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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO Curso de Odontologia ISAQUE LOPES DA SILVA RELAÇÃO DA MICROBIOTA ORAL EM PACIENTES COM PAV (PNEUMONIA ASSOCIADA À VENTILAÇÃO MECÂNICA) NA UTI (UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA) Bragança Paulista 2013

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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO

Curso de Odontologia

ISAQUE LOPES DA SILVA

RELAÇÃO DA MICROBIOTA ORAL EM PACIENTES COM PAV (PNEUMONIA ASSOCIADA À VENTILAÇÃO

MECÂNICA) NA UTI (UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA)

Bragança Paulista

2013

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ISAQUE LOPES DA SILVA – R.A. 001200900259

RELAÇÃO DA MICROBIOTA ORAL EM PACIENTES COM PAV (PNEUMONIA ASSOCIADA À VENTILAÇÃO

MECÂNICA) NA UTI (UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA)

Trabalho de conclusão de Curso apresentado ao Curso do Curso de Odontologia da Universidade São Francisco. Orientador: Prof. Adriano Albano Forghieri. Co-Orientador: Prof. Ms Wilson Yasuo Inada. Orientadora Metodológica: Prof.ª M.ª Valdinéia Maria Tognetti.

Bragança Paulista

2013

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Dedico esta obra a minha esposa e meu

filho pela compreensão e paciência que tiveram

comigo pelo tempo que me ausentei para

dedicar-me a esta grande conquista.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pela sua imensa bondade, pela saúde a mim dada

em todos esses anos, pela família que me preparou, pela oportunidade que me

proporcionou de cursar a faculdade de odontologia, pois tenho provas concretas de que sem

a sua mão não teria condições de faze - lá, a ele devo a minha eterna gratidão pela tão

grande obra alcançada de suas mãos.

A Elaine Alves Lopes da Silva, minha esposa, que em momento algum faltou à

confiança e paciência durante toda esta jornada acadêmica, e também compreensão por

toda a minha ausência. A ela e meu filho Abner ficam meus sinceros agradecimentos.

Aos meus pais, Nilton Manoel da Silva e Adélia Lopes da Silva por ter intensamente

feito orações por mim, para que eu alcançasse esta grande conquista.

Ao meu orientador Prof. Adriano Albano Forghieri, pelo seu imenso conhecimento e

experiência na odontologia, pela motivação, paciência que teve comigo durante toda a

pesquisa, por todas as idéias dadas a pesquisa e por suas orientações que foram de grande

valia.

Ao meu co-orientador Wilson Yasuo Inada por suas orientações e ter apoiado a idéia

da pesquisa através das coletas das bactérias para analise do microbiológico.

A minha orientadora metodológica Professora Valdinéia Maria Tognetti, pela

infinidade de orientações, discussões e idéias dadas a pesquisa, pela paciência que teve

comigo em toda a execução da pesquisa desde o projeto.

A todos os professores da Universidade São Francisco que fizeram parte desta

conquista, através de seus ensinamentos teóricos e técnicos como também lições de

aprendizado para a vida.

Ao Hospital Universitário São Francisco por ter aceitado e aprovado a pesquisa para

que esta fosse realizada na Unidade de Terapia Intensiva.

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Ao meu colega e companheiro de classe, Alessandro José Ferreira, que juntos

compartilhamos muitos momentos, alguns difíceis, outros de muita alegria que ficarão para

relembrar e contar aos nossos filhos.

A Dra Giovana Colozza Mecatti, médica coordenadora da Unidade de Terapia

Intensiva do Hospital Universitário São Francisco, pela aprovação da pesquisa, e por ter

dado todo apoio necessário para um bom transcorrer da pesquisa.

A Maysa Zuiani Rossi, enfermeira coordenadora da Unidade de Terapia Intensiva do

Hospital Universitário São Francisco, pelo apoio dado a pesquisa, e sempre ter acreditado

na necessidade da inclusão da odontologia na UTI.

A equipe da fisioterapia da Unidade de Terapia Intensiva, por todo empenho e

colaboração dada na coleta de amostras.

Aos pacientes e seus familiares que autorizaram a coleta das amostras, para que

com elas pudéssemos realizar esta tão importante pesquisa cientifica, colaborando para a

ciência e bem da humanidade.

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“O que aprendemos é uma gota, e

o que desprezamos é um oceano”

Isaac Newton

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RESUMO

A pneumonia associada à ventilação mecânica na unidade de terapia intensiva tem sido uma das altas taxas de mortalidade e aumento dos custos devido o tempo que esses pacientes ficam em tratamento após serem acometidos pela pneumonia. O acometimento da pneumonia associada à ventilação mecânica é de etiologia multifatorial, sendo uma delas a micro aspiração das secreções presentes na cavidade oral e orofaringe desses pacientes, as bactérias presentes nesta secreção levam ao quadro de pneumonia. O objetivo da pesquisa foi avaliar a relação e a prevalência das bactérias da cavidade oral, com as bactérias que causam a pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV), em pacientes da unidade de terapia intensiva (UTI) adulto do Hospital Universitário São Francisco. Método: Nos pacientes com hipótese diagnóstica de pneumonia associada à ventilação na UTI adulto do Hospital Universitário São Francisco de Bragança Paulista, foram coletados amostras do aspirado traqueal, como também swabs estéreis do biofilme dental, língua e bochecha e encaminhamento de ambos para analise em laboratório no intuito de avaliar a relação dos patógenos da cavidade oral e traqueal. Os Resultados mostraram a prevalência das seguintes bactérias na secreção traqueal, K. pneumoniae 23,3%, P. aeruginosa 19,3%, Acinetobacter sp 7,7%, E. aerogenes 7,7%, C. albicans 3,8%, E. cloacae 3,8%, S. aureus 3,8% e Serratia sp 3,8% e 62,5 % dessas bactérias também foram encontradas na cavidade oral. Dessas amostras coletadas seguindo todos os critérios do diagnóstico, parte delas foi realmente confirmadas como PAV com a prevalência da bactérias Acinetobacter sp 33,3%, P. aeruginosa 66,6 % e K. pneumoniae em 50 % das amostras sendo que em 90% das

amostras estes patógenos estavam também presentes na cavidade oral em todas as regiões. Concluindo, os resultados da pesquisa mostraram uma relação e prevalência dos patógenos respiratórios na cavidade oral em especial relacionados à PAV, sugerindo a cavidade oral como um fator de risco importante na sua etiologia.

Palavras-Chave: microbiota bucal. biofilme oral.pneumonia associada à ventilação mecânica.

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ABSTRACT

Pneumonia associated with mechanical ventilation in the intensive care unit has been one of high mortality rates and increased costs due to the time that these patients are undergoing treatment after being affected by pneumonia. The involvement of ventilator-associated pneumonia is multifactorial, one of them being micro aspiration of secretions in the oral cavity and oropharynx these patients, the bacteria present in this secretion lead to of pneumonia. The research objective was to evaluate the prevalence of bacteria and oral cavity, with the bacteria that cause ventilator-associated pneumonia (VAP) in patients from the intensive care unit (ICU) adult University Hospital San Francisco. Method: Patients with diagnosis of ventilator-associated pneumonia in the adult ICU of the University Hospital San Francisco de Bragança Paulista, samples were collected from the tracheal aspirate, as well as biofilm sterile swabs, tongue and cheek and forwarding both for analysis in the laboratory in order to assess the relationship of pathogens in the oral cavity and trachea. Results showed the prevalence of the following bacteria in tracheal secretions, K. pneumoniae 23.3%, P. aeruginosa 19.3%, 7.7% Acinetobacter sp, E. aerogenes 7.7% C. albicans 3.8%, E. 3.8% cloacae, S. aureus, and Serratia sp 3.8% 3.8% and 62.5% of these bacteria were also found in the oral cavity. These samples following all the diagnostic criteria, some of which was actually confirmed as VAP with the prevalence of bacteria Acinetobacter sp 33.3%, P. 66.6% aeruginosa and K. pneumoniae in 50% of samples and in 90% of these pathogens samples were also present in the oral cavity in all regions. In conclusion, the results of the research showed a relationship and prevalence of respiratory pathogens in the oral cavity in particular related to VAP, suggesting the oral cavity as an important risk factor in the etiology. Keywords: oral microbiota. oral biofilm.pneumonia associated with mechanical ventilation.

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LISTA DE GRAFICOS

GRÁFICO 1 - Gênero dos pacientes da UTI incluídos na amostra 28

GRÁFICO 2 - Frequência dos microorganismos nas amostras 29

GRÁFICO 3 - Frequência dos microorganismos em bochecha direita 30

GRÁFICO 4 - Frequência dos microorganismos no biofilme dental 30

GRÁFICO 5 - Frequência dos microorganismos em dorso da língua 31

GRÁFICO 6 - Frequência dos microorganismos no aspirado traqueal 32

GRÁFICO 7 - Gênero dos pacientes da UTI com diagnóstico de PAV 33

GRÁFICO 8 - Frequência das bactérias nas amostras de pacientes com PAV 34

GRÁFICO 9 - Frequência das bactérias na bochecha de pacientes com PAV 34

GRÁFICO 10 - Frequência das bactérias no biofilme dental em paciente com

PAV

35

GRÁFICO 11 - Frequência das bactérias no dorso da língua nos pacientes

com PAV

35

GRÁFICO 12 - Frequência das bactérias no aspirado traqueal nos pacientes

com PAV

36

GRÁFICO 13 - Frequência das bactérias do aspirado traqueal comparadas

com a da cavidade oral

37

GRÁFICO 14 - Frequência das bactérias entre aspirado traqueal e cavidade

oral por amostra

38

GRÁFICO 15 - Taxa de mortalidade nos paciente com PAV 38

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Frequência dos microorganismos encontrados nas amostras por

local

29

TABELA 2 - Frequência das bactérias encontrada nas amostras confirmadas

de PAV por local

33

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CCIH - Comissão de Controle de Infecção Hospitalar

HUSF - Hospital Universitário São Francisco

PAV - Pneumonia Associada à Ventilação

PN - Pneumonia

UFC - Unidades Formadoras de Colônia

USF - Universidade São Francisco

UTI - Unidade de Terapia Intensiva

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 12

1 PNEUMONIA 14

2 INFECÇÕES EM PACIENTE DE UTI 15

3 PNEUMONIA ASSOCIADA À VENTILAÇÃO MECÂNICA 16

3.1 ETIOLOGIA 16

3.2 FATORES DE RISCO 17

3.3 MICROORGANISMOS MAIS COMUNS 18

3.4 DIAGNÓSTICO 19

3.5 TRATAMENTO 20

4 FLORA BUCAL 21

4.1 RELAÇÃO DA CAVIDADE ORAL COM A PAV 22

4.2 MEDIDAS DE PREVENÇÃO 23

4.3 A IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO ODONTOLÓGICA NA UTI 25

5 METODOLOGIA 26

5.1 TIPO DE PESQUISA 26

5.2 UNIVERSO DA AMOSTRA 26

5.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO 26

5.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS 27

5.5 MÉTODO DE ANALISE 27

6 RESULTADOS 28

DISCUSSÃO 39

CONCLUSÃO 42

REFERÊNCIAS 43

ANEXOS 45

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INTRODUÇÃO

A primeira citação cientifica sobre a relação das doenças bucais e sistêmicas

surgiram já a 2.100 a.C, desde então até os dias atuais, inúmeras pesquisas cada vez mais,

vem comprovando cientificamente esta hipótese, sendo uma delas, a relação com

microorganismos da cavidade oral e a pneumonia associada à ventilação mecânica PAV em

pacientes de UTI (MORAIS et al., 2006).

A pneumonia é uma infecção do parênquima pulmonar que pode ser causada por

diversos agentes, mas as bactérias são as causas mais comuns. As pneumonias são

classificadas como, pneumonias adquiridas na comunidade, e pneumonia nosocomial. A

pneumonia adquirida é aquela em que qualquer individuo pode adquirir na comunidade fora

de um ambiente hospitalar, já a pneumonia nosocomial é aquela que ocorre no ambiente

hospitalar. A PAV é classificada como uma pneumonia nosocomial, que ocorre após 48

horas do inicio do uso de cânula endotraqueal e ventilação mecânica nos pacientes de UTI,

este tipo de pneumonia é responsável por 10 a 15 % das infecções na UTI e causa comum

de morte dos pacientes acometidos (OLIVEIRA et al., 2007; KAHN et al., 2008).

A pneumonia associada à ventilação mecânica é de etiologia multifatorial, sendo

elas: ventilação mecânica; manipulação do paciente pela equipe da UTI; reintubação;

necessidade do uso de sondas; macro e micro aspiração das secreções traqueobrônquicas;

traumas; manutenção da posição supina do paciente devido à indicação médica. Em adultos

sadios, quase 50% apresentam em algum momento do sono aspiração das secreções

orofaríngea, mas este número sobe para 70 % em paciente com depressão do nível de

consciência e sob ventilação mecânica (AMARAL et al., 2009)

Em todo o corpo há colonização de uma variedade grande de microorganismos, mas

vivem em harmonia com o hospedeiro, e isto se dá devido à descamação fisiológica das

superfícies impedindo que haja um crescimento anormal. A cavidade oral também sofre

continua colonização de microorganismos, compondo quase metade da microbiota de todo o

corpo, sendo eles de várias espécies como vírus, bactérias e fungos, mas com uma

agravante que, na cavidade oral existem superfícies duras que não descamam como,

esmalte, cemento e próteses, favorecendo o acumulo de microorganismos formando o que

se denomina placa bacteriana e esta podendo formar um reservatório de microorganismos

podendo causar infecções (MORAIS et al., 2006).

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Segundo Morais et al. (2006) o biofilme em paciente de UTI aumenta continuamente

a cada dia de internação, conseqüentemente aumentando paralelamente os patógenos

respiratórios que podem causar as pneumonias.

O aumento desta microbiota se dá devido a diversos fatores de risco, tais como: a

própria ventilação mecânica, uso de sondas ou de cânulas, manipulação pela equipe

hospitalar, intubação ou reentubação, micro aspiração ou macro aspiração da secreção

traqueal (AMARAL et al., 2009).

Consequências do uso de medicamentos necessários nestes pacientes, mas que

pode causar uma redução do fluxo salivar favorecendo para o acumulo do biofilme, servindo

este como reservatório para os patógenos do trato respiratório (BARBOSA et al., 2010).

O objetivo da pesquisa foi avaliar a relação e a prevalência das bactérias da

cavidade oral, com as bactérias que causam a pneumonia associada à ventilação mecânica

(PAV), em pacientes da unidade de terapia intensiva (UTI) adulto do Hospital Universitário

São Francisco, justificando que, se uma das causas etiológica da pneumonia, se dá através

de micro aspiração das bactérias oportunistas presentes na cavidade oral, confirmando cada

vez mais esta relação, poderemos adotar medidas e procedimentos que possam reduzir

esses patógenos, para uma melhor e mais rápida recuperação dos pacientes internados em

UTIs.

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1 PNEUMONIA

A pneumonia é uma infecção aguda do parênquima pulmonar, que pode ser causada

por diversos agentes etiológicos, sendo eles bactérias, fungos, micoplasma, parasita e

também vírus, mas a pneumonia de causa bacteriana são as que mais comumente ocorrem

(OLIVEIRA et al., 2007). Estas infecções irão resultar em desequilíbrio entre o sistema de

defesa imunológico e os patógenos levando a causas bem significativas de morbidade e

mortalidade, principalmente em pacientes idosos ou imunocomprometidos (BARBOSA et al.,

2010).

As pneumonias podem ser divididas em duas categorias, sendo uma a pneumonia

adquirida na comunidade e a outra a pneumonia nosocomial. A pneumonia adquirida na

comunidade é aquela que qualquer pessoa pode adquirir quando vivendo em uma

comunidade, mas fora do ambiente hospitalar, e a pneumonia nosocomial aquela que

ocorre em um ambiente hospitalar que tem o seu diagnóstico após 48 horas de internação e

que não estariam presentes antes da internação do paciente (AMARAL; CORTÊZ; PIRES,

2009).

Conforme dados da National Hospitalar Infection Surveillance System (NNIS) dos

Estados Unidos da America (EUA), as pneumonias nosocomiais diagnosticadas de acordo

aos critérios do Centers for Disease Control and Prevention (CDC) são a causa de 15 % das

infecções hospitalares mantendo também a segunda posição em freqüência dentre todas as

infecções (CONSENSO BRASILEIRO DE PNEUMONIAS EM INDIVIDUOS ADULTOS

IMUNOCOMPETENTES, 2001).

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2 INFECÇÕES EM PACIENTES DE UTI

As infecções são manifestações comuns no paciente grave, principalmente no

paciente de Unidade de Terapia Intensiva, essas infecções podem ser de origem

comunitária quando já presente no paciente na internação hospitalar ou nosocomial que é

aquela que se manifesta após 48 horas do período de internação. Dados internacionais

mostram que a pneumonia nosocomial tem uma incidência de 5 a 10 casos em 1000

internações, aumentando de 6 a 20 vezes em paciente da Unidade de Terapia Intensiva sob

ventilação mecânica 20 a 25 % (DAVID, 1998).

Constante têm sido a busca dos profissionais intensivistas formada por médicos,

enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, nutricionistas, fisioterapeuta,

fonoaudiólogo e psicólogos no estabelecimento de meios e condutas na prevenção e

controle das infecções dos pacientes de Unidade de Terapia Intensiva, também com o

intuito da diminuição dos custos hospitalares envolvidos nas infecções (POMBO; ALMEIDA;

RODRIGUES, 2010).

A grande quantidade de recursos tecnológicos e cuidados que estão disponíveis na

UTI, aumenta muitas das vezes a sobrevida do paciente critico, mas por outro lado aumenta

o risco desses pacientes adquirirem as infecções hospitalares. A constante luta pela vida

desses pacientes muita das vezes levam a utilizar de todos os recursos disponíveis, como

vários procedimentos invasivos, uso de cânula orotraqueal ou traqueostomia e ventilação

mecânica para manutenção da oxigenação dos pacientes em insuficiência respiratória. A

perda da proteção das vias aéreas superiores e a defesa pulmonar deficitária devido à

doença de base no paciente em ventilação mecânica levam a uma alteração na sua

fisiologia normal como, hipersecreção pulmonar aumentando o risco de infecções

respiratórias com grandes índices de morbimortalidade (POMBO; ALMEIDA; RODRIGUES,

2010).

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3 PNEUMONIAS ASSOCIADA À VENTILAÇÃO MECÂNICA –

PAV

A pneumonia associada à ventilação mecânica é definida como aquela que ocorre

após 48 horas que o paciente é submetido à ventilação mecânica na UTI. De acordo as

suas características microbiológicas são definidas também pelo infiltrado neutrofílico nos

bronquíolos e alvéolos mais fagocitose, presença de abscessos e na cultura quantitativa do

parênquima pulmonar com uma concentração de bactérias maior que 10 unidades

formadoras de colônia (CONSENSO BRASILEIRO DE PNEUMONIAS EM INDIVIDUOS

ADULTOS IMUNOCOMPETENTES, 2001).

Nas UTIs a PAV pode ocorrer numa média de 8 % nos pacientes que são

submetidos à ventilação mecânica, com relação aos índices de mortalidade da PAV variam

em média de 24% a 76%, se a pneumonia for relacionada à Pseudomonas spp e

Acinetobacter spp a taxa é ainda maior, também o paciente que e submetido à ventilação

mecânica tem a chance de morte 2-10 vezes mais que o paciente sem ventilação mecânica

(AMARAL; CORTÊZ; PIRES, 2009).

Também segundo David (1998) o índice de mortalidade atribuído a pneumonia

nosocomial é de 33% a 50% sendo também altas quando relacionadas microorganismos

específicos como Pseudomonas aeuroginosa, Acinetobacter calcoaceticus e S. aureus e a

pneumonia eleva o tempo de internação 7 a 9 dias a mais aumentando também o custo do

tratamento com as pneumonias.

Silva et al. (2011) também relata uma variação de incidência de 9% a 68% o que

esta em conformidade um estudo que mostra uma incidência de 25,6% de infecção

hospitalar nas UTI adulto brasileira.

3.1 ETIOLOGIA

As bactérias podem invadir o trato respiratório inferior através da aspiração da

secreção orofaríngea, inalação de aerossóis contaminados ou através de disseminação

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hematogênica, dentre todas estas, a aspiração é a que mais comumente ocorre. Em estudo

feito através de marcadores radioisotópicos mostrou que 45% dos adultos sofrem aspiração

durante o sono, paciente com problemas no mecanismo de deglutição, depressão no nível

de consciência, instrumentação das vias aéreas superiores, trato gastrintestinal, ventilação

mecânica e pós operatórios de cirurgias abdominais estão ainda mais susceptíveis a esta

situação (CONSENSO BRASILEIRO DE PNEUMONIAS EM INDIVIDUOS ADULTOS

IMUNOCOMPETENTES, 2001).

O inicio da colonização de bacilos gram-negativos se da com a aderência dessas

bactérias no epitélio da orofaringe ou da mucosa traqueobrônquica. Esta aderência depende

de alguns fatores conforme segue: mecanismos bacterianos como a presença de cílios, pili

e produção de elastase ou muccinase, de células do hospedeiro como a síntese de

polissacarídeos de superfície, do pH e principalmente da ineficácia da fibronectina,

glicoproteina que impede a aderência de bacilos gram-negativos na orofaringe que é

comprometida em pacientes desnutridos, com doenças graves e em pós operatórios

(CONSENSO BRASILEIRO DE PNEUMONIAS EM INDIVIDUOS ADULTOS

IMUNOCOMPETENTES, 2001).

3.2 FATORES DE RISCO

Os fatores que aumentam a incidência de PAV na UTI são os mais variados que vão

desde idade maior que setenta anos, coma, baixo nível de consciência, entubação e

reintubação, broblemas imunitários, uso de drogas imunossupressoras, doenças graves,

pacientes com antecedentes de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), mais que sete

dias em ventilação mecânica, aspiração do liquido contaminado do circuito do ventilador,

pacientes desnutridos, uso de antibioticoterapia profilática, tempo prolongado em cirurgias,

aspiração das secreções contaminadas, colonização bacteriana, aspiração do conteúdo

gástrico colonizado e pH gástrico acima de quatro (POMBO; ALMEIDA; RODRIGUES,

2010).

Esses fatores podem também ser classificados como modificáveis ou não

modificáveis, sendo os não modificáveis a idade elevada, pacientes com DPOC (doença

pulmonar obstrutiva crônica), traumas, cirurgias e doenças neurológicas, e os fatores

modificáveis são o tempo de ventilação mecânica, traqueostomia, uso de antibioticoterapia

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empírica, manutenção na posição supina, uso de dispositivos invasivos como sondas

nasogástrica ou nasoenteral, dieta enteral, aspiração do conteúdo gástrico e transporte do

paciente para fora da UTI (AMARAL; CORTÊS; PIRES, 2009).

David (1998) também relata outros fatores que estão associados à etiologia das

pneumonias graves do paciente de UTI como: o biofilme colonizado na parede interior da

cânula endotraqueal, colonização microbiana, retenção seguido de aspiração da secreção

que fica acumulada acima do balonete da sonda endotraqueal, o poder de virulência do

microorganismo e tempo de internação.

3.3 MICROORGANISMOS MAIS COMUNS

Os agentes etiológicos envolvidos nas pneumonias podem ser diversos, sendo estes,

bactérias, vírus, fungos, parasitas e micoplasma que estes invadindo o parênquima

pulmonar irão causar as pneumonias, mas as pneumonias bacterianas são as de maior

freqüência (OLIVEIRA et al., 2007; NOGUEIRA et al., 2009)

As bactérias que normalmente estão relacionados à PAV na UTI são: P.

aeuroginosa, S. aureus, Acinetobacter spp., Escherichia coli, Klebisiella spp., Enterobacter

spp., Protheus mirabilis, Klebisiella pneumoniae, Streptococcus hemolyticus e S. Pnemoniae

(AMARAL; CORTÊZ; PIRES, 2009).

Em um estudo realizado por Barbosa et al. (2010) em pacientes de UTI com cultura

positiva para infecção de pneumonia, também confirmou a presença dos seguintes agentes

etiológicos: Acinetobacter baumannii, E. aerogenes, E. coli, E. gergoviae, Enterobacter

clocae, Klebisiella pneumoniae, Klebisiela sp., Proteus mirabilis, Pseudomonas aeruginosa,

Pseudomonas sp., S. coagulase negativa, Serratia fonticola, Staphylococcus aureus,

Staphylococcus haemolyticcus, Staphylococcus hominis, Staphylococcus sciuri,

Staphylococcus sp. confirmando nesta a prevalência dos mesmos agentes infecciosos.

Segundo o Consenso Brasileiro de Pneumonias em Indivíduos Adultos

Imunocompetentes (2001) classificando a etiologia das pneumonias nosocomiais

relacionando com a gravidade, fatores de risco juntamente com o tempo, demonstra os

seguintes microorganismos: P. aeuruginosa, Acinetobacter sp. e S. aureus oxacilino-

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resistente em pneumonias graves relacionados a fatores de risco e instalação precoce e

tardia.

David (1998) também relata nas PAVs precoce sendo menor que cindo dias a

presença dos patógenos: S. pneumoniae, H. influenza, S. aureus meticilino.

Enterobactérias: Enterobacter spp, E. coli, Klebisiella spp, Proteus spp, Serratia spp,

Pseudomonas aeuruginosa, Stenotrophomonas spp, S. aureus e na tardia Acinetobacter spp

confirmando o que diz Oliveira, et al. (2007) a diversidade de agentes etiológicos envolvidos

com a PAV.

Uma pesquisa realizada por Nogueira et al, (2009) com 149 casos de pneumonias,

sendo 42 destas positivada laboratorialmente através de amostras da aspirado traqueal,

lavado bronco-alveolar, liquido bronco-alveolar e liquido traqueal apresentou a prevalência

dos seguintes patógenos: (24%) Klebisiella pneumoniae, (22%) Acinetobacter baumanni,

(11%) Acinetobacter sp. e (11,1) Staphylococcus aureus.

3.4 DIAGNÓSTICO

São considerados métodos mínimos de diagnóstico, a radiografia do tórax, a

oximetria de pulso e gasometria, hemoculturas, microbiologia do aspirado traqueal e liquido

pleural quando presente, punção seguido da analise microbiológica (DAVID, 1998;

PINHEIRO et al., 2007).

