Relação entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Uma análise da relação entre os países desenvolvidos e subdesenvolvidos.

Citation preview

1) Em que medida a constituio de pases desenvolvidos esteve ligada constituio dos pases subdesenvolvidos e vice-versa?A anlise dos adjetivos desenvolvido e subdesenvolvido atribudos ao substantivo pas requer um cuidado especial. O acrscimo do prefixo sub confere ao termo subdesenvolvido o sentido de algo que se encontra em posio inferior, hierarquicamente abaixo daquele classificado como desenvolvido. Pressupe, inclusive, a ideia de que, trilhando caminhos semelhantes aos de pases desenvolvidos, uma nao subdesenvolvida pode, cumprindo louvveis metas de ordem e progresso, perder esse incmodo prefixo e alcanar um degrau superior na cadeia evolutiva das naes.

Entretanto, um estudo mais cuidadoso dos processos que configuram a formao desses pases revela que tais adjetivos foram se conformando com base em uma ntima relao; um no precede ao outro, portanto. Configuram-se concomitantemente e, medida que tais atributos vo se moldando e se solidificando, mais o prefixo sub se amalgama ao vocbulo e acentua o seu significado.

Muitas vozes contriburam para que se descortinasse essa verdade. Foram os estudiosos da CEPAL os responsveis por dar volume e clareza a esse fato. A voz nacional de maior destaque , sem dvida, o renomado economista Celso Furtado.

Definido por Maria Conceio Tavares como um intelectual radical, Furtado analisa a fundo o que chamou de mito do subdesenvolvimento. Ao estudar as dinmicas das estruturas, Furtado demonstra como os moldes nos quais a economia subdesenvolvida est forjada reproduzem internamente o seu subdesenvolvimento.

O modo como essas economias foram juntamente se constituindo deriva das relaes internacionais de comrcio que o crescimento econmico trazido pela Revoluo Industrial proporcionou. Elucidando tal fato, Oswaldo Sunkel, em seu livro O marco histrico do processo desenvolvimento-subdesenvolvimento, analisa de que maneira a economia dos pases ditos centrais, liga-se e define o processo de subdesenvolvimento dos pases perifricos. Afirma que a necessidade do desenvolvimento de novas reas produtoras de alimentos e matrias-primas fez com que a Inglaterra, entre 1865 e 1914, destinasse de uma tera at metade do total de sua inverso para o mundo perifrico, especificamente a pases que tinham condies climticas semelhantes ao seu e para os quais migrou uma grande parte da populao rural europeia. A partir da, essas economias se atrelam de tal forma que uma no teria sua constituio tal como foi concebida caso houvesse a ausncia da outra.

Tais pases, juntamente com outros de herana colonial, desenvolveram-se em um modelo primrio-exportador cujo crescimento da economia era voltado para fora e no para o seu interior. Especializaram-se na extrao de alguns minrios e na produo de poucos produtos, alguns gneros alimentcios, rusticamente processados. Esses produtos eram enviados aos pases centrais e deles eram adquiridos produtos manufaturados e industrializados.

Estabelecida essa engrenagem, consolidaram-se dois tipos diferentes de economia que, ao mesmo tempo em que se completavam, distanciavam-se. Estudos detidos acerca dessa relao revelam o quanto esse intercmbio comercial acarretava uma distribuio desigual de lucros, uma espoliao das economias dos pases perifricos e, nas palavras do economista argentino Ral Prebisch, uma deteriorao secular nos termos de troca.

Enfim, a crena de que a transformao de um pas subdesenvolvido em desenvolvido seria algo natural cai por terra e, em seu lugar, erguem-se vozes racionais que impulsionam s economias dos pases latinos ao trip que funda as condies estruturais para alterar sua posio na economia capitalista: desenvolvimento, planejamento e industrializao.

Silvana Gonales Romani

RA 104076