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O Fundo para a Protecção Ambien- tal e Conservação Energética chega em Setembro, mas as associações amigas do verde não vêem com bons olhos a falta de incentivos aos veículos ecológicos. Já há motos eléctricas a serem importadas para Macau, mas os motoristas desistem de comprá-las por falta de estações de carregamento. > Centrais hoje AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 MOP$10 macau DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ TERÇA-FEIRA 26 DE JULHO DE 2011 ANO X Nº 2418 GONÇALO LOBO PINHEIRO Se os professores são avaliados, os directores também o têm de ser. Esse é um ponto assente entre os deputados que estão a discutir, na es- pecialidade, a nova lei dos quadros docentes das escolas privadas. O Governo já decidiu que os professores com mais de 65 anos não vão poder ensinar a tempo inteiro, mas só a ‘part-time’. Entra então em campo uma in- compatibilidade com a Lei das Relações do Trabalho. > PÁGINA 4 PUB TEMPO POUCO NUBLADO MIN 27 MAX 34 HUMIDADE 50-90% CÂMBIOS EURO 11.5 BAHT 0.3 YUAN 1.23 PUB Ter para ler Depois de agressão por vizinho GINA RANGEL VIVE COM MEDO E JÁ NÃO É A MESMA PÁGINAS 12 E 13 Arquitectura moderna UMA RETROSPECTIVA DA OBRA DE MANUEL VICENTE EM MACAU PÁGINAS 10 E 11 Dar os altos cargos à palmatória Deputados pedem avaliação para directores de escolas Ambiente Veículos ecológicos encalhados na burocracia

Hoje Macau 26 JUL 2011 #2418

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Edição do Hoje Macau de 26 de Julho de 2011 • Ano X • N.º 2418

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Page 1: Hoje Macau 26 JUL 2011 #2418

O Fundo para a Protecção Ambien-tal e Conservação Energética chega em Setembro, mas as associações amigas do verde não vêem com bons olhos a falta de incentivos aos veículos ecológicos. Já há motos eléctricas a serem importadas para Macau, mas os motoristas desistem de comprá-las por falta de estações de carregamento. > Centrais

hoje

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006 MOP$10macau

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • TERÇA-FEIRA 26 DE JULHO DE 2011 • ANO X • Nº 2418

GONÇ

ALO

LOBO

PIN

HEIR

O

Se os professores são avaliados, os directores também o têm de ser. Esse é um ponto assente entre os deputados que estão a discutir, na es-pecialidade, a nova lei dos quadros docentes das escolas privadas. O Governo já decidiu que os professores com mais de 65 anos não vão poder ensinar a tempo inteiro, mas só a ‘part-time’. Entra então em campo uma in-compatibilidade com a Lei das Relações do Trabalho. > PÁGINA 4

PUB

TEMPO POUCO NUBLADO MIN 27 MAX 34 HUMIDADE 50-90% • CÂMBIOS EURO 11.5 BAHT 0.3 YUAN 1.23

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Ter para ler

Depois de agressão por vizinho

GINA RANGEL VIVECOM MEDO E JÁNÃO É A MESMA

• PÁGINAS 12 E 13

Arquitectura moderna

UMA RETROSPECTIVA DA OBRADE MANUEL VICENTE EM MACAU

• PÁGINAS 10 E 11

Dar os altos cargosà palmatória

Deputados pedem avaliação para directores de escolasAmbiente

Veículos ecológicos encalhados

na burocracia

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TERÇA-FEIRA 26.7.2011

2www.hojemacau.com.mo ACTUAL

PUB

A dimensão do acidente que provocou a morte a dezenas de pessoas na sequência do descarrilamento de um

comboio de alta velocidade na Chi-na obrigou o Governo de Pequim a suspender mais de 50 ligações ferro-viárias e a rever, de urgência, milhares de quilómetros da sua linha de TGV.

O choque do comboio de alta velocidade, no sábado, com outra composição na província de Zhejiang, no Leste da China, matou, pelo menos, 43 pessoas e deixou feridas outras 200, segundo o último balanço das autoridades divulgado no domingo.

O comboio de TGV chocou contra outra composição que estava estacio-nado na linha por falta de corrente, provocando a queda de quatro carru-agens de uma ponte. Desconhece-se ainda quantas pessoas transportavam, no total, as duas composições, e a que velocidade circulava o TGV quando se deu o choque, mas a sua categoria está entre a última geração de compo-sições a circular na China, com uma velocidade média de 160 quilómetros por hora.

Foi o maior acidente na história do transporte em alta velocidade na

China revê segurança das linhas de TGV

Alta velocidade a pente fino

CIENTISTAS encontra-ram na China um fóssil

de 120 milhões de idade que seria da primeira fêmea de lagarto grávida. Completo e com 30 centímetros de comprimento, seria o mais antigo de uma fêmea de la-garto grávida já descoberto, com mais de uma dezena de embriões.

Os pesquisadores do University College de Lon-dres, envolvidos no estudo, afirmaram que, quando morreu, a fêmea de lagarto estava apenas a dias de ter os filhotes, durante o período Cretácico. A descoberta é especialmente interessan-te para os pesquisadores pois mostra um réptil que da à luz filhotes ao invés de pôr ovos. Apenas 20% dos lagartos e cobras vivos

ANÚNCIOHM-1ª vez 26-07-11Acção Ordinária n.º CV2-11-0036-CAO 2º Juízo Cível

AUTORES:1. ASSOCIAÇÃO DOS COMERCIANTES E OPERÁRIOS DE AUTOMÓVEIS DE MACAU, com sede em Macau, na Rua do Dr. Lourenço Pereira Marques, n.ºs 45 a 47, Edf. “Un Vai”, 1.º andar A e B;2. KOU, KUAN SUN, viúva;3. LENG, SAI VAI casado com SUM, WAI KI, no regime da comunhão de adquiridos; 4. LENG, SAI HOU, casado com LENG PUN VAI SAM, no regime da comunhão de adquiridos;5. LENG, WAI SAM, divorciada, todos de nacionalidade chinesa e residentes em Macau, na Avenida da República, n.º 72, Edf. “Villa Bela”, 4.º andar “A”, e;6. LENG, WAI KUAN, casada com LEUNG, FRANCIS CHUNG FAI, no regime da comunhão de adquiridos, de nacionalidade chinesa e residentes nos Estados Unidos da América, em 1348 Manzanita Dr. Millbrae, CA 94030;RÉUS:1. LENG, SAI LIM, de nacionalidade chinesa e residente em Macau, na Rua de Seng Tou, Edf. “Supreme Flower City”, Bloco 2, 15.º andar “E”, Taipa, e;2. HERDEIROS INCERTOS DE VONG TAK VA que também usava WONG TAK WA.

***Correm éditos de trinta (30) dias, a contar da segunda e última publicação do anúncio,

citandos os HERDEIROS INCERTOS DE VONG TAK VA que também usava WONG TAK WA, para no prazo de trinta (30) dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, querendo, o pedido formulado na petição inicial nos mencionados autos, que resumidamente consiste em que:

1) declarar-se que seja a Autora, ASSOCIAÇÃO DOS COMERCIANTES E OPERÁRIOS DE AUTOMÓVEIS DE MACAU”, para todos os efeitos legais, nomeadamente de registo, como a exclusiva proprietária, por força da aquisição originária advinda pela sua posse de forma pública, continuada, de boa fé, na convicção do exercício do direito sem oposição de quem quer que seja, ao abrigo do disposto nos artigos 1251.º, 1260.º, 1261.º, 1262.º, 1263.º, alíneas a) e b), 1268.º, e 1287.º do Código Civil de 1996, actualmente 1175.º, 1184.º, 1185.º, 1186.º, 1187.º, alíneas a) e b), 1193.º e 1212.º e seguintes do Código Civil dos seguintes bens:

a) alvará de táxi n.º 24/I/2004;b) veículo automóvel ligeiro de passageiros, com a chapa de matrícula M-33-58;c) 1/5 da fracção autónoma designada por “A1” do 1.º andar “A”, para habitação, do prédio

sito em Macau, com o n.º 47, da Rua do Dr. Lourenço Pereira Marques, descrito na Conservatória do Registo Predial de Macau sob o n.º 12704, a fls. 54 do Livro B-34, inscrita na matriz predial da freguesia de S. Lourenço, sob o artigo 071496, o qual se encontra registado a favor de Vong Tak Va que também usava Wong Tak Wa, sob a inscrição n.º 8636, a fls. 308, do Livro F34K;

d) 1/5 da fracção autónoma designada por “B1” do 1.º andar “B”, para habitação, do prédio sito em Macau, com o n.º 45 a 47-A, da Rua do Dr. Lourenço Pereira Marques, descrito na Conservatória do Registo Predial de Macau sob o n.º 12704, a fls. 54 do Livro B-34, inscrita na matriz predial da freguesia de S. Lourenço, sob o artigo 071496, o qual se encontra registado a favor de Vong Tak Va que também usava Wong Tak Wa, sob a inscrição n.º 8636, a fls. 308, do Livro F34K;

e) 1/5 da fracção autónoma designada por “A1” do 1.º andar “A”, para habitação, do prédio sito em Macau, com o n.º 47, da Rua do Dr. Lourenço Pereira Marques, descrito na Conservatória do Registo Predial de Macau sob o n.º 12704, a fls. 54 do Livro B-34, inscrita na matriz predial da freguesia de S. Lourenço, sob o artigo 071496, o qual se encontrava registado anteriormente em nome de LENG, CUOC KEONG, aliás LING, KWOK KEUNG e ora registado a favor de LENG SAI VAI, sob a inscrição n.º 183295, do Livro G;

f) 1/5 da fracção autónoma designada por “B1” do 1.º andar “B”, para habitação, do prédio sito em Macau, com o n.º 45 a 47-A, da Rua do Dr. Lourenço Pereira Marques, descrito na Conservatória do Registo Predial de Macau sob o n.º 12704, a fls. 54 do Livro B-34, inscrita na matriz predial da freguesia de S. Lourenço, sob o artigo 071496, o qual se encontrava registado anteriormente em nome de LENG, CUOC KEONG, aliás LING, KWOK KEUNG e ora registado a favor de LENG SAI VAI, sob a inscrição n.º 183295, do Livro G;

2) seja declarado para todos para todos os efeitos legais, nomeadamente de registo, que o falecido LENG, CUOC KEONG, aliás LING, KWOK KEUNG não era o dono e legítimo proprietário dos seguintes bens:

a) o alvará de táxi n.º 24/I/2004;b) o veículo automóvel ligeiro de passageiros, com a chapa de matrícula M-33-58;c) 1/5 da fracção autónoma designada por “A1” do 1.º andar “A”, para habitação, do

prédio sito em Macau, com o n.º 47, da Rua do Dr. Lourenço Pereira Marques, descrito na Conservatória do Registo Predial de Macau sob o n.º 12704, a fls. 54 do Livro B-34, inscrita na matriz predial da freguesia de S. Lourenço, sob o artigo 071496, registado anteriormente em nome de LENG, CUOC KEONG, aliás LING, KWOK KEUNG e ora registado a favor de LENG SAI VAI, sob a inscrição n.º 183295, do Livro G;

d) 1/5 da fracção autónoma designada por “B1” do 1.º andar “B”, para habitação, do prédio sito em Macau, com o n.º 45 a 47-A, da Rua do Dr. Lourenço Pereira Marques, descrito na Conservatória do Registo Predial de Macau sob o n.º 12704, a fls. 54 do Livro B-34, inscrita na matriz predial da freguesia de S. Lourenço, sob o artigo 071496, registado anteriormente em nome de LENG, CUOC KEONG, aliás LING, KWOK KEUNG e ora registado a favor de LENG SAI VAI, sob a inscrição n.º 183295, do Livro G;

3) seja ordenada à Conservatória do Registo Predial de Macau a prática de todos os actos de registo necessários ao cancelamento dos registos de aquisição por sucessão hereditária dos seguintes bens:

a) 1/5 da fracção autónoma designada por “A1” do 1.º andar “A”, para habitação, do prédio sito em Macau, com o n.º 47, da Rua do Dr. Lourenço Pereira Marques, descrito na Conservatória do Registo Predial de Macau sob o n.º 12704, a fls. 54 do Livro B-34, inscrita na matriz predial da freguesia de S. Lourenço, sob o artigo 071496, registada a favor de LENG SAI VAI, sob a inscrição n.º 183295, do Livro G;

b) 1/5 da fracção autónoma designada por “B1” do 1.º andar “B”, para habitação, do prédio sito em Macau, com o n.º 45 a 47-A, da Rua do Dr. Lourenço Pereira Marques, descrito na Conservatória do Registo Predial de Macau sob o n.º 12704, a fls. 54 do Livro B-34, inscrita na matriz predial da freguesia de S. Lourenço, sob o artigo 071496, registada a favor de LENG SAI VAI, sob a inscrição n.º 183295, do Livro G;

Conforme tudo melhor consta do duplicado da petição inicial que neste 2º Juízo Cível se encontra à sua disposição e que poderá ser levantado nesta secretaria nas horas normais de expediente, de que a falta da contestação, não implica o reconhecimento dos factos articulados pela autora e ainda que é obrigatória a constituição de advogado (nos termos do artº 74º do C.P.C.M.).

Macau, aos 28 de Junho de 2011.*****

CIENTISTAS ENCONTRAM FÓSSIL DE PRIMEIRA FÊMEA DE LAGARTO GRÁVIDA

Milhões de anos com bebés no ventreactualmente têm filhotes desta forma.

“Não pensei muito no fóssil quando o vi pela pri-meira vez”, disse a professora Susan Evans, do University College de Londres, uma das autoras da pesquisa. Uma ou-tra análise mais detalhada do colega de Evans, Yuan Wang, da Academia de Ciências da China, indicou que havia restos minúsculos de pelo menos 15 embriões quase totalmente desenvolvidos. “Quando examinei no mi-croscópio, pude ver todos estes bebés”, afirmou Evans. “Esta espécie é a mais antiga fêmea de lagarto grávida que já vimos.”

“Isto implica adaptações fisiológicas, como forneci-mento de sangue adequado para os embriões e casulos

muito finos, ou nenhum casulo, para permitir o fornecimento de oxigénio”, acrescentou a professora.

O fóssil está tão bem preservado que até os dentes minúsculos dos embriões podem ser vistos. A fêmea de lagarto foi identificada como uma espécie de Yabei-nosauro, um lagarto grande e relativamente primitivo. A pesquisa foi divulgada na revista especializada “Na-turwissenschaften”.

O fóssil veio do nordeste da China, de um grupo de rochas sedimentares famo-so, o Jehol, onde já foram encontradas centenas de espécies de dinossauros, peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Até o momento, os registos de restos como esse encontrado

recentemente apenas mos-travam exemplos de lagartos marinhos que podiam dar à luz a filhotes.

Cientistas pensavam que, em répteis extintos, esta forma de ter filhotes estava restrita apenas a espécies aquáticas, como o ictiossauro. Estas criaturas seriam capazes de se mover sem dificuldade pela água, mesmo durante a gra-videz. “Nós sabemos que este lagarto vivia perto da água e pensamos ser provável que pudessem nadar mesmo se vivessem em terra”, afirmou Evans. “Isto faria sentido, pois uma fêmea de lagarto grávida ficaria menos limitada por carregar os filhotes. Ela seria capaz de escapar para a água se um dinossauro faminto se aproximasse”, acrescentou a pesquisadora.

China, menos de um mês depois de o país ter festejado a inauguração de uma ligação de alta velocidade de 1300 quilómetros entre Pequim e Xangai.

O Governo anunciou que irá rever as condições técnicas da sua linha de alta velocidade, a maior do mundo, com mais de 8350 quilómetros, e da qual dependem milhares de chineses para se deslocarem para os locais de trabalho.

Para já, 58 ligações estão inope-racionais, embora o Governo – que não especificou tratar-se de linhas percorridas por comboios TGV ou de outra categoria – tenha garantido que voltarão a funcionar dentro de horas.

Na rede social chinesa Weibo,

segundo a agência Reuters, alguns internautas pediram a demissão do ministro com a pasta dos transportes ferroviários, mas a resposta do Gover-no foi o anuncio da saída de outros três responsáveis no sector que não Sheng Guangzu. Entre eles está o dirigente máximo pelas ferrovias no interior do Partido Comunista. O responsável pelas linhas ferroviárias de Xangai e o seu número dois perderam igualmente os seus postos.

No local do acidente, onde se junta-ram centenas de pessoas, esteve hoje o vice-presidente chinês, Zhang Dejiang, para acompanhar os trabalhos de investigação e assistência às vítimas, anunciou a agência estatal Xinhua.

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TERÇA-FEIRA 26.7.2011

3www.hojemacau.com.mo

China revê segurança das linhas de TGV

Alta velocidade a pente finoPOPULAÇÃO ASIÁTICANO BRASIL CRESCE 173%O Brasil viveu, na última década, uma explosão da população de origem asiática, explicada em grande parte pelo retorno de brasileiros que moravam no Japão e pela chegada de imigrantes vindos principalmente da China. Dados dos Censos de 2010 apontam 2,084 milhões de residentes no país que se declararam asiáticos - um aumento de 1,322 milhão de habitantes em relação ao ano 2000. Em dez anos, os asiáticos cresceram 173,7%. Embora a proporção ainda seja muito pequena, os orientais e os seus descendentes passaram de 0,45% para 1,09% da população.

EX-SUBDIRECTOR DA CHINA MOBILE CONDENADO À MORTEO ex-subdirector-geral da companhia estatal China Mobile Zhang Chunjiang foi condenado nesta sexta-feira à morte por corrupção, mas a pena pode ser comutada por cadeia perpétua se for comprovado bom comportamento durante dois ano. Um tribunal da província de Hebei ordenou ainda a privação dos seus direitos políticos e o confisco de todos os activos pessoais do ex-subdirector da China Mobile, a maior companhia de telefonia móvel do mundo por número de assinantes. Segundo a sentença, Zhang, de 53 anos, aceitou suborno no valor de 7,46 milhões de yuans entre 1994 e 2009 em diversas acusações, incluindo a do chefe do Partido Comunista da China (PCC) na companhia.

DIANTE da crise da dívi-da nos Estados Unidos

e na Europa, a economia chinesa parece vigorosa, mas o seu modelo de crescimen-to é muito dependente do investimento e do crédito, avaliam especialistas. Com 9,5% de crescimento no se-gundo trimestre e reservas internacionais que chegam a 3,2 triliões de dólares, a China, que retirou no ano passado ao Japão o posto de segunda maior economia mundial, parece ter conse-guido sair rapidamente das dificuldades engendradas pela crise financeira de 2008.

“A China representa uma parte importante da econo-mia mundial, e a sua taxa de crescimento é superior à do mundo desenvolvido, o que quer dizer que se fortalece, mas essa força é enganosa”, declarou à AFP Frase Howie, co-autor de um livro sobre

UMA pesquisa realizada por uma orga-nização não governamental chinesa revela que uma grande parte dos jovens infractores chineses justifica

os seus actos violentos na rua devido a proble-mas familiares. Segundo dados da Sociedade Chinesa de Prevenção da Delinquência Juvenil, a única associação especializada no tema na China, 41% dos jovens criminosos afirmam terem agido porque estavam com raiva dos pais e por acharem que chamariam atenção assim para os seus problemas.

“Os adolescentes queixam-se das suas famí-lias como primeiro impulsionador de actos delin-quentes. Afirmam que os pais não os entendem e que não lhes prestam a devida atenção”, aponta Cão Xuecheng, secretário-geral da Sociedade, em declarações ao jornal “China Daily”.

O estudo foi conduzido em instituições de correcção para menores e reformatórios de dez províncias chinesas, incluindo Pequim, Tianjin e Hunan, e contabilizou respostas de 966 rapazes e 239 raparigas. Cerca de 45% dos inquiridos não viviam nem se comunicavam com as famílias.

Os resultados também demonstram, em comparação com uma pesquisa similar efectua-da em 2004, que o número de jovens infractores filhos de trabalhadores migrantes aumentou significantemente. “Afectos insuficientes em casa criaram um enorme ressentimento nos jo-vens delinquentes. Pais divorciados e migrantes tiveram uma influência muito desfavorável ao desenvolvimento cívico dos filhos”, aponta o responsável.

Jovens criminosos usam família para justificar violações da lei

Ódio no lar, vingança na rua

ECONOMIA CHINESA, UM MODELO MAIS FRÁGIL DO QUE PARECE

Um tigre mesmo de papelo sistema financeiro chinês intitulado “O capitalismo vermelho”.

Como uma medida para combater as enormes perdas de empregos nas indústrias exportadoras no fim de 2008 e em 2009, Pequim abriu as válvulas do crédito para financiar a construção de estradas, de linhas de comboio de alta velocidade ou programas imobiliários, tudo isso destinado a reac-tivar a demanda interna. “Os bancos consideraram que os projectos de infra--estruturas não tinham risco porque estavam garantidos pelo Governo”, considera Patrick Chovanec, professor na Escola de Economia e

Administração da Univer-sidade Tsinghua, de Pequim.

Esse tipo de medida de reactivação “cria cresci-mento, mas também pro-blemas futuros em termos de más dívidas”, afirma este economista. As dívidas acumuladas pelas “plata-formas de financiamento” das municipalidades subiu oficialmente para 10,7 biliões de yuans, mas uma grande parte dos empréstimos está distribuída fora do circuito bancário.

Segundo a agência Fitch, o montante total dos novos empréstimos alcançará este ano 18 biliões de yuans, dos quais apenas 8 biliões distribuídos pelos bancos.

Segundo Chovanec, a de-pendência da China do crédito “tornou-se um novo modelo de crescimento, mas que não é duradouro”.

Em meio ao 12.º plano quinquenal, que ocorre de 2011 a 2015, o Governo chinês quer reequilibrar o crescimento, destinando uma parte mais importante ao consumo interno. Mas trimestre após trimestre os indicadores económicos continuam a mostrar um crescimento mais rápido do investimento e das exporta-ções, que do consumo.

“O modelo de cresci-mento da China tornou-se tão desequilibrado que será difícil mudá-lo”, afirma

Michael Pettis, professor da Universidade de Pequim. “Será muito difícil para a China crescer sem manter o investimento em níveis ele-vados, e o corolário será no longo prazo um crescimento insustentável da dívida.”

O Governo dispõe de poderosas alavancas para orientar o desenvolvimento económico. Controla e finan-cia a maioria das grandes empresas do país, e fixa o valor da moeda em relação ao dólar. Nesse sistema, as empresas estatais têm um melhor acesso ao crédito. Para muitos economistas, trata-se de uma má dis-tribuição dos recursos, já que o sector privado, mais

competitivo, é também a principal fonte de criação de emprego do país.

“As empresas do Estado são muito mais poderosas que no passado”, estima Richard McGregor, autor de “A partida, o mundo se-creto dos líderes comunistas chineses”. Mas se o Estado “tornou-se momentanea-mente mais forte, não é certo que isso seja um fenómeno duradouro.”

Se o mundo desenvolvi-do tiver de enfrentar uma nova crise, a China poderá aplicar actualmente a mes-ma receita de 2008? Segundo Howie, “a China pode po-tencializar a sua actividade interna no curto prazo”, mediante projectos não muito rentáveis, mas “no fim das contas isso constituirá um desperdício de recursos e o modelo terminará por fracassar”.

Li Meijin, uma das psicólogas criminais mais famosos da China, também culpa os pais pelo aumento da delinquência infantil e juvenil no país. “A partir do momento que uma criança completa dez anos, a influência dos pais é de extrema importância. As crianças precisam de uma ajuda especial, mas a maioria dos adultos está a tratar de ganhar dinheiro em vez de passar tempo de qualidade com os filhos em casa”, criticou.

Tradicionalmente, as famílias chinesas acreditam que dar uma boa vida aos filhos significa não lhes deixar faltar nada em termos materiais – e é, de certa firma, uma demons-tração de amor e carinho. No entanto, para dar aos filhos uma boa vida, os pais têm passado cada vez mais horas longe de casa a trabalhar, deixando os filhos ao cuidados dos avós ou de outros encarregados, relegando para último plano a comunicação. “Acho que devem ser os próprios pais a tomarem conta das suas crianças para evitar problemas de personalidade e mau comportamento no futuro”, explica a psicóloga.

Sang Biao, professor da Escola de Psicologia e Ciência Cognitiva da Universidade Normal do Leste da China, concorda com Li Meijin e reforça a ideia de que os jovens precisam sentir que têm com quem falar dentro de casa. “A maior parte dos jovens delinquentes não vive com os pais, não tem qualquer tipo de comunicação e supervisão dos progenitores. É claro que isso não é benéfico”, assinala. A consequência mais drástica é o desvio comportamental e psicoló-gico dos jovens, que acabam por levá-los para o caminho da violência como forma de expressão.

Ambos os especialistas sugerem que o Governo garante através de uma legislação a obrigatoriedade dos pais viverem com os filhos especialmente na pré-adolescência, obrigação que, segundo eles, deveria ser ainda mais rígida para os trabalhadores migrantes. “Espero que uma lei possa evitar que os pais se preocupem mais com o dinheiro do que com os próprios filhos”, opina Li.

O intitulado Centro de Ciência de Macau, desde o dia da sua inauguração (se bem me lembro, ainda antes) continua a causar polémica. Agora é o Comissariado da Auditoria (CA) a apontar problemas de segurança e a desconfiar da maneira como foram feitos os concursos para as salas de exposição. Estranha forma de vida tem este nosso centro de ciência. Vejam lá o ‘feng shui’. Helder Fernando, P.15

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TERÇA-FEIRA 26.7.2011

4www.hojemacau.com.mo POLÍTICA

Joana [email protected]

A questão da avaliação foi um dos temas levanta-dos durante a reunião de ontem, a segunda que

reuniu deputados da 2.ª Comissão Permanente da AL e representantes do Executivo na análise à Lei do Quadro Geral do Pessoal Docente das Escolas Particulares do Ensino Não Superior. Se, de acordo com a proposta, os professores têm de ser submetidos a avaliação, já os directores das instituições ficam isentos dela, salvo se definido pelo próprio regulamento da escola. Os deputados discordam da decisão, já que caracterizam a função de gestor como “de extrema importância”.

Chan Chak Mo, presidente da 2.ª Comissão, diz que ainda não está decidido se os directores serão ou não alvo de avaliação, mas em caso afirmativo será necessário “criar um regime aplicável aos directores”, que podem também leccionar.

Quanto ao Conselho Profissio-

Deputados querem directores das escolas sujeitos à apreciação de Conselho

Avaliação quando nasce é para todosÉ o que pedem os membros da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL). A reacção dos deputados chega devido aos professo-res serem obrigatoriamente submetidos à apreciação do Conselho de Avaliação mas os directores estarem isentos. A reunião de ontem em sede de comissão ficou ainda a conhecer uma decisão do Executivo: os docentes não podem leccionar a tempo inteiro com mais de 65 anos, mas podem fazê-lo em ‘part-time’. O problema é que isto vai contra o contemplado na Lei das Relações do Trabalho

nal do Pessoal Docente - um grupo de 13 pessoas, entre dirigentes escolares, membros de associações educativas, quatro professores e representantes da DSEJ -, encar-regue, por exemplo, de analisar as impugnações aos professores. O facto de serem apenas quatro os professores que constituem o Conselho faz com que “não sejam suficientes os docentes para que se possam realmente fazer ouvir”, se-gundo os deputados, que pediram na altura da aprovação geral da lei “mecanismos de reclamação”.

Recorrer a outra instância exte-rior à escola fica, no entanto, fora dos planos, já que de acordo com o Governo “[o Conselho] é um me-canismo suficiente e com condições de salvaguardar os interesses dos professores”.

O Executivo considera que as en-tidades externas não sabem o que se passa dentro das escolas para avaliar uma segunda vez os professores. O Conselho Profissional pode aceitar eventuais reclamações dos docentes e emitir um parecer que é reenviado

à instituição educativa. Mas a de-cisão final cabe sempre à escola. O Governo avança apenas que podem ser emitidas normas ou instruções de avaliação, mas assegura que o Conselho é suficiente.

Na semana passada, esta já tinha sido uma das dúvidas levan-tadas pelos deputados. Na altura, o Executivo justificou que este era um assunto a ser deixado a cargo do Conselho de Administração das escolas, dependendo também do regulamento de cada instituição.

Depois de, na quarta-feira passa-da, o primeiro encontro entre mem-bros da comissão e representantes do Executivo ter sido infrutífera – mais de três horas de discussão sem que houvesse qualquer resposta às dú-vidas levantadas pelos deputados - , Chan Chak Mo revelou ontem terem sido “esclarecidas algumas dúvidas”.

O presidente da 2.ª Comissão explicou aos jornalistas que o teor da segunda reunião com o Gover-no, além do regime de avaliação, se prendeu ainda com outras das questões mais polémicas, que passam, por exemplo, pela imple-mentação de um limite de 65 anos para leccionar e pela existência ou não de retroactividade para os benefícios dos professores.

SEIS DÉCADAS E REFORMAO pessoal docente com mais de 65 anos não vai poder exercer a tempo inteiro após a entrada em vigor da lei do “Quadro Geral do Pessoal Docente das Escolas Particulares”. Esta foi uma das poucas decisões manifestadas pelo Governo ontem em sede da 2.ª Comissão.

Chan Chak Mo frisou que o Governo decidiu manter o limite máximo de 65 anos para que todo o pessoal docente, incluindo direc-tores, possam exercer a sua função. “A ideia [do Executivo] era proibir

apenas o trabalho a tempo inteiro, mas eles podem trabalhar a tempo parcial”, avançou o presidente.

Esta é, contudo, uma contradição com a actual Lei das Relações do Trabalho, que impede precisamente o trabalho a ‘part-time’. Na passada reunião, a 20 de Julho, Chan Chak Mo já tinha salientado este problema: “Esta proposta foi escrita antes da execução da nova Lei Laboral que simplesmente não faz distinção entre regimes. Diz que toda a gente traba-lha a tempo inteiro por isso têm de ser pagos de acordo com esse estatuto”, disse na altura o presidente.

O facto de 65 anos ser a idade fixada para os funcionários da função pública do território está a contribuir para que o limite seja também impos-to ao pessoal docente. O Governo acredita que “os professores têm uma grande exigência física e psíquica e a uma determinada idade não convém exercer funções a tempo inteiro”. Na altura da aprovação na generalidade da lei, os deputados manifestaram-se contra esta decisão, acusando-a como algo que pode violar a Lei Básica quanto à liberdade de ensino.

Chan Chak Mo frisa mesmo que até se pode esperar o término do contrato para que o pessoal deixe de exercer, ainda mais agora que os contratos são concretizados anualmente.

RESERVAS E BENEFÍCIOS A análise aos 35 primeiros artigos da proposta deu ainda lugar para a discussão sobre a reserva de 70% do total das despesas escolares para

a remuneração dos professores, mes-mo nas escolas não inerentes à rede pública do território. Na AL, os de-putados manifestaram-se contra esta medida, até porque estas instituições não recebem apoios financeiros do Governo, mas o Executivo não recua na decisão: devem ficar incluídas e esta questão “reuniu já o consenso do sector educativo”.

Também se o regime de retro-actividade deve ou não inserir-se no Fundo de Previdência e nos cuidados de saúde gratuitos, depois da entrada em vigor da lei, “é algo a pensar”, ressalva o Governo, apesar dos deputados alertaram para o facto de esta decisão poder “impli-car muita confusão nos direitos e deveres dos docentes”. Segundo o Governo, os professores no regime de aposentação poderiam gozar dos benefícios dos retroactivos mas “iam ser avançadas outras soluções”, disse Chan Chak Mo que ressalva, no entanto, que a Administração ainda não apresentou nenhuma delas.

A lei do “Quadro Geral do Pessoal Docente das Escolas Par-ticulares do Ensino Não Superior” foi aprovada na generalidade em Junho na AL. A entrada em vigor estava inicialmente prevista para Setembro do próximo ano, mas o Executivo decidiu antecipá-la, pelo que a questão da retroactividade está no seio da discussão.

A próxima reunião está agen-dada para quinta-feira. O Governo aceita que o articulado pode ser melhorado e comprometeu-se a es-tudar as sugestões dos deputados.

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GOVERNO CRITICADO POR DESCURARREGULAMENTAÇÃO DE COMBATE AO FOGO

Desactualização incendiáriaVirginia [email protected]

HÁ mais de uma década que o “Regulamento

de Segurança Contra In-cêndios” não é actualizado, protestou Kwan Tsui Hang. Recentemente, têm-se suce-dido os casos de incêndio com origem em mão cri-minosa, especialmente no norte do território, observou a deputada da Assembleia Legislativa (AL). Além disso, há cada vez mais edifícios de grande altura, que vão surgindo como cogumelos, ao ritmo do desenvolvi-mento de Macau. Perante este cenário, conclui Kwan, a legislação actual está ul-trapassada.

Kwan Tsui Hang, depu-tada eleita directamente para a AL em representação da tradicionalista União Para o Desenvolvimento (UPD), apresentou uma interpela-ção escrita a questionar em que pé estavam os progres-sos nos trabalhos legislativos respectivos e qual a razão para o Governo andar há oito anos sem conseguir finalizar a proposta de ajustamento para o “Regulamento de Se-gurança Contra Incêndios”.

O Governo, admitiu a parlamentar, já estabeleceu grupos de trabalho para se dedicarem ao “Regula-mento de Segurança Contra Incêndios” e darem início aos trabalhos de ajuste da

NOVO GUIA DE PERCURSOS DE AUTOCARROS DISPONIBILIZADO PELA DSATChama-se Guia dos Percursos dos Autocarros Públicos de Macau e foi emitida pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT). A nova publicação está disponível para levantamento gratuito, na Área de Atendimento da DSAT, Centro de Informações ao Público, Centro de Serviços da RAEM, Centro de Prestação de Serviços ao Público das Ilhas, balcões de informação turística da Direcção dos Serviços de Turismo e no interior dos autocarros, a partir de hoje. O objectivo é que o público conheça o funcionamento do novo modelo de autocarros, que entra em funcionamento a 1 de Agosto. A edição está disponível em português e chinês.

legislação à situação cor-rente, mas os atrasos têm sido gritantes. De acordo com Kwan Tsui Hang, é no mínimo criticável que uma legislação de cariz tão im-portante para a segurança das pessoas se tenha vindo a arrastar durante anos e que o Governo esteja a mastigar o processo de consulta pública sobre a proposta ajustada durante 40 dias. A deputada lembra que Lao Si Io, secre-tário para os Transportes e Obras Públicas, prometeu submeter o “Regulamento de Segurança Contra Incên-

dios” a processo legislativo antes do terceiro trimestre do ano passado, e critica o facto de não haver quaisquer avanços observáveis na legislação do regulamento.

Durante os primeiros seis meses deste ano, registaram--se 542 situações de incêndio em que o Corpo de Bombei-ros foi chamado a intervir. O número representa uma ligeira diminuição se com-parado com as 545 ocorrên-cias registadas no primeiro semestre de 2010. Em média, aconteceram mensalmente 90 casos de incêndio.

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FILI

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SOCIEDADE

Filipa [email protected]

AFINAL o Hotel Estoril não está abandonado.

Contactado pelo Hoje Macau, os Serviços de Finanças, res-ponsável pelo velho edifício no Tap Seac, garantem que o edifício não foi deixado “ao Deus dará”. “O edifício não está ‘abandonado’, como foi noticiado e declarado pelo deputado Chan Wai Chi”, afir-mou William Au, porta-voz do organismo governamental. “Na verdade, o departamento de polícia tem vindo a utilizar este local como base temporá-ria”, continuou.

O Hotel Estoril tem vindo a ser utilizado para treinos da Policia de Segurança Pública

Virginia [email protected]

O impulso da indústria do jogo à economia de Macau permitiu a actual situação de desafogo económico

e baixa taxa de desemprego que se vive no território. Ironia da história: com os salários a aumentarem, os preços, nomeadamente dos alimen-tos, sobem também, fazendo com que o custo de vida suba de forma proporcional e, nalguns casos até superior, ao aumento dos rendimen-tos. Cada vez mais comum parece ser a prática de discutir o preço com o vendedor, até mesmo na hora de comprar comida.

No mês passado, o Índice de Preços no Consumidor (IPC) su-biu 5,65% em comparação com o mesmo mês no ano passado e a escalada não deve ficar por aqui. Já a taxa de inflação dos 12 meses terminados em Junho em relação aos 12 meses imediatamente ante-riores cresceu 4,34%.

“A inflação agora está realmen-te incontrolável”, protesta ao Hoje Macau Cheong, uma dona de casa de 66 anos. “Tudo está a aumentar de preço. Antes, eu apenas gastava 300 patacas por semana a comprar comida, mas agora se quisermos ter refeições melhores temos de gastar cerca de 400 patacas por semana”, queixa-se, explicando também que antigamente costumava comprar algum peixe ou um frango por se-mana para preparar as refeições lá em casa. Mas agora, passou a fazê--lo apenas a cada duas semanas.

“Toda a gente está a ser afectada pela inflação”, considera Kong, proprietária de uma loja no Merca-do Vermelho. “Como importamos

POLÍCIA TEM USADO HOTEL ESTORIL PARA TREINOS

Afinal ainda mexe

Cada vez mais pessoas a regatear na hora de comprar comida

A insaciável inflação

(PSP) nos últimos três anos por períodos limitados de tempo. Mais precisamente de Março a Dezembro de 2009, de Março a Setembro de 2010 e de Janeiro a Junho de 2011. “Além disso têm sido realiza-das inspecções regulares ao edifício, que inclusive serão continuadas e reforçadas no futuro”, salientou Au.

A PSP confirma que esporadicamente o prédio é requisitado às Finanças para ser utilizado para trei-nos. “Depois devolvemos”, explicou Cindy Chong, subcomissária da polícia. Chong explicou que o edifício vazio “é utilizado como tantos outros no território”, sem especificar quais. A última vez que a

PSP utilizou o antigo Hotel Estoril foi no início do ano, contou a responsável, que admite a hipótese de não voltarem a utilizar o local porque “é preciso variar”.

Chong não explicou que tipo de exercícios eram leva-dos a cabo no velho edifício sobre o qual Paul Chan Wai Chi pediu recentemente satisfações ao Governo. O deputado questionou a Ad-ministração sobre os planos para o edifício, alegando que a população se tem mostrado preocupada com a transformação do local em “residência para sem--abrigo e um lugar usado para o consumo de droga”. O Executivo ainda não se pronunciou sobre o assunto.

produtos da China e a taxa de câmbio está elevada, torna-se caro para nós importar esses bens. Para alguns alimentos, como os legu-mes, o preço está agora no dobro ou triplo do que era antes. Perante esta situação, explica, muitas pessoas não têm alternativa senão regatear para tentar conseguir um desconto. “Muitos regateiam e resmungam que o preço está muito alto”, afirma, admitindo compreender a atitude dos clientes, mas lamentan-do muitas vezes não poder baixar

o preço, uma vez que já compra os produtos a preços elevados.

A situação relatada por Wong, um vendedor de frangos do Mer-cado Vermelho, é semelhante. “Normalmente, temos clientes do-mésticos que vêm comprar frango com regularidade para preparar os seus pratos ou sopas. É óbvio que os clientes estão a comprar com menos frequência devido à inflação. Muitos deles vinham comprar um frango por semana ou duas vezes por semana, mas agora estão a aparecer só uma

vez a cada duas semanas”, assinalou, observando que os clientes resmun-gam cada vez mais que os preços estão muito altos.

E para o peixe e marisco a situação não é diferente. “Temos tido dificuldades para importar marisco ou peixe”, queixou-se Iun, vendedora de frutos do mar no Mercado Vermelho. “Não há oferta suficiente e, os preços agora estão altos porque temos de os aumentar para poder comprar o marisco. Os clientes normalmente regateiam o

marisco e, às vezes, vão-se embora sem comprar nada porque não lhes oferecemos um desconto”, lamen-tou, explicando que nem sempre é possível baixar o preço porque está muito caro actualmente comprar os produtos dos pescadores.

O economista Albano Martins acredita que a situação ficará pior até ao fim deste ano. “Feitas as contas é impossível a inflação ser inferior a 5%. A crescer neste ritmo teremos valores de 6,33% no final do ano”, referiu ao Hoje Macau.

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FOI ontem publicada em Boletim Oficial a extinção da Escola Primária

Luso-Chinesa de Tamagnini Barbosa, uma das poucas instituições que ensi-nava a língua portuguesa no território. O encerramento da escola já se deu no início do ano, mas é em Setembro que o velho edifício da Tamagnini Barbosa vai ser apresentado como Escola Oficial Zheng Guanying.

Criada para entrar em funcionamento no ano lectivo de 1987/88, a escola Luso--Chinesa ministrava o ensino primário com a vertente de aprendizagem de ambas as línguas e podia mesmo, leccionar educa-ção pré-escolar a crianças de três e quatro anos de idade.

No início do ano, a escola encerrou para ver “uma secção” ser remodelada e uma outra construída, disse ao Hoje Macau a porta-voz oficial da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ). No total e segundo dados disponibilizados pela DSEJ, as obras de remodelação contabilizaram-se em 2,11 milhões de patacas e a construção do novo edifício – multifuncional – ficou orçada em 39 milhões de patacas.

A Escola Oficial Zheng Guanying entra em funcionamento em Setembro,

com alguns dos professores da antiga luso-chinesa a inserirem a nova equipa e “outros a serem recolocados noutras escolas públicas”. Segundo a porta-voz da DSEJ, “nenhum dos docentes ficou sem trabalho”.

Ainda de acordo com a DSEJ, os bens móveis da escola Luso-Chinesa vão ser transferidos para o novo edifício, mas “existindo alguns muito velhos”, a enti-dade apostou ainda 300 mil patacas em equipamentos.

Apesar de se comprometerem a man-ter aulas em língua portuguesa, o “ênfase vai ser dado ao ensino do mandarim”, com esta língua a ser o “principal instru-mento para leccionar” a par do cantonês, de acordo com dados da DSEJ fornecidos ao Hoje Macau.

São já 122 os alunos inscritos na nova escola, que conta com oito professores a tempo inteiro e três a ‘part-time’. A insti-tuição vão oferecer classes de pré-escolar e ensino primário, mas a partir do ano lectivo 2015/2016 pode vir a ministrar ensino secundário. Segundo a DSEJ, os outros edifícios ainda encerrados da antiga luso-chinesa vão também sofrer obras de remodelação. – J.F.

Virginia [email protected]

AS altas pressões sociais a que estão sujeitos os habi-tantes, e às quais

não é alheio o rápido cresci-mento económico de Macau, estão na base do aparecimen-to de distúrbios emocionais e pensamentos suicidas. Esta a principal conclusão apresentada no “Fórum Ma-cau – A vida tem sentido”, organizado anteontem pela associação Convergência da Sabedoria de Macau. O Governo foi aconselhado a encarar de frente o problema do suicídio e disponibilizar mais recursos no aumento do apoio ao aconselhamen-to psicológico, de forma a reduzir a disseminação de emoções negativas na co-munidade.

Relativamente aos casos de suicídio verificados nos últimos anos, a maioria das vítimas era constituída por adolescentes ou funcioná-

LUSO-CHINESA SUBSTITUÍDA POR ESCOLA DE ENSINO CHINÊS

Investidos 41 milhõese alterado o nome

Aconselhamento psicológico para combater distúrbios emocionais

Pressão social leva ao suicídiorios castigados. Chan Cheuk Wah, director de investiga-ção política da Convergência da Sabedoria de Macau, referiu que, tendo em conta o rápido crescimento da eco-nomia, os cidadãos que pre-cisam trabalhar por turnos modificaram o seu modo de vida e têm dificuldades em encontrar canais para expri-mir as suas emoções quan-do se sentem deprimidos. Assim, surge um aumento dos residentes à procura do aconselhamento psicológico dos assistentes sociais. Mas o Governo, considera, não tem fornecido a força e os recur-sos necessários aos trabalhos de reabilitação psiquiátrica e aconselhamento psicológi-co. O responsável aconselha por isso o Executivo a utilizar

os fundos públicos de forma adequada e planear melhor a distribuição dos recursos necessários à prestação do devido apoio aos cidadãos que dele precisem.

Os recentes casos de suicídio, além do impacte negativo considerável que tiveram sobre a comunida-de, não podem de maneira nenhuma ser considerados casos isolados, alertou Chu Men Lap, vice-presidente da Associação Promotora de Saúde de Macau, que sugeriu ao Governo: crie um centro de prevenção do suicídio, para prestar assis-tência às pessoas que têm pensamentos de cometer suicídio. Além disso, o Chu recomendou a preparação de mais profissionais para

os serviços competentes, de forma a atingir maior efectividade na prevenção.

Alguns residentes que participaram no fórum ma-nifestaram a ideia de que os adolescentes de hoje apresentavam uma baixa capacidade de resistência

e não eram capazes de resolver problemas ou sair das dificuldades pelos seus próprios meios, e se alguma coisa não satisfizesse os seus indicadores, eles podiam gerar pensamentos suicidas. Os cidadãos intervenientes apelaram ao Governo e às

INCÊNDIO NO CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO DA CASA DE MACAU EM LISBOA O Regimento de Sapadores de Bombeiros de Lisboa acorreu neste domingo a um incêndio no Centro de Documentação da Fundação Casa de Macau, na Praça do Príncipe Real, em Lisboa. O fogo começou na chaminé do edifício, tendo os bombeiros extinguido rapidamente o incêndio, que não provocou feridos ou danos materiais. No total, intervieram na ocorrência 15 bombeiros e foram utilizadas quatro viaturas dos Sapadores.

associações para que ajudas-sem a aumentar a capacida-de de resistência dos jovens e prestassem mais apoio emocional, de forma a redu-zir as suas ideias de suicídio.

Os jovens de hoje têm melhores condições do que tinham as gerações anterio-res, mas menos experiência de vida, pelo que dirigem os seus pensamentos para direcções negativas quando se deparam com frustrações, observou Tong Noi Tong. O comentador político suge-riu que o Governo deveria considerar a introdução de aulas de educação para a vida na escola primária, para incentivar os mais novos a perceberem o sentido e as metas da vida.

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8www.hojemacau.com.mo vida

MERGULHADORES VÃO LIMPAR O FUNDO DO MAR JUNTO AO PORTO DA ERICEIRAQuarenta mergulhadores voluntários vão tentar recolher entre 200 a 300 quilos de lixo no mar junto ao Porto da Ericeira, numa acção de limpeza subaquática inédita no local prevista para o dia 31. “Depois da inauguração do pontão, pensámos em promover esta acção de limpeza também para sensibilizar os pescadores e prevemos recolher 200 a 300 quilos de lixo do fundo do mar”, disse à Lusa Hugo Silva Lopes, do Grupo de Amigos do Mergulho da Ericeira, que organiza a iniciativa. O mergulhador adiantou que a zona já foi observada e fotografada e está “cheia de lixo”, desde sacos de plástico, garrafas até redes de pesca. A iniciativa deverá contar com a participação de 40 mergulhadores voluntários e com o apoio de dois barcos e de uma embarcação dos bombeiros da Ericeira.

Planetaem números

é a quantidade em litros de Óleos Alimentares usados que foram recolhidos pela Empresa Municipal de Ambiente de Cascais desde Setembro de 2010. Nos próximos seis meses, a capacidade de recolha será duplicada pela instalação de mais 20 oleões.

Associações criticam falta de apoios para transportes verdes

Andar sem poluir ainda é uma miragemVirginia [email protected]

UMA semana depois do Governo ter anun-ciado a criação do Fundo para a Protec-

ção Ambiental e Conservação Energética (FPACE), que entrará em vigor em Setembro com um investimento inicial de 200 milhões de patacas, associações amigas do ambiente de Macau criticam o facto dos veículos ver-des não merecerem mais apoios.

Chio Kam Long, presidente da Associação Internacional de Veículos Verdes de Macau, acredita que o aumento da im-portação de carros, motociclos e autocarros movidos a energia eléctrica teria um impacto muito significante na construção de uma cidade de baixo carbono. O responsável usa o exemplo de cidades e regiões vizinhas que têm feito um crescente esforço na implementação de políticas de poupança de energia, reduzindo a sua dependência de combustí-

A crise nuclear no Japão é, cada vez mais, uma crise

energética. Além do problema da segurança das centrais, o país, com 70% dos reactores parados, tem de responder ao aumento dos consumos no Verão.

No final de Junho, quando Tóquio registou temperaturas de 35ºC, a Tepco (Tokyo Elec-tric Power) disse ao “Financial Times” que poderia ter de comprar energia a unidades de outras províncias.

A capital já sabe como é ficar sem electricidade. Nas semanas a seguir ao tsunami, a 11 de Março, foram realizados apagões controlados, suspen-dendo o funcionamento de comboios e semáforos.

Agora, o desafio é garantir o abastecimento energético nesta época do ano, a mais quente.

Ontem, o governador de

9000

JAPÃO TEM 70% DOS SEUS REACTORES NUCLEARES PARADOS

Centrais vão continuar a fecharTóquio, Shintaro Ishihara, revelou que vai ser construída uma central a gás natural, na Baía de Tóquio, para lidar com a falta de electricidade, noticia a agência de notícias japonesa Jiji. A unidade, de um milhão de quilowatts, terá capacidade equivalente a um reactor nuclear.

Além disso, o Governo aprovou ontem um conjunto de reformas para facilitar a instalação de parques eólicos no país e aumentar a quota das energias renováveis.

De momento, 37 reacto-res nucleares dos 54 do país estão parados. A Agência de Segurança Nuclear japonesa

ordenou hoje mais testes de resistência a todas as centrais, uma decisão que poderá adiar a sua entrada em funciona-mento. Cidadãos e empresas foram chamados a maiores poupanças de electricidade.

Dos 17 reactores ainda a funcionar, um vai ser fechado hoje e três em Agosto, para a realização de testes. Outros cinco encerram no Outono, seis no Inverno e dois na Primavera de 2012, segundo a estação de televisão NHK. Nessa altura, o país arrisca-se a ficar sem reactores no activo, salienta a televisão.

Ontem, duas companhias de energia japonesas - a Kan-sai Electric Power e a Chubu Electric Power - pediram ao Governo a extensão do período de vida dos reactores de duas centrais, revelou a agência Reuters.

veis fósseis para mover os seus veículos. “Gradualmente, mas a partir de já, deve haver uma forte aposta no uso de transporte ami-go do ambiente. Só assim vamos começar a mudar a consciência da população e a despertar a dis-cussão do problema”, apontou.

Para Chio, os veículos eléc-tricos são perfeitos para Macau – não poluem, não fazem barulho e não destroem o meio ambiente do território. O carregamento já pode ser feito em cerca de hora e meia na estação existente na ave-nida Almeida Ribeiro, mas, frisa o responsável, é preciso também ampliar a oferta de carregamen-tos em mais pontos da cidade. “Os carros verdes alcançam os 80 quilómetros por hora, uma velocidade ideal para se andar por Macau”, acrescentou.

A senhora Lao, gerente de um stand de motos japonesas, afirma que já importou uma série de motociclos amigos do ambiente e que já vendeu 20 unidades desde o início deste ano. Mas para ele o Executivo

tem feito muito pouco pela di-vulgação dos benefícios deste tipo de transporte – há apenas uma estação de carregamento e os grandes stands de carros não planeiam avançar para a iniciativa devido ao pequeno interesse dos consumidores do território nesse tipo de veículos.

Contudo, a gerente ressalta que tem sentido uma maior consciência por parte dos resi-dentes para as questões ecoló-gicas. Há cada vez mais pessoas a entrarem no seu stand e a perguntarem informações sobre as motos verdes. “Mas torcem o nariz ao saber que não há esta-

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MERGULHADORES VÃO LIMPAR O FUNDO DO MAR JUNTO AO PORTO DA ERICEIRAQuarenta mergulhadores voluntários vão tentar recolher entre 200 a 300 quilos de lixo no mar junto ao Porto da Ericeira, numa acção de limpeza subaquática inédita no local prevista para o dia 31. “Depois da inauguração do pontão, pensámos em promover esta acção de limpeza também para sensibilizar os pescadores e prevemos recolher 200 a 300 quilos de lixo do fundo do mar”, disse à Lusa Hugo Silva Lopes, do Grupo de Amigos do Mergulho da Ericeira, que organiza a iniciativa. O mergulhador adiantou que a zona já foi observada e fotografada e está “cheia de lixo”, desde sacos de plástico, garrafas até redes de pesca. A iniciativa deverá contar com a participação de 40 mergulhadores voluntários e com o apoio de dois barcos e de uma embarcação dos bombeiros da Ericeira.

Clickecológico

GELADO PARA REFRESCAR• Um urso polar lambe um gelado no Tianjin Polar Aquarium, no Norte da China. Os gelados são feitos especialmente para ajudar os animais a manter a temperatura normal do corpo. Os enormes cubos de gelo têm dentro fruta e vegetais e servem ainda para tornar os ursos mais activos.

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PRIMEIRO CARRO ELÉCTRICO FAMILIAR LANÇADO ESTA SEMANA NA HOLANDA

Para todos e amigo do ambiente

Associações criticam falta de apoios para transportes verdes

Andar sem poluir ainda é uma miragem

CHAMA-SE Opel Am-pera e foi apresentado

esta semana na Holanda. É o primeiro carro eléctrico familiar e o preço ronda os 43 mil euros. A angústia do limite da autonomia do carro eléctrico está ultra-passada. Ou, pelo menos, começa a deixar de ser uma preocupação.

A única que ainda resta é o elevado preço dos car-ros eléctricos em geral, e o Opel Ampera não foge à regra: 42.900 euros (cerca de 500 mil patacas). Pode percorrer uma distância de 500 quilómetros em total segurança (contra 160 dos concorrentes já no mercado) e com custos que dão que

pensar: 3,2 euros por cada 100 quilómetros - contra uma média de 7,25 euros aos 100 quilómetros num carro a gasóleo.

Este eléctrico que agora chega ao mercado, tem um pequeno motor a combus-tão (gasolina) a ajudá-lo. Não é um carro híbrido, mas sim um eléctrico com ex-

tensor de autonomia - e está assim oficialmente inaugu-rado um novo segmento automóvel na mobilidade sustentável.

O veículo atinge a veloci-dade máxima de 161 quiló-metros por hora e consome 1,6 litro de gasolina aos 100 quilómetros e tem lotação para quatro pessoas.

tem feito muito pouco pela di-vulgação dos benefícios deste tipo de transporte – há apenas uma estação de carregamento e os grandes stands de carros não planeiam avançar para a iniciativa devido ao pequeno interesse dos consumidores do território nesse tipo de veículos.

Contudo, a gerente ressalta que tem sentido uma maior consciência por parte dos resi-dentes para as questões ecoló-gicas. Há cada vez mais pessoas a entrarem no seu stand e a perguntarem informações sobre as motos verdes. “Mas torcem o nariz ao saber que não há esta-

ções de carregamento por toda a cidade, o que me tem dificultado imenso as vendas”, assinalou.

Leong Pou U, membro do Conselho Consultivo do Ambiente, indicou que o novo Fundo criado pelo Executivo será basicamente dedicado a as-sociações e organizações, o que não irá beneficiar directamente a população e poderá, inversa-mente, restringir a popularidade da poupança energética. Portan-to, Leong espera que o Governo acelere a definição das direcções a serem tomadas numa próxima fase do Fundo. “O Executivo deve também considerar melho-

rar os requisitos de candidatura e detalhar o que é esperado dos candidatos de forma a reduzir burocracias e agilizar a atribuição de verbas”, notou.

Com a criação deste Fundo, o Governo tem como principal objectivo conceder apoio finan-ceiro às empresas comerciais e às associações de Macau para a aquisição e substituição de produtos e equipamentos de protecção ambiental e de poupança de energia. O apoio financeiro a conceder por cada pedido é o correspondente a 80% do montante total dos produtos e equipamentos adquiridos ou substituídos pelos beneficiários, não podendo exceder o limite máximo de 500 mil patacas.

De acordo com estatísticas da DSPA, o maior número de queixas sobre poluição refere-se à emissão de fumos e cheiros pelos estabelecimentos de restauração bem como de gases provenientes das oficinas e fábricas, o que re-presenta 60% do total das queixas que chegam à DSPA.

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10www.hojemacau.com.mo CULTURA

PRÉ-PUBLICAÇÃO DO LIVRO “TRAMA E EMOÇÃO: MANUEL VICENTE” A SER LANÇADO EM LISBOA

“Made in Macao”: Pop goes Manuel Vicente!Jorge Figueira*[email protected]

MANUEL Vicente é um ar-quitecto pop a trabalhar na

China desde os anos 1960, mais propriamente em Macau – até 1999 território sob administração portuguesa. Esta declaração, no essencial objectiva, revela um dos cenários mais particulares da arquitectura contemporânea, mesmo para lá do destino portu-guês. É neste quadro, e tocando apenas ao de leve nos seus con-tornos, que escrevo.

Na cultura arquitectónica dos anos 1960, a ânsia do “novo” é trocada por um realismo que tem na América o epicentro. Daí decorre o activismo de Jane Jacobs mas também as propostas de Robert Venturi. Como diz Andy Warhol, a América vive especialmente instigada pelo “right now”. Com a cada vez maior centralidade da cultura popular, o “novo” é trocado pela “novidade”, aquilo que se vai conquistando quotidianamente. O “novo” era um império com ramificações sísmicas na vida das sociedades; a “novidade” é aquilo que a vai aclimatando num direcção imprecisa. Os ma-nifestos são trocados pelas charts; a escrita poética de Louis Kahn impõe-se ao texto ideológico do arquitecto moderno. Manuel Vi-cente trabalha entre 1968 e 1969 com Kahn, mas está já na direcção de Venturi e Denise Scott Brown que a partir dos mesmos anos começam a frequentar Las Vegas.

Carlos [email protected]

HÁ uma convicção que acompanha a produção historigráfica arqui-tectónica, a de que a interpretação de Manuel Vicente do legado

modernista se traduziu, em Macau, num fulgor de tal modo criativo que a sua obra se inscreve hoje com ambição paradigmática na história da arquitectura portuguesa.

Se à heterodoxia do arquitecto cor-respondeu a fundação de uma escola, ou apenas de um grupo, por oposição à prática e ao pensamento da escola do Porto, é disputa que a literatura do género

acabará por arrumar, por obsoleta, na grande prateleira da pós-modernidade.

A questão surgiu a propósito da expo-sição “Manuel Vicente: Trama e Emoção” que está em mostra no Museu do Oriente, em Lisboa, até 7 de Agosto e que percorre cinquenta anos da obra do arquitecto inte-grando ainda um conjunto de cinco filmes, da autoria de Jorge Figueira e José Maçãs de Carvalho, realizados em Macau, e aqui ainda inéditos, realizados nos primeiros meses deste ano. Trata-se uma reflexão experimentalista sobre a arquitectura de Vicente enquanto testemunho dos anos derradeiros do domínio português no território. O testemunho assume uma

dimensão religiosa, como refere o próprio, no diálogo que tenta estabelecer entre latitudes antípodas, num contexto híbrido e fragmentado, estranho. “Em Macau, há muitos materiais de que não gosto (...). O processo de construir com estes materiais transforma-se em algo quase religioso.”, cita Jorge Figueira, no texto aqui publicado. É essa religação a partir do que é estranho que consolida a obra de Manuel Vicente e a sua incorporação num quotidiano cada vez mais devasta-dor, canibal e canibalizado. Primeiro pela réplica, depois pelo fake, finalmente por si próprio. Um quotidiano desumano, demasiado desumano.

A obra de Manuel Vicente em Macau

Quotidiano assim na terra como no céu

Ainda Andy Warhol: “Question: What is Pop Art? Answer: Yes.”

MACAU AMERICANANa América, o realismo é cruzado com uma “suspension of the dis-believe” que nos faz acreditar que o herói, esse herói saído da vida real, morreu no cinema à nossa frente. O realismo americano acei-ta a irrealidade ou a efabulação accionando o mecanismo cine-matográfico. Isto é, da realidade faz também parte a montagem fantasiada do real.

Manuel Vicente avança para Macau americanamente com

realismo e “suspension of the disbelieve”. Vai escrevendo o seu guião pessoal – “Macau Glória” – e actua no realismo venturiano como na “supensão” que permite que o thriller funcione: “fui para Macau muito fascinado; porque eu dizia muitas vezes em Lisboa: adorava ter um pato bravo, tra-balhar no ordinário, no grosseiro, no vulgar, no corrente, no banal, e ainda aí, entrar e dizer, como a criatura que eu estimo muito, Denise Scott Brown: está quase bem. E de facto, não tem nada que saber.” Para quem é capaz de acreditar no filme a oriente que se

desenrola ao olhar do arquitecto português, de facto, “não tem nada que saber”.

Os breves catálogos de duas exposições que ocorreram em Lisboa – em 1979, “O Exercício da Cidade (Arquitectura em Macau 1976/79)” e, em 1989, “Prender todo o tempo ocupando o espaço” – permitem-nos seguir o trajecto macaense de Manuel Vicente, neste período. Em 1979, há um plano de intenções: “fazer parte e ser parte – e não o estar à parte”, como escreve José Pedro Vicente. E podemos confirmar, como já tinha sido notório em 1974 em

conversa na Arquitectura com Raul Hestnes Ferreira e Vicente Bravo, que Manuel Vicente é o mais convicto – ou talvez até o único – arquitecto venturiano em Portugal/Macau: “E todavia, no confronto com o ordinário/corrente, na decisão de o tentar manipular como vocabulário de um outro discurso, no esforço de ‘(...) transformar em algo de que se goste, aquilo de que se não gosta’, existiria, continuando a parafrasear Denise Scott Brown, ‘uma grande potencialidade criativa’.” Nos projectos expos-tos, o uso da cor – azul, amarelo,

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TERÇA-FEIRA 26.7.2011

11www.hojemacau.com.moSTEVEN SPIELBERG AVANÇA PARA PRODUÇÃO DE “PARQUE JURÁSSICO 4”

O realizador norte-americano Steven Spielberg anunciou que está em marcha a produção de um quarto filme da série “Parque Jurássico”, a estrear-se dentro de “dois ou três anos”. “Posso anunciar que temos uma história, temos um argumentista e espero que o filme saia daqui a dois ou três anos”, disse, sem adiantar mais pormenores sobre a produção. “Parque Jurássico” é uma trilogia baseada nos livros do escritor Michael Crichton, com o primeiro filme a estrear-se em 1993. Steven Spielberg realizou os dois primeiros - “Parque Jurássico” (1993) e “Mundo Perdido” (1997) - e foi o produtor executivo do terceiro, “Parque Jurássico 3”.

PRÉ-PUBLICAÇÃOIntitula-se “Trama e Emoção: Manuel Vicente”, o livro da autoria de Jorge Figueira, que deverá ser lançado nestes dias em Lisboa a propósito da exposição patente, originalmente, no Museu do Oriente e que deverá ser apresentada no Porto. Antecipamos aqui, em pré-publicação, o texto introdutório assim como algumas imagens que integram a obra do historiador e crítico de arquitectura.

verde, cor-de-rosa – ameniza um uso expressivo e até violento da geometria; e o uso do lettering nas fachadas confirma uma sen-sibilidade pop, já patente no Bar Metro e Meio (Lisboa, 1973-74, com Gastão da Cunha). Quando ocorreu a exposição de 1989, já estava de pé a aventura da Casa dos Bicos (com Daniel Santa-Rita, 1981-83), e a abordagem pop cresce num sentido de acentu-ada expressividade: o Arquivo Histórico de Macau (1983-88) é claustrofóbico como os décors de “Shining” (1980), de Stanley Kubrick, avermelhado e eléctrico; no edifício da TDM (1985-88), o logotipo da estação televisiva é ampliado e funciona como tema formal da penthouse do edifício; no projecto do WTC (1985-88) coexiste uma estratégia pop, comunicante, e uma lógica de “fractura” que remete para temas da arquitectura desconstrutivista.

RIGHT NOW, NO FUTUREDe 1979 para 1989, Manuel Vi-cente inventaria e executa os rigores do right now: “Uma das coisas que influenciou o meu pensamento foi a famosa pintura da lata de sopa de Andy Warhol. Há um forte esforço criativo em fazer algo de que se gosta a partir de algo que não se gosta. Em Macau, há muitos materiais de que não gosto (...). O processo de construir com estes materiais transforma-se em algo quase religioso.” Religioso, talvez no sentido de propor uma religação num contexto especialmente hí-brido e desconectado, a oriente e a

ocidente. Mas, de qualquer modo, uma religiosidade sem destino, uma conexão sem objecto. Em retrospectiva, podemos dizer que o optimismo febril do right now, nos anos 1960/80, ocultava uma desconfiança no futuro, um quase pânico. A constante evoca-ção do presente era também uma forma de superar a ansiedade em relação ao futuro. “No future” exclamavam os Punks, em 1977. Diz Warhol: “Now it seems like nobody has big hopes for the future. We all seem to think that it’s going to be just like it is now, only worse”. Nos anos 1980, era palpável a ideia de um presente em loop, em modo right now. Mas mesmo no seio de uma noncha-lance sem rival, Warhol mostrava algum desconforto: “So what’s going to happen when it’s gone [the topsoil] and all we have in the stores are T-shirts ‘Made in Macao’ and radios ‘assembled in Grenada’?”

Na frieza e coolness de Warhol há talvez um certo pânico: o “tudo é belo” vive necessariamente paredes-meias com o seu oposto. No culto da mundanidade há um lado trágico, como se o mundo pudesse passar sem ser sentido, sem altos nem baixos: “When you think about it, department stores are kind of like museums”.

De algum modo, também “Le-arning from Las Vegas” é algo trá-gico porque revela a dificuldade do arquitecto, que chega do tempo longo, em adaptar-se ao right now que é a definição de tempo curto. Dormir com o inimigo pode ter os seus encantos, mas não deixará de ser traumático.

Na aceitação e diálogo com o mainstream – no supermercado, em Las Vegas ou em Macau – Wa-rhol, Venturi e Manuel Vicente expõem-se sem retorno. E parado-xalmente, quanto mais escavam no centro, mais excêntricos permane-cem. A compreensão e integração do mainstream não é compensada – o mainstream não gosta de se ver ao espelho. Apesar do “inclu-sivismo”, Venturi e Scott Brown nunca trabalharam para grandes corporações ou para a Walt Disney. São arquitectos fundamentalmente independentes, de “escola”.

Warhol, pese embora toda a mundanidade e aparente candura, quando mais quer pertencer mais

se revela como “freak”: “Muscles are great; everybody should have at least one that they can show off. I work out every day, and for a while at the beginning I tried to get definition, but it didn’t come off that way on me”. Aproximado--se do mainstream, um corpo cada vez mais estranho e disfuncional é revelado.

Também Manuel Vicente, por mais que interpele o senso comum, é essencialmente um enfant terri-ble, um outsider, em francês, inglês e noutras línguas: “Parece que Palladio lamentava que os palácios de Vicenza fossem de estuque e não de mármore. Eu não lamento. Não me interessa nada essa questão. Tanto me faz. O que eu procuro é um ponto de ruptura poética de cada material, seja ele qual for. Na minha casa em Macau há um hall de contraplacado; um dia foi pintado de um encarnado cor de vinho. Saiu a criada da cozinha e disse assim: Eh!, parece um Palácio!”.

Quanto mais “normal” mais estranho; uma equação que foi crescendo até ao ponto da mons-truosidade nos nossos dias. Um espaço público sem redenção; hiper-democrático mas individu-alista; realista no sentido de um permanente “reality show”. Nesse sentido, a abordagem de Warhol, Venturi e Manuel Vicente pode ser entendida como inaugural

mas poética face ao que acontece desde os anos 1980.

AMARGA DEMOCRATIZAÇÃOA partir de um certo momento, a experiência macaense de Manuel Vicente passa explicitamente para Lisboa; na Casa dos Bicos, por exemplo. Também não se compre-ende o edifício dos Banhos de S. Paulo (1985-89), sede da Ordem dos Arquitectos, de Manuel Graça Dias e Egas José Vieira, sem esta referência. Estamos ainda numa escala e num processo personali-zado, quase intimista, de troca e recepção.

Warhol, Venturi e Manuel Vicente coexistem num momento limiar. Aí o realismo e a “sus-pension of the disbelieve” eram convocados como estratégias para incorporar o quotidiano na arte e na arquitectura. Desde então, o quotidiano trepou até aos céus, na internet, nos blogues, nos “reality shows”. A cultura pop contamina todas as formas de cultura. A China é o domínio da réplica, até à escala das cidades. A Kangbashi New Area de Ordos é uma cidade fantasma, à espera de ocupantes, com bairros mo-dernos e tradicionalistas, cópias ainda sem vida de um modelo banalmente ocidentalizado.

Este vazio e esta mimética serial agradariam a Andy Wa-rhol? Haverá alguma coisa para “aprender com” em Kangbashi? Há algo de pesadelo onde antes havia graça: os “15 minutos de fama” são eternizados para toda a gente no tempo incessante da internet; a réplica warholiana transformou-se em modo de vida para milhões de chineses.

O tempo que corre hoje é cruel em face da delicadeza particular de Warhol, Venturi e Manuel Vi-cente. Muitas das suas aspirações concretizaram-se: a democratiza-ção da arte e da arquitectura; o continuum museu/department store; a pacificação contraplacado--Palácio cor de vinho.

Contemplavam talvez a pedra de onde se sucederá a avalanche. Esta contemplação poética, este atrevimento, é um dos nós fun-damentais do final do século XX. Entretanto o bairro Fai Chi Key (Macau, 1977-78) foi demolido em 2010. Sorte diferente teve a Lieb House de Robert Venturi que, em 2009, face a uma iminente demoli-ção foi transportada de barco pelo rio Hudson para um novo sítio, em Glen Cove. Falamos já, portanto, de uma arqueologia do pop.

* Docente da Universidade de Coimbra, crítico e historiador de arquitectura

O Arquivo Histórico de Macau é claustrofóbico como os décors de “Shining”, de Stanley Kubrick; no edifício da TDM o logotipo da estação televisiva é ampliado e funciona como tema formal da penthouse do edifício; no projecto do WTC coexiste uma estratégia pop.

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TERÇA-FEIRA 26.7.2011

12www.hojemacau.com.mo ENTREVISTA

Gina Rangel quer justiça e lamenta agressão que foi alvo

“Eu não sou eu neste momento”Gonçalo Lobo [email protected]

AS marcas ainda são visíveis no olho esquerdo de Gina Rangel. Passados

quase dois meses da agressão de que foi vítima, a macaense acedeu dar uma entrevista ao Hoje Macau. Falou de tudo, por vezes com uma lágrima no canto olho, refere que não pretende ser mais do que ninguém, mas pede justiça pouco branda para o seu caso. Os seus dias não mais foram os mesmos depois da agressão e só espera que o seu caso, e outros que ouviu en-tretanto, sejam esporádicos para o bem de Macau.Depois da agressão de que foi alvo, que justiça espera para o seu caso?Espero que o tribunal faça a sua quota-parte. Os juízes é que devem saber que justiça e qual justiça. Porque para mim a justiça não tem valor. Aquilo que desejo é que o que aconteceu comigo não aconteça a mais alguém.Como ocorreu tudo?Era eu, portuguesa, ele, chinês, e mais duas filipinas. Era a minha palavra contra a dele. Tudo porque ele não pediu desculpa. Ele insultou, insultou, insultou e eu apenas o empurrei para se calar que estava a agredir verbalmente a mim e à minha família. Logo aí deu-me uma bofetada. Quis avançar mais para me bater, mas eu tinha o carro do meu cão no meio e uma das senhoras filipinas também o tentou demover. Naquele momento estiquei o braço para ele não me tocar mais e desisti. Ao desistir ele veio novamente e deu-me murros sem parar. Eu parecia um saco de boxe. Contei apenas os três primeiros...O incidente ficou gravado no sistema de vigilância do prédio?Sim. A polícia diz que levou as gravações, mas eu não as vi. Gostaria de ver o filme. Pedi uma cópia, mas estando o caso entregue à justiça já não poderia visionar as imagens.Como é que vê, você natural de Macau, ser agredida por uma pessoa que veio do interior da

China sob o pretexto “volta para a tua terra”?Dói muito. Independentemente da nacionalidade, os chineses que tinham ligação com Macau foram já embora. Poucas são as famílias chinesas de Macau. Eu não tenho nada contra, mas geralmente estes novos

emigrantes chegam aqui e querem logo começar a mandar. Penso que isso não é correcto, pois eles são sempre bem recebidos. Qualquer chinês ou português, ou o que for, não tem o amor que eu, e outros, têm por Macau.E depois disso como têm sido os seus dias?

Eu posso dar graças a Deus que o aconteceu de mal foi o menos mau. Não me rebentou a vista mas o trauma ficou. Sinto-me fraca depois do que aconteceu e isso contraria-me muito. Por causa disso ainda não estou bem. Quase dois meses passaram e

eu tenho de recorrer a tratamento psiquiátrico. Comprimidos e mais comprimidos e isto não é vida. Os últimos tempos foi só polícia, advogados, médicos... Enfim! Tudo isso me causou transtorno na minha vida e só na semana passada é que voltei a trabalhar. Eu não

eu neste momento. Até a minha memória não é o que era porque, depois do que aconteceu, eu baralho as coisas na minha cabeça. Dormi pessimamente durante duas semanas devido à adrenalina com que fiquei. Depois disso, comecei a chorar por tudo ou por nada. Qualquer coisa me fazia confusão. Não estou a fazer drama. Não gosto de fazer dramas porque isso é para fazer em cima de um palco. Eu só quero justiça. Não quero que aconteça a mais alguém e muito menos a mim. Esta criatura tem de ser levada à justiça e esta não pode ser branda. Porque as pessoas têm de ser responsabilizadas pelos seus actos. Eu até tive sorte. Imaginamos que era uma senhora de mais idade ou que sofresse um ataque cardíaco. As coisas podiam ter sido bem piores.O Hoje Macau foi o primeiro a divulgar a sua história...Eu estava a caminho do Gabinete do Governo Central quando dei de caras com o Carlos Morais José [director do Hoje Macau]. Foi um dia depois da agressão. Fui falar com o Bian Tao, do Gabinete de Ligação, e ele ficou horrorizado a olhar para mim. Disse-lhe que tinha lá ido por respeito à China, apesar de não ser chinesa, porque sempre acreditei que a China está a tentar fazer o melhor em Macau. Confessei-lhe que acho bem que as pessoas venham do interior da China, mas que as autoridades deviam fazer uma pesquisa de quem é que pode vir ou não. Não pode vir qualquer um que possa até colocar em questão o bom trabalho que o Gabinete tem vindo a fazer em Macau.O que disse à sua família?Ficaram completamente chocados. O meu irmão estava fora de Macau e

GONÇ

ALO

LOBO

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HEIR

O

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TERÇA-FEIRA 26.7.2011

13www.hojemacau.com.moMAIS DE 85 MIL TRABALHADORES NÃO RESIDENTES

O número de trabalhadores não residentes chegou aos 85.273 no mês passado, segundo dados ontem revelados pelo Gabinete de Recursos Humanos. O número representa um acréscimo de 1234 trabalhadores em relação a Maio deste ano. A maioria dos trabalhadores não residentes é proveniente da China – mais de 48.700 -, seguidos dos filipinos e vietnamitas. O número de trabalhadores não residentes em Junho é o valor mais alto desde Junho de 2009, altura em que eram 83.616.

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Informa-se que, se encontram afixadas, na Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental, sita na Ala. Dr. Carlos D’Assumpção, N.os 393 a 437, Edf.“Dynasty Plaza”, 10.º andar, Macau, as listas provisórias dos candidatos admitidos ao concurso de recrutamento de técnico superior, 2.ª classe, 1.º escalão e de técnico, 2.ª classe, 1.º escalão, com vista ao preenchimento de 17 e 18 vagas (área ambiental), respectivamente, sendo as mesmas, também, disponibilizadas para a consulta na página electrónica da DSPA: www.dspa.gov.mo.

Os candidatos admitidos condicionalmente devem entregar, no prazo de 10 dias a contar da data de publicação das listas provisórias, no horário de expediente, os documentos em falta na DSPA sob pena de exclusão do concurso. O Director Cheong Sio Kei Aos 26 de Julho de 2011

Acho isso normal.Os problemas de racismo ou xenofobia sempre existiram ou notam-se mais agora?Até agora nunca tinha sentido nada discriminatório. Toda a vida cresci com pessoas chinesas e portuguesas e não vi nada que pudesse ser considerado racismo.Sente-se bem em Macau ou pensa mudar-se?Portugal está uma miséria. Se eu quisesse viveria em Portugal mas não quero, apesar de ter lá amigos

e família. Contudo, eu gosto de Macau porque é a minha terra. Talvez seja um pouco comodista mas aqui tudo é muito perto. Apesar de hoje Macau ser diferente da minha Macau, as minhas raízes estão cá e acho que será muito difícil eu sair do território, independentemente do que quer que aconteça. Durante a Revolução Cultural muita gente fugiu para Hong Kong, a minha família ficou cá e não nos aconteceu nada.A Gina faz o seu dia-a-dia com medo?

Sim. Custa-me... Sou uma pessoa muito corajosa e muito teimosa. Por causa disso é que ele me bateu mais. Eu não quis deixar o homem sair do elevador até a polícia chegar. Estava com medo que o circuito interno de televisão não estivesse a funcionar. Eu até sou uma mistura. Tenho chinês, português, malaio, eu sei lá. Se há pessoa que não pode ser racista, essa pessoa sou eu.Conhece outros casos de discriminações passados com estrangeiros

residentes do território?Um rapaz português estava a beber um café e não tinha dinheiro para o pagar. Falou ao dono da loja

que iria levantar dinheiro para poder pagar e este só puxava para dentro da loja, pedindo que ele pagasse a dívida. Após empurrões e palavras menos dignas, a situação descambou em pancadaria. Outro caso que conheço prende-se com uma amiga minha, meio chinesa e meio paquistanesa. Um chinês pisou-a e ela queixou-se. O homem insultou-a tanto que ela fugiu logo com medo de apanhar pancada.A comunidade estrangeira está tranquila em Macau?Espero bem que sim. Desejo que a minha agressão e outras coisas que aconteceram no passado sejam apenas coisas esporádicas. Para que isso acabe de vez é preciso que a justiça e a polícia tenha pulso firme. Nesta altura, em que Macau está a desenvolver tanto, não podemos estragar esta Macau que os portugueses e os chineses construíram há 500 anos. Eu só quero que me deixem em paz e harmonia para ter a minha vidinha e tratar dos meus cães abandonados. Só desejo isso.

Nesta altura, em que Macau está a desenvolver tanto, não podemos estragar esta Macau que os portugueses e os chineses construíram há 500 anos. Eu só quero que me deixem em paz e harmonia para ter a minha vidinha e tratar dos meus cães abandonados. Só desejo isso

soube através de terceiros que eu tinha sido agredida. Ele ficou completamente transtornado e a minha irmã apavorada. Não lhe vou dizer o que eles comentaram pessoalmente, no seio familiar, mas posso garantir-lhe que ficaram muito doridos porque, independentemente da minha idade, eu sou a bebé dos meus irmãos.E os amigos?Agradeço a todas as pessoas, conhecidas e não conhecidas, que quando me vêem na rua perguntam sempre como estou. Eu tive e-mails e telefonemas de todos os continentes. Desde África até à América. Qualquer pessoa que viu aquela fotografia ficou logo indignada independentemente de quem foi a culpa. Foi tanta gente, especialmente de Portugal. As Casas de Macau contactaram-me quase todas. Antigo colegas do liceu e até o ex-secretário adjunto para a Segurança Lages Ribeiro e outros coronéis amigos. Cada vez que lia uma mensagem chorava. Houve uma menina de Macau que não me conhecia e me enviou um ramo de flores. A comunidade portuguesa sempre se deu bem com os chineses de Macau?Eu sempre me dei bem com toda a gente. Em criança havia pancadaria entre os miúdos, mas passado um tempo já éramos amigos novamente.

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TERÇA-FEIRA 26.7.2011

14www.hojemacau.com.mo [ ] Cinema

Cineteatro | PUB

[f]utilidades

[Tele]visãowww.macaucabletv.com

STAR SPORTS 3113:00 Inside Racing 2011 13:30 Engine Block 2011 14:00 Spar European Team Championships 17:00 International Motosport News 2011 18:00 Finnair Masters H/ls 19:00 Intercontinental Rally Challenge 2011 – Magazine - IRC Acores 19:30 FIA F1 World Championship Highlights 2011 German Grand Prix 21:00 Engine Block 2011 21:30 (LIVE) Score Tonight 22:00 Full Throttle 2010/2011 22:30 Golf Focus 2011 23:00 Finnair Masters H/ls

STAR MOVIES 4012:00 Date Night13:35 Alice In Wonderland15:25 Gigli17:25 The Devil’S Own 19:20 Street Fighter: The Legend Of Chun-Li21:00 A Few Good Men23:20 Edge Of Darkness

HBO 4113:00 Close Encounters Of The Third Kind15:30 The Temp17:15 Fathers’ Day19:00 A Fish Called Wanda21:00 Wonderland23:00 Unforgettable

CINEMAX 4212:30 Outlaw14:15 The Hitcher Ii: I’Ve Been Waiting16:00 Hell Is For Heroes17:30 The Night Of The Generals20:00 Gran Torino22:00 Beastmaster Iii: The Eye Of Braxus23:30 Ride Or Die

MGM CHANNEL 4313:00 Taking of Beverly Hills14:45 Callie & Son17:15 Finding the Way Home18:45 The Claim21:00 The Tenth Man22:45 Conflict of Interest00:15 Love Cheat & Steal

DISCOVERY CHANNEL 5013:00 Mythbusters: Mini Myth Madness14:00 Man Vs. Wild15:00 Beyond Survival With Les Stroud16:00 Gold Rush: Alaska17:00 Dirty Jobs18:00 Factory Made18:30 How Do They Do It?r19:00 Aircrash Confidential20:00 Monsters Resurrected21:00 Sons Of Guns22:00 I Shouldn’t BE Alive 23:00 Moments Of Impact00:00 Sons Of Guns

NATIONAL GEOGRAPHIC CHANNEL 5112:30 Dangerous Encounters With Brady Barr

(MCTV 50) Discovery Channel20:00 MONSTERS RESURRECTED

Informação Macau Cable TV

TDM 13:00 TDM News - Repetição13:20 Jornal das 24h14:30 RTPi DIRECTO19:00 TDM Desporto (Repetição)19:30 Ganância20:25 Acontecimentos Históricos20:30 Telejornal21:00 Jornal da Tarde da RTPi22:15 Viver a Vida22:58 Acontecimentos Históricos23:00 TDM News23:30 Estado de Graça00:20 Portugueses pelo Mundo01:10 Telejornal (Repetição)01:40 RTPi DIRECTO

INFORMAÇÃO TDM

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TVB PEARL 8306:00 Bloomberg West 07:00 First Up07:30 NBC Nightly News08:00 Putonghua E-News08:30 ETV10:30 Inside the Stock Exchange11:00 Market Update11:30 Inside the Stock Exchange11:32 Market Update12:00 Inside the Stock Exchange12:02 Market Update12:30 Inside the Stock Exchange12:35 Market Update13:00 CCTV News - LIVE14:00 Market Update14:40 Inside the Stock Exchange14:43 Market Update15:58 Inside the Stock Exchange16:00 Get Squiggling!16:15 Penelope K, By the Way16:30 Gaspard and Lisa17:00 Scooby-Doo! Mystery Incorporated17:30 Bang Goes the Theory18:00 Putonghua News18:10 Putonghua Financial Bulletin18:15 Putonghua Weather Report18:20 Financial Report18:30 Football Asia19:00 The Works19:30 News At Seven-Thirty19:50 Weather Report19:55 Earth Live20:00 Eat Street20:30 Desperate Housewives21:30 Freaks of the Sea22:30 Market Place22:35 Strike Back23:35 The CEO Connection 23:40 World Market Update23:45 News Roundup00:00 Earth Live and Leading Brands of the World00:05 The Mentalist00:55 The Pearl Report01:25 Transworld Sport02:30 Bloomberg Television05:00 TVBS News05:30 CCTV News

ESPN 3012:30 The Open Championship 2011 Day 215:30 KIA X Games Asia 201116:00 MLB Regular Season 2011 Seattle Mariners vs. New York Yankees19:00 (Delay) Baseball Tonight International 201119:30 (LIVE) Sportscenter Asia 20:00 KIA X Games Asia 201121:00 X Games 16 Classix - Moto Double 22:00 Sportscenter Asia 22:30 KIA X Games Asia 201123:30 Baseball Tonight International 2011

13:25 Pressure Cook - Italy13:50 Word Travels - Philippines14:20 Lonely Planet: Roads Less Travelled15:15 Dog Whisperer17:05 Cruise Ship Diaries18:00 Is It Real?19:00 Fish Warrior20:00 Dangerous Encounters With Brady Barr21:00 Monster Fish22:00 Hooked - Extreme Noodling23:00 Air Crash Investigation00:00 Seconds From Disaster

ANIMAL PLANET 5213:00 The Web Of Life13:30 Fooled By Nature14:00 Animal Cops Houston15:00 Wild Recon:Moving Target16:00 Swamp Brothers17:00 Nick Baker’s Weird Creatures18:00 Meerkat Manor19:00 Caught In The Moment:Monterey Bay20:00 The Web Of Life20:30 Fooled By Nature21:00 Wild Recon22:00 Swamp Brothers23:00 Nick Baker’s Weird Creatures00:00 Meerkat Manor

HISTORY CHANNEL 5413:00 Modern Marvels14:00 Secret Access: The Vatican16:00 Pawn Stars17:00 American Pickers18:00 Monsterquest19:00 Modern Marvels21:00 Greatest Tank Battles22:00 Battleplan 23:00 South Korea: A Nation to Watch00:00 Brad Meltzer’s Decoded

BIOGRAPHY CHANNEL 5513:00 Intervention14:00 Obsessed15:00 Airline USA16:00 Four Heavenly Kings17:00 Child of Our Time: 200118:00 Intervention19:00 Sell This House19:30 Rescue Mediums20:00 Celebrity Ghost Stories21:00 Roseanne Barr22:00 Heavy 23:00 Intervention00:00 Obsessed

AXN 6212:15 Csi: Ny13:05 House14:00 Breaking The Magician’S Code14:50 Numb3Rs15:40 Csi: Ny16:30 Top Chef18:15 Chuck19:10 Csi: Miami20:05 Criss Angel Mindfreak20:35 Sony Style Tv Magazine21:05 Chuck22:00 Csi: Miami22:55 Ncis: Los Angeles23:50 Chuck00:45 Ncis: Los Angeles

STAR WORLD 6312:10 Masterchef Australia13:05 Rules of Engagement13:35 Raising Hope14:30 Traffic Light15:25 Desperate Housewives16:20 Parenthood17:15 Don’t Stop Believing18:10 Cougar Town18:40 Masterchef Australia19:35 Cougar Town 20:00 Grey’s Anatomy21:50 Desperate Housewives22:45 Masterchef Australia23:10 DC Cupcakes23:40 How I Met Your Mother00:05 Grey’s Anatomy

Su doku

[ ] Cru

zadas

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

HORIZONTAIS: 1-CA. OMNIMODO. 2-ACA. OIL. BAR. 3-SOLANO. DER. 4-TRATO. PAS. P. 5-ENRUFAR. OPA. 6-LA. MOTOR. AP. 7-ORA. BETESGA. 8-S. BIO. ECOAR. 9-TRI. AGOIRO. 10-LEI. ADE. SIC. 11- POLIGAMO. AA.VERTICAIS: 1-CASTELOS. LP. 2-ACORNAR. TEO. 3-ALAR. ABRIL. 4-O. ATUM. II. I. 5-MONOFOBO. AG. 6-NIO. ATE. ADA. 7-IL. PROTEGEM. 8-M. DA. RECO. O. 9-OBESO. SOIS. 10-DAR. PAGARIA. 11-OR. PAPAROCA.

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS: 1-Para este lugar. Omniforme. 2-Mau cheiro, fedor (Bras.). Antiga forma de oui. Lugar onde se tomam bebidas. 3-Género de plantas a que pertencem a erva-moura, a batateira, o tabaco. Outorgar. 4-Procedimento, tratamento. As partes mais largas doa remos. 5-Encrespar. Capa sem mangas. 6-Acolá. Força que imprime movimento a uma máquina. Apeadeiro (abrev.). 7-Portanto. Beco sem saída. 8-Vida (Pref.). Ressoar. 9-Três (Pref.). Predição de sucesso futuro. 10-Legislação. Acrescenta. Textualmente. 11-Que vive no estado de poligamia. Em partes iguais (Farm).

VERTICAIS: 1-Fortaleza de altos muros (pl.). Long-Play (abrev.). 2-Dar a forma de corno. Deus, divindade (Pref.). 3-Da asa. Mocidade (Fig.). 4-Peixe da família dos Tunídeos. 2 (Rom.). 5-O que sofre de monofobia. Prata (s.q.). 6-Ninho. Aperte com fita. Adicione. 7-49 (Rom.). Preservam. 8-Outorga. Bácoro, porco (Prov.). 9-Gordo. Génios, grande talentos (Fig.). 10-Presentear. Gratificaria. 11-Agente (Suf.). Comida, refeição (Pop.).

SALA 1HARRY POTTER AND THEDEATHLY HALLOWS: PART 2 [B] Um filme de: David YatesCom: Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint14.30, 16.45, 19.15, 21.30

SALA 2MR. POPPER’S PENGUINS [A] Um filme de: Mark WatersCom: Jim Carrey14.30, 16.30, 19.30, 21.30

SALA 3KUNG FU PANDA 2 [A] FALADO EM CANTONENSEUm filme de: Jennifer Yuh Nelson14.15, 16.00, 17.45, 19.30

SALA 3TRANSFORMERSDARK OF THE MOON [B] Um filme de: Michael BayCom: Shia LaBeouf, Markiss McFadden21.15

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OPINIÃOà f l o r da pe le

Helder Fernando

TERÇA-FEIRA 26.7.2011

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Vanessa Amaro Redacção Filipa Queiroz; Gonçalo Lobo Pinheiro; Joana Freitas; Patrícia Ferreira, Rodrigo de Matos; Virginia Leung Colaboradores António Falcão; Carlos Picassinos; José Manuel Simões; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Correia Marques; Gilberto Lopes; Hélder Fernando; João Miguel Barros, Jorge Rodrigues Simão; José I. Duarte, José Pereira Coutinho, Luís Sá Cunha, Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; António Mil-Homens; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Laurentina Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Av. Dr. Rodrigo Rodrigues nº 600 E, Centro Comercial First Nacional, 14º andar, Sala 1407 – Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

OMENTOS de exaltação patriótica devem ser assi-nalados. Mesmo não sendo

eu, nem podendo ser, de nacionalidade chinesa, é com imenso prazer e entusiasmo que destaco a notícia sobre a reacção da mulher de etnia chi-nesa do magnata Rupert Murdoch ao detectar que um comediante desejava ardentemente pespegar na cara do marido uma torta com creme e tudo. Aquelas imagens da senhora dando um salto e desatando a malhar no atrevido, terão empolgado o orgulho patriótico de muitos chineses. Em algumas redes sociais chinesas há quem assegure que as mulheres chinesas são a melhor defesa que os maridos podem ter. Um cibernauta escreve: “Na hora de protegerem o seu marido ou os seus filhos, as mulheres chinesas transformam-se em tigres!” Ah tigresa!!

Descendo para Sul, talvez não em comboio de alta velocidade.

Não bastava o de Macau, é arrepiante o aumento do custo de vida na parte continental deste país. A inflação instala-se, o presidente da Associação local das Ciências Económicas diz que a inflação, para já imparável, pode reflectir um novo pico, bem pior, já a partir de Setembro. A pataca é quase pouco mais do que moeda simbólica, por muito indexada que esteja ao dólar norte-americano ou “pour cause”. Os preços sobem, as populações não tem culpa alguma, como sempre e em todo o lado. Se estão transformando Macau numa cidade para milionários, ao menos deixem as ilhas em paz; Ilha da Montanha incluída, o que duvido. É o crescimento económico, dizem eles.

Como há anos vai sendo rotina, o Instituto de Habitação (IH) assim chamado, é apontado pelo presidente da Associação dos Trabalhado-res da Função Pública (ATFPM), como andan-do a contratar trabalhadores para o próprio organismo por recomendação directa de uma daquelas associações com fins lucrativos (pois não!) com o nome pomposo de “associação de promoção de educação do ensino privado” e que, pelos vistos, costumam ter “contactos de privilégio com altos responsáveis do IH”. Até aqui, só dará para torcer um bocado o nariz, mas o que vem adiante, a ser verdade, cheira mal: “Os salários mensais foram pagos por essa associação privada e os trabalhadores não tiveram direito a férias, foram explorados de forma sistemática nas horas extraordinárias, sem direito a cuidados de saúde e sem seguro contra acidentes de trabalho”. Para além de salários em atraso, com cheques para serem

O que jamais pode acontecer nesta RAEM, na vontade de uns senhores, é a fixação de um salário mínimo. O interessante é ser uma estrutura associativa, presumivelmente representativa dos operários, a Associação Geral dos Operários, a defender, com todas as forças, esta ideia, muito bem acompanhada pelo patronato, está claro. Se houver salário mínimo, há despedimentos, ameaça. Está tudo dito, não era preciso tanto

Uma semana qUente...recebidos não na secretaria do IH, mas ao balcão da dita associação. Aparentemente, lá se foi a tal bolsa de emprego nos serviços de Administração e Função Pública.

A região estrutura-se aceleradamente, tão célere que vai dando uns trambulhões de vez em quando. É o que faz haver rios de dinheiro em mãos rotas, mas sábias para onde encaminhá-lo. As obras de construção do de-nominado Novo Terminal Marítimo da Taipa deram cabo de infra-estruturas já existentes e que não deviam ser demolidas pois faziam falta. O director do Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas, forçado pela interpelação oral de um senhor deputado teve de admitir tal “desperdício inevitável”. Bom, “inevitável” é como quem diz; no entender do interpelante, o desperdício era evitável. O “legislador” até confrontou o responsável pelo dito gabinete, com “derrapagem orçamental”, “aparente recurso a trabalhadores ilegais transportados em barcos para as obras”, “atraso nas obras” e outras “confusões”. Por falar em derrapagem orçamental, foi avançado o número de 2600 milhões de patacas já ali enterrado, com este comentário: “o dinheiro público está a ser gasto de tal forma que até parece que se está a dar dinheiro a toda a gente”. Um deputado com notável sentido de humor.

Na Assembleia Legislativa (AL), apesar dos fracos poderes legislativos que possui, várias questões relacionadas com a educação dominaram bastantes intervenções no famoso período de antes da ordem do dia. O governo deve rever as políticas para o sector da educa-ção de modo a melhor proteger os docentes e aperfeiçoar a área da formação profissional. Houve até quem proclamasse que a educação deve ser encarada como o alicerce para a popu-lação poder gozar melhores condições de vida. Cabe aqui a reflexão feita por um deputado em plena AL, lembrando que após a liberalização da exploração do jogo, registaram-se grandes alterações na sociedade local: “Os problemas sociais e juvenis têm vindo a surgir na propor-ção da decrescente capacidade e qualidade geral dos nossos jovens”.

O intitulado Centro de Ciência de Macau, desde o dia da sua inauguração (se bem me lem-bro, ainda antes) continua a causar polémica. Agora é o Comissariado da Auditoria (CA) a apontar problemas de segurança e a desconfiar da maneira como foram feitos os concursos para as salas de exposição. Alteração de critérios com os concursos já iniciados, inexistência de mecanismo avaliador de resultados, ausência

de medidas provisórias de modo a prevenir a ocorrência de acidentes; tudo isto, mas não somente, é denunciado pelo CA. Está colocada em questão a forma de funcionamento da “so-ciedade anónima” que tem a incumbência de gerir os equipamentos e o edifício do Centro de Ciência. Estranha forma de vida tem este nosso centro de ciência. Logo por azar, apimentando a história rocambolesca desta instituição, aparece nas águas a seus pés, embora sem qualquer relação, o cadáver de uma mulher. Vejam lá o ‘feng shui’.

Consumidor sofre. Em Macau e em todo o planeta. Quero dizer, o consumidor que não tem verba para comprar apartamentos cuja venda desenvolve economicamente aqueles que já têm as questões económicas amplamente desenvolvidas. Queixas existem num amplo leque da sociedade. O Conselho de Consumidores registou nos primeiros cinco meses deste ano queixas acerca dos mais variados sectores. No ano passado, entre Janeiro e Maio, indignação grande a propósito dos transportes públicos, incluindo sobre a desaparecida companhia aérea “Viva Macau”, com um total de 1181 queixas. Este ano, nos primeiros cinco meses, o maior nú-mero de queixas foi em relação aos serviços de telecomunicações.

O que jamais pode acontecer nesta RAEM, na vontade de uns senhores, é a fixação de um salário mínimo. O interessante é ser uma estrutura associativa, presumivelmente repre-sentativa dos operários, a Associação Geral dos

Operários, a defender, com todas as forças, esta ideia, muito bem acompanhada pelo patro-nato, está claro. Se houver salário mínimo, há despedimentos, ameaça. Está tudo dito, não era preciso tanto.

Terá embasbacado muita gente - se calhar sou eu que penso que sim - a notícia sobre o estudo que os serviços de Solos Obras Públicas e Transportes começaram a fazer sobre um futuro mecanismo que possibilite a inspecção das condições de segurança de equipamentos como escadas rolantes e elevedores. Como te-remos sobrevivido até aqui, nós os que usamos as escadas rolantes e os elevadores como quem come um ‘chao min’?

Prosseguem sempre em bom ritmo, as formalmente chamadas “consultas públicas” feitas pelo governo. Sobre o “metro ligeiro” nem se fala. Na AL, uma deputada garante que o governo manipula os resultados dessas “consultas”, neste caso sobre o traçado do tal “metro ligeiro”, e também sobre o projecto mi-lionário, tristemente célebre, dos famigerados “Jardins de Lisboa”. São falsas essas consultas, diz a deputada acrescentando com a inflamação que se lhe conhece: “É mais correcto chamar a este tipo de consulta pública uma campanha de vigarice”. Até me assustei.

Apelo à atenção do prezado leitor para as palavras de Augusto Nogueira, presidente da Associação de Reabilitação de Toxicodepen-dentes de Macau, na entrevista que deu ao Jornal Tribuna de Macau (jornalista Fátima Almeida) publicada a 18 deste mês. Toda a entrevista é relevante; saliento esta resposta de Augusto Nogueira, questionado sobre o que faz o governo no apoio às associações no campo da prevenção do consumo de drogas: “Existe preocupação por parte do Governo de apoiar as associações, principalmente de Hong Kong, que estão a trabalhar em Macau. Se formos ao boletim Oficial vemos que re-cebem milhões por trimestre para a área da prevenção. Se calhar seria bom perguntar o que andam a fazer, porque é a essas associa-ções, com equipas de rua em que trabalham muitas pessoas, que compete desenvolver trabalho de prevenção. Não somos nós com 40 mil patacas que podemos fazer muita coisa. (...) Devia haver uma estratégia delineada pelo Governo. (...) No fundo, o que também está a falhar é o próprio Governo não investir em infra-estruturas para que os jovens possam gastar as suas energias”.

Nesta região de minúsculos 30 quilómetros quadrados, não existem florestas - já nem espa-ço há para umas alfaces - não existem negócios escuros de madeira (digo eu), nem volta à região em bicicleta com imagens de helicóptero; mas existiram em média 90 incêndios por mês nos primeiros seis meses do ano. A coisa realmente anda quente pela RAEM...

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Page 16: Hoje Macau 26 JUL 2011 #2418

TERÇA-FEIRA 26.7.2011www.hojemacau.com.mo

NORUEGA AUTORDOS ATENTADOS TINHA 11 MIL PORTUGUESESNA MIRANo manifesto de 1500 páginas atribuído a Anders Behring Breivik, o norueguês fala em campanhas de “ataque decisivo” com antraz que deveriam ter como alvo cerca de 11 mil “traidores” em Portugal (10.807). Na Alemanha esse número de traidores identificado ascenderia aos 82.820. “Se conseguirmos estabelecer um laboratório na Europa e se conseguirmos o equipamento adequado, seremos capazes de lançar uma campanha de ataque decisivo. Esta operação irá envolver pelo menos 21 indivíduos (dependendo de já termos ou não a quantidade necessária de antraz) e irá requerer uma lista completa dos traidores de categoria A e B (o autor não explica a diferença entre uns e outros)”. Para levar a cabo a tarefa, Breivik estimava que seriam precisos “entre um a dois gramas de antraz por pessoa”, que seriam expostas a esta substância letal através de cartas. No extenso documento, Portugal (identificado como tendo uma população muçulmana variando entre os 5 e os 7%) é assinalado globalmente como um país de “prioridade moderada” nos ataques anti-islâmicos, ao contrário de países como França e Alemanha, que são classificados como tendo prioridade “muito alta”. O autor indicava anteriormente, numa tabela, a percentagem de população muçulmana existente em Portugal em 2009 (2% - 3%) e projectava a sua evolução para os anos 2030 (8%), 2005 (16%) e 2070 (32%). Às tantas o autor refere-se a Durão Barroso. Quando se propõe a enumerar dez razões para o fim da União Europeia acaba, num dos pontos, a criticar o ex-primeiro-ministro dinamarquês Anders Fogh Rasmussen, que escolheu ser secretário-geral da NATO em vez de continuar no seu posto. E depois acrescenta: “Uma coisa semelhante aconteceu em Portugal, onde o primeiro-ministro [Durão Barroso] respondeu aos apelos dos líderes da Alemanha e da França e não ao seu próprio eleitorado”. Adiante, o autor elabora uma tabela em que indica, por país, o grau de doutrinação a que estão sujeitos os seus cidadãos em termos de multiculturalismo. Eslováquia e Eslovénia estão no topo desta tabela que vai de 1 a 90. Portugal aparece mais ou menos a meio, com 40. Anders Behring Breivik estava a ser ouvido na noite de ontem (horário de Macau) pela Justiça norueguesa.

NEWS OF THE WORLD POLÍCIA ENVOLVIDANAS ESCUTASA polícia londrina é acusada por sobreviventes dos ataques terroristas de 2005 de ter passado informações confidenciais, incluindo listas de contactos pessoais, ao tablóide “News of the World”, epicentro de uma tempestade política com a descoberta que levava a cabo uma prática generalizada de intercepções e escutas ilegais. Um grupo de sobreviventes dos atentados pediu já o apoio de advogados e da Survivor’s Coalition Foundation para investigar estas alegações.

DESCOBERTA IMAGENSEM 3D FEREM OLHOSUma equipa da Universidade da Califórnia, nos EUA, examinou 24 adultos e concluiu que a visualização de conteúdos num ecrã 3D fere os olhos e o cérebro. Os olhos devem constantemente ajustar-se à distância do ecrã e do conteúdo e isso pode causar desconforto, fadiga e dores de cabeça. A pesquisa ainda descobriu que quando o conteúdo 3D é visto a curta distância, como em desktops ou smartphones, por exemplo, o desconforto é ainda maior do que quando as imagens são colocadas num ecrã. Numa sala de cinema é o oposto: o conteúdo colocado atrás da tela causa mais desconforto do que os expostos na frente.

AMY WINEHOUSE MORTE POR OVERDOSE DE ECTASYO produtor da MTV inglesa, Danny Panthaki, garante que Amy Winehouse morreu de overdose de ecstasy. Embora a polícia não tenha revelado ainda as causas da morte da cantora, a suspeita de overdose esteve presente desde a primeira hora. Ao Sunday Mirror, o produtor confirmou essa versão: “O namorado de uma amiga minha é polícia e foi ele que a encontrou morta. Overdose de ecstasy”, assegurou. O jornal britânico citou ainda um amigo de Winehouse que mencionou um cocktail explosivo como estando na base do falecimento ocorrido no sábado à tarde. O resultado da autópsia deverá ser conhecido hoje em Macau.

Sub-15 | Últimos no Campeonato da Ásia Oriental

Selecção de desastres

FOME EM ÁFRICA

Marco [email protected]

CINCO derrotas, 23 tentos sofridos e apenas um mar-cado. Foi de queixo caído que os jovens atletas da

Selecção de Sub-15 da Associação de Futebol de Macau se despediram da edição de 2011 do Campeonato de Futebol da Ásia Oriental. A prestação dos atletas do território no mais im-portante torneio juvenil do Extremo Oriente dificilmente se poderia ter saldado por uma pior prestação, com o onze do Lótus a perder todos os encontros que disputou no evento.

A formação da RAEM iniciou a competição a meio da semana passada com um embate aparen-temente acessível frente à Selecção de Guam e ao primeiro desafio

materializou-se também a primeira desilusão. Frente ao onze chamorro, Macau mostrou um futebol pouco interventivo e não conseguiu evitar a derrota pela margem mínima. O único golo do encontro foi apontado aos 38 minutos da primeira parte, na sequência de um livre directo a punir falta sobre Keith Surber.

O jovem centro-campista de Guam foi quem cobrou o lance, proporcionando uma defesa incom-pleta ao guarda-redes da RAEM. O tento que ditou a derrota do onze do território foi apontado por Na-than Camacho na recarga ao lance cobrado por Surber. O desaire frente à formação do pequeno território norte-americano da margem orien-tal do Pacífico (uma das formações menos cotadas por entre as que disputavam o evento) acabou por

dar o mote ao que viria a ser uma prestação calamitosa por parte da Selecção de Sub-15 da RAEM.

Na quinta-feira, no segundo encontro disputado na competição, os jovens do território não conse-guiram emendar o desaire do dia anterior e voltaram a somar nova derrota, por uma margem bem mais dilatada. Frente à toda poderosa Coreia do Norte, o onze do territó-rio não se conseguiu furtar a uma goleada com contornos rotundos, perdendo por nove bolas a zero, num desafio que o adversário do-minou do princípio ao fim.

A derrota perante os norte-co-reanos foi a mais pesada das cinco somadas pelo grupo de trabalho do território.

Na sexta-feira, a selecção da RAEM enfrentou a congénere taiwanesa e a jogar perante o seu próprio público não desiludiu, der-rotando Macau por três bolas a zero. De derrota em derrota, o conjunto da RAEM voltou no sábado a sofrer novo desaire de grande magnitude. No embate contra os eventuais ven-cedores da competição, os futuros craques do território regressaram ao fadário das derrotas pesadas. No frente a frente com Hong Kong, a selecção do Lótus sofreu um total de oito golos e apenas de longe conseguiu incomodar o último reduto adversário.

Para o fim da tarde de domingo estava reservado aquele que seria à partida o desafio mais fácil de Macau, mas nem contra a frágil formação das Marianas do Nor-te, o onze da RAEM conseguiu triunfar. Os jogadores do território despediram-se do evento com nova derrota (por duas bolas a uma) e na última posição entre as seis equipas que disputaram o certame.

car toonpor Steff