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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
CURSO DE MESTRADO EM PSICOLOGIA DA SAÚDE
MARIA SILVIA ANDRIETTA DE OLIVEIRA
RELAÇÃO ENTRE ANSIEDADE SOCIAL E EMPATIA
SÃO BERNARDO DO CAMPO/SP
2013
MARIA SILVIA ANDRIETTA DE OLIVEIRA
RELAÇÃO ENTRE ANSIEDADE SOCIAL E EMPATIA
Trabalho de Dissertação apresentado à Universidade Metodista de São Paulo, Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde para a conclusão do Mestrado. Área de concentração: Psicologia da Saúde Orientador: Prof. Dr. Renato Teodoro Ramos.
São Bernardo do Campo
2013
A dissertação de mestrado sob o título “Relação entre
Ansiedade Social e Empatia”, elaborada por Maria Silvia Andrietta de Oliveira,
apresentada e aprovada em 28 de agosto de 2013, perante a banca examinadora
composta por Prof. Dr. Renato Teodoro Ramos (presidente/UMESP), Prof. Dr. Luis
Fernando Hindi Basile (Titular/ UMESP) e Prof. Dr. Ronald Dennis Paul Kenneth
Clive Ranvaud (Titular/Universidade de São Paulo).
________________________________________________________________ Prof. Dr. Renato Teodoro Ramos Orientador e Presidente da banca examinadora ________________________________________________________________ Profa. Dr/a. Maria Geralda Viana Heleno Coordenadora do programa de Pós- Graduação. Programa: Pós Graduação em Psicologia da Saúde Área de Concentração: Psicologia da Saúde Linha de Pesquisa: Prevenção e Tratamento .
Dedico este trabalho aos meus pais e à minha filha, que sempre me apoiaram, estiveram presentes e acreditaram em meu potencial, me incentivando na busca de novas realizações.
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao meu orientador, Prof.Dr. Renato Teodoro
Ramos, pela sua competência e confiança, a qual me
possibilitou realizar este projeto da minha vida.
Á minha amiga Valéria Esboriol, pelo incentivo e ajuda
que me deu, durante o trabalho, tanto nesta dissertação quanto
no nosso cotidiano.
RESUMO
O transtorno de ansiedade social (TAS) pode ser descrito como o medo ou
desconforto em situações nas quais o indivíduo acredita que seu desempenho esteja
sendo avaliado por outros e onde tema comportar-se de forma humilhante ou
embaraçosa. Este medo é acompanhado de sintomas autonômicos como suor,
taquicardia e tremores e pode induzir a esquiva de tais situações. Um dos elementos
essenciais deste tipo de sintoma é o julgamento que o indivíduo faz a cerca da
opinião de outras pessoas. Uma das hipóteses envolvidas neste estudo é a de que
este fenômeno patológico envolva mecanismos associados à empatia na medida em
que envolve a atitude de colocar-se no lugar de outra pessoa e inferir, mesmo que
de maneira distorcida, o que esta pessoa está pensando ou sentindo. Este projeto
visa investigar a relevância da capacidade empática de pessoas com altos níveis de
ansiedade social na gênese de seus sintomas. Para isso, serão aplicados dois
questionários em voluntários adultos: A Escala de Ansiedade de Liebowitz e a
Escala Multidimensional de Reatividade Interpessoal de Davis (EMRI), e serão
estudadas as possíveis correlações entre a Ansiedade Social e a Empatia. A
hipótese a ser testada é a de que indivíduo com altos níveis de ansiedade social
teria uma atividade espelho mais acentuada e, com isso, um maior índice de
empatia. Espera-se que este tipo de estudo possa contribuir para um melhor
entendimento a respeito da fisiopatologia da ansiedade social e, consequentemente,
contribuir para o desenvolvimento de formas de psicoterapia comportamentais mais
eficazes para este tipo de problema clínico.
Palavras chaves: Ansiedade Social, Empatia, Neurônio Espelho.
ABSTRACT
The social anxiety disorder (SAD) can be described as fear or discomfort in situations
where a person believes that their performance is being evaluated by others and
when the person fears to behave in a humiliating or embarrassing way. An essential
element of this type of symptom is the judgment that these individuals make about
the opinions of others. This judgment is closely related to the concept of empathy or
the capacity to put yourself in the place of another individual and deduce, even in a
distorted way, what this person is thinking or feeling. This project investigated the
relationship between empathic capacity and levels of social anxiety in normal
subjects. Two questionnaires were applied: Liebowitz Social Anxiety Scale and
Interpersonal Reactivity Idex (IRI).
Significant correlations were observed among both scales scores, suggesting that the
expression of social anxiety demand some empathic capacity. These results justify
further investigations on how both phenomena can be associated in terms of
neuropsychological mechanisms.
Keywords: Social Anxiety, Empathy
Lista de figuras
Figura 1: Esquema dos componentes que participam do processo da empatia emocional
e da empatia cognitiva............................................................................................... 222
Figura 2: Comparações entre gêneros dos escores médios das sub-escalas.
EMRICE (Escala Multidimensional de Reatividade de Davis emocional); EMRICG
(Escala Multidimensional de Davis cognitiva); EMRICC (Escala Multidimensional de
Davis Comportamental); EMRITOT ( Escala Multidimensional de Davis total); EASP
(Escala de Ansiedade Social de Performance); EASS (Escala de Ansiedade Social
de Interação Social); EASTOT ( Escala de Ansiedade Social Total). ........................ 31
Lista de Tabelas
Tabela 1: Níveis de defesa, estruturas críticas e emoções associadas ............... Erro! Indicador não definido.3
Tabela 2: TOM (Teoria da Mente), IFG (Giro Frontal Inferior), IPL (Lobo Parietal
Inferior), ACC (Cingulado Anterior), AI (Ínsula Anterior), vmPCF (Córtex pré-frontal
Ventromedial), dmPFC (Córtex pré-frontal Dorsomedial), TJP (Junção
Temporoparietal), MTL (Lobo Temporal Medial). .................................................... 244
Tabela 3: Correlações entre as escalas globais e cada uma das subescalas (Teste
de correlação de Pearson, r). .................................................................................. 322
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11
1.1 Conceito Geral de Ansiedade .............................................................................. 11
1.2. Neurobiologia da ansiedade ............................................................................... 13
1.3 Neuroquímica da ansiedade ................................................................................ 15
1.4 Os transtornos de ansiedade .............................................................................. 16
1.5 Fobia Social ......................................................................................................... 18
1.4.1 Epidemiologia do Transtorno de Ansiedade Social .......................................... 19
1.4.2 Fisiopatologia do Transtorno de Ansiedade Social .......................................... 19
1.4.3 Modelos psicodinâmicos do Transtorno de Ansiedade Social .......................... 20
1.4.4 Modelo cognitivo do Transtorno de Ansiedade Social ...................................... 21
1.5 Empatia ............................................................................................................... 21
1.6 A relação entre ansiedade social e empatia ........................................................ 27
1.8 Objetivo ............................................................................................................... 28
2. MÉTODOS ............................................................................................................ 29
2.1 Instrumentos e Procedimentos ............................................................................ 29
2.2 Análise de dados ................................................................................................. 30
3. RESULTADOS ...................................................................................................... 31
4. DISCUSSÃO ....................................................................................................... 333
5. CONCLUSÃO..................................................................................................... .35
6. Anexos.................................................................................................................36
7. Referências Bibliográficas..................................................................................44
12
1. INTRODUÇÃO
Este estudo investiga a possível correlação entre a intensidade da expressão
da ansiedade em situações sociais e a capacidade empática do indivíduo, definida
como sua habilidade em colocar-se no lugar de outras pessoas e vivenciar aspectos
das experiências emocionais e cognitivas destas.
Trata-se de um estudo exploratório inicial baseado na aplicação de algumas
escalas de avaliação quantitativa de sintomas de ansiedade social e de empatia.
Nesta introdução, aspectos gerais dos conceitos de ansiedade social e empatia
serão apresentados de forma a apoiar a hipótese de que ambos os fenômenos
possam partilhar mecanismos psicobiológicos comuns.
Como os resultados obtidos serão discutidos a luz de modelos
neurobiológicos de ansiedade e empatia, será feita também uma apresentação de
alguns modelos fisiopatológicos da ansiedade e de teorias que sugerem o
envolvimento de núcleos de neurônios espelho na gênese da ambos os fenômenos.
1.1 Conceito Geral de Ansiedade
A ansiedade é uma emoção, um estado de humor, classicamente
associada a estratégias gerais de sobrevivência de diversas espécies animais que
surge em resposta a situações de perigo que ameaçam a homeostase do
organismo. (MILLAN, 2003).
Assim, do ponto de vista biológico, a ansiedade e o medo são termos que
guardam uma relação íntima entre si e estão associados a comportamentos de defesa de
diferentes espécies animais a perigos comumente encontrados no meio ambiente. Estas
reações de defesa podem ser inatas ou aprendidas e envolvem um conjunto de
respostas comportamentais e neurovegetativas. Entre as experiências de ameaças por
estímulos inatos pode-se, por exemplo, citar predadores ou agressores específicos e
13
entre os estímulos aprendidos pode-se citar o condicionamento de respostas à dor ou
outras sensações desagradáveis em situações traumáticas.
Uma diferença marcante entre os conceitos de medo e ansiedade reside
basicamente no caráter de antecipação de ameaças. Em outras palavras, o medo se
caracteriza por ser uma resposta a um perigo atual, iminente ou de ocorrência próxima
enquanto a ansiedade é conceituada como um estado emocional mais complexo, que
envolve a antecipação de ameaças com certo grau de incerteza quanto a sua ocorrência.
A ansiedade pode ser desencadeada por indícios menos explícitos, provocando um
estado difuso de angústia, alerta autonômico e comportamental. Tal distinção pode ser
aplicada também ao ser humano (GRAEFF e BRANDÃO 1999).
A avaliação do significado de um estímulo ou situação como ameaça depende
de cada espécie e muitos aspectos desta avaliação estão ligados a mecanismos
neurais inatos (GRAEFF e BRANDÃO 1999). Na espécie humana esta atividade de
resposta a ameaças é também modulada por elementos cognitivos que adquirem
significados adicionais devido à intervenção de sistemas de símbolos socialmente
codificados, de natureza verbal ou não verbal. “Desse modo, as causas mais
comuns de ansiedade no ser humano deixam de ser as ameaças a que nos
referimos anteriormente, para se situarem em plano mais abstrato e complexo, onde
predominam fatores socioculturais” (GRAEFF e BRANDÃO 1999).
Em outras palavras, os sistemas de valores sociais e culturais onde está
imerso cada indivíduo são capazes de gerar experiências de ameaças cujo
significado encontra-se em seu valor simbólico e não em seus aspectos biológicos
ou naturais. Mesmo estas ameaças parecem ser capazes de desencadear reações
de defesa do mesmo modelo daquelas que seriam vistas na natureza. Por exemplo,
palpitações, palidez e respiração rápida são adaptações observadas em reações a
estímulos que representam perigos inatos (exposição a um predador) e são também
sintomas observados em situações de embaraço social onde a fonte de perigo
consiste no valor dado as pessoas envolvidas neste contexto (uma entrevista de
emprego, por exemplo).
14
1.2. Neurobiologia da ansiedade
A origem biológica da ansiedade encontra-se, como já foi dito, nas reações de
defesa que os animais apresentam frente a um estímulo ou situação de perigo.
Embora com algumas diferenças, existe um padrão de estratégia que diferentes
espécies adotam com relação aos diferentes tipos de ameaça.
Graeff (1999) propõe que as manifestações ansiosas nos seres humanos sejam
correlacionadas com estratégias básicas de defesa, comuns a outras espécies e que
envolveriam estruturas cerebrais semelhantes. A tabela 1 ilustra esta proposta.
Tabela 1. Proposta de Graeff (1999) para correlacionar mecanismos neurais, comportamentos e emoções ligadas à expressão da ansiedade
Comportamento
Investigação
Imobilidade tensa
Ameaça/ luta/ Fuga
Estruturas envolvidas
Amígdala/ Septo-hipocampo
Núcleo medial da rafe/ Substancia Cinzenta Periaquedutal ventral
Hipotálamo medial Substancia Cinzenta Periaquedutal dorsal
Emoção Ansiedade Medo Raiva/pânico
Fonte: adaptado de Graeff,G.F.,1999
Gray (2000) sugere que uma das funções do sistema septo-hipocampal é a
de comparar a síntese de dados sensoriais atuais, vindas do hipocampo, com as
predições advindas pelo circuito de Papez, que é o circuito responsável pelo
mecanismo de elaboração das funções centrais das emoções (afetos) assim como
suas expressões periféricas (sintomas). Estas predições são formadas por memórias
armazenadas em diferentes locais do SNC, e por estratégias geradas pelo córtex
pré-frontal. Quando esta comparação é coerente, sua função é mantida. Entretanto,
15
se é detectado discrepância entre o esperado e o acontecido, o sistema septo-
hipocampal começa a gerar inibição comportamental, aumenta o nível de vigilância e
dirige a atenção do indivíduo para possíveis fontes de perigo.
Graeff e Brandão (1999) sugerem que o reconhecimento de sinais de perigo
inatos ou adquiridos não pode ser feito apenas pelo sistema septo-hipocampal, este
sistema seria responsável pela identificação de ambientes físicos ou de contextos. Já
os estímulos discretos parecem ser processados diretamente pela amígdala. Como o
hipocampo e a amígdala são interligados por vias polissinápticas, os sinais ambientais
de perigo, vindos ou não pelo hipocampo, chegam à amígdala.
Atualmente considera-se que o valor de determinados estímulos sensoriais
em relação a potenciais ameaças é determinado na amígdala (Le Doux, 1992). A
partir da amígdala, vias nervosas conectam-se a estruturas límbicas profundas,
como o hipotálamo e a substância cinzenta periaquedutal (MCP) do mesencéfalo.
Existem fortes evidências de que estas últimas estruturas são responsáveis pelas
manifestações comportamentais, hormonais e neurovegetativas das reações de
defesa. Para Mishkin (1986) e Le Doux(1992), a amígdala exerceria o papel da
interface cognitivo-afetiva.
Graeff, e Brandão, 1999 sugerem que com relação aos seres humanos, em
especial nas condições de vida civilizada, observa-se que as causas da ansiedade,
em geral, não são de ordem biológica (ataques de predadores, ou outros perigos
naturais), e sim em função de comunicações simbólicas, verbais ou não,
compreendidas pelo sujeito à luz dos conceitos, crenças ou valores criados por
fatores socioculturais. Outra angústia comum, no ser humano, é evocada frente à
possibilidade de projetos pessoais correrem o risco de não se realizar.
“Do ponto de vista neuroanatômico, essas funções tipicamente humanas, são executadas nas áreas verbais do córtex frontal (Broca) e temporal (Wernicke) e do córtex pré-frontal, que se conecta estreitamente com áreas límbicas.” (Graeff e Brandão, 1999)
16
1.3 Neuroquímica da ansiedade
Com relação aos neurotransmissores que participam da ansiedade observam-
se vários. Entre eles temos as aminas biogênicas, como a dopamina, a
noradrenalina e a serotonina, os aminoácidos como o GABA (Ácido gama-
aminobutírico) e a glicina, os neuropeptídeos como o fator de liberação da
corticotrofina (CRF), o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) e a colecistocinina
(CCK) e esteróides, como acorticosterona (Graeff e Brandão, 1999).
O GABA é o principal transmissor inibitório do SNC, e modula diversos
sistemas funcionais. O GABA é produzido nos neurônios pré-sinápticos e atua nos
neurônios pós-sinápticos, sendo armazenado em vesículas após sua síntese e
encaminhado para a fenda sináptica. Ao sair do neurônio pré-sináptico ele é captado
e reconhecido por receptores pós-sinápticos específicos (GABAa, GABAb, GABAc),
e direcionado ao interior da célula para sua catálise (Graeff e Brandão, 1999).
Graeff (1999) aponta uma fato importante acerca do sistema de
neurotransmissão GABAérgico: sendo os benzodiazepínicos moléculas artificiais,
obtidas por síntese química, a presença de receptores de BDZ no SNC levanta forte
suspeita da existência de substâncias elaboradas pelo próprio SNC, que atuam
sobre eles, regulando estados de ansiedade normais ou patológicos.
Com relação à serotonina ou 5-HT, sua neurotransmissão é bastante
complexa, pois além de existirem diversas vias serotoninérgicas, os receptores de 5-
TH têm sido subdivididos em vários subtipos, com localização celular característica.
Para Graeff (1992), a 5-HT exerce duplo papel na regulação do
comportamento de defesa e, como consequência, dos estados da ansiedade. Ele
explica que os sinais de perigo estimulariam o sistema de defesa através da
amígdala. Ao mesmo tempo, ativariam neurônios serotoninérgicos situados no
núcleo dorsal da rafe, os quais por vias nervosas diferentes inervam tanto a
amígdala como a matéria cinzenta periaquedutal do mesencéfalo (MCP). A 5-HT
facilitaria a defesa na amígdala, porém a inibiria na MCP. Esse arranjo pode parecer
contraditório, a primeira vista, porém Graeff sugere que isto pode ter sentido
17
adaptativo. Com relação às emoções vivenciadas, ele sugere que a 5-TH aumenta a
ansiedade atuando na amígdala, enquanto contém o pânico agindo na MCP.
1.4 Os transtornos de ansiedade
Em termos psicopatológicos, a ansiedade tem sido estudada não como um
fenômeno único, inespecífico, mas como uma manifestação complexa modulada por
diversos mecanismos.
Os transtornos de ansiedade como os outros transtornos psiquiátricos,
parecem depender da interação entre predisposição e fatores ambientais
precipitantes. A predisposição advém, em parte através da genética, e também
através de experiências marcantes que o indivíduo tenha vivido durante o
desenvolvimento da personalidade (Graeff e Brandão, 1999).
Em termos conceituais, deve-se fazer uma distinção conceitual entre os
sintomas de ansiedade e quando este estado emocional torna-se doença. A
ansiedade é uma resposta normal para diversos acontecimentos da vida. O ser
humano é dotado de um equipamento psicológico e biológico que evoca a resposta
de ansiedade frente a determinadas situações que exigem uma atitude mais incisiva
e imediata. Entretanto, assim que esta situação termina, espera-se que tudo volte
ao normal, ou seja, que a pessoa deixe de apresentar a resposta de ansiedade.
Segundo Andrade e Gorenstein (1998), a ansiedade é um estado emocional
que faz parte do espectro normal das experiências humanas e apresenta
componentes psicológicos e fisiológicos. Ela passa, porém a ser patológica, quando
não existe um objeto específico ao qual se direcione ou quando é desproporcional a
situação que o desencadeia.
Bernik (1999), afirma que quatro componentes estão presentes nas
manifestações da ansiedade. São eles: manifestações cognitivas (pensamentos de
apreensão quanto a um desfecho negativo de uma situação), emocionais (vivência
subjetiva de desprazer ou desconforto), comportamentais (inquietação, sobressaltos,
evitação, etc.) e somáticas (hiperatividade autonômica, tensão muscular, etc.).
18
Segundo o Manual de Diagnóstico e Estatística da Associação Psiquiátrica
Americana (DSM-IV, 1994), os transtornos de ansiedade podem ser classificados da
seguinte forma: transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de pânico com ou
sem agorafobia, agorafobia sem transtorno de pânico, fobia social, transtorno
obsessivo-compulsivo, transtorno de stress pós-traumático, fobia específica,
transtorno de stress agudo, transtorno de ansiedade devido a uma condição física
ou uso de substâncias psicoativas e transtorno de ansiedade sem outra
especificação.
Dentre os diversos transtornos de ansiedade, a ansiedade social será o foco
desta dissertação. Cabe ressaltar primeiramente a distinção entre fobia social e
ansiedade social que será adotada no texto. O termo fobia é reservado para
descrever um medo exagerado, capaz de provocar grave prejuízo ao funcionamento
do indivíduo. A avaliação deste impacto dos sintomas é fundamental para o
diagnóstico e tratamento psicológico e psiquiátrico. Já o termo ansiedade social é
reservado para as manifestações ansiosas leves ou moderado que são
compreensíveis dentro do contexto em que ocorrem. Falar em público, por exemplo,
é desconfortável para a maioria das pessoas que, no entanto, não devem ser
consideradas fóbicas por isso.
Embora esta dissertação enfoque a ansiedade e não a fobia social, a grande
maioria das informações disponíveis sobre este fenômeno tem por base estudos
envolvendo pacientes com fobia social. Como estes sintomas parecem indicar um
caráter de continuum do mais leve ao mais incapacitante, usaremos as informações
clínicas e epidemiológicas disponíveis sobre a fobia social como base para a
discussão de nossos achados experimentais.
19
1.5 Fobia Social
A ansiedade social, segundo o DSM-IV (APA, 1994) é caracterizada pelo
medo persistente de uma ou mais situações nas quais o indivíduo é exposto à
possível avaliação por parte dos outros, quando realiza atividades como, por
exemplo, comer, beber, falar em público, ser o centro das atenções ou interagir com
o sexo oposto. O indivíduo teme fazer algo errado ou comportar-se de maneira
humilhante ou embaraçosa. A esquiva destas situações é frequente e constante.
Porém, quando tais situações são inevitáveis, podem ocorrer manifestações
importantes de ansiedade frequentemente acompanhadas de sintomas autonômicos
como: rubor, taquicardia e tremores, inclusive possíveis ataques de pânico. Uma
pessoa ansiosa também pode sentir inquietação, observada através da dificuldade
de permanecer sentada ou imóvel por muito tempo.
Os pacientes com ansiedade social, embora reconheçam a inadequação de
seus medos, com relação à racionalidade e com relação ao excesso, não
conseguem inibir suas respostas frente ao estímulo.
A ansiedade também apresenta efeitos sobre o pensamento, à percepção e o
aprendizado. Ela tende a provocar confusão e distorções perceptivas com relação a
tempo/espaço, e aos significados atribuídos as pessoas e as situações.
“O termo “fobia social” (phobie dês situationssociales), foi cunhado pela primeira vez por Janet, em 1903, para descrever o medo de algumas pessoas de serem observadas enquanto realizavam tarefas como tocar piano ou escrever.” (Kapczinski, 2000).
Liebowitz e Heimberg (1985) retomaram o estudo da ansiedade social de
forma mais sistemática, inclusive com o desenvolvimento de instrumentos de
avaliação que serão descritos adiante.
20
1.4.1 Epidemiologia do Transtorno de Ansiedade Social
Estudos epidemiológicos relatam uma prevalência durante a vida variando de 3
a 13% na população geral para o transtorno de ansiedade social (TAS) (APA 2002). É
uma doença que se inicia, tipicamente, em uma fase intermediária da adolescência
(Schneier 1992), às vezes emergindo a partir de um histórico social de timidez na
infância (APA 2002). A incidência maior é em mulheres (entre 9,1% e 15,5%) do que
em homens. (entre 6,6% e 11,1%). Via de regra, o TAS apresenta comorbidade com
outras síndromes psiquiátricas, como a depressão, abuso de substância, transtorno
obsessivo-compulsivo (TOC) e outras desordens de ansiedade.
1.4.2 Fisiopatologia do Transtorno de Ansiedade Social
Como em praticamente todos os transtornos mentais, a fobia social parece
ser consequência da interação de elementos biológico-constitucionais com fatores
psicológicos e sociais.
Muitos estudos envolvendo indivíduos com fobia social têm mostrado padrões
anormais de atividade em regiões límbicas como amígdala e regiões corticais
relacionadas com a atenção (Gentili C, 2009). Recentemente, um dos modelos
biológicos propostos para se entender os sintomas da ansiedade social envolve o
conceito de “Default Mode Network” que inclui estruturas corticais pré-frontais,
regiões temporo-parietais e precuneus. Estas regiões estariam mais ativas durante o
estado de repouso em relação ao observado durante a realização de diferentes
tarefas mentais (Gentili C, 2009). Anormalidades no funcionamento destas regiões
têm sido descritas em condições como esquizofrenia, depressão, dor crônica e
ansiedade (Baliki MN, 2008; Zaho, XH, 2007).
Em especial, o padrão de atividade cortical de repouso parece estar envolvido
na chamada cognição social, que se refere ao processamento de informações
relativas ao contexto social em termos de comunicação e interação afetiva (Mitchell
J.P, 2006). Perceber e interpretar informações que fazem sentido apenas dentro de
21
um contexto de interação com outros indivíduos envolve a criação de modelos sobre
como outras pessoas vêem o próprio sujeito. A auto-observação e um viés
atencional em relação ao próprio funcionamento motor, cognitivo e fisiológico são
elementos essências da gênese das diversas formas de ansiedade e também
parecem ser modulados por estes circuitos cerebrais.
Estas observações não significam que anormalidades nos padrões de
processamento de informações cerebrais sejam suficientes para explicar todo o
leque de comportamentos e de estados mentais que compõem a fobia social.
Modelos psicodinâmicos são essenciais para o entendimento desta condição clínica
e formam a principal base conceitual para o seu tratamento atual.
1.4.3 Modelos psicodinâmicos do Transtorno de Ansiedade Social
Além destes modelos biológicos, existem estudos sugerindo que um traço de
comportamento conhecido como inibição comportamental pode estar presente desde as
fases mais precoces do desenvolvimento e pode ter um papel relevante na ocorrência
da fobia social. Esta característica inclui introversão, timidez, esquiva e medo de
pessoas e objetos estranhos e é um traço de temperamento associado a uma tendência
do indivíduo a esquivar-se frente as novidades. A presença deste traço está associada
a um aumento de quatro a cinco vezes do risco para o desenvolvimento da fobia social
em crianças e adolescentes. Entretanto, a inibição comportamental por si só não é
suficiente para justificar o desenvolvimento deste tipo de fobia, pois nem todos os
indivíduos que apresentam tais características desenvolvem o transtorno, fato que
reafirma a importância da associação dos fatores ambientais e biológicos em sua
etiologia. Pesquisas em desenvolvimento infantil, por exemplo, tem correlacionado à
inibição social precoce com respostas de proteção e controle exagerados dos pais,
comportamentos que, por sua vez, reforçam o retraimento da criança e dificultam a
exposição a situações sociais, formando um ciclo vicioso. (Ito, 2008)
22
1.4.4 Modelo cognitivo do Transtorno de Ansiedade Social
O modelo cognitivo-comportamental para a fobia social é baseado na
hipótese de que estes indivíduos percebem o mundo como um lugar com inúmeras
ameaças em potencial e que exige vigilância constante. Pessoas com fobia social
seriam mais sensíveis a pistas que indicassem uma possível avaliação negativa por
parte de outras pessoas. A excessiva atenção a estas pistas levaria a uma
autocrítica exagerada e a uma percepção distorcida dos próprios comportamentos.
Num exemplo citado por Ito et al, 2008, um breve silêncio na interação social, por
exemplo, poderia ser interpretado como desinteresse e a recusa de um convite pode
significar constante isolamento e solidão.
Indivíduos com fobia social, segundo Clark e Wells(1995), sentem medo de
cometer erros e serem rejeitados por serem considerados incapazes, anormais ou
inferiores. Neste contexto, estímulos neutros são erroneamente interpretados como
negativos ao mesmo tempo em que estímulos de caráter positivo são ignorados.
Recordações de situações de conteúdo de sucesso e bom desempenho são pouco
valorizados. Este tipo de visão de mundo pode levar a sintomas físicos,
comportamentais e cognitivos, que geram desconforto, reforçam a auto-imagem de
inadequação e sentimentos de humilhação e contribuem para o afastamento do
convívio social. O isolamento social intensifica a focalização da atenção sobre si
mesmo e dificulta a correção destas crenças.
1.5 Empatia
A empatia humana é definida como a capacidade de compartilhar emoções, bem
como a capacidade de entender os pensamentos, desejos e sentimentos do outro. Ela
é a condição de experimentar e compreender o que os outros sentem, sem confusão
entre si mesmo e o outro. Em última instância, ela é adaptativa, pois propicia o alarme
de grupo, a resposta mãe-bebê, e no comportamento reprodutivo (Rizzolatti, 2005).
23
A empatia é uma construção psicológica regulada tanto por componentes
cognitivos, como por componentes afetivos, sugerindo a existência de ao menos
dois mecanismos empáticos: empatia cognitiva e empatia emocional.
“A empatia cognitiva está relacionada à capacidade de compreender a perspectiva psicológica das outras pessoas; a capacidade de se engajar no processo cognitivo, de adotar o ponto de vista psicológico do outro.” (Frith, 2008).
Diversos estudos têm explorado os correlatos neurobiológicos da capacidade
empática em seres humanos. Através de estudos de neuroimagem, (Shamay-
Tsoory2009), pode-se observar que a rede neural envolvida neste tipo de empatia é
composta pelo córtex pré-frontal ventromedial, temporo-parietal e lobo temporal, e
são estas áreas as responsáveis pela auto-reflexão e memória autobiográfica.
A empatia emocional está relacionada à habilidade de experimentar reações
afetivas, por meio da observação da experiência da outra pessoa. Nela estão
incluídos o contágio emocional, o reconhecimento da emoção e o compartilhamento
desta. Neste tipo de empatia, a rede neural envolvida é o giro frontal inferior e o lobo
parietal inferior (Dziobek 2008) (Figura 1).
Figura 1: Esquema dos componentes que participam do processo da empatia emocional e da empatia cognitiva. Fonte: adaptado de Dziobek, 2008.
24
Como podemos observar no esquema da figura 1, a resposta empática, é
composta de diferentes componentes. No processo da empatia emocional estão
envolvidos os processos de: contágio emocional, reconhecimento da emoção e dor
compartilhada e os mecanismos básicos envolvidos são: simulação (giro frontal
inferior/ lobo parietal inferior) e dor no próprio indivíduo (ínsula e cingulado anterior).
Já na empatia cognitiva os processos envolvidos são: mentalização afetiva e
mentalização cognitiva com os seguintes mecanismo neurais envolvidos:
diferenciação entre eu/outro (córtex pré-frontal ventromedial e junçãotemporoparietal)
e memória autobiográfica (lobo temporal medial e córtex pré frontal medial).
Encontram-se na literatura vários estudos que sugerem esta distinção de
diversos pontos de vista. No aspecto do desenvolvimento etológico temos como
exemplo o choro contagioso, que é encontrado em bebês mais cedo que o
desenvolvimento de habilidades cognitivas que serão adquiridas posteriormente
(Waal, 2008).
Estudos com indivíduos que apresentam distúrbios psiquiátricos como o
Autismo (Dziobek, 2008) e o transtorno de personalidade Boderline (Harari, 2010),
demonstram que alguns destes indivíduos podem apresentar deficiência em um dos
tipos e o outro estar perfeito.
Outro aspecto estudado foi o neuroquímico. A empatia é, provavelmente, uma
resposta modulada por vários neurotransmissores e neuromoduladores. Hulermann
(2010), relatou que, através da administração nasal de oxcitocina (neuropeptídeo
associado à ligação afetiva e ao apego), observa-se um aumento na empatia
emocional, mas não na cognitiva. Por outro lado, Lackner (2010), sugere que as vias
dopaminérgicas estão associadas aos aspectos cognitivos da empatia.
Portanto alguns pesquisadores hoje sugerem que embora os dois sistemas
possam trabalhar juntos, do ponto de vista comportamental do desenvolvimento,
neuroquímico e neuroanatômico, parecem estar dissociados.
Podemos visualizar melhor estes aspectos estudados na tabela 2:
25
Tabela 1: TOM (teoria da mente), IFG( giro frontal inferior), IPL (lobo parietal inferior), ACC( cingulado anterior), AI(insula anterior), vmPCF(córtex pré-frontal ventromedial, dmPFC( córtex pré-frontal dorsomedial),TJP(junção temporoparietal), MTL( lobo temporal medial). EmpatiaEmocional
EmpatiaCognitiva
Comportamento Reconhecimento da emoção, contágio emocional, empatia motora e dor.
TOM cognitivo, TOM ativo, tomada compartilhada de perspectiva
Neuroanatomia IFG, IPL, ACC, AI
vmPFC, dmPFC,TPJ,MTL
Filogenética Roedores
Primatas
Desenvolvimento Infância
Adolescência
MecanismoNeuroquímico Ocitocina
Dopamina
Fonte: adaptado de Tsoory,S.G.S.2011.
O déficit da capacidade empática é uma característica central de várias
condições neurológicas e psiquiátricas, como degeneração do lobo frontotemporal
(Rankin, 2005, 2006), autismo (Dziobek, 2008) e esquizofrenia (Lee, 2004).
A empatia cognitiva seria a forma mais complexa, pois envolve a capacidade
de criar uma teoria sobre o estado mental do outro, e de forma cognitiva, assumir a
perspectiva do outro, parece estar envolvida na Teoria da Mente (TOM).
A ToM é uma ferramenta da qual os indivíduos saudáveis se utilizam para
preceder relações entre os estados externos e internos das pessoas, para ler sua
linguagem corporal e prever seus comportamentos com precisão. Além de ser
importante para inferir a respeito das emoções de outros indivíduos (Gallagher e
Frith, 2003; Frith e Frith, 2003; Baron-Cohen, 2009).
Estudos recentes identificaram um conjunto de regiões cerebrais envolvidas
no TOM. São elas: O córtex pré-frontal medial (MPFC), o sulco temporal superior
(STS), a junção temporo-parietal (TJP) e os lobos temporais (TP) (Frith, 2008; Van
Overwallee e Baetens, 2009).
O conceito de empatia como a capacidade de nos colocarmos no lugar do
outro, de nos sentirmos na situação do outro é essencial para o entendimento da
atividade social em diversas espécies animais.
26
Vittorio Gallese(1998), da Universidade de Parma, foi o primeiro a propor uma
base neural para a empatia através de uma classe de neurônios, os neurônios
espelho. Estes neurônios desempenham um papel importante tanto na empatia
como na compreensão das emoções das outras pessoas.
Esta classe de neurônios foi descoberta, por pesquisadores da Universidade
de Parma, na Itália (Gallese, Fadiga, Fogassi&Rizzolatti, 1996). Estes sistemas de
neurônios são ativados não apenas quando o sujeito realiza uma ação, mas também
quando ele observa a ação ser realizado por outro.
Para Rizzolatti, (2005) nossa sobrevivência depende do entendimento de
ações, intenções e emoções de outras pessoas. Ele acredita que os neurônios-
espelho permitem que entremos na mente de outras pessoas não como um
raciocínio conceitual, mas como a simulação direta.
Atualmente existem muitas comprovações empíricas que sugerem a
existência de um forte vínculo entre os neurônios espelho e a empatia (Craighero,
2005; Gallese, 1998; Iacoboni, 2009). Estas comprovações vieram de estudos que
se utilizou de diferentes metodologias, que vão desde a captura de imagens
cerebrais até o estudo de pacientes com danos cerebrais.
Em seu artigo Mirrorneuron: a neurological approach to empathy, escrito com
Laila Craighero, (2005), Rizzolatti propõem a idéia de que os seres humanos são
uma espécie requintadamente social, e que sua sobrevivência e sucesso dependem
criticamente da capacidade de êxito nas situações sociais complexas. Mas lança a
seguinte pergunta: “Mas como podemos compreender os outros?” Quais são os
mecanismos subjacentes a esta capacidade? E se propõe a explorar o mecanismo
neural dos neurônios espelho, que permite aos indivíduos compreender o significado
das ações feitas por outras pessoas, suas intenções e suas emoções, através da
ativação de representações internas. Em última instância, isso significa que
ensaiamos ou imitamos mentalmente toda a ação e/ou emoção observada.
Para Iacoboni (2009), o processo acontece da seguinte forma: os neurônios
espelho atuam, como já foi dito acima, de um jeito irreflexivo e automático, não
precisam do reconhecimento explícito e deliberado da expressão imitada, eles
enviam sinais aos centros da emoção localizados nas áreas límbicas do cérebro de
27
uma forma direta. Através destes sinais, as áreas límbicas nos permitem sentir as
emoções associadas às expressões faciais observadas. Somente depois de sentir
as emoções internamente, podemos reconhecê-la de maneira explícita.
Outro estudo de extrema importância foi realizado por Chartrand y Bargh, 1999.
Eles levantaram a hipótese de que quanto mais uma pessoa age como camaleão
(termo usado para a resposta de imitação através da sincronização do corpo, das
ações e da maneira de falar com o outro) mais a pessoa se preocuparia com o
sentimento do outro, ou seja, mais empatia teria. Este resultado sugere que através
da imitação e da mímica, podemos sentir o que sente o outro. Ao poder sentir o que o
outro sente, também podemos ter uma melhor compreensão de seu sentimento.
Iacoboni (2009) levanta a possibilidade da existência de um vínculo entre os
sistemas neuronais da imitação (o sistema espelho) e os sistemas neuronais das
emoções (áreas límbicas).
Iacoboni (2009) também propõe que a ínsula, seria a conexão entre os
neurônios espelho e o sistema límbico, baseando esta proposta em imagens de
fMRI, onde pessoas que observam e imitam rostos que estão expressando estados
emocionais, como o medo, a tristeza, a raiva, alegria, etc, apresentam padrões de
ativação neuronal nas áreas associadas com os neurônios-espelho, a ínsula e as
áreas límbicas. Ele diz:
“Estes resultados apoiam claramente a idéia de que as áreas dos neurônios-espelho nos ajudam a compreender as emoções de outras pessoas por meio de alguma forma de imitação interna”. Iacoboni, 2009.
Outros autores têm corroborado esta hipótese. Keysers e Gazzola (2006)
sugerem que o fato de existirem neurônios espelho no giro frontal inferior humano,
pode demonstrar que o MNS (Sistema de neurônio espelho) pode ser utilizado para
converter expressões faciais, em um padrão de atividade neural que seria adequado
para a produção de expressões faciais semelhantes e com isso, fornecer a base
neural para o contágio emocional.
28
Jabbi et al (2007), relataram um estudo onde a observação de expressões
faciais de nojo, ativa partes do IFG (Giro Frontal Inferior). Outros dois estudos de
neuroimagem também enfatizaram o papel específico do IFG na empatia. O primeiro
estudou o reconhecimento de uma emoção (Schulte-Ruther et al.2007), e o segundo
envolvia a empatia pelas pessoas que sofriam sérias ameaça ou dano.
(Nummenmaa et al. 2008).
1.6 A relação entre ansiedade social e empatia
Com vimos ao longo desta introdução, a ansiedade social parece ser um
fenômeno comum, modulado por mecanismos neurobiológicos associados à
modulação de sistemas de defesa. A complexidade da interação social humana faz
com que estes mecanismos possam também ser ativados por estímulos de natureza
mais simbólica do que propriamente biológica. Perceber as intenções ou impressões
de outras pessoas é particularmente importante para que estas estratégias e
comportamentos sejam adequadamente usados em favor do indivíduo.
Ter um contato empático com outras pessoas torna-se, portanto, fundamental
para que as reações de ansiedade social sejam ativadas ou inibidas de forma
adequada e propiciem um convívio saudável.
Partindo da hipótese de que estes dois mecanismos devam estar intimamente
ligados, esta dissertação faz uma primeira exploração através do uso de escalas de
avaliação para ambos os fenômenos.
29
1.8 Objetivo
Correlacionar, através de escalas, os níveis de ansiedade social e de empatia
em indivíduos normais, não portadores de fobia social.
30
2. MÉTODOS
As Escalas de Ansiedade Social de Liebowitz e a Escala Multidimensional de
Reatividade de Davis (EMRI) foram disponibilizadas na internet no site
Surveymonkey, que é um site especializado em realização de pesquisas. Antes da
realização das escalas, os participantes eram convidados a ler o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido TLCE (conforme resolução CNS 196/96). Em
seguida solicitava-se a resposta de algumas questões pessoais que classificava o
participante com relação à sua idade, sexo, escolaridade e questões a respeito de
saúde com relação aos aspectos psiquiátricos, para que pudesse avaliar os
aspectos de inclusão e exclusão. O candidato respondendo a questionário
significava que ele estava de acordo com os termos da pesquisa. As pessoas que
tiveram acesso aos questionários poderiam respondê-los no momento em que lhe
fosse mais adequado. Pedia-se que ele respondesse com calma, em ambiente
tranquilo, e de forma mais verdadeira possível.
O convite para a participação do estudo foi feito para professores e alunos da
comunidade universitária. Foram realizados 135 questionários, a idade variou entre
18 e 51 anos com média de 24,27 ± 7,90 anos e com relação ao sexo 100
participantes eram do sexo feminino (74,1%).
Os critérios de inclusão foram: indivíduos saudáveis, sem histórico ou presença
atual de transtornos psiquiátricos. Foram excluídos indivíduos portadores de transtornos
neurológicos e psiquiátricos incluindo qualquer forma de epilepsia e fobia social.
2.1 Instrumentos e Procedimentos
Todos os participantes foram avaliados através de duas escalas. A primeira é a
Escala de Ansiedade Social de Liebowitz (LSAS-1987). Esta é uma escala que tem
como característica a avaliação de situações de desempenho e de interação social
dos indivíduos. Ela é composta por 24 itens divididos em duas sub-escalas: interação
social (11 itens) e desempenho (13 itens), avaliados em uma escala Likert de quatro
31
pontos (zero=nenhum, 1=leve, 2=moderado, 3=intenso, nos itens que avaliam o grau
de medo ou ansiedade e 0=nunca, 1= ocasionalmente, 2=frequentemente, 3=
geralmente, nos itens que avaliam a frequência de evitação). Na codificação
consideram-se seis sub-escalas (medo, medo de interação social, medo de
desempenho, esquiva de interação social e esquiva de desempenho) e o score total é
a somatória das sub-escalas. Sua qualidade psicométrica tem sido amplamente
estudada (Heimberg et al. 1999; Mennin et al 2002; Fresco Et al. 2001 e Baker et al.
2002) e validadas para uso no Brasil.(Koller,S.H.; Camino,C. Ribeiro,J., 2001).
A segunda escala é a Escala Multidimensional de Reatividade de Davis
(EMRI), elaborada por Davis (1983) e adaptada por Ribeiro, Kolle e Camino (2001).
O EMRI é um instrumento que mensura a empatia a partir de três dimensões:
Cognitiva (CG), emocional (CE) e comportamental (CC). Cada dimensão é medida
através de sete sentenças, as quais o voluntário avalia através de escalas likert com
cinco graus (1= não me descreve bem; 5= descreve-me muito bem), enquanto a
empatia total (EMRI) é obtida através da soma dos escores das três dimensões.
2.2 Análise de dados
Após a inspeção dos dados para a identificação de possíveis erros ou
incongruências, as possíveis correlações entre os escores das duas escalas e
respectivas subescalas foram avaliadas pelo teste de correlação de Spearman.
32
3 RESULTADOS
Foram avaliados 135 indivíduos. A idade dos participantes variou entre 18 e 51
anos com média de 24,27±7,90 anos. Cem participantes eram do sexo feminino (74,1%).
A figura 4 mostra a comparação, pelo teste t de Student para amostras
independentes, entre os gêneros em relação aos escores médios de cada sub-
escala. Diferenças significativas foram observadas nas sub-escalas: EMRICG (t = -
2,552; df = 133; p = 0,12);EASP (t = 2,904; df = 133; p = 0,004); EASS (t = 2,288; df
= 133; p = 0,024) e EASTOT (t = 2,751; df = 133; p = 0,007).
Figura 2: Comparações entre gêneros dos escores médios das sub-escalas. EMRICE(Escala Multidimensional de Reatividade de Davis emocional); EMRICG (Escala Multidimensional de Davis cognitiva); EMRICC(Escala Multidimensional de Davis Comportamental); EMRITOT( Escala Multidimensional de Davis total); EASP ( Escala de Ansiedade Social de Performance); EASS (Escala de Ansiedade Social de Interação Social); EASTOT( Escala de Ansiedade Social Total).
* *
*
*
33
As correlações entre os escores das diferentes sub-escalas são apresentadas
na tabela 3.
Tabela 2: Correlações entre as escalas globais e cada uma das subescalas (Teste de correlação de Pearson, r).
EMRICE EMRICG EMRICC EMRITOT EASP EASS EMRICG
r = 0,114 p = 0,189
EMRICC
r = 0141 p = 0,104
r = - 0,154 p = 0,075
EMRITOT
r = 0,644 p = 0,001*
r = 0,517 p = 0,001*
r = 0,602 p = 0,001*
EASP
r = 0,195 p = 0,024*
r = - 0,070 p = 0,417
r = 0,281 p = 0,001*
r = 0,239 p = 0,05*
EASS
r = 0,237 p = 0,006*
r = -0,078 p = 0,367
r = 0,207 p = 0,016*
r = 0,212 p = 0,013*
r = 0,779 p = 0,001*
EASTOT
r = 0,231 p = 0,007*
r = -0,080 p = 0,355
r = 0,261 p = 0,002*
r = 0,241 p = 0,005*
r = 0,946 p = 0,001*
r = 0,940 p = 0,001*
EMRICE( Escala Multidimensional de Reatividade de Davis emocional); EMRICG( Escala Multidimensional de Davis cognitiva); EMRICC( Escala Multidimensional de Davis Comportamental); EMRITOT( Escala Multidimensional de Davis total); EASP ( Escala de Ansiedade Social de Performance); EASS ( Escala de Ansiedade Social de Interação Social); EASTOT( Escala de Ansiedade Social Total).
34
4. DISCUSSÃO
Os resultados obtidos neste estudo corroboram a hipóteses de uma possível
correlação entre a intensidade da atividade empática e a experiência de ansiedade
em situações sociais. Em outras palavras, a avaliação das situações de exposição
pessoal como desconfortáveis parece ser, ao menos em parte, fruto de crenças
sobre a opinião de outras pessoas, crenças essas que dependem da capacidade de
“ver o mundo com os olhos dos outros” (Singer, 2006).
Em muitas discussões em psicologia, a capacidade empática é discutida
como se esta fosse uma espécie de função mental única, sem atenção aos
pormenores da sua expressão. No psicodrama, por exemplo, procura-se
desenvolver esta habilidade de forma geral através de técnicas de ação, diálogo e
discussão de problemas próprias da atividade dramática (Ozcan, et AL, 2011). No
entanto, o que a própria construção da Escala Multidimensional de Reatividade de
Davis sugere é que a empatia pode ocorrer através de mecanismos
complementares, especialmente de natureza racional/cognitiva ou emocional.
Nesta dissertação, a correlação observada entre os escores desta escala e da
escala de ansiedade social ocorreu principalmente nos componentes emocional e
comportamental da empatia mais do que ao componente cognitivo. Embora este
componente afetivo da empatia pareça estar ligado a um fenômeno ansioso, este estudo
não permite avançar mais nesta hipótese e futuras investigações são ainda necessárias.
Outro achado interessante foi a maior prevalência de sintomas de ansiedade
social entre indivíduos do sexo feminino. Não se trata de um fato novo, pois a
prevalência do transtorno de ansiedade social em mulheres tem sido descrita como
sendo de 1,5 vezes maiores do que nos homens. No entanto, pode-se especular sobre
o quanto diferenças entre os gêneros em relação à capacidade empática poderiam
contribuir para a maior prevalência de sintomas de ansiedade social entre mulheres.
Como foi descrito na introdução, a empatia emocional é o tipo de empatia que
está mais consistentemente associada à atividade dos neurônios espelho em
comparação ao observado na empatia cognitiva. Sugere-se então que pessoas com
35
ansiedade social teriam uma maior ativação dos neurônios espelho, pois mesmo que de
maneira distorcida são indivíduos que apresentam um alto grau empático com o outro.
Muitos modelos têm sido propostos para o entendimento da variação das
manifestações empáticas entre gêneros. Cheng et.al (2008), sugerem que
“psicologicamente as fêmeas geralmente são associadas com uma sensibilidade
interpessoal, superior aos machos” e propõem um estudo da empatia baseada no
estudo do sistema de neurônios espelho.
Utilizando métodos eletroencefalográficos, Cheng et.al (2008) avaliaram a
intensidade da supressão de ritmo mu em áreas fronto-parietais como medida da
ativação de grupos de neurônios espelho. Os vinte participantes de cada gênero
assistiram tanto ações realizadas com as mãos com características humanas
masculinas e femininas comparadas com ações similares expressas através de
estímulos neutros, como a de um ponto em movimento. Seus resultados mostraram
uma supressão de ondas mu mais intensas no grupo de mulheres quando
observaram ações manuais humanas. Não foi observado diferenças entre os sexos
quando da observação de estímulos neutros. Além disso, as supressões mu durante
a observação das ações manuais foram correlacionadas positivamente com a
subescala angústia pessoal do índice de reatividade interpessoal e negativamente
correlacionada com o quociente de sistematização da escala de Davis.
(Interpersonal Reactivity Idex, IRI).
Estes resultados, segundo os autores do estudo, dão suporte a algumas
hipóteses envolvendo diferenças funcionais entre gêneros como, por exemplo, a
apresentada por Baron-Cohen (2005), sugerindo que diferenças na supressão do
ritmo mu no sistema de neurônios-espelho humano possa ser um potencial
biomarcador do mimetismo empático. Schulte-Rüther (2008) também sugere que as
redes cerebrais que dão apoio ao processo de empatia sejam diferentes para os
dois gêneros. Através de ressonância magnética funcional durante uma tarefa
chamada “eu/outros”, ou uma tarefa na qual o sujeito tinha que se concentrar em
seu próprio estado emocional, provocado por expressões faciais de outros, ou tinha
que avaliar o estado emocional dos rostos mostrados a eles. Observou-se que as
mesmas regiões do cérebro tornaram-se ativado nos dois sexos, seriam elas: pré-
36
frontal lateral e medial, parietal e áreas temporais. Entretanto nas mulheres, durante
a auto-tarefa (onde os sujeitos tinham que analisar suas próprias emoções), o córtex
frontal inferior direito e o sulco temporal superior (STF), apresentaram maior
atividade neural em comparação aos homens, estas são duas áreas que possuem
neurônios espelho (Hadjikhani, 2005). Outra observação interessante foi que durante
esta auto-tarefa, as mulheres apresentavam menor ativação no temporo-parietal
esquerda do que os homens. Na segunda tarefa, as mulheres apresentaram um
aumento no córtex frontal inferior direito. A partir destes dados, os autores sugeriram
que em ambos os tipos de tarefas as mulheres tiveram uma maior ativação das
áreas do cérebro em que os neurônios espelho estão presentes.
MarjaNab (2010), depois de uma longa revisão bibliográfica a respeito do
tema, levanta a seguinte questão: Uma vez que há uma atividade maior no sistema
espelho em regiões críticas envolvidas no processo empático, em mulheres quando
comparadas com os homens a questão que surge é se esta diferença de gênero
poderia estar causando a diferença encontrada na empatia. Existem dois dados
conhecidos: o primeiro é a diferença encontrada entre os sexos na empatia (Baron-
Cohen S, 2005), o segundo é a diferença também entre os gêneros, com relação ao
funcionamento dos neurônios espelho em áreas relacionadas com a empatia
(Schulte-Rüther, 2008).
5 Conclusão
Os achados deste estudo são compatíveis com as hipóteses que sugerem
que os neurônios espelho possam ser uma etapa central dos processos
neurobiológicos que associam a empatia à ansiedade social. Estudos mais
específicos, envolvendo técnicas eletroencefalográficas e discriminando subtipos de
empatia talvez possam ajudar a esclarecer esta hipótese. Talvez este seja o próximo
passo nas futuras investigações neste campo.
37
Anexo A
Escala Multidimensional de Reatividade de Davis (EMRI).
1. Eu frequentemente tenho sentimentos de ternura e preocupação por pessoas menos afortunadas do que eu.
( ) 1- Não me descreve bem
( ) 2
( ) 3
( ) 4
( ) 5 – descreve-me muito bem.
2. Ás vezes, eu tenho dificuldade de ver as coisas do ponto de vista dos outros.
( ) 1- Não me descreve bem
( ) 2
( ) 3
( ) 4
( ) 5 – descreve-me muito bem.
3. Ás vezes eu não lamento muito por outras pessoas que estão tendo problemas.
( )1- Não me descreve bem.
( ) 2
( ) 3
( ) 4
( ) 5- Descreve-me muito bem.
4. Em situações de emergência, eu me sinto ansioso e desconfortável.
( ) 1- Não me descreve bem.
( ) 2
( ) 3
( ) 4
( ) 5- Descreve-me muito bem.
38
5. Eu tento considerar os argumentos de todas as pessoas em uma discussão antes de tomar uma decisão.
( ) 1- Não me descreve bem.
( ) 2
( ) 3
( ) 4
( ) 5- Descreve-me muito bem.
6. Quando eu vejo alguém sendo logrado eu sinto vontade de protegê-lo.
( ) 1- Não me descreve bem.
( ) 2
( ) 3
( ) 4
( ) 5- Descreve-me muito bem.
7.Ás vezes, eu me sinto desconfortável quando estou no meio de uma situação muito emotiva.
( ) 1- Não me descreve bem.
( ) 2
( ) 3
( ) 4
( ) 5- Descreve-me muito bem.
8. Ás vezes, eu tento entender melhor meus amigo, imaginando como as coisas são vistas da perspectiva deles.
( ) 1- Não me descreve bem.
( ) 2
( ) 3
( ) 4
( ) 5- Descreve-me muito bem.
39
9. Quando eu vejo alguém se ferir, eu tendo a permanecer calmo.
( ) 1 Não me descreve bem.
( ) 2
( ) 3
( ) 4
( ) 5 Descreve-me muito bem
10. As desgraças e os problemas dos outros em geral não me perturbam muito.
( ) 1- Não me descreve bem.
( ) 2
( ) 3
( ) 4
( ) 5 Descreve-me muito bem
11. Se eu tenho certeza de que eu estou correto sobre alguma coisa, eu não desperdiço muito tempo ouvindo os argumentos das outras pessoas.
( ) 1. Não me descreve bem
( ) 2
( ) 3
( ) 4
( ) 5 Descreve-me muito bem.
12. Estar em uma situação emocional tensa assusta-me.
( ) 1. Não me descreve bem
( ) 2
( ) 3
( ) 4
( ) 5. Descreve-me muito bem
40
13. Quando eu vejo alguém sendo injustiçado, eu às vezes não sinto muita pena dele.
( ) 1. Não me descreve bem.
( ) 2
( ) 3
( ) 4
( ) 5. Descreve-me muito bem.
14. Geralmente eu sou muito efetivo para lidar com emergências.
( ) 1. Não me descreve bem
( ) 2
( ) 3
( ) 4
( ) 5. Descreve-me muito bem.
15. Frequentemente eu fico emocionado com as coisas que eu vejo acontecer.
( ) 1. Não me descreve bem.
( ) 2
( ) 3
( ) 4
( ) 5. Descreve-me muito bem.
16. Eu acredito que existem dois lados para cada questão e tento olhar para ambos.
( ) 1. Não me descreve bem
( ) 2.
( ) 3
( ) 4
( ) 5. Descreve-me muito bem.
41
17. Eu descreveria a mim mesmo como uma pessoa de coração mole.
( ) 1. Não me descreve bem.
( ) 2
( ) 3
( ) 4
( ) 5. Descreve-me muito bem.
18. Eu tendo a perder o controle durante emergências.
( ) 1. Não me descreve bem.
( ) 2
( ) 3
( ) 4
( ) 5. Descreve-me muito bem.
19.Quando eu estou incomodado com alguém, geralmente eu tento me colocar em seu lugar por um momento.
( ) 1. Não me descreve bem.
( ) 2
( ) 3
( ) 4
( ) 5. Descreve-me muito bem.
20. Quando eu vejo alguém que tem grande necessidade de ajuda em uma emergência eu fico desesperado.
( ) 1. Não me descreve bem.
( ) 2
( ) 3
( ) 4
( ) 5. Descreve-me muito bem.
42
21. Antes de criticar alguém, eu tento imaginar como eu me sentiria, se eu estivesse em seu lugar.
( ) 1. Não me descreve bem.
( ) 2
( ) 3
( ) 4
( ) 5. Descreve-me muito bem.
43
ANEXO B
Escala de Liebowitz para a Ansiedade Social.
Escala de ansiedade/medo:
0 - Nenhuma.
1 - Ligeira.
2 - Moderada.
3 - Muita.
Frequência de evitamento:
0 - Nunca (0%).
1 - Raramente (1 - 33%).
2 - Frequentemente (33 - 66%).
3 - Quase sempre (66 – 100%).
Situação Ansiedade Evitamento
1 Telefonar em público. (P)
2 Participar em pequenos grupos. (P)
3 Comer em locais públicos. (P)
4 Beber com outros em locais públicos. (P)
5 Falar com pessoas de autoridade. (S)
6 Actuar, representar ou discursar em frente a uma audiência. (P)
7 Ir a uma festa. (S)
8 Trabalhar sendo observado. (P)
9 Escrever sendo observado. (P)
10 Telefonar a alguém que não conhece muito bem. (S)
11 Falar com pessoas que não conhece muito bem. (S)
12 Ir a reuniões com estranhos. (S)
13 Urinar numa casa de banho pública.
14 Entrar numa sala onde estão outras pessoas sentadas. (P)
15 Ser o centro das atenções. (S)
44
16 Falar numa reunião. (P)
17 Fazer um exame escrito. (P)
18 Expressar aprovação ou desaprovação de forma correcta, a pessoas que não conhece bem. (S)
19 Olhar nos olhos pessoas que não conhece muito bem. (S)
20 Fazer um relatório a um grupo. (P)
21 Tentar impressionar alguém do sexo oposto. (P)
22 Devolver um produto a uma loja que normalmente aceita produtos devolvidos. (S)
23 Organizar uma festa normal. (S)
24 Resistir a um vendedor persistente. (S)
45
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Andrade, L.H.S.G. &Gorenstein, C. “Aspectos gerais das escalas de avaliação de ansiedade”.Revista de psiquiatriaclínica, 25(6), ano 1998, pp.285-90
Baker, S.L.; Heinrichs,N.; Kim, Hyo-Jim, Hofmann,S.G.;”The Liebowitz social anxiety scale as a self-report instrument: a preliminary psychometric analysis”, Behaviour Research and therapy”, Vol.40, 2002, pp.701-715.
Baliki MN, GehaPY, Apkarian AV, Chialvo DR.,”Beyond feelin: chronic pain hurts the brain, disrupting the default-mode network dynamics.” J Neurosci.n.28, 2008,
pp.1398-403.
Baron-Cohen, S.”Autism: The Emphathyzing-Systemizing (E-S) Theory”. The
year in Cognitive neuroscience, Ann. N.Y., V.1156, 2009, pp.68-80.
Baron-Cohen, S. Cap. 18 livro Origins of the social mind: evolutionary Psychology and
Child Development de Bruce J.Ellis, David F. Bjorklund, Guilford Press, 2005 pp.468.
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FICHA CATALOGRÁFICA
Ol4r
Oliveira, Maria Silvia Andrietta de
Relação entre ansiedade social em empatia / Maria Silvia Andrietta de Oliveira. 2013.
50 f.
Dissertação (Mestrado em Psicologia da Saúde) --Faculdade da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2013.
Orientação de: Renato Teodoro Ramos.
1. Ansiedade social 2. Empatia 3. Neurônio espelho I. Título CDD 157.9