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Há poucas semanas, a advogada Renata Gouveia decidiu arran- jar um espacinho na agenda atri- bulada para a prática de ativida- des físicas e optou pela corrida em grupo. Mas não entrou para uma equipe qualquer. Formada por executivos do mercado fi- nanceiro e por empresários que querem melhorar não apenas o condicionamento físico mas também cuidar da saúde dos ne- gócios, a ideia é que o esporte alie lazer e networking. “Eu já queria fazer corrida e, em São Paulo, tem grupo de todos os ti- pos. No entanto, este permite que eu tenha contato com pro- fissionais de outras áreas e de outras empresas”, diz a sócia do escritório Gouveia Zakka. Rena- ta conta ainda que já foi contata- da por colegas da equipe de cor- rida que precisavam de consul- tas jurídicas. “Ainda não vira- ram clientes, mas é o primeiro passo”, diz. De acordo com pesquisa reali- zada pela Hibou, que faz monito- ramento de mercado e consu- mo, 71% dos 389 entrevistados consultados acham positiva a prática de exercício físico aliada ao perfil profissional. Deste to- tal, 13% acreditam que desta forma podem fazer novos conta- tos de trabalho e veem afinida- de nos assuntos, além de desta- carem a facilidade de entrosa- mento. Apenas 3% dos executi- vos ouvidos consideram inade- quada essa prática — uns dizem que preferem se desligar total- mente do ambiente profissional quando fazem atividades físi- cas, enquanto outros afirmam que não se sentem confortáveis em misturar as duas coisas. No caso do escritório Gou- veia Zakka, não é apenas a só- cia que integrou a equipe de cor- rida: os funcionários também entraram para o grupo. “Fize- mos o pacote corporativo e os benefícios são vários. Além de ser mais barato do que se cada um pagasse individualmente pe- la atividade, o retorno é muito positivo. As pessoas estão mais estimuladas e o esporte permi- tiu que ficassem mais unidas”, conta. “Além disso, tem uma sensação de dever cumprido to- da vez que venço a preguiça e vou correr. Não só pelos benefí- cios com a saúde mas também por causa do lado profissional”, destaca. Já Luciano Montenegro de Menezes teve uma oportunida- de na carreira por causa do es- porte. No ano seguinte aos aten- tados de 11 de setembro de 2001, o então executivo da Câ- mara Americana de Comércio Brasil-Estados Unidos (Amcham) organizou uma corri- da em homenagem aos mortos na tragédia. O circuito passava pelo complexo do World Trade Center (WTC), em São Paulo, e foi na ocasião que conheceu o vice-presidente do grupo. “Dez anos depois, fui convida- do a asumir a presidência do empreendimento”, conta. “Cor- rer permite um laço muito maior do que uma simples tro- ca de cartões em coquetéis. Cor- ro com executivos de bancos e empresários”, acrescenta. Foi durante um dos treinos que o executivo percebeu que deveria dedicar mais atenção ao Face- book. “Pratico corrida com um dos diretores da rede social e ele me deu umas dicas. Com is- so, conseguimos aumentar em dez vezes o número de fãs do shopping D&D.” Reinaldo Passadori, do Insti- tuto que leva o seu sobrenome, alerta, no entanto, para a postu- ra do profissional nesses mo- mentos de lazer. “Muitas vezes, as pessoas extrapolam, esque- cem que representam uma em- presa”, alerta. “Em festas, evite beber muito, porque isso pode fazer com que fale além do que deveria. Em caso de viagens cor- porativas, não se atrase para os compromissos e não fale mal dos colegas e da empresa” . Passeio de balão ou aula de spinning ao ar livre ESTILO DE VIDA Executivos usam o esporte para dar um salto na carreira Rafael Naddermeyer Divulgação Divulgação Natália Flach [email protected] Benefícios como plano de saúde e vale refeição deixaram de ser vistos como diferenciais entre as empresas. Para conseguirem manter os profissionais nas companhias, as estratégias tiveram de ser diversificadas. Foi no nicho de atividades que unem lazer, esporte e oportunidades para a carreira que a Benefits Club decidiu apostar. A empresa estabelece uma agenda de eventos para que seus associados desfrutem de entretenimento e crescimento de círculos de negócios. A diretora Maria Beatriz Borges conta que as pessoas estão cansadas de passar horas e horas no ar-condicionado e, ao mesmo tempo, não querem mais fazer os mesmos esportes. “Por isso, já fizemos campeonatos de futebol, aulas de spinning ao ar livre e até passeios de balão”, afirma. “Os diretores de marketing ajudam a montar o cardápio, mas quem decide o que fazer é o colaborador”, acrescenta. A pesquisa da Hibou que comprova o interesse dos executivos em aliar networking e lazer foi aplicada no bairro Vila Olímpia, em São Paulo, local que possui mais helipontos do que pontos de ônibus. Nos dias de semana, a população flutuante do bairro aumenta 21 vezes. “As pessoas querem sair da zona comum.” PRATICAR Pesquisa aponta interesse de empresários em usar o tempo fora do escritório para cuidar da saúde e dos negócios 70% dos paulistanos que trabalham no “Vale do Silício” de São Paulo gostariam de ter a oportunidade de juntar as atividades de lazer e de contato de trabalho, segundo pesquisa Corridafoiaatividade escolhidapelaadvogadaRenataGouveia Menezes,doWTC:oportunidade Beatriz(àdireita),daBenefitsClub:cansadasdoarcondicionado 26 Brasil Econômico Terça-feira, 23 de abril, 2013

