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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL CURSO DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA MESTRADO EM ODONTOLOGIA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO CLÍNICA ODONTOLÓGICA ÊNFASE EM RADIOLOGIA ODONTOLÓGICA E IMAGINOLOGIA RELAÇÃO DAS RAÍZES DOS MOLARES SUPERIORES COM O SEIO MAXILAR – AVALIAÇÃO POR TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA ANA PAULA DA ROSA SILVA CANOAS - RS 2009

RELAÇÃO DAS RAÍZES DOS MOLARES SUPERIORES COM O …livros01.livrosgratis.com.br/cp131331.pdf · Mahatma Gandhi . 5 RESUMO ... clinicamente significativa entre os lados direito

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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL

CURSO DE ODONTOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA

MESTRADO EM ODONTOLOGIA

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO CLÍNICA ODONTOLÓGICA

ÊNFASE EM RADIOLOGIA ODONTOLÓGICA E IMAGINOLOGIA

RELAÇÃO DAS RAÍZES DOS MOLARES SUPERIORES

COM O SEIO MAXILAR – AVALIAÇÃO POR TOMOGRAFIA

COMPUTADORIZADA

ANA PAULA DA ROSA SILVA

CANOAS - RS

2009

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Milhares de livros grátis para download.

2

ANA PAULA DA ROSA SILVA

RELAÇÃO DAS RAÍZES DOS MOLARES SUPERIORES COM O

SEIO MAXILAR – AVALIAÇÃO POR TOMOGRAFIA

COMPUTADORIZADA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Odontologia do Curso de

Odontologia da Universidade Luterana do Brasil,

como requisito final para a obtenção do título de

Mestre em Odontologia, área de Clínica

Odontológica com ênfase em Radiologia

Odontológica e Imaginologia.

Linha de Pesquisa: Recursos de Diagnóstico em

Odontologia.

Orientadora: Profa. Dra. Vania Regina Camargo

Fontanella.

CANOAS - RS

2009

3

AGRADECIMENTOS

Primeiramente e justamente agradeço aos meus pais, Ana Maria e Paulo

Augusto, pelo carinho e ensinamentos em toda minha vida.

Agradeço a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, pela

formação acadêmica e em especial às professoras da disciplina de Radiologia.

À Universidade Luterana do Brasil e à minha orientadora Profa. Dra.

Vania Fontanella, pela oportunidade de realizar o Mestrado. Aos demais

professores do curso pelos ensinamentos, aos funcionários e alunos da

graduação e pós, e aos meus queridos colegas da turma de Mestrado de 2007,

pela convivência, amizade e experiências trocadas.

À SERPAL Clínica de Diagnóstico, e ao seu responsável técnico Dr.

Renato Eduardo Santos Silva, pela disponibilização do banco de dados dos

exames para esta pesquisa. Aos físicos Everaldo Moczulski e Carlos Eduardo

Garcia Farias pela organização no armazenamento dos exames e importante

ajuda na manipulação dos mesmos.

Ao meu irmão Gustavo pelas dicas em radiologia, inglês e informática.

À Profa. Simone Echevest pelo auxílio estatístico.

Em especial agradeço à Profa. Dra. Helena Wilhelm de Oliveira, pelo

apoio e incentivo constantes. Sem a sua disponibilidade, confiança depositada

em mim e companheirismo esta pesquisa não teria sido concluída.

4

“Você nunca sabe que resultados virão da sua ação. Mas se

você não fizer nada, não existirão resultados.”

Mahatma Gandhi

5

RESUMO

O presente estudo tem como finalidade verificar a relação topográfica entre as

raízes dos molares e o assoalho do seio maxilar, por meio de tomografia

computadorizada. De um banco de dados foram selecionados 145 exames de

maxila (95 de mulheres e 50 de homens). O programa Efilm Workstation foi

utilizado para medir a distância entre os ápices radiculares dos molares e o

assoalho sinusal. Cada sítio foi classificado quanto ao tipo de relação vertical

dento-sinusal. A relação entre as distâncias e sexo, idade, lado e presença ou

ausência de dentes adjacentes por mesial e distal foi testada estatisticamente.

Não foi encontrada relação estatisticamente significativa entre as distâncias e o

sexo do paciente, bem como entre as distâncias e a ausência de dentes

adjacentes. Encontrou-se correlação positiva e estatisticamente significativa

entre as distâncias e idade para todas as raízes menos para as palatinas dos

primeiros molares esquerdos e disto-vestibulares dos segundos molares

direitos. Pouco menos de 50% das raízes se encontrava em contato com o seio

maxilar sem invadi-lo e 26% invadiam o antro. Na amostra estudada, a relação

vertical prevalente entre o assoalho do seio maxilar e as raízes foi a do tipo 1,

ou seja, o assoalho do seio maxilar curva-se inferiormente e está em contato

com as raízes dentárias. A menor média de distância entre o ápice e o seio

maxilar foi observada na raiz mesio-vestibular do segundo molar esquerdo e a

maior na raiz palatina do segundo molar direito. Verificou-se relação

clinicamente significativa entre os lados direito e esquerdo para raízes de

dentes homólogos, o que não ocorreu em relação ao sexo e presença de

dentes adjacentes.

Palavras-chave: seio maxilar, tomografia computadorizada, raízes dentárias.

6

ABSTRACT

This study aimed to verify the topographic relationship between the roots of

molars and the maxillary sinus floor using computed tomography. From a

database 145 images of maxillas (95 from women and 50 from men) were

selected. The distance from the apex of the roots of the molars to the maxillary

sinus floor were measured using Efilm Workstation software. Each root was

classified according the vertical relationship between apex and sinus floor.

Relations between distances and sex, age, left or right side and presence or

absence of adjacent teeth, either mesial or distal, were statistically assessed.

No relationship was found between the distances and sex or the distances and

absence of adjacent teeth. A positive statistically significant correlation was

established among distances and age for all roots except for the palatal apex of

left first molars and the distobuccal apex of right second molars. Almost 50% of

the roots contacted the maxillary sinus floor, not projecting into the sinus cavity

and 26% showed protrusion into the sinus cavity. In this sample, the prevalent

vertical relationship was type 1, where the maxillary sinus floor curves inferiorly

and is in contact with roots. The lower mean distance was observed in the

mesiobuccal root of second left molar and the higher distance in the palatal root

of second right molar. A clinically significant relationship was found between the

left and right sides for homologous teeth. This relationship was not found for sex

and presence or absence of adjacent teeth.

Key-words: maxillary sinus, computed tomography, dental roots.

7

SUMÁRIO

RESUMO .........................................................................................

5

ABSTRACT ......................................................................................

6

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ...............................................................

8

1 INTRODUÇÃO .................................................................................

9

2 ANTECEDENTES E JUSTIFICATIVA .............................................

11

3 OBJETIVOS .....................................................................................

20

4 METODOLOGIA .............................................................................. 22

5 RESULTADOS .................................................................................

26

6 DISCUSSÃO ....................................................................................

34

7 CONCLUSÕES ................................................................................

43

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................ 45

ANEXOS .......................................................................................... 49

8

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

TABELA 1 Distribuição das idades da amostra por sexo .......................

23

FIGURA 1 Classificação dos tipos de relação vertical das raízes com o

assoalho do seio maxilar ............................................................................

24

TABELA 2 Descrição das distâncias para toda amostra ........................ 27

TABELA 3 Valores dos percentis na distribuição das distâncias ............

28

TABELA 4 Comparação entre as medições das distâncias e os lados ..

29

TABELA 5 Associação entre as distâncias e sexos ................................

30

TABELA 6 Correlação entre idades e distâncias .................................... 31

TABELA 7 Prevalência das presenças e ausência de dentes

adjacentes ..................................................................................................

32

TABELA 8 Tipos de relação entre o seio maxilar e as raízes .................

33

FIGURA 2 Exemplos dos tipos de relação vertical das raízes com o

assoalho do seio maxilar encontrados........................................................

33

9

1

IIIINTRODUÇÃO

10

1 INTRODUÇÃO

As raízes dos dentes superiores posteriores, principalmente molares,

podem encontrar-se em íntima relação com o seio maxilar, situação que pode

favorecer algumas complicações relacionadas à disseminação de processos

inflamatórios e ocorrência de acidentes durante procedimentos cirúrgicos e

endodônticos. O conhecimento das distâncias das raízes dentárias ao assoalho

sinusal é fator decisivo para diagnóstico e tomada de decisões clínicas.

Os cirurgiões-dentistas de modo geral utilizam exames radiográficos

complementares para diagnóstico e orientação de procedimentos. As

radiografias convencionais apresentam limitações na avaliação das relações

entre dentes e estruturas anatômicas adjacentes.

Tomografias computadorizadas permitem uma análise fidedigna da região,

permitindo realizar medições com acurácia.

11

2

AAAANTECEDENTES E JUSTIFICATIVA

12

2 ANTECEDENTES E JUSTIFICATIVA

O seio maxilar (SM) é uma cavidade pneumática localizada na maxila,

acima dos dentes pré-molares e molares superiores (UGINCIUS et al., 2006).

Tem a forma piramidal quadrangular com uma base interna (PERRELLA et al.,

2003), correspondente à parede lateral da cavidade nasal. Seu teto é o

assoalho da órbita e o seu assoalho é o processo alveolar da maxila. O ápice

dessa pirâmide se prolonga em direção ao processo zigomático (WALLACE,

1996). Mede em média 34 mm no sentido ântero-posterior, 33mm de altura e

23mm de largura, com volume aproximado de 15cc (MARIANO et al., 2006). É

revestido pelo epitélio respiratório ciliado, pseudo-estratificado, (MEHRA et al.,

1999) e suas funções compreendem dar maior ressonância à voz, diminuir o

peso da cabeça e provocar o aquecimento do ar inspirado.

Pode haver uma variação quanto à forma e ao tamanho, em indivíduos

diferentes, também podendo apresentar variações entre os lados direito e

esquerdo, num mesmo indivíduo. As dimensões do SM dependem de fatores

como idade, sexo, raça e condições individuais (KWAK et al., 2004; ARIETA et

al., 2005; ANTONIAZZI et al., 2008). Os seios maxilares não estão inteiramente

desenvolvidos até que todos os dentes permanentes tenham sido irrompidos. O

crescimento da cavidade no sentido vertical está condicionado à erupção dos

dentes, enquanto no sentido ântero-posterior depende do crescimento do túber

da maxila. O assoalho normalmente se estende desde o primeiro pré-molar até

a tuberosidade. Porém, em alguns casos, inicia somente a partir do primeiro

molar, e em outros pode alcançar o alvéolo do canino e incisivo lateral

(OLIVEIRA et al., 2002).

A importância clínica dos seios maxilares foi descrita pela primeira vez

por Nathaniel Highmore em 1651, com um relato sobre a drenagem sinusal de

infecção após a extração dentária de um canino. A partir disto, o SM, ou antro

de Highmore, passou a representar um importante papel no tratamento dos

dentes superiores (HAUMAN et al., 2002).

Frequentemente esta estrutura apresenta uma morfologia segmentar,

acompanhando a forma radicular ou formando projeções entre as raízes dos

dentes presentes na área. O seu grande volume, associado à proximidade com

os ápices de alguns dentes superiores, permite que em algumas circunstâncias

13

forme-se um acesso direto entre este e a cavidade bucal, chamada

comunicação buco-sinusal (FREITAS et al., 2003). Uma relação vertical muito

próxima das raízes com o assoalho do SM é um fator de risco para sinusite

maxilar (HAUMAN et al., 2002; ARIJI et al., 2006; UGINCIUS et al., 2006).

Dentre os seios paranasais, os maxilares são os mais frequentemente

acometidos por sinusopatias, apresentando uma prevalência de 52,7% (KINSUI

et al., 2002) a 60% (HÄNEL et al., 1999).

Em alguns casos há ausência total do tecido ósseo na região apical dos

dentes, e nestas circunstâncias o ápice radicular estaria diretamente em

contato com a mucosa sinusal. Já em outros, o ápice sempre se acha coberto

pelo periodonto, e este tecido necessita estar protegido por osso, para cumprir

sua atividade funcional normal (OLIVEIRA et al., 2002).

A sinusite maxilar pode ser causada por vários fatores: alergias,

imunossupressão, hipertensão, e agentes como bactérias, fungos e vírus.

Quando a origem da inflamação for dentária, a chamada sinusite odontogênica,

é causada pela relação íntima dos dentes superiores com o SM, podendo

desenvolver-se a partir de cistos ou traumas mecânicos durante a endodontia,

e por fístulas após exodontias (UGINCIUS et al., 2006). A instrumentação

endodôntica pode introduzir bacterias na cavidade sinusal provocando uma

infecção, ou pode ocorrer um extravasamento de material irrigador, obturador

ou ainda de medicação intra-canal para o interior do seio. Mesmo quando a

instrumentação se restringe ao comprimento dos canais, algum grau de

resposta inflamatória ocorre, e se as raízes estiverem muito próximas ao SM,

esta resposta envolverá a mucosa sinusal (HAUMAN et al., 2002). Sintomas

associados à sinusite aguda podem ser confundidos com os de origem pulpar.

A dor irradia-se por todos os dentes posteriores do quadrante afetado. Porém,

se apenas um dente demonstra sensibilidade à percussão, a suspeita da

origem do problema deve direcionar-se a ele, e a possibilidade de uma sinusite

descartada (HAUMAN et al., 2002).

Pode ocorrer a perfuração da membrana sinusal em exodontias ou

cirurgias periodontais, ou ainda a introdução de um fragmento radicular na

cavidade sinusal (BROOK, 2006). A colocação de implantes com extensão

para o interior do SM também pode desencadear um espessamento da

membrana sinusal e provocar inflamação (JUNG et al., 2007), assim como uma

14

erupção ectópica de um elemento dentário na cavidade sinusal (BÜYÜKKURT

et al., 2005). Autores (MEHRA et al., 1999; BROOK, 2006) citam a sinusite

odontogênica como representando aproximadamente 10% das sinusites.

A comunicação buco-sinusal ou oro-antral é um dos acidentes mais

comuns após extrações dentárias na região maxilar posterior, envolvendo

principalmente o primeiro molar (FREITAS et al., 2003).

A realização de medições das dimensões esqueléticas é essencial para

um diagnóstico preciso. Uma localização errada de estruturas anatômicas pode

levar a indesejáveis complicações como a perfuração do SM (PERRELLA et

al., 2003). E radiografias são uma importante ferramenta para a avaliação da

arquitetura óssea (WAKOH et al., 2006).

Na radiografia convencional o SM expressa-se como uma área

radiolúcida, de forma ovóide ou arredondada. Seu assoalho é formado por uma

camada de osso compacto e aparece como uma linha radiopaca (ARIETA et

al., 2005) contínua na ausência de processos patológicos, podendo apresentar

pequenas interrupções na sua densidade. Frequentemente canais nutritivos

podem ser visualizados como linhas radiolúcidas cruzando o antro no sentido

póstero-anterior (ANTONIAZZI et al., 2008).

Contudo, radiografias convencionais apresentam imagens bi-

dimensionais e portanto são inapropriadas para precisão morfométrica das

relações de estruturas anatômicas (EBERHARDT et al., 1992).

No campo cirúrgico, as radiografias convencionais dos seios paranasais

consistem em projeções em dois planos: póstero-anterior (Waters) e ântero-

posterior (Caldwell). Tradicionalmente, a sinusite maxilar tem seu diagnóstico

clínico confirmado pela opacificação do seio na radiografia. Interpretações

equivocadas podem ocorrer facilmente, por causa da projeção assimétrica,

sobreposição de tecidos moles, variação na profundidade do SM e qualidade

insuficiente da radiografia (TIMMENGA et al., 2002).

Na tentativa de obter uma avaliação ideal os clínicos frequentemente

combinam diversas técnicas radiográficas. Cada técnica radiográfica tem suas

vantagens e limitações (REDDY & WANG, 1999).

A incidência de Waters é aplicada para exames do SM como parte do

planejamento de cirurgias, porém é questionável o quanto sua utilização

contribui com informações úteis ao cirurgião no pré-operatório. Um SM limpo

15

na Waters não necessariamente implica uma situação normal, há um risco de

que uma condição patológica relevante existente não esteja sendo vista. O

oposto também ocorre, podendo aparecer um falso positivo na radiografia, o

que resulta em um diagnóstico desnecessário e até tratamento de uma

condição patológica inexistente. Como um falso positivo ou falso negativo

trazem sérias consequências, exames adicionais devem ser considerados,

incluindo a tomografia computadorizada. Comparando os dois métodos, foi

encontrada uma baixa especificidade da radiografia convencional comparada à

tomografia computadorizada (TIMMENGA et al. 2002).

Ugincius et al. (2006) indicam a tomografia computadorizada para

diagnóstico de sinusite maxilar, afirmando que as radiografias com visão

ântero-posterior não podem ser usadas por causa da baixa especificidade e

sensibilidade.

A tomografia computadorizada (TC), que foi criada no início dos anos

1970 e utilizada no Brasil a partir de 1976, tem consagrado-se como método

rápido, fidedigno e de alta precisão diagnóstica. Apesar de suas comprovadas

vantagens sob o ponto de vista científico e clínico, muito ainda há de se

caminhar para que se consiga implantá-la na prática diária dos cirurgiões-

dentistas.

Essa técnica consiste em uma fonte de raios X que é acionada ao

mesmo tempo em que realiza um movimento circular ao redor da cabeça do

paciente, emitindo um feixe de raios X. No lado oposto a essa fonte, está

localizado um conjunto de detectores que transformam a radiação em um sinal

elétrico, o qual é convertido em imagem digital. Dessa forma, as imagens

correspondem a secções ou fatias da região anatômica examinada. A

intensidade do sinal representa a absorção dos raios X e é medida em uma

escala de tons de cinza, composta de unidades Hounsfield (AMARO JÚNIOR &

YAMASHITA, 2001).

Nos últimos anos, houve uma grande evolução na TC, resultando no

desenvolvimento de softwares que permitem o seu aperfeiçoamento,

direcionado a variadas funções de órgãos e sistemas dos pacientes (LOPES et

al., 2007).

Visando atender ao mercado odontológico, foram desenvolvidos softwares

específicos para manipular as imagens geradas pelos tomógrafos médicos.

16

Estes softwares promovem adaptações que trazem facilidades para a análise

das imagens de cabeça e pescoço. São exemplos o Dentascan da empresa

General Eletric (Milwaukee, EUA), o Dental CT da Siemens (Erlangen,

Alemanha), o Dental da Toshiba (Tokio, Japão) e o Dental Slice da Bioparts

(Brasília, Brasil). As imagens são captadas por um sensor e então trabalhadas

de forma a remover sobreposições de estruturas anatômicas existentes em

outros planos, facilitando assim o foco naquela estrutura em questão e a

interpretação. O protocolo de aquisição de imagens se dá por meio de cortes

axiais seriados. A seguir, o computador reconstrói as imagens e o operador

demarca uma linha que representa a curvatura da arcada dentária, localizada

no centro da dimensão vestíbulo-lingual do rebordo, que representará um plano

para as reformatações panorâmicas. A partir daquela linha, o programa

demarca automaticamente planos transversais perpendiculares à ela para

posterior reformatação, denominadas imagens ortorradiais. Estas imagens

reformatadas são numeradas e podem ser localizadas tanto nas imagens axiais

quanto nas panorâmicas. A imagem mostra a forma real das estruturas na

proporção de 1:1 (AJZEN et al., 2005). Gahleitner et al. (2001) avaliaram o

programa Dental CT, por meio de exames de pacientes e mandíbulas de

cadáveres, quanto à detecção de canais linguais mandibulares. Concluíram

que a localização e constatação da dimensão e curso dos vasos linguais no

mencionado programa, com os cortes ortorradiais, mostrou-se mais facilitada

do que em radiografias convencionais, o que o torna uma importante

ferramenta na implantodontia.

A partir de dados originais de TC podem ser obtidas reconstruções

multiplanares e em três dimensões (GAHLEITNER et al., 2001; LOPES et al.,

2007) que permitem uma visualização das estruturas ósseas e suas variações

anatômicas de forma mais precisa (KRENNMAIR et al., 2007). O plano coronal

da TC se tornou o método padrão de escolha para avaliação dos seios

paranasais (HÄHNEl et al., 1999).

A TC é atualmente considerada a técnica mais acurada para

planejamento pré-cirúrgico (REDDY & WANG, 1999). Este exame está indicado

no planejamento de colocação de implantes, na identificação e determinação

da extensão de patologias, assim como na localização de dentes retidos e sua

relação com as estruturas anatômicas adjacentes.

17

Com radiografias panorâmicas ou periapicais, o cirurgião-dentista não

obtém subsídios para avaliação da qualidade óssea, quesito indispensável na

implantodontia, devido às limitações das imagens bidimensionais. Com a

tomografia o profissional ganha tempo na escolha do tamanho do implante

dentário e outros preparativos pré-operatórios, e previne injúrias a estruturas

anatômicas (GAHLEITNER et al., 2001; CHEN et al., 2001).

Além de permitir a avaliação precisa da quantidade, qualidade e

densidade óssea disponíveis para a instalação de implantes dentários, a TC

pode avaliar os resultados da cirurgia de elevação do assoalho do SM,

identificando, inclusive, a invaginação dos tecidos moles nos locais de enxerto

(AJZEN et al., 2005).

Comparada com a ressonância magnética (HÄHNEl et al., 1999) a TC

mostra-se significantemente superior para a representação de detalhes e

variações anatômicas de estruturas ósseas, e para rastreamento de doenças

inflamatórias nos seios paranasais. É considerada padrão-ouro para a

visualização dos SM (BROOK, 2006).

Por meio de TC Eberhardt et al. (1992) e Kwak et al. (2004) estudaram a

distância entre as raízes dos dentes posteriores e o SM e constataram que as

raízes dos molares estão em maior proximidade do que as dos pré-molares. Na

literatura temos referência de que as raízes dos molares comunicam-se com o

SM aproximadamente em 40% das vezes (Wallace, 1996).

Sharan e Madjar (2006) discutiram a relação das raízes de molares e

segundos pré-molares com o SM em radiografias panorâmicas e tomografias

computadorizadas. Concluíram que para uma correta interpretação da relação

das raízes projetadas verticalmentes no SM a TC é necessária, pois a projeção

na radiografia panorâmica apresentou-se 2,1 vezes maior do que a verdadeira

protrusão na TC.

As radiografias panorâmicas são muito utilizadas na avaliação pré-

operatória de terceiros molares, por exemplo. Porém, acidentes como

comunicação buco-sinusal e a intrusão do dente no interior do SM relacionados

a exodontia de terceiros molares superiores podem ocorrer, numa freqüência

de 0,6 à 3,8% (BOUQUET et al., 2004). As radiografias panorâmicas

apresentam imagem bi-dimensional, borramento e sobreposição de estruturas,

além de alargamento mésio-distal e vertical das imagens, não permitindo a

18

precisa análise do SM. Segundo os autores, com o auxílio da TC tem-se ganho

em precisão com relação às técnicas convencionais.

A radiografia panorâmica não é adequada para uma profunda avaliação

do assoalho do SM e suas variações. Já a TC permite

alta resolução de imagens de estruturas ósseas e pode, portanto, ser

considerado o método de escolha para a visualização desta estrutura.

(KRENNMAIR et al., 2007).

Wakoh et al. (2006) averiguaram que 95% dos dentistas solicitam

radiografia panorâmica para avaliação pré-operatória de implantes, 80% a

utilizam em combinação com radiografias periapicais e 10% preferem a

combinação de TC ou tomografia convencional com outras radiografias. Os

autores realizaram medições das alturas de implantes colocados em

mandíbulas secas em várias modalidades radiográficas. Concluíram que a

panorâmica promove uma avaliação global para múltiplas implantações, por

isto é uma técnica útil para o planejamento inicial. Mas foi a técnica que

mostrou o maior desvio do tamanho real nas medições. A variação inter-

observador foi menor nas radiografias periapicais, o que sugere que medições

em periapicais são as mais fiéis, independentemente do observador. A TC

resultou em valores similares aos obtidos nas radiografias periapicais, porém

não é adequada para a revisão de implantes na verificação longitudinal da

perda óssea, por causa da alta dose de radiação.

Ishii et al. (2004) também recomendam a técnica para verificar a

quantidade de osso disponível para a colocação de mini-implantes

ortodônticos.

Ariji et al. (2006) demonstraram que as relações anatômicas entre as

raízes dos molares superiores e o SM influenciam a propagação de infecção de

origem dentária. Por meio de análises das mudanças em corticais ósseas de

169 pacientes, por TC, verificaram que aquelas corticais mais afetadas por

infecção eram as que possuíam raízes dentárias mais próximas a elas.

Variações anatômicas têm sido implicadas na etiologia das sinusites

crônicas e recorrentes. A TC de seios paranasais, em especial os cortes

coronais, tem sido rotineiramente utilizada na avaliação dos pacientes com

sintomas sinusais. Este método é importante, não apenas para o diagnóstico

da doença inflamatória em si, mas também para a visualização das alterações

19

anatômicas, tornando-se um excelente exame para o planejamento cirúrgico

(Kinsui et al., 2002).

A precisão e acurácia das medições em TC foi avaliada por Perrella et

al. em 2003. Foram feitas medições lineares em SM com e sem lesão e

comparadas com a reconstrução da imagem em três dimensões. Apesar de

verificar que seios com lesão proporcionavam maior porcentagem de erro na

acurácia das medições quando comparados aos seios sem lesão, a TC

resultou em medidas precisas e reprodutíveis na análise do SM.

20

3

OOOOBJETIVOS

21

3 OBJETIVOS

Objetivo geral

Este estudo tem como objetivo estabelecer a topografia da relação entre

as raízes de molares superiores e o assoalho do seio maxilar nesta amostra,

utilizando imagens de tomografia computadorizada, visando alertar os

profissionais de Odontologia.

Objetivos específicos

Classificar os tipos de relação vertical entre o assoalho do seio maxilar e

as raízes de molares superiores.

Medir a distância entre os ápices radiculares e o assoalho do seio

maxilar.

Verificar e caracterizar a possível variação destas distâncias em função

do sexo do paciente.

Verificar e caracterizar a possível variação destas distâncias em função

da idade do paciente.

Verificar e caracterizar a possível variação destas distâncias em dentes

homólogos nos lados direito e esquerdo.

Verificar e caracterizar a possível variação destas distâncias em função

da ausência de dentes adjacentes.

22

4

MMMMETODOLOGIA

23

4 METODOLOGIA

Foram analisadas imagens de tomografias computadorizadas

arquivadas no banco de dados de uma clínica de radiologia de Porto Alegre,

cujo responsável técnico assinou termo de anuência (Anexo 1). Os exames

selecionados foram de pacientes de quaisquer idades e de ambos os sexos,

que realizaram o exame para a maxila, no período de janeiro de 2004 a

dezembro de 2007.

Aqueles exames que apresentaram algum dano ósseo, reabsorção ou

amputação radicular, neoplasia ou deformidade craniofacial, edentulismo

posterior bilateral e que não apresentaram pelo menos um molar superior

permanente com rizogênese completa e em posição no plano vertical, foram

excluídos da amostra.

O projeto referente a este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê

de Ética em Pesquisa da Faculdade Luterana do Brasil sob o protocolo

2008335H (Anexo 2).

O número amostral foi calculado, com uma confiança de 95%, com base

em um estudo piloto, por meio de fórmula estatística padrão. A amostra deveria

ser composta de no mínimo 20 casos de cada tipo dentário.

Um total de 145 exames foi selecionado, sendo 95 (65,5%) de pacientes

do sexo feminino e 50 (34,55%) do sexo masculino. As idades variaram entre

11 e 79 anos, com média de 45,4±14,7 anos. Por meio dos resultados do teste

t-student verificou-se que não existe diferença significativa nas idades entre

pacientes do sexo feminino e masculino.

Tabela 1. Distribuição das idades da amostra por sexo.

Sexo n Média DP t p

Feminino 95 44,8 14,8

Masculino 50 46,6 14,7 0,700 0,485

24

Todas as tomografias foram adquiridas no mesmo equipamento, Twin

Flash CT Scanner, (Elscint, Israel) e sob as mesmas condições, com o mesmo

protocolo de aquisição (FOV 250mm, espessura do corte de 1mm, pitch de

1mm, matriz de 512x512 e 120kV), variando apenas a miliamperagem, de

acordo com a estrutura óssea do paciente. O posicionamento do paciente

também é constante: deitado em decúbito dorsal na mesa operadora e

posicionado com o plano de Frankfurt perpendicular ao solo.

As imagens foram adquiridas por protocolos compatíveis com o

programa Dental CT, gravadas em meio eletrônico com o programa Efilm

Workstation, (Merge Helthcare Inc., Wisconsin, EUA) no formato DICOM

(Digital Imaging and Communications in Medicine), compatível com os

requisitos da presente pesquisa, sem necessidade de contar com qualquer

exposição específica para este fim.

Cada molar superior foi analisado individualmente por um observador

treinado, usando o software Efilm Workstation, nos três planos anatômicos, de

forma a registrar a relação vertical entre os ápices e o assoalho do SM,

utilizando a classificação proposta por Sharan e Madjar em 2006 (Figura 2):

Figura 1. Classificação dos tipos de relação vertical das raízes com o assoalho do seio maxilar. 0 – a raiz não está em contato com as corticais do SM;

1 – SM curvando-se inferiormente, a raiz está em contato com as corticais;

2 – SM curvando-se inferiormente, a raiz está projetando-se lateralmente na

cavidade sinusal;

3 – SM curvando-se inferiormente, o ápice radicular está projetado no interior

da cavidade sinusal;

4 – SM curvando-se superiormente envolvendo parte ou toda a raiz dentária.

25

As medições foram feitas em milímetros, com a régua eletrônica do

programa Efilm, desde o ápice até a porção inferior da cortical do assoalho do

SM, considerando a menor distância. Foi atribuído um valor positivo quando o

ápice encontrava-se aquém do assoalho e um valor negativo quando o ápice

invadia o SM. Quando a raiz toca o assoalho, sem invadir o SM, o valor

atribuído é zero.

Para avaliar a reprodutibilidade, 20% dos casos tiveram as medições

repetidas em um intervalo de no mínimo uma semana. O coeficiente de

correlação intraclasse, que mede a correlação entre as medições realizadas

em um mesmo sítio, foi de 0,921, indicando uma excelente reprodutibilidade

das medidas realizadas.

Os dados obtidos foram analisados por meio de tabelas e estatísticas

descritivas. O teste Wilcoxon foi utilizado para a comparação das distâncias

entre os lados direito e esquerdo e entre dentes com e sem elementos

adjacentes por distal e mesial. Para a comparação entre os sexos foi utilizado o

teste Mann-Whitney. O teste Pearson foi utilizado para verificar a correlação

das distâncias com a idade.

26

5

RRRRESULTADOS

27

5 RESULTADOS

Ao todo 1.275 raízes de 425 molares tiveram suas menores distâncias

até o assoalho do SM medidas, em milímetros, e agrupadas por tipo de raiz em

cada dente, para cada lado.

A raiz disto-vestibular do primeiro molar direito apresentou a menor

distância do SM, invadindo-o cinco milímetros, sendo a raiz que apresentou a

menor média das distâncias a mesio-vestibular do segundo molar esquerdo. A

raiz mesio-vestibular do primeiro molar direito apresentou a maior distância do

SM, estando a oito milímetros do seu assoalho, e a palatina do segundo molar

direito a maior média.

Tabela 2. Descrição das distâncias (em milímetros) mínimas, máximas, médias e desvios-

padrão (DP), para toda amostra.

Raiz n Mínimo Máximo Média DP

27 MV 110 -3 4 -0,32 1,14

17 MV 111 -4 6 -0,30 1,38

26 P 101 -3 5 -0,16 1,47

16 P 103 -3 6 0,10 1,83

26 MV 101 -4 5 0,12 1,47

16 MV 103 -4 8 0,16 1,78

17 DV 111 -3 4 0,23 1,14

27 DV 110 -2 4 0,23 1,12

27 P 110 -2 7 0,29 1,27

26 DV 101 -4 5 0,33 1,30

16 DV 103 -5 6 0,34 1,49

17 P 111 -3 5 0,40 1,31

28

Avaliando os percentis (Tabela 3), verifica-se que a maioria de raízes,

tanto as mésio-vestibulares, quanto as disto-vestibulares e palatinas, encontra-

se em contato com o assoalho do SM, sendo todas as medianas (percentil 50)

iguais a zero. Além disso, constata-se que o percentil 25 não ultrapassa, para

nenhuma das raízes, -1 milímetro, bem como o percentil 75 não é maior que 1

milímetro, ambos apresentando, ainda, para algumas raízes o valor zero.

Tabela 3. Valores dos percentis para toda amostra, em cada raiz.

Percentis Raiz 5 10 25 50 75 90 95

16 DV -3 -2 0 0 0,5 2 2,9 16 P -3 -2 -1 0 0 3 5,7 16 MV -3 -2 -1 0 1 2 3 26 DV -1,9 -1 0 0 1 1,8 2 26 P -2 -2 -1 0 0 1,8 2,9 26 MV -2 -2 -1 0 1 1 2 17 DV -2 -1 0 0 0 1 2 17 P -1,9 -1 0 0 1 2 3,9 17 MV -2,9 -2 -1 0 0 1 1,9 27 DV -2 -1 -1 0 0 1,8 2 27 P -1 -1 0 0 0,5 1 2 27 MV -2 -2 -1 0 0 0 1,9

29

Por meio dos resultados do teste de Wilcoxon verifica-se que existe

diferença estatisticamente significativa entre os lados direito e esquerdo

apenas para as raízes palatinas dos primeiros molares, sendo esta de 0,329

milímetros em média. Para as demais raízes não foram encontradas diferenças

significativas.

Tabela 4. Comparação entre as medições das distâncias (em milímetros) e os lados direito e

esquerdo.

Raízes n Média DP diferença média p

16 DV 0,21 1,60

26 DV 76

0,24 1,34 -0,026 0,762

16 P 0,08 1,90

26 P 76

-0,25 1,54 0,329 0,032

16 MV 0,11 1,83

26 MV 76

0,00 1,49 0,105 0,498

17 DV 0,19 1,11

27 DV 99

0,22 1,16 -0,030 0,816

17 P 0,39 1,33

27 P 99

0,32 1,32 0,071 0,626

17 MV -0,34 1,39

27 MV 99

-0,34 1,18 0,000 0,959

30

Os resultados do teste não-paramétrico Mann-Whitney indicam que não

existe associação entre as distâncias e os sexos.

Tabela 5. Associação entre as distâncias (em milímetros) e sexos.

Raízes Sexo n Média DP Rank médio p

Feminino 68 0,22 1,55 49,9 16 DV

Masculino 35 0,57 1,33 56,2 0,270

Feminino 68 0,03 1,67 52,8 16 P

Masculino 35 0,23 2,13 50,5 0,710

Feminino 68 0,10 1,66 53,3 16 MV

Masculino 35 0,26 2,01 49,4 0,503

Feminino 69 0,35 1,33 52,1 26 DV

Masculino 32 0,28 1,25 48,5 0,529

Feminino 69 -0,13 1,36 52,0 26 P

Masculino 32 -0,22 1,70 48,8 0,585

Feminino 69 0,14 1,59 51,7 26 MV

Masculino 32 0,06 1,19 49,5 0,713

Feminino 75 0,13 1,22 52,8 17 DV

Masculino 36 0,42 0,94 62,6 0,095

Feminino 75 0,44 1,24 57,6 17 P

Masculino 36 0,31 1,45 52,6 0,408

Feminino 75 -0,33 1,31 55,5 17 MV

Masculino 36 -0,22 1,53 57,1 0,798

Feminino 74 0,19 1,14 54,6 27 DV

Masculino 36 0,31 1,09 57,3 0,646

Feminino 74 0,27 1,06 56,6 27 P

Masculino 36 0,33 1,62 53,3 0,568

Feminino 74 -0,32 1,02 56,2 27 MV

Masculino 36 -0,31 1,37 54,1 0,717

31

Os coeficientes de correlação de Spearman entre as variáveis idade e

distância indicam correlação positiva e estatisticamente significativa para todas

as raízes menos para as palatinas dos primeiros molares esquerdos e disto-

vestibulares dos segundos molares direitos. Quando realizado o teste de

correlação dividindo-se a amostra por sexo, encontra-se correlação significativa

para o sexo feminino para todas as raízes, menos para as palatinas dos

primeiros molares esquerdos, não se encontrando relação significativa para

nenhuma das raízes no sexo masculino.

Tabela 6. Correlação entre idades e distâncias (em milímetros).

Geral Sexo Feminino Sexo Masculino Raízes

r p r p r p

16 DV 0,317 0,001* 0,359 0,003* 0,218 0,207

16 P 0,227 0,021* 0,312 0,010* 0,074 0,674

16 MV 0,272 0,005* 0,400 0,001* 0,043 0,807

26 DV 0,237 0,017* 0,335 0,005* -0,058 0,754

26 P 0,172 0,085 0,199 0,101 0,136 0,458

26 MV 0,236 0,017* 0,368 0,002* -0,164 0,370

17 DV 0,156 0,101 0,246 0,033* -0,034 0,842

17 P 0,229 0,016* 0,299 0,009* 0,135 0,431

17 MV 0,218 0,021* 0,376 0,001* -0,071 0,679

27 DV 0,309 0,001* 0,400 0,000* 0,100 0,561

27 P 0,274 0,004* 0,346 0,003* 0,116 0,501

27 MV 0,216 0,023* 0,340 0,003* -0,004 0,982

* Correlação positiva e estatisticamente significativa.

32

Por meio do teste Wilcoxon verificou-se que não há relação significativa

entre as distâncias e a presença ou ausência de dentes adjacentes. A tabela 7

demonstra a prevalência das ausências e presenças por distal e mesial de

cada dente.

Tabela 7. Descrição da prevalência das presenças e ausência de dentes adjacentes por mesial

e distal de cada dente.

Ausência Presença Total Dente

n % n % n

16 D 8 7,7 96 92,3

16 M 22 21,2 82 78,8 104

26 D 10 9,6 89 85,6

26 M 21 20,2 78 75,0 99

17 D 70 67,3 42 40,4

17 M 28 26,9 84 80,8 112

27 D 65 62,5 45 43,3

27 M 28 26,9 82 78,8 110

33

A classificação dos tipos de relação vertical entre o assoalho do SM

maxilar e as raízes dos molares apresentou-se conforme a tabela 8.

O tipo 1 mostra-se prevalente em todas as raízes, representando um

total de pouco menos de 50% das ocorrências na amostra. A seguir, observa-

se a predominância do tipo 0, exceto nas raízes palatinas dos dentes 26 e

mesio-vestibulares de ambos segundos molares. Em terceiro lugar de

prevalência, está o tipo 3, com exceção nas raízes palatinas dos dentes 26 e

mesio-vestibulres dos segundos molares. Ainda, o tipo 2 assume a quarta

posição junto à tabela de prevalência, apenas excetuando-se as raízes disto-

vestibulares e mesio-vestibulares dos segundos molares.

Tabela 8. Tipos de relação vertical entre o assoalho do seio maxilar e as raízes.

Tipo 0 Tipo 1 Tipo 2 Tipo 3 Tipo 4 Dente

n % n % n % n % n %

16 DV 34 33,0 54 52,4 4 3,9 9 8,8 2 1,9

16 P 27 26,2 41 39,8 15 14,5 18 17,5 2 1,9

16 MV 29 28,1 46 44,6 11 10,7 17 16,5 - -

26 DV 31 30,7 54 53,5 5 4,9 10 9,9 1 0,9

26 P 21 20,8 37 36,6 20 19,8 23 22,7 - -

26 MV 29 28,7 47 46,5 5 4,9 18 17,9 2 1,9

17 DV 29 26,1 62 55,8 1 0,9 11 9,9 8 7,2

17 P 38 34,2 52 46,8 6 5,4 13 11,7 2 1,8

17 MV 15 13,5 54 48,6 6 5,4 20 18,0 16 14,4

27 DV 29 26,3 61 55,4 2 1,8 10 9,1 8 7,3

27 P 28 25,4 65 59,1 4 3,6 10 9,1 3 2,7

27 MV 13 11,8 58 52,7 5 4,5 20 18,2 14 12,7

Total 25,4 49,3 6,7 14,1 5,3

Figura 2. Exemplos dos tipos de relação vertical das raízes com o assoalho do seio maxilar encontrados nas tomografias.

34

6

DDDDISCUSSÃO

35

6 DISCUSSÃO

Os seios maxilares são estruturas anatômicas da face que tem relação

estreita com as raízes dos dentes posteriores, principalmente molares. Essa

proximidade tem sido estudada e comprovada em diversos estudos

(EBERHARDT et al., 1992; OLIVEIRA et al., 2002; KWAK et al., 2004; ARIJI et

al., 2006; SHARAN & MADJAR, 2006; ALTUG et al., 2009) e pode favorecer

algumas complicações relacionadas à disseminação de processos

inflamatórios (ARIJI et al., 2006; UGINCIUS et al., 2006) e ocorrência de

acidentes durante procedimentos cirúrgicos (FREITAS et al., 2003; BOUQUET

et al., 2004; MARIANO et al., 2006) e endodônticos (HAUMAN et al., 2002). É

também considerada uma zona de risco para a implantodontia dentária

(NIMIGEAN et al., 2008).

A dimensão do SM depende de fatores como idade, sexo e raça. Podem

possuir extensões em direção ao rebordo alveolar, região anterior,

tuberosidade, palato, osso zigomático e região orbitária. Em pacientes

desdentados a extensão pode ser tal que o assoalho do mesmo constitui o

próprio limite do rebordo alveolar. Nos molares pode até haver extensões entre

a trifurcação (ARIETA et al., 2005; ANTONIAZZI et al., 2008).

Obayashi et al. (2004) aferiram que em 71,3% dos casos de infecção

originada em pré-molares e molares há alguma alteração do SM.

A comunicação buco-sinusal ou oro-antral é um dos acidentes mais

comuns após extrações dentárias na região maxilar posterior (FREITAS et al.,

2003).

Pesquisadores (EBERHARDT et al., 1992; CHEN et al, 2001; BOUQUET

et al, 2004) expõem que radiografias convencionais apresentam imagens bi-

dimensionais, com sobreposição de estruturas, e portanto são inapropriadas

para precisão morfométrica das relações de estruturas anatômicas. Com o

auxílio da TC tem-se ganho em precisão com relação às técnicas

convencionais em uma avaliação pré-cirúrgica, é possível conseguir imagens

sem sobreposição de estrutura, em tamanho real e sem distorções. Sem a

visualização proporcionada pela técnica tri-dimensional o cirurgião tomaria

36

poucas precauções, o que poderia levar a complicações como uma

comunicação buco-sinusal ou a introdução do dente no SM.

Mencionando especificamente os pacientes deste estudo, em sua

grande maioria, buscaram o serviço radiológico por indicação de

implantodontistas. Um dos pré-requisitos mais importantes para se obter o

sucesso com implantes osteointegrados é a presença de uma quantidade

suficiente de osso saudável no sítio receptor, incluindo não somente uma altura

óssea adequada, mas também uma largura suficiente do osso basal

remanescente (AJZEN et al., 2005). Kwak et al. (2004) afirmam que conhecer a

relação entre os ápices radiculares e o assoalho do SM é crucial para o

diagnóstico e tratamento de patologias sinusais, assim como no planejamento

em implantodontia. A TC permite a avaliação precisa da quantidade, qualidade

e densidade óssea disponíveis para a instalação de implantes dentários, além

de fornecer as dimensões exatas do local a ser implantado a estruturas

anatômicas contíguas. Hauman et al. (2002) dizem que métodos tri-

dimensionais, como a TC, são quase que obrigatórios no diagnóstico pré-

cirúrgico em implantodontia. Muitos artigos na literatura demonstram a

aplicabilidade da TC na avaliação pré-operatória em implantodontia, como os

dos pesquisadores Reddy e Wang (1999), Nimigean et al. (2008), entre outros.

Contudo, suas desvantagens incluem custo elevado, altas doses de radiação,

carência de entendimento para a interpretação das imagens por parte dos

cirurgiões-dentistas, e artefatos “em raios de sol” produzidos por metais

(TYNDALL & BROOKS, 2000). A Academia Americana de Radiologia Oral e

Maxilofacial (AAOMR) defende a opinião de que o sucesso da reabilitação com

implantes dentários é dependente de uma adequada informação diagnóstica

sobre as estruturas ósseas da região. A necessidade de imagens pré-

operatórias deve ser avaliada considerando a dose de radiação e custos

financeiros para o paciente. Então, se houver mais do que um método

disponível, o princípio ALARA (as low as reasonable achievable - tão baixo

quanto razoavelmente possível) deve direcionar a seleção.

Ariji et al., em 2006, investigaram a influência das relações anatômicas

entre as raízes dos molares e o SM na propagação de infecção de origem

dentária. Por meio da observação de imagens de TC de 169 pacientes,

divididos por década de vida, classificaram a posição das raízes, quanto à

37

proximidade com as corticais, e a relação entre os dentes e o SM, observados

em cortes axiais. Encontraram uma discrepância de 29,2% entre raízes direitas

e esquerdas dos primeiros molares e 18,3% dos segundos, em relação à

posição horizontal. Para a relação com o seio, a discrepância encontrada entre

os lados foi de 17,5% e 22,5% para primeiros e segundos molares,

respectivamente. Demonstraram também que o tipo predominante de relação

dento-sinusal era aquele em que o SM podia ser observado ao nível dos ápices

das raízes, e que aqueles seios que puderam ser visualizados ao nível da

trifurcação predominavam na segunda década.

O tecido ósseo aumenta durante a fase de crescimento, até os 20 anos

de idade, e começa a ter um declínio após os 30, exibindo acelerada perda em

mulheres após a menopausa (SVERZUT et al., 2001). Na cavidade bucal,

especificamente, ocorre um remodelamento ósseo, chamado atrofia óssea por

desuso, após a perda do elemento dentário. Isto porque os estímulos que

mantém o osso alveolar desaparecem e este entra em processo degenerativo.

Primeiramente, provoca o estreitamento da crista óssea e, consequentemente,

a diminuição do trabeculado e da altura. A reabsorção causada por extrações

ocorre com maior intensidade nas regiões posteriores e é mais severa na

mandíbula. O processo de reabsorção é maior nos primeiros seis meses após

a perda dos dentes e depois de forma contínua por toda a vida. É crônico,

progressivo, irreversível e acumulativo (KINGSMILL & BOYDE, 1998;

SVERZUT et al., 2001).

O SM inicia seu crescimento no quinto mês gestacional e desenvolve-se

até os 14 anos de idade, coincidindo com o término da erupção dos dentes

permanentes. Antes de atingir o tamanho adulto, a cavidade sinusal é

considerada distante das raízes dentárias, porém, ao término do seu

crescimento, atinge os limites do processo alveolar da maxila. Expansão e

pneumatização contínuas persistem durante a vida do indivíduo, o que pode

levar ao deslocamento do assoalho sinusal em direção às raízes dos dentes

posteriores. Existe diferença significativa na altura do assoalho sinusal entre

indivíduos edêntulos e completamente dentados. Nos indivíduos com perdas

dentárias, as pneumatizações avançam inferiormente, criando recessos no

osso alveolar entre o local da perda e o dente adjacente (BROOK, 2006).

38

Ariji et al., em 1994, estudaram as mudanças no volume dos seios

maxilares com o passar da idade, utilizando a TC. Reafirmam a acurácia deste

exame para visualização e estudo destas estruturas anatômicas. Ao todo foram

analisados 115 exames de pacientes de ambos os sexos sem patologias ou

deformidades craniofaciais nos seios maxilares. Grupos foram formados a

partir da condição dentária de cada lado da arcada superior, para analisar a

possível interferência da perda dentária no volume do SM, e uma fórmula foi

utilizada para o cálculo do volume de cada seio. Os autores não encontraram

diferença significativa entre os sexos e observaram correlação entre os lados

direito e esquerdo. Foi verificado que o volume do SM aumenta até os 20 anos

e depois decresce. O que é esperado, é que pelas perdas dentárias ao longo

dos anos, o volume do seio se modifique. Porém, não foi encontrada relação

significativa entre o volume do SM e as perdas dentárias quando a idade era

levada em consideração.

Assim como o volume, a distância das raízes dos dentes posteriores até

o SM tenderia a se modificar ao longo dos anos, em decorrência de perdas

dentárias. Não se constata estudos precedentes que averiguem a relação das

distâncias das raízes até o assoalho do SM com a idade, sexo, ou com as

perdas dentárias. Na presente pesquisa não foi encontrada relação

estatisticamente significativa entre as distâncias e a ausência ou presença de

dentes adjacentes. Porém, tem-se um numero amostral pequeno para as

perdas referentes aos vizinhos por distal dos primeiros molares (Tabela 7).

Além disso, deve-se salientar que para a distal dos segundos molares, onde foi

encontrado mais de 60% de ausência, tem-se o terceiro molar, cuja remoção é

amplamente realizada e a incidência de agenesia é considerável. Observou-se

que os estímulos que sustentam o osso alveolar são suficientes para manter a

distância das raízes existentes com o assoalho do SM, no caso da perda de um

dente adjacente.

Outro fator a ser exposto é que a presença de implantes dentários,

substituindo ausências próximas ao dente em questão, não foi considerada, o

que sustentaria a altura óssea no local, atenuando as reabsorções.

Não se verificou relação estatisticamente significativa da idade com as

distâncias em pacientes masculinos nesta pesquisa (Tabela 6). Porém, em

mulheres, uma relação positiva estatisticamente significativa entre idade e

39

distâncias medidas foi encontrada para todas as raízes, exceto para as

palatinas dos primeiros molares do lado esquerdo, ou seja, aquelas pacientes

com mais idade foram as que apresentaram as maiores distâncias das suas

raízes ao assoalho do SM. Este achado vem contra o esperado, uma vez que

com o passar dos anos ocorrem perdas dentárias, e com as perdas há

reabsorção óssea e pneumatização do SM. A tendência, portanto, seria uma

diminuição das distâncias encontradas ao passar da idade mais acentuada em

mulheres, que podem ser agressivamente acometidas por reabsorções em

idade pós-menopausa. Não se encontrou na literatura referência que pudesse

justificar esse achado. Classifica-se tal evento como um possível viés da

amostra. Também é relevante considerar o fato de que exames de pacientes

que apresentassem extensas reabsorções ósseas, impossibilitando as

medições, foram descartados da amostra. Portanto, aquelas pacientes que

poderiam evidenciar reabsorções mais severas não foram avaliadas.

Na presente pesquisa verificou-se que existe diferença estatisticamente

significativa nas medidas de dentes homólogos em um mesmo paciente

somente para as raízes palatinas dos primeiros molares (Tabela 4), sendo esta

de apenas 0,3 milímetros em média, o que pode ser considerado clinicamente

insignificante. Assim sendo, é possível realizar uma média das distâncias

encontradas para o mesmo tipo de raiz das duas hemi-arcadas, em um mesmo

indivíduo, e passar a considerar somente os tipos radiculares para cada dente

(primeiro ou segundo molar). Isto para uma melhor comparação com os

achados de artigos que não expõem os dados por lado separadamente, e

também para facilitar a coleta amostral em pesquisas futuras.

Observou-se um grande número de raízes em contato com o assoalho

do SM, sem penetrá-lo, representando quase 50% da amostra (Tabela 8).

Foram avaliadas mais de cem raízes de cada tipo, levando-se em consideração

os três tipos de raízes, se eram de primeiros ou segundos molares, e os lados

direito e esquerdo do paciente.

Nimigean et al. (2008) encontraram três tipos de relação dento-sinusal

em um estudo com 30 crânios secos investigados por TC, sendo

estastangentes ou próximas (60,8%), distanciadas (25,6%) e penetrantes

(13,6%). Comparando os achados destes autores com os do presente estudo,

tem-se determinada similaridade, visto que em ambos 25% das raízes

40

encontravam-se pelo menos 1mm aquém do seio. Quando somados os casos

em que as raízes penetram o SM e aqueles em que elas contatam o seu

assoalho, foi encontrado neste estudo um percentual de 75%, bastante próximo

ao observado por Nimigean et al. (2008) (74%). Hauman et al. (2002)

mencionam este tipo de classificação, onde se considera próxima ao SM

aquela raiz que está a 0,5mm ou menos de seu assoalho.

Kwak et al. (2004) realizaram um estudo com a finalidade de caracterizar

a topografia do assoalho do SM. Realizaram vinte e um tipos de medições

distintas em 33 crânios secos de coreanos, inclusive a distância entre os ápices

de molares e pré-molares e o assoalho sinusal, além de classificar os tipos de

relação vertical entre estas estruturas. Contudo, não quantificaram as

distâncias referentes a situações de invasão do SM. Portanto, os menores

valores obtidos foram iguais a zero, para todos os tipos de raízes. O maior

valor médio obtido foi de 3,87mm para as raízes palatinas dos primeiros

molares, seguido das disto-vestibulares do mesmo dente, com 3,53mm. A raiz

que obteve a média menor foi a disto-vestibular dos segundos molares, com

2,74mm, seguida da mesio-vestibular do mesmo dente, com 2,82mm. Na

presente pesquisa todos os valores médios se mantiveram muito próximos ao

zero, lembrando que foram atribuídos valores negativos para quantificar o

quanto uma raiz penetrava no SM. A raiz que apresentou a maior distância

média foi a disto-vestibular de ambos primeiros molares, com 0,33mm para o

lado direito e 0,34mm para o esquerdo. As menores médias se concentram nas

raízes mesio-vestibulares dos segundos molares. A distância máxima

observada por Kwak et al. (2004) foi de 11mm, superior à encontrada na

presente pesquisa (8mm).

Em 1992, Eberhardt et al. estudaram, por meio da TC, as distâncias

entre as raízes dentárias e o SM em 38 pacientes e 12 crânios autopsiados.

Assim como neste estudo, a raíz com maior proximidade do SM foi a mesio-

vestibular dos segundos molares, seguida da palatina dos primeiros,

apresentando médias de 0,83 e 1,56mm, respectivamente. Porém encontraram

a mesio-vestibular dos primeiros molares como sendo a mais distante do SM,

seguida da disto-vestibular do mesmo dente, que ocupa a primeira posição no

presente estudo. Os autores não forneceram as distâncias máximas e mínimas

para cada raíz.

41

Sharan e Madjar (2006) estipularam uma classificação para os tipos de

relação vertical das raízes de segundos pré-molares e molares com o assoalho

do SM (Figura 2). O tipo 0 corresponde à raiz que não está em contato com as

corticais do SM, o tipo 1 à raiz que está em contato com as corticais do SM,

sem invadi-lo, o tipo 2 à raiz que projeta-se lateralmente na cavidade sinusal, o

tipo 3 ao ápice radicular que está projetado no interior da cavidade sinusal com

o assoalho do SM curvando-se inferiormente, e o tipo 4 ao SM que curva-se

superiormente envolvendo a raiz dentária. Estes pesquisadores demonstraram

a ocorrência para cada tipo de dente e não separadamente por raiz ou por

lado. Esta classificação foi empregada na presente pesquisa. Comparando os

achados dos dois estudos, observa-se que o tipo prevalente é o 1 para os

primeiros molares nas duas pesquisas, sendo encontrado 30% no estudo de

Sharan e Madjar e 45,5% no presente estudo (Tabela 8). Neste observou-se

baixa ocorrência do tipo 2 em comparação ao estudo anterior, com apenas 9,8

e 3,6% em primeiros e segundos molares, respectivamente, contra 21,5 e 15%.

Este tipo de relação foi encontrado predominantemente nas raízes palatinas

dos primeiros molares, e pode ser justificada pelo formato do palato (HAUMAN

et al., 2002), uma vez que palatos mais profundos apresentam cortical mais

alongada no sentido vertical. A prevalência do tipo 0 mostrou-se semelhante

em ambas as pesquisas, com 27,9 e 22,8% em primeiros e segundos molares,

respectivamente, na atual e 22,6 e 22,5% na precedente. Para os segundos

molares, o tipo mais prevalente foi o 3 para os referidos autores, com 28,5%

dos casos, sendo que neste estudo o tipo 1 detém esta posição, com um total

de 53% para este dente. O tipo 4 foi o menos prevalente em ambas as

pesquisas, com apenas 1,7% dos casos de primeiros e 7,6% dos segundos

molares na recente, e 5% dos primeiros e 7% dos segundos molares na de

1992.

Os seios maxilares são estruturas anatômicas de indiscutível

importância no sistema estomatognático, por estarem intimamente

relacionadas às raízes dos dentes posteriores superiores, principalmente dos

molares. Sendo assim, o cirurgião-dentista necessita ter conhecimento sobre

as possíveis variações anatômicas e distâncias das raízes dentárias desta

estrutura, previamente a procedimentos invasivos nesta região, como

exodontias e endodontias, a fim de evitar complicações como a comunicação

42

buco-sinusal ou a introdução de fragmentos. Também deve valer-se de exames

radiográficos específicos, como a tomografia computadorizada, para a correta

análise das condições do paciente, uma vez que este estudo demonstrou que

mais da metade das raízes dos molares tem uma relação de contato com o

assoalho sinusal, e sem um exame de imagem que elimine sobreposições ou

distorções não é possível averiguar estas relações com clareza.

43

7

CCCCONCLUSÕES

44

7 CONCLUSÕES

Na amostra estudada, a relação vertical prevalente entre o assoalho do

seio maxilar e as raízes foi o tipo 1, ou seja, o assoalho do seio maxilar curva-

se inferiormente e está em contato com as raízes dentárias. A relação tipo 3,

na qual os ápices projetam-se para o interior do seio maxilar, foi mais

observada nas raízes palatinas dos dentes 26 e nas mesio-vestibulares dos

dentes 17 e 27.

A menor e a maior distância média entre o assoalho do seio e o ápice

radicular foram encontradas, respectivamente, na raiz mesio-vestibular do

segundo molar esquerdo e na raiz palatina do segundo molar direito.

Verificou-se relação clinicamente significativa entre os lados direito e

esquerdo para raízes de dentes homólogos.

Não foi encontrada relação estatisticamente significativa entre as

distâncias e o sexo, presença ou ausência de dentes adjacentes.

Também não se verificou relação com a idade nos homens, sendo que

nas mulheres desta a amostra foi encontrada correlação positiva e

estatisticamente significativa para todas as raízes, menos para as palatinas dos

primeiros molares esquerdos.

45

8

RRRREFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

46

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ANEXO 1

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ANEXO 2

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