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APOSTAS PARALELAS PUB Ter para ler O Governo respondeu ao anúncio feito pela Macau Consciência, Associação Novo Macau e Sociedade Aberta de Macau com um rotundo não. De acordo com Alexis Tam, a RAEM é “uma sociedade de Direito” e a atitude das três associações é um desafio ao Executivo. PÁGINA 4 SUFRÁGIO UNIVERSAL GOVERNO DIZ NÃO A REFERENDO AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB LGBT Bom vento e bom casamento POR UM LUGAR NO MARACANÃ SOCIEDADE PÁGINA 7 SOCIEDADE PÁGINA 6 CENTRAIS MUNDIAL hojemacau Jorge Godinho, jurista na área do Jogo, defende que se trave o esquema de apostas paralelas nos casinos onde não são cobrados impostos e pede mais transparência nos dados fornecidos pelo Gabinete de Informação Financeira. O presidente da Associação Arco-Íris de Macau, Anthony Lam, acusa os SS de discriminarem os membros da LGBT e pede liberdade de casamento para pessoas do mesmo género. DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 QUARTA-FEIRA 9 DE JULHO DE 2014 ANO XIII Nº 3127 POLÍTICA PÁGINA 3 Novo Macau elege Sou Ka Hou PUB PUB FORA DA LEI

Hoje Macau 9 JUL 2014 #3127

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Hoje Macau N.º3127 de 9 de Julho de 2014

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APOSTAS PARALELAS

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Ter para ler

O Governo respondeu ao anúncio feito pela Macau Consciência, Associação Novo Macau e Sociedade Aberta de Macau com um rotundo não. De acordo com Alexis Tam, a RAEM é

“uma sociedade de Direito” e a atitude das três associações é um desafio ao Executivo. PÁGINA 4

SUFRÁGIO UNIVERSAL GOVERNO DIZ NÃO A REFERENDO

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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LGBT Bom ventoe bom casamento

POR UM LUGAR NO MARACANÃ

SOCIEDADE PÁGINA 7 SOCIEDADE PÁGINA 6

CENTRAIS

MUNDIAL

hojemacau

Jorge Godinho, jurista na área do Jogo, defende que se trave o esquema de apostas paralelas nos casinos onde não são cobrados impostos e pede mais transparência nos dados fornecidos pelo Gabinete de Informação Financeira.

O presidente da Associação Arco-Írisde Macau, Anthony Lam, acusa os SSde discriminarem os membros da LGBTe pede liberdade de casamento parapessoas do mesmo género.

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 Q UA R TA - F E I R A 9 D E J U L H O D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 1 2 7

POLÍTICA PÁGINA 3

Novo Macau elegeSou

Ka Hou

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FORA DA LEI

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hoje macau quarta-feira 9.7.20142 ócios / negóciosANDREIA SOFIA [email protected]

S E há seis meses atrás alguém dissesse a António Barrias que hoje iria ter um ginásio da modalidade Crossfit em

Macau, cheio de seguidores, o treinador provavelmente não iria acreditar. Mas a verdade é que a criação desta modalidade, que combina treino em ginásio com exer-cícios ao ar livre e uma boa alimentação, tem cada vez mais adeptos.

“No início o ginásio que planeava construir era apenas para modalidades funcionais, que estão em uso nos Estados Unidos e que produzem resultados fas-cinantes aos clientes. Praticava Crossfit, mas sempre pensei que a modalidade não tinha muita aplicação em Macau, porque em termos de desporto não há muito de-senvolvimento. Estava com receio que este método de treino fosse muito puxado para as pessoas de Macau’’, contou ao HM.

“A minha ideia estava errada e isso provou-se por causa de um amigo meu que abriu um ginásio em Hong Kong, mas numa zona só com famílias. O negócio demorou um pouco a desenvolver-se, mas o ambiente era fantástico e as pessoas es-tavam a adorar. Por isso comecei a minha profissão, não para fazer dinheiro mas apenas para fazer uma troca e ajudar os outros. Quando vi que esse ginásio estava a fazer uma coisa positiva resolvi trazer o método para Macau”, disse António Barrias.

Meio ano depois, o Crossfit XVI já con-ta com mais de 150 pessoas que procuram ter um corpo e uma mente saudável. As coisas estão a correr tão bem que António Barrias planeia abrir em breve um segundo ginásio na Taipa.

“Já ultrapassámos o número máximo de membros que conseguimos ter. As aulas estão todas cheias, temos uma lista de espera e vamos aumentar o número de pessoas que aceitamos por aula. No início houve um período de menos sucesso, de adaptação ao mercado, mas agora houve um ‘boom’ completo”, revelou o treinador.

Ao contrário do que acontece na maio-ria dos ginásios, em que os utentes acabam por desistir por preguiça ou falta de tempo, isso não tem acontecido no Crossfit XVI.

“Em média mantemos 90% dos nos-sos membros, o que para a maioria dos ginásios é uma taxa elevadíssima. Um ginásio normal, comercial, costuma rondar os 40%. No Crossfit, em geral, é 70%”, conta António Barrias.

E o que é que faz as pessoas ficarem, apesar do treino ser duro e exigente? “É uma mistura de três factores: o ser uma modalidade nova, o impacto que tem nas pessoas e a qualidade que oferecemos”, revela o treinador.

O TREINO COM BASE NA PIRÂMIDE Para definir o que é o Crossfit, António Barrias não gosta de utilizar o conceito oficial, por considerá-lo “complicado e até arrogante”. Então, Crossfit é, para o treinador, uma forma de fitness social.

“No mundo em que vivemos as pessoas gostam muito de pôr fotos no Facebook quando vão correr e de mostrar que fazem exercício, que fazem algo saudável. O Crossfit entrou um pouco por aí. Em vez

CROSSFIT O PRIMEIRO GINÁSIO EM MACAU

A FAZERO QUE PARECIAIMPOSSÍVEL

de ir sozinho ao ginásio, faz o treino com amigos, com oito ou dez pessoas”, conta.

António Barrias garante que qualquer pessoa pode começar no Crossfit, seja um atleta ou alguém que tenha quilos a mais e que faça pouca actividade física. Aliás, o treinador considera mais desafiante treinar este tipo de pessoas, por ouvirem os conselhos e terem maiores resultados. Até porque o Crossfit prende-se muito ao desafio, é tentar fazer o que as outras pessoas acham impossível. É isso que cativa muito os clientes”.

Para treinar no Crossfit, deve-se respeitar uma pirâmide. No topo está o desporto, seja qualquer uma actividade que pratiquemos, ou o próprio Crossfit. A base da pirâmide é a nutrição. No meio fica a resistência cardiovascular, através de exercícios como a corrida, natação ou andar de bicicleta.

“O método do Crossfit é muito com-pleto. É um método que [nos] prepara para a vida e depois todas as outras mo-dalidades começam a parecer mais fáceis. Tentamos não ter nenhuma fraqueza e, por isso, temos de treinar para tudo, para qualquer desporto e qualquer ocasião de vida”, afirma.

António Barrias garante que os praticantes desta modalidade ouvem frequentemente conselhos sobre aquilo que devem comer para terem um corpo saudável. “Sou adepto do equilíbrio. Mas há determinadas regras que o corpo hu-mano tem de obedecer, que é ingerir 40% de hidratos de carbono, 30% de proteína e 30% de gorduras. As pessoas gostam de seguir dietas vegetarianas, tudo bem, são saudáveis. Mas aí não se come nem de perto, nem de longe a quantidade de proteínas que são necessárias. Em geral digo aos meus clientes para não comerem cereais, mas sim carne, vegetais, um pouco de fruta e poucos grãos”, explica.

UM NEGÓCIO QUE NÃOQUER SER CONCORRÊNCIA Apesar da existência de ginásios e de outros programas de treino e fitness ao ar livre, António Barrias garante que a criação do Crossfit está longe de querer instituir-se como uma concorrência. Muitos dos que praticam Crossfit também estão inscritos em outros ginásios.

“Tenho uma visão muito diferente das outras pessoas e não quero concorrer com ninguém. Isto não é uma guerra e foi isso que deu sucesso ao meu ginásio. Em Macau a indústria do fitness é muito pequena e eu costumo compará-la a um ‘cupcake’, em que todos lutam pelas migalhas de um bolo pequeno. A minha mentalidade é: porque não fazer um bolo maior e todos ficam com uma fatia bem gordinha? Simplesmente ofereço uma opção ou um treino extra.”

Trouxe o Crossfit ao território e as coisas estãoa correr tão bem que já pensa em abrir o segundo ginásio, na Taipa. António Barrias explicao conceito deste novo desporto, uma formade as pessoas se manterem saudáveis quase semse sentirem obrigadas

“O método do Crossfit é muito completo. É um método que [nos] prepara para a vida e depois todas as outras modalidades começam a parecer mais fáceis.”

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hoje macau quarta-feira 9.7.2014 3POLÍTICAComo já era esperado, o nome mais falado e que mais consenso reunia, foi ontem à noite eleito por larga maioria, com nove votos a favor, entre os 11 possíveis

CECÍLIA L [email protected]

A votação teve lu- gar só ontem à noite, pelas 20h30, contudo,

antes da reunião já havia amplo consenso em torno do nome de Sou Ka Hou para substituir Jason Chao na pre-sidência da Associação Novo Macau(ANM). De resto, o seu nome foi o único a ser nomeado pela direcção da associação. Os dois vice-pre-sidentes são Scott Chiang, antigo vice-presidente, e Bill Chou, professor da Universi-dade de Macau, actualmente suspenso.

Os 11 dirigentes da Associação Novo Macau, escolhidos no Domingo, elegeram o novo presiden-te Sou Ka Hou, com nove

O Regime de Prevenção e Repressão da Corrupção no Comércio Externo

terá de estar analisado e votado até ao final do ano, uma vez que responsáveis das Nações Unidas estão a fiscalizar Macau sobre o respeito pela convenção assinada.

A garantia foi dada ontem por Chan Chak Mo, deputado que pre-side à 2ª. Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), encarregue de analisar o diploma na especialidade.

“Esta proposta de lei tem de ser aprovada dentro deste ano, porque 2014 é o prazo limite para a ava-liação por parte dos especialistas da ONU. Vamos assegurar que iremos terminar o trabalho sobre a proposta de lei”, disse o deputado.

Na primeira reunião após a

Autocarros dos casinos são o dobro dos públicos O deputado Zheng Anting fez ontem uma interpelação escrita a criticar o facto de ainda não haver limite para o número de autocarros dos casinos. “Embora o Governo já tenha esta ideia - e a sociedade também a defenda -, até agora ainda não há nenhuma medida apresentada. Quando é que o Governo vai lançar as medidas?”, questionou o deputado, apontando que o números dos veículos de turismo e casinos é o dobro dos autocarros públicos. Zheng Anting considera que com os problemas de tráfego rodoviário, é preciso limitar os autocarros dos casinos.

NOVO MACAU SOU KA HOU ELEITO PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DEMOCRATA

Bem-vindo Sr. presidente

LEI SOBRE CORRUPÇÃO NO COMÉRCIO EXTERNO ATÉ AO FIM DO ANO

Nações Unidas de olho em Macau

votos a favor, um contra, e um voto em branco. Em declarações ao início da tarde à Rádio Macau, o de-putado Ng Kuok Cheong já tinha dito que o nome “foi já discutido”.

Depois da reunião da direcção, o novo presidente foi questionado se esta vo-tação “discutida” é um mau exemplo para o sufrágio universal, pelo qual se está a lutar para as eleições do Chefe do Executivo. Sou Ka Hou prometeu que no seu mandato, de pelo menos dois anos, vai rever a regra das eleições e ouvir as opiniões dos membros da associação.

Sou Ka Hou, de 23 anos, tem nas as mãos a liderança de uma das mais activas associações políticas de Macau, e teve o apoio não apenas de Ng Kuok Cheong, mas também do antigo--presidente, Jason Chao, que cumpriu os dois mandatos permitidos à frente da ANM.

“Acho que a idade dele não é um problema. Quando eu fui eleito pela primeira também tinha apenas 23 anos. Espero que ele posso liderar o movimento social e democrata”, disse ao HM.

Ng Kuok Cheong elo-giou ainda mais o novo presidente: “Sou Ka Hou enquanto presidente vai con-

tinuar o registo que mostrou até aqui e agora vai aprender ainda mais e melhorar a sua imagem entre a população. Mas por agora vai manter o registo e o trabalho, que tem o meu apoio”. Nestas declarações à Rádio, Ng Kuok Cheong afasta radi-calismos. “A ANM não é a associação mais radical da sociedade de Macau. Penso

que somos é uma das mais activas e racionais”.

Sobre si próprio, Sou Ka Hou disse que a eleição o deixa com maior responsa-bilidade. “Queria contactar mais com a comunidade. Acho que a minha eleição vai causar uma mudança na sociedade cívica”, afirmou Sou. O novo presidente afirmou ainda que, como

só há cerca de um ano é que faz parte da ANM, pouco antes das eleições para a Assembleia Legislativa (AL) no ano passado, não será influenciado por muitas regras. “Acho que o nosso objectivo vai continuar a ser manter o contacto com as organizações internacio-nais, como Jason Chao já tinha feito. Por mim, quero

contactar mais jovens, não apenas na universidade, mas também nas escolas secun-dárias. O futuro de Macau é dos jovens, por isso, esse é também é um dos nossos objectivos.”

Na sua acção social, Sulu Sou disse que não vai escon-der o seu papel das outras organizações. Considera que ainda falta consciência democrata à sociedade de Macau. “O que vou fazer primeiro, é incentivar as pessoas que não têm dado atenção aos assuntos sociais, para agirem e criarem grupos que dêem atenção aos assun-tos. Tendo vários papeis nas diversas organizações isso não vai ser um problema.”

Foi criticado muito no dia das eleições dos membros da comissão eleitoral para o Chefe do Executivo, foi mui-to criticado que os jovens, incluindo Sulu Sou, fizeram protesto junto ao local da votação. Sulu Sou negou que o seu comportamento tenha sido “radical” . “Como a sociedade de Macau costuma ser tranquila, qualquer acção é considerada ‘radical’”. Um dos seu objetivos, como tinha dito antes das eleições, era reunir as opiniões diferentes dos membros da ANM. Sulu Sou explicou ontem que “reunir” não significa “ter pensamento igual”. “Para se ser uma organização demo-crata, temos de respeitar as opiniões dos outros, sejam elas mais suaves ou radicais. Temos um objectivo comum, mas podemos ter opiniões diferente.”

aprovação na generalidade, os deputados vão voltar a reunir com o Executivo e com Vasco Fong, co-missário do Comissariado contra a Corrupção (CCAC), uma vez que são necessários mais dados que facilitem a análise da proposta. “Grande parte do conteúdo deve ser transposto da Convenção

contra a Corrupção (ratificada por Macau em 2006), mas temos de verificar alguns aspectos”, explicou Chan Chak Mo.

Para já, uma das primeiras preocupações prende-se com a aplicação de sanções, tanto da parte dos assessores jurídicos da AL, como dos deputados.

“Estamos interessados em saber sobre a responsabilidade penal das pessoas colectivas, se pode acarretar multa ou pena de prisão. Temos de ter mais dados do Governo, para saber se, com-parando com as regiões vizinhas, temos as sanções mais adequadas para Macau. a abrangência desta proposta de lei é bastante grande”, garantiu Chan Chak Mo.

O Regime de Prevenção e Repressão da Corrupção no Comércio Externo aplica-se a funcionários de fora de Macau, não se aplicando directamente aos residentes do território. Contudo, se um residente de Macau fizer uma denúncia de um caso ocor-rido no estrangeiro, nesta área, “também se aplica (a proposta de lei)”, frisou o deputado. - A.S.S.

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HOJE MACAU

4 política hoje macau quarta-feira 9.7.2014

AnúncioConcurso público da obra de

« Modificação das lojas da Zona E do Lago Nam Van »1. Modalidade do concurso: concurso público.2. Local de execução da obra: Avenida Panorâmica do Lago Nam Van.3. Objectodaempreitada:ProjectodemodificaçãodaslojasdaZonaEdoLago Nam Van.4. Prazo de validade das propostas: o prazo de validade da proposta é de 90 dias,

a contar da data do acto público do concurso, prorrogável nos termos previstos no programa de concurso.

5. Tipo de empreitada: a empreitada é por Série de Preços.6. Caução provisória: MOP$200,000 e pode ser prestada por depósito em dinhei- ro, por garantia bancária ou por seguro-caução aprovado nos termos legais.7. Cauçãodefinitiva:acauçãodefinitivaéde5%dopreçototaldaadjudicação

(das importâncias que o empreiteiro tiver a receber em cada um dos pagamen-tosparciaissãodeduzidos5%paragarantiadocontrato,emreforçodacauçãodefinitivaaprestar).

8. Preço base: não há.9. Condições de admissão: inscrição na DSSOPT na modalidade de execução de obras.10. Local, dia e hora limite para entrega das propostas:

NúcleodeExpedienteeArquivodoIACM,sitonaAv.deAlmeidaRibeiro,n.º163-R/C,Edif.SededoIACM,atéàs17:00dodia5deAgostode2014.(apropostadeveserredigidanumadaslínguasoficiaisdaRAEM)

11. Local, dia e hora do acto público:Divisão de Formação e Documentação do IACM, sita naAvenida da PraiaGrande,EdifícioChinaPlaza6ºandar,nodia6deAgostode2014,pelas10:00horas.Os concorrentes ou seus representantes deverão estar presentes no acto público deaberturadepropostasparaosefeitosprevistosnoartigo80.ºdoDecreto-Lein.º74/99/M,eparaesclareceraseventuaisdúvidasrelativasaosdocumentosapresentados no concurso.

12. Local, dia e hora para exame do processo e obtenção da cópia:O projecto, o caderno de encargos, o programa do concurso e outros docu-mentos complementares podem ser examinados, nos Serviços de Construções eEquipamentosUrbanosdoInstitutoparaosAssuntosCívicoseMunicipais,sitosnaAv.daPraiaGrande,EdifícioComercialNamTung,18ºandar-Macau,durante as horas de expediente, desde o dia da publicação do anúncio até ao dia e hora do acto público do concurso.Nolocalacimareferidopoderãosersolicitadasatéàs17:00dodia 25 de Julho de 2014, cópias do processo de concurso ao preço de MOP$500.00 por exem-plar,aoabrigodon.º3doartigo52.ºdoDecreto-Lein.º74/99/M.

13. Prazo de execução da obra: O prazo de execução não poderá ser superior a 120 dias, contados a partir da data de consignação dos trabalhos.

14. Critériosdeapreciaçãodepropostaserespectivosfactoresdeponderação:- PreçoGlobaldaempreitadaeListadePreçosUnitários 60%- Prazodeexecuçãorazoável: 10%- Plano de trabalhos:

i.Oníveldediscretizaçãodasactividadeselementares 3% ii.Ainterdependênciadasactividadeselementares 3% iii.Aadequabilidadeeefectividadedosprazosdeexecução 4%

- Experiênciaemobrassemelhantes 10%- Material 10%

15. Junção de esclarecimentos:OsconcorrentesdeverãocomparecernosServiçosdeConstruçõeseEquipa-mentosUrbanosdoInstitutoparaosAssuntosCívicoseMunicipais,sitosnaAv.daPraiaGrande,EdifícioComercialNamTung,18ºandar-Macau,apartirde28deJulhode2014,inclusive,eatéàdatalimiteparaentregadaspropostas,para tomar conhecimento de eventuais esclarecimentos adicionais.

Macau, aos 27 de Junho de 2014.

O Vice Presidente do Conselho de Administração

Lo Veng Tak

WWW. IACM.GOV.MO

LEONOR SÁ [email protected]

O porta-voz do Go-verno, Alexis Tam, afirmou ontem que

o Executivo é “contra” o referendo sobre o sufrágio universal que está a ser or-ganizado por três associações locais. “O Governo manifes-ta objecção à atitude das três associações que se atreveram a desafiar” a entidade gover-namental, disse Tam, no final de uma conferência sobre a reunião da APEC, que vai realizar-se no mês de Setem-bro, no território.

De acordo com Ale-xis Tam, Macau é “uma sociedade de Direito” e o referendo, ontem anunciado pela Macau Consciência, Associação Novo Macau e Sociedade Aberta de Macau, “não tem qualquer base, nem fundamento legal”.

A afirmação levantou algumas questões por parte dos jornalistas, pois embora os resultados con-sequentes do referendo sejam considerados invá-lidos pelo Governo, a sua realização não é proibida por nenhuma alínea ou artigo da Lei Básica. Na óptica do porta-voz do Executivo, as associações estão a “apontar o dedo ao sistema eleitoral existente” no território, pelo que con-sidera o acto censurável. Embora o Governo não considere a realização do referendo sobre sufrágio

Eleições Queixas sobre Colégio Eleitoral investigadas

O anúncio de um referendo não oficial foi esta segunda-feira feito por três associações, e a resposta do Executivo não se fez esperar

ELEIÇÕES CE GOVERNO CONTRA REFERENDO SOBRE SUFRÁGIO

Legal, mas por pouco

A Comissão de Assuntos Eleitorais do Chefe de Executivo informou ontem

à comunicação social que as 18 queixas apresentadas durante as eleições para a Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo, que decorreram no dia 29 do mês passado, serão investigadas.

“Vamos verificar os dados de cada quei-xoso e depois iniciar uma investigação”, explicou a presidente da Comissão, Song Man Lei. As queixas apresentadas referiam--se maioritariamente ao barulho originado pelos altifalantes da Associação Novo Macau (ANM) à porta das mesas de voto do pavilhão desportivo do Tap Seac.

Na conferência de ontem a presidente

informou ainda que será lançado um “video de divulgação” das eleições para informar os possíveis candidatos.

As eleições para o cargo de Chefe de Executivo estão agendadas para 31 de Agosto e até à data Chui Sai On é o único candidato.

O líder do Governo só pode ser escolhido pelos membros da Comissão Eleitoral dois meses após a eleição destes, o que coincide com a data de 29 de Agosto, dado que o colégio que elege o Chefe do Executivo – e que tem 400 elementos – foi escolhido a 29 de Junho.

Chui Sai On, actual Chefe do Executivo, cumpre até Dezembro o seu primeiro manda-to e já revelou ser novamente candidato. - F.A.

universal um crime, ma-nifestou objecção contra estes atitudes, referindo que os seus resultados seriam inválidos.

O referendo deverá de-correr entre os dias 24 e 30 de Agosto, antes havendo espaço e tempo para um

período de consulta pública – até dia 19 do mesmo mês – para saber o que pensa a população sobre os vários cenários eleitorais possíveis. A realizar-se, os resultados do referendo apenas serão conhecidos depois da data da eleição oficial para o Chefe do Executivo, dia 31 de Agosto. São duas as ques-tões colocadas no referendo: se a população pretende um Chefe do Executivo eleito por sufrágio universal em 2019 e, no caso de haver um candidato, se os residentes que votam têm ou não con-fiança nele.

(as associações) “estão a apontar o dedo ao sistema eleitoral existente”ALEXIS TAMPorta-voz do Governo

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5 políticahoje macau quarta-feira 9.7.2014

A plataforma está por enquanto disponível online em língua chinesa, estando previsto que no fim do mês as informações possam também ser consultadas em inglês e português

O Governo está a cri- ar uma base de dados para reunir informações sobre

os recursos humanos existentes no território. Esta encontra-se em funcionamento – online – desde ontem e é apenas uma das técnicas criadas para atrair os jovens residentes de Macau que estejam a estudar ou trabalhar no estrangeiro.

O Governo pretende recrutar “talentos” locais para voltar ao território e contribuírem para o desenvolvimento da região. Durante uma reunião plenária da Comissão de Desenvolvimento de Talentos, Sou Chio Fai, coor-denador do Gabinete de Apoio ao Ensino Superior, disse que a lista será tornada pública.

“O público tem acesso às estatísticas destas informações.

O Governo conti-nua sem respon-der ao pedido

do número de crimes em pensões ilegais, feito pela Comissão de Acom-panhamento para os As-suntos da Administração Pública da Assembleia Legislativa (AL). A re-ferida comissão analisa a aplicação da lei que proí-be a prestação ilegal de alojamento e os deputa-dos querem saber quantos crimes foram praticados no que diz respeito às pensões clandestinas existentes no território. Só assim podem, dizem os deputados, pensar em rever, ou não, a legislação que regulamenta esta questão.

De acordo com notí-cia avançada pela Rádio

Melinda Chan quer penas pesadas para condução com drogaA deputada Melinda Chan fez ontem uma interpelação escrita onde insta o Governo a fazer a revisão e avaliação dos trabalhos da trabalho da Comissão de Luta contra a Droga. “A missão da Comissão, criada em 2008, é apoiar o Governo na definição e implementação das políticas, das estratégias e dos planos que visem a luta contra a droga e a toxicodependência, bem como na coordenação geral, interdepartamental e interdisciplinar das acções de combate contra a droga e toxicodependência, a desenvolver pelas entidades públicas e privadas na RAEM”, começa por dizer. “Contudo, questiono o trabalho desta Comissão, será que já reviu as leis e regulamentos sobre droga? Onde precisam de ser melhorados?” Melinda Chan relembra que, segundo o Código Penal e a Lei do Trânsito Rodoviário, os infractores apenas precisam de pagar multa para substituir a pena de prisão, mas questiona se a Comissão vai sugerir que se mude a lei, de forma a regular que a condução sob efeito de droga dê mesmo cadeia. - C.L.

APEC Próxima reunião em MacauA 8ª Reunião Ministerial de Turismo da Ásia-Pacífico (APEC, na sigla inglesa) vai realizar-se em Macau, entre os dias 8 e 14 de Setembro, no Macau Dome e vai custar 75 milhões de patacas ao Governo. O evento vai contar com a presença de 21 ministros dos países-membros, incluindo a Organização Mundial de Turismo. Serão cerca de 500 os convidados presentes durante os sete dias de duração do evento, onde serão discutidos temas como o turismo inteligente e com baixo teor de carbono e a ligação do turismo Ásia-Pacífico. O porta-voz do Executivo da RAEM, Alexis Tam, aproveitou para lembrar que é a primeira vez em 13 anos que uma reunião da APEC se realiza em território chinês, algo que, para Tam, “mostra um gesto de apoio à RAEM” por parte da República Popular da China. O foco da iniciativa serão as reuniões entre os vários ministros presentes – Portugal não estará presente – mas Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo, assegura que “Macau pretende integrar um centro mundial de cultura e lazer” e por isso mesmo estão agendadas visitas e passeios a locais históricos do território e à zona do Cotai. Além da reunião de ministros, será ainda realizada a 45ª reunião do grupo de trabalho de turismo da APEC. - L.S.M.

GOVERNO CRIA BASE DE DADOS DE PESSOAL QUALIFICADO

Vinde a nós os jovens talentos

PENSÕES ILEGAIS AL PEDE CELERIDADE NA ENTREGA DE DADOS

Respostas a conta-gotas

Neste momento, já estamos a criar a base de dados dos talentos do ensino superior e já está aberto ao público”, explicou o coorde-nador. O intuito é, de acordo com o responsável, permitir que os portadores de BIR qualificados profissional ou academicamente – a viverem no território ou no ex-terior – possam inscrever-se para ser eventualmente contactados para trabalhar para os serviços público ou privado. As empresas interessadas em contratar uma das pessoas da lista poderá fazê--lo, contactando a comissão.

“A empresa não vai saber os dados pessoais dos titulares. Nós somos o intermediário”, explica

Eric Yeung, membro da comissão de Desenvolvimento de Talentos.

Para já, a plataforma virtual só está disponível em língua chi-nesa, mas a comissão de talentos promete que no final do mês todas as informações estarão também em português e inglês.

COMISSÃO QUER REFORMULAÇÃO DE NORMASA mesma comissão pediu ainda ao Governo que sejam feitas reformulações ao mecanismo de contratação e concurso a postos de trabalho na Função Pública.

De acordo com a Rádio Ma-cau, alguns membros da comis-são acreditam que algumas das

normas vigentes não satisfazem os tempos que correm. Sou Chio Fai deu o exemplo dos cursos de conhecidas universidades como Cambridge ou Oxford, que não são reconhecidos em Macau. O mesmo acontece com a reformu-lação dos cursos em Portugal e que passaram a reger-se pelo processo de Bolonha, em que algumas licenciaturas passaram a ser cursos de cinco anos com mestrado integrado.

A rádio diz que, segundo as regras de contratação da Função Pública, também estes cursos são automaticamente rejeitados, por não satisfazerem o requisito de serem somente uma licenciatura. Para explicar a questão, Sou cla-rificou a situação de um jovem recém-licenciado em Engenharia que, ao voltar para Macau, fica automaticamente excluído de concorrer a uma vaga nas Obras Públicas, por possuir um certi-ficado de mestrado integrado e não de licenciatura de três anos, como acontece em Macau.

Um dos membros da comis-são, Eric Yeung, frisou ainda que este factor é uma das maiores condicionantes no regresso de pessoas actualmente a estudar ou trabalhar no exterior.

“A sugestão da comissão passa por dar alguma flexibilidade para cursos equivalentes e reconheci-dos internacionalmente”, possi-bilitando que pessoas com cursos no exterior possam concorrer para postos nos serviços públicos, diz aos microfones da rádio. - L.S.M.

Macau, o deputado e presidente da comissão, Chan Meng Kam, está insatisfeito com os atrasos por parte do Governo porque a entrega de dados é algo “fácil”. Admite, no

entanto, que a morosidade pode estar relacionada com o facto das infor-mações sobre os crimes praticados provirem de diferentes departamen-tos e serviços governa-

mentais, como a Polícia Judiciária ou a Direcção dos Serviços de Turismo, entidade responsável por aplicar sanções a locais que estejam a funcionar ilegalmente.

“Nestes próximos dias, esperamos conse-guir obter dados discri-minados, por parte do Governo sobre o número de crimes, para fazer uma análise e saber se existe alguma relação com as pensões ilegais”, avançou Chan Meng Kam, citado pela rádio.

Mesmo com docu-mentos em falta, a co-missão deixou algumas sugestões ao Executivo para minorar a questão das pensões ilegais e a criação de mais hotéis económicos na cidade é uma delas.

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6 hoje macau quarta-feira 9.7.2014SOCIEDADEFIL IPA ARAÚJOfilipa.araú[email protected]

“O S Serviços de Saúde (SS) e de acção social tratam de maneira di-ferente os membros

da comunidade LGBT [lésbicas, gays, bissexuais e transexuais] comparativamente aos heterosse-xuais”. Quem o diz é Anthony Lam, presidente da Associação Arco-Íris de Macau.

Em declarações ao HM - ins-tado a comentar o caso de um homem transexual, residente em Hong Kong, que viu a cirurgia da mudança de sexo como a única pos-sibilidade de casar - o presidente da associação defendeu que também o Governo deste lado deve reflectir e preparar-se para as pessoas que pretendem submeter-se a este tipo de cirurgia.

“Já recebi um pedido de ajuda, tanto psicológica como física, de uma pessoa que se queria submeter à cirurgia de alteração de sexo. Criei uma ponte com os SS, entrando em contacto com eles, e a resposta não foi nada animadora”, conta Anthony Lam, explicando que, para além da operação não ser contemplada pelo sistema de saúde de Macau, não existem quaisquer “subsídios

FLORA [email protected]

A União Geral das Associações dos Moradores de Macau (UGAMM) publicou um

inquérito sobre pessoas idosas que vivem sozinhas, cujos resultados revelam que 19% dos entrevistados não procuram ajuda quando têm pro-blemas ou dificuldades. A UGAAM apela à sociedade, família ou vizinhos dos idosos para se preocuparem “mais activamente” em relação às necessidades dos mais velhos.

Os motivos do silêncio pren-dem-se com o facto destes idosos não quererem incomodar outras pessoas, defendendo que “conse-guem resolver os assuntos sozi-nhos”. Pensam ainda que “ninguém os pode ajudar”.

“O inquérito foi feito durante os meses de Fevereiro e Abril deste ano através de questionários, tendo sido

Vedação reparada, vedação danificadaA vedação de um terreno do Executivo que, na semana passada, foi alvo de reparação por parte do Governo foi de novo danificada e foram colocados contentores, máquinas e materiais de construção, sendo “ainda nele edificado uma barraca de madeira e ocupada parte da via pública”, segundo informou ontem a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes. “A Administração já participou a ocorrência do caso aos órgãos judiciais”, explica o organismo em nota à imprensa. Uma vez mais o Governo reparou a vedação do terreno em causa sem remover os materiais nele depositados, para “não afectar a recolha de provas para a anterior investigação”.

“Já recebi um pedido de ajuda (...) de uma pessoa que se queria submeter à cirurgia de alteração de sexo. Criei uma ponte com os SS (...) e a resposta não foi nada animadora.”ANTHONY LAM

O sistema de Macau deve reflectir sobre a possibilidadede as pessoas quererem mudar de sexo ou casar com pessoas do mesmo sexo. É o que diz o presidente da AssociaçãoArco-Íris de Macau, que critica a falta de apoio dos Serviços de Saúde e de acção social à comunidade LGBT

LGBT GOVERNO “DEVE PENSAR” NOS QUE QUEREM MUDAR DE SEXO

Liberdade para casarde apoio e consultas de apoio psi-cológico e outros aos pacientes”.

O argumento dos SS, perante as questões do líder da associação, foi claro: “os subsídios são fornecidos a pacientes com doenças fatais”. Algo que, para Lam, não faz sentido.

“Macau está cada vez mais internacionalizado e os SS não podem fugir à prestação deste tipo de serviços”, defendeu, afirmando que o Instituto de Acção Social não está preparado, nem pretende estar para prestar apoio ao membros da comunidade LBGT que, segundo Anthony Lam, “ainda são tratados de maneira diferente”.

A notícia do transexual, residente em Hong Kong, surgiu na edição de segunda-feira do jornal South China Morning Post. O advogado do ho-mem afirma que é contra a lei obrigar uma pessoa a modificar o seu corpo, para que possa casar. Esta, contudo, parece ser a única alternativa para o transexual, que quer casar com o seu parceiro, mas não pode, devido ao sistema legal de Hong Kong não permitir o casamento entre o mesmo género.

Relativamente a este caso, o presidente considera que, uma vez que o tribunal de Hong Kong abriu “um precedente no ano passado” ao permitir que uma pessoa se casasse com a sua companheira segundo a lei britânica - que aceita a alteração de género ao fim de dois anos de registo - então deve também auto-rizar o casamento neste caso. “A Lei Britânica de Reconhecimento de Género (British Gender Recog-nition Act) é, aparentemente, um precedente viável para a Admi-nistração de Hong Kong melhorar ou modernizar a sua legislação em vigor, uma vez que ambas as jurisdições estão sob o sistema de direito comum”, concluiu.

A lei de Macau também não per-mite o casamento homossexual, nem reconhece a mudança de género.

ESTUDO 19% DOS IDOSOS QUE VIVEM SOZINHOS NÃO PROCURAM AJUDA

O resto é silêncio

ÍNDICE DE COMPRADE CASA VOLTOU A BAIXARA Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST) voltou a publicar a nova edição do Índice de Confiança dos Consumidores, referente ao segundo trimestre deste ano. Os resultados revelam que os consumidores têm menos confiança, especialmente no que diz respeito à compra de casa. De entre seis índices avaliados, o da compra de casa ficou em baixo na tabela, com uma nota de 39,38 pontos, de entre um total de 200. O número revela uma quebra de 2,48%. - C.L.

entrevistados 952 idosos com mais de 60 anos que vivem sozinhos. Os resultados mostram que 72% dos entrevistados têm filhos a residir em Macau, enquanto que 64% têm vários problemas de saúde”, referiram Lam Man Chi e Chan Wai, responsáveis

da UGAAM que apresentaram o inquérito.

Lam Man Chi disse ainda que alguns entrevistados dizem ter dificuldades em subir e descer escadas nos edifícios mais antigos, o que faz com que os idosos não

tenham vontade de sair à rua, o que influencia a sua vida.

Por isso, o responsável da UGAAM sugere que se crie “ha-bitação de qualidade para os idosos dependentes e com necessidades”, sem esquecer os apoios ao nível da saúde e actividades recreativas, com o objectivo de aumentar a sua participação na sociedade.

Lam Man Chi aconselha ainda os idosos a expressarem as suas dificuldades junto das associações privadas, enquanto que as entida-des públicas deveriam promover mais os recursos da sociedade junto dos idosos.

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7 sociedadehoje macau quarta-feira 9.7.2014

ANDREIA SOFIA [email protected]

J ORGE Godinho, jurista na área do Jogo e docente da Universidade de Macau (UM), publicou um artigo

académico na revista de Direito do Jogo da Universidade do Nevada, onde defende uma dimi-nuição ou mesmo o fim de uma prática à qual se pode chamar de apostas paralelas. Tratam-se de situações em que uma ou duas pessoas acordam em creditar um determinado montante da aposta feita no casino, mas que é apenas uma fracção do montante real.

O académico considera que estas apostas são um “desafio considerável”. Este tipo de apostas “não é taxado, ainda que seja feito dentro de casinos licenciados e siga as regras normais dos jogos”, começa por dizer no artigo a que o HM teve acesso. “Desta forma, o casino é utilizado de forma involuntária pelo ‘junket’ para um esquema de apostas paralelas onde não são cobrados impostos. Isto dá origem a uma erosão directa da receita fiscal. É complicado evitar que [estas apostas] deixem de

Macau receberá na próxima semana a 17ª Reunião anual do Grupo Ásia-Pacífico contra o Branqueamento de Capitais (APG), evento que decorrerá no Hotel Sheraton Macau. Entre 15 a 18 de Julho, mais de 350 delegados provenientes de 41 países estarão reunidos para discutir assuntos de interesse comum relacionados com o combate ao branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo, bem como para trocar experiências no combate a esse tipo de ilícitos, segundo informa o Governo em

comunicado. O grupo APG, de cariz autónomo e com 17 anos de existência, foi fundado em Banguecoque e tem como objectivo promover a cooperação e o cumprimento dos padrões internacionalmente reconhecidos entre os países e jurisdições da região Ásia-Pacífico no combate ao branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo. São várias as organizações que pertencem ao APG, tais como, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial. Membro desde 2001, Macau recebe pela segunda vez o evento.

JOGO JORGE GODINHO QUER TRAVAR APOSTAS PARALELAS EM CASINOS

“Pouca transparência”

“...o casino é utilizado de forma involuntária pelo ‘junket’ para um esquema de apostas paralelas onde não são cobrados impostos”

acontecer completamente, mas deverão ser feitos esforços nesse sentido, de forma a mitigar essas práticas”, escreve Jorge Godinho. O HM tentou contactar o acadé-mico, mas tal não foi possível até ao fecho desta edição.

O docente da UM diz ainda que os casinos “são também parte interessada em evitar [estas apos-tas], uma vez que estas causam a deterioração das receitas do jogo”.

POUCA TRANSPARÊNCIA No artigo, intitulado “O jogo em Macau: evolução, regulação e desa-fios”, Jorge Godinho chama ainda a atenção para a falta de transparência na publicação de dados por parte do Gabinete de Informação Financeira (GIF) e da Direcção de Inspecção e Controlo de Jogos (DICJ).

“As estatísticas publicadas pelo GIF não são detalhadas. Não existe especificamente uma separação entre as várias compo-nentes do sector do jogo, o que torna difícil retirar conclusões dessas estatísticas. Ter informa-ções detalhadas poderia ajudar a ter acesso a como os operadores locais estão a implementar e a ir de encontro às obrigações de re-portar as transacções suspeitas.”

Em relação à DICJ, existe “falta de informação pública sobre a apli-cação de acções adoptadas”, diz. “A DICJ não mostra os resultados das medidas junto do público e não existem dados sobre as sanções aplicadas”, defende o académico.

REVER AS LEIS A LONGO PRAZO Jorge Godinho chama ainda a atenção para os prazos das actuais

concessões e sub-concessões de jogo, uma vez que “o futuro do quadro legal da indústria não é claro”. “O Chefe do Executivo, que deverá ser reconduzido para um segundo mandato em 2014, tem a possibilidade de rever as actuais políticas que estão em vigor”, pode ler-se.

“Sob uma perspectiva de re-gulação, pode concluir-se que a legislação do jogo em Macau tem vindo a registar progressos, mas o seu desenvolvimento tem sido lento e um significante número de desafios têm de ser assumidos. Primeiro, o futuro do quadro legal, as concessões, não é claro.

Em segundo lugar permanece uma tolerância administrativa em relação às ‘joint-ventures’ ou parcerias e acordos que levam novos participantes a entrar nas operadoras de jogo e na indústria sem um contrato público.

Em terceiro lugar, a regulação e o controlo dos promotores de jogo e das mesas VIP deveriam ser aprofundados”, defende.

Para além disso, “há ainda algu-ma falta de transparência no actual sistema de regulação”, diz ainda. “O controlo do branqueamento de capitais, sendo, na generalida-de, satisfatório, tem espaço para melhorar. Há um considerável espaço para um desenvolvimento de áreas especializadas de regu-lação, existindo uma necessidade de clarificação de uma estratégia ampla para o sector, a longo prazo.”

Macau recebe reunião sobre branqueamento de capitais

O académico Jorge Godinho considera que “devem ser feitos esforços” para diminuir a prática das apostas paralelas nos casinos, em que apenas parte do montante apostado é creditado. Tal resulta numa “erosão directa da receita fiscal”, conclui num artigo publicado numa revista da Universidade do Nevada

Jorge Godinho fala ainda do surgimento de vários casinos em diversos países da Ásia, defen-dendo que a situação em Macau se deveria articular com “o rápido desenvolvimento a nível regional”. A nível local, “as limitações ao nível de terrenos disponíveis, as infra-estruturas e o sistema de transportes podem levar a con-gestionamentos, que irão crescer significativamente e a capacidade [de Macau] irá diminuir daqui a poucos anos”.

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8 sociedade hoje macau quarta-feira 9.7.2014

ANDREIA SOFIA SILVA [email protected]

CECÍLIA L INcecí[email protected]

O processo de atribuição das 200 novas li-cenças de táxis

deverá estar concluído e posto em prática até ao final deste ano. A garantia foi dada ao HM pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT).

“O nosso organismo está a trabalhar arduamente no processo e antes do final deste mês as notificações de adjudicação das licenças se-rão enviadas. Haverá depois procedimentos administra-tivos posteriores, como a submissão do documento comprovativo de que o taxista não está em dívida para com a RAEM por via de contribuições ou impos-tos. Espera-se que os novos táxis comecem a fornecer

LEONOR SÁ [email protected]

O líder do movimento, Ro-cky Chan, de apoio a Éric Sautedé – o professor da

Universidade de São José (USJ) despedido recentemente por tecer comentários políticos – e Ana Costa, antiga aluna, enviaram ontem uma carta a três institui-ções internacionais, incluindo a

TÁXIS ATRIBUIÇÃO DAS 200 LICENÇAS ATÉ DEZEMBRO

Querida burocracia

USJ ANTIGOS ALUNOS ENVIAM CARTA A ASSOCIAÇÕES INTERNACIONAIS

De Macau para o mundo

A DSAT confirma que, no final deste mês, as notificações de adjudicação das novas licenças de táxis vão começar a ser enviadas aos condutores. Tony Kuok, presidente da Associação do Mútuo Auxílio de Condutores de Táxis, fala do processo moroso e dos altos preços praticados e pede até revisão da lei

há quatro tipos de táxi, que podem vir da Europa ou do Japão. Depois há todo o processo nos Serviços de Finanças (para registo do veículo) e o exame”, con-firmou Tony Kuok.

PREÇOS ELEVADOSO presidente da ACTM fala ainda dos preços elevados que se cobram pelas licen-ças. “Estão cada vez mais caras. Desta vez a licença mais cara ficou em 1200 milhão de patacas, sendo necessário pagar uma taxa de 10% referente ao concur-so, entre outras despesas. Ou seja, tem de se pagar mais 200 ou 300 patacas. Mas o dinheiro é apenas para 96 meses. Significa isso que cada mês vale 15 mil patacas. Se for para alugar são cerca de 20 mil patacas por mês”, garantiu Tony Kuok.

O mesmo responsável também defende mudanças

no sistema de atribuição de licenças. “Se fossem oferecidas aos taxistas, o preço médio de cada licença rondaria pouco mais de 800 mil patacas. A maioria das licenças são adquiridas por grupos com muito dinheiro, que apenas compram para fazer investimento, o que faz com que as despesas aumentem depois. Por isso acho melhor que se faça um concurso público só para os taxistas que conduzem os táxis. Mas o Governo já me disse que, segundo a lei em vigor, não é possível apenas fazer esse tipo de concurso, que não seria justo. Mas acho que a lei poderia ser revista pelo Governo”, de-fende Tony Kuok.

os seus serviços antes do final deste ano”, confirmou o organismo através de res-posta escrita.

Apesar da entidade lide-rada por Wong Wan garantir rapidez no processo, Tony Kuok, presidente da Asso-ciação do Mútuo Auxílio

dos Condutores de Táxis (ACTM), fala de burocracia e morosidade do processo.

“Acho que o processo de atribuição das licenças pelo Governo é muito complica-do, poderia ser mais simples. Depois de concluído o con-curso público, o processo de

confirmação devia ser mais simples, porque basta um mês para o Governo decidir quem fica com a licença”, disse ao HM.

“Mas depois precisamos de, pelo menos, três meses para ter o táxi após a atribui-ção da licença. Isto porque

1200milhão de patacas, licença

mais cara atribuída

Amnistia Internacional em Hong Kong, a associação Académicos em Risco e o Instituto de Educação Internacional. A carta pretende ser um pedido de ajuda às três insti-tuições, passando a situação a ter um carácter internacional.

Rocky Chan e Ana Costa são antigos alunos e caracterizam-se como “cidadãos preocupados” com a questão - que começou com a suspensão do professor de Ciência

Política da Universidade de Macau, Bill Chou - e, mais tarde, com o caso de Sautedé, que foi despedido da USJ sem justa causa. Na carta enviada, os dois antigos alunos da USJ dizem querer saber a opinião das instituições sobre estes casos, que têm gerado grande polémica nas últimas semanas. “Acredita-mos que a vossa organização tem a credenciação e experiência para lidar com este tipo de situações”,

escreveram Rocky Chan e Ana Costa a cada uma das instituições.

“Vamos continuar a tentar proteger a nossa tão necessária li-berdade académica e de expressão, até que vejamos melhorias efec-tivas e uma resposta positiva por parte das instituições académicas referidas. Queremos ainda reiterar que, tal como todas as pessoas têm direito à sua fé, cada indivíduo tem também o direito de se expressar

livremente. Ambos [os direitos] são igualmente nobres e devem ser defendidos”, lê-se na carta. Os dois antigos alunos dizem ainda que “já é mau ser indiferente à injustiça social, mas é pior ser-se cúmplice na opressão”.

O envio do documento a três instituições internacionais é o novo passo na questão que tem envol-vido os meios de comunicação e as universidades de Macau, tendo sido assinadas várias petições por antigos e actuais alunos, bem como por professores e membros de associações activistas, tendo em vista a exposição dos casos de Chou e Sautedé, considerados pela maioria como “injustiças”.

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9CHINAhoje macau quarta-feira 9.7.2014

U MA empresa de leilões chinesa co-locará à venda, pela primeira vez na

história do país, uma carta do filósofo alemão Karl Marx na qual o autor se interessa pela recepção das seus ideias na Rússia, o que pode ser uma possível primeira tra-dução local de “O capital”.

A notícia foi dada esta terça-feira pela Companhia de Leilões Hosane, que leiloará o documento no dia 21, em nome de seu actual proprietário, um coleccio-nador de Xangai, admirador do filósofo e que trocou a carta com outra pessoa por uma antiga pintura chinesa em 2011.

Será o primeiro leilão pú-blico de um texto manuscrito de Marx em mais de 40 anos, assegurou a casa de leilões.

A carta foi escrita em Manchester (Reino Unido) em 28 de Maio de 1869 e nela Marx dirige-se a um amigo na Rússia, cuja identidade não pôde ser confirmada pela casa de leilões, para o informar das reacções no país à sua obra, explicou Guo Meng, especialista de Hosane, ao jornal oficial “Shanghai Daily”.

Naquele momento, Marx estava a trabalhar numa edição revista de “O capi-tal” (cujo primeiro volume foi publicado na Alemanha em 1867), e preparava uma possível edição em russo, que finalmente passou a existir em 1872.

A autoria da carta é com-provada ao ser comparada com outras do filósofo ger-mânico, e também porque nela aparecem claramente a assinatura e o endereço de Marx na época.

Hosane não anunciou ainda o preço de saída deste documento de grande rarida-de, já que a China só conta com cinco cartas originais do pensador, todas elas nas mãos das autoridades, e a grande maioria das que se conhecem estão repartidas entre dois grandes arquivos na Rússia e na Holanda.

Contudo, a casa de lei-lões chinesa mencionou que uma página do manuscrito de “O capital”, onde Marx examina e critica o funciona-mento do sistema capitalista, chegou a ter um preço de saída equivalente a US$ 3,4 milhões, embora não tenha precisado se chegou a ser vendida.

“Há poucos manuscritos e cartas de Marx que ainda serão possíveis de encon-trar”, declarou Guo, por isso

O Governo chinês assegurou na se-gunda-feira que

existe um “amplo con-senso” para a criação de um Banco de Desenvolvi-mento dos BRICS (países emergentes), cujo anúncio formal deverá acontecer já este mês, na cimeira daquele grupo.

“Os cinco países têm um forte desejo de es-tabelecer um banco e chegaram a um amplo consenso nesse sentido”, disse o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Li Baodong (na foto), numa conferência de imprensa destinada a antecipar a cimeira que decorre em Fortaleza, no Brasil, no próximo dia 15.

Os BRICS são com-postos pelo Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul, e deverão passar, assim, a ter um banco

Alemanha Mais de 60 voosdirectos por semana Mais de 60 voos directos ligam semanalmente várias cidades da Alemanha e da China, ilustrando as crescentes relações económicas sino-germânicas e os “sólidos laços” entre os dois países, salientou na segunda-feira o jornal China Daily. O número foi divulgado a propósito da visita que a chanceler Angela Merkel está a efectuar à China desde domingo e que constitui a sua sétima viagem ao país em apenas nove anos. A Alemanha é o maior parceiro comercial da China na Europa e o país da União Europeia que mais investe na nova potência emergente na Ásia Oriental, mas as relações sino-germânicas são também intensas no plano social. Segundo refere o China Daily, o número de turistas chineses que visitam a Alemanha aumenta 20% ao ano, tendo atingido os dois milhões em 2012, disse ao China Daily o embaixador alemão na China, Michael Clauss. Mais de 30 mil chineses estudam actualmente na Alemanha e cerca de 5400 alemães fazem o mesmo na China, indicou o mesmo jornal.

BRICS BANCO A CAMINHO

Um desejo emergente

destinado a desenvolver projectos de desenvolvi-mento, que será financiado inicialmente com um capi-tal que pode chegar aos 100 mil milhões de dólares, de acordo com a AFP.

As negociações para a criação do banco já du-ram há alguns anos, mas as dificuldades técnicas têm atrasado o processo: “As divergências têm de se resolver mediante o diálogo entre todos os países membros, as dis-cussões ainda continuam, há muitos pontos de vista, mas o objectivo de pôr em marcha o mais rápido pos-sível este banco é comum a todos”, acrescentou o responsável chinês.

Além do banco de de-senvolvimento, os BRICS têm previsto a criação de um fundo de reservas a ser usado em caso de “contin-gências financeiras”.

XANGAI CARTA DE KARL MARX VAI SER LEILOADA

Em nome do capitalPela primeira vez, em mais de 40 anos, é postoà venda um documento de grande raridade dofilósofo germânico

(a carta) “está envolvida por um rico significado histórico e pelo espíritode uma grande figura”COMPANHIA DE LEILÕES HOSANE

que, “embora a carta não seja muito longa, está envolvida por um rico significado his-tórico e pelo espírito de uma grande figura”.

Na República Popular da China os estudos da obra de Marx, que morreu em Londres em 1883 aos 64 anos, e das ideias marxistas,

são obrigatórios na educação média e universitária, já que nelas foi inspirada a constru-ção de seu sistema político actual, que entrou em vigor em 1949.

Embora a China seja um dos maiores mercados do mundo para leilões de arte e antiguidades, o sector esteve

limitado à participação internacional até muito recentemente, com gran-des casas de leilões locais, como Poly, vinculada a um conglomerado do Exército Popular de Libertação, ocupando grande parte do mercado.

O país comunista auto-rizou pela primeira vez em 2013 que a emblemática casa britânica Christie’s realizasse o seu primei-ro leilão no território, também em Xangai, em Abril.

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HOLANDA-ARGENTINA04:00 - ARENA CORINTHIANS

• HISTORIAL J V E D GM GS 8 4 3 1 13 6

MUNDIAL hoje macau quarta-feira 9.7.2014

MARCO [email protected]

S UPERIORIDADE nos números para a Holanda, um maior enlevo histórico para a

Argentina. Quando, na próxima madrugada pisarem o relvado da Arena Corinthians, em São Paulo, armados com os seus melhores argumentos para lutar por um lugar no encontro decisivo da vigésima edição do Campeonato do Mundo de Futebol, argentinos e holan-deses prestar-se-ão a escrever mais um capítulo de uma longa história de intensa e promissora rivalidade. A “Laranja Mecâ-nica” e a selecção alvi-celeste foram responsáveis por alguns dos melhores embates da his-tória dos Mundiais e legaram aos adeptos da modalidade uma mão cheia de momentos para a eternidade.

Se a frieza e o carácter anódino dos números favo-recem a Holanda, o carácter selectivo da história beneficia a Argentina. Em quatro parti-das disputadas por ambas as formações, registou-se um empate, uma vitória argentina e dois triunfos holandeses. A única derrota da Holanda frente ao onze sul-americano acabaria por se materializar apenas no prolongamento, mas as circunstâncias em que a derrota ocorreu pesam, e de sobremaneira, a favor dos argentinos: a jogar perante o seu próprio público, foi contra a Holanda que a Argentina con-seguiu alcançar o seu primeiro título mundial no já distante ano de 1978.

Os números dizem res-peito apenas às partidas disputadas no âmbito da fase final da principal competição futebolística do planeta, mas se forem tidas em conta as partidas amigáveis disputadas entre ambas as selecções, o balanço favorece ainda mais a formação holandesa. Con-tabilizados todos os desafios empreendidos pelas duas formações, o saldo favorece de forma evidente a Holanda, que venceu por quatro vezes o adversário, perdendo apenas o encontro decisivo da Copa de 1978.

HISTÓRIAS DA HISTÓRIAHá 36 anos, golos no prolon-gamento de Mário Kempes e de Bertoni garantiram a primeira grande conquista internacional da Argentina, ao mesmo tempo que faziam cair o pano sobre uma das mais geniais equipas de futebol de todos os tempos. Na década de setenta, a “Laranja Mecânica”

A polícia brasileira entrou na segunda--feira no Copacabana Palace, um dos mais luxuosos hotéis do Rio de

Janeiro, e deteve o britânico Ray Whelan, director executivo da Match Services, uma empresa que é parceira da FIFA para a venda de bilhetes.

Whelan, de 64 anos, é suspeito de ser o líder de uma rede de venda ilegal de bilhetes, já apelidada de “máfia dos bilhetes”, sendo acusado de lavagem de dinheiro, associação criminosa e comércio ilegal.

As autoridades brasileiras dizem que Whelan tem ligações ao argelino naturalizado francês Mohamadou Lamine Fofana, detido na semana passada, juntamente com mais dez pessoas, por causa da venda ilegal de bilhetes.

No hotel, onde estão alojados os dirigen-tes da FIFA, foram apreendidos telemóveis, dinheiro, um computador, bilhetes para a final e vários documentos.

Segundo o El País, a polícia considera que Whelan e Fofana montaram um esquema de venda ilegal de bilhetes, capaz de render lucros superiores a dois milhões de reais (640 mil euros) por jogo. A rede será formada por 30 pessoas e operava de quatro em quatro anos. “O lucro era tão alto que podem es-

perar de um Mundial a outro”, disse Fábio Barucke, chefe da esquadra 18 do Rio de Janeiro, citado pelo mesmo jornal espanhol.

A imprensa brasileira tinha nos últimos dias feito referências à implicação de um res-ponsável da FIFA nesta “máfia dos bilhetes”, mas afinal o homem em causa não pertence à FIFA. O que não quer dizer que esteja completamente desligado do organismo que gere o futebol mundial.

A Match Services é a empresa em quem a FIFA delegou os serviços de venda de bilhe-tes, alojamento e serviços tecnológicos para o Mundial 2014, tal como já tinha feito no Mundial 2010 e nas Taças das Confederações de 2009 e 2010.

A Match Services e a Match Hospitality (uma empresa-gémea) têm entre os seus accionistas a Infront Sports & Media, uma companhia cujo presidente executivo é Phili-ppe Blatter, sobrinho do presidente da FIFA.

Joseph Blatter não quis comentar o caso (“vamos falar só de futebol”, disse citado pelo jornal O Globo) e a FIFA emitiu um comunicado, mostrando-se disponível para colaboração com a investigação, que as auto-ridades brasileiras apelidaram de “Operação Jules Rimet”.

HOLANDESES E ARGENTINOS RE-EDITAM FINAL DE 1978

Números favorecem Holanda, história a Argentina

RIO DE JANEIRO LÍDER DA “MÁFIA DOS BILHETES” DETIDO

Operação Copacabana

de Johan Cruyff e de Nanniga revolucionou o mundo do fu-tebol, com um jogo dinâmico e bem orquestrado. Apesar do futebol vistoso que prati-cava, a Holanda acabou por não conseguir ascender ao

Olimpo do futebol, perdendo duas ocasiões soberanas para tal – primeiro em 1974, frente à Alemanha Ocidental – e depois frente à Argentina, no fatídico encontro do Monu-mental de Buenos Aires.

A mais saborosa vitória dos europeus acabaria por chegar vinte anos depois, em França, num ensolarado final de tarde. Disputado em Mar-selha, no estádio Vélodrome, o Holanda-Argentina despon-tou a velocidade de cruzeiro e aos dezassete minutos já reinava uma igualdade a um golo no marcador, depois de

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11 mundial

OS NÚMEROS

46 Nem Johan Cryff, nem Patrick Kluivert, nem Dennis Bergkamp. O melhor marcador de sempre da selecção holandesa ainda se encontra no activo. Robin van Persie leva 46 golos marcados com a camisola da selecção neerlandesa. Depois de um bom arranque de competição no Brasil, o desempenho do dianteiro do Manchester United esmoreceu um pouco, mas o avançado já provou que não lhe faltam qualidades para fazer a diferença.

145 É uma das principais defensivas da Argentina, mesmo sem ter sido campeão do mundo ou sem ter feito equipa com craques como Mario Kempes ou o inevitável Diego Armando Maradona. Javier Zanetti foi o jogador que por mais vezes envergou a camisola da selecção alvi-celeste. No total, jogou com as cores da Argentina por 145 vezes.

hoje macau quarta-feira 9.7.2014

Higuaín «Estamos perto do título» Gonzalo Higuaín sabe que o título mundial está apenas a duas vitórias de distância. O argentino reforçou a ambição da selecção, na véspera do encontro com a Holanda. “Não há palavras para o facto de poder alcançar este troféu. Fiz promessas mas ainda não as quero revelar. Estamos perto e dependemos de nós, é algo pelo qual lutamos desde o primeiro momento da qualificação. Mas também sabemos que há outras selecções com a mesma vontade da Argentina”, contou o avançado ao diário “Olé”. O jogador realçou depois a atitude dos argentinos na abordagem aos jogos: “Esta equipa mostra garra desde o primeiro dia e nisso não se pode falhar. Ainda para mais agora, que jogamos o apuramento para a final frente a um adversário poderoso como é a Holanda”. Para a tão aguardada vitória que permita a passagem ao derradeiro jogo, Higuaín destaca o trunfo da selecção: “Messi é a chave. Demonstrou-o até agora e espero que assim continue”.

Mourinho defende castigopara dois jogadores franceses José Mourinho considera que a FIFA devia agir disciplinarmente sobre os internacionais franceses Sakho e Matuidi, na sequência de «acções maldosas» protagonizadas pelos dois jogadores durante o Mundial. «Temos a situação de Suárez e, claro, o cartão vermelho a Alex Song. Mas, na minha opinião, as duas situações mais perigosas foram protagonizadas por Sakho, quando ele agrediu um jogador do Equador com uma cotovelada na cara, e Matuidi [no jogo com a Nigéria]. Foram duas ações maldosas e é difícil aceitar que os jogadores fiquem impunes», criticou o treinador português, no seu espaço de comentário no portal Yahoo.

Brasil Bebé abandonado ganhouo nome de David Luiz Há histórias que merecem ser contadas. Uma delas, no Brasil, poderia ter tido um desfecho trágico, não fosse a actuação da Polícia Militar: um bebé, nascido na passada sexta-feira, foi encontrado no fim de semana no mercado público de Cumaru, no estado do Pernambuco. Curiosa foi a história que levou o recém-nascido a ganhar um nome famoso, o de David Luiz, central da selecção brasileira. Segundo relata o Globoesporte, o recém-nascido foi transportado para a unidade de saúde local, onde todos se lhe referiam como «o abandonado», segundo a directora administrativa do hospital Helena Maria da Conceição. «Pensei: o bebé é um herói, sobreviveu dentro de uma casa de banho, e então quisemos homenageá-lo com o nome do nosso jogador, que também está a ser um herói na nossa selecção», explicou Helena Maria da Conceição sobre a inspiração no antigo defesa do Benfica, recentemente transferido do Chelsea para o PSG.

Mercado Guarda-redes da Argéliaapontado ao FC PortoA notícia é avançada pela imprensa búlgara. O guardião argelino Rais Mbolhi esteve em bom plano durante o Mundial. Gorada que parece a hipótese do costa-riquenho Keylor Navas rumar ao Dragão, o FC Porto já se mexe em outras paragens para reforçar a baliza. De acordo com o site búlgaro Sportal, o guardião Rais Mbolhi pode reforçar a baliza dos portistas. O guarda-redes, de 28 anos, tem também nacionalidade francesa e já alinhou em clubes de diversos países: França, Escócia, Grécia, Japão, Bulgária e Rússia.

HOLANDESES E ARGENTINOS RE-EDITAM FINAL DE 1978

Números favorecem Holanda, história a Argentina

Kluivert e Cláudio Lopez terem inscrito o nome nos anais da partida. Equilibrado, o jogo disputava-se a ritmo tenso. O vencedor encontraria nas meias-finais do Mundial o Brasil e os nervos acabaram por tomar conta de ambas as equipas. Ortega e Numan foram expulsos e com dez para cada lado, a um minuto do prolongamento, entrou em cena a genialidade de Dennis Bergkamp. Aos 44 minutos da etapa complementar, o dianteiro recebeu na frente de ataque e esbanjou categoria suficiente para dar e vender,

fazendo passar a bola entre as pernas de Ayala, antes de tirar o esférico do alcance de Roa: 2-1 e a Holanda nas meias-finais.

O primeiro encontro entre holandeses e argentinos em Mundiais ocorreu há quarenta anos, na Alemanha e foi tam-bém o desafio que garantiu à Holanda o triunfo mais robusto sobre os rivais sul--americanos. Com dois golos do inspirado Cruyff, a partida disputada em Gelsenkirchen terminou com um triunfo da “Laranja Mecânica” por quatro bolas a zero e abriu

caminho para a presença da selecção orientada por Rinus Michaels no encontro decisi-vo do Campeonato do Mundo de 1974.

MESSI ENTRA EM CAMPOO confronto mais recente entre argentinos e holandeses voltou a ter a Alemanha como palco e foi também o menos espectacular dos desafios disputados por ambas as for-mações na mais cotada com-petição futebolística mundial. A partida, a contar para a terceira jornada do Grupo C do Alemanha 2006, termi-

naria empatada sem golos, mas a igualdade acabaria por beneficiar a Argentina, que terminou no primeiro lugar da “poule”. O desafio marcou também a estreia de um certo Lionel Messi como titular na fase final de um Campeonato do Mundo de Futebol. Então com 19 anos, o craque argen-tino já tinha marcado contra a Sérvia na partida anterior e mereceu a confiança do então seleccionador José Pekerman, acabando por sair aos 25 mi-nutos da segunda parte para dar o lugar a Júlio Cruz.

Desde então, Messi entrou em campo mais onze vezes na fase final de um Campeonato do Mundo de Futebol, dez das quais como titular. A partida da próxima madrugada é uma das mais importantes da car-reira do craque do Barcelona. A Argentina apresenta-se em campo apostada em colocar cobro a um tabu com 36 anos e conseguir avançar rumo à final. Os holandeses, por sua vez, tentam marcar presença na sua segunda final consecu-tiva e aconteça o que aconte-cer na Arena-Corinthians já há pelo menos uma certeza. O Holanda-Argentina será um jogão. É a história quem o diz.

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12 publicidade hoje macau quarta-feira 9.7.2014

1. Entidade que põe a obra a concurso: Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes.

2. Modalidade de concurso: concurso público.3. Local de execução da obra: na zona em que se situa na

proximidade do terminal dos autocarros na Avenida Panorâmica do Lago Sai Van da Barra.

4. Objecto da Empreitada: a construção da infra-estru-tura complexa de trânsito e transporte, composta pelo rés-do-chão e três pisos em cave.

5. Prazo de construção: o prazo máximo de construção é de 1399 (mil, trezentos e noventa e nove) dias de calendário.

6. Prazo de validade das propostas: o prazo de validade das propostas é de noventa dias, a contar da data do encerramento do acto público do concurso, prorrogá-vel, nos termos previstos no programa do concurso.

7. Tipo de empreitada: a empreitada é por série de preços.8. Caução provisória: é de $30.000.000,00 (trinta mi-

lhões de patacas), a prestar mediante depósito em di-nheiro, garantia bancária ou seguro-caução aprovado nos termos legais.

9. Cauçãodefinitiva:5%dopreçototaldaadjudicação(das importâncias que o empreiteiro tiver a receber, em cada um dos pagamentos parciais são deduzidos 5%paragarantiadocontrato,parareforçodacauçãodefinitivaaprestar).

10. Preço base: não há.11. Condições de admissão:

Serão admitidos como concorrentes as entidades inscritas na DSSOPT para execução de obras, bem como as que à data do concurso tenham requerido ou renovado a sua inscrição, neste último caso a admis-são é condicionada ao deferimento do pedido ou da renovação de inscrição.

12. Local, dia e hora limite para entrega das propostas:Local: sede do Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes, sita na Rua Dr. Pedro José Lobo, n.º 1-3, Edifício Banco Luso Internacional, 26.º andar, Macau.Dia e hora limite: dia 10 de Setembro de 2014, (quar-ta-feira), até às 17:00 horas.

13. Línguas a utilizar na redacção da proposta:Os documentos que instruem a proposta (com excep-ção dos catálogos de produtos) são obrigatoriamente redigidosnumadaslínguasoficiaisdaR.A.E.M.,caso

os documentos acima referidos estiverem elaborados noutras línguas, deverão os mesmos ser acompanha-dosdetraduçãolegalizadaparalínguaoficial,eaquelatradução deverá ser válida para todos os efeitos.

14. Local, dia e hora do acto público:Local: sede do Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes, sita na Rua Dr. Pedro José Lobo, n.º 1-3, Edifício Banco Luso Internacional, 11.º andar, Macau.Dia e hora: dia 11 de Setembro de 2014, (quinta--feira), pelas 9:30 horas.Os concorrentes ou seus representantes deverão estar presentes ao acto público de abertura de propostas para os efeitos previstos no artigo 80.º do Decreto-Lei n.º 74/99/M e para esclarecer as eventuais dúvidas relativas aos documentos apresentados no concurso.

15. Local, hora e preço para obtenção da cópia e exame do processo:Local: sede do Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes, sita na Rua Dr. Pedro José Lobo, n.º 1-3, Edifício Banco Luso Internacional, 26.º andar, Macau.Hora: horário de expediente.Preço: $ 10.000,00 (dez mil patacas).

16. Critérios de apreciação de propostas e respectivos fac-tores de ponderação:

- Preço razoável 60%

- Plano de trabalhos 10%

- Experiência e qualidade em obras 18%

- Integridade e honestidade 12%

17. Junção de esclarecimentos:Os concorrentes poderão comparecer na sede do GIT, situada na Rua Dr. Pedro José Lobo, n.º 1-3, Edifício Banco Luso Internacional, 26.º andar, GIT, Macau, a partir de 9 de Julho de 2014, inclusive, e até à data limite para a entrega das propostas, para tomar co-nhecimento de eventuais esclarecimentos adicionais.

Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes, ao 1 de Julho de 2014.

O Coordenador Lei Chan Tong

ANÚNCIOCONCURSO PÚBLICO PARA “ EMPREITADA DE CONSTRUÇÃO

DO CENTRO MODAL DE TRANSPORTES DA BARRA”

ANÚNCIO

Faz-se saber que em relação ao concurso público n.º 12/P/14 para <<Fornecimento de Medicamentos do Formulário Hospitalar-Grupo 1 aos Serviços de Saúde>>, publicado no Boletim Oficial da RegiãoAdministrativa Especial de Macau n.º 25, II Série, de 18 de Junho de 2014, foram prestados esclarecimentos, nos termos do ponto 3.º do programa do concurso, pela entidade que realiza o concurso e juntos ao processo do concurso.

Os referidos esclarecimentos encontram-se disponíveis para consulta durante o horário de expediente na Divisão de Aprovisionamento e Economato dos Serviços de Saúde, sita na Rua Nova à Guia, n.º 335, Edifício da Administração dos Serviços de Saúde, 1.º andar, e também estão disponíveis no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo).

Serviços de Saúde, aos 2 de Julho de 2014.O Director dos Serviços

Lei Chin Ion

ANÚNCIO

Faz-se saber que em relação ao concurso público n.º 17/P/14 para <<Fornecimento de MedicamentosdoFormulárioHospitalar-Grupo2aosServiçosdeSaúde>>,publicadonoBoletimOficialda Região Administrativa Especial de Macau n.º 25, II Série, de 18 de Junho de 2014, foram prestados esclarecimentos, nos termos do ponto 3.º do programa do concurso, pela entidade que realiza o concurso e juntos ao processo do concurso.

Os referidos esclarecimentos encontram-se disponíveis para consulta durante o horário de expediente na Divisão de Aprovisionamento e Economato dos Serviços de Saúde, sita na Rua Nova à Guia, n.º 335, Edifício da Administração dos Serviços de Saúde, 1.º andar, e também estão disponíveis no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo).

Serviços de Saúde, aos 2 de Julho de 2014.O Director dos Serviços

Lei Chin Ion

ANÚNCIOCONCURSO PÚBLICO N.º 19/P/14

Faz-se público que, por despacho de Sua Excelência, o Chefe do Executivo, de 14 de Abril de 2014, se encontra aberto o Concurso Público para <<Prestação de Serviços de Limpeza ao Centro Hospitalar Conde de S. Januário e aos Vários Edifícios de Administração>>, cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 9 de Julho de 2014, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita na Rua Nova à Guia, n.º 335, Edifício da Administração dos Serviços de Saúde, 1.º andar, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP82,00 (oitenta e duas patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria destes Serviços deSaúde)ouaindamedianteatransferênciagratuitadeficheirospelainternetnowebsitedoS.S.(www.ssm.gov.mo). Os concorrentes deverão comparecer na Sala <<Auditório>> situada no r/c do Edifício da Administração dos Serviços de Saúde junto C.H.C.S.J. no dia 16 de Julho de 2014 às 10,00 horas para uma reunião de esclarecimentos ou dúvidas referentes ao presente concurso público seguida duma visita aos locais a que se destinam a respectiva prestação de serviços. As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de S. Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 7 de Agosto de 2014. O acto público deste concurso terá lugar no dia 8 de Agosto de 2014, pelas 10,00 horas, na sala de <<Reuniões>> do Edifício da Administração dos Serviços de Saúde, sita na Rua Nova à Guia, n.º 335, 3.º andar. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP954 000,00 (novecentas e cinquenta e quatro mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 4 de Julho de 2014.

O Director dos Serviços, SubstitutoChan Wai Sin

ANÚNCIO

Faz-se saber que em relação ao concurso público n.º 18/P/14 para <<Fornecimento de MedicamentosdoFormulárioHospitalar-Grupo3aosServiçosdeSaúde>>,publicadonoBoletimOficialda Região Administrativa Especial de Macau n.º 25, II Série, de 18 de Junho de 2014, foram prestados esclarecimentos, nos termos do ponto 3.º do programa do concurso, pela entidade que realiza o concurso e juntos ao processo do concurso.

Os referidos esclarecimentos encontram-se disponíveis para consulta durante o horário de expediente na Divisão de Aprovisionamento e Economato dos Serviços de Saúde, sita na Rua Nova à Guia, n.º 335, Edifício da Administração dos Serviços de Saúde, 1.º andar, e também estão disponíveis no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo).

Serviços de Saúde, aos 2 de Julho de 2014.O Director dos Serviços

Lei Chin Ion

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13DESPORTOhoje macau quarta-feira 9.7.2014

O lutador chinês tenta chegar ao pódio dos melhores do mundo na categoria de peso-mosca

Z OU Shiming vai tentar conquistar o seu primeiro título profissional no pró-

ximo dia 19, na Arena do Venetian. O lutador chinês

Benfica Artur espera propostas A iminente saída de Oblak não altera em nada a posição de Artur no Benfica. Caso surja uma proposta à Luz visando a saída do brasileiro, será devidamente estudada, pois as águias vão ao mercado procurar uma alternativa ao internacional esloveno. O guarda-redes, de 33 anos, encontra-se vinculado até Junho de 2015; logo, o clube encarnado só terá alguma possibilidade de rentabilizar o passe do guardião caso o negoceie agora. Em Janeiro, o sul-americano será livre para escolher o seu futuro sem que as águias recebam qualquer indemnização. A intenção de negociar os direitos desportivos de Artur também é considerada prioritária pelos responsáveis do Benfica devido ao valor do seu vencimento. Apesar de não estar no topo salarial, Artur aufere uma verba considerada muito elevada para um futebolista que normalmente começa as partidas no banco de suplentes. Enquanto espera propostas, Artur continua a treinar-se no centro de estágio do Seixal

Di Stéfano Velório junta milhares no Santiago Bernabéu O velório de Alfredo di Stéfano, antigo avançado espanhol que faleceu na segunda-feira, aos 88 anos, teve ontem início na sala de honra do estádio Santiago Bernabéu, casa do Real Madrid onde irá ficar durante dois dias. São esperados milhares de adeptos e personalidades dos mais variantes quadrantes da sociedade no Bernabéu nesta última homenagem. Recorde-se que Luís Filipe Vieira vai estar presente na cerimónia póstuma. O presidente das águas deslocou-se à capital espanhola esta terça-feira acompanhado pelos campeões europeus das águias Artur Santos, Fernando Cruz, António Simões, José Augusto, Ângelo Martins e Mário João.

Pequim Candidato a Jogos Olímpicos de Inverno O presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, anunciou na segunda-feira em Lausanne, Suíça, que as cidades de Pequim, Oslo e Almaty foram oficialmente nomeadas candidatas a organizar os Jogos Olímpicos de Inverno de 2022. Com base no relatório de investigação sobre as condições dos estádios, transporte e segurança dos países que concorrem para organizar o evento, a Comissão Executiva do COI concordou que Pequim e as outras duas cidades devem passar para a próxima etapa da candidatura. O Comité Olímpico de Pequim enviou, no dia 3 de Novembro de 2013, uma carta oficial de candidatura para o COI. A cidade de Pequim poderá ser a sede das competições de patinagem enquanto que a cidade de Zhangjiakou, na província de Hebei, tratará dos eventos de esqui.

BOXE ZOU SHIMING CONTRA LUIS DE LA ROSA POR TÍTULO DA WBO

De volta às estreias

AVISO

Informa-se que a lista classificativa final dos candidatos ao concurso comum para o preenchimento de duas vagas de técnico de 2.ª classe, 1.º escalão, da carreira de técnico, área jurídica, em regime de contrato além do quadro da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental, foi publicada no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau, N.° 28, II Série, de 9 de Julho de 2014, e se encontra afixada na DSPA, sita na Alameda Dr. Carlos D’Assumpção, n.os 393 a 437, Edifício “Dynasty Plaza”, 10.° andar, Macau, e disponibilizada na página electrónica: www.dspa.gov.mo.

O Director, substituto,Vai Hoi Ieong

Aos 2 de Julho de 2014

Aviso

Faz-se público que se encontra aberto o concurso comum, de ingresso externo, de prestação de provas, para o preenchimento de três lugares de técnico de 2.ª classe, 1.º escalão, da carreira de técnico, área de telecomunicações, em regime de contrato além do quadro, da Direcção dos Serviços de Telecomunicações (DSRT). Os respectivos detalhes constam do Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau, n.º 28, II série, de 9 de Julho de 2014 e estão divulgados nas páginas electrónicas da DSRT (http://www.dsrt.gov.mo) e da Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública. Podem também ser obtidos na Divisão Administrativa e Financeira da DSRT, sita na Avenida do Infante D. Henrique, n.ºs 43-53A, Edifício Macau Square, 22.º andar, Macau.

Direcção dos Serviços de Regulação de Telecomunicações, aos 2 de Julho de 2014.

O Director dos Serviços, SubstitutoHoi Chi Leong

defronta Luis de La Rosa no Campeonato Internacional de “Special Elite” na categoria de peso-mosca, título que pertence à World Boxing Federation e que pode elevar Zou – medalha de ouro nos Jogos Olímpicos por duas ve-zes – ao top três dos melhores do mundo.

Este é o quinto combate profissional de Zou Shiming, treinado por Freddie Roach, e o primeiro com dez assaltos.

Luis de La Rosa, da Co-lômbia, conseguiu finalizar quatro das suas últimas seis vitórias por KO, ao passo que Zou Shiming só conseguiu, até agora, um KO, durante o

seu último combate no Vene-tian, em Fevereiro.

VILÓRIA E NG DE VOLTAMas o “Champions of Gold” não traz só Zou Shiming ao território.

Outros dos combates prin-cipais da noite estão agendados entre o cubano Guillermo Rigondeaux – que também conquistou duas medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos – e Sod Looknongyangtoy, da Tailândia, e o russo Egor Mekhontsev – vencedor de uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos –, que vai enfrentar Mike Merafuentes.

Também Brian Vilória, o

hawaiano três vezes campeão do mundo e membro da se-lecção dos EUA, volta a subir à arena do Venetian, para um combate com José Alfredo Zuniga, do México. Viloria perdeu o último combate em Macau e o respectivo título, no ano passado.

Rex Tso, de Hong Kong, que não perdeu nenhum com-bate até agora, combate com John Bajawa, da Indonésia, ao passo que o ‘Macau Kid’, Ng Kuok Kun, enfrenta Beau O’Brien, da Nova Zelândia.

Os bilhetes já estão à venda e custam entre 80 e 4680 pata-cas, estando o evento marcado para as 17h30.

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14 hoje macau quarta-feira 9.7.2014

HUAI NAN ZI 淮南子 O LIVRO DOS MESTRES DE HUAINAN

Da Paz – 103

Se tudo souberes mas desconheceres como funcionam os homens, não poderás ser chamado sábio. Se amares todos os seres mas não amares a humanidade não poderás se chamado benevolente. Os benevolentes amam os seus; os sábios são inconfundíveis.

* * *

Os sábios começam por ter oposição e acabam por conseguir a harmonia. Os tolos começam por ter prazer e acabam em grande tristeza.

* * *

Habitualmente, quando pensamos, julgamos sempre estar certos. Porém quando o colocamos em prática, aquilo que julgávamos certo revela-se errado. É aqui que a loucura e a sabedoria diferem.

* * *

A via da grande antiguidade deu vida a todos os seres sem ser possessiva e desenvolveu as formas da evolução sem tirania. Todos os seres dela dependiam para viver, mas não estavam conscientes da sua virtude; por isso pereceram, mas sem serem capazes de ressentimento. Aqueles que a atingiram e com ela lucraram, não a puderam elogiar; aqueles que a usaram e perderam, não a puderam repudiar.

* * *

Quando nos encontramos calmos, tal é a nossa natureza celestial; agir ao emocionar-se é a capacidade desta natureza. Quando o espírito responde ao que emerge, tal é a acção cognitiva; quando a cognição e os objectos entram em contacto, surgem o prazer e desprazer.Quando os gostos e des-gostos são formalizados, e a cognição é atraída para o exterior, incapaz de regressar a si própria, o padrão celestial é obliterado.Assim, aqueles que chegam ao Tao não substituem o celestial pelo humano. Exteriormente, mudam com as coisas, mas, interiormente, não perdem o seu verdadeiro estado.

Tradução de Rui Cascais | Ilustração de Rui Rasquinho

Huai Nan Zi (淮南子), O Livro dos Mestres de Huainan foi composto por um conjunto de sábios taoistas na corte de Huainan (actual Província de Anhui), no século II a.C., no decorrer da Dinastia Han do Oeste (206 a.C. a 9 d.C.). Conhecidos como “Os Oito Imortais”, estes sábios destilaram e refinaram o corpo de ensinamentos taoistas já existente (ou seja, o Tao Te Qing e o Chuang Tzu) num só volume, sob o patrocínio e coordenação do lendário Príncipe Liu An de Huainan. A versão portuguesa que aqui se apresenta segue uma selecção de extractos fundamentais, efectuada a partir do texto canónico completo pelo Professor Thomas Cleary e por si traduzida em Taoist Classics, Volume I, Shambhala: Boston, 2003. Estes extractos encontram-se organizados em quatro grupos: “Da Sociedade e do Estado”; “Da Guerra”; “Da Paz” e “Da Sabedoria”. O texto original chinês pode ser consultado na íntegra em www.ctext.org, na secção intitulada “Miscellaneous Schools”.

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Page 15: Hoje Macau 9 JUL 2014 #3127

15 artes, letras e ideiashoje macau quarta-feira 9.7.2014

É aqui que a loucura e a sabedoria diferem.

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16 hoje macau quarta-feira 9.7.2014hO IMPÉRIODO FIM (VII)

(folhetim do fim de um império)

Carlos Morais José

(Continuação da semana passada)

XXVII

É tempo de entrar no Atelier.– Olá Meng Xian, olá José António.

São dois amigos. Não os sabia ali em-pregados. Estão nus, à excepção das meias. Sobre estiradores castanhos, raparigas ofere-cem nádegas em silêncio. Eles deslizam pela sala e, numa eventual erecção, fornicam por instantes as linhas debruadas, voltando a um canto onde se acumulam cervejas. Não riem. Corre um sopro frio, regular, de máquina, cheira a cola e bafio. Não sorriem. João en-trava em silêncio. As raparigas escondiam os olhos em cataratas de cabelos negros e nin-guém dava pela sua presença. – Olá Meng Xian, olá José António – repe-tiu. Não se admiraram. Estariam informa-dos?… Eles também?… A situação não lhes era surpreendente. – Olá João – disse Meng Xian, com um sor-riso amarelo, – como podes ver, estávamos à tua espera.– À espera porquê?– Porque nos informaram de que tu és so-mente um passante, que o teu lugar não vai ser neste andar, mas num outro qualquer do Atelier. No fundo, estamos aqui para te es-tender uma passadeira vermelha – e ria-se... amareladamente. José António entretinha-se com uma curva absurda, desenhada pelas nádegas de uma rapariga morena.

Isso quer dizer que não me posso despir como vocês?

A reacção não foi a melhor. Meng Xian e José António entreolharam-se.

Claro que não. Aqui somos nós os fun-cionários. Só nós funcionamos. Fomos es-colhidos para ocupar o primeiro andar – , disse um.

Não leves a mal, é mesmo assim. Fomos nós como podiam ser outros. Eu por mim trocaria de lugar com o primeiro candidato, caso alguém reunisse as qualidades que eles entendem necessárias para esta posição – , rematou o outro.– Quais qualidades?

Não sei. E, no entanto, parece que as tenho. Ou pelo menos eles acham que sim.

José António mudava de estirador. Eles... a Escultora…. vive no último

andar, uma espécie de bunker. Dizem que tem medo de ser assassinada. … muito rica e gorda, vive rodeada de Gurkhas que dizem usar também... para outras actividades – riu alarvemente por um momento mas depois fechou a cara e continuou baixinho: – Aqui ninguém acredita em nada… tudo menti-ras... tudo mentiras.

E suspirou.– Mas, então, são eles ou ela?...

São eles também. Meng Xian fazia uma expressão cómica

de tão perdida. E continuava: – Vêm a meio da noite. Mas não é pela rua. Ninguém sabe como chegam ao quinto an-dar. Também não se sabe exactamente se alguma vez alguém a visita. Mas nada disso interessa. Importante é o trabalho fixo, o sa-lário gordo – e ria, agora infantil – o empre-go não é mau...

Queres dizer que conheces a Escultora? – dizia eu olhando para as meias.

Não. Mas ela conhece-me a mim. Não penses que estás aqui por acaso. Os agentes (Continua na próxima semana)

do Atelier procuram pessoas pelas ruas, pe-los cafés, pelas repartições, enfim, por toda a parte. Depois de uma primeira selecção seguem durante algum tempo os escolhidos. Informam-se sobre as vidas, os vícios, os de-feitos. Existe uma compreensão muito clara das aptidões principais de cada sujeito e é nessa medida que decidem dar ou não em-prego a alguém. Eles sabem exactamente o querem de ti, mas tu só irás descobrindo por tentativa e erro. Eu também sou um grande ignorante. Conheço apenas este andar. Al-gumas das raparigas já frequentaram outros sítios do Atelier e às vezes, quando há vinho, deliram sobre paisagens lunares e noites lar-gas. Eu e o José António não sabemos se esses delírios serão também parte de um plano arquitectado especialmente para nós, para o nosso bom funcionamento, mas isso não nos interessa.

Voltava a repetir: – O emprego não é mau...

XXVIII

Levantava-se uma poeira muito fina que em-baciava o ar. Não havia janelas e a luz, sain-do compacta do chão branco, espalhava uma névoa azulada. O outro voltava ao canto das cervejas. Pegou numa garrafa verde, quente, e emborcou metade em grandes goles.– Venho à procura de um tipo chamado Almas…

Já não lhe ligavam nenhuma. As rapari-

gas permaneciam imóveis sobre os estirado-res e um grande silêncio oprimia a sala, en-trecortado pelo ruído da cerveja, escorrendo pela garganta de José António. Soltou um grande arroto que ressoou pelas abóbadas curvas. – Almas, Almas... – retomava Meng Xian, sain-do daquele estado abstruso em que de repente parecia estar enfiado – não me lembro de ter conhecido nenhum Almas. É português?

Não. Acho que é iraniano. Os dois olhavam-me agora estupefactos.

– Iraniano?... Não sabíamos que havia aqui iranianos.

Pareciam verdadeiramente surpreendi-dos, como se o facto de eu saber algo sobre o Atelier que lhes era desconhecido os inco-modasse. E voltaram à sua ocupação junto das raparigas. Meng Xian ainda me dizia, en-quanto massajava o pénis semi-flácido, por momentos incapaz de cumprir a sua função: – Desculpa. Não podemos perder mais tem-po contigo. Afinal, estamos na nossa hora de trabalho e a Escultora não gosta de des-leixados. Avisaram-nos, mal aqui entrámos pela primeira vez. As câmaras dão conta do nosso processo produtivo ou assim nos explicaram. Tenta subir ao segundo andar e pergunta por esse tal de Almas. A escada fica ali ao fundo.

Atirou as últimas palavras num riso ca-carejado. Num dos cantos da sala erguia--se uma escada de caracol; furava o tecto e certamente dava acesso ao andar seguinte.

Mas eu não tinha já grandes certezas. Sentia medo.– Meng Xian... Meng Xian, espera. A escada vai mesmo dar ao segundo andar?– Não sei. Nunca subi. É-nos proibido. Tu pareces ter todas as autorizações... Aprovei-ta. Sobe a escada e depois conta-nos tudo.

XXIX

(Fiquei sozinho num largo entrecortado de árvores e pequenos caminhos, a desaguarem num jardim. Cercado, som indistinto, pelo escuro infectado, seguro de si no asfalto irre-gular. Invoco baixo a noite dos farsantes, das mortes distantes, das graves estelas, das cita-ções de valor. Escutava com atenção os auto-móveis sem gravidade, imparáveis. A noite fa-minta que me afaga à proximidade do fim. Os dois insuportáveis minutos da noite fedendo a badaladas, tremores de asas, máquinas. Um ensurdecer de sapos, peidos de néons.)

XXX

– Tenho sono – disse Lara muito calma. Ajeitou os cabelos. Estava calor. A terra

exalava um bafo tépido e persistente. Ca-valos trotavam, recortados pelas primeiras cores do sol. Era cálida, aquela madrugada. Abraçava Lara pela cintura mas não a sentia, como se ela não estivesse ali. Por não serem deuses, não podiam conceber o incesto sem remorso. Nada experimentaram mais baixo que a terra quente e vermelha. Os regatos cursavam em silêncio, animados de escarlate. A terra comprimia-lhe os dedos e abria-se no vagar ronceiro de quem desperta na bílis de uma madrugada. – Podia ter ficado a ver os centauros. – Lara, em casa, de roupão turco.– Não eram centauros, Lara. Eram homens sobre cavalos.– Isso é o que tu dizes agora… que já me enganaste. Estou tão arrependida... – e levantava-se a rir. Deslizava até à janela e olhava para baixo. João não teve tempo de se aproximar. Ela voltou-se num repente e veio abraçá-lo, muito colada, quase ofegante.– Deves cumprir as promessas que me fa-zes. Por mais absurdas que sejam. Houve um momento em que desaparecestes, depois de teres prometido que me levavas a ver cen-tauros. Pela tua promessa esqueci os meus amigos, os compromissos, um olhar a en-contrar algures… –

Lara era por vezes de uma maldade pe-netrante. Uma infantilidade de vertentes en-cantadoras.– Eu sei, Lara… — agora inventava a con-versa — era um hotel numa cidade qualquer, podia ser da Pérsia ou da China, o que só agravava a situação, e como tu me eras estra-nha... Que situação singular, entre nós, que nos conhecíamos... Sobre isto não havia dú-vidas. Eram uma vez mais imagens que esta-lam na cabeça e não deixam ver. Não deixam estar. São elas que nos dão conta do erro, da falta de oportunidade de um encontro. Ou de que este encontro errado pressagia outra porta: talvez a porta dos centauros que eu te imaginei. Na mitologia tudo é permitido.

E ela responderia que só aos deuses — e nem sempre — tudo é permitido. Se ele lhe tivesse dito, se ele lhe tivesse contado.

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17EVENTOShoje macau quarta-feira 9.7.2014

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

PORTUGAL • Cyril PedrosaSimon Muchat é um desenhador de banda desenhada que se encontra em plena crise. Depois do êxito do seu primeiro livro, sofre um bloqueio que o impede de voltar a escrever, e que está a destruir tudo: o seu trabalho, a sua vida pessoal, a sua relação, as suas ilusões… Quando tudo parece desmoronar-se e ter perdido o sentido, Simon recebe um convite para se deslocar ao Festival de Banda Desenhada da Sobreda, em Portugal, país do qual a sua família é originária e onde tinha passado vários verões durante a sua infância. Em Portugal e através dos seus cheiros, cores, língua e gentes, descobrirá uma outra forma de existir, de pensar e de ser, uma nova abordagem vital que virá a converter-se numa nova fonte de inspiração, pessoal e profissional.

A CABANA • Wm. Paul YoungA inspiradora história de “A Cabana”, que Wm. Paul Young originalmente escreveu para os seus filhos, conquistou o coração de milhões de leitores em todo o mundo e tornou-se um enorme fenómeno literário. Agora, “A Cabana - Reflexões Para Todos os Dias do Ano” dá-lhe a oportunidade de regressar à inesquecível cabana no meio da floresta e encontrar-se novamente com Papá, Sarayu e Jesus. Este livro recupera 365 citações de “A Cabana”, repletas de significado, e junta-lhes novas reflexões de Wm. Paul Young.

A O toque, parece esfero-vite. Poroso, cedendo um pouco à pressão. Um bloco com a forma

de um tijolo de barro um pouco mais longo do que a maioria dos que cobrem a fachada de muitos dos edifícios mais antigos de Nova Ior-que. Só que mais leve e totalmente orgânico, um tijolo re-inventado sobre o qual se pode dizer que foi

Sands Degustação de vinhos portuguesesNo dia 18 de Julho, entre as 18:00 e as 21:00 horas, vai ter lugar uma degustação de vinhos portugueses na Paiza Lounge do Hotel Sands. A empresa Seapower vai apresentar no dia 10 vinhos portugueses, incluindo três que obtiveram mais de 90 pontos no prestigiada lista (com um total de 100 pontos) de Robert Parker. Os interessados vão poder provar três brancos - Marques de Borba 2012 (Alentejo); Tons de Duorum 2012 (Douro) e Foz de Arouce 2012 (Beiras) – e sete tintos - Marques de Borba 2012 (Alentejo); Marques de Borba Reserva 2011 (RP92) (Alentejo); Tons de Duorum 2011 (Douro); Duorum Reserva Old Vines 2009 (RP93) (Douro); Foz de Arouce 2010 (Beiras); Foz de Arouce Vinhas Velhas de Sta. Maria 2007 (RP95) (Beiras) e JP Ramos Alvarinho 2012 (vinho verde). A entrada custa 150 patacas por pessoa.

Hong Kong Retratos fúnebres de cidades Entre 12 e 24 de Julho, a Galeria Anita Chan Lai-Ling do Fringe Club de Hong Kong apresenta uma exposição chamada ‘The Funeral Portraits of Cities’. De acordo com a organização, esta mostra de fotografias, tiradas desde Hong Kong a Praga, é uma celebração da melancolia e um regresso ao passado. As imagens capturam a história de lugares entretanto desaparecidos, fruto do desenvolvimento das cidades. A entrada é livre.

FOI recentemente publicado o Vol. 49

do Boletim “Poesias do Oriente e do Ocidente”. A obra, destinada a dar a conhecer novos poetas, é editada pela Fundação Macau em conjunto com o Comité de Criações da Associação dos Escritores da Província de Guang-

dong e com a Associação dos Escritores de Zhuhai. Neste novo volume, são de realçar os 10 poemas da autoria de Du Ya - que obteve o título “As Dez Melhores Jovens Poetas do Novo Século”. Na coluna “Diálogos”, foram publicadas as entrevistas entre o curador e co-

mentador Li Xianting e o artista Wu Zhenhuan, enquanto que na secção “Sentimentos”, são pu-blicados quatro textos de Ren Xiaowen e um texto de Yuan Ren.

Na parte destinada a “Traduções”, textos da colecção “Segundo Di-mensional” do poeta Czes-

law Milosz, vencedor do Prémio Nobel de Litera-tura, traduzidas por Zhou Weichi, obras de Wisława Szymborska, igualmente vencedor do Prémio Nobel de Literatura, traduzidas por Hu Sang, e a poe-sia do americano James Shea, traduzida por Song Zijiang.

NOVA ARQUITECTURA NO MOMA

Do social para o artístico

Poesia oriental e ocidental em livro

cultivado, e que, em combinação com outros tijolos iguais, forma uma estrutura que venceu a 15.ª edição do ‘Young Architects Pro-gram (YAP)’, no MoMA.

Imagens e uma réplica de parte desse projecto que pode ser visto desde finais de Junho na cidade de Long Island, em Nova Iorque, estão no átrio do museu, junto às bilhe-teiras, e funcionam como cartão de

visita para ‘Conceptions of Space’, uma exposição de 20 projectos que representam 80% das aquisições feitas para espólio na área da ar-quitectura contemporânea nos dois anos e meio em que Pedro Gadanho está nas funções de curador no Departamento de Arquitectura e Design daquele museu.

“O projecto, chamado ‘Hy-Fi’, é de um grupo de arquitectos - ‘The

Living - que traz os princípios da biologia para a arquitectura. Este tijolo nasce do aproveitamento das raízes de um cogumelo que, ao consumir os restos da agricultura, solidifica e forma estas placas que têm sido usadas para embalagens. Esta é a primeira utilização em ar-quitectura. Interessa-nos enquanto solução de pesquisa para utilização futura e por ser totalmente não poluente. Não tem emissões de carbono ao longo do seu processo de construção”, refere Pedro Ga-danho, ao Público, em vésperas de inaugurar a exposição na Robert Menschel Architecture and Design Gallery, no terceiro piso do museu.

É grande o impacto da estrutura naquele anfiteatro onde se podem ver os vencedores dos outros museus que se associaram ao MoMA (o MAXXI, em Roma, o Constructo, em Santiago do Chile, o Istambul Modern na Turquia e o MCAA, de Seul).

Mais estimulante de tudo, diz Pedro Gadanho, “é a forma como o espaço é apropriado. Seja por artistas que fazem instalações, ou por sociólogos que falam da pro-dução do espaço”. Em suma: “Esta exposição revisita a ideia de espaço arquitectónico da contemporaneida-de”, muito inspirado no sociólogo francês Henri Lefebvre que explo-rou a concepção de espaço enquanto abstracção e interacção social. É entre estes dois pólos, opostos mas sempre em diálogo, que a colecção e a exposição - que abriu dia 4 ao público - foram pensadas, numa lógica que pretende abarcar a ar-quitectura contemporânea em toda a sua complexidade. Num momento em que as alterações acontecem não apenas no modo de representar um projecto como nos materiais criati-vos que eles inspiram.

O trabalho de Pedro Gadanho como curador no Museum of Modern Art (MoMA) de Nova Iorque pode ser visto numa exposição que é também como uma retrospectiva pessoal. ‘Conceptions of Space’ explora o modo como as novas noções de espaço influenciam o que se projecta em arquitectura

Page 18: Hoje Macau 9 JUL 2014 #3127

18 (F)UTILIDADES hoje macau quarta-feira 9.7.2014

TEMPO POUCO NUBLADO MIN 28 MAX 33 HUM 65-90% • EURO 10.8 BAHT 0.2 YUAN 1.2

ACONTECEU HOJE 9 DE JULHO

Pu Yi

LÍNGUADE gATO

A música Mesmo sendo gato, há algo na música que me deixa ver o mundo de uma outra forma. Que me inspira, mesmo quando me falta a inspiração. Que me alegra ou entristece, consoante o meu desejo e vontade. Que me abre um mundo novo. Aprendi aqui com os meus colegas de redacção que os gostos não se discutem. Mas, seja qual for o seu gosto por música, conseguiria viver sem ela? Já dei por mim a pensar como seria um mundo onde a música não existe, mas não quis continuar esse pensamento... é demasiado aborrecido, cinzento. Vejo a música como algo muito pessoal, íntimo até. No outro dia, ao andar aí a dar umas voltas pela cidade, entrei num estúdio e vi como é que os músicos passam os seus dias. Às vezes, há momentos frustrantes, é certo, mas a forma como eles se envolvem com a música é fascinante. Esquecem tudo, apagam, esquecem-se do mundo. Deixaram-me experimentar no outro dia, como é criar. Fazer música, sabem? Mais do que ouvi-la, ser parte dela. É realmente maravilhoso. Há muitos talentos por cá por Macau que deveriam ser ouvidos. Eles são mais do que os que se pensa. Eles são chineses, portugueses, brasileiros, americanos, australianos... eles são. Eles existem. Podem não ser os “talentos” que o Governo quer, mas não fazia mal nenhum dar-se mais cobertura ao que se faz por estas terras. Não fazia mal nenhum deixá-los cantar pela cidade fora. Nos Lagos Nam Van, na Tap Seac, no Centro Cultural... nas Casas-museu da Taipa, no centro da Taipa. Porque é que vamos buscar “talentos” lá fora, quando temos aqui tanta coisa boa?

Morre Vinícius de Moraes, poeta e compositor brasileiro• Hoje recorda-se o grande Vinícius de Moraes, di-plomata, dramaturgo, jornalista, poeta e compositor brasileiro, que morreu no Rio de Janeiro, Brasil, a 9 de Julho de 1980. Tom Jobim chamava-lhe “o poetinha”, mas a obra de Vinícius não se conta com diminutivos.Vinícius graduou-se em Ciências Jurídicas e Sociais, em 1933, mas ao longo da sua vida académica es-tabeleceu amizade com diversas personalidades que o incentivaram a investir, sobretudo, na reconhecida vocação literária. Vinícius de Moraes nasceu no Rio de Janeiro, a 19 de Outubro de 1913, filho de um poeta e violinista amador. Herdou a arte do pai e dedicou-se a um estilo essencialmente lírico, bem evidente nos sonetos que criou. Estudou num colégio de padres jesuítas, em cujo coro cantava, criando também algumas peças de teatro.Trabalhou no Ministério da Educação e da Saúde e dedicou-se ao cinema, até que conquistou uma bolsa e estuda Língua e Literatura inglesas, na Universidade de Oxford. Em 1941, regressa ao Brasil e exerce funções no jornal ‘A Manhã’, como crítico da sétima arte.Mais tarde, foi vice-cônsul em Los Angeles, mas a morte do pai, em 1950, precipita o regresso, de novo, ao seu país. O teatro e a literatura, aliados a uma carreira musical sem par – ao lado de Tom Jobim –, catapultaram o nome de Vinícius de Moraes para a elite das artes, no Brasil e no mundo.Abandonaria a carreira diplomática em 1968, de modo compulsivo, devido aos seus hábitos boémios. Vinícius de Moraes estava em Portugal, com Chico Buarque, quando é expulso por acto institucional (viria a ser alvo de uma amnistia, em 1998, já depois da sua morte).Era conhecido como “poetinha”, apelido atribuído por Tom Jobim, de modo carinhoso. A arte foi o seu porto, numa vida de feliz tormenta. Vinícius de Moraes era um boémio inveterado, apreciador de um bom uísque. Ganhou a fama de ser um conquistador, facto atestado por um único número: nove casamentos.Na madrugada de 9 de Julho de 1980, Vinicius de Moraes sentiu-se indisposto, na sua casa, na Gávea. Morreria um dia depois de, ao lado de Toquinho, ter definido os derradeiros detalhes do volume 2 de ‘Arca de Noé’. Em 1981, este álbum é lançado.

João Corvofonte da inveja

C I N E M ACineteatro

SALA 1TRANSFORMERS: AGE OF EXTINCTION [B]Um filme de: Michael BayCom: Mark Wahlberg, Nicola Peltz, Jack Reynor, Li Bingbing14.30, 21.00

TRANSFORMERS: AGE OF EXTINCTION [3D] [B]Um filme de: Michael BayCom: Mark Wahlberg, Nicola Peltz, Jack Reynor, Li Bingbing18.00

SALA 2HOW TO TRAIN YOUR DRAGON [A]Um filme de: Dean DeBlois14.15, 16.00, 19.30

HOW TO TRAIN YOUR DRAGON [3D] [A]Um filme de: Dean DeBlois17.45

SALA 2TRANSFORMERS: AGE OF EXTINCTION [3D] [B]Um filme de: Michael BayCom: Mark Wahlberg, Nicola Peltz, Jack Reynor, Li Bingbing21.15

SALA 3MALEFICENT [B]Um filme de: Robert StrombergCom: Angelina Jolie, Sharlto Copley, Elle Fanning, Sam Riley19.30

SON OF GOD [B]Um filme de: Christopher SpencerCom: Diogo Morgado14.30, 16.45, 21.30

Oiço cantar a cotovia. Mas, sem ti,como chamar ao tempo dia?

ONTEM NÃO TE VI EM BABILÓNIAANTÓNIO LOBO ANTUNES (DOM QUIXOTE, 2006)

U M L I V R O H O J E

Este livro é ficção, mas poderia não ser. As tramas da vida humana começam a ser contadas à meia-noite, hora em que as personagens de “Ontem não te vi em Babilónia” não conseguem dormir. A insónia dura até de manhã e serve para ver o dia-a-dia a desfilar na mente, o passado e aquilo que cada um é. As vidas que estão neste livro são reais, e poderiam (ou serão mesmo?) ser um espelho da vida do próprio Lobo Antunes ou de qualquer um de nós. Porque, afinal, “seremos loiros, nós? E não fazia mal, não tem im-

portância, não se preocupem com o livro”. - Andreia Sofia Silva

Page 19: Hoje Macau 9 JUL 2014 #3127

hoje macau quarta-feira 9.7.2014 19OPINIÃO

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Filipa Araújo; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado; Ricardo Borges (estagiário) Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

cartoon por Stephff PÔR LAMA NA FERVURA

“... É uma situação que confere à espera uma espécie de falta de alento, como quando estamos na escuta do próximo tic do relógio que não chega, do primeiro passo ausente de uma práxis renovada. [...] a identidade de um presente que se enfrenta na imensa e impensável diferença de um futuro impossível”.

Frederic Jameson, in A semente do tempo.

S INTO-ME sustido no ar da perplexidade, pendente sem uma escora a que me agarre na incerteza, ciente de que aparentemente nada acontece mas de que algo está prestes a acontecer. Melhor ou pior? Não sei. Mas, como diz o povo das minhas origens: atrás de mim virá, quem bom de mim fará.

As velas vão-se apagando(?)à medida que o ofício tenebrário vai decorrendo. Fe-cho os olhos e vejo, no mesmo palco, outros protagonistas que lutam e se degladiam pelo poder de serem eles a acender, de novo, as velas ao mesmo «deus dinheiro», e darem continuidade ao festim dos «tigres».

a pal içadaCORREIA MARQUES

Este artigo é escrito ao abrigo do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa

O tempo suspenso

“Aqui - e em qualquer lugar - dos líderes exige-se que criem presente e perspectivem futuro, no lugar do tempo suspenso.”

Este silêncio pérfido inquieta-me, provoca-me medo. Não um medo físico, que esse vence-se com a ação, mas um medo bem mais forte e incontrolável, que mina o estado de espírito e nos faz sentir impotentes. Assim como que uma luta contra fantasmas invisíveis. Vivemos num tempo suspenso.

Mas pressinto (e isso não me consola) que não sou só eu que sinto a incerteza do futuro. Vejo isso nos passos e nos olhos de muita gente: uns conhecidos, outros anóni-mos, com quem me cruzo nas ruas apinhadas de gente sem identidade, correndo sempre atrás de não sei bem o quê.

Mais do que a humidade e a poluição, esta incerteza (política, económica e social) faz mossa nas gentes, torna-as incrédulas e intolerantes, porquanto já sabem bem o que não querem, porventura já vislumbram aquilo que querem, mas ainda não sabem a melhor maneira de se chegar lá. Estão como o burro no meio da ponte, sabem que não podem ficar parados, que têm de a atraves-sar, não sabem é para que lado hão-de ir. E, nestas situações, muitas vezes, a escolha não é racional mas emotiva, motivada pe-

los estímulos que melhor sugestionem os sentidos e satisfaçam as necessidades. As últimas eleições legislativas são um exemplo claro disso.

Aqui - e em qualquer lugar - dos líderes exige-se que criem presente e perspectivem futuro, no lugar do tempo suspenso. E que não se esqueçam que governar é adminis-trar a res publica – coisa do povo-, termo criado pelos romanos antigos para traduzir

a palavra grega politeia –virtude política - , ou seja, o governo de uma comunidade po-lítica organizada em que devem prevalecer os interesse coletivos sobre os interesses exclusivamente particulares, em busca da felicidade geral. Utopia? Sim, eu sei, mas ao menos um cheirinho de alecrim. Pode ser?

GEOR

GE P

AL, T

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IME

MAC

HINE

Page 20: Hoje Macau 9 JUL 2014 #3127

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hoje macau quarta-feira 9.7.2014

O pedido da IUOE chega depois do lançamento do site Cotai Land Deal, que substitui o CasinoLeaks Macau

JOANA [email protected]

A União Internacional de Engenheiros Operacio-nais do Nevada (IUOE, na sigla inglesa) pediu

ao Governo que entregue docu-mentos “públicos” sobre transac-ções da Wynn Macau no Cotai. O pedido chega depois da suspeita de que a operadora de jogo tenha de ter pago a um grupo de Pequim para poder ficar com o terreno no Cotai onde vai ser desenvolvido o novo resort.

A IUOE pode fazer o pedido, assegura Jeffrey Fiedler, membro da Comissão de Revisão de Eco-nomia e Segurança dos Estados Unidos-China e também director da União, porque a IUOE é accio-nista da Wynn.

Em duas cartas, dirigidas a

IUOE PEDE INFORMAÇÕES SOBRE TERRENO DA WYNN NO COTAI

A pagar a Pequim?Chui Sai On, Chefe do Executivo, e Lau Si Io, Secretário para as Obras Públicas e Transportes, a IUOE pede informações “sobre o compromisso dos direitos [de um terreno] no Cotai para indivíduos de Pequim”. Nos documentos enviados ao HM na madrugada de terça-feira Jeffrey Fiedler solicita “toda a documentação cobrindo as comunicações e com referências às empresas Tien Chiao Entertain-ment e Investment Company e a Companhia de Entretenimento e Investimento Chinese Limitada”, bem como de pessoas como “José Cheong Vai Chi - também conhe-cido como “Cliff Cheong” -, Ho Ho e Zhang Luchuan”.

De acordo com notícias da im-prensa local e internacional, José Cheong processou a Las Vegas Sands em 2006 por não ter rece-bido a compensação alegadamente prometida pela operadora quando este ajudou a Sands a “obter a li-cença” de jogo em Macau. O caso foi resolvido fora do tribunal, tendo

a Sands pago mais de 40 milhões de dólares americanos a Cheong e a outras duas pessoas.

A IUOE diz ter já começado a investigar transacções entre a Wynn e a Tien Chiao. “De acordo com os arquivos de acções públi-cas, representantes da Tien Chiao, incluindo Ho Ho, detinham direi-tos de terrenos no Cotai. A Wynn Resorts teve de negociar com o grupo de Ho Ho para obter os seus próprios direitos de desenvolvi-mento do terreno. A Wynn Resorts concordou em pagar à Tien Chiao 50 milhões de dólares americanos, para que esta cedesse os seus direi-tos, de forma a que a Wynn possa desenvolver o seu próprio resort no local”, escreve Fiedler na carta enviada ao Executivo.

No entanto, a IUOE cita notí-cias que dão conta que “o compro-misso entre Tien Chiao e o Governo nunca foi oficial” e que não se foi “capaz de localizar registos que indiquem que a terra foi alguma vez propriedade de Ho Ho”.

“Francamente, parece-nos pro-fundamente injusto para a Wynn Resorts que a operadora tenha sido obrigada a negociar com [a empresa de Pequim] e, por fim, pagar uma soma substancial a um grupo de Pequim sem direitos documentados sob o terreno. Mais ainda, porque acreditamos que certos membros do grupo Tien Chiao estavam a realizar negócios sob pseudónimos”, acusa a IUOE, que diz que o pedido dos registos “faz parte de um esforço para trazer maior transparência ao negócio de terrenos e ao processo de concessão de terras do Governo.”

Fiedler pede documentação relacionada com pagamentos feitos pela empresa a Edmund Ho ou Chui Sai On, na qualidade de Chefes do Executivo, e dá dez dias para que isso aconteça. No caso de não acontecer, diz a União, mais acções serão tomadas.

A IUOE tem a andado a in-vestigar este negócio desde o lançamento do site Cotai Land Deal, que substitui o CasinoLeaks Macau. Num comunicado enviado ao HM em 12 de Junho, Fiedler apresentava o cotailanddeal.com como um site independente e de investigação contínua.

O HM tentou obter uma reacção do governo mas não foi possível.

[o pedido] “faz parte de um esforço para trazer maior transparência ao negócio de terrenos e ao processo de concessão de terras do Governo”IUOE

Fiedler quer, por isso, que o Governo “forneça uma explica-ção” sobre como é que o grupo de Pequim adquiriu os terrenos.