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Relatividade Restrita Adaptação do curso de Sandro Fonseca de Souza para o curso de Física Geral

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Relatividade Restrita

Adaptação do curso de Sandro Fonseca de Souza para o curso de Física Geral

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...na Mecânica Clássica (Transformações de Galileu)

As leis básicas da Mecânica assumem sua forma mais simples nos referenciais inerciais.

Se o referencial (S’) se move em relação a (S) com velocidade constante V e as origens O e O’ dos dois referenciais coincidem no instante t = t’ = 0, a relação entre as coordenadas (x,y,z,t) e (x’,y’,z’,t’) são dadas por:

Vtxx 'yy 'zz 'tt '

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...na Mecânica Clássica (Transformações de Galileu)

• Das quais decorre a lei de composição de velocidades:

onde v e v’ são velocidades relativas a (S) e (S’), respectivamente. Vvv '

• Decorre também a igualdade das acelerações:

'

''dt

dvaa

dt

dv

''' amFmaF onde )'( mm

e a lei básica da dinâmica não se altera.

• Como a transformação de Galileu não afeta as distâncias entre partículas nem a massa, também não afeta uma força F que só dependa dessas distâncias (como a gravitação), de modo que

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...na Mecânica Clássica

Princípio de Relatividade da Mecânica (Galileu): É impossível detectar um movimento retilíneo uniforme de um referencial em relação a outro qualquer por qualquer efeito sobre as leis da dinâmica. (experiências feitas sob convés de um navio, com as escotilhas fechadas, que seriam incapazes de distinguir se o navio estaria ancorado ou em MRU).

Esse princípio deixa de valer para referenciais não inerciais: aparecem efeitos detectáveis sobre as leis da mecânica através das forças de inércia.

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...na Mecânica Clássica

Se procurarmos estender a Eletrodinâmica deparamo-nos imediatamente com um problema: decorre das leis da eletrodinâmica que a luz se propaga, no vácuo, com velocidade c. Admitindo que isso vale num dado referencial inercial, e que valem as leis da Mecânica Clássica, o resultado não poderia valer num outro referencial inercial em MRU em relação ao primeiro com velocidade V, pela lei de composição de velocidades de Galileu, seria:

e (e c’ variaria com a direção de propagação), contradizendo o princípio de relatividade no caso da Eletrodinâmica.

A validade das equações de Maxwell estaria restrita então a um referencial inercial privilegiado, onde a velocidade da luz é c em todas as direções.

Vcc '

cc '

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...o experimento de Michelson e Morley

Deveria ser possível detectar um MRU em relação ao éter usando a lei de Galileu de composição de velocidades, a velocidade da luz num referencial em movimento relativo ao éter deveria ser diferente em direções diferentes.

Numa sér ie de exper iênc ias realizadas entre 1881 e 1887, Michelson e Morley procuraram detectar esses desvios (muito pequenos) usando o interferômetro de Michelson.

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...o experimento de Michelson e Morley

A experiência foi repetida muitas vezes, com diferentes orientações da montagem. Chegando-se à conclusão que a velocidade da luz é constante e que a hipótese de um éter estacionário estava incorreta.

Assim o princípio da relatividade aplica-se a todas as leis físicas, e as equações de Maxwell são corretas e nesse caso a mecânica newtoniana e as transformações de Galileu não podem estar corretas.

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...Postulados:

Esses dois princípios, porém, são incompatíveis com a mecânica newtoniana tornando necessário modificá-la. As modificações necessárias, tomando (1) e (2) como pontos de partida, foram propostas por Albert Einstein em 1905.

(1) As leis físicas são as mesmas em todos os referenciais inerciais.

(2) A velocidade da luz no vácuo, c, é a mesma em todas as direções e em todos os referenciais inerciais, e é independente do movimento dafonte.

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...Simultaneidade “Se um evento 1 ocorre em P1 no instante t1, sendo marcado pela emissão de um

sinal luminoso que parte de P1 nesse instante, e o mesmo vale para P2 em t2 (evento 2), dizemos que estes dois eventos são simultâneos (t1=t2) quanto o ponto de encontro dos dois sinais luminosos é o ponto médio do segmento P1P2.” (Definição de simultaneidade segundo Einstein)

Essa definição implica imediatamente que a simultaneidade de eventos distantes não tem caráter absoluto: dois eventos simultâneos num particular referencial S podem não ser simultâneos noutro referencial inercial S’ que se move em relação a S com MRU.

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...Transformação de Lorentz

Para encontrar a transformação que substituísse a de Galileu, era conveniente ter uma imagem bastante concreta de um referencial onde se emprega a definição de Einstein de simultaneidade.

A transformação (x,y,z,t) (x’,y’,z’,t’) tinha de satisfazer as seguintes condições:

(i) Um MRU em relação a (S) também deve ser MRU em (S’).

(ii) Para V= 0 (V é a velocidade de S’ em relação a S), a transformação deve reduzir-se a identidade.

(iii) Se um sinal luminoso é enviado de O=O’ em t= t’ =0, a sua frente de onda deve propagar-se com velocidade c em ambos os referenciais de modo que:

E essa é uma transformação necessariamente linear.

0''''0 2222222222 tczyxtczyx

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...Transformação de Lorentz

Velocidades baixas: (vale a mecânica clássica) v → c: dominam os efeitos relativísticos

Transformação inversa obtém-se substituindo v → -v, logo (S) se move em relação a (S’) com velocidade (-v).

'

'

''

''

2

zz

yy

xc

vtt

Vtxx

zz

yy

xc

vtt

Vtxx

'

'

'

'

2

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... Efeitos cinemáticos da TL: 1) Dilatação do tempo:

Por Pitágoras chega-se que

onde

que é o fator de Lorentz. O tempo não é mais absoluto depende do referencial!!!

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... Efeitos cinemáticos da TL:2) Contração do Espaço:

No referencial da barra:

No referencial onde a barra se move com velocidade “v”

Medindo o comprimento de uma barra com um feixe de luz:

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... Efeitos cinemáticos da TL:2) Regra de adição de velocidades:

Regra de Galileu:

Regra de soma de velocidade de Einstein:

Se :

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Definição de tempo próprioe comprimento próprio Grandeza (tempo, espaço) referente a um evento que ocorre em um referencial,

medido por um observador no mesmo referencial:

Exemplo: o tempo de viagem de um passageiro em uma nave, medido por ele mesmo; a distância de uma estrela à Terra, medida por um observador na Terra;

medidos nas mesmascoordenadas espaciais (mesmoreferencial que o observador)

medidos em um referencial que semove com velocidade v em relação

observador

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Aplicações

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Questão:Uma pessoa está de pé ao lado dos trilhos de uma estrada de ferro quando é surpreendida pela passagem de um trem relativístico. No interior de um dos vagões, um passageiro dispara um pulso de laser em direção à parte traseira do vagão:(a) A velocidade do pulso medida pela pessoa que está do lado de fora do trem é maior, menor, ou igual à velocidade medida pelo passageiro?

(b) O tempo que o pulso leva para chegar à extremidade posterior do vagão, medido pelo passageiro, é o tempo próprio?

(c) A relação entre o tempo medido pelo passageiro e o tempo medido pela pessoa que está do lado de fora é dada por

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Verificação

(a) lembrem-se do 2o. Postulado:

“A velocidade da luz no vácuo tem o mesmo valor “c” em todas das direções e em todos os referenciais inerciais.” Portanto as velocidades são todas iguais.

(b) Sim, pois os 2 eventos (a propagação do feixe de luz e a medida do tempo) acontecem nas mesmas coordenadas espaciais, portanto, o tempo medido pelo passageiro dentro do trem é o tempo próprio.

(c) Sim, pois o tempo próprio, medido pelo passageiro ( ) é transformado para o referencial da pessoa na plataforma segundo a transformação de Lorentz dada.

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Exercícios e Problemas

O tempo médio de vida de múons estacionários é de 2,2 s. O tempo médio de vida dos múons de alta velocidade produzidos pelos raios cósmicos é de 16 s no referencial da Terra. Determine a velocidade em relação à Terra dos múons produzidos pelos raios cósmicos.

Tempo próprio*

* vida média de uma partícula é uma propriedade da mesma, é sempre medida em seu próprio referencial, portanto, vida média é sempre dado como o tempo próprio da mesma.

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Solução:Da transformação de Lorentz para o tempo:

Ou seja:

Então:

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Exercícios e Problemas

(a) Uma pessoa seria capaz, em princípio, de viajar da Terra até o centro da galáxia (que está a cerca de 23000 anos-luz de distância) em um tempo de vida normal? Explique por quê, levando em conta a dilatação dos tempos ou a contração das distâncias.(b) Com que velocidade constante a pessoa teria que viajar para fazer a viagem em 30 anos (tempo próprio)?

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Exercícios e Problemas(a) No referencial da Terra, é impossível tal viagem, já que o limite de velocidadeé “c”, o tempo no referencial da Terra seria 23.000 anos caso a nave consiga viajara uma velocidade muito próxima à velocidade da luz. No referencial da nave, otempo sofrerá os efeitos relativísticos conforme a transformada de Lorentz.

(b) Considerando que a distância até o centro da galáxia seja 23.000anos-luz, medido no referencial da Terra, então esta é a distância própria no referencialda Terra:Deve-se calcular o tempo da viagem medido pelo astronauta, então este será o tempo próprio no referencial do astronauta:Evidentemente, a velocidade da nave será medida em relação à Terra, pois no referencial da própria nave, que se move junto com a mesma, a velocidade é nula.

Então: Este tempo é medido no referencial da Terra.

Como, pela relação da dilatação do tempo:

ou seja: . Logo:

Obs.: e não são medidos no mesmo referencial. Elas são as medidas “próprias” em seusrespectivos referenciais.

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Exercícios e Problemas

Um astronauta parte da Terra e viaja com uma velocidade de 0,99c em direção a estrela Vega, que está a 26 anos-luz de distância. Quanto tempo terá passado, de acordo com os relógios da Terra(a) quando o astronauta chegar a Vega e(b) quando os observadores terrestres receberem a notícia de que o astronauta chegou a Vega?(c) Qual é a diferença entre o tempo de viagem de acordo com os relógios da Terra e o tempo de viagem de acordo com o relógio de bordo?

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Exercícios e Problemas

(a) No mesmo referencial inercial:

(b) Supondo que seja enviado um sinal de rádio, este viaja a c de volta:

(c) Temos que calcular o tempo próprio, ou seja, o tempo de viagem medido na nave: