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RELAÇÃO
MAXILOMANDIBULAR
Prof. Dr. Geraldo Klébis
de Barros
2
•Conceitos;
•Estática X Dinâmica;
•Técnicas de obtenção.
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Prof. Dr. Geraldo Klébis de Barros
RELAÇÃO MAXILOMANDIBULAR
RELAÇÃO MAXILOMANDIBULAR
CONCEITOS
Que conceitos são essenciais para discutir
RELAÇÃO MAXILOMANDIBULAR ?
•Relação cêntrica;
•Oclusão cêntrica;
•Oclusão em relação cêntrica;
•Máxima intercuspidação habitual;
•Posição de repouso;
•Posição retrusiva;
•Posição terapêutica.
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Prof. Dr. Geraldo Klébis de Barros
RELAÇÃO CÊNTRICA
Em 1968 foi publicada a 3ª edição do Glossário de Termos
Protéticos, trazendo a seguinte definição da RC: “Relação fisiológica
mais retruída da mandíbula em relação à maxila da qual originam-se os
movimentos excursivos. Relação mais posterior da mandíbula em
relação à maxila em uma relação vertical estabelecida”.
Por esse conceito, é evidente que os espaços articulares não são
simétricos, ocorrendo diminuição do espaço posterior.
Weinberg (1985) introduziu um novo conceito referente
ao tema. Estudando os espaços articulares por meio de
radiografias transcranianas, concluiu que a RC era uma
relação funcional observada quando havia homogeneidade e
simetria dos espaços articulares em ambos os côndilos.
Observou também que nessas condições os mesmos
deveriam encontrar-se concentricamente posicionados na
porção superior da fossa mandibular.
Dawson (1973) afirmou que a RC não é a posição mais
retruída dos côndilos nem tampouco uma posição relaxada
(não forçada). Ao contrário, ele acreditava que a RC podia ser
definida como a posição mais superior e anterior que os
côndilos podiam assumir na fossa glenóide relacionando-se
com a eminência articular do temporal, e essa posição não é
relaxada porque é alcançada através da contração dos
músculos elevadores da mandíbula.
Mais uma vez a simetria dos espaços articulares foi
deixada de lado, com a diminuição do espaço anterior.
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RELAÇÃO MAXILOMANDIBULAR
CONCEITOS
Prof. Dr. Geraldo Klébis de Barros
Silva e Lameira (1993) com um conceito mais
completo, afirmaram que a RC é sinônimo de posição
postural e que se constitui em um reflexo inato e miotático,
que evidentemente é mais ativo nos músculos que atuam
contra a ação da gravidade. Essa posição caracteriza-se pela
ausência de contatos interdentários, onde os músculos
mastigadores (com exceção do feixe superior do pterigoideo
lateral) estão em contração passiva, atuando apenas contra a
ação da gravidade; as cabeças da mandíbula localizadas nas
fossas mandibulares em perfeito estado de equilíbrio
respeitando o espaço articular e com o disco sobre as
mesmas, em função da contração do feixe superior do músculo pterigoideo lateral e da
resistência das fibras retro discais.
Este conceito, evidentemente muito mais completo, salienta a simetria do espaço
articular, recomendando, inclusive, que o mesmo deve ser respeitado.
Bumann e Lotzmann (2002) definiram “Posição condilar cêntrica” como posição
crânio-ventral, sem inversão de lados, dos dois côndilos, em relação disco-condilar
fisiológica e carga fisiológica dos tecidos participantes. Esta posição é totalmente
independente da oclusão de um paciente e só é clinicamente detectável se não houver
contato dentário. O posicionamento do côndilo dá-se exclusivamente por meio do sistema
neuromuscular. Qualquer manipulação leva a desvios.
Nota-se aqui uma concordância com o conceito anterior em vários aspectos, como na
ausência de contatos dentários e na influência neuromuscular na manutenção da posição
condilar.
