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Regulação econômica do Brasil

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Regulação econômica no Brasil

Revisão técnica: Eduardo Molan Gaban

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Regulação econômica no Brasil

Regulação econômica no Brasil. Elvino de Carvalho Mendonça. Brasília, DF. Editora WebAdvocacy,2021. ISBN: CDU 330 346

Sumário

Siglas. 4

Apresentação.. 5

Capítulo 1. Aspectos gerais da teoria da regulação econômica.. 8

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1.1. Regulação econômica: definição e objetivo.. 8

1.2. Função da regulação econômica.. 8

1.3. Agências reguladoras. 9

1.3.1. Definição de agência reguladora.. 9

1.3.2. Características das agências reguladoras. 10

1.4. Ambiente regulatório.. 10

1.4.1. Restrições regulatórias. 10

1.4.2. Instrumentos regulatórios. 13

Capítulo 2. Transformações do Estado brasileiro e as privatizações. 15

2.1. As fases da transformação do Estado brasileiro.. 16

2.2. Criação de infraestrutura para o desenvolvimento econômico e os primeiros estágios doprocesso de privatização.. 17

2.3. Os primeiros estágios do processo de privatização.. 21

Capítulo 3. O processo de privatizações de 1990 a 2002.. 24

3.1. Privatizações de 1990 a 1994.. 24

3.2. Privatizações de 1995 a 2002.. 27

Capítulo 4. Agências reguladoras. 33

4.1. A criação das agências reguladoras no Brasil. 33

4.2. Características e atribuições das Agências. 35

4.3. A Lei das Agências e a Lei de Liberdade Econômica.. 47

Referências Bibliográficas. 51

Exercícios. 57

Gabarito.. 66

SiglasANA – Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico

ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil

ANATEL - Agência Nacional de Telecomunicações

ANCINE – Agência Nacional de Cinema

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ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica

ANM – Agência Nacional de Mineração

ANP - Agência Nacional do Petróleo

ANS – Agência Nacional de Saúde

ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres

ANTAQ – Agência Nacional de Transportes Aquaviários

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

CNPE - Conselho Nacional de Política Energética

CSN – Companhia Siderúrgica Nacional

PDRAE – Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado

PND – Programa Nacional de Desestatização

Apresentação A intervenção estatal na economia tem sido objeto de estudo ao longo dos séculos. Domercantilismo até os dias de hoje o mundo oscilou entre a intervenção estatal, em alguns casosintervenção total, e a ausência desta, pelo menos ainda que potencial.

A resposta mais famosa a intervenção estatal veio com a publicação do livro denominado “ARiqueza das Nações” de Adam Smith em 1973, que, em apertada síntese, postulava que a liberdadeeconômica das empresas sem a intervenção estatal era o caminho para a riqueza das nações.

A dicotomia entre intervenção estatal nunca deixou de existir a partir de então. O século XIXobservou o crescimento da especialização do trabalho e experimentou muito da liberdade econômicaapregoada pelo liberalismo econômico, quer seja em termos de avanços tecnológicos e de produçãomundial quer seja em termos de ampliação das desigualdades de renda e da pobreza.

É importante não esquecer que foi nesse século que outro Karl Marx, célebre personagem dahistória do pensamento econômico, produziu a obra denominada “O Capital” e tornou desnuda aopressão que o capital pode exercer sobre a classe trabalhadora se não houver controles mínimos doEstado.

O século XX foi o palco ideal para a dicotomia entre intervenção estatal e liberdade econômica.A revolução bolchevique de 1917 e a vigência da “Guerra Fria” a partir da segunda guerra mundialsão importantes exemplos de como a intervenção estatal ou a sua ausência fazem parte das paixõesdo ser humano na terra.

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A economia brasileira passou por forte transformação nos últimos 90 anos e a quebra da bolsa deNova York é o acontecimento inicial que fez o Brasil ingressar no mundo industrializado.

De 1940 até o final da década de 1970 o Brasil adotou uma estratégia de consolidação deempresas estatais. Entre 1940 e 1960 foram criadas, entre outras, a Companhia SiderúrgicaNacional (CSN), a Petrobras e o BNDE e, entre 1960 e meados da década de 1970, as empresasestatais foram estimuladas a atuarem em vários setores da economia.

A exaustão do modelo desenvolvimentista e a segunda crise do petróleo em 1979 levaram oBrasil a promover na década de 1980 um ensaio em torno das privatizações das empresas estatais.Nessa época foram privatizadas empresas de pequeno porte e, sendo grande parte delas, empresasque haviam sido encampadas pelo setor público.

A década de 1990 representa a primeira tentativa efetiva de inversão do modelo de empresasestatais. Na primeira metade da década de 1990 foram privatizadas empresas que atuavam,principalmente, nos setores siderúrgicos e de fertilizantes, ao passo que na segunda metade dosanos 1990 foram privatizados os serviços públicos, como por exemplo o setor de telecomunicações eo setor de energia elétrica.

Também na segunda metade dos anos 1990 deu-se início no Brasil a regulação econômica,período em que foram constituídas ANEEL, a ANATEL e a ANP.

Na primeira década dos anos 2000 deu-se continuidade a expansão dos marcos regulatórios.Nesse publicou-se, por exemplo, os marcos regulatórios do transporte aéreo, terrestre e marítimo,com a criação da ANAC, ANTT e ANTAQ, respectivamente.

Atualmente, o Brasil conta com 11 agências reguladoras federais, sendo o marco regulatórioda mineração, com a criação ANM, o último a ser publicado no final da década de 2010 e, com achamada Lei das Agências (Lei nº 13.848, de 25 de junho de 2019), que dispõe sobre a gestão, aorganização, o processo decisório e o controle social das agências reguladoras.

Portanto, o processo de intervenção estatal na economia brasileira pode ser dividido em quatropartes: (i) a criação das empresas estatais; (ii) o desgaste do modelo estatal desenvolvimentista; (iii)a reforma do estado brasileiro por meio de privatizações; e (iv) os marcos regulatórios e as agênciasreguladoras.

Capítulo 1. Aspectos gerais da teoria daregulação econômicaO presente capítulo tem como objetivo apresentar a definição, os objetivos e a função da regulaçãoeconômica. Para tanto, o presente capítulo encontra-se dividida em duas subseções: (i) regulaçãoeconômica: definição e objetivo; (ii) função da regulação econômica; (iii) agências reguladoras; e (iv)ambiente regulatório.

1.1. Regulação econômica: definição e objetivoA regulação é uma forma de intervenção do Estado que se faz necessária quando existem falhas demercado. Por definição, as falhas de mercado ocorrem quando os mecanismos de preços não sãosuficientes para garantir a alocação eficiente dos recursos na economia.

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A regulação pode ser econômica, social ou administrativa. A regulação econômica, que é o temadeste capítulo,objetiva facilitar, limitar ou intensificar os fluxos e as trocas de mercado, por meio depolíticas tarifárias, princípios de confiabilidade do serviço público e regras de entrada e saída domercado.

Em outras palavras, a regulação econômica se ocupa do resultado da interação entre os agentesEstado, empresas, credores, trabalhadores, consumidores e fornecedores no sistema econômico,com vistas a regularizar a oferta e a demanda em patamares condizentes com a maximização dobem-estar da sociedade.

1.2. Função da regulação econômicaA função precípua da regulação econômica é a de criar mecanismos de incentivo compatíveis com oprincípio da livre concorrência nos mercados. Essa função atua transformando ambienteseconômicos caracterizados por falhas de mercado em ambientes competitivos.

Entre as funções principais da regulação econômica pode-se citar:

Monitorar o poder de mercado das empresas, evitando práticas anticompetitivas;Promover a competição por intermédio da entrada de novas empresas;Propor novos métodos de organização industrial; eEstimular a eficiência e a inovação.

1.3. Agências reguladorasA presente seção tem por objetivo definir o conceito de agência reguladora, bem como as suascaracterísticas. A seção encontra-se dividida em duas subseções: (i) Definição de agência reguladorae (ii) Características da agência reguladora.

1.3.1. Definição de agência reguladora

A agência reguladora é um órgão criado pelo Estado para implementar as boas práticas daconcorrência nos setores caracterizados por falhas de mercado. Em geral, a agência reguladora deveser provida de dois conceitos de independência: orgânica e administrativa.

A independência orgânica está associada com os mecanismos que evitem a não subordinação daagência à vontade política do poder central para além das metas, objetivos e princípios e se compõea partir da estabilidade dos dirigentes e da não subordinação hierárquica das agências ao PoderExecutivo central.

A independência administrativa tem por objetivo assegurar à agência reguladora instrumentos erecursos para exercer suas atividades de forma independente. Um dos mecanismos maisimportantes para se viabilizar essa independência administrativa é a autonomia financeira.

Estes conceitos visam a oferecer um caráter eminentemente técnico ao órgão regulador, livre depotenciais interferências políticas.

1.3.2. Características das agências reguladoras

De acordo com a Associação Brasileira de Agências Reguladoras - ABAR, as característicasessenciais das agências reguladoras são:

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Caráter público: as agências reguladoras são órgãos do Estado revestidos de autoridade eprerrogativas inerentes aos órgãos públicos;Concentração de funções: as agências reguladoras conjugam o equilíbrio do sistema reguladoe o interesse do bem comum;Especialização: as agências reguladoras são dotadas de um profundo conhecimento na suaárea de atuação, permitindo uma maior eficiência regulatória, evitando desajustes nasinformações trocadas entre a agência e o regulado;Equilíbrio: mediação e estabilidade são as palavras-chaves dessa característica. Tanto aagência deve se posicionar e buscar a mediação quando houver interesses em conflito, comodeve promover a estabilidade entre setores competitivos, incentivando as inovações;Neutralidade: o agente regulador deve se manter imparcial quando em conflito, com prudênciae proporcionalidade.

1.4. Ambiente regulatórioA presente seção tem por objetivo definir o ambiente regulatório segundo as suas restrições,instrumentos e esquemas de incentivo. Desta forma, a seção encontra-se dividida em duassubseções: (i) restrições regulatórias e (ii) instrumentos regulatórios.

1.4.1. Restrições regulatórias

De acordo com Laffont e Tirole (1993), existem três tipos de restrições que limitam o regulador nasua função de implementar a política desejada, são elas: informacional, transacional e administrativae política.

A restrição informacional surge do fato de que o regulador e o regulado possuem níveisdiferenciados de informação. Em geral, o regulado possui um conjunto mais amplo de informaçõesque o regulador, uma vez que o regulado tem, entre outras coisas, conhecimento da sua estrutura decustos e da sua produtividade.