Reinaldo passadori brasil econômico 23-04-2013

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Há poucas semanas, a advogadaRenata Gouveia decidiu arran-jar umespacinho na agenda atri-bulada para a prática de ativida-des físicas e optou pela corridaem grupo. Mas não entrou parauma equipe qualquer. Formadapor executivos do mercado fi-nanceiro e por empresários quequerem melhorar não apenas ocondicionamento físico mastambémcuidar da saúde dos ne-gócios, a ideia é que o esportealie lazer e networking. “Eu jáqueria fazer corrida e, em SãoPaulo, tem grupo de todos os ti-pos. No entanto, este permiteque eu tenha contato com pro-fissionais de outras áreas e deoutras empresas”, diz a sócia doescritório Gouveia Zakka. Rena-ta conta ainda que já foi contata-da por colegas da equipe de cor-rida que precisavam de consul-tas jurídicas. “Ainda não vira-ram clientes, mas é o primeiropasso”, diz.De acordo compesquisa reali-

zada pelaHibou, que fazmonito-ramento de mercado e consu-mo, 71% dos 389 entrevistadosconsultados acham positiva aprática de exercício físico aliadaao perfil profissional. Deste to-tal, 13% acreditam que destaforma podem fazer novos conta-

tos de trabalho e veem afinida-de nos assuntos, além de desta-carem a facilidade de entrosa-mento. Apenas 3% dos executi-vos ouvidos consideram inade-quada essa prática — uns dizemque preferem se desligar total-mente do ambiente profissionalquando fazem atividades físi-cas, enquanto outros afirmamque não se sentem confortáveisem misturar as duas coisas.No caso do escritório Gou-

veia Zakka, não é apenas a só-cia que integrou a equipe de cor-rida: os funcionários tambémentraram para o grupo. “Fize-mos o pacote corporativo e osbenefícios são vários. Além deser mais barato do que se cadaumpagasse individualmente pe-la atividade, o retorno é muitopositivo. As pessoas estão maisestimuladas e o esporte permi-tiu que ficassem mais unidas”,conta. “Além disso, tem umasensação de dever cumprido to-da vez que venço a preguiça evou correr. Não só pelos benefí-cios com a saúde mas tambémpor causa do lado profissional”,destaca.Já Luciano Montenegro de

Menezes teve uma oportunida-de na carreira por causa do es-porte. No ano seguinte aos aten-tados de 11 de setembro de2001, o então executivo da Câ-mara Americana de Comércio

Brasi l-Estados Unidos(Amcham) organizou uma corri-da em homenagem aos mortosna tragédia. O circuito passavapelo complexo do World TradeCenter (WTC), em São Paulo, efoi na ocasião que conheceu ovice-presidente do grupo.“Dez anos depois, fui convida-do a asumir a presidência doempreendimento”, conta. “Cor-rer permite um laço muitomaior do que uma simples tro-ca de cartões em coquetéis. Cor-ro com executivos de bancos eempresários”, acrescenta. Foidurante um dos treinos que oexecutivo percebeu que deveriadedicar mais atenção ao Face-book. “Pratico corrida com umdos diretores da rede social eele me deu umas dicas. Com is-so, conseguimos aumentar emdez vezes o número de fãs doshopping D&D.”Reinaldo Passadori, do Insti-

tuto que leva o seu sobrenome,alerta, no entanto, para a postu-ra do profissional nesses mo-mentos de lazer. “Muitas vezes,as pessoas extrapolam, esque-cem que representam uma em-presa”, alerta. “Em festas, evitebeber muito, porque isso podefazer com que fale além do quedeveria. Em caso de viagens cor-porativas, não se atrase para oscompromissos e não fale maldos colegas e da empresa” . ■

Passeio de balão ou aulade spinning ao ar livre

ESTILO DE VIDA

Executivos usamo esportepara dar um salto na carreira

Rafael Naddermeyer

Divulgação Divulgação

Natália Flach

[email protected]

Benefícios como plano de saúde e vale

refeiçãodeixaram de ser vistos como

diferenciais entreas empresas. Para

conseguirem manter os profissionais

nas companhias, as estratégias

tiveram de ser diversificadas. Foi no

nicho de atividades que unem lazer,

esporte e oportunidades para a

carreira que a Benefits Club decidiu

apostar. A empresa estabelece uma

agenda de eventos para que seus

associadosdesfrutem de

entretenimento e crescimento de

círculos de negócios. A diretora Maria

Beatriz Borgesconta que as pessoas

estãocansadas de passar horas e

horas noar-condicionado e, ao mesmo

tempo, não queremmais fazer os

mesmos esportes. “Por isso, já

fizemos campeonatos defutebol,

aulas de spinning ao ar livre e até

passeios de balão”, afirma. “Os

diretores de marketing ajudam a

montar o cardápio, mas quem decide

o que fazer é o colaborador”,

acrescenta. A pesquisa da Hibou que

comprova o interessedos executivos

em aliar networking e lazer foi

aplicada nobairro Vila Olímpia, em São

Paulo, local que possui mais helipontos

do que pontos de ônibus. Nos dias de

semana, a população flutuante do

bairro aumenta 21 vezes. “As pessoas

queremsair da zona comum.”

PRATICAR

Pesquisa aponta interesse de empresários em usar o tempo fora do escritório para cuidar da saúde e dos negócios

70%dos paulistanos que trabalham no

“Vale do Silício” de São Paulo

gostariam de ter a oportunidade

de juntar as atividades de lazer e

de contato de trabalho, segundo

pesquisa

Corridafoi aatividade escolhidapelaadvogadaRenataGouveia

Menezes,doWTC:oportunidade Beatriz (àdireita),daBenefitsClub: cansadasdoarcondicionado

26 Brasil Econômico Terça-feira, 23 de abril, 2013