Pacientes em ventilação mecânica são monitorizados de acordo com rotina da UTI

com realização de RX de tórax inicial e posteriormente de acordo com alterações em exame

clinico (alteração na ausculta pulmonar, febre, necessidade de aumento do suporte

ventilatório, alteração da secreção traqueal) ou laboratorial (leucocitose, hipoxemia em

gasometria). Na suspeita de infecção pulmonar, são coletadas culturas de sangue

(hemocultura) e de secreção traqueal quantitativa, sendo esta ultima sugestiva de infecção

quando com valor superior a 106 UFC/mm3 (unidades formadoras de colônias)

(SECRETARIA DE ESTADO DA SAUDE DE SÃO PAULO, 2011)

Radiograficamente deve apresentar características de infiltrado, consolidação ou

cavitação e clinicamente pelo menos uma dessas, como também um novo ou o progresso

de um infiltrado, temperatura maior que 38°, leucocitose, > 12000 leucócitos por mm³,

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20

leucopenia, < 4000 leucócitos por mm³, alteração na secreção traqueal com cultura positiva

do aspirado endotraqueal (CENTERS FOR DISEASE CONTROL, 2013; PINHEIRO et al.,

2007).

3.5 TRATAMENTO

Quando da confirmação do diagnóstico da pneumonia nosocomial, o tratamento se

dá através de várias medidas, sendo elas terapêuticas antimicrobianas e a de suporte . As

medidas de suporte podem ser através de fisioterapia motora e respiratória incluindo nesta a

drenagem, percussão, aspiração das secreções e oxigenoterapia associados à medicação

analgésica e antipirética (RAIZ et al., 2009)

O uso da antibioticoterapia empírica se inicia imediatamente após o diagnóstico da

pneumonia, pois colabora de forma significativa para a redução da morbimortalidade quando

bem selecionado com base nos patógenos mais comuns nesta situação. Previamente o

inicio da antibioticoterapia empírica é necessário ter o conhecimento da gravidade da

pneumonia, se há alguma especificidade do paciente em si, se fez uso de algum

medicamento que o deixou mais vulnerável a algum agente especifico, se a pneumonia é

precoce ou tardia e se existe a presença de bacilos gram-negativos que produzem

betalactamases como Pseudomonas multirresistente e S. aureus oxacilino-resistente

(CONSENSO BRASILEIRO DE PNEUMONIAS EM INDIVIDUOS ADULTOS

IMUNOCOMPETENTES, 2001).

Na pneumonia grave com fatores de risco tendo seu inicio precoce ou tardio, com

envolvimentos dos patógenos, E. coli, Klebsiella sp., Proteus sp., Serratia marscensis, H.

influenzae, S. aureus oxacilina-sensível, S. Pneumoniae, P. aeuroginosa e Acinetobacter

sp., a antibioticoterapia empírica indicada é através de aminoglicosidios ou ciprofloxacino

associado às celafosporinas de 4ª geração e ou penicilinas antipseudomonas mais inibidor

de betalactamases, carbapenêmicos, Aztreonam e com S. aureus oxacilina-resistente a

vancomicina (CONSENSO BRASILEIRO DE PNEUMONIAS EM INDIVIDUOS ADULTOS

IMUNOCOMPETENTES, 2001; RAIZ et al., 2009).

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21

4 FLORA BUCAL

O corpo humano é continuamente colonizado por uma grande variedade de

microorganismos em suas superfícies, mas estas não causam nenhum mau ao organismo

uma vez que vive em homeostasia constante com o hospedeiro, outro sim, o processo

fisiológico de descamação da superfície não permite que haja um aumento anormal desses

microorganismos. Assim como todo o corpo a cavidade oral também sofre constante

colonização de microorganismos representada por vírus, bactérias e fungos o que

representa quase metade da microbióta de todo o corpo humano (MORAIS et al., 2006).

Pessoas em condições de saúde normais, a microbiota oral esta dividida em mais de

trezentas espécies de bactérias e esta pode colaborar para um reservatório das próprias

bactérias orais como também das bactérias respiratórias (SILVEIRA et al., 2010).

A placa dental ou biofilme dental é definido como o acúmulo de microorganismos

dispostos em varias camadas desenvolvendo comunidades microbianas, apresenta-se de

coloração branca ou amarelada clara nas superfícies dos dentes, a disposição destas os

tornam resistentes a fagócitos e aos antibióticos e estas se não forem removidos

periodicamente podem levar a doença cárie, gengivite e periodontite (PACE et al., 2008).

Normalmente a placa dental está composta por bactérias anaeróbias associados a

filamentos que podem aderir aos dentes, próteses dentarias, gengiva e língua. No interior da

cavidade oral, bactérias anaeróbias não são comum na placa dental e sim mais encontradas

nas superfícies supragengival (SILVEIRA et al., 2010).

O microorganismo de maior prevalência na cavidade oral em adulto saudável é o

Streptococcus viridans gram-positivo. Esta flora pode ser modificada passando a ser de

predominância gram-negativa em pacientes críticos devido à impossibilidade do auto

cuidado, como exemplo paciente de UTI e idosos em casas de repouso (AMARAL;

CORTÊZ; PIRES, 2009).

Segundo Haringer, 2009 a aspiração de Streptococcus viridans e Staphylococcus

coagulase-negativa são espécimes de difícil interpretação mas que podem produzir infecção

em hospedeiros imunocomprometidos e em alguns imunocompetentes.

A flora bucal também é modificada na presença da doença periodontal, que é

definida como um processo inflamatório e infeccioso das estruturas de sustentação e

proteção dos dentes, sendo essas a gengiva, ligamento periodontal, cemento e o osso

alveolar. A doença periodontal na forma crônica acomete de 5% a 30% em adultos numa

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faixa etária entre 25 a 75 anos, podendo atingir também qualquer idade. Esta infecção é

causada por bactérias gram-negativas que leva a destruição das estruturas de suporte do

dente (RAIZ; NOLETO; GUERRA, 2009).

Lotufo e Pannuti (2004) citam microorganismos bucais relacionados com doença

periodontal, que podem estar relacionados a infecções sistêmicas os: Estreptococos bucais,

E. corrodens, A. actinomycetemcomitans, M. micros, P. gingivalis, Enterobacteriaceae,

Cândida sp.e Staphylococcus.

4.1 RELAÇÃO DA CAVIDADE ORAL COM A PAV

Não é comum a presença de microorganismos respiratórios no ambiente bucal em

indivíduos saudáveis, mas em pacientes internados os patógenos respiratórios podem

colonizar a cavidade oral em superfície dentária, próteses, a mucosa bucal como também o

próprio biofilme. A colonização desses patógenos não comum no ambiente bucal se dá

devido a uma diminuição do fluxo salivar, do pH da saliva , fato comum no paciente grave

em UTI em conseqüências ao uso de vários medicamentos. Esses patógenos podem vir de

diversas fontes dentro da UTI, como por exemplo, a utilização de nebulizadores,

umidificador, alimentação, procedimentos com envolvimento de secreções como aspiração

nasogástrica e principalmente a manipulação do paciente pela equipe multidisciplinar dentro

da UTI (OLIVEIRA et al., 2007).

A presença da cânula endotraqueal em paciente de UTI sob ventilação mecânica faz

com que a boca permaneça aberta durante todo o tempo de ventilação, fazendo com que

haja um ressecamento da cavidade oral, deixando também exposta ao ambiente externo

favorecendo para um aumento dos patógenos respiratórios no biofilme oral. Esses

patógenos respiratórios presente no biofilme bucal acabam servindo de reservatório para os

microorganismos responsáveis pela pneumonia hospitalar. (AMARAL; CORTÊS; PIRES,

2009).

A quantidade de biofilme no paciente de UTI aumenta gradativamente com o tempo

de internação, como consequência disto aumenta a colonização de microorganismos

respiratórios os Gram-negativos, sendo eles Acinetobacter spp., Sthaphylococcus aureus,

Klebsiella spp, Pseudomonas aeruginosa e outros. A colonização desses patógenos ocorre

nas primeiras quarenta e oito horas após o paciente ser submetido à ventilação mecânica.

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23

Uma vez a cavidade oral colonizado por este patógenos podem chegar ao trato respiratório

inferior através de micro aspiração que passam através do balonete do tubo endotraqueal e

a mucosa respiratória (MORAIS et al., 2006).

Segundo Amaral, Cortês e Pires (2009) o percentual dessas bactérias no paciente de

UTI pode chegar a 70 % no biofilme dental, 63 % na língua, 73 % no tubo endotraqueal e ao

analisar todas essas regiões em conjunto podem representar cerca de 40 % de toda

microbióta oral no paciente sob ventilação mecânica.

4.2 MEDIDAS DE PREVENÇÃO

A prevenção da pneumonia hospitalar esta fundamentada principalmente na

vigilância continua e educação continuada da equipe multidisciplinar dentro da UTI, e é de

extrema importância despertar nesses profissionais como médicos, enfermeiros e

fisioterapeutas e toda equipe o entusiasmo e motivação a aderirem aos programas de

prevenção e controle das infecções hospitalares (CONSENSO BRASILEIRO DE

PNEUMONIAS EM INDIVIDUOS ADULTOS IMUNOCOMPETENTES, 2001; POMBO et al.,

2010).

As formas de prevenção se baseiam no controle dos fatores de risco modificáveis a

pneumonia, uma vez que, os fatores não modificáveis não podem ser alterados. A atuação

dos fatores modificáveis se dá através de medidas simples como, a correta lavagem das

mãos, estabelecimento de protocolos que evitem o uso indiscriminado de antibióticos,

educação continuada dos profissionais sobre os fatores de risco e importância da higiene

oral, formulação de protocolos de desmame ventilatório e sedação bem como remoção

precoce dos dispositivos invasivos que podem servir como porta de entrada para os

microorganismos causando as infecções nosocomiais (AMARAL; CORTÊS; PIRES, 2009).

Com relação aos meios de prevenção mais específicos estão à manutenção da

cabeceira elevada entre 30 a 45° que evita o refluxo e aspiração do conteúdo gástrico e da

secreção presente na parte posterior da orofaringe em pacientes com depressão do nível de

consciência sob ventilação mecânica e em uso de sonda nasoenteral. Uso de luvas e

aventais de proteção em caso contato com material biológico, atendimento pela fisioterapia

onde estudos mostraram que a fisioterapia torácica colaborou de forma independente na

prevenção da pneumonia associada à ventilação mecânica, e dentre outras medidas a

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24

importância da correta higienização das mãos, a não manutenção do condensado nos

circuitos dos respiradores bem como sua troca periodicamente conforme recomendação da

CCIH, troca de filtros e umidificadores e protocolos de higiene bucal (SILVA et al., 2011).

Com relação à higiene bucal a forma de prevenção consiste na descontaminação da

cavidade oral através de vários meios como, escovação dentária, desbridamento mecânico,

uso tópico de antibióticos não absorvíveis e uso de soluções orais que ambos mostraram-se

eficaz na prevenção da pneumonia nosocomial. Didaticamente a remoção do biofilme pode

ser feito de duas formas, mecânica e farmacológica, mecânica através de uso de

enxaguatorios bucais, escovação dentaria e farmacológicos através da administração de

antibióticos sistêmicos, sendo a segunda limitada devido levar a resistência bacteriana

(AMARAL; CORTÊS; PIRES, 2009).

Outros estudos também mostraram que a higiene oral mecânica reduz a colonização

dos patógenos oral como também reduz a incidência de pneumonias em até 50% sendo

associada ou não com enxaguatorios bucais (KAHN et al., 2008).

A instituição de protocolos preventivos no controle do biofilme dental e oral também

têm se demonstrado eficaz na prevenção das pneumonias principalmente na associada à

ventilação, mas é necessário uma melhor percepção, comprometimento e conscientização

da equipe de enfermagem em relação à higiene bucal, que muitas vezes considera este

procedimento não prioritário levando a implementação dos protocolos insuficientes. O

gluconato de clorexidina 0,12 % tem mostrado resultados positivos na redução do biofilme

dental, sangramento gengival e redução da colonização de bacteriana principalmente o

Actinomyces spp. Outros estudos também mostraram uma redução de 40% das

pneumonias com associação dos recursos mecânicos e químicos de higienização da

cavidade oral. (AMARAL; CORTÊS; PIRES, 2009).

Outros métodos considerados simples com fazer a higienização bucal com escovas

dentais duas vezes por dia associada a uma profilaxia feita pelo profissional odontólogo ao

menos uma vez na semana tem demonstrado uma redução na mortalidade em pacientes

internados que contraíram pneumonia (KAHN et al.,2008).

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25

4.3 A IMPORTÂNCIA DO ATUAÇÃO ODONTOLÓGICA NA UTI

Segundo Oliveira et al. (2007), seu estudo mostrou que os patógenos respiratórios

presentes no biofilme oral servem com reservatório para os microorganismos mais

freqüentes a pneumonia nosocomial nos paciente de UTI, podendo ser mais um fator de

risco em seu desenvolvimento, o que sugere uma maior importância e implementação de

cuidados específicos na cavidade oral para maior controle desses patógenos.

Embora haja cuidados com a higiene oral nos pacientes de UTI, os estudos mostram

que a condição bucal é escassa. A placa bacteriana influencia nas terapêuticas médicas,

decorrente dos fatores de virulência dos micro-organismos que nela se encontram, e estes

podem ser agravados pela presença de outras alterações bucais como a doença

periodontal, cáries, necrose pulpar, lesões em mucosas, dentes fraturados ou infectados,

traumas por próteses fixas ou móveis que podem levar o paciente a repercussões na sua

condição sistêmica. Para o tratamento destas condições é necessário o cirurgião dentista,

podendo este atuar também em outras citações de emergência como relacionados ao

trauma, procedimentos preventivos ou curativos e adequação do meio bucal oferecendo um

melhor conforto ao paciente (GOMES; ESTEVES, 2012).

A atuação odontológica qualificada para atuação nesta área, integrada na equipe

multidisciplinar na UTI, colaborara na prevenção da infecção respiratória, através do controle

do biofilme oral (RORIZ; NOLETO; GUERRA, 2009).

O profissional odontólogo atua também no controle da doença periodontal. Sabe-se

que as bactérias presentes nas infecções periodontais, estão fortemente relacionadas com

infecções de ordem sistêmicas, dentre elas a endocardite infecciosa, bacteremia, sepse,

abscesso cerebral as infecções respiratórias e outras (MORAIS, et al 2006; BARBOSA, et al

2010).

É necessário também o desenvolvimento de protocolos em conjunto com

enfermeiras, com procedimentos que visem melhorar a saúde bucal dos pacientes

internados nas unidades de terapia intensiva, com isto com isto poderia ser observados uma

diminuição dos riscos de infecções principalmente as respiratórias. A higiene bucal

adequada não oferece apenas conforto ao paciente, mas uma importante forma preventiva

evitando a pneumonia nosocomial (RORIZ; NOLETO; GUERRA, 2009).

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26

5 MÉTODOLOGIA

5.1 TIPO DE PESQUISA

Tratou-se de uma pesquisa qualitativa que foi realizada nos pacientes com hipótese

diagnóstica de pneumonia associada à ventilação mecânica, com aprovação do comitê de

ética sob o protocolo nº 13677013.6.0000.5514 da Universidade São Francisco e completo

preenchimento do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelo responsável pelo

paciente devido à impossibilidade do mesmo preenche-lo neste momento.

5.2 UNIVERSO E AMOSTRA

A pesquisa foi realizada na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Universitário

São Francisco com os seguintes critérios de inclusão e exclusão:

5.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO

Foram incluídos na amostra os pacientes sob ventilação mecânica,

edentados, dentados parcial ou total e os pacientes excluídos da amostra foram aqueles que

já estavam com diagnóstico prévio de bronco aspiração, pós operatórios de cirurgia torácica,

pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica e portadores da síndrome da

imunodeficiência adquirida (SIDA).

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5.4 INSTRUMENTOS DE COLETAS DE DADOS

Pacientes em ventilação mecânica são monitorizados de acordo com rotina da UTI

com realização de RX de tórax inicial e posteriormente de acordo com alterações em exame

clinico (alteração na ausculta pulmonar, febre, necessidade de aumento do suporte

ventilatório, alteração da secreção traqueal) ou laboratorial (leucocitose, hipoxemia em

gasometria). Nos pacientes com suspeita de infecção pulmonar conforme acima relatado, foi

coletado culturas de sangue (hemocultura) e aspirado traqueal quantitativa, sendo esta

ultima sugestiva de infecção quando com valor superior a 106 UFC/mm3 (unidades

formadoras de colônias). Neste momento foram coletadas também amostras para cultura

com swabs estéril do biofilme dental dos pacientes dentados e swabs de língua e bochecha

e encaminhado ambos para laboratório onde foram analisados os patógenos de ambas as

amostras (aspirado traqueal e cavidade oral).

5.5 MÉTODOS DE ANALISE

O aspirado traqueal, amostras dos swabs estéreis, do biofilme dental, língua e

bochecha foram coletados por pesquisador calibrado, foram encaminhadas todas para o

mesmo laboratório, o Laboratório Universitário de Analises Clinica do Hospital Universitário

São Francisco e analisado por um único colaborador onde foram realizadas as analise

microbiológicas.

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28

6 RESULTADO

Durante o período em que foi realizada a pesquisa, foram inclusos 14 pacientes que

preencheram os critérios de inclusão metodológicos com hipótese diagnóstica de

pneumonia associada à ventilação mecânica. Dentre esses pacientes dois 14,2% foram do

gênero feminino e 12 do gênero masculino 85,8% conforme GRÁFICO 1, entre as idades de

25 a 87 anos com uma média de idade de 57,1 anos.

A frequência dos microorganismos encontrados nas amostras com hipótese

diagnóstica de PAV por número de pacientes foi: Acinetobacter sp duas (7,7%), C. albicans

uma (3,8%), E. aerogenes dois (7,7%), E. agglomerans dois (7,7%), E. cloacae uma (3,8%),

E. coli uma (3,8%), K. oxytoca uma (3,8%), K. ozaenae dois (7,7%), K. pneumoniae seis

(23,1%), P. aeruginosa cinco (19,2%), S. aureus uma (3,8%), Serratia sp (3,8%),

Streptococcus sp (3,8%) conforme TABELA 1 e GRÁFICO 2 abaixo.

Gênero dos pacientes da UTI do HUSF

Masculino

Femin

ino

0

15

30

45

60

75

90

85,8 %

14,2 %

GRÁFICO 1. Gênero dos pacientes da UTI do HUSF inclusos na amostra.

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29

Bactérias Número de Pacientes/%

Secreção Traqueal

Bochecha Direita

Dorso da Língua

Biofilme Dental

Acinetobacter sp 2 (7,7%) 2 1 1 1 C. albicans 1 (3,8%) 1 E. aerogenes 2 (7,7%) 1 2 2 2 E. agglomerans 2 (7,7%) 1 2 E. cloacae 1 (3,8%) 1 E. coli 1 (3,8%) 1 1 K. oxytoca 1 (3,8%) 1 K. ozaenae 2 (7,7%) 2 2 1 K. pneumoniae 6 (23,1%) 4 6 6 2 P. aeruginosa 5 (19,2%) 5 5 5 2 S. aureus 1 (3,8%) 1 Serratia sp 1 (3,8%) 1 1 1 1 Streptococcus sp 1 (3,8%) 1 1 Total 100% 16 20 21 10

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Colunas1

Em bochecha direita teve uma prevalência de Acinetobacter sp uma (1), E.

aerogenes duas (2), E. agglomerans uma (1), E. coli uma (1), K. ozaenae duas (2), K.

pneumoniae seis (6), P. aeruginosa cinco (5), Serratia sp uma (1) e Streptococcus sp uma

(1) com uma maior numero de K. pneumoniae e P. aeroginosa conforme GRÁFICO 3.

GRÁFICO 2. Frequência dos microorganismos nas amostras.

TABELA 1 – Frequência dos microorganismos encontradas nas amostras por local com HD de PAV

FREQÜÊNCIA DOS MICROORGANISMOS NAS AMOSTRAS

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No biofilme dental houve uma menor concentração de bactérias e isto devido à

quase metade dos pacientes (6) serem edentados totais (43%). A prevalência dos

microorganismos no biofilme dental foi Acinetobacter sp uma (1), E. aerogenes dois (2), K.

ozaenae um (1), K. pneumoniae dois (2), P. aeruginosa dois (2), Serratia sp uma (1) e

Streptococcus sp uma (1) conforme GRÁFICO 4 abaixo.

Bochecha Direita

Acineto

bacter s

p

C. alb

icans

E. aero

genes

E. agglo

mera

ns

E. clo

acae

E. coli

K. oxyto

ca

K. oza

enae

K. pneum

oniae

P. aeru

ginosa

S. aure

us

Serratia

sp

Strepto

coccus sp

0.0

0.5

1.0

1.5

2.03.0

4.5

6.0

GRÁFICO 3. Frequência dos microorganismos em bochecha direita

Biofilme Dental

Acineto

bacter s

p

C. alb

icans

E. aero

genes

E. agglo

mera

ns

E. clo

acae

E. coli

K. oxyto

ca

K. oza

enae

K. pneum

oniae

P. aeru

ginosa

S. aure

us

Serratia

sp

Strepto

coccus sp

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

GRÁFICO 4. Frequência dos microorganismos em biofilme dental.

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31

No dorso da língua foi à região de maior concentração das bactérias com 64% do

total dos treze microorganismos encontrados em todas as amostras e com maior

prevalência das bactérias que mais estão associadas à PAV. Dentre elas foram,

Acinetobacter sp um (1), E. aerogenes duas (2), E. agglomerans duas (2), E. coli um (1), K.

oxytoca um (1), K. ozaenae duas (2), K. pneumoniae seis (6), P aeruginosa cinco (5) e

Serratia sp um (1) conforme GRÁFICO 5.

No aspirado traqueal houve uma prevalência das bactérias mais comum a PAV

sendo elas, Acinetobacter sp duas (2), C. albicans uma (1), E. aerogenes uma (1), E.

cloacae uma (1), K. pneumoniae quatro (4), P. aeruginosa cinco (5), S. aureus uma (1) e

Serratia sp uma (1) conforme mostra na GRÁFICO 6.

Dorso da Lingua

Acineto

bacter s

p

C. alb

icans

E. aero

genes

E. agglo

mera

ns

E. clo

acae

E. coli

K. oxyto

ca

K. oza

enae

K. pneum

oniae

P. aeru

ginosa

S. aure

us

Serratia

sp

Strepto

coccus sp

0.0

0.5

1.0

1.5

2.03.0

4.5

6.0

GRÁFICO 5. Frequência dos microorganismos no dorso da língua.

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32

Nas amostras coletadas dos pacientes com hipótese diagnóstica de PAV, os gráficos

mostraram a prevalência das bactérias bem como sua freqüência em cada região

comparada com o aspirado traqueal. Com isso verificou-se que, 62,5% das bactérias

encontradas no aspirado traqueal também estão presentes no biofilme bucal. Houve

também uma maior diversidade como quantidade dos microorganismos em bochecha direita

e dorso da língua sendo discretamente maior na ultima. Nessas também mostrou um maior

numero das bactérias que mais causam a PAV como K. pneumoniae e P. aeruginosa.

Conforme rotina da UTI, todos os casos com hipóteses diagnósticas de PAV após os

resultados laboratoriais, são discutidos e avaliados cada um com a médica coordenadora

responsável pela UTI juntamente com a médica responsável pela CCIH, dentre os catorze

casos, seis foram realmente confirmados o diagnóstico de PAV, seguindo todos os critérios

do diagnóstico como alteração em raios-X de tórax, temperatura, leucograma, alteração na

secreção traqueal juntamente com o estado clinico do paciente.

Em relação ao gênero nos casos confirmados de PAV foram todos masculinos entre

as idades de vinte e sete a oitenta e sete anos perfazendo uma média de cinqüenta e oito

anos de idade conforme GRÁFICO 7 abaixo.

Aspirado Traqueal

Acineto

bacter s

p

C. albicans

E. aero

genes

E. agglo

merans

E. clo

acae

E. coli

K. oxyto

ca

K. ozaenae

K. pneum

oniae

P. aeru

ginosa

S. aure

us

Serratia

sp

Strepto

coccus sp

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

3.0

4.5

6.0

GRAFICO 6. Frequência dos microorganismos no aspirado traqueal.

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33

6

0

Masculino Feminino

Gênero

Masculino Feminino

A prevalência das bactérias nos paciente com diagnóstico confirmado de PAV foram,

Acinetobacter sp duas (33,3%), E. coli uma (16,6%), K. ozaenae uma (16,6%), K.

pneumoniae três (50%) e P. aeruginosa quatro (66,6%) conforme TABELA 2 e GRÁFICO 8.

Bactérias Número de Pacientes%

Secreção Traqueal

Bochecha Direita

Dorso da Língua

Biofilme Dental

Total

Acinetobacter sp 2 (33,3%) 2 1 1 1 5 E. coli 1 (16,6%) 0 1 1 0 2 K. ozaenae 1 (16,6%) 0 1 1 0 2 K. pneumoniae 3 (50%) 3 3 3 1 10 P. aeruginosa 4 (66,6%) 4 3 4 1 12 Total 9 9 10 4

TABELA 2. Frequência das bactérias nas amostras confirmadas como PAV por local

GRÁFICO 7. Gênero dos pacientes da UTI do HUSF com diagnóstico de PAV

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34

5

2 2

10

12

0

2

4

6

8

10

12

14

Acinetobacter sp

E. coli K. ozaenae K. pneumoniae

P. aeruginosa

Microorganismos

Microorganismos

A freqüência de Acinetobacter sp em bochecha direita foi de duas (02), E. coli uma

(01), K. ozaenae uma (01), K. pneumoniae três (03) e P. aeruginosa quatro (04) conforme

GRÁFICO 9.

1 1 1

3 3

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

Acinetobacter sp

E. coli K. ozaenae K. pneumoniae P. aeruginosa

Bochecha

Bochecha

GRAFICO 9. Frequência das bactérias em bochecha direita em casos confirmados PAV

GRÁFICO 8. Frequência das bactérias encontrada nas amostras

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No biofilme dental teve a prevalência de Acinetobacter sp uma (01), K. pneumoniae

uma (01) e P. aeruginosa uma (01) conforme GRÁFICO 10.

1

0 0

1 1

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

Acinetobacter E. coli K. ozaenae K. pneumoniae

P. aeruginosa

Biofilme dental

Biofilme dental

No dorso da língua teve-se a prevalência de Acinetobacter sp um (01), E. coli um

(01), K. ozaenae uma (01), K. pneumoniae três (03) e P. aeuruginosa quatro (04) conforme

GRÁFICO 11 abaixo.

1 1 1

3

4

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

Acinetobacter sp

E. coli K. ozaenae K. pneumoniae

P. aeruginosa

Dorso da Língua

Dorso da Lingua

GRÁFICO 10. Frequência das bactérias no biofilme dental em casos confirmados PAV

GRÁFICO 11. Frequência das bactérias nos casos confirmados PAV em dorso da língua

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36

No aspirado traqueal as bactérias encontradas foram Acinetobacter sp duas (02), K.

pneumoniae três (03) e P. aeruginosa quatro (04) conforme GRÁFICO 12.

2

0 0

3

4

00,5

11,5

22,5

33,5

44,5

Aspirado Traqueal

Aspirado Traqueal

Comparando as bactérias presentes do aspirado traqueais responsáveis pela PAV

com as da cavidade oral, podemos observar que o Acinetobacter sp esteve presente duas

vezes no aspirado traqueal e uma vez em bochecha, dorso da língua e no biofilme dental. A

K. pneumoniae esteve presente três vezes em ambos aspirado traqueal, bochecha e dorso

da língua e duas vezes no biofilme dental. A P. aeruginosa quatro vezes em ambos no

aspirado traqueal, bochecha e dorso da língua, e uma vez no biofilme dental conforme

GRÁFICO 13 abaixo.

GRÁFICO 12. Freqüência das bactérias nos casos confirmados de PAV no aspirado

traqueal

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2

3

4

1

3

4

1

3

4

1

2

1

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

Acinetobacter K. pneumoniae P. aeruginosa

Aspirado Traqueal

Bochecha

Dorso da Lingua

Biofilme Dental

Agora fazendo a mesma comparação da frequência das bactérias no aspirado

traqueal e sua presença na cavidade oral nos casos confirmado de PAV por amostras,

podemos observar que cerca de noventa por cento (90%) das bactérias presentes no

aspirado traqueal que foram responsáveis pela PAV também estavam presentes na

cavidade oral. Em apenas uma amostra onde no aspirado traqueal houve o crescimento da

bactéria Acinetobacter sp e P. aeruginosa e na cavidade oral apresentou apenas P.

aeruginosa conforme GRÁFICO 14.

GRÁFICO 13. Frequência das bactérias do aspirado traqueal comparadas com a cavidade

oral

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1 1 1 1 1 1

0,5

1 1 1 1 1

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

Aspirado Traqueal

Cavidade Oral

A evolução clinica dos seis pacientes internados na unidade de terapia intensiva com

diagnóstico de PAV foram de alta hospitalar um (01) e óbitos seis (06) conforme GRÁFICO

15.

1

5

Taxa de Mortalidade

Alta

Óbito

GRÁFICO 15. Taxa de mortalidade dos pacientes com PAV.

GRÁFICO 14. Frequência das bactérias entre aspirado traqueal e cavidade oral por amostra

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DISCUSSÃO

As pneumonias são responsáveis por 10% a 15% de todas as infecções hospitalares

e no paciente de unidade de terapia intensiva (UTI) o risco de adquirir a pneumonia è 10 a

20 vezes maior. No paciente de UTI sob ventilação mecânica o seu desenvolvimento é entre

7% a 40% sendo um grupo de maior risco a esta infecção.

Dentre as diversas causas etiológicas da pneumonia associada à ventilação

mecânica (PAV), vários estudos tem intensamente mostrado a cavidade oral como um fator

de risco importante para o seu desenvolvimento, uma vez que, a cavidade oral pode servir

como um reservatório para a colonização dos patógenos respiratórios. Não é comum a

colonização de bactérias gram-negativas no ambiente oral em indivíduos saudáveis, mas no

paciente de unidade de terapia (UTI), o biofilme bucal aumenta proporcionalmente ao tempo

de internação favorecendo a colonização deste tipo de patógenos.

A pesquisa teve o objetivo de avaliar a relação e a prevalência dos patógenos

respiratórios responsável pela pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) em

pacientes da unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital Universitário São Francisco

(HUSF).

A idade média ponderada dos pacientes que participaram da pesquisa foi de 57,1

anos o que confirma o estudo de Oliveira et al. (2007) com 53,53 anos e discorda com o de

Barbosa et al. (2010) que teve uma média de 38,7 anos. O gênero masculino foi o de maior

prevalência com 85,8%, concordando com os dados do estudo de Barbosa et al. (2010) com

87,7 %.

No estudo realizado por Oliveira et al. (2007) em uma unidade de terapia intensiva

(UTI) em pacientes com diagnóstico de pneumonia nosocomial usando no momento da

coleta umidificadores e não ventilação mecânica, através da coleta do aspirado traqueal

com swabs stéril como também do tubo umidificador, biofilme dental e biofilme lingual, teve

a prevalência dos patógenos, S. pneumoniae, P. aeruginosa, S. aureus, K. pneumoniae, C.

albicans, Streptococcus α-hemolítico, Sthaphylococcus sp., A. calcoaceticus, E. coli e E.

cloacae o que comprovou também a pesquisa a presença de sete desses patógenos nas

amostras dos pacientes com hipótese diagnóstica de pneumonia associada à ventilação

(PAV), e mostra que estes patógenos podem colonizar a cavidade oral antes de o paciente

ser submetido à ventilação mecânica.

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Segundo David (1998) relata os patógenos mais comuns nas pneumonias associada

à ventilação mecânica precoce como S. pneumoniae, H. influenza, S. aureus meticilino e

enterobáctérias: Enterobacter spp, E. coli, Klebisiella spp, Proteus spp, Serratia spp,

Pseudomonas aeruginosa, Stenotrophomonas spp e S. aureus confirmando parte desses

microorganismos também foram encontrados nas amostras.

No estudo de Nogueira et al. (2009) também mostrou a prevalência dos patógenos

mais comuns em 149 pneumonias nosocomiais, K. pneumoniae em (24%), Acinetobacter

baumanni (22%), P. aeruginosa (15%), Acinetobacter sp. (11%) e Staphylococcus aureus

(11%) o que mais uma vez confirma frequência dos mesmos patógenos na pesquisa

realizada.

Os resultados da pesquisa mostraram uma prevalência significativa das bactérias K.

pneumoniae e P. aeruginosa, onde das catorze amostras coletadas nos pacientes com

hipótese diagnóstica de pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV), na cavidade

oral estavam presentes, K. pneumoniae em seis (06) pacientes e P. aeruginosa em cinco

pacientes. Nas décadas entre setenta a oitenta, estudos mostraram que, a K. pneumoniae e

P. aeruginosa tem maior adesão as células epiteliais de indivíduos hospitalizados do que os

não hospitalizados (OLIVEIRA et al., 2007).

Uma relação inversamente proporcional na quantidade de fibronectina nas células

epiteliais e bactérias gram-negativas têm mostrado várias pesquisas, onde sua diminuição

permite o acumulo dos receptores a adesinas bacterianas favorecendo o acumulo de

bactérias na cavidade oral. Na saliva contêm enzimas hidrolíticas que diminuem a adesão

de receptores as adesinas bacterianas, no entanto uma má higienização bucal, com o uso

de medicamentos e diminuição do pH reduz a salivação, permitindo um aumento de

bactérias na cavidade oral, e estas produzem enzimas, imunoglobulina A e glicoproteínas

que degradam a fibronectina (OLIVEIRA et al., 2007).

Silveira et al. (2010) em estudo também relatou a fibronectina (glicoproteína inibidora

de bacilos gram-negativos à orofaringe) onde sua redução em pacientes críticos devido a

altos níveis de proteases, facilita a aderência dos gram-negativos inclusive a P. aerugionosa

o que pode explicar a prevalência de tais bactérias nas amostras.

No estudo também pode-se observar que na bochecha e língua foram os locais de

maior acumulo de bactérias, sendo esta ultima mais que a primeira, tanto em freqüência

como em espécie, confirmando com o estudo de Oliveira et al. (2007), sendo esta região na

cavidade oral local de ser dado maior atenção, uma vez que acumula maior quantidade de

biofilme que as outras regiões.

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Nas seis amostras dos pacientes com diagnóstico confirmado de pneumonia

associada à ventilação mecânica (PAV) a bactéria Acinetobacter sp, K. pneumoniae e P.

aeruginosa foram os agentes etiológicos, em cinco amostras, a mesma que se apresentou

no aspirado traqueal também estava na cavidade oral em todas as regiões excetuando os

paciente edentados totais. Na amostra restante positivou Acinetobacter sp e P. aeruginosa

no aspirado traqueal, na cavidade oral teve o crescimento apenas de P. aeruginosa e K.

ozaenae em bochecha e dorso da língua.

Os resultados do presente estudo em consenso com outras pesquisas já realizadas

mostra uma possibilidade intensa de colonização de patógenos respiratórios na cavidade

oral, em especial os responsáveis pela pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV)

sugerindo a cavidade oral como um fator de risco importante no desenvolvimento das

pneumonias em unidade de terapia intensiva (UTI), podendo esta ser a via de difusão para

que essas bactérias cheguem ao trato respiratório inferior. Um dado dos resultados da

pesquisa que pode sugerir esta hipótese foi que, em duas das catorze amostras coletadas, a

K. pneumoniae não positivou no aspirado traqueal , mas já estava presente na cavidade oral

em ambas as regiões confirmando o estudo de Oliveira et al. (2007) onde as bactérias

podem colonizar a cavidade oral antes já da ventilação mecânica.

A evolução clinica dos pacientes com pneumonia associada à ventilação mecânica

(PAV) no estudo foi de, uma alta e cinco óbitos, ou seja, apenas uma paciente recebeu alta

hospitalar, este resultado discorda com Roriz et al (2009) e Oliveira et al (2007) que relatam

uma taxa de 20% a 50% de mortalidade e aproxima-se com Amaral, Cortêz e Pires (2009)

com uma taxa entre 24% e 76%.

O cirurgião dentista fazendo parte da equipe multidisciplinar na unidade de terapia

intensiva (UTI), atuando na descontaminação da cavidade oral, reduzindo os patógenos

respiratórios, controlando algumas doenças bucais como a doença periodontal, onde a

microbiota especifica desta doença esta altamente relacionada a doenças sistêmicas como

diabetes mellitus, cardiopatias e outras, poderiam colaborar de forma significante para a

redução da mortalidade e tempo de internação desses pacientes e conseqüentemente na

redução dos custos hospitalares envolvidos no tratamento das infecções respiratórias como

a PAV.

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CONCLUSÃO

Com os resultados da pesquisa, comprovou a hipótese de a cavidade oral ser um

importante reservatório para as bactérias principais que causam a pneumonia associada à

ventilação mecânica, sugerindo que ela pode ser um fator de risco bem significativo na

etiologia da pneumonia de pacientes de UTI em especial o sob ventilação mecânica.

É necessário uma nova visão em relação à cavidade oral, bem como a presença do

cirurgião dentista mais frequente dentro dos ambientes hospitalares principalmente na UTI.

Uma vez que sabemos que a microbiota oral pode gerar influências sistêmicas como a PAV.

Este profissional poderá colaborar de forma significante na redução de um fator de risco

importante que é o microbiológico, consequentemente na diminuição da mortalidade, tempo

de internação desses pacientes e redução dos custos hospitalares.

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REFERÊNCIAS

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BARBOSA, Jamile Cristina de Souza et al. Perfil dos pacientes sob terapia intensiva com pneumonia nosocomial: principais agentes etiológicos. Rev Odontol. UNESP, Araraquara,

v. 39, n. 4, p. 201-206, 2010.

CENTERS FOR DISEASE CONTROL – CDC. Protocol Corrections, Clarification, And Additions. [S.I.], p. 6-13, apr. 2013.

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DAVID, C.M.N. Infecção em UTI. Simpósio: Medicina Intensiva: 1. Infecção e choque. Medicina, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro, v. 31, p. 337-348, Jul/set. 1998.

GOMES, S.F.; ESTEVES, M.C.L. Atuação do cirurgião dentista na UTI: um novo paradigma. Rev. Brás. Odontol., Rio de Janeiro, v. 69, n. 1, p. 67-70, jan/jun. 2012.

HARINGER, D.M.C. Pneumonia associada a ventilação mecânica. Pulmão, Rio de Janeiro, v. 2, p. 37-45, 2009.

KAHN, S. et al. Avaliação da existência de controle de infecção oral nos pacientes internados em hospitais do Rio de Janeiro. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 13, n. 06, p. 1825-1831, 2008.

LOTUFO, R.F.M.; PANNUTI, C.M. Efeitos diretos dos patógenos bucais nas condições sistêmicas, em: BRUNETI, M.C – Periodontia Médica, São Paulo, p. 42-57, 2004. Disponível em: books.google.com.br/books?isbn=8573593881. Acesso em: 26 abr. 2013.

MORAIS; M.N. de et al. A importância da Atuação Odontológica em Pacientes Internados em Unidade de Terapia Intensiva. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, [S.I.], v. 18, n.

4, p. 412-417, out/dez. 2006.

NOGUEIRA; P.S.F. et al. Perfil da infecção hospitalar em um hospital universitário. Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, v. 17, n.1, p. 96-101, jan/mar. 2009.

OLIVEIRA; L.C.B.S. de et al. A presença de Patógenos Respiratórios no Biofilme Bucal de Paciente com Pneumonia Nosocomial. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, Rio de Janeiro, v. 19, n. 4, p. 428-433, out/dez. 2007.

PACE, Mariângela Aparecida et al. Staphylococcus spp. na saliva de pacientes com intubação orotraqueal. Rev Panam Infectol, Ribeirão Preto, v. 10, n. 2, p. 8-12, 2008.

PINHEIRO; P.G. et al. Perfil Periodontal de indivíduos adultos traqueostomizados com pneumonia nosocomial. Revista Periodontia, Fortaleza, v. 17, n 03, set. 2007.

POMBO, C.M.N.; ALMEIDA, P.C.; RODRIGUES, J.L.N. Conhecimento dos profissionais de saúde na Unidade de Terapia Intensiva sobre prevenção de pneumonia associada à ventilação mecânica. Ciências & Saúde Coletiva, Ceará, v. 15 n. 1, p.1061-1072, 2010.

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RORIZ, V.M.; NOLETO, R.; GUERRA, D.N. Relação entre as doenças periodontais e a pneumonia nosocomial. Revisão de Literatura. RCO – Ver. do Curso de Odontologia da UniEVANGÉLICA, [S.I.], v.11, n. 2, p.44-48, jul/dez. 2009.

SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE SÃO PAULO. Infecção hospitalar – Manual de orientações e critérios de diagnósticos. São Paulo, jan. 2011.

SILVA; L.T.R.da et al. Avaliação das medidas de prevenção e controle de pneumonia associada à ventilação mecânica. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 19, n. 6, p. 1-9, nov/dez. 2011.

SILVEIRA; I.R. da et al. Higiene bucal: prática relevante na prevenção de pneumonia hospitalar em paciente em estado crítico. Acta Paul Enferm, São Paulo, v. 23, n. 5, p. 697-

700, 2010.

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ANEXOS

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ANEXO A – TCLE Termo de consentimento livre e esclarecido (1ª via)

TERMO DE CONSENTIMENTO ESCLARECIDO

RELAÇÃO DA MICROBIOTA ORAL EM PACIENTES COM PAV (PNEUMONIA

ASSOCIADA À VENTILAÇÃO MECÂNICA) NA UTI (UNIDADE DE TERAPIA

INTENSIVA)

Eu, ........................................................................................ RG ........................ abaixo

assinado responsável legal de........................................................, dou meu consentimento

livre e esclarecido para que ele (a) participe como voluntário do projeto de pesquisa supra-

citado, sob a responsabilidade do(s) pesquisador (es) Adriano Albano Forghieri e Co

orientador Wilson Yasuo Inada de Isaque Lopes da Silvado Curso de Odontologia da

Universidade São Francisco.

Assinando este Termo de Consentimento estou ciente de que:

1 - O objetivo da pesquisa é verificar a relação e a prevalência das bactérias da cavidade

oral, com as bactérias que causam a pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV),

em pacientes da unidade de terapia intensiva (UTI) adulto do Hospital Universitário São

Francisco;

2- Durante o estudo, com a suspeita de infecção pulmonar, como protocolo da UTI são

coletadas culturas de sangue (hemocultura) e de secreção traqueal quantitativa, sendo esta

ultima sugestiva de infecção quando com valor superior a 106 UFC/mm3 (unidades

formadoras de colônias). Neste momento serão coletadas também amostras para cultura

com swabs estéril do biofilme dental, língua e bochecha e encaminhamento ambos para

laboratório para analisar a relação dos patógenos da cavidade oral e traqueal;

3- Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre a sua

participação na referida pesquisa;

4- A resposta a este (s) instrumento(s) / procedimento(s) não apresentam riscos conhecidos

à sua saúde física e mental, não sendo provável, também, que

causem desconforto emocional;

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5 - Estou livre para interromper a qualquer momento sua participação na pesquisa, bem

como ele estará livre para interromper a sua participação, não havendo qualquer prejuízo

decorrente da decisão;

6 – Seus dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos na

pesquisa serão utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho, expostos acima,

incluída sua publicação na literatura científica especializada;

7 - Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Francisco para

apresentar recursos ou reclamações em relação à pesquisa pelo telefone: 11 – 2454-8981;

8 - Poderei entrar em contato com o responsável pelo estudo, Adriano Albano Forghieri,

sempre que julgar necessário pelo telefone 11 8337-3322;

9- Este Termo de Consentimento é feito em duas vias, sendo que uma permanecerá em

meu poder e outra com o pesquisador responsável.

_______________________________________________, _____________

Local data

Assinatura do Sujeito de Pesquisa ou Responsável:_______________________________

Assinatura do Pesquisador Responsável:_______________________________________

_

OBS: O sujeito de pesquisa ou seu representante, quando for o caso, deverá rubricar todas as folhas do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE–apondo sua assinatura na última página do referido Termo.

_ O pesquisador responsável deverá da mesma forma, rubricar todas as folhas do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

– TCLE– apondo sua assinatura na última página do referido Termo.