Uma vez que o regulado e o regulador possuem objetivos distintos e níveis de informaçãodiferenciados a respeito das variáveis a serem reguladas, os conflitos de interesses entre as partessão inevitáveis. A assimetria de informação existente entre o regulador e o regulado conduz aomodelo do agente-principal, o que faz surgir dois problemas clássicos: risco moral e seleção adversa.

O risco moral surge da existência de informações assimétricas que dificultam o monitoramento dasações do regulado por parte do regulador, resultando em comportamentos distintos daqueles queseriam observados em situações de informação perfeita e completa, enquanto que a seleçãoadversa[1] é um fenômeno de informação assimétrica que ocorre quando o regulador “seleciona” demaneira incorreta determinados bens e serviços no mercado.

Tabela 1. Problema, variáveis e descrição

Problema Variáveis relevantes Descrição

Risco moral Variáveis endógenas(ações dos regulados)

- custos das empresas reguladas; - qualidade dosprodutos/serviços das empresas reguladas.

Seleçãoadversa Variáveis exógenas

- custo de desenvolvimento de tecnologia; -dificuldades de implementação de certas tarefasprodutivas.

De acordo com Laffont e Tirole (1993), o risco moral entre o regulado e o regulador surge quando asvariáveis endógenas relevantes para o exercício da regulação, como, por exemplo, os custos da

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empresa regulada e a qualidade dos seus produtos, são de total controle do regulado e não sãoobservadas pelo regulador. Da mesma forma, o problema de seleção adversa surge quando oregulado detém mais informações a respeito das variáveis exógenas relevantes para o exercício daregulação que o regulador, como por exemplo os custos de desenvolvimento de tecnologia e asdificuldades de implementação de certas técnicas produtivas.

A restrição transacional surge em decorrência dos custos de transação, que, de acordo comWilliamson (1975), são definidos como:

Contingências futuras tem que ser consideradas no contrato, uma vez que elas podem1.requerer estudos custosos e de longo prazo;Contingências tem que ser especificadas de forma não ambígua no contrato regulatório;2.O contrato tem que ser monitorado e controlado pelo regulador.3.

Os custos de transação são elevados quando há dificuldade de previsão e formulação dascontingências pelo regulador de forma clara. De acordo com o autor, contratos que cobrem futurospróximos tendem a ser mais completos que contratos com prazo mais longo. Pela mesma razão,deve-se esperar que contratos direcionados às indústrias de alta tecnologia sejam mais incompletosque contratos formulados em indústrias tradicionais.

A terceira e última restrição regulatória diz respeito a regulação administrativa e política. Nestecaso, os reguladores estão sujeitos a restrições advindas dos códigos de regulação, pelas leis e pelosdecretos, o que faz com que o escopo da agência reguladora seja limitado ao setor para o qual foicriada, os instrumentos regulatórios sejam bem definidos e o prazo de vigência dos contratos sejamrigorosamente cumpridos, sob pena de se tornarem ilegais.

1.4.2. Instrumentos regulatórios

Para induzir o regulado a produzir o retorno esperado do ponto de vista social, o regulador develançar mão de instrumentos regulatórios e esquemas de incentivo. Entende-se por instrumentosregulatórios todos os mecanismos utilizados pelo regulador a fim de atuar sobre quatro variáveisespecíficas, quais sejam: preço, quantidade, número de firmas e qualidade.

No que se refere à variável preço, o instrumento regulatório mais comumente utilizado pela agênciaé a fixação da tarifa e/ou preço, de tal forma a garantir ao regulado uma taxa de retorno condizentecom os seus investimentos.

Com relação a variável quantidade, as agências regulatórias lançam mão de alguns expedientes,entre eles, pode-se citar: metas quantitativas a serem atingidas num determinado período de tempo;universalização dos serviços e número de consumidores atingidos.

O leilão de privatização, as multas contratuais por saída do setor e as condições de entrada e desaída são os instrumentos regulatórios utilizados pelo regulador para controlar o número de firmasdentro de um determinado setor.

Para se definir os instrumentos regulatórios referentes à qualidade, necessário se faz distinguir aqualidade em dois tipos: observável e não observável. Entende-se por qualidade observável, todosaqueles atributos que o regulador pode comprovar e por qualidade não observável tudo aquilo quenão possa ser verificado de plano.

Por um lado, quando a qualidade é observável, o regulador atua garantindo, entre outras coisas, aimposição de metas de qualidade. Por outro lado, quando a qualidade não é observável, o regulador

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tem que gerar os mecanismos de incentivos compatíveis com o objetivo regulado.

Capítulo 2. Transformações do Estadobrasileiro e as privatizações O Estado brasileiro passou por fortes transformações na seara industrial a partir da década de1930. O Brasil, que era um país eminentemente agrário, passou por um período de investimentospúblicos em infraestrutura, o que deu sustentação a criação de importantes empresas, sobretudo naárea de siderurgia, com a criação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e de outras siderúrgicaigualmente importantes (ex. Usiminas), até a criação da Petrobras e de outras empresas ligadas aindústria petroquímica.

A ausência de ambiente propício para o desenvolvimento do setor privado associado com aorientação de expandir as atuações das empresas estatais nas décadas de 1960 e 1970, foramresponsáveis pela atuação das empresas estatais em várias foram do seu escopo inicial, o queresultou em elevados investimentos em setores que deveriam ser ocupados pelo setor privado e nãopelas empresas estatais.

A expansão das empresas estatais para além das funções para as quais foram criadas gerouprejuízos tanto de natureza fiscal quanto de natureza de concentração de mercado, na medida emque as empresas estatais passaram a ser monopolistas em mercados que poderiam ser ocupados porempresas privadas.

O movimento de transformação do Estado brasileiro desde a década de 1940 apresenta três fasesdistintas: (i) a criação de empresas estatais dentro do paradigma começou com a criação deimportantes empresas estatais nas décadas de 1950 e 1970, dentro do Paradigma Nacional-Desenvolvimentista); (ii) a decadência do modelo na década de 80; e (iii) o processo de privatizaçõesocorridos na década de 1990.

2.1. As fases da transformação do Estado brasileiro O Estado brasileiro esteve sujeito a fortes transformações a partir de 1930, como consequênciada grande depressão mundial resultante da quebra da bolsa de Nova York em 1929.

O período que segue de 1930 até 1950 é composto por três fatos importantes e que explicam o iníciodo Paradigma Nacional Desenvolvimentista iniciado na década de 1950: (i) a grande depressão; (ii) oadvento do Estado Novo; e (iii) a Segunda Grande Guerra.

Os três fatores anteriormente mencionados criaram o ambiente propício para o nacionalismo, odesenvolvimento da indústria nacional e para a substituição do capital internacional pelo capitalnacional.

Em apertada síntese, poder-se-ia dizer que a transformação do Estado brasileiro desde meadosdo século XX pode ser dividida em quatro fases bem definidas, conforme demonstra a tabela 2.

Tabela 2. Fases da transformação do Estado brasileiro

Fase Descrição1ª fase - 1950 a1970

Criação de infraestrutura para o desenvolvimento com a criação de EMPRESASESTATAIS (Paradigma Nacional – Desenvolvimentista)

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2ª fase - Décadade 80

Desgaste do modelo de financiamento das estatais (Moratória e Hiperinflação)e os primeiros estágios do processo de privatização brasileira

3ª fase - 1990 a2002

Amplo programa de PRIVATIZAÇÃO das empresas estatais brasileiras,impulsionado pela crise financeira e pelo esgotamento da capacidade públicade realizar os investimentos.

4ª fase - 1996 a2019

Criação de AGÊNCIAS REGULADORAS dos setores de infraestrutura e deserviços

A partir da análise da tabela 2 é possível constatar que o Estado brasileiro fez, nos últimos 70anos, um caminho em direção a estatização dos setores de infraestrutura brasileiros até o final dosanos oitenta. A partir de então, o Estado brasileiro optou pela privatização das empresas estataisdedicadas a diversos setores, entre eles, os setores siderúrgico, de fertilizantes, de energia elétrica etelecomunicações, além da criação de 11 agências reguladoras.

2.2. Criação de infraestrutura para o desenvolvimentoeconômico e os primeiros estágios do processo deprivatização A década de 1930 foi marcada pelo afastamento progressivo do liberalismo econômico e pelaintervenção do Estado, cada vez mais intensa, como regulador de diferentes atividades. Essefenômeno se deu em grande parte dos países no mundo.

O contexto histórico mundial foi decisivo para essa mudança no direcionamento da política públicaestatal no Brasil. Após a crise de 1929 (depressão mundial), o Brasil deparou-se com a suafragilidade no mercado externo do café e com a emergente necessidade de criação de uma políticaindustrial. O objetivo principal da referida política era o de desenvolver o setor manufatureiro eresolver os problemas de dependência do capital estrangeiro.

A implantação do Estado Novo igualmente contribuiu para o avanço na estruturação do Estado epara o crescimento do intervencionismo estatal. Tal opção visava a superar as falhas do mercado, aimplementar diversas obras públicas e a promover mais eficazmente a industrialização, criando-se,por conseguinte, as primeiras empresas estatais em setores intensivos em capital, dentre os quaispode-se citar os de mineração, de aço, de petróleo e de energia elétrica.

A década de 1940 foi marcada pela criação da CSN. À época, havia pequenas usinas de siderurgiaque, em seu conjunto, não atendiam a demanda nacional. Na prática, o Brasil exportava minério eimportava trilhos para consolidar as suas ferrovias.

A criação da Comissão Preparatória do Plano Siderúrgico Nacional no primeiro governo Vargasatestou as condições favoráveis para que o Brasil construísse uma usina siderúrgica de grandesproporções. Todavia, os entraves gerados pela segunda guerra mundial fizeram com que o Brasiloptasse pela constituição de uma empresa eminentemente nacional, onde o capital estrangeiroapenas entraria sob a forma de empréstimo e não mais sob a forma de uma associação comempresas estrangeiras.

Nesta mesma década também foram criadas a Companhia de Mineração Vale do Rio Doce, aFábrica Nacional de Motores, a Companhia Brasileira de Álcalis, entre outras. A criação destasempresas estatais teve como objetivo permitir a expansão do setor privado sem, no entanto, fazercom que as empresas do setor público com elas competissem.

No início da década de 50, no segundo governo de Getúlio Vargas, os investimentos públicos

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ganharam novo fôlego e a industrialização ganhou novos incentivos, resultando na expansão denovas empresas estatais. Nesta década criou-se o BNDE, a Petrobrás, a Usiminas e a RFF, sendoestas últimas duas criadas no governo de Juscelino Kubitschek.

Nesse período, havia grandes e difíceis problemas a serem resolvidos, como o transporteinadequado, a energia elétrica insuficiente e a ausência de fontes internas de combustíveis. Abalanço de pagamentos deficitário afetava a capacidade de importação, o que conduziu adependência das divisas de exportação.

A solução imediata foi a celebração de um acordo entre o Brasil e os Estados Unidos,organizando a Comissão Mista Brasil-Estados Unidos para o Desenvolvimento econômico. EssaComissão visava, especificamente, a suprimir os obstáculos ao fluxo de investimentos públicos eparticulares, estrangeiros e nacionais, a fim de promover diretamente o desenvolvimento econômico.O BNDE foi o órgão responsável pela redução das deficiências de infraestrutura que impediam odesenvolvimento da economia brasileira.

O governo de Juscelino Kubitscheck consolidou o processo de substituição de importações iniciadopor Vargas, que ao final visava a modernizar o país, investir no desenvolvimento interno e gerarcrescimento e empregos. O país que era eminentemente agrário foi tornando-se, aos poucos, urbanoe o processo de substituição das importações levou ao aumento da produção interna e a diminuiçãodas importações.

Os investimentos no desenvolvimento interno brasileiro e o aumento de emissão de moeda parafazer frente à modernização do país geraram, inevitavelmente, inflação. A inflação do período, porconseguinte, teve papel fundamental na mudança de orientação dos objetivos governamentais. Oprocesso inflacionário observado no início da década de 1960 associado à instabilidade políticaimperante no período fez com que o foco de expansão do setor produtivo estatal desse lugar aosobjetivos de estabilização da economia. No período entre 1964 e 1967, as empresas estatais foramutilizadas com o objetivo de controlar o processo inflacionário. Neste ínterim, o número de empresasestatais aumentou e os seus investimentos também, contribuindo, dessa forma, para a minimizaçãoda queda do produto.

O processo de nacionalização das empresas privadas avançou no início dos anos 1960 porsetores como hotelaria, usinas de açúcar e editoras e tinha como instituto implementador o BNDE. ALight, empresa estrangeira, igualmente foi estatizada, tendo o governo, à época, preocupação emsolucionar a regulação de monopólios naturais.

Seguido a isso, em 1967, o governo promoveu, por intermédio do Decreto-Lei 200, umareforma administrativa. O objetivo era o de aumentar a eficiência das empresas estatais, impondo aestas as mesmas regras de incentivos e de restrições disponíveis às empresas do setor privado. Amaior autonomia das empresas estatais em relação ao Estado conseguida com a reformaadministrativa permitiu a recuperação da capacidade de investimentos, processo este obtido atravésda recomposição das tarifas que se encontravam defasadas em razão da utilização das empresasestatais como instrumento de controle do processo inflacionário.

Como salienta Pinheiro (1991), a descentralização promovida nas empresas do Estado com areforma administrativa de 67 possibilitou às empresas estatais a oportunidade de se expandir viasubsidiárias. Estas empresas foram criadas para atuar em vários setores distintos daquele que asdeu origem e tinham como objetivo aumentar a rentabilidade e ocupar espaços vazios existentes.Este processo foi possível em razão do poder de mercado das empresas estatais e dos rendimentosoriundos dos recursos naturais que exploravam.

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A atuação das empresas estatais das décadas de 60 e 70 se diferencia sobremaneira daatuação daquelas existentes nas décadas de 40 e 50. Enquanto estas últimas eram parte de um planointegrado e centralizado de intervenção estatal que tinham como objetivo atuar de formacomplementar ao setor privado, as empresas estatais das décadas de 60 e 70 e suas subsidiáriasintensificaram a sua atuação nos setores mais produtivos, aumentando a disputa dos espaços com osetor privado.

O período compreendido entre 1965 e 1975 foi marcado pela expansão tanto do investimentoagregado quanto do investimento das empresas estatais. O investimento agregado partiu de umataxa de crescimento de 14,7% em 1965 para 24,4% em 1975, ao passo que a taxa de investimentodas empresas estatais saltou de 13,3% em 1965 para 25,1% em 1975.

A flexibilização promovida pelo Decreto Lei nº 200 associado ao avanço do setor públicoprodutivo nas áreas de infraestrutura, além da nacionalização de empresas privadas foram osmotivos pelos quais o setor produtivo estatal se expandiu de forma demasiada, assumindo funçõestotalmente desvirtuadas.

Ademais, o advento da crise do petróleo em 1973, que elevou sobremaneira os preços daenergia, associado com a elevação das taxas de juros em fins da década de 70, colocou em xeque avalidade da composição dos setores produtivos no Brasil: setor estatal produtivo, setor privado epelas multinacionais.

A partir da percepção de que o setor produtivo brasileiro estava composto de formaequivocada, com a participação exacerbada das empresas estatais federais na economia, fez surgir anecessidade de redução do tamanho do Estado. O primeiro impulso da privatização adveio com acriação, em 1979, do Programa Nacional de Desburocratização (Decreto nº 83.740/79) e daSecretaria Especial de Controle das Empresas Estatais.

Até o final da década de 70, o objetivo principal da política econômica era o de promover ocrescimento e a substituição de importações. A partir de 1979, no entanto, a elevação das taxas dejuros associada com a elevação dos custos de energia, fizeram com que a prioridade do governo sealterasse, uma vez que a preocupação da política econômica estava focada no combate a inflação ena superação da crise cambial.

A mudança de prioridades implicou em fazer com que as empresas estatais, que eramresponsáveis pela maior parte do investimento e do consumo domésticos, sofressem, por parte dogoverno, um controle mais forte sobre o seu ritmo de crescimento.

2.3. Os primeiros estágios do processo de privatização Em 1981, com o Decreto Presidencial nº 86.215, de 15 de julho de 1981, criou-se a ComissãoEspecial de Desestatização, que fixou normas para a transferência, transformação e desinvestimentode empresas controladas pelo Governo Federal.

Esse programa dava continuidade ao Decreto nº 83.740, de 18 de julho de 1979, que instituiu oPrograma Nacional de Desburocratização, in verbis:

"O Presidente da República, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 81, itens III e V, daConstituição, e considerando:

a) que, de acordo com o artigo 170 da Constituição, compete, preferencialmente, às empresasprivadas, com o estímulo e apoio do Estado, organizar e explorar as atividades econômicas;

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b) que são objetivos prioritários do Governo, enunciados no Decreto nº 83.740, de 18 de julho de1979, que instituiu o Programa Nacional de Desburocratização, o fortalecimento do sistema de livreempresa, a consolidação da grande empresa privada nacional, a contenção da criação indiscriminadade empresas estatais e, quando recomendável, a transferência do seu controle para o setor privado;

c) o firme propósito do Governo de promover a privatização do controle de empresas estatais, noscasos em que a manutenção desse controle se tenha tornado desnecessária ou injustificável;

d) que essa transferência não se vem operando com a rapidez desejada, pela ausência de uma claradefinição das empresas enquadráveis e de normas que definam os mecanismos e procedimentos detransferência, transformação ou desativação;

e) que a política de privatização não deve alcançar nem enfraquecer as empresas públicas cujocontrole se considere intransferível, seja por motivo de Segurança Nacional, seja pela necessidadede viabilizar o desenvolvimento do próprio setor privado nacional, seja para assegurar o controlenacional do processo de desenvolvimento, decreta:...”

Este primeiro programa de privatização não obteve êxito. Segundo Pinheiro (1991), pode-seapontar os seguintes fatores como responsáveis por este fracasso: (i) falta de comprometimentopolítico com o processo, uma vez que o objetivo na época era o de controlar a expansão dasempresas estatais e não o de reformar o Estado; (ii) período composto por recessão com elevadastaxas de inflação e baixas taxas de investimentos; (iii) universo restrito de potenciais compradores,uma vez que somente brasileiros estabelecidos no Brasil poderiam participar da privatização e (iv)necessidade de liberalização dos preços domésticos, o que não parecia o objetivo do governo, umavez que utilizava os preços das empresas estatais para controlar a inflação.

A percepção de que o Estado precisava ser reformado foi ampliada no governo de José Sarney.Esta percepção foi redimensionada pelo sucesso das privatizações na Europa e pelas transformaçõesocorridas no Leste Europeu. Associado a estes aspectos, havia a deterioração financeira dasempresas estatais brasileiras que resultaram das dívidas adquiridas pelas referidas empresas antesde 1982. Estas dívidas referiam-se, principalmente, a captação de investimento acima danecessidade com o objetivo de financiar os crescentes déficits em conta corrente existentes a épocae o de elevar o crédito doméstico, além de as dívidas também serem amplificadas pelo achatamentodos seus preços reais, desde 1975, com o intuito de controlar o processo inflacionário.

Apesar do processo de privatização ter dado início nos anos 80, as privatizações realizadasforam muito modestas e representaram uma nova privatização de empresas que haviam sidoestatizadas em razão da inadimplência do setor privado junto às instituições financeiras públicas.Este esforço resultou na alienação de 38 empresas, sendo todas de pequeno porte.

Ante todo esse histórico relatado com a criação da infraestrutura para o desenvolvimentoeconômico, desde a era Vargas até a promulgação da Constituição de 1988, apresentou-se osestágios do processo de privatização, adentrando, no próximo item, na privatização propriamentedita, em suas duas fases.

Capítulo 3. O processo de privatizações de1990 a 2002O processo de privatizações das empresas estatais teve o seu início com a instituição do ProgramaNacional de Desburocratização (Decreto nº 83.740, de 18 de julho de 1979). No entanto, conforme

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verificado no Capítulo 2, esse programa logrou êxito limitado e somente foram privatizadasempresas de pequeno porte.

Na década de 1990 o processo de privatizações foi mais bem sucedido e se desenvolveu em doisperíodos distintos: (i) de 1990 a 1994 ocorreram as privatizações dos setores de infraestrutura e (ii)de 1995 a 2002 ocorreram as privatizações dos setores de serviços.

3.1. Privatizações de 1990 a 1994O Governo Collor lançou o PND (Lei nº 8.031, de 12 de abril de 1990) como peça fundamental deajuste fiscal, o que o diferenciou substancialmente do programa de privatização da década anterior,uma vez que nesta nova fase o processo de privatização estava inserido em um contexto mais amplode reforma do Estado.

O processo de privatização iniciado com o Governo Collor teve seu foco na alienação das empresastradicionais do setor produtivo estatal, o que diferiu consideravelmente da privatização ocorrida nadécada anterior, que foi focada na nova privatização das empresas que haviam sido alienadas porestarem passando por dificuldades financeiras.

O PND foi criado em 1990 e a operacionalização do Programa ficou a cargo do BNDES e de umaComissão Diretora. As privatizações centraram-se nos setores isentos de obstáculos de ordem legal ede menos resistência política, dos quais se pode citar o setor siderúrgico, petroquímico e defertilizantes.

Apesar do objetivo de modernização do Estado e da competitividade ser a tônica do Programa, ficouclaro que o objetivo principal do PND era a redução da dívida pública. O Programa estava focado emdois aspectos: a cesta de moedas a ser utilizada na privatização das empresas e o seu método deoperacionalização, o qual foi realizado por intermédio de leilões públicos, tendo como preocupaçãobásica o saneamento financeiro do setor público.

Quadro 1. Artigos relevantes da Lei nº 8.031/1990:

Art. 1° É instituído o Programa Nacional de Desestatização, com os seguintes objetivosfundamentais:

I - reordenar a posição estratégica do Estado na economia, transferindo à iniciativa privadaatividades indevidamente exploradas pelo setor público;

II - contribuir para a redução da dívida pública, concorrendo para o saneamento das finançasdo setor público;

III - permitir a retomada de investimentos nas empresas e atividades que vierem a sertransferidas à iniciativa privada;

IV - contribuir para modernização do parque industrial do País, ampliando sua competitividadee reforçando a capacidade empresarial nos diversos setores da economia;

V - permitir que a administração pública concentre seus esforços nas atividades em que apresença do Estado seja fundamental para a consecução das prioridades nacionais;

VI - contribuir para o fortalecimento do mercado de capitais, através do acréscimo da oferta devalores mobiliários e da democratização da propriedade do capital das empresas que integrarem oPrograma.

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Art. 2 Poderão ser privatizadas, nos termos desta lei, as empresas:

I – controladas, direta ou indiretamente, pela União e instituídas por lei ou ato do PoderExecutivo; ou

II – criadas pelo setor privado e que, por qualquer motivo, passaram ao controle, direto ouindireto, da União.

. . .

Art. 5° O Programa Nacional de Desestatização terá uma Comissão Diretora, diretamentesubordinada ao Presidente da República, cujos membros, titulares e suplentes, serão por elenomeados, depois de aprovada a sua indicação pelo Congresso Nacional.

. . .

Art. 9° Para a execução do Programa Nacional de Desestatização, fica criado o Fundo Nacional deDesestatização, de natureza contábil, constituído mediante a vinculação a este, a título de depósitoda totalidade das ações ou quotas emitidas pelas empresas, que sejam de propriedade, direta ouindiretamente, da União, e cujas alienações vierem a ser aprovadas.

. . .

Art. 26. Ficam extintos o Conselho Nacional de Desestatização e respectiva Secretaria Executiva.

O quadro 1 apresenta alguns dos principais artigos da Lei nº. 8031/1990. Como se pode verificar, osprincipais objetivos do Programa eram, entre outras coisas, reduzir a dívida pública federal,promover a competitividade de economia nacional e contribuir para o fortalecimento do mercado decapitais.

Como instrumentos para viabilizar o Programa Nacional de Desestatização, o PND criou a figura daComissão Diretora em substituição ao Conselho Nacional de Desestatização e o Fundo Nacional deDesestatização.

Muito embora o PND tenha tido o mérito de colocar efetivamente o Brasil na rota das privatizações,não havia, à época, nenhuma estratégia para realizar as privatizações, não tendo nenhumajustificativa econômica para se escolher um ou outro setor. A escolha feita pelo Governo baseou-senaqueles setores que não tinham impedimentos legais, como era o caso da siderurgia, petroquímicae fertilizantes.

A privatização da Usiminas tinha como objetivo dar sustentação ao Programa, uma vez que areferida empresa era eficiente e de grande porte, o que gerou os incentivos corretos para o sucessodo PND. Neste processo, o Governo não teve nenhuma preocupação em relação ao aumento do graude concentração econômica e a consequente redução da competição no mercado.

Nas privatizações que se seguiram, não houve nenhuma restrição a compra das estatais pelosprincipais concorrentes e as preocupações básicas dos gestores do Programa (BNDES e ComissãoDiretora) se focaram nas questões relativas à fixação do preço mínimo de venda e da cesta demoedas de privatização a ser utilizada.

Entre 1990 e 1992 foram desestatizadas 18 empresas nos setores de siderurgia, fertilizantes epetroquímica e foram utilizados os títulos da dívida pública como meio de pagamento. No períodocompreendido entre 1993 e 1994, finalizou-se a privatização das empresas do setor siderúrgico,

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tendo sido desestatizadas mais de 15 empresas, utilizando-se, nesta fase, a moeda corrente comomeio de pagamento.

3.2. Privatizações de 1995 a 2002O segundo movimento de privatizações aconteceu entre 1995 e 2002. Esta nova fase aconteceu nosdois mandatos do Governo Fernando Henrique Cardoso (primeiro mandato de 1995 a 1998 esegundo mandato de 1999 a 2002), onde as práticas neoliberais de desregulamentação da economia,de liberalização do comércio e de privatizações foram intensificadas.

A intensificação das práticas de desregulamentação da economia se evidenciou por intermédio deum amplo programa de reformas: (i) aprovação da lei de concessões e permissões de prestação deServiços Públicos (Lei nº 8987/1995); (ii) criação do Conselho Nacional de Desestatização emsubstituição a Comissão Nacional de Desestatização e (iii) implementação do Plano Diretor daReforma do Aparelho do Estado (PDRAE 1995).

A Lei nº 8.987/1995 dispunha sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviçospúblicos, regulamentando norma contida no art. 175 da Constituição Federal de 1988. A CartaMagna determinou expressamente a possibilidade de descentralização da prestação de serviçospúblicos por particulares, sob o regime de concessão ou permissão. Resumindo, o serviço públicopode ser prestado diretamente pelo Estado ou pelo particular, sob o regime da concessão oupermissão, sempre através de licitação.

O quadro 2 apresenta os principais artigos da lei de concessões de serviços públicos.

Quadro 2. Lei de concessões de serviços públicos – principais artigos

Capítulo I DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 1o As concessões de serviços públicos e de obraspúblicas e as permissões de serviços públicos reger-se-ão pelos termos do art. 175 da Constituição Federal, por estaLei, pelas normas legais pertinentes e pelas cláusulas dos indispensáveis contratos. Parágrafo único. A União, osEstados, o Distrito Federal e os Municípios promoverão a revisão e as adaptações necessárias de sua legislação àsprescrições desta Lei, buscando atender as peculiaridades das diversas modalidades dos seus serviços. Art. 2oPara os fins do disposto nesta Lei, considera-se: I - poder concedente: a União, o Estado, o Distrito Federal ou oMunicípio, em cuja competência se encontre o serviço público, precedido ou não da execução de obra pública, objetode concessão ou permissão; II - concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo poderconcedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas quedemonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado; III - concessão deserviço público precedida da execução de obra pública: a construção, total ou parcial, conservação, reforma,ampliação ou melhoramento de quaisquer obras de interesse público, delegada pelo poder concedente, mediantelicitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade paraa sua realização, por sua conta e risco, de forma que o investimento da concessionária seja remunerado e amortizadomediante a exploração do serviço ou da obra por prazo determinado; IV - permissão de serviço público: adelegação, a título precário, mediante licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente àpessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco. ... Capítulo IIDO SERVIÇO ADEQUADO Art. 6o Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado aopleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo contrato. ...Capítulo IV DA POLÍTICA TARIFÁRIA Art. 9o A tarifa do serviço público concedido será fixada pelo preço daproposta vencedora da licitação e preservada pelas regras de revisão previstas nesta Lei, no edital e no contrato. ... § 2o Os contratos poderão prever mecanismos de revisão das tarifas, a fim de manter-se o equilíbrio econômico-financeiro. ... Art. 13. As tarifas poderão ser diferenciadas em função das características técnicas e dos custosespecíficos provenientes do atendimento aos distintos segmentos de usuários. ... Capítulo V DA LICITAÇÃO Art. 14. Toda concessão de serviço público, precedida ou não da execução de obra pública, será objeto deprévia licitação, nos termos da legislação própria e com observância dos princípios da legalidade, moralidade,publicidade, igualdade, do julgamento por critérios objetivos e da vinculação ao instrumento convocatório. ...Capítulo VII DOS ENCARGOS DO PODER CONCEDENTE Art. 29. Incumbe ao poder concedente: I - regulamentar o serviço concedido e fiscalizar permanentemente a sua prestação; ... X -estimular o aumento da qualidade, produtividade, preservação do meio-ambiente e conservação; XI -incentivar a competitividade; e XII - estimular a formação de associações de usuários para defesa deinteresses relativos ao serviço. ...

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O PDRAE foi um Plano direcionado a administração pública federal e tinha como objetivofundamental realizar o ajuste fiscal por intermédio da reforma patrimonial do Estado. De acordo comPinheiro (1991), a alienação dos ativos teve por meta a obtenção de recursos e/ou a redução dedespesas com atividades substituíveis, tendo três projetos básicos: (i) avaliação estrutural; (ii)agências autônomas e organizações sociais e (iii) publicização.

Nesta segunda fase, o processo de desestatização foi orientado para os setores de infraestrutura ede concessão de serviços públicos, dos quais pode-se citar o de telecomunicações, o elétrico e asconcessões na área de transportes. Esta nova fase também foi caracterizada pelo início do processode desestatização de empresas estaduais, a cargo dos respectivos Estados.

A tabela 3 apresenta o nome das empresas estatais privatizadas entre os anos de 1990 e 2002.

Tabela 3. Empresas privatizadas no período 1990 a 2002

Setor Empresas

Setor Siderúrgico Usiminas, Cosinor, Aços Finos Piratini, CST, Acesita, CSN, Cosipa,Açominas

Setor Químico ePetroquímico

Petroflex, Copesul, Nitriflex, Polisul, PPH, CBE, Poliolefinas, Deten,Oxiteno, PQU, Copene, Salgema, CPC, Polipropileno, Álcalis, Pronor,Politeno, Nitrocarbono, Coperbo, Ciquine, Polialden, Acrinor, Koppol,CQR, CBP, Polibrasil, EDN;

Setor de Fertilizantes Arafértil, Ultrafértil, Goiasfértil, Fosfértil, IndagSetor Elétrico Light, Escelsa, Gerasul

Setor FerroviárioRFFSA-Malha Oeste, RFFSA-Malha Centro-Leste, RFFSA-MalhaSudeste, RFFSA-Teresa Cristina, RFFSA-Malha Sul, RFFSA- MalhaNordeste e Malha Paulista

Setor de Mineração CVRD - Cia. Vale do Rio Doce, Caraíba

Setor PortuárioTECON 1 (Santos), TECON 1 (Sepetiba), Cais de Paul e Cais de Capuaba(CODESA), Terminal roll-on roll-off (CDRJ), Porto de Angra dos Reis(CDRJ) e Porto de Salvador (CODEBA)

Setor Financeiro Meridional, Banespa, BEA, BEGInformática DatamecOutros Setores Embraer, Mafersa, Celma, SNBP

Fonte: http://www.bndes.gov.br/privatizacao/resultados/historico/history.asp

Dada a crescente privatização das empresas estatais, foram criadas as agências reguladoras que sãopautadas na mediação e na interlocução entre os agentes e não mais pela imposição de objetivos ecomportamentos regrados pelo Estado, as quais serão abordadas no item a seguir.

Capítulo 4. Agências reguladorasO processo de transformação do Estado ocorrido iniciado pelo Paradigma NacionalDesenvolvimentista culminou com a criação das agências reguladoras, autarquias federais dotadasde autonomia financeira e administrativa para regular e fiscalizar as empresas estatais privatizadas,sobretudo aquelas diretamente ligadas a prestação de serviços públicos e infraestrutura.

A presente seção tem por objetivo apresentar a criação das agências reguladoras no Brasil, bemcomo as suas características e atribuições. Desta forma, a seção encontra-se dividida em duas

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subseções: (i) a criação da agência reguladora no Brasil e (ii) características e atribuições dasagências.

4.1. A criação das agências reguladoras no BrasilAtualmente o Brasil conta com 11 agências reguladoras federais, sendo que 9 delas foram criadas noGoverno FHC em seus dois mandatos.

As informações relativas as agências estão apresentadas na tabela 4.

Tabela 4. Criação das agências reguladoras na esfera federal

Agência Lei Ministério SupervisorAgência Nacional de Energia Elétrica(ANEEL)

Lei n. 9.427, de 26 dedezembro de 1996

Ministério das Minas eEnergia

Agência Nacional de Telecomunicações(ANATEL)

Lei n. 9.472, de 16 de julho de1997

Ministério dasComunicações

Agência Nacional de Petróleo (ANP) Lei n 9478, de 6 de agosto de1997

Ministério das Minas eEnergia

Agência Nacional de VigilânciaSanitária (ANVISA)

Lei n. 9.782, de 26 de janeirode 1999 Ministério da Saúde

Agência Nacional de SaúdeSuplementar (ANS)

Lei n. 9.961, de 28 de janeirode 2000 Ministério da Saúde

Agência Nacional de Águas e deSaneamento Básico (ANA)

Lei n. 9.984, de 17 de julho de2000

Ministério do MeioAmbiente

Agência Nacional de TransportesAquaviários (ANTAQ)

Lei n. 10.233, de 5 de junho de2001 Ministério dos Transportes

Agência Nacional de TransporteTerrestre (ANTT)

Lei n. 10.233, de 5 de junho de2001 Ministério dos Transportes

Agência Nacional do Cinema (ANCINE)Estabelecida pela MP nº.2.228, de 6 de setembro de2001

Casa Civil

Agência Nacional de Aviação Civil(ANAC)

Lei nº 11.182, de 27 desetembro de 2005 Ministério da Defesa

Agência Nacional de Mineração (ANM) Lei nº 13.848, de 25 de junhode 2019.

Ministério de Minas eEnergia

Fonte: Pacheco (2006)

Como se pode verificar pela tabela 4, a maioria das agências reguladoras federais foram constituídasno final da década de 1990, tendo sido a ANEEL a primeira a ser criada.

A ANM é a agência reguladora mais recente.

Com exceção do marco regulatório da ANATEL, todos os demais foram criados após a privatização.

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4.2. Características e atribuições das AgênciasAs agências brasileiras, seguindo o formato internacional, são constituídas de:

Autonomia decisória e financeira; eMandatos fixos para seus dirigentes e não coincidentes com os dos chefes do Executivo.

Todas as 11 agências dirigidas por um Diretor-Geral e quatro Diretores, em regime de colegiado. ODiretor-Geral e os demais Diretores são nomeados pelo Presidente da República para cumprirmandatos não coincidentes de quatro anos.

Tendo em vista que as agências reguladoras são carreadas da função de julgamento, função atípicado Poder Executivo, os seus dirigentes devem ser sabatinados e aprovados pela Comissão deAssuntos Econômicos do Senado Federal e plenário da referida Casa Legislativa federal.

ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica1.

A ANEEL é uma autarquia em regime especial, vinculada ao Ministério de Minas e Energia, que foicriada pela Lei nº 9.427 de 26 de dezembro de 1996. A natureza de regime autárquico especialconfere, à ANEEL, independência administrativa, autonomia financeira e funcional e mandato fixode seus dirigentes.

A ANEEL tem, segundo a Lei nº 9.427/1996, as seguintes atribuições:

Regular e fiscalizar a produção, transmissão, distribuição e comercialização de energiaelétrica, em conformidade com as políticas e diretrizes do governo federal;Implementar as políticas e diretrizes do governo federal para a exploração da energia elétricae o aproveitamento dos potenciais hidráulicos;Promover as licitações destinadas à contratação de concessionárias de serviço público paraprodução, transmissão e distribuição de energia elétrica e para a outorga de concessão paraaproveitamento de potenciais hidráulicos;Celebrar e gerir os contratos de concessão ou de permissão de serviços públicos de energiaelétrica, de concessão de uso de bem público, expedir as autorizações, bem como fiscalizar,diretamente ou mediante convênios com órgãos estaduais, as concessões e a prestação dosserviços de energia elétrica;Dirimir, no âmbito administrativo, as divergências entre concessionárias, permissionárias,autorizadas, produtores independentes e autoprodutores, bem como entre esses agentes eseus consumidores;Fixar os critérios para cálculo do preço de transporte de que trata o § 6º do art. 15 da Lei nº9.074, de 7 de julho de 1995, e arbitrar seus valores nos casos de negociação frustrada entreos agentes envolvidos;Articular com o órgão regulador do setor de combustíveis fósseis e gás natural os critériospara fixação dos preços de transporte desses combustíveis, quando destinados à geração deenergia elétrica.

ANATEL - Agência Nacional de Telecomunicações

A ANATEL é uma autarquia especial, criada pela Lei Geral de Telecomunicações (Lei nº 9472, de 16de julho de 1997), sendo administrativamente independente, financeiramente autônoma e nãosubordinada a nenhum órgão do governo.

De acordo com o art. 19 da Lei nº 9.472/1997, compete a ANATEL adotar as medidas necessárias

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para o atendimento do interesse público e para o desenvolvimento das telecomunicações brasileiras.Entre as principais atribuições pode-se citar:

Implementar, em sua esfera de atribuições, a política nacional de telecomunicações;Expedir normas quanto à outorga, prestação e fruição dos serviços de telecomunicações noregime público;Editar atos de outorga e extinção de direito de exploração do serviço no regime público;Celebrar e gerenciar contratos de concessão e fiscalizar a prestação do serviço no regimepúblico, aplicando sanções e realizando intervenções;Controlar, acompanhar e proceder à revisão de tarifas dos serviços prestados no regimepúblico, podendo fixá-las nas condições previstas nesta Lei, bem como homologar reajustes;Exercer, relativamente às telecomunicações, as competências legais em matéria de controle,prevenção e repressão das infrações da ordem econômica, ressalvadas as pertencentes aoConselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).

ANP – Agência Nacional do Petróleo, gás e biocombustíveis.

A ANP é uma autarquia federal vinculada ao Ministério de Minas e Energia responsável pelaexecução da política nacional para o setor energético do petróleo, gás natural e biocombustíveis.

A ANP foi criada de acordo com a Lei do Petróleo (Lei nº 9.478, 6 de agosto de 1997), lei esta que éresponsável, entre outras coisas, pela política energética nacional e que cria o CNPE.

De acordo com o art. 8º da Lei nº 9.478/1997, a ANP tem como finalidade promover a regulação, acontratação e a fiscalização das atividades econômicas integrantes da indústria do petróleo, do gásnatural e dos biocombustíveis.

Entre outras atribuições, a ANP:

Promove estudos geológicos e geofísicos para identificação de potencial petrolífero, regula aexecução desses trabalhos, organiza e mantém o acervo de informações e dados técnicos;Realiza licitações de áreas para exploração, desenvolvimento e produção de óleo e gás,contrata os concessionários e fiscaliza o cumprimento dos contratos;Calcula o valor dos royalties e participações especiais (parcela da receita dos campos degrande produção ou rentabilidade) a serem pagos a municípios, a estados e à União;Autoriza e fiscaliza as atividades de refino, processamento, transporte, importação eexportação de petróleo e gás natural;Autoriza e fiscaliza as atividades de produção, estocagem, importação e exportação dobiodiesel;Autoriza e fiscaliza as operações das empresas que distribuem e revendem derivados depetróleo, álcool e biodiesel;Estabelece as especificações técnicas (características físico-químicas) dos derivados depetróleo, gás natural e dos biocombustíveis e realiza permanente monitoramento da qualidadedesses produtos nos pontos de venda;Acompanha a evolução dos preços dos combustíveis e comunica aos órgãos de defesa daconcorrência os indícios de infrações contra a ordem econômica.ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

A ANVISA é uma autarquia especial, vinculada ao Ministério da Saúde, que foi criada por intermédioda Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999 e é caracterizada pela independência administrativa,estabilidade de seus dirigentes e autonomia financeira.

De acordo com o art. 6º da Lei nº 9.782/1999, a agência tem por finalidade institucional promovera

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proteção da saúde da população por intermédio do controle sanitário da produção e dacomercialização de produtos e serviços submetidos à vigilância sanitária, inclusive dos ambientes,dos processos, dos insumos e das tecnologias a eles relacionados, bem como o controle de portos,aeroportos e de fronteiras.

Compete a ANVISA, entre outras coisas:

Estabelecer normas, propor, acompanhar e executar as políticas, as diretrizes e as ações devigilância sanitária;Estabelecer normas e padrões sobre limites de contaminantes, resíduos tóxicos, desinfetantes,metais pesados e outros que envolvam risco à saúde;Intervir, temporariamente, na administração de entidades produtoras, que sejam financiadas,subsidiadas ou mantidas com recursos públicos, assim como nos prestadores de serviços e ouprodutores exclusivos ou estratégicos para o abastecimento do mercado nacional, obedecido odisposto no art. 5º da Lei nº 6.437, de 20 de agosto de 1977, com a redação que lhe foi dadapelo art. 2º da Lei nº 9.695, de 20 de agosto de 1998;Autorizar o funcionamento de empresas de fabricação, distribuição e importação dos produtosmencionados no art. 8o desta lei e de comercialização de medicamentos; (Redação dada pelaMedida Provisória nº 2.190-34, de 2001);Coordenar as ações de vigilância sanitária realizadas por todos os laboratórios que compõem arede oficial de laboratórios de controle de qualidade em saúde;

ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar

A ANS é uma autarquia especial vinculada ao Ministério da Saúde, criada por intermédio da Lei nº9.961, de 28 de janeiro de 2000, e é caracterizada pela independência administrativa, estabilidadede seus dirigentes e autonomia financeira. A finalidade da ANS é a de regular, normatizar, controlare fiscalizar as atividades que garantam a assistência suplementar à saúde.

De acordo com o art. 4o da referida Lei, a ANS tem, entre outras coisas, as seguintes atribuições:

Propor políticas e diretrizes gerais ao Conselho Nacional de Saúde Suplementar - Consu para aregulação do setor de saúde suplementar;Fixar critérios para os procedimentos de credenciamento e descredenciamento de prestadoresde serviço às operadoras;Estabelecer parâmetros e indicadores de qualidade e de cobertura em assistência à saúde paraos serviços próprios e de terceiros oferecidos pelas operadoras;Autorizar o registro dos planos privados de assistência à saúde;Monitorar a evolução dos preços de planos de assistência à saúde, seus prestadores deserviços, e respectivos componentes e insumos;Fiscalizar a atuação das operadoras e prestadores de serviços de saúde com relação àabrangência das coberturas de patologias e procedimentos.

ANA – Agência Nacional de Águas e de Saneamento Básico

A ANA é uma autarquia especial que foi criada pela Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000. De acordocom o art. 1o da referida Lei, a ANA é uma entidade federal integrante do Sistema Nacional deGerenciamento de Recursos Hídricos que tem por objetivo implementar a Política Nacional deRecursos Hídricos[2]. A natureza de regime autárquico especial confere, à ANA, independênciaadministrativa, autonomia financeira e funcional e mandato fixo de seus dirigentes.

De acordo com o art. 4o da referida lei, a ANA tem, entre outras coisas, as seguintes atribuições:

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Supervisionar, controlar e avaliar as ações e atividades decorrentes do cumprimento dalegislação federal pertinente aos recursos hídricos;Disciplinar, em caráter normativo, a implementação, a operacionalização, o controle e aavaliação dos instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos;Outorgar, por intermédio de autorização, o direito de uso de recursos hídricos em corpos deágua de domínio da União, observado o disposto nos arts. 5o, 6o, 7o e 8o;Fiscalizar os usos de recursos hídricos nos corpos de água de domínio da União;Elaborar estudos técnicos para subsidiar a definição, pelo Conselho Nacional de RecursosHídricos, dos valores a serem cobrados pelo uso de recursos hídricos de domínio da União,com base nos mecanismos e quantitativos sugeridos pelos Comitês de Bacia Hidrográfica, naforma do inciso VI do art. 38 da Lei no 9.433, de 1997;

Com a aprovação do novo marco regulatório do saneamento (Lei nº 14.026, 15 de julho de 2020), aANA passou a se chamar Agência Nacional de Águas e de Saneamento Básico e passou a sercompetente para instituir normas de referência para a regulação dos serviços públicos desaneamento básico.

ANTT e ANTAQ – Agência Nacional de Transportes Terrestres e Agência Nacional deTransportes Aquaviários

A ANTT e ANTAQ são entidades integrantes da Administração Federal Indireta, submetidas aoregime autárquico especial e vinculadas ao Ministério dos Transportes, tendo sido criadas pela Leinº 10.233, de 5 de junho de 2001.

De acordo com o art. 20 da referida Lei, as Agências Nacionais de Regulação dos TransportesTerrestre e Aquaviário tem como objetivos:

Implementar, em suas respectivas esferas de atuação, as políticas formuladas pelo ConselhoNacional de Integração de Políticas de Transporte e pelo Ministério dos Transportes, segundoos princípios e diretrizes estabelecidos nesta Lei;

Regular ou supervisionar, em suas respectivas esferas e atribuições, as atividades deprestação de serviços e de exploração da infraestrutura de transportes, exercidas porterceiros, com vistas a:

Garantir a movimentação de pessoas e bens, em cumprimento a padrões de eficiência,segurança, conforto, regularidade, pontualidade e modicidade nos fretes e tarifas;

b) Harmonizar, preservado o interesse público, os objetivos dos usuários, das empresasconcessionárias, permissionárias, autorizadas e arrendatárias, e de entidades delegadas, arbitrandoconflitos de interesses e impedindo situações que configurem competição imperfeita ou infração daordem econômica.

A tabela 5 apresenta as áreas de atuação da ANTT e da ANTAQ.

Tabela 5. Áreas de atuação e competências da ANTT

ANTT ANTAQ

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I – o transporte ferroviário de passageiros ecargas ao longo do Sistema Nacional de Viação;II – a exploração da infra-estrutura ferroviária e oarrendamento dos ativos operacionaiscorrespondentes;III – o transporte rodoviário interestadual einternacional de passageiros;IV – o transporte rodoviário de cargas;V – a exploração da infra-estrutura rodoviáriafederal;VI – o transporte multimodal;VII – o transporte de cargas especiais e perigosasem rodovias e ferrovias.

I – a navegação fluvial, lacustre, de travessia, deapoio marítimo, de apoio portuário, decabotagem e de longo curso;II – os portos organizados;III – os terminais portuários privativos;IV – o transporte aquaviário de cargas especiaise perigosas.

ANCINE – Agência Nacional do Cinema

A ANCINE é uma agência independente na forma de autarquia especial, vinculada ao Ministério daCultura, que foi criada por intermédio da Medida Provisória nº 2.228, de 6 de setembro de 2001.

A tabela 6 apresenta os principais objetivos e competências da ANCINE.

Tabela 6. Principais objetivos e competências da ANCINE:

Objetivos CompetênciasI - promover a cultura nacional e a língua portuguesamediante o estímulo ao desenvolvimento da indústriacinematográfica e videofonográfica nacional em suaárea de atuação; II - promover a integraçãoprogramática, econômica e financeira de atividadesgovernamentais relacionadas à indústriacinematográfica e videofonográfica; III - aumentar acompetitividade da indústria cinematográfica evideofonográfica nacional por meio do fomento àprodução, à distribuição e à exibição nos diversossegmentos de mercado; IV - promover a auto-sustentabilidade da indústria cinematográfica nacionalvisando o aumento da produção e da exibição das obrascinematográficas brasileiras; V - promover a articulaçãodos vários elos da cadeia produtiva da indústriacinematográfica nacional;

I - executar a política nacional de fomentoao cinema, definida na forma do art. 3o; II - fiscalizar o cumprimento da legislaçãoreferente à atividade cinematográfica evideofonográfica nacional e estrangeiranos diversos segmentos de mercados, naforma do regulamento; III - promover ocombate à pirataria de obras audiovisuais;IV - aplicar multas e sanções, na forma dalei; V - regular, na forma da lei, asatividades de fomento e proteção àindústria cinematográfica evideofonográfica nacional, resguardando alivre manifestação do pensamento, dacriação, da expressão e da informação;

ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil1.

A ANAC foi criada pela Lei nº 11.182, de 27 de setembro de 2005. De acordo com o art. 1º dareferida Lei, a ANAC é uma entidade integrante da Administração Pública Federal indireta,submetida a regime autárquico especial, vinculada ao Ministério da Defesa. A ANAC é caracterizadapela independência administrativa, autonomia financeira, ausência de subordinação hierárquica emandato fixo de seus dirigentes.

As principais atribuições da ANAC são:

Implementar, em sua esfera de atuação, a política de aviação civil;Representar o País junto aos organismos internacionais de aviação civil, exceto nos assuntosrelativos ao sistema de controle do espaço aéreo e ao sistema de investigação e prevenção de

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acidentes aeronáuticos;Elaborar relatórios e emitir pareceres sobre acordos, tratados, convenções e outros atosrelativos ao transporte aéreo internacional, celebrados ou a ser celebrados com outros paísesou organizações internacionais;Realizar estudos, estabelecer normas, promover a implementação das normas erecomendações internacionais de aviação civil, observados os acordos, tratados e convençõesinternacionais de que seja parte a República Federativa do Brasil;Negociar o estabelecimento de acordos e tratados sobre transporte aéreo internacional,observadas as diretrizes do CONAC;Negociar, realizar intercâmbio e articular-se com autoridades aeronáuticas estrangeiras, paravalidação recíproca de atividades relativas ao sistema de segurança de vôo, inclusive quandoenvolvam certificação de produtos aeronáuticos, de empresas prestadoras de serviços efabricantes de produtos aeronáuticos, para a aviação civil;Regular e fiscalizar a operação de serviços aéreos prestados, no País, por empresasestrangeiras, observados os acordos, tratados e convenções internacionais de que seja parte aRepública Federativa do Brasil.

ANM – Agência Nacional de Mineração

A ANM é uma autarquia federal vinculada ao Ministério de Minas e Energia e foi criada pela Lei nº13.575, de 26 de dezembro de 2017. A ANM substituiu o Departamento Nacional de ProduçãoMineral (DNPM).

As principais atribuições da ANM são:

Implementar a política nacional para as atividades de mineração;Estabelecer normas e padrões para o aproveitamento dos recursos minerais, observadas aspolíticas de planejamento setorial definidas pelo Ministério de Minas e Energia e as melhorespráticas da indústria de mineração;gerir os direitos e os títulos minerários para fins de aproveitamento de recursos minerais;estabelecer os requisitos técnicos, jurídicos, financeiros e econômicos a serem atendidos pelosinteressados na obtenção de títulos minerários;estabelecer os requisitos e os critérios de julgamento dos procedimentos de disponibilidade deárea, conforme diretrizes fixadas em atos da ANM; eregulamentar os processos administrativos sob sua competência, notadamente os relacionadoscom a outorga de títulos minerários, com a fiscalização de atividades de mineração e aplicaçãode sanções.

4.3. A Lei das Agências e a Lei de Liberdade EconômicaAs transformações do Estado Brasileiro continuaram ao longo das duas primeiras décadas dos anos2000. Além da criação de agências reguladoras, sobretudo a criação da ANM em 2017, em 2019 foipublicada a Lei das Agências BRASIL, Lei nº 13.848, de 25 de junho de 2019, que dispõe sobre agestão, a organização, o processo decisório e o controle social das agências reguladoras.

A Lei das Agências trouxe ajustes importantes para os marcos regulatórios até então vigentes, sendoo principal deles o artigo 6º que trata da Análise de Impacto Regulatório, in verbis:

Art. 6º A adoção e as propostas de alteração de atos normativos de interesse geral dos agenteseconômicos, consumidores ou usuários dos serviços prestados serão, nos termos de regulamento,precedidas da realização de Análise de Impacto Regulatório (AIR), que conterá informações e dadossobre os possíveis efeitos do ato normativo. (Regulamento)

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§ 1º Regulamento disporá sobre o conteúdo e a metodologia da AIR, sobre os quesitos mínimos aserem objeto de exame, bem como sobre os casos em que será obrigatória sua realização e aquelesem que poderá ser dispensada.

§ 2º O regimento interno de cada agência disporá sobre a operacionalização da AIR em seu âmbito.

§ 3º O conselho diretor ou a diretoria colegiada manifestar-se-á, em relação ao relatório de AIR,sobre a adequação da proposta de ato normativo aos objetivos pretendidos, indicando se os impactosestimados recomendam sua adoção, e, quando for o caso, quais os complementos necessários.

§ 4º A manifestação de que trata o § 3º integrará, juntamente com o relatório de AIR, adocumentação a ser disponibilizada aos interessados para a realização de consulta ou de audiênciapública, caso o conselho diretor ou a diretoria colegiada decida pela continuidade do procedimentoadministrativo.

§ 5º Nos casos em que não for realizada a AIR, deverá ser disponibilizada, no mínimo, nota técnicaou documento equivalente que tenha fundamentado a proposta de decisão.

A Análise de Impacto Regulatório é um elemento importante que estava faltando nos marcosregulatórios anteriores, uma vez que a medição dos efeitos dos atos normativos sobre as empresasreguladas e sobre a economia em geral contribui para que se evitem abusos e rotas sejamcorrigidas.

Outro ponto extremamente relevante diz respeito a normatização das relações entre asagências, a defesa do consumidor e a defesa da concorrência. No que se refere ao segundo aspecto,vale citar o Capítulo III da lei de regência, in verbis:

CAPÍTULO III

DA INTERAÇÃO ENTRE AS AGÊNCIAS REGULADORAS E OS ÓRGÃOS DE DEFESA DACONCORRÊNCIA

Art. 25. Com vistas à promoção da concorrência e à eficácia na implementação da legislação dedefesa da concorrência nos mercados regulados, as agências reguladoras e os órgãos de defesa daconcorrência devem atuar em estreita cooperação, privilegiando a troca de experiências.

Art. 26. No exercício de suas atribuições, incumbe às agências reguladoras monitorar e acompanharas práticas de mercado dos agentes dos setores regulados, de forma a auxiliar os órgãos de defesada concorrência na observância do cumprimento da legislação de defesa da concorrência, nostermos da Lei nº 12.529, de 30 de novembro de 2011 (Lei de Defesa da Concorrência).

§ 1º Os órgãos de defesa da concorrência são responsáveis pela aplicação da legislação de defesa daconcorrência nos setores regulados, incumbindo-lhes a análise de atos de concentração, bem como ainstauração e a instrução de processos administrativos para apuração de infrações contra a ordemeconômica.

§ 2º Os órgãos de defesa da concorrência poderão solicitar às agências reguladoras parecerestécnicos relacionados a seus setores de atuação, os quais serão utilizados como subsídio à análise deatos de concentração e à instrução de processos administrativos.

Art. 27. Quando a agência reguladora, no exercício de suas atribuições, tomar conhecimento de fatoque possa configurar infração à ordem econômica, deverá comunicá-lo imediatamente aos órgãos dedefesa da concorrência para que esses adotem as providências cabíveis.

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Art. 28. Sem prejuízo de suas competências legais, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica(Cade) notificará a agência reguladora do teor da decisão sobre condutas potencialmenteanticompetitivas cometidas no exercício das atividades reguladas, bem como das decisões relativas aatos de concentração julgados por aquele órgão, no prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas apósa publicação do respectivo acórdão, para que sejam adotadas as providências legais.

Importante mencionar que o art. 28 dá poder de enforcement para o CADE em relação ascondutas potencialmente anticompetitivas cometidas no exercício das atividades reguladas. Essepoder de enforcement é uma inovação e vem na esteira do art. 4º da Lei de Liberdade Econômica(Lei nº 13.874, de 20 de setembro de 2019), outra legislação publicada em 2019 com forte apelo nocombate ao abuso de poder regulatório, in verbis:

Art. 4º É dever da administração pública e das demais entidades que se vinculam a esta Lei, noexercício de regulamentação de norma pública pertencente à legislação sobre a qual esta Lei versa,exceto se em estrito cumprimento a previsão explícita em lei, evitar o abuso do poder regulatório demaneira a, indevidamente:

I - criar reserva de mercado ao favorecer, na regulação, grupo econômico, ou profissional, emprejuízo dos demais concorrentes;

II - redigir enunciados que impeçam a entrada de novos competidores nacionais ou estrangeiros nomercado;

III - exigir especificação técnica que não seja necessária para atingir o fim desejado;

IV - redigir enunciados que impeçam ou retardem a inovação e a adoção de novas tecnologias,processos ou modelos de negócios, ressalvadas as situações consideradas em regulamento como dealto risco;

V - aumentar os custos de transação sem demonstração de benefícios;

VI - criar demanda artificial ou compulsória de produto, serviço ou atividade profissional, inclusivede uso de cartórios, registros ou cadastros;

VII - introduzir limites à livre formação de sociedades empresariais ou de atividades econômicas;

VIII - restringir o uso e o exercício da publicidade e propaganda sobre um setor econômico,ressalvadas as hipóteses expressamente vedadas em lei federal; e

IX - exigir, sob o pretexto de inscrição tributária, requerimentos de outra natureza de maneira amitigar os efeitos do inciso I do caput do art. 3º desta Lei.

Referências BibliográficasArtigos e livros

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BRASIL. Lei nº 13.848, de 25 de junho de 2019. Dispõe sobre a gestão, a organização, o processodecisório e o controle social das agências reguladoras, altera a Lei nº 9.427, de 26 de dezembro de1996, a Lei nº 9.472, de 16 de julho de 1997, a Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997, a Lei nº 9.782,de 26 de janeiro de 1999, a Lei nº 9.961, de 28 de janeiro de 2000, a Lei nº 9.984, de 17 de julho de2000, a Lei nº 9.986, de 18 de julho de 2000, a Lei nº 10.233, de 5 de junho de 2001, a MedidaProvisória nº 2.228-1, de 6 de setembro de 2001, a Lei nº 11.182, de 27 de setembro de 2005, e a Leinº 10.180, de 6 de fevereiro de 2001. Disponível em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13848.htm. Acesso em: 28.03.2021.

BRASIL. Lei nº 13.874, de 20 de setembro de 2019. Institui a Declaração de Direitos de LiberdadeEconômica; estabelece garantias de livre mercado; altera as Leis nos 10.406, de 10 de janeiro de2002 (Código Civil), 6.404, de 15 de dezembro de 1976, 11.598, de 3 de dezembro de 2007, 12.682,de 9 de julho de 2012, 6.015, de 31 de dezembro de 1973, 10.522, de 19 de julho de 2002, 8.934, de18 de novembro 1994, o Decreto-Lei nº 9.760, de 5 de setembro de 1946 e a Consolidação das Leisdo Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943; revoga a Lei Delegada nº4, de 26 de setembro de 1962, a Lei nº 11.887, de 24 de dezembro de 2008, e dispositivos doDecreto-Lei nº 73, de 21 de novembro de 1966; e dá outras providências. Disponível em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13874.htm. Acesso em: 28.03.2021.

BRASIL. Lei nº 14.026, 15 de julho de 2020. ANA. Atualiza o marco legal do saneamento básico ealtera a Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000, para atribuir à Agência Nacional de Águas eSaneamento Básico (ANA) competência para editar normas de referência sobre o serviço desaneamento, a Lei nº 10.768, de 19 de novembro de 2003, para alterar o nome e as atribuições docargo de Especialista em Recursos Hídricos, a Lei nº 11.107, de 6 de abril de 2005, para vedar aprestação por contrato de programa dos serviços públicos de que trata o art. 175 da ConstituiçãoFederal, a Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007, para aprimorar as condições estruturais dosaneamento básico no País, a Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, para tratar dos prazos para adisposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, a Lei nº 13.089, de 12 de janeiro de 2015(Estatuto da Metrópole), para estender seu âmbito de aplicação às microrregiões, e a Lei nº 13.529,de 4 de dezembro de 2017, para autorizar a União a participar de fundo com a finalidade exclusivade financiar serviços técnicos especializados. Disponível em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/lei/l14026.htm. Acesso em: 24.03.2021.

ExercíciosExercício 1. Assinale verdadeiro (v) ou falso (F).

( ) A criação das agências reguladoras brasileiras de infraestrutura e de serviços ocorreu na1.década de 80. ( ) O processo de privatização brasileira se desenvolveu em duas fases: 1990 a 1994 (setores2.

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de infraestrutura) e 1995 a 2002 (setores de serviços). ( ) Lei de Concessões de serviços públicos e de obras públicas está associada com o primeiro3.período de privatização brasileira (1990 a 1994)?( ) Dentre os setores privatizados na segunda fase do processo de privatização pode-se citar os4.setores de telecomunicações e de energia elétrica.A Lei nº 8987/95 (Lei de Concessões e Permissões da Prestação de Serviços Públicos)5.promoveu a desverticalização da energia elétrica em geração, transmissão, distribuição ecomercialização.( ) O Programa Nacional de Desestatização dispõe sobre a organização dos serviços de6.telecomunicações, a criação e funcionamento de um órgão regulador.( ) Existe, no Brasil, 20 agências reguladoras na esfera federal.7.( ) Três são os programas que intensificaram as práticas de desregulamentação da economia8.observadas na segunda fase de privatizações brasileiras: (i) aprovação da Lei de Concessões ePermissões de Prestação de Serviços Públicos (Lei nº 8987/95); (ii) criação do ConselhoNacional de Desestatização e (iii) implementação do Plano Diretor da Reforma do Estado(PDRAE 1995).

Exercício 2. Assinale verdadeiro (v) ou falso (F).

( ) A regulação é uma forma de intervenção do Estado que se faz necessário quando não1.existem falhas de mercado.( ) A agência reguladora é um órgão criado pelo Estado para implementar as boas práticas da2.concorrência nos setores caracterizados por falhas de mercado.( ) A agência reguladora deve ser provida de dois conceitos de independência: independência3.orgânica e independência administrativa.( ) Os conceitos de independência orgânica e administrativa visam a oferecer um caráter4.político ao órgão regulador.( ) A restrição transacional surge em decorrência da presença de informação assimétrica5.entre regulador e regulado.( ) O risco moral surge da existência de informações assimétricas entre o regulado e o6.regulador.( ) Os instrumentos regulatórios são mecanismos que atuam sobre o preço, a quantidade, o7.número de firmas e a qualidade do produto.

Exercício 3. A Lei nº. 8031/90 (Programa Nacional de Desestatização) tinha como objetivosprincipais:

Reduzir a dívida pública federal, promover a competitividade da economia nacional e1.contribuir para o fortalecimento do mercado de capitais.Dispor sobre as concessões de serviços públicos e de obras públicas e as permissões de2.serviços públicos, promover a competitividade da economia nacional e contribuir para ofortalecimento do mercado de capitais.Reduzir a dívida pública federal, promover a competitivade da economia nacional e dispor3.sobre os serviços de telecomunicações e sua organização e sobre o órgão regulador.Promover a competitividade da economia nacional, dispor sobre as concessões de serviços4.públicos e de obras públicas e as permissões de serviços públicos e contribuir para ofortalecimento do mercado de capitais.Dispor sobre os serviços de telecomunicações e sua organização e sobre o órgão regulador,5.promover a competitividade da economia nacional e contribuir para o fortalecimento domercado de capitais.

Exercício 4. Pode-se dividir o processo de privatização da economia brasileira a partir de 1990 em

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dois períodos distintos: (i) 1990 a 1994 e (ii) 1995 a 2002. Com relação a estes dois períodos assinalea opção errada:

De 1990 a 1994 ocorreram as privatizações dos setores de infra-estrutura.1.A Lei de Concessões de Serviços Públicos foi aprovada no período 1995 a 2002.2.De 1995 a 2002 ocorreram as privatizações dos setores de serviços.3.O Programa Nacional de Desestatização ocorreu no período de 1990 a 1994.4.A Lei Geral de Telecomunicações foi aprovada no período de 1990 a 19945.

Exercício 5. São Leis relevantes para o processo de privatização da economia brasileira ocorridonos períodos 1990-94 e 1995-02, respectivamente:

Lei de Concessões de Serviços Públicos e Programa Nacional de Desestatização.1.Programa Nacional de Desestatização e Lei de Concessões de Serviços Públicos.2.Programa Nacional de Desestatização e Lei de Responsabilidade Fiscal.3.Lei de Responsabilidade Fiscal e Lei de Concessões de Serviços Públicos.4.Lei de Concessões de Serviços Públicos e Lei Geral das Telecomunicações.5.

Exercício 6. ART. 1 – As concessões de serviços públicos e de obras públicas e as permissões deserviços públicos reger-se-ão pelos termos do ART. 175 da Constituição Federal, por esta Lei, pelasnormas legais pertinentes e pelas clausulas dos indispensáveis contratos.

Parágrafo único. A união, os Estados, o Distrito Federal e os municípios promoverão a revisão e asadaptações necessárias de sua legislação às prescrições desta Lei, buscando atender aspeculiaridades das diversas modalidades dos seus serviços.

A que Lei o ART 1 e o Parágrafo único fazem referência:

Lei Geral de Telecomunicações (Lei n. 9472/1997).1.Lei de Concessões e Permissões de Prestação de Serviços Públicos (Lei n. 8987/95).2.Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar n. 101/2001).3.Programa Nacional de Desestatização (Lei n. 8031/90).4.Nenhuma das respostas acima.5.

Exercício 7. O segundo movimento de privatizações aconteceu entre 1995 e 2002. A intensificaçãodas práticas de desregulamentação se evidenciou por intermédio de um amplo programa dereformas. Faz parte desse processo os seguintes itens:

Aprovação da lei de Concessões e Permissões de Prestação de Serviços Públicos, criação do1.Conselho Nacional de Desestatização e implementação do Plano Diretor da Reforma doAparelho do Estado (PDRAE 1995).Aprovação da Lei de Concessões e Permissões de Prestação de Serviços Públicos, criação do2.Conselho Nacional de Desestatização, aprovação do Programa Nacional de Desestatização eimplementação do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado.Aprovação do Programa Nacional de Desestatização, criação do Conselho Nacional de3.Desestatização e implementação do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE1995).Aprovação da Lei de Concessões e Permissões de Prestação de Serviços Públicos, criação do4.Conselho Nacional de Desestatização, criação do Conselho Nacional de Desestatização eaprovação do Programa Nacional de Desestatização.As respostas b e d estão corretas.5.

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Exercício 8. Com relação ao Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE 1995) não écorreto afirmar que:

Foi um Plano direcionado a administração pública federal;1.Tinha como objetivo fundamental realizar o ajuste fiscal por intermédio da reforma patrimonial2.do Estado.Buscava equalizar as dívidas de Estados e Municípios.3.Foi um Plano implementado para intensificar a desregulamentação da economia no segundo4.movimento de privatizações (1995 – 2002) da economia brasileira.Compõe, conjuntamente com a aprovação da Lei n. 8987/95 ( Lei de Concessões e Permissões5.de Pretação de Serviços Públicos) e a criação do Conselho Nacional de Desestatização,práticas de desregulamentação da economia no período compreendido entre 1995 e 2002.

Exercício 9. As Agências Reguladoras brasileiras dos setores de infraestrutura e serviços foramcriadas no período compreendido entre:

1950 e 1970.1.1996 e 2006.2.1990 e 20063.Década de 80.4.Nenhuma das respostas anteriores.5.

Exercício 10. Todas as agências tiveram os seus marcos regulatórios elaborados após a privatizaçãodo setor, com exceção da seguinte agência:

ANEEL (Agência Nacional de Energial Elétrica).1.ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações).2.ANP (Agência Nacional do Petróleo).3.ANA (Agência Nacional de Águas).4.ANVISA (Agência de Vigilância Sanitária.5.

Exercício 11. Marque a opção incorreta.

A regulação econômica se ocupa do resultado da interação entre os agentes Estado, empresas,1.credores, trabalhadores, consumidores e fornecedores no sistema econômico, com vistas aregularizar a oferta e a demanda em patamares condizentes com a maximização do bem estarda sociedade.A regulação econômica é uma forma de intervenção do Estado que se faz necessária quando2.existem falhas de mercado.A regulação econômica tem como objetivo facilitar, limitar ou intensificar os fluxos e as trocas3.de mercado, por meio de políticas tarifárias, princípios de confiabilidade do serviço público eregras de entrada e saída do mercado.As falhas de mercado ocorrem quando os mecanismos de preços não são suficientes para4.garantir a alocação eficiente dos recursos na economia.Nenhuma das opções acima.5.

Exercício 12. Qual dos itens abaixo não representa uma função da regulação econômica:

Monitorar o poder de mercado das empresas, evitando práticas anticompetitivas.1.Propor novos métodos de organização industrial.2.Estimular a eficiência e a inovação.3.Atuar em mercados onde não existem falhas de mercado.4.

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Promover a competição por intermédio da entrada de novas empresas.5.

Exercício 13. Com relação aos conceitos de independência orgânica e administrativa das agênciasreguladoras é correto afirmar que:

A independência orgânica está associada com os instrumentos e recursos necessários para a1.agência exercer suas atividade de forma independente e a independência administrativa estáassociada com os mecanismos de não subordinação à vontade política.A independência orgânica está associada com a separação das funções dentro do organograma2.da agência, ao passo que a independência administrativa tem por objetivo assegurar à agênciainstrumentos e recursos para exercer suas atividades de forma independente.A independência orgânica refere-se aos mecanismos de não subordinação da agência a3.vontade política, enquanto que a independência administrativa está associada com aseparação das funções dentro do organograma da agência.A independência orgânica refere-se aos mecanismos de não subordinação da agência a4.vontade política e a independência administrativa tem por objetivo assegurar à agênciainstrumentos e recuros para exercer suas atividades de forma independente.Nenhuma das respostas anteriores estão corretas.5.

Excercício 14. O regulador se defronta com três tipos de restrições: informacional, transacional eadministrativa e política. Qual do item abaixo não é correto:

A restrição informacional surge do fato de que o regulador e o regulado possuem níveis1.diferentes de informação.A restrição transacional surge em decorrência da existência de custos de transação.2.O regulador possui um conjunto menos amplo de informações que o regulado, uma vez que3.não detém conhecimento da estrutura de custos e da produtividade do regulado.Os reguladores estão restritos pelos códigos de regulação, pelas leis e pelos decretos. Estas4.restrições estão associadas com restrições administrativas e políticas.Os problemas de risco moral e seleção adversa surgem em razão da existência de restrições5.administrativas.

Exercício 15. Sob quais variáveis específicas o regulador deve atuar para implementar uma políticaregulatória:

Preço, quantidade, número de firmas e qualidade.1.Lucro, custo marginal e receita total.2.Preço, quantidade e custo marginal.3.Número de firmas, lucros, qualidade e custo marginal.4.Lucro, custo total, número de firmas e qualidade.5.

Exercício 16. Assinale a opção errada:

Metas quantitativas a serem atingidas em um determinado período, universalização dos1.serviços e número de consumidores são instrumentos regulatórios utilizados pelo reguladorpara atuar sobre a variável quantidade.A fixação de tarifa e/ou preço é o instrumento regulatório comumente utilizado pela agência2.para atuar sobre a variável preço.O leilão de privatização é o instrumento regulatório utilizado pelo regulador para atuar sobre a3.variável qualidade.A fixação da tarifa é o instrumento regulatório utilizado para garantir uma taxa de retorno4.condizente com os seus investimentos.

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As multas contratuais por saída do setor e as condições de entrada e saída são istrumentos5.regulatórios utilizados pelo regulador para controlar o número de firmas dentro de umdeterminado setor.

GabaritoExercícios Respostas1 FVFV VFFV2 FVVFVV3 A4 E5 B6 B7 A8 C9 B10 B11 E12 D13 D14 E15 A16 C

[1] Dois exemplos caracterizam a seleção adversa: venda de carros usados e mercado de seguro devida. No primeiro caso, o vendedor detém informações relevantes a respeito do estado do carro,enquanto que o comprador não. Este caso clássico foi estudado por Akerlof (1970). No segundo caso,a seleção adversa surge porque o segurado tem maior informação a respeito de sua saúde que acompanhia seguradora.

[2] A Política Nacional de Recursos Hídricos e o Sistema Nacional de Gerenciamento de RecursosHídricos (Singreh) foram criados por intermédio da Lei nº 9.433/1997, também conhecida com “Leidas Águas”.