A. visando a exploração do Terminal de Contêineres e Cargas Pesadas e Unitizadas de Salvador – TECON Salvador, S.A. O objeto de arrendamento é constituído por instalações portuárias numa área com 73.443,65 m2 do Terminal de Contêineres (OS-3) e Terminal para Cargas Pesadas e Unitizadas (Cais de Ligação – OS-4), localizada no Porto de Salvador, envolvendo investimentos da arrendatária necessários à melhoria das operações nas referidas instalações para movimentação e armazenagem de contêineres e carga geral diversa. O contrato prevê entre as obrigações da arrendatária algumas metas de movimentação de mercadorias mínima, da seguinte forma: CONTRATO DE ARRENDAMENTO TECON-SALVADOR METAS DE MOVIMETAÇÃO MÍNIMA CONTRATUAL

TIPO DE QUANTIDADE/ANO (em 1000) CARGA UNIDADE 1°ao 5° 6° ao 10° 11° ao 15° 16 ao 20° 21° ao 25°

CONTÊINERES un 50 70 80 100 110 CARGA GERAL t 300 400 450 500 550

Fonte: Contrato de Arrendamento n° 12/2000; Processo n° 037/1997 Além das metas de movimentação mínima, o contrato estabelece ainda a realização de investimentos na modernização das instalações portuárias a serem realizados num prazo máximo de dois anos, entre os quais pavimentação de 9.289,27 m2 de área, construção de escritório, torre de controle e acesso, implantação de 77m de linhas de portêineres, ampliação de subestação de energia, equipamentos e sistemas informatizados, entre outros.É previsto prestação de contas semestrais para acompanhamento dos investimentos realizados pela arrendatária. Os valores pagos a título de arrendamento pela arrendatária são compostos de duas parcelas:

a) 300 parcelas mensais reajustáveis no valore de R$ 51.411,00, com a primeira parcela vencendo 30 dias após a assinatura do contrato; e

b) Pagamentos mensais de R$ 26,00 por contêiner + R$ 1,60 por tonelada de carga geral. Os pagamentos deste item referem-se às tarifas que o operador portuário incorre

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pelo uso da Infra-estrutura terrestre ( Tabela I.3 das tabelas da Companhia Docas da Bahia-CODEBA). Outros serviços requisitados pelo arrendatário aplicam-se as tabelas em vigor à data da solicitação. Os valores acima estabelecem reajuste anual pelo Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M) da Fundação Getúlio Vargas. Quanto aos preços propriamente ditos, cobrados pelo arrendatário aos usuários, objeto da regulação pela ANTAQ, foi estabelecido também price-cap com reajuste pelo critério anterior. A regra de preços estabelece que durante os primeiros dois anos da operação do arrendatário , os seguintes limites de preço são aplicáveis: R$ 94,23 por contêiner movimentado e R$ 4,69 por tonelada de carga movimentada. Passado esse período,os preços assim estabelecidos seguem reajuste conforme índice Geral de Preços de Mercado-IGP-M da Fundação Getúlio Vargas, à diferença do terminal Santos-Brasil, em que os preços são livres após o período de 36 meses. É importante salientar, em razão de questionamentos que posteriormente os usuários do Tecon Salvador viriam a apresentar perante a ANTAQ, que as tarifas acima referem-se a: a) Utilização da infra-estrutura portuária de acesso ao Terminal; b) O fornecimento de equipamentos para movimentação de cargas; c) Os serviços em terra; d) o transporte, recepção ou entrega, na área do Terminal, de mercadorias de ou para o

navio e de ou para as áreas de armazenamento, recepção ou entrega; e) o empilhamento/desempilhamento, cargas e descargas de mercadorias no Terminal

e f) vigilância do Terminal. g) Dois anos após a operação os preços máximos estabelecidos em contrato passam a

ser reajustados pelo Índice Geral de Preços de Mercado – IGP-M da Fundação Getúlio Vargas ou o que vier a sucede-lo em caso de extinção do mesmo.

As taxas dos demais serviços são objeto de negociação livre entre a arrendatária e os clientes/usuários. É previsto a revisão ( para mais ou para menos ) dos preços máximos sempre que o equilíbrio econômico-financeiro inicial for alterado. A descrição das atividades incluídas nos itens a) a g) acima não é irrelevante conforme já foi observado por ocasião do caso Santos-Brasil. É que a diversidade de serviços passíveis de serem prestados na operação portuária permite que cobranças adicionais por serviços não previstos no contrato de arrendamento, e portanto não sujeitos ao regime price-cap, passem a ser cobrados e acabar por essa via redundando em cobranças questionáveis do ponto de vista dos usuários. Nesses casos, considerando que, uma vez a carga aportada, inexiste para o usuário alternativas de movimentação de mercadoria a não ser naquele específico terminal, nesse particular momento, existe teoricamente a possibilidade de exercício de poder de monopólio na sua definição clássica, isto é, de cobrança de preços acima dos que seriam cobrados se

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concorrência existisse. Esta circunstância tem dado lugar a representações nos órgãos de defesa da concorrência como já foi abordado no caso do terminal portuário Santos-Brasil. No caso específico do TECON Salvador, as queixas encaminhadas à ANTAQ dão conta do exercício abusivo de posição dominante, conforme artigo 20 da lei 8.884, de 11/06/1994. A forma de conduta em que tal abuso seria exercido refere-se à cobrança de taxas de movimentação de contêineres dentro do pátio do terminal que já teriam sido pagas pelo armador. Em outras palavras, haveria cobrança indevida, em particular, por ocasião da entrega de contêineres que se dirigem do terminal às áreas que configuram estações aduaneiras do interior – EADI´s. A polemica é longa e não há aqui espaço para reproduzi-la, mas na sua essência, trata-se da concorrência no mercado de armazenagens de carga que é oferecido aos donos de mercadorias tanto pelo operador portuário quanto pelas EADI´s. Como o operador portuário –neste caso o TECON Salvador- assume um papel logisticamente privilegiado ao ser o receptor primeiro das cargas na importação, por exemplo, é previsível que deseje oferecer os seus serviços não apenas na operação de descarga dos contêineres, propriamente dita, como também no mercado de armazenagem dos mesmos, para o qual a infra-estrutura do terminal foi montada. Na visão do TECON Salvador, as estações aduaneiras interiores localizadas na área de retaguarda imediata do porto não teriam, na configuração atual do negócio portuário pós-privatização, uma adição de valor maior ao negócio logístico, uma vez que a sua armazenagem fora do porto poderia ser dispensada sem perdas para o dono da carga. Situação distinta é entendida para as EADI´s situadas no entorno dos complexos industriais, onde a sua proximidade dos donos da carga acaba por adicionar valor à cadeia produtiva, justificando,portanto, do ponto de vista logístico, a sua armazenagem em estações alfandegadas fora do porto organizado. Embora os argumentos apontados pelo operador do terminal de contêineres façam sentido em geral, não é admissível que os ganhos de mercado sejam obtidos através do exercício do poder que a sua posição privilegiada na cadeia logística lhe proporciona como receptor primeiro dos contêineres desembarcados em Salvador. Tal conquista de mercado deveria se dar através de uma campanha de âmbito estritamente comercial . Evidentemente, que o exercício maior ou menor das oportunidades geradas pela detenção de uma posição privilegiada são funcionais à maior ou menor presença do aparato regulatório em que os agentes trabalham. E neste caso, caberia em primeira instância à Autoridade Portuária local (Companhia Docas do Estado da Bahia-CODEBA ), o zelo pela regulação das relações equilibradas entre os agentes que participam do mercado. Na sua ausência, os agentes irão avançando num processo de conquista de posições que somente pode ser reequilibrado pela ação regulatória do estado em instâncias superiores (ANTAQ). Do ponto de vista estritamente tarifário, as queixas apresentadas pelas EADI´s à ANTAQ argumentam que a cobrança efetuada pelo Terminal a título de segregação e entrega de contêineres já estaria coberta pela chamada THC-Terminal Handling Charge (THC do armador), que é cobrada pelos armadores aos donos da carga, conforme estipulado na contrataçao do frete marítimo na modalidade “liner terms”, que inclui além do frete propriamente dito, a carga/descarga dos contêineres pelo operador portuário.Na sua réplica, os operadores do terminal alegam a realização de serviços adicionais para os contêineres que se dirigem às EADI´s e que, portanto, haveriam custos adicionais a serem repassados aos donos da carga. Neste contencioso, a ANATQ concluiu que: a) embora existam custos adicionais na movimentação de cargas destinadas a outros recintos alfandegados, o serviço prestado está totalmente abrangido pelo conceito do serviço de movimentação de contêineres

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consagrado no contrato de arrendamento, não estando pois configurada a existência de serviços adicionais; e decidiu por b) remeter o processo ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica, por reconhecerem indícios de exploração abusiva por parte do terminal de contêineres de Salvado (acórdão referente ao Processo n° 50.300.000022/02). A referida matéria é polemica e poderá ainda ser objeto de discussões tanto no âmbito regulatório quanto legal. É pertinente observar que a forma em que se manifesta o eventual abuso de posição dominante assume formas distintas de caso a caso.Compare-se, por exemplo, com a forma que a mesma assumem no caso do TECON Suape, abordado logo a seguir. Quanto à produtividade e o seu compartilhamento com os usuários na fórmula de price-cap, o contrato do Tecon Salvador não é explícito, mas subsumido nos preços máximos, da mesma forma que o foi no Terminal de Contêineres Santos-Brasil. 2.4.1.1.3 CASO TERMINAL DE CONTÊINERES DE SUAPE. Em 02 de julho de 2001, como resultado de processo licitatório concluído em maio de 2001, a Empresa pública estadual SUAPE Complexo Industrial Portuário Governador Eraldo Gueiros, do estado de Pernambuco, assinou contrato de arrendamento do Terminal de contêineres daquele porto, com o vencedor da referida licitação, a empresa TECON SUAPE S/A, pertencente ao grupo ICTSI-International Container Terminal Services, de origem filipina. O contrato de arrendamento, por um período de 30 anos não renovável, refere-se a uma área de 27,6 há, na retaguarda imediata dos cais 2 e 3 do porto interno, na área do porto organizado de Suape. O Terminal de contêineres contempla os referidos cais com 660,0 m de extensão e plataforma de 23,5m de largura ocupando uma área de 1,55 há. Os valores do arrendamento forma estabelecidos como sendo uma parcela inicial de R$ 8,2 milhões paga 30 dias após assinatura do contrato e o restante do arrendamento em parcelas trimestrais calculadas da seguinte forma: P = (Pa + Pb); onde: P = Preço do Arrendamento Pa = Parcela trimestral do preço mínimo estabelecido no Edital de Proposta Comercial Pb = ( T1 x V1 ) + (T2 x V2 ) + (T3 x V3 ) T1 = montante, em Reais,por contêiner sendo R$ 50,00 do ano 1 a 10 R$ 100,00 do ano 11 a 20 e R$ 200,00 do ano 21 a 30; V1 = número de contêineres cheios embarcados ou desembarcados no terminal de contêineres durante o trimestre em questão, que não sejam destinados a transbordo ou remoção; T2 montante em Reais , por contêiner,; sendo R$ 15,00 do ano 1 a 10; R$ 30,00 do ano11 a 20 e R$ 60,00 do ano 21 a 30;

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V2 = número de contêineres vazios embarcados ou desembarcados no terminal de conTêineres incluindo contêineres de transbordo e remoção vazios, durante o trimestre em questão; T3 = montante, em Reais por contêiner, sendo R$ 30,00 do ano 1 ao 10; R$ 60,00 do ano 11 ao 20 e R$ 120,00 do ano 201 ao 30; V3 = Número de contêineres cheios desembarcados no terminal de contêineres que sejam destinados a transbordo ou remoção, durante o trimestre em questão. Os dois movimentos ( embarque e desembarque ) destes contêineres devem ser considerados como um único movimento, na ocasião do desembarque. A cada último trimestre de cada ano, caso o somatório das 4 parcelas trimestrais for igualou superior um pré-definido Preço de Arrendamento Assegurado ( Pbss) é estabelecido em valores anuais que iniciam em R$ 1.569.812,00 no primeiro ano; R$ 1.510.932,50 no segundo ano; R$ 1.662.024,00 no terceiro ano até atingir R$ 71.138.330,00 no 30° ano. Os volumes, que deveriam ser tratados, como Movimentação Mínima anual, está implícita e não é explicitada pelo contrato. Caso o encontro de contas anuais apure os pagamentos efetuados durante todo o ano como inferiores ao Preço do Arrendamento assegurado, o arrendatário complementaria esses valores para se alcançar aquele Pbss acordado. O critério de reajuste do preço do arrendamento é o de IGP-M anual,a partir do m~es da assinatura do contrato. Quanto aos preços a serem cobrados pelo TECON SUAPE aos seus clientes, o contrato em questão afasta-se da praxe do sistema price-cap adotado nos principais contratos de arrendamento de Terminais de Contêineres já analisados neste documento. A cláusula oitava do contrato estabelece que “Os preços e taxas dos serviços prestados pela Arrendatária poderão ser negociados livremente com os clientes do Terminal de Contêineres...”,observando que serviços já cobrados pela arrendatária via armadores não podem ser cobrados dos donos das mercadorias ou seus consignatários; a Arrendatária pode cobrar por quaisquer outros serviços requisitados pelos clientes, adicionais aos anteriores a Arrendatária obriga-se a manter tabela de preços máximos destes serviços;a Arrendatária concederá ainda pelo menos dois dias de armazenagem gratuita aos contêineres desembarcados no Terminal, condição que pode ser mudada a partir do ano seguinte em que a movimentação do Terminal atingir 100.000 TEU´s. É importante observar que o contrato especifica ainda que exceto pelo previsto nos parágrafos anteriores, a Arrendatária “.. .não estará sujeita a nenhum controle sobre os preços e taxas que cobrar dos clientes do Terminal de Contêineres” ( parágrafo quinto da cláusula oitava ). O terminal de contêineres não esta sujeito ao pagamento das Tarifas portuárias, uma vez que considera-se as mesmas já estarem incluídas no valor do arrendamento.Mas embarcações destinadas ao Terminal de Contêineres devem pagar a SUAPE a tarifa da Tabela 1 – Utilização da Infra-estrutura Marítima. As tarifas portuárias de SUAPE seguem seus critérios convencionais que devem ser submetidos à ANTAQ. Como de praxe, há salvaguarda do equilíbrio econômico-financeiro do contrato, na hipótese de

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sobrevirem fatos imprevisíveis ou previsíveis porem de conseqüências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da execução do ajustado, ou ainda em caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe. Existe um conjunto de condições contratuais que mereceriam apreciação pela sua singularidade mas tais aspectos fogem das considerações estritas da política de preços acordada entre as partes, razão pela qual as mesmas não serão aqui abordadas. Sinteticamente, podemos observar que a política de preços livres acordada, independentemente de posições favoráveis/desfavoráveis, não se coaduna com a especificidade das regras aplicáveis aos ativos públicos, como é o caso em questão. Tal regra ( preços livres ) é somente aplicável para o caso de terminais portuários privativos de uso misto ou não, quer dizer onde o domínio sobre a propriedade é exclusivamente privado, casos nos quais é dispensável o processo licitatório aplicado ao TECON SUAPE, estando submetido a um processo simples de autorização pela ANTAQ.O regime desejável seria o de Price-Cap (vide casos anteriores de TECONs aqui analisados ), reajustável por índice de preços ou de custos acordados entre as partes. Do ponto de vista da defesa da concorrência, o TECON Suape configura mais um caso, entre outros em andamento, em que tem se avolumado queixas dos usuários (especificamente armadores), em relação a operadores de terminais públicos arrendados a particulares. Esses usuários tem alertado formalmente a ANTAQ quanto à prática de preços abusivos cobrados por aquele terminal de contêineres. Especificamente, as queixas encaminhadas referem-se à majoração intempestiva e abusiva de itens tarifários que formam os preços da chamada Terminal Handling Charge (THC), cobrada pelos armadores aos donos da carga. Tal taxa é resultante de uma avaliação de custos dos armadores por serviços a eles prestados pelos operadores do terminal e por aqueles repassados a importadores e exportadores sob a denominação de THC. No caso em questão, a evolução dos fatos tende a um acordo entre os envolvidos, se chegando a níveis razoáveis para entre as partes. 2.4.2 TARIFAS NOS TERMINAIS PRIVATIVOS A outra modalidade de participação de capital privado nas operações portuárias se dá através da assinatura de Termos de Autorização ou Contratos de Adesão que, do ponto de vista dos preços, funcionam em regime livre, ressalvada a obrigação da ANTAQ de reprimir toda prática prejudicial à livre competição bem como abuso do poder econômico já previsto no art. 31 de Lei 10.233 de 5 de junho de 2001. Em síntese, tal artigo impele a ANTAQ a comunicar ao conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE, à Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça e à Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, qualquer fato que configure ou possa configurar infração da ordem econômica. O número de contratos de adesão/autorização existentes, por estado e os valores investidos nos mesmos são mostrados no quadro a seguir.

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TERMINAIS PORTUÁRIOS PRIVATIVOS - TOTAL DE CONTRATOS E INVESTIMENTOS – Posição em 2000

CONTRATOS DE ADESÃO CONTRATOS DE TOTAL DOS E AUTORIZAÇÃO ARRENDAMENTOS CONTRATOS N° DE N° DE N° DE CONTTS INVTS*. CONTTS INVTS*. CNTTS INVTS*.

REGIÃO/ESTADO

REGIÃO NORTE 23 672.947 27 116.250 51 789.197 AMAPÁ 1 25.000 2 25.000

AMAZONAS 9 352.100 3 352.100

PARÁ 11 292.932 15 91.250 26 384.182

RONDÔNIA 3 27.915 11 20 27.915

REGIÃO NORDESTE 10 1.707.831 76 274.713 86 1.982.544 ALAGOAS 1 19.260 3 7.792 4 27.052

BAHIA 5 740.861 15 19.624 20 760.485

CEARÁ 5 29.000 5 29.000

MARANHÃO 2 694.560 10 88.400 12 782.960

PARAIBA 14 3.710 14 3.710

PERNAMBUCO 1 750 27 43.187 28 43.937

RIO GRANDE DO NORTE 2 83.000 2 83.000

SERGIPE 1 252.400 1 252.400

REGIÃO CENTRO OESTE 4 26.807 0 0 4 26.807 MATO GROSSO 1 3.500 1 3.500

MATO GROSSO DO SUL 3 23.307 3 23.307

REGIÃO SUDESTE 20 2.995.917 72 530.959 92 3.526.876 ESPIRITO SANTO 5 1.439.059 9 13.358 14 1.452.417

RIO DE JANEIRO 9 461.284 13 216.006 22 677.290

SÃOPAULO 6 1.095.574 50 301.595 56 1.397.169

REGIÃO SUL 20 622.617 21 271.064 41 893.581 PARANÁ 6 132.333 14 208.820 20 341.053

RIO GRANDE DO SUL 9 294.956 5 47.244 14 342.200

SANTA CATARINA 5 195.328 2 15.000 7 210.328

BRASIL 77 6.026.119 196 1.192.986 273 7.219.105 *Em milhares de Reais. Até 2000 R$ 4.915.944 realizados De 2001 a 2002 R$ 1.110.175 valores previstos

Fonte: Acompanhamento da Exploração dos Terminais Privativos, 2v.Dec 2000 e Programa de Arrendamento de Áreas

e Instalações Portuárias, Dec 2000.MT/STA/DP. Este último documento faz um recenseamento para um total de 87

terminais. No entanto,as informações de investimentos colhidas referem-se somente a 77 terminais portuários. A partir da edição da lei 8.630 de 25 de fevereiro de 1993 foram efetuados investimentos da ordem de R$ 1,7 bilhões, já contidos nos R$ 4,9 bilhões realizados até o ano de 2000. Nos terminais de uso privativo, a movimentação de cargas de terceiros em cada região distribui-se da seguinte maneira: norte: 88 %; nordeste: 11 %; centro-oeste: 99 %; sudeste 32 % e região sul: 71 %.

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O regime regulatório de preços a que estão submetidos os operadores portuários é sintetizado no quadro a seguir: REGIME REGULATÓRIO DE PREÇOS DOS OPERADORES PORTUÁRIOS NO BRASIL

TIPO MERCADORIAS N° DE DE MOVIMENTADAS CONTRATOS/ REGIME

OPERADOR (%) ADMINISTRAÇÕES REGULATÓRIO

Operador Público- (Administrações de Porto) 13 37 Tarifas Controladas

Operador Privado-Arrendatário 19 196 Preços Monitorados Operador Privado-Terminais Privativos 68 87 PreçosLivres 100 320 Fonte: Anuário Estatístico Portuário 2000, Acompanhamento da Exploração dos terminais Privativos e Programa de Arrendamentos de Áreas e Instalações Portuárias,2000. Ministério dos Transportes/STA/DP. No caso dos operadores portuários estatais (Administrações de Porto ), as alterações tarifárias estão sujeitas a prévia aprovação pela ANTAQ e para tanto, basicamente solicita demonstrativos que justifiquem , do ponto de vista dos custos, a necessidade tarifária. Deve ser observado a necessidade de incorporação de receitas não tarifárias (de arrendamentos e outras ) para fins de modicidade tarifária, isto é, para a diminuição dos percentuais de reajustes requeridos pela unidade portuária de que se trate. Dentro dessa nova sistemática, até o momento, nenhum pleito tarifário foi aprovado, devido basicamente às deficiências ou inobservância de apresentação das informações requeridas pela ANTAQ. Quanto aos operadores privados-arrendatários, em tese, encontram-se sob um regime de preços monitorados,isto é, dispensa-se a solicitação de reajustes perante a ANTAQ mas são objetos de acompanhamento pela agência.Até o momento, as dificuldades maiores ocorridas no setor referem-se à cobrança de preços considerados indevidos pelos usuários, situação que tem se tornado presente nos portos de Santos-SP e em Salvador-BA.Tal problemática tem gerado representações dos usuários perante a Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça havendo sido remetidos os autos ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica- CADE para julgamento. A SDE encaminhou

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processo ao CADE “ ...com sugestão de condenação dos terminais portuários ... por infração à ordem econômica” 16 Já no caso dos operadores privados em terminais da sua propriedade autorizados pela ANTAQ, o regime de preços é livre, não havendo nenhuma interferência por parte da agência, ressalvado praticas restritivas do ponto de vista da defesa da concorrência . “ Art 45. Os preços dos serviços autorizados serão livres, reprimindo-se toda prática prejudicial à competição, bem como o abuso do poder econômico, adotandos-e nestes casos as providências previstas no art. 31.”17 Daí a necessidade da publicidade dos preços por parte dos terminais privativos. 2.4.3 EVOLUÇÃO DOS PREÇOS MÉDIOS NO SETOR PORTUÁRIO Apresenta-se a seguir dois gráficos que mostram a evolução dos preços médios totais cobrados em três portos do país: Fortaleza, Santos e Paranaguá. Os preços dizem respeito a contêineres e granéis sólidos (trigo, milho e soja ). Tais preços englobam as tarifas portuárias pagas pelo uso das facilidades, exclusive armazenagem, praticagem, água e reboque.Além desses, inclui-se também as despesas com movimentação de carga: estiva/desestiva, conferentes,mão-de-obra em terra. Os dados tentam dar uma idéia da situação dos preços dos serviços portuários existentes antes do advento da lei 8.630 de 25 de fevereiro de 1993 (Lei de Modernização dos Portos ) e a mesma variável alguns anos após a entrada em vigor da referidalei e da presença da regulação através da ANTAQ.O que se observa é uma brutal queda no valor dos serviços portuários que no ano de 2001 representavam em tono de 30 % do que era cobrado dos contêineres nos portos de Santos e Fortaleza. No caso de Paranaguá,os preços praticados na movimentação de contêineres em 2001 representam menos da metade ( 47,66 % ) do que se pagava em 1992. Para o caso de granéis sólidos, os preços cobrados em 2001 representam apenas um quarto do que se pagava em 1992, antes da lei de modernização dos portos. Em Paranaguá, a redução acompanha o caso dos contêineres, pois os valores pagos se reduzem também a menos da metade do que era pago em 1992 ( 45,42 % ). Tais dados não representam menores ganhos de produtividade por parte de Paranaguá, mas provavelmente uma operação mais eficiente que Santos e Fortaleza no período anterior ao advento da nova legislação. Veja a seguir os gráficos que mostram essa evolução.

16 Secretaria de Direito Econômico –SDE processo Administrativo n° 08012.007443/99-17 pg.47 Brasília 11 de dezembro de 2002. 17 Comunicar aos órgãos de defesa da concorrência qualquer fato que configure ou possa configurar infração da ordem econômica.

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CONTÊINERES-PREÇOS MÉDIOS TOTAIS DOS SERVIÇOS PORTUÁRIOS-EM US$/UNIDADE

356

183

138

407

256

111

193

129171

122

181

180

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

1992 1999 2000 2001

ANOS

US$

/UN

IDA

DE

FORTALEZASANTOSPARANAGUÁ

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GRANÉIS SÓLIDOS-PREÇOS MÉDIOS TOTAIS DOS SERVIÇOS PORTUÁRIOS-EM US$/t

8,83

7,15

2,08 2,15

12,3

3,574,26

3,24

5,79

2,5 2,73 2,63

0

2

4

6

8

10

12

14

1992 1999 2000 2001

ANOS

US$

/t FORTALEZASANTOSPARANAGUÁ

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3.ANÁLISE DOS RESULTADOS Dos elementos abordados ao longo do trabalho, algumas reflexões tornam-se úteis a fim de se buscar o aprimoramento dos mecanismos de regulação de preços por parte das agências reguladoras em geral e das aqui analisadas em particular. Em primeiro lugar a constatação mais óbvia e que tem sido objeto de numerosas observações pela crítica especializada ou não: os preços de monopólios ou quase-monopólios, preços monitorados em geral, sujeitos a regulação, tem apresentado evolução muito acima dos preços praticados em regime de concorrência. Veja o anexo I, em particular a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial de inflação do país, versus Índices de Preços Monitorados e Índice Geral de Preços de Mercado e salário na indústria. Observe-se também que, três dos quatro índices de obras públicas utilizados no reajuste de tarifas de concessões rodoviárias federais, situam-se no limite inferior do conjunto de índices de preços apresentados naquele anexo. Em segundo lugar, e isto também tem sido objeto de amplos comentários, o atraso na instalação das agências reguladoras. Dos casos aqui abordados somente a criação da ANATEL como agência reguladora precedeu a privatização das atividades-fim que se propunha a fiscalizar. Veja a seguir as datas de criação das principais agências reguladoras federais e as datas das principais privatizações/concessões realizadas sob a sua correspondente área de influência. DATA DAS PRINCIPAIS CRIAÇÃO DA AGÊNCIA PRIVATIZAÇÕES/CONCESSÕES ANATEL-Lei 9.472 de 16/07/1997 Sistema Telebrás em julho de 1998 ANEEL-Lei 9.427 de 26/12/1996 ESCELSA julho de 1995 ANTT –Lei 10.233 de 5/6/2001 Principais rodovias federais 1994-1998 ANTAQ- Lei 10.233 de 5/6/2001 Principais terminais portuários 1997

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As dificuldades da regulação nas diversas áreas, inclusive preços, tornam-se maiores uma vez instalado o negócio à margem da atuação das agências. A entrada em cena da ação reguladora gera compreensíveis reações por parte do novo regulado, que teve tempo de cristalizar práticas favoráveis ao negócio nos seus diversos aspectos, orientado por um previsível comportamento maximizador de lucros.Uma vez iniciada a regulação efetiva, esse princípio empresarial deve se compatibilizar com os interesses dos usuários, processo de arbitragem de competência da agência reguladora. Em terceiro lugar a questão da escolha dos índices propriamente dita. Como se sabe, o Índice Geral de Preços de Mercado-IGP-M tem a favor a sua ampla aceitação entre os agentes.Em compensação, incorpora importante peso das variações de preço ocorridas no atacado ( Índice de Preços por Atacado-IPA ).Freqüentemente, em períodos de renda estagnada ou declinante, como nos últimos anos, o varejo nem sempre consegue o repasse integral ao consumidor final das variações operadas no atacado, particularmente em segmentos onde as possibilidades de substituição entre produtos e serviços são maiores. É portanto razoável se buscar opções de índices mais adequados para reajuste periódico de contratos de concessão.Sobre este particular deve ser observado que, ao contrário do que tem sido veiculado, a mudança de índice contratual ( visando amenizar as elevações de preços públicos substancialmente superiores aos preços em regime de concorrência - veja novamente o anexo I ), não configura quebra de contrato. Esta salvaguarda ( mudança de índice por extinção ou qualquer outro motivo) pode ser observada em praticamente todos os contratos de concessão/arrendamento que envolvem cláusula de reajuste anual (energia elétrica, telecomunicações, concessões rodoviárias, terminais arrendados). A sua adoção, no entanto, como é de se esperar, deve ser precedida de negociação entre as partes. Duas alternativas factíveis podem ser cogitadas a curto prazo: a) utilização de índices setoriais. É a alternativa mais adequada pois reflete de forma mais aproximada a situação econômica do concessionário, o que traz duas vantagens: minimiza o risco de distanciamento dos reajustes de preço do concessionário da evolução dos seus custos e, em segundo lugar, evita ao mesmo tempo o repasse aos usuários de custos não incorridos pelo concessionário. Para a sua implementação, no entanto, torna-se inevitável a abertura da estrutura de custos dos concessionários ; b) adoção do Índice de Preços ao Consumidor Amplo-IPCA do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas – IBGE. Por ser o indicador oficial de acompanhamento de metas inflacionárias por parte do Banco Central, ter abrangência de 9 regiões metropolitanas, Distrito Federal e município de Goiás, portanto representativo da diversidade regional da economia nacional. Por último, o IPCA reflete os preços efetivamente cobrados ao consumidor; o que indiretamente sinaliza capacidade de absorção de aumentos de preços no setor concorrencial para a faixa de 1 a 40 salários mínimos. Em quarto lugar o cálculo do “fator X”. Já observáramos que no setor de transportes, ainda que utilizando-se do regime de Price-Cap, caso dos terminais portuários arrendados, a transferência de produtividade aos usuários está subsumida em metas de preços decrescentes ao longo do tempo e não explicitada na forma de redutor de índice de preços. Do ponto de vista do usuário, é indiferente que o mesmo seja ou não explicitado, desde que os preços públicos sejam competitivos. Do ponto de vista da regulação, é importante que se explicitem, através de algum mecanismo (“fator X” ou não), as memórias de cálculo das metas adotadas sob pena de se incorrer no risco da arbitrariedade, se estabelecendo, por exemplo, metas que ainda que venham a representar melhora para o usuário em relação a uma situação anterior, configuram distribuição assimétrica de ganhos de produtividade entre concessionários e usuários e assim por diante.

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Outro aspecto que merece atenção em relação ao “fator X” é o que se refere à sua magnitude em relação à dos aumentos de preços vindos da simples indexação através de índices gerais. Embora seja comum que ganhos de produtividade tendam a diminuir, passados os primeiros anos da operação do negócio, é preciso observar que os mesmos ocorrem num ambiente em que a grandeza do aumento de preços gerais autorizados via de regra tornam quase irrelevante a redução dos mesmos por ganhos de produtividade. Para verificar o anterior, observe-se a magnitude do “fator X” e a dos aumentos tarifários para o setor de energia elétrica, onde a referida metodologia tem sido amplamente utilizada. REAJUSTES/REPOSICIONAMENTOS TARIFÁRIOS E "FATOR X" PARA DISTRIBUIDORAS DE ENERGIA ELÉTRICA NO BRASIL A B C D=C/B

REAJUSTE OU "FATOR PESO ANO DE REPOSICIONAMENTO X" DO

EMPRESA VIGÊNCIA TARIFÁRIO (%) (%) "FATOR X" ESCELSA (ES) 1999 20,32* 1,5 0,0738

ESCELSA (ES) 2000 16,04 0,8 0,0499

ESCELSA (ES) 2002 19,89 1,89 0,0950

COELCE (CE) 2004 27,56 1,49 0,0541

COSERN (RN) 2004 12,06 1,78 0,1476

COELBA (BA) 2004 27,19 1,14 0,0419

ENERGIPE (SE) 2004 28,40** 1,40** 0,0493 * O reposicionamento tarifário simultâneo com a definiçaõ do "fator X" foi de -3,4 % na média ** Em duas etapas Fonte:ANEEL Especificamente, quanto à forma de cálculo do “fator X”, não foi encontrado apuração da Produtividade Total dos Fatores, nas agências pesquisadas, procedimento comum utilizado nas regulações do setor elétrico nos Estados Unidos da América18 , embora o princípio geral, conceitualmente, em ambos os casos, seja o mesmo.

18 Veja-se por exemplo, o caso da SCEC – Southern Califórnia Edison Company. Report on Total Factor Productivity, elaborado pela Califórnia Public Utilities Commission. San Francisco, Califórnia,17 de outubro de 2002. Também em trabalhos do Banco Mundial.

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Observe-se que a aplicação do “fator X” como redutor de reajustes de preços faz sentido, do ponto de vista do usuário, quando as variações de preços ao consumidor e o referido fator são magnitudes compatíveis. Em outras palavras, quando a economia é estável. Se como um simples exercício aplicássemos a fórmula do regime Price-cap adotando variações de preços de ambientes de economia estável, a redução no impacto dos reajustes por conta da aplicação do “fator X” torna-se significativa. Utilize-se, por exemplo, a variação média anual dos preços ao consumidor ocorrida na Inglaterra entre 1994 e 2002 (IPCI)19 que foi de 2,86 % . Aplique-se como redutor de preços o “fator X” médio aplicado pela ANEEL às empresas do setor de distribuição de energia elétrica para os anos entre 1999 e 2004 do quadro anterior, de 1,43 %. Como resultado, chegaríamos a um índice de reajuste (IR) de apenas 1,43 %: IR = IPCI - “fator X médio” IR = 2,86 - 1,43 IR = 1,43 % Que configura um reajuste compatível com preços e renda estáveis. A busca de uma solução ao problema dos elevados reajustes verificados nos preços monitorados nos últimos anos face aos demais preços, passa portanto, além da evidente preocupação pela manutenção do combate à inflação ( políticas monetária e fiscal em particular ), pela escolha dos índices de reajuste anual mais adequados à estrutura de custos da atividade-fim que está sendo regulada, ainda que tal medida não esgote o problema. O gerenciamento diário da política de preços nas agências tem mostrado a presença importante de assimetrias de informação, com a costumeira desvantagem para o regulador. Parte significativa do problema é explicada por duas razões: a entrada tardia das agências no plano regulatório, havendo dado início às suas atividades, via de regra, anos após as facilidades terem sido transferidas ao operador privado. Em segundo lugar, devido ao modelo regulatório em si que em geral, sob as alegações de risco de captura do regulador, acaba inviabilizando qualquer regulação mais sistemática no âmbito econômico-financeiro. Conforme tem sido amplamente divulgado na mídia tanto no Brasil quanto no exterior, a má gestão (principalmente financeiro-contábil ) nos serviços públicos delegados a particulares revelada nos últimos anos, justifica se indagar se os custos de uma suposta provável captura do agente público não foram já amplamente sobrepujados pelos prejuízos já contabilizados em alguns serviços de utilidade pública delegados a particulares.Cabe lembrar, os casos célebres da distribuição de energia elétrica tanto no Brasil quanto no exterior, entre outros. Para se ter uma idéia da assimetria de informação existente na prática regulatória diária, basta mencionar que na área de transportes, fiscalizações já determinadas pelas agências, somente foram possíveis após intervenções firmes da direção das mesmas, dada a negativa dos concessionários em se submeter a fiscalizações determinadas por lei. No âmbito específico da política de preços, os serviços delegados a arrendatários de terminais portuários, que deveriam operar em regime monitorado, visando arbitragem de

19 International Financial Statistics do FMI.

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interesses de exportadores e importadores, na prática exercem preços livres, definidos à margem de qualquer acompanhamento sistemático por parte da agência. Mesmo as autoridades portuárias ( administrações de portos ) responsáveis por parcela minoritária da movimentação de cargas ( 13% do total, conforme anexo II ), tem dado mostras, nos casos de solicitação de reajustes de preços, de limitada exposição das suas estruturas de custos ao regulador. 4.CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES. Em termos sintéticos, apresentam-se a seguir algumas conclusões e recomendações quanto às práticas regulatórias de tarifas ou preços públicos por parte das agências federais nos setores de energia elétrica, telefonia e transporte ( terrestre e aquaviário ):

a) A regulação predominante em matéria de preços nos setores de energia elétrica, telefonia e transporte no Brasil segue o regime Price-Cap;

b) As fórmulas de reajustes anuais de preços seguem fundamentalmente índices

gerais, mais especificamente o Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna – IGP-DI e o Índice Geral de Preços de Mercado-IGP-M , ambos da Fundação Getúlio Vargas. A variação anual destes índices tem se mostrado substancialmente acima dos demais índices de preços observados no Brasil, em particular em relação ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo-IPCA, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –IBGE, do salário na indústria e dos Índices de Obras Públicas.

c) O regime Price-cap predominante incorpora reduções nos aumentos provenientes

da variação de índices de preços, através do compartilhamento com os usuários dos ganhos de produtividade dos concessionários. Tal compartilhamento tem se utilizado da aplicação de redutor, o “fator X”;

d) No setor de transportes terrestres, o caso das concessões de rodovias federais utilizou-se de índices setoriais , os quais se mostraram com variações nos limites inferiores dos menores índices gerais de preços. A sua adoção por outros setores da economia sujeitos à regulação de preços deveria ser avaliada .

e) No transporte aquaviário, para o caso dos terminais arrendados, o regime Price-

Cap não explicitou o “fator X” a ser aplicado na forma de redutor dos índices anuais de preços adotados. Em compensação, os compartilhamentos dos ganhos de eficiência com os usuários foram definidos através de metas decrescentes de preços nas movimentações de contêineres. Para se verificar a “razoabilidade” de tais metas, seria necessário se conhecer a composição ( memória de cálculo ) da programação de tais metas. Caso contrário, corre-se o risco de um compartilhamento assimétrico entre concessionário e usuário, dependendo da exorbitância dos preços praticados anteriormente à entrada do concessionário na exploração comercial do arrendamento.

f) Do ponto de vista do usuário, a eficácia na aplicação do “fator X” como redutor

relevante dos reajustes de tarifas anuais é conseguida sempre que o nível de preços

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ao consumidor é de magnitude compatível com a daquele fator. Em outras palavras, quando a fórmula do regime Price-cap é aplicada em ambientes de preços estáveis.Comparando-se as magnitudes dos reajustes/reposicionamentos tarifários e do “fator X” aplicados ao setor distribuidor de energia elétrica no Brasil, as reduções de preços por aplicação do “fator X” mostram-se irrelevantes. Além da evidente necessidade em não se esmorecer no combate ao problema inflacionário, fora da alçada deste trabalho, é recomendável atenção na escolha dos índices privilegiando-se sempre que possível a escolha dos setoriais.

g) Ao contrário do que tem se divulgado, a mudança na adoção de índices de preço

gerais para setoriais ou entre índices gerais ( de IGP-M para IPCA, por exemplo ) não configura quebra de contrato, uma vez que tais contratos já prevêem tal alteração de índices, prática amplamente generalizada no país, em função de experiências dos agentes com planos de estabilização implantados no passado.

h) No setor aquaviário ( portos e hidrovias ) coexistem regimes regulatórios de

preços/tarifas controlados (Administrações de Porto), monitorados (operadores-arrendatários ) e livres (terminais privativos). A ação reguladora em todos esses casos, por determinação legal, obriga a ANTAQ, como de resto às demais agências nas suas áreas de atuação, a observar o respeito à livre competição e ao acompanhamento da conduta dos regulados ( todos os operadores ) visando corrigir indícios de infração à ordem econômica.

Até o momento, a ação regulatória de preços tem se orientado ao acompanhamento dos operadores portuários públicos que representam 13 % do universo de cargas portuárias movimentadas no Brasil. Em seqüência, a ANTAQ encaminha-se para o monitoramento do segmento de operadores arrendatários de terminais portuários públicos, que conforme pode ser confirmado no anexo III, representam mais 19 % da movimentação de cargas através dos portos do país. Como fase subseqüente, os preços livres do setor de operadores de terminais privativos devem ser acompanhados, basicamente para verificar situações de eventual dano real ou potencial à concorrência.

i) Quanto à evolução dos preços e tarifas regulados pelas respectivas agências, o comportamento dos mesmos entre os anos de 1995 e 2002 tem sido heterogêneos. Enquanto algumas tarifas, como as de energia elétrica apresentaram-se substancialmente superiores ao indicador oficial de inflação do pais – Índice de Preços ao Consumidor Amplo-IPCA, outros com as tarifas portuárias apresentaram significativa queda, em particular após o advento da lei 8.630 de 25 de fevereiro de 1993.

No caso da distribuição de energia elétrica, houve acréscimos reais médios nas tarifas de 7,96 %, 4,85 % e 4,08 % para as classes residencial, industrial e comercial entre os anos de 1995 e 2002. Já nos preços totais cobrados na infra-estrutura marítima, terrestre e movimentação de mercadorias nos portos, as quedas são bastante acentuadas entre 1992 e 2001 : em torno de 66 % na movimentação de contêineres e grãos nos portos de Santos e Fortaleza e em torno de 50 e 55 % no porto de Paranaguá para granéis sólidos e contêineres, respectivamente.

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No caso das tarifas e preços portuários, a sensível redução deve ser atribuída ao aumento da concorrência inter e intra-portos, após o advento da lei 88.630 /93 e aos ganhos de escala obtidos com a realização de novos investimentos por operadores privados nos terminais arrendados, com equipamentos e obras civis adequados ao atendimento da demanda.Neste aspecto, apesar dos ganhos inegáveis da entrada dos operadores privados em terminais anteriormente explorados pelo estado, resta muito ainda a ser feito, tanto do ponto de vista da regulação quanto da defesa da concorrência, tarefa em construção e permanente reavaliação. Jorge Ruiz Brasília 20/08/2003 e-mail [email protected]

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ANEXO I VARIAÇÃO PERCENTUAL ANUAL DOS PREÇOS MONITORADOS, IPCA, IGP-M , PREÇOS DE OBRAS PÚBLICAS E SALÁRIOS ENTRE 1995 E 2002. PREÇOS C36 C37 C38 C39 Salário ANO MONIT* IPCA IGP-M IOAE PAV TERR SCON Indústria**

1995 25,33 20,41 14,31 22,61 19,62 17,35 25,91 21,92

1996 18,69 9,18 8,84 8,27 6,65 4,75 13,92 7,87

1997 17,04 5,11 7,49 4,17 4,8 6,72 9,81 4,34

1998 3,21 1,65 1,78 0,81 1,54 3,35 1,24 -3,14

1999 19,23 8,60 18,52 12,27 22,13 15,7 11,44 0,1

2000 12,30 5,83 9,55 5,74 11,83 6,34 6,84 11,41

2001 10,30 7,42 9,92 10,51 9,24 11,11 6,05 8,19

2002 14,43 11,90 22,92 16,7 21,79 23,95 6,70 11,16

95-02 203,67 94,05 138,78 113,43 146,68 129,73 114,84 80,32 * Engloba IPTU, taxa de água e esgoto, gas de bujão,energia elétrica,ônibus urbano,ônibus intermunicipal, água,metrô,gasolina,álcool,óleo diesel,plano de saúde,telefone fixo e celular. ** Variação anual do salário na indústria-Confederação Nacional da Indústria (CNI) Fonte: IBGE/FGV/ CNI.

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ANEXO II BRASIL: REGIÃO SUDESTE TARIFAS MÉDIAS POR CLASSE DE CONSUMO (R/MWh)

Residencial Industrial Comercial Residencial1995 78,18 44,6 88,72 1996 108,06 52,86 98,08 38,22 1997 119,16 56,77 106,8 10,27 1998 125,22 59,26 110,64 5,09 1999 139,47 66,31 122,43 11,38 2000 162,86 75,06 139,61 16,77 2001 184,17 87,33 160,96 13,08 2002 221,94 103,2 195,02 20,51

BRASIL: REGIÃO SUDESTE INDICES DE VARIAÇÃO TARIFAS MÉDIAS DE ENERGIA ELÉTRICA E IPCA

Residencial Industrial Comercial IPCA MÉDIO1995 100,00 100,00 100,00 100,00 1996 138,22 118,52 110,55 115,76 1997 152,42 127,29 120,38 123,78 1998 160,17 132,87 124,71 127,73 1999 178,40 148,68 138,00 133,94 2000 208,31 168,30 157,36 143,37 2001 235,57 195,81 181,42 153,18

2002 283,88 231,39 219,82 166,13 BRASIL: REGIÃO SUDESTE TARIFAS MÉDIAS POR CLASSE DE CONSUMO (R/MWh) A PREÇOS MÉDIOS DE 2002 Residencial Industrial Comercial

1995 129,88 74,09 147,39 1996 155,08 75,86 140,76 1997 159,93 76,19 143,34 1998 162,86 77,07 143,89 1999 172,99 82,24 151,85 2000 188,70 86,97 161,76 2001 199,73 94,71 174,56 2002 221,94 103,20 195,02

Fonte: ANEEL-IBGE

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ANEXO IIi ESTIMATIVA* DA MOVIMENTAÇÃO DE MERCADORIAS NO CÁIS PÚBLICO POR TIPO DE OPERADOR E NOS TERMINAIS PRIVATIVOS - ANO 2000 - toneladas OPERADOR CAIS PÚBLICO SUB-TOTAL TOTAL OPERADOR ARRENDA- CAIS TERMINAIS MOVIMEN- REGIÃO/ESTADO PÚBLICO -TÁRIOS PÚBLICO PRIVATIVOS TAÇÃO REGIÃO NORTE 3.733.472 8.418.956 12.152.428 21.936.148 34.088.576

Macapá(AP) - 812.253 812.253 - 812.253Porto Velho(RO) 80.737 1.448.237 1.528.974 550.432 2.079.406Santarém(PA) - 268.186 268.186 - 268.186Manaus(AM) 803.188 - 803.188 8.007.086 8.810.274

Vila do Conde(PA) 711.003 5.795.000 6.506.003 1.655.789 8.161.792Belém(PA) 2.138.544 95.280 2.233.824 11.722.841 13.956.665

- - REGIÃO NORDESTE 20.531.262 15.820.574 36.351.836 70.647.185 106.999.021

- - Itaqui(MA) 2.971.063 9.070.000 12.041.063 46.510.609 58.551.672

Fortaleza(CE) 2.812.385 820.000 3.632.385 - 3.632.385Areia Branca(RN) 4.928.895 - 4.928.895 - 4.928.895

Natal(RN) 225.290 84.000 309.290 5.014.142 5.323.432Cabedelo(PB) 435.048 419.200 854.248 - 854.248

Recife(PE) 1.571.723 785.000 2.356.723 - 2.356.723Suape(PE) 1.865.147 2.035.000 3.900.147 - 3.900.147Maceió(AL) 497.251 1.460.000 1.957.251 1.051.874 3.009.125Aracaju(SE) - - 2.757.367 2.757.367Salvador(BA) 1.379.798 612.448 1.992.246 - 1.992.246

Aratu(BA) 3.195.871 434.926 3.630.797 15.313.193 18.943.990Ilhéus(BA) 648.791 100.000 748.791 - 748.791

- - REGIÃO SUDESTE 8.967.174 51.373.775 60.340.949 209.694.368 270.035.317

- - Pirapora(MG) - - . . .Regência(ES) - 545.822 545.822

Barra do Riacho(ES) - 2.204.807 2.204.807Praia Mole(ES) - 13.108.804 13.108.804Tubarão(ES) - 72.610.733 72.610.733Vitória(ES) 4.565.208 1.772.200 6.337.408 - 6.337.408

Ponta Ubu(ES) - 15.067.457 15.067.457Forno(RJ) 530.935 530.935 - 530.935Niterói(RJ) 142.944 142.944 - 142.944

Rio de Janeiro(RJ) 2.536.159 3.027.796 5.563.955 8.074.764 13.638.719Sepetiba(RJ) - 15.763.205 15.763.205 24.067.656 39.830.861

Angra dos Reis(RJ) 359.209 359.209 15.924.128 16.283.337Panorama(SP) 41.580 41.580 - 41.580

Presidente Epitácio(SP) 91.037 91.037 821.301 912.338São Sebastião(SP) 468.024 468.024 45.227.165 45.695.189

Santos(SP) 232.078 30.810.574 31.042.652 12.041.731 43.084.383 - -

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REGIÃO SUL 28.277.650 16.139.968 44.417.618 20.605.846 65.023.464

- -

Paranaguá/Antonina(PR) 13.136.864 8.010.707 21.147.571 454.379 21.354.734São Francisco do Sul(SC) 657.502 3.900.000 4.557.502 9.847.041 14.404.543

Itajaí(SC) 1.977.109 1.977.109 258.508 2.235.617Imbituba(SC) 1.156.047 1.156.047 - 1.156.047

Charqueadas(RS) - - 198.968 198.968Estrela(RS) 467.111 467.111 38.241 505.352

Porto Alegre(RS) 1.067.859 1.067.859 9.988.548 11.056.407Pelotas(RS) 239.322 239.322 - 239.322

Rio Grande(RS) 9.575.836 4.229.261 13.805.097 67.377 13.872.474 - -

R. CENTRO-OESTE 88.361 0 88.361 1.824.782 1.913.143 - -

Cáceres(MT) 78501 78.501 33.964 112.465Corumbá/Ladário(MT) 9860 9.860 1.790.818 1.800.678

- - BRASIL 61.597.919 91.753.273 153.351.192 324.708.329 478.059.521

Participação(%) 12,88 19,19 32,08 67,92 100,00

*As estatísticas portuárias anuais na ANTAQ ainda não coletam, na movimentação de mercadorias ocorida no cáis público, separadamente, aquelas de operadores privados arrendatários e as do operador público (Administrações de Porto ). Fonte:Anúario estatístico Portuário 2000,Ministério dos Transportes/STA/DP e Programa de Arrendamento de Áreas e Instalações portuárias,MT/STA/DP, dezembro de 2000.

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ANEXO IV CONTÊINERES PREÇOS MÉDIOS TOTAIS DOS SERVIÇOS PORTUÁRIOS EM US$/UNIDADE PORTO/ANO 1992 1999 2000 2001 FORTALEZA 356,00 183,00 138,00 111,00

SANTOS 407,00 193,00 171,00 129,00

PARANAGUÁ 256,00 180,00 181,00 122,00 Fonte: ANTAQ-Pesquisa de Preços e Desempenho Operacional anos 1999-2001 e GEIPOT-Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes.O modelo Portuário Brasileiro e a Realidade Internacional. Avaliação dos Preços dos Serviços Portuários. Brasília, setembro de 1993. GRANÉIS SÓLIDOS PREÇOS MÉDIOS TOTAIS DOS SERVIÇOS PORTUÁRIOS EM US$/TONELADA

PORTO/ANO 1992 1999 2000 2001

FORTALEZA 8,83 7,15 2,08 2,15

SANTOS 12,3 3,57 4,26 3,24

PARANAGUÁ 5,79 2,50 2,73 2,63 Obs: Fortaleza: Trigo e Milho. Santos e Paranaguá: Milho e Soja. Os dados de 1992 não incluem praticagem e reboque, incluidos nos dados correspondentes aos anos de 1999 a 2001. Fonte: ANTAQ-Pesquisa de Preços e Desempenho Operacional anos 1999-2001 e GEIPOT-Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes.O Modelo Portuário Brasileiro e a Realidade Internacional.Avaliação dos Preços dos Serviços Portuários. Brasília, setembro de 1993.

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