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RELAÇÃO MAXILOMANDIBULAR
CONCEITOS
RELAÇÃO CÊNTRICA
Prof. Dr. Geraldo Klébis de Barros
No intuito de padronizar e facilitar o entendimento dos estudiosos da oclusão, a
academia de prótese criou um dicionário de termos em prótese, que segundo alguns autores
(Rinchuse, 1995; Keshvad e Winstanley, 2000, 2001; Kogawa et al., 2003) deve ser seguido
como referência. Em sua 8ª edição (2008), afirma que RC é o relacionamento
maxilomandibular no qual o complexo disco-côndilo articula em sua posição
anterossuperior contra as superfícies da eminência articular, sendo essa posição
independente dos contatos dentais.
Se o intuito era “padronizar e facilitar” o entendimento, receio que não conseguiram,
pois o conceito é confuso quanto à posição e pouco esclarecedor.
Esta posição anterossuperior, pela própria definição é um tanto quanto imprecisa, pois,
quanto mais pra superior o côndilo se dirige, mais pra posterior ele se desloca,
automaticamente. E quanto mais anteriormente ele se desloca, automaticamente ele
também ocupa uma posição mais inferior.
Diante de todas essas definições e conceitos, aquele que me parece o mais completo e
que se sustenta do ponto de vista fisiológico e biomecânico é o apresentado por Silva e
Lameira.
Fica claro que Relação Cêntrica é uma posição em que não há contatos interdentários,
em que os espaços articulares são preservados e que todas as estruturas envolvidas
apresentam-se em equilíbrio.
Entender o que é Relação Cêntrica é fundamental. O sucesso clínico está relacionado à
identificação e manutenção dessa posição. A preservação do espaço articular, do equilíbrio
neuromuscular e das demais estruturas articulares deve estar em mente durante qualquer
atuação clínica, desde uma simples restauração até reabilitações complexas ou tratamentos
de desordens temporomandibulares.
Por ora, deixo aqui uma pergunta: É recomendável realizar um tratamento reabilitador
sem conhecer a RC do paciente?
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RELAÇÃO MAXILOMANDIBULAR
CONCEITOS
RELAÇÃO CÊNTRICA
Prof. Dr. Geraldo Klébis de Barros
Um novo conceito foi proposto por Silva em 1993, que de uma forma clara definiu
oclusão cêntrica como sendo a posição mandibular em que ocorre o primeiro contato
durante o movimento de fechamento a partir da RC, ou seja, a OC depende diretamente da
RC, e se todos os contatos ocorrerem ao mesmo tempo, a oclusão cêntrica coincidirá com a
máxima intercuspidação. Esta então seria a posição ideal para as reabilitações.
A oclusão cêntrica refere-se àqueles contatos dentários em que os côndilos estão em
posição cêntrica, nesse caso pode-se tratar de um único contato (precoce) ou de um contato
máximo em vários pontos (Bumann e Lotzmann, 2003 ).
Importantíssimo notar que a posição de OC depende diretamente da RC, portanto,
para descobrirmos a OC, necessariamente devemos conhecer a RC.
Como OC ocorre durante o fechamento, a partir da RC, note como os côndilos devem
se comportar partindo de RC à esquerda para OC, à direita.
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RELAÇÃO MAXILOMANDIBULAR
CONCEITOS
OCLUSÃO CÊNTRICA
Prof. Dr. Geraldo Klébis de Barros
Bumann e Lotzmann (2003) definiram “Posição condilar habitual” como aquela
habitualmente adotada pelo côndilo na protuberância articular. Tal posição depende
exclusivamente da oclusão estática do paciente, mas é totalmente independente da fossa e
do disco. No caso ideal, esta posição pode coincidir com a OC.
Os autores chamam de “posição condilar habitual” àquela ocupada pelo côndilo
quando o paciente está em máxima intercuspidação habitual (MIH), por isso dizem que
essa posição depende exclusivamente da oclusão estática do paciente. Importante notar que,
caso nessa posição não haja preservação dos espaços articulares, tanto o disco quanto as
demais estruturas serão afetados por essa alteração e isto já determina a não coincidência
entre MIH e OC.
No intuito de padronizar e facilitar o entendimento dos estudiosos da oclusão, a
academia de prótese criou um dicionário de termos em prótese, que segundo alguns autores
(Rinchuse, 1995; Keshvad e Winstanley, 2000, 2001; Kogawa et al., 2003) deve ser seguido
como referência. Em sua 8ª edição (2008), A posição de MI é conceituada como a completa
intercuspidação dos dentes opostos, independente da posição condilar. Quando RC coincide
com MI, tem-se a ORC (Mohamed e Christensen, 1985; Rinchuse, 1995; Keshvad e
Winstanley, 2001); já quando RC não coincide com MI, tem-se uma posição adaptada,
denominada MIH (Pazzini et al., 1972).
Mais uma vez a tentativa de “padronizar e facilitar” deixou um pouco a desejar.
Apenas pra apontar um equívoco, dizer que quando RC coincide com MI tem-se ORC não
tem o menor sentido, pois já ficou claro que em RC não há contato dentário, portanto,
jamais RC pode coincidir com qualquer posição de intercuspidação. Além disso, definir
ORC também não faz sentido, pois em RC não há oclusão.
Mais uma vez, pela clareza e excelência da definição, fico com o conceito de OC
proposto por Silva, em 1993.
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RELAÇÃO MAXILOMANDIBULAR
CONCEITOS
OCLUSÃO CÊNTRICA
Prof. Dr. Geraldo Klébis de Barros
Em sua 8ª edição (2008) o dicionário de termos em prótese, da academia de prótese,
diz que RC é o relacionamento maxilomandibular no qual o complexo disco-côndilo
articula em sua posição anterossuperior contra as superfícies da eminência articular, sendo
essa posição independente dos contatos dentais. A posição de MI é conceituada como a
completa intercuspidação dos dentes opostos, independente da posição condilar. Quando
RC coincide com MI, tem-se a ORC (Mohamed & Christensen, 1985; Rinchuse, 1995;
Keshvad & Winstanley, 2001)
Como dito anteriormente, esse é um conceito que não faz sentido! Uma vez que
aceitamos as definições de Relação Cêntrica nas quais a principal característica é a ausência
de contatos interdentários, seria contraditório admitir “oclusão” em relação cêntrica.
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RELAÇÃO MAXILOMANDIBULAR
CONCEITOS
OCLUSÃO EM RELAÇÃO CÊNTRICA
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MÁXIMA INTERCUSPIDAÇÃO HABITUAL
Silva e Lameira, em 1993, afirmaram que existem três posições mandibulares básicas:
posição postural, posição de intercuspidação máxima e posição retrusiva de contato. A
posição de intercuspidação máxima foi considerada como aquela em que os dentes
inferiores e superiores mantêm o máximo de contato entre si, essa segundo os autores, pode
ou não coincidir com a OC.
A oclusão habitual é a oclusão estática habitualmente adotada. Ela determina a
posição condilar habitual (Bumann e Lotzmann, 2003).
Os conceitos de OC já haviam citado uma possível coincidência entre OC e MIH.
Inclusive, para averiguar se realmente ocorre essa coincidência, é fundamental conhecer a
RC, para a partir dela chegar à OC, e só assim identificar se há ou não coincidência com a
MIH.
MIH é basicamente uma posição de oclusão estática, habitual, que determina uma
posição condilar dependente desses contatos dentários.
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RELAÇÃO MAXILOMANDIBULAR
CONCEITOS
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MIH MIH
POSIÇÃO DE REPOUSO
Bear, em 1956, definiu a RC como uma posição de repouso fisiológico.
Em 1989, a Academy of Denture Prosthetics define: Dimensão vertical de repouso: a
altura do perfil facial do paciente medida através de dois pontos, quando a mandíbula
estiver em posição fisiológica de repouso em relação à maxila. Dimensão fisiológica de
repouso: posição assumida pela mandíbula, quando a cabeça está em posição ereta e os
músculos depressores e elevadores da mandíbula estão em um estado de equilíbrio tônico.
Esse conceito associa a posição de repouso à DVR.
Silva e Lameira (1993) afirmaram que a RC é sinônimo de posição postural em seu
conceito de RC, já citado anteriormente.
Bumann e Lotzmann (2003) definiram “Posição condilar cêntrica”, também já visto
anteriormente, onde o posicionamento do côndilo dá-se exclusivamente por meio do
sistema neuromuscular. Qualquer manipulação leva a desvios.
Como se pode notar, esse é um conceito equivalente ao de Relação Cêntrica e Posição
Postural.
RELAÇÃOCÊNTRICA
Posição de repouso
Posição fisiológica
Posição postural
DVR
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RELAÇÃO MAXILOMANDIBULAR
CONCEITOS
Prof. Dr. Geraldo Klébis de Barros
POSIÇÃO RETRUSIVA
Silva e Lameira, em 1993, afirmaram que existem três posições mandibulares básicas:
posição postural, posição de intercuspidação máxima e posição retrusiva de contato. A
posição retrusiva de contato é uma posição não forçada da mandíbula, a partir da qual é
possível executar com comodidade movimentos de lateralidade e protrusão. Para que a
mandíbula alcance essa posição (retrusiva) desde a posição de intercuspidação máxima os
côndilos deslocam-se para trás cerca de 1 a 2mm.
Esse é um conceito muito importante, pois nos permite entender o significado do
vértice do arco gótico de Gysi. Entender o que é posição retrusiva é fundamental para que
não se incorra no erro de invadir o espaço articular posterior.
Há técnicas utilizadas para a obtenção da RC que, na verdade, findam por obter a
posição retrusiva ao invés da RC. Reabilitar o paciente a partir da posição retrusiva
aumenta muito a possibilidade de insucesso na reabilitação.
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RELAÇÃO MAXILOMANDIBULAR
CONCEITOS
Prof. Dr. Geraldo Klébis de Barros
POSIÇÃO TERAPÊUTICA
Posição condilar terapêutica é estabelecida conscientemente pelo profissional
objetivando restabelecer a unidade funcional entre disco e côndilo no caso de
deslocamentos anteriores de disco ou de aliviar temporariamente a carga da zona bilaminar
no caso de capsulites (Bumann e Lotzmann, 2003).
Esse é um conceito muito importante, trata-se de uma posição que não
necessariamente será usada para a reabilitação, mas que objetiva a
diminuição/desaparecimento dos sinais e sintomas de desordem articular. Uma vez
atingidos os objetivos, cabe ao profissional definir, baseado em todas as informações
obtidas, antes e durante a fase terapêutica, se esta será ou não a posição para a reabilitação.
A determinação de uma posição terapêutica exige do profissional habilidade e
conhecimento de fisiologia neuromuscular. Estar ciente de que um aumento da DV que
ative o fuso neuromuscular pode provocar dor, saber como contornar isso modificando a
posição terapêutica; saber que uma DV diminuída também pode causar dor, identificar a
causa, uma possível hiperatividade muscular ativando o órgão tendinoso de golgi, saber
contornar essa situação determinando uma posição terapêutica confortável para o paciente
é o que se espera de um hábil profissional.
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RELAÇÃO MAXILOMANDIBULAR
CONCEITOS
Prof. Dr. Geraldo Klébis de Barros
POSIÇÃO TERAPÊUTICA
Posição Habitual Posição Terapêutica
Apenas como exemplo, temos um paciente com DV diminuída e os côndilos
encontram-se posteriorizados (como visto no rx de ATM em MIH anteriormente
apresentado com a foto na pág. 11) provocando sintomatologia dolorosa articular, presença
de ruídos articulares, dor em músculos mastigatórios e bruxismo. A conduta aqui foi
determinar uma posição terapêutica, inicialmente, para proporcionar alívio da
sintomatologia e permitir espaço (DV) adequado para construirmos provisórios e
instalarmos o aparelho plano, objetivando tratar a DTM e encontrar a RC.
Utilizamos uma placa base com um plano de cera, avaliando as proporções faciais do
paciente, uma pequena exposição do bordo incisal do plano com o lábio superior relaxado,
o suporte labial e tiramos desse plano de cera todas as informações necessários para definir
a posição terapêutica, que não necessariamente será a posição de reabilitação, mas nos dará
muitas informações para encontrá-la.
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RELAÇÃO MAXILOMANDIBULAR
CONCEITOS
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RELAÇÃO MAXILOMANDIBULAR
CONCEITOS
Que conceitos são essenciais para discutir
RELAÇÃO MAXILOMANDIBULAR ?
•Relação cêntrica;
•Oclusão cêntrica;
•Oclusão em relação cêntrica;
•Máxima intercuspidação habitual;
•Posição de repouso;
•Posição retrusiva;
•Posição terapêutica;
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•Conceitos;
•Estática X Dinâmica;
•Técnicas de obtenção.
Prof. Dr. Geraldo Klébis de Barros
RELAÇÃO MAXILOMANDIBULAR
OCLUSÃO ESTÁTICA
RELAÇÃO MAXILOMANDIBULAR
ESTÁTICA X DINÂMICA
A oclusão em si, é definida como todo contato entre dentes da maxila e da mandíbula
(Lotzmann, 1980).
Entende-se por oclusão estática os contatos dentários sem movimentos excursivos da
mandíbula.
Quando falamos de oclusão estática, nos referimos a conceitos já abordados, como OC
e MIH, por exemplo.
OCLUSÃO DINÂMICA
O termo “oclusão dinâmica” descreve todos os contatos dentários que ocorrem durante
os movimentos da mandíbula (Lotzmann, 1982).
Para a oclusão excêntrica, tornam-se importantes três conceitos de oclusão:
Oclusão protegida pelos dentes anteriores e caninos, ou mutuamente protegida (os
dentes anteriores e caninos garantem uma desoclusão dos demais dentes nos movimentos
excursivos);
Oclusão balanceada unilateral (guia de todos os dentes do lado da laterotrusão –lado
de trabalho - com desoclusão do lado oposto – lado de balanceio);
Oclusão balanceada bilateral (todos os dentes – ou grande parte deles - têm contato
num movimento mandibular).
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Prof. Dr. Geraldo Klébis de Barros
Oclusão protegida pelos dentes anteriores e caninos:
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RELAÇÃO MAXILOMANDIBULAR
ESTÁTICA X DINÂMICA
OCLUSÃO DINÂMICA
Prof. Dr. Geraldo Klébis de Barros
Outros princípios básicos observados numa oclusão harmônica são a presença de uma
guia anterior, com desoclusão dos dentes posteriores no movimento protrusivo, e presença
de guias laterais no lado de trabalho durante o movimento de lateralidade, com ausência de
interferências (Okeson, 1992).
Ingervall et al. (1980), afirmaram que a ausência de guias anteriores se constitui em um
dos sinais clínicos que podem levar ao aparecimento de sinais e sintomas relacionados a
alterações funcionais do sistema estomatognático. De acordo com os autores, os guias
anteriores são mecanismos elaborados genética e funcionalmente para proteger as estruturas
articulares durante a dinâmica mastigatória; a ausência destes fatores de proteção pode
levar a deslocamentos anteriores de côndilo e disco.
Silva (1993), afirma que fisiologicamente, todas as alterações no padrão oclusal são
captadas por receptores, que induzem os centros nervosos a mecanizarem novo padrão de
mastigação, adaptando os movimentos mandibulares a estas modificações. Quando esta
adaptação funcional é rompida, poderemos observar o aparecimento de alterações
funcionais relacionadas com a fisiologia do sistema mastigatório.
A importância clínica de se detectar alterações na forma como os dentes entram em
oclusão, estática e dinamicamente, reside no fato de que existem estudos mostrando a
relação entre os distúrbios biomecânicos das articulações temporomandibulares, a
hiperatividade muscular e a dor (Gerber, 1982).
Como pode-se notar nos conceitos acima, as guias anteriores são muito importantes
para a manutenção/preservação do espaço articular. A ausência das guias ou a presença de
interferências durante o movimento de protrusão ou lateralidade são determinantes para
uma desordem articular. Se estudarmos a sequência de erupção dentária, tanto dos dentes
decíduos quanto dos permanentes, veremos que a natureza cuida de proporcionar as guias
para o desenvolvimento e proteção da ATM.
Oclusão balanceada unilateral / bilateral:
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RELAÇÃO MAXILOMANDIBULAR
ESTÁTICA X DINÂMICA
OCLUSÃO DINÂMICA
Prof. Dr. Geraldo Klébis de Barros
Minagi et al. (1989, 1990) avaliaram os padrões de contato oclusal no lado de
balanceio e sons na ATM. A análise revelou que houve uma correlação positiva entre a
ausência de contatos do lado de balanceio e o aumento da prevalência de sons articulares
com o passar da idade. Os autores sustentam a hipótese de que certos tipos de contatos
oclusais no lado de balanceio podem ser fisiologicamente protetores da ATM.
Mongini em 1998, considerou os contatos interoclusais em máxima intercuspidação
como um possível fator predisponente ou desencadeante de disfunções craniomandibulares.
Da mesma forma, considerou a possibilidade de contatos interoclusais no lado de balanço
serem desencadeantes de alterações musculares.
Marklund et al. (2000) revisaram a literatura referente às vantagens e desvantagens da
presença de contatos no lado de balanceio durante movimentos excursivos de lateralidade.
Concluíram não haver uniformidade de opiniões a esse respeito, e apontaram a necessidade
de estudos longitudinais.
É bem verdade que as opiniões divergem a respeito de potenciais danos causados pela
ausência das guias anteriores. Tenho revisado os estudos feitos a respeito do assunto e noto
que ainda há a necessidade de estudos direcionados para a identificação da relação de
causa-efeito entre guias anteriores e desordens articulares.
Apesar dessa divergência, eu prefiro seguir o padrão criado pela natureza, que institui
as guias anteriores tanto na dentição decídua quanto na permanente, e com a função clara
de proporcionar o desenvolvimento e a proteção da ATM.
Estudos já comprovaram a alteração do padrão muscular causada por interferências
oclusais, sendo assim, não se justifica dentição natural com oclusão balanceada. E mesmo
em próteses totais, preferimos utilizar guias anteriores e rampas posteriores para estabilizar
a prótese nos movimentos excursivos, mas isso é assunto pra outro momento...
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•Conceitos;
•Estática X Dinâmica;
•Técnicas de obtenção.
Prof. Dr. Geraldo Klébis de Barros
RELAÇÃO MAXILOMANDIBULAR
EM QUE POSIÇÃO REABILITAR?
RELAÇÃO MAXILOMANDIBULAR
TÉCNICAS DE OBTENÇÃO
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Prof. Dr. Geraldo Klébis de Barros
Lucia, em 1979, afirma que em restaurações simples, em uma boca normal e saudável,
deve-se basear o tratamento na oclusão existente, porém, se houver algum problema oclusal,
deve-se ajustá-lo primeiro, com RC coincidindo com MI. Na reconstrução oclusal
completa, por não haver parâmetros dentais, o autor afirma que as considerações devem ser
feitas respeitando-se as ATM, devendo-se utilizar a RC para reabilitar. As razões citadas
para o uso da RC são:
- é a única relação que pode ser reproduzível e duplicada durante o tratamento;
- é facilmente aceita por pacientes livres de DTM, sem a necessidade de um
período de ajuste;
- é mecanicamente impossível ter um correto trajeto das cúspides, se elas não
começarem na posição de RC.
Entendo e concordo com a preocupação de Lucia em relação à ATM, mas não posso
deixar de apontar uma pequena confusão ao sugerir que RC coincida com MI e que deve-se
utilizar RC para reabilitar. Creio que ele quis se referir à OC, que é a posição onde há
contatos dentários, e não à RC, onde tais contatos não devem existir.
Dawson (1995), menciona que com os tecidos retrodiscais inflamados e doloridos, os
côndilos não podem assentar-se em RC ou postura cêntrica adaptada sem que ocorra
compressão de tais estruturas. Uma posição de tratamento que reduza as forças de
compressão e permita a remissão da inflamação deve ser determinada.
Fernanda Paixão (2006) em sua dissertação demonstra que o mais importante talvez
não seja a obtenção da RC, por qualquer técnica, como uma posição para a reabilitação,
mas sim a determinação da OC, como uma posição que permita o deslocamento fisiológico
dos côndilos para trás, possibilitando a deglutição sem qualquer tipo de compressão intra-
articular.
Concordo com o que diz Fernanda Paixão. A posição de reabilitação é OC, que
preserva os espaços articulares e suas estruturas, quando em estática e também em
dinâmica. Importante lembrar que OC depende diretamente de RC, para encontrar OC
precisamos conhecer RC. Isso responde a pergunta que deixei lá no início. Sem conhecer
RC não é recomendável reabilitar. É necessário conhecer a RC do paciente.
COMO OBTER A RC?
Há, sem dúvidas, um número bem maior de técnicas que se propõem a obter RC, mas
vou citar aqui apenas as mais conhecidas e utilizadas:
Técnica do traçado do Arco Gótico com auxílio do registro intraoral (Gysi-1910).
Técnica da deglutição (Shanahan-1956);
Técnica bilateral de manipulação (Dawson-1973);
Técnica frontal de manipulação (Ramfjord e Ash-1984);
Técnica frontal de manipulação (Ramfjord e Ash-1984)
0 paciente é reclinado na cadeira numa angulação de 30° a 45° com os braços e as
pernas relaxados, deve focalizar um objeto 60 a 90cm e respirar pelo nariz. Coloca-se a mão
direita no queixo do paciente com os dedos indicador e médio sob o mento, enquanto o
polegar é colocado nos dentes anteroinferiores e gengiva, sem que haja pressão no lábio. 0
paciente abre levemente a boca e tem sua mandíbula gentilmente guiada para que ambos os
côndilos sejam colocados na vertente mais posterior da eminência articular. Nesta técnica,
os côndilos são levados à posição mais posterior e superior na fossa mandibular do osso
temporal.
Perceba que esta posição do côndilo diminui o espaço articular posterior e não coincide
com a posição que aceitamos no conceito de RC.
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RELAÇÃO MAXILOMANDIBULAR
TÉCNICAS DE OBTENÇÃO
Prof. Dr. Geraldo Klébis de Barros
Bumann e Lotzmann, 2003
Técnica bilateral de manipulação (Dawson-1973)
Reclina-se o encosto da cadeira permitindo ao paciente ficar deitado confortavelmente.
0 profissional posiciona-se por trás do paciente e estabiliza a cabeça do mesmo entre seu
tórax e braços. A cabeça não deve mover-se durante a manipulação da mandíbula. O
paciente é orientado a inclinar sua cabeça para trás a fim de eliminar a tendência de
protrusão da mandíbula. 0 profissional posiciona os polegares sobre a sínfise mentoniana e
os demais dedos sob o ramo mandibular. Delicadamente, a mandíbula é aberta e fechada
alguns milímetros diversas vezes, evitando o contato dental. Quando a mandíbula estiver
movendo-se livremente, uma pressão firme é aplicada pelos polegares para baixo e os
demais dedos para cima, deslocando os côndilos para cima. Nenhum desconforto deve
ocorrer na região articular.
Perceba que esta posição do côndilo diminui o espaço articular anterior e não coincide
com a posição que aceitamos no conceito de RC.
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RELAÇÃO MAXILOMANDIBULAR
TÉCNICAS DE OBTENÇÃO
COMO OBTER A RC?
Prof. Dr. Geraldo Klébis de Barros
Bumann e Lotzmann, 2003
Técnica da deglutição (Shanahan-1956)
O método visa a obtenção da relação cêntrica fisiológica, considerando uma dimensão
vertical correta. Para paciente dentados, é colocada uma pequena bola de cera macia sobre
a face oclusal dos pré-molares de cada lado e o paciente, devidamente sentado e relaxado, é
orientado a deglutir várias vezes. A posição mais posterior registrada na cera é considerada
a relação cêntrica. Em pacientes edêntulos, as placas-base com rodetes de cera são
posicionadas e estabilizadas na boca. A superfície oclusal dos rodetes é sulcada e amaciada
para permitir o registro oclusal. 0 paciente, relaxado e sentado confortavelmente, é
orientado a deglutir por diversas vezes. Desta forma, a mandíbula vai naturalmente
retruindo até chegar na posição de relação cêntrica.
Perceba que nesta posição o côndilo diminui o espaço articular posterior, pois já está
numa posição retrusiva, onde acontece a deglutição. Se a oclusão habitual do paciente for
montada nessa posição, quando ele deglutir estará pressionando todas as estruturas da
região posterior articular. Essa também não coincide com a posição que aceitamos no
conceito de RC.
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RELAÇÃO MAXILOMANDIBULAR
TÉCNICAS DE OBTENÇÃO
COMO OBTER A RC?
Prof. Dr. Geraldo Klébis de Barros
Técnica do traçado do Arco Gótico com auxílio do
registro intraoral (Gysi-1910)
Em 1910, Gysi criou um dispositivo extraoral para registrar os movimentos
mandibulares em pacientes portadores de prótese total. O dispositivo continha um
marcador incisal acoplado a um rolete de cera maxilar e uma plataforma (coberta por cera)
acoplada a um rolete de cera mandibular. O marcador incisal ficava perpendicular à
plataforma, de maneira que, durante a movimentação mandibular esse marcava a cera que
cobria a plataforma, registrando assim, os movimentos mandibulares no plano horizontal.
A intersecção dos traçados produzidos pelos movimentos de lateralidade direita e esquerda
formava o vértice de uma figura geométrica que ficou conhecida como Arco Gótico e
segundo Gysi, esse vértice representava a posição de retrusão máxima da mandíbula.
Estudando qual seria a melhor forma para registrar o arco gótico de Gysi, Kapur &
Yurkstas em 1957 observaram que o registro intraoral oferece melhores resultados
comparativamente ao registro extraoral, para a obtenção da RC, porque sua estabilidade é
maior quando o registro é feito dentro da boca.
Perceba que esta técnica nos fornece, no vértice do arco gótico, a posição retrusiva. O
arco gótico é desenhado com ação muscular do paciente apenas, sem qualquer tipo de
manipulação. Conhecendo a posição retrusiva e sabendo (através de estudos realizados) a
distância entre a posição retrusiva e a RC, fica fácil identificá-la.
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RELAÇÃO MAXILOMANDIBULAR
TÉCNICAS DE OBTENÇÃO
COMO OBTER A RC?
Prof. Dr. Geraldo Klébis de Barros
Que técnica utilizar?
Segundo Sanches (2006) “Muitos métodos têm sido propostos para a determinação da
RC, porém estas técnicas ficam sujeitas a falhas tanto por parte dos operadores como dos
pacientes e cientificamente não tem sido mostrado método mais válido que outro.”
Fernanda Paixão (2006), trata da Avaliação da reprodutibilidade de duas técnicas
utilizadas para determinação e registro da relação cêntrica em pacientes Classe I de Angle
(Manipulação Bilateral descrita por Dawson em 1973 e a do traçado do Arco Gótico com
auxílio do registro intraoral descrita por Gysi em 1910). As técnicas apresentaram diferentes
graus de variabilidade, verificando-se que a técnica do traçado do Arco Gótico (AG)
apresentou reprodutibilidade superior à da Manipulação Bilateral (MB).
Ramos (2003), comparando a técnica da Manipulação Bilateral com a do traçado do
Arco Gótico, verificou que esta última foi a única que possibilitou, a partir dela, a
determinação da oclusão cêntrica (OC).
Estes estudos mostram que a reprodutibilidade da técnica do registro intraoral é maior
que das demais técnicas. Pudera, pois na técnica do registro intraoral é a musculatura do
paciente quem traça o arco gótico, sem interferência do profissional. Se o registro for feito
mais de uma vez, é bem possível que sejam idênticos, ou quase.
Já uma manipulação, se for repetida pelo mesmo ou por diferentes profissionais,
dificilmente terá o mesmo resultado.
Outra grande vantagem da utilização do registro intraoral é que a partir dele
conseguimos determinar a RC e consequentemente a OC, que é a posição que buscamos
para nossas reabilitações.
Não preciso nem dizer que técnica utilizo, não é mesmo? E os resultados são muito
bons. A confiança que a técnica nos dá é muito grande e quando se aprende a utilizar o
registro intraoral ele nos mostra ainda mais do que a relação maxilomandibular. Mas isso
também é assunto pra outra oportunidade.
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RELAÇÃO MAXILOMANDIBULAR
TÉCNICAS DE OBTENÇÃO
COMO OBTER A RC?
Prof. Dr. Geraldo Klébis de Barros
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•Conceitos;
•Estática X Dinâmica;
•Técnicas de obtenção.
Prof. Dr. Geraldo Klébis de Barros
RELAÇÃO MAXILOMANDIBULAR
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