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RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UMA UNIDADE DIDÁTICA DE QUÍMICA ORGÂNICA
Autor: Profª Eliane Dias Moreira 1,
Orientadora: Profª Mª Tathiane Milaré 2
Resumo
A Química Orgânica tem grande importância na síntese de novos produtos e materiais, e está diretamente ligada ao desenvolvimento da indústria farmacêutica, alimentícia e em indústria em geral. No entanto, muitas vezes seu ensino é fragmentado e privilegia apenas o estudo da nomenclatura e classificação dos compostos orgânicos. Como forma de evitar este ensino tradicional, o presente trabalho apresenta uma unidade didática com o uso de recursos multimídias, na abordagem dos conteúdos de Química Orgânica de modo contextualizado, visando à ampliação das associações entre teoria e prática, proporcionando interatividade aluno-conteúdo. Para tanto, o tema abordado foi Plantas medicinais. As atividades foram desenvolvidas com alunos do 3°ano de Ensino Médio que se mostraram interessados e participativos. A análise das respostas dos alunos às atividades indicou que houve uma evolução em seu desempenho. Palavras-Chave: ensino de química orgânica; multimídias; contextualização; plantas medicinais.
1. Introdução
1 Especialista em Psicopedagogia (UNIBEM) , Licenciada em Física(UEPG), Professora de Química no Colégio
Estadual General Osório .
2 Doutoranda em Ensino de Química (USP), Mestre em Educação Científica e Tecnológica (UFSC), Licenciada em
Química (Unesp), Docente do Departamento de Química da Universidade Estadual de Ponta Grossa.
As discussões envolvendo o Ensino de Química não são recentes,
ocorrendo também no Estado do Paraná, e, de modo geral, buscam modos de
ensinar Química que não privilegiem tanto a memorização, tornando a Química
menos abstrata e mais próxima da vivência diária de nossos alunos. Conforme as
Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica do Estado do Paraná
(DCE) da disciplina de Química,
[...] embora alguns professores ainda concebam sua prática de sala de aula alijada da teoria, há um movimento por parte dos pesquisadores educacionais para estabelecer vínculos entre a história, os saberes, a metodologia, e ainda, a avaliação para a educação em Química, delineando novas perspectivas e tendências para o ensino dessa ciência (PARANÁ, 2008, p.16).
Os conhecimentos prévios dos alunos devem ser considerados pelo
professor, de forma a contribuir significativamente para a construção do
conhecimento químico. A problematização dos conhecimentos que os alunos trazem
para a sala de aula pode ser um estímulo para o aprofundamento dos estudos.
A Química Orgânica tem grande importância na síntese de novos produtos e
materiais, está diretamente ligada ao desenvolvimento da indústria farmacêutica,
alimentícia, entre outras. Pode-se perceber que o estudo deste conteúdo está
diretamente relacionado ao dia a dia dos alunos, entretanto, pelas dificuldades de
alguns professores em relacionar temas com o cotidiano do aluno ou até mesmo por
influência dos livros didáticos, acaba-se privilegiando apenas o estudo de
nomenclatura e classificação dos compostos orgânicos (PARANÁ, 2008).
Em contrapartida, o uso de novas Tecnologias de Informação e
Comunicação (TICs) no Ensino de Química pode auxiliar na renovação da prática
pedagógica, através de novas metodologias de ensino que despertam o interesse
dos alunos. O trabalho com multimídias pode ser uma alternativa para aproximar e
estabelecer vínculos entre o saber comum do estudante e o saber construído nas
aulas de Química, criando um ambiente diferente da sala de aula tradicional,
podendo auxiliar os alunos a relacionar diferentes representações e linguagens a um
mesmo conceito ou assunto estudado, levando-o a encontrar um campo aberto para
novas descobertas e desenvolvendo assim um aprendizado mais prazeroso,
espontâneo e criativo.
Diante disso, este trabalho tem como objetivo descrever e discutir uma
unidade didática desenvolvida em uma turma do 3º ano do Ensino Médio, em que se
buscou contextualizar o conteúdo de funções orgânicas na disciplina de Química,
fazendo uso das multimídias como recurso didático.
A unidade didática teve como temática as “Plantas Medicinais”, visto que são
fontes naturais de fármacos, possuem composição química variável, além de fazer
parte do cotidiano do aluno, pois muitas plantas são usadas pela população como
remédios caseiros, na forma de chás.
2. Caminhos Percorridos
Inicialmente, foram planejadas 15 aulas de Química Orgânica sobre o tema
“Plantas Medicinais”, com o objetivo trabalhar o conteúdo de Funções Orgânicas de
forma contextualizada, fazendo uso das multimídias como recurso didático. As
atividades foram desenvolvidas em uma turma do 3º ano do Ensino Médio no
período noturno. A turma era composta por 33 alunos, a maioria moradora da zona
rural de Ponta Grossa, PR, que se mostrou interessada no tema.
Na maior parte das aulas, os alunos realizaram atividades diversas que
serão apresentadas e discutidas a seguir. A cada aula, os alunos responderam
questões que foram analisadas com o intuito de verificar o aprendizado e a validade
da unidade didática desenvolvida. A análise consistiu na leitura das respostas e
posterior classificação em categorias elaboradas a posteriori – quando houve o
agrupamento de respostas semelhantes - ou a priori – quando as respostas dos
alunos foram enquadradas em categorias pré-estabelecidas como, por exemplo,
resposta Adequada, Insuficiente, etc -, dependendo das questões. Também foram
determinadas as frequências de cada categoria ou resposta, em porcentagem. Para
as atividades 1 e 2, foram consideradas as respostas de 27 alunos, que participaram
de ambas atividades. Foram desconsideradas as respostas dos alunos que faltaram
em uma ou outra atividade.
No Quadro 1, são apresentados o número de aulas, os conteúdos
abordados, as atividades realizadas, os objetivos e os recursos utilizados.
Aula Conteúdos Atividades Objetivos Recursos
1 e 2
Concepções dos alunos
sobre Química Orgânica
1. Questionário e discussão?
Conhecer as concepções dos alunos a respeito da Química
Orgânica e da relevância do seu estudo.
Papel e caneta
3 Química Orgânica; o carbono e
suas propriedades.
2. Discussão sobre a Química
Orgânica a partir do vídeo
Utilizar texto e vídeo sobre definição e importância da
Química Orgânica para introduzir o estudo o carbono e suas principais propriedades.
Texto e vídeo/Tv Pendrive
4 Produtos Orgânicos e
Não Orgânicos.
3. Discussão sobre produtos
orgânicos a partir do vídeo.
Distinguir, usando o vídeo como material didático, os produtos
orgânicos e não orgânicos, bem como seus meios de produção.
Vídeo/TV Pendrive
5 e 6 Alimento Orgânico e
Lixo Orgânico.
4. Pesquisa do termo orgânico.
Pesquisar, utilizando a internet, os alimentos e o lixo ditos orgânicos e as diferentes
representações das estruturas orgânicas.
Computador/ internet
7 Plantas medicinais
mais usadas.
5. Questionário. Avaliar o grau de conhecimento e envolvimento dos alunos com
o tema plantas medicinais.
Papel e caneta
8 e 9 Tipos de Plantas
medicinais.
6. Estudar as plantas
medicinais a partir de um texto e da webquest.
Conhecer sobre plantas medicinais, utilizando o texto e a
atividade webquest.
Computador/ internet
10 Uso adequado
das Plantas medicinais.
7. Discussões sobre uso
plantas medicinais a
partir do conteúdo do
vídeo.
Demonstrar, utilizando o vídeo como recurso didático, os
cuidados com o uso de plantas medicinais.
Vídeo/TV Pendrive
11 a 14
Grupos de Plantas Medicinais, funções orgânicas.
8. Pesquisa na internet.
Pesquisar, usando a internet, os grupos de plantas medicinais, o princípio ativo de cada grupo e
as funções orgânicas presentes.
Computador/ internet
15 Funções orgânicas, grupos funcionais.
9. Avaliação individual e sem
consulta.
Avaliar a aprendizagem dos alunos.
Papel e caneta
Quadro 1: Atividades desenvolvidas durante a unidade de ensino.
3. A unidade didática: Plantas Medicinais e Recursos Multimídias
3.1. Início das atividades: conhecendo os alunos e suas relações com a
internet
Para conhecermos quais as condições de acesso dos alunos ao computador
e à internet, foi aplicado um questionário contendo 08 questões acerca dos hábitos
de uso de computadores e internet. Dos 33 alunos da turma, 25 (76%) responderam
que tinham acesso ao computador e 08 (24%) responderam que não. Em relação ao
local de acesso, 06 alunos responderam que utilizavam o computador somente em
casa, 05 somente em lan house, 02 somente no trabalho, 05 somente na escola, 07
alunos responderam que utilizam o computador em mais de um local e 02
assinalaram outros locais como, por exemplo, cursos e casa de amigos.
Dezesseis alunos responderam que acessam a internet, enquanto que
dezessete responderam que não. Nota-se que, apesar da aparente acessibilidade
ao computador, o mesmo não ocorre com a conexão à rede. Indagados sobre a
frequência dos acessos, apenas 03 alunos indicaram que acessam a internet
diariamente, 10 alunos semanalmente e 03 indicaram acessar a internet
esporadicamente.
Entre os alunos que acessam a internet, todos indicaram que a utilizam para
estudar, tirar dúvidas ou saber mais sobre determinado assunto. Em relação às
páginas eletrônicas utilizadas para isso, 10 citaram o “Google”, 01 a “Wikipédia”, 01
“4sharead” e 02 “Telecurso”, “escola.com” e sites com conteúdos de matemática.
Segundo as respostas obtidas nesse questionário, nenhum aluno conhece páginas
eletrônicas sobre Química. No entanto, quando questionados sobre o computador
ajudar no estudo da Química, não houve respostas negativas, 31 alunos
responderam que sim e 02 talvez.
Os dados obtidos através desse questionário indicam que a grande maioria
dