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RELAÇÃO ENTRE CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA, TEXTURA, ESTRUTURA E DAS DIVERSAS FORMAS DE USO EM NITOSSOLOS VERMELHOS FÉRRICOS OCORRENTES NA BACIA DO RIO SÃO LOURENÇO, MUNICÍPIO DE ITUIUTABA/MG Luiz Antonio de Oliveira – Prof.º Assistente 2, Curso de Geografia. FACIP - Universidade Federal de Uberlândia. [email protected] Renata Moreira Gonçalves – Graduanda – Curso de Geografia. FACIP - Universidade Federal de Uberlândia. [email protected] Emerson Jhammes Francisco Alves – Graduando – Curso de Geografia. FACIP - Universidade Federal de Uberlândia. [email protected] RESUMO O presente trabalho tem por objetivo determinar a relação entre condutividade hidráulica, textura, estrutura de nitossolos vermelhos férricos, ocupados por diversos usos, localizados na Bacia do Rio São Lourenço, município de Ituiutaba/MG. Foram coletadas amostras em 3 pontos distintos (nomeados como 2, 3 e 4), tendo seus usos relacionados, em ordem, por cultura anual, pastagem e mata nativa. Foram empregadas as técnicas de anéis concêntricos e open end hole para determinação da condutividade hidráulica (k) na superfície e nas profundidades de 0,5, 1,0 e 1,5 m de profundidade do solo, respectivamente. A descrição pedológica, bem como a caracterização estrutural, foram feitas com base em observações de campo, seguindo-se as orientações do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (1999). Texturalmente as amostras apresentam predomínio da fração argila. Os valores relacionados às porcentagens médias, representativas das distintas profundidades nos pontos de amostragem 2, 3 e 4, são de 56, 50 e 59% fração argila, respectivamente. Os valores de condutividade hidráulica na superfície do terreno nos pontos 2, 3 e 4, foram de 8,9.10 -05 , 1.0.10 -04 e 1,9.10 -05 , respectivamente. A 0,5 m de profundidade os valores de condutividade nos pontos 2, 3 e 4 foram 6,04.10 -06 , 8,9.10 -07 e 3,3.10 -06 , respectivamente; para a profundidade de 1,0 m, os valores levantados nos referidos pontos são de 2,3.10 -06 , 2,0.10 -06 e 1,28.10 -06 , respectivamente, e para a profundidade de 1,5 m, os valores são 1,43.10 -06 , 1,06.10 -06 e 1,2.10 -06 , respectivamente. Estruturalmente, os solos 2 e 3 apresentam porosidade secundária na forma de fendas, típicas de atividades de argilas. Diante da pouca variação textural dos solos dos distintos locais, na análise das relações, foram

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RELAÇÃO ENTRE CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA, TEXTURA,

ESTRUTURA E DAS DIVERSAS FORMAS DE USO EM NITOSSOLOS

VERMELHOS FÉRRICOS OCORRENTES NA BACIA DO RIO SÃO

LOURENÇO, MUNICÍPIO DE ITUIUTABA/MG

Luiz Antonio de Oliveira – Prof.º Assistente 2, Curso de Geografia. FACIP - Universidade Federal de Uberlândia. [email protected]

Renata Moreira Gonçalves – Graduanda – Curso de Geografia. FACIP - Universidade Federal de Uberlândia. [email protected]

Emerson Jhammes Francisco Alves – Graduando – Curso de Geografia. FACIP - Universidade Federal de Uberlândia. [email protected]

RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo determinar a relação entre condutividade

hidráulica, textura, estrutura de nitossolos vermelhos férricos, ocupados por diversos

usos, localizados na Bacia do Rio São Lourenço, município de Ituiutaba/MG. Foram

coletadas amostras em 3 pontos distintos (nomeados como 2, 3 e 4), tendo seus usos

relacionados, em ordem, por cultura anual, pastagem e mata nativa. Foram empregadas

as técnicas de anéis concêntricos e open end hole para determinação da condutividade

hidráulica (k) na superfície e nas profundidades de 0,5, 1,0 e 1,5 m de profundidade do

solo, respectivamente. A descrição pedológica, bem como a caracterização estrutural,

foram feitas com base em observações de campo, seguindo-se as orientações do Sistema

Brasileiro de Classificação de Solos (1999). Texturalmente as amostras apresentam

predomínio da fração argila. Os valores relacionados às porcentagens médias,

representativas das distintas profundidades nos pontos de amostragem 2, 3 e 4, são de

56, 50 e 59% fração argila, respectivamente. Os valores de condutividade hidráulica na

superfície do terreno nos pontos 2, 3 e 4, foram de 8,9.10-05, 1.0.10-04 e 1,9.10-05,

respectivamente. A 0,5 m de profundidade os valores de condutividade nos pontos 2, 3 e

4 foram 6,04.10-06, 8,9.10-07 e 3,3.10-06, respectivamente; para a profundidade de 1,0 m,

os valores levantados nos referidos pontos são de 2,3.10-06, 2,0.10-06 e 1,28.10-06,

respectivamente, e para a profundidade de 1,5 m, os valores são 1,43.10-06, 1,06.10-06 e

1,2.10-06, respectivamente. Estruturalmente, os solos 2 e 3 apresentam porosidade

secundária na forma de fendas, típicas de atividades de argilas. Diante da pouca

variação textural dos solos dos distintos locais, na análise das relações, foram

consideradas apenas a estrutura e o uso do solo. Os resultados demonstraram que, ao

contrário do esperado, os valores superiores de condutividade hidráulica estão

relacionados aos solos sob uso de pastagem e de cultura anual. Porém, quando se

relaciona a condutividade hidráulica (k) com a estrutura do solo, nota-se que os maiores

valores de condutividade estão relacionados aos solos mais estruturados. Conclui-se

que, em solos de mesma granulometria, a estrutura do solo exerce um maior controle

sobre a infiltração de água, quando comparado ao controle exercido pelo uso.

ABSTRACT

The present work has for objective to determine the relation between hydraulical

conductivity, texture, structure of ferric, red nitosoils for diverse uses, located in the

watershed of São Lourenço River, city of Ituiutaba/MG. Samples in 3 distinct points

had been collected (nominated as 2, 3 and 4), having its related uses, in sequence, for

year agricultural, pasture and native vegetation. The concentrical ring and open end hole

techniques to the determination of the hydraulical conductivity (k) in the surface and in

the depths of 0,5, 1,0 and 1,5 m, respectively. The soil description, as well as the

structural characterization, had been made based on work field observation, following

itself the references of the Brazilian System of Soils Classification (1999). Texturally

the samples presents predominance of the clay fraction. The values related to the

average percentage, representative of the distinct depths in the points of sampling 2, 3

and 4, are of 56, 50 and 59% respectively. In the 0,5 m depth the values of hydraulical

conductivity in the points 2, 3 and 4 were 6,04.10-06, 8,9.10-07 and 3,3.10-06,

respectively; to the depth of 1,0 m, the loaded values in the referenced points are

2,3.10-06, 2,0.10-06 and 1,28.10-06, respectively, and to the depth of 1,5 m, the values are

1,43.10-06, 1,06.10-06 e 1,2.10-06, respectively. Structurally, the soils 2 and 3 presents

second porosities in the form of rifts, typical of clay activity. Ahead of the low textural

variation of the soil of the distinct places, in the analysis of the relations, were

considered only the structure and the soil use. The results demonstrated that, in contrary

of the waited one, the superior values of hydraulical conductivity are related to soil

under use of pasture and year agriculture. However, when relates the hydraulical

conductivity (k) with the soil structure, notices that the biggest values of “k” are related

to the most structure soil. Was concluded that, in soil of same grain size, the soil

structure exerts a bigger control on the water infiltration, when it is compared with the

control exerted by the soil use.

Key-words: Nitosoils, hydraulical conductivity, Ituiutaba/MG

1. INTRODUÇAO

A condutividade hidráulica ou a permeabilidade é a capacidade que o solo

possui de permitir o escoamento de água entre os seus espaços vazios. Esta propriedade

é controlada pela porosidade, estrutura e a granulometria dos solos. Oliveira (2002);

Lousada (2005); Gaspar (2006).

A porosidade é expressa pela porcentagem do volume de vazios em relação ao

volume total da amostra previamente coletada. A porosidade do solo depende do

tamanho e formas dos minerais, assim como da compactação e cimentação dos mesmos.

Quanto mais poroso for um solo, maior será a quantidade de vazios, conseqüentemente

mais permeável. Oliveira (2002).

Devido à composição mineralógica, as argilas moles (argilo-minerais) possuem

menor condutividade hidráulica em relação aos solos arenosos e cascalhentos. (citação)

Conforme a velocidade de percolação da água no subsolo, pode-se classificar a

permeabilidade de um solo. A classificação da pemeabilidade de um solo é feita tendo

como referência a Lei de Darcy, sendo assim, quando o solo que apresenta

condutividade hidráulica superior a 10-7 m/s. De modo contrário, os solos que

apresentam condutividade hidráulica inferior a 10-7 m/s são considerados impermeáveis.

(KARMANN, 2008).

Na região dos cerrados, Troger et al., (2002), determinaram valores de

condutividade de 10-7 em latossolos da região de Caldas Novas/GO, Lousada (2005),

levantou valores de 10-6 em latossolos do Distrito Federal. Oliveira (2002), detrminou

valores de 10-7 em latossolos da região de Araguari/MG.

Neste trabalho foram desenvolvidos estudos referentes à condutividade

hidráulica em nitossolos vermelhos férricos, provenientes de basaltos, ocupados com

usos diversos, distribuídos pela zona rural da Bacia do Rio São Lourenço, municipio de

Ituiutaba/MG. Os dados de condutividade hidráulica foram relacionados à textura e

estrutura dos referidos solos. A análise dos dados permitiu a compreensão da dinâmica

da água de infiltração, desde a superfície do terreno até 1,5 m de profundidade.

2. LOCALIZAÇÃO

O Municipio de Ituiutaba/MG está localizado na Mesoregião do Triângulo

Mineiro (IBGE 2006), estando delimitado pelas coordenadas geográficas 49º52’W/

49º10’W e 18º36S/ 19º,21’S. Possui área de 2.587 Km2 e conta uma população estimada

de 92.427 habitantes (IBGE 2006). Geográficamente o municipio está distante 696 km

da capital mineira Belo Horizonte, ver figura 1. A área urbana possui área aproximada

de 24,2 km2.

Figura 1 – Mapa de loclização de Ituiutaba

OBJETIVO

Determinar a relação entre condutividade hidráulica, textura, estrutura e as

diversas formas de uso em nitossolos vermelhos férricos.

MÉTODOS

Preliminarmente, antecedendo o desenvolvimento de qualquer tema tratado no

trabalho, foi elaborada uma revisão bibliográfica para definição e entendimento das

técnicas e dos métodos a serem empregados.

Posteriormente ao levantamento do referencial teórico, foram realizados 03

trabalhos de campo para a realização dos ensaios de infiltração, reconhecimento

geológico, bem como a descrição e a caracterização macroscópica dos solos analisados.

Em campo a localização geográfica dos pontos amostrados, constantes no

quadro 1 foi feita utilizando aparelho GPX Garmim, Etrex Legend, datum WGS 84 e

coordenadas planas UTM, com acurácia de 7 m.

Ponto Data

Localização Geográfica

(UTM)

Ponto 2 01/09/2008 663706/7903564

Ponto 3 01/09/2008 663663/7903712

Ponto 4 02/09/2008 664306/7902938

Quadro 1 – Localização geográfica dos pontos amostrados.

Utilizou-se os métodos de anéis concêntricos, para determinação da

condutividade hidráulica em superfície, e tubos de PVC, técnica open end hole para a

determinação da condutividade hidráulica nas profundidades de 0,5, 1,0 e 1,5 de

profundidade.

A ferramenta de anéis concêntricos consiste de dois anéis, um externo e outro

interno com diâmetro de 250 mm de largura e 350 mm de altura. A técnica é utilizada

para se determinar a condutividade hidráulica na superficie do terreno, Oliveira (2002),

Troger et al., (2002). De acordo com Souza (2001), o método dos anéis concêntricos

consiste na cravação, na superfície do solo, de dois cilindros concêntricos, ver figura 2.

Esse arranjo resulta na delimitação de dois compartimentos que serão preenchidos com

água: o compartimento externo, delimitado pelo espaço anelar entre as paredes dos

cilindros interno e externo, e o compartimento interno, totalmente delimitado pela

parede interior do cilindro menor. Durante a execução do ensaio, a água infiltrada no

solo a partir do compartimento externo apresenta uma tendência natural de fluir vertical

e lateralmente. A saturação do solo nas porções imediatamente abaixo do

compartimento externo, permite que a água à ser infiltrada no compartimento interno,

percole predominantemente segundo a direção vertical. Logo após o preenchimento dos

cilindros com água, realizam-se, com o auxilio de uma trena, medidas consecutivas do

rebaixamento da altura das coluna d'água no compartimento interno, tomando-se os

respectivos intervalos de tempo decorridos entre uma e outra medida.

Em suma, esta técnica determina o rebaixamento da coluna de água, no interior do

cilindro, em um determinado tempo

Os valores de condutividade hidráulica, utilizando-se os dados levantados em

campo, serão obtidos pela aplicação da fórmula:

Kf = U . I / . t . ln h0/ ht (resultados em m/s)

Onde:

I - Profundidade de cravação (cm);

h0 - coluna d`água inicial;

ht - coluna d`água final;

t - tempo decorrido para o rebaixamento entre h0 e ht.

Figura 2 - Ilustração esquemática do método dos anéis concêntricos.

Autor: SOUZA, M.T; CAMPOS, J.E.G.(2001)

Em contrapartida, a técnica open end hole consiste em se utilizar tubos de PVC,

para determinar o coeficiente de infiltração no subsolo, observando-se o diâmetro e o

cumprimento do tubo, figura 3. Os tubos são introduzidos em poços previamente

perfurados por trados manuais, Souza (2001). Após a cravação do tubo no poço, o

mesmo é preenchido com água até uma altura inicial qualquer (h0). A água infiltrará

exclusivamente pela extremidade inferior do poço. Assim como no teste dos anéis

concêntricos, medem-se as alturas das colunas d'água inicial e final e o intervalo de

tempo decorrido para o rebaixamento.

Figura 3 – Esquematização da técnica open end hole.

Autor: OLIVEIRA,2002.

O resultado do valor da determinação da condutividade hidráulica com o uso

open end hole” é obtido pela aplicação da seguinte equação:

K = r1/ 4 t . 2,303 . log (h1/h2), resultado em m/s.

Onde:

h1 - nível da água no início da medição;

h2 - nível da água após o intervalo de tempo t;

t - tempo de infiltração;

r1 - raio interno do tubo

Granulometria dos Solos

A coleta de solos em campo foi feita utilizando-se trados helicoidais com

diâmetro de 50 mm e hastes com comprimento de até 1,5 m. Foram realizadas

perfurações a 0,50, 1,0 e 1,5 m de profundidade. As amostras foram dispostas em sacos

plásticos, e foram identificadas conforme o ponto de coleta e sua respectiva localização

geográfica. Posteriormente, as amostras foram encaminhadas para análise textural no

laboratório de solos da Fundação Educacional de Ituiutaba.

No laboratório de solos, para determinação das classes texturais foram

utililzadas amostras com 10 g de TFSA, com aproximação de 0,01 g. Nas amostras

foram adicionados 50 ml de solução de NaOH 0,1 mol l-1 e 150 ml de água deionizada,

agitando com bastão de vidro e deixando em repouso por uma.

A amostra foi dispersa por agitação mecânica a 12.000 rpm, durante 15 min.

Após passar a solução por peneira de 0,053 mm, afere-se a mistura das frações silte e

argila até 500 ml, coletando-se 25 ml da suspensão (fração silte + fração argila)

imediatamente após agitação com bastão de vidro. Decorrido o tempo calculado pela

Lei de Stokes para a temperatura de trabalho, coletam-se, dos 5 cm superficiais, 25 ml

da suspensão de argilas. O material residual do primeiro peneiramento é novamente

submetido ao processo, sendo que desta vez em peneira de malha de 0,210 mm, onde

separam-se a areia grossa e a areia fina. Todas as frações são secas em estufa a 100 ºC e

pesadas com aproximação de 0,01 g, para areia grossa e areia fina, e de 0,0001 g, para

as frações (silte + argila) e argila. (RUIZ, 2005)

Na determinação da classe textural do solo, os valores em gramas relativos a

cada fração granulométrica foram convertidos em porcentagem, e posteriormente

lançados no triângulo textural.

RESULTADOS

Descrição e caracterização textural dos solos

A descrição do solo analisado foi feita com base no Sistema Brasileiro de

Classificação de Solos - Embrapa (2002).

Os nitossolos férricos presentes na área de estudo estão condicionados pela

geologia e pelo relevo. A variação mineralógica está relacionada a alterações de

minerais primários dos basaltos da Formação Serra Geral. Do ponto de vista de

evolução, os nitossolos analisados desenvolveram-se em relevo com feições variando de

suave a medianamente ondulados, e se encontram num estágio de desenvolvimento

entre os latossolos e os cambissolos. Quimicamente são classificados como férricos,

devido grande quantidade do mineral ferro herdado dos minerais ferromagnesianos

encontrados nos basaltos, podendo ainda serem eutróficos ou distróficos, conforme a

porcentagem de saturação em bases. A textura desses solos é argilosa, com estrutura

variada. Quando umidecido, o solo torna-se pegajoso e moldável. Na região, esses solos

são popularmente denominados de “terra roxa” e de “culturas”.

A caracterização textural de um determinado tipo de solo depende da fração de

conteúdos de areia, silte e argila. Os termos areia, silte e argila referem-se ao diâmetro

das partículas, conforme tabela granulométrica e triângulo textural. Na escala de

Atterberg, a argila corresponde a partículas de diâmetro < 0,002 mm ; o silte 0,002 -

0,02 mm ; a areia fina de 0,02 - 0,2 mm ; e a areia grossa de 0,2- 2,0 mm, Prado

(2005;2008).Os resultados relativos à análise textural dos solos da área de estudo estão

sumariados no quadro 2.

ANÁLISE TEXTURAL DO SOLO

Local Profundidade

(m)

Amostra Areia

grossa

Areia

fina

Silte Argila

PONTO

2

0,5 BAS-1 46 257 159 538

1,0 BAS-2 46 242 162 550

1,5 BAS-3 46 240 133 581

PONTO

3

0,5 BM1-1 84 285 137 494

1,0 BM2-2 68 278 131 523

1,5 BM3-3 65 274 173 488

PONTO

4

0,5 BPS-1 25 242 164 569

1,0 BPS-2 30 230 151 589

1,5 BPS-3 33 227 136 604

Quadro 2 – Resultados das análises texturais.

No ponto 2, o solo possui estrutura prismática, com fendas evidentes, típicas de

movimentos de expansão e contração relativos à argilas de atividade alta. As amostras

BAS-1, BAS-2 e BAS-3 foram coletadas a 0,50, 1,0 e 1,5 m respectivamente. Devido a

pouca variação dos valores das texturas nas diferentes profundidades, todas as amostras

foram caracterizadas como solo argiloso (areia 29%, silte 15.14% e argila 55.63%). O

solo estava ocupado com cultura anual (soja).

No ponto 3, o solo possui estrutura prismática, com fendas evidentes, típicas de

movimentos de expansão e contração relativos à argilas de atividade alta. As amostras

BM-1, BM-2 e BM-3 foram coletadas a 0,50, 1,0 e 1,5 m respectivamente. Devido a

pouca variação dos valores das texturas nas diferentes profundidades, todas as amostras

foram caracterizadas como solo argiloso (areia 35,1%, silte 14.7% e argila 50.2%). O

solo estava ocupado com pastagem.

No ponto 4, o solo não possui estrutura aparente. As amostras BPS-1, BPS-2 e

BPS-3 foram coletadas a 0,50, 1,0 e 1,5 m respectivamente. Devido a pouca variação

dos valores das texturas nas diferentes profundidades, todas as amostras foram

caracterizadas como solo argiloso (areia 26,2 %, silte 15% e argila 58,8%). O solo

estava ocupado com mata nativa.

Condutividade hidráulica

O gráfico 1 corresponde à condutividade hidráulica (K) medida na superfície do

terreno.

Gráfico 1 – valores de condutividade hidráulica (K) na superfície do terreno

Os pontos P2, P3 e P4, correspondem aos usos de cultura anual, área de

pastagem e mata nativa respectivamente. A condutividade hidráulica nos pontos 2 e 3

encontram-se muito próximas 9.10-05 e 1.10-04 respectivamente. No ponto 4 os valores

de K estão na casa de 1,9.10-5, sendo o menor valor de condutividade hidráulica dos

pontos analisados.

Os gráficos 2 a 4 contém os valores de condutividade dos pontos 2, 3 e 4 nas

profundidades de 0,5, 1,0 e 2,0 m.

A análise do gráfico 2 – ponto 2 - indica que os valores de K a 0,50m, 1,0m e

1,5m de profundidade são 6,40.10-6 , 2,30.10-6 e 1,43.10-6 respectivamente. Indicando

que a condutividade hidráulica do solo na profundidade de 0,50m é quatro a cinco vezes

superior àquela observada a 1,0m e 1,5 m. Evidenciando que os valores de K se

estabilizam a partir de 1,0m.

Gráfico 2 – Condutividade hidráulica dos solos no ponto 2

A análise do gráfico 3 – ponto 3 - indica que os valores de K a 0,5, 1,0 m e 1,50

m de profundidade são 8,96.10-7 , 2,05.10-6 e 1,06.10-6 respectivamente. Indicando que

a condutividade hidráulica do solo na profundidade de 0,5m é dez vezes maior àquela

observada a profundidade de 1,0m e 1,5m. A partir de 1,0m os valores de K se

estabilizam.

Gráfico 3 – Condutividade hidráulica dos solos no ponto 3

A análise do gráfico 4 – ponto 4 - indica que os valores de K a 0,5 m, 1,0 m e

1,5 m de profundidade são respectivamente 3,30.10-6, 1,28.10-6 e 1,20.10-6. O que indica

que no ponto quatro ocorreu equilibrio no nível de condutividade hidráulica em

diferentes profundidades, tendo apenas na profundidade de 0,5 m um valor duas vezes

superior que a profundidade de 1,0 m e 1,5 m.

Gráfico 4 – Condutividade hidráulica dos solos no ponto 4

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Para possibilitar uma melhor análise, os dados de condutividade hidráulica,

textura e uso dos solos estão sumariados no quadro 3.

Ponto Uso Textura Condutividade

na superficie

K (m/s)

Condutividade em

diferentes profundidades

K (m/s)

Ponto 2 Cultivo anual Argilosa 8.9 .10 -05 0,5 m 6.4 . 10-06

1,0 m 2.3 . 10-06

1,5 m 1.4 . 10-06

Ponto 3 Pasto Argilosa 1.02 . 10-04 0,5 m 8.9 . 10-07

1,0 m 2.0 . 10-06

1,5 m 1.0 . 10-06

Ponto 4 Mata nativa Argilosa 1.91 . 10-05

0,5 m 3.3 . 10-06

1,0 m 1.3 . 10-06

1,5 m 1.2 . 10-06

Quadro 3 – Informações de condutividade hidráulica, textura e uso do solo.

Os pontos P2, P3 e P4, correspondem aos usos de cultura anual, área de

pastagem e mata nativa respectivamente. A condutividade hidráulica levantada em

superficie nos pontos 2 e 3 encontram-se muito próximas, entre 9.10-05 e 1.10-04

respectivamente, indicando não haver variação significativa de condutividade hidráulica

nos solos ocupados por cultura anual e pastagem. No ponto 4 os valores de K estão na

casa de 10-5, o menor valor de condutividade hidráulica dos pontos de análise e coleta

de dados. Considerando que o ponto 4 é ocupado por mata nativa, área menos

impactada, esperava-se valores de condutividade hidráulica superiores àquelas

levantadas nos pontos 2 e 3. Porém, há de notar que as áreas ocupadas por pastagem e

cultura possuem um solo estruturado, o que não ocorre com a descrição do solo

ocorrente na área de mata nativa.

Neste caso, a estrutura do solo assume uma importância maior no controle da

infiltração de água no solo quando comparada aos fatores textura e uso.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sabe-se que para uma formação de êxito é imprescindível que além do ensino

tradicional em uma universidade, logo no início dos estudos os alunos se empenhem em

pesquisa e extensão. Nesta perspectiva, a iniciação científica caracteriza-se como

instrumento de apoio teórico e metodológico e é com certeza um instrumento

importante de formação.

O trabalho em grupo, tanto em campo quanto na análise de dados, permitiu um

melhor entrosamento dos participantes, contribuindo para o compartilhamento do

conhecimento e da troca de experiências entre os alunos envolvidos na atividade.

Em suma, o trabalho além do conhecimento adquirido, propiciou o aprendizado

da prática de campo e da manipulação dos dados. Acrescentou experiência nos

currículos e desmistificou o senso comum que pairava sobre o tema abordado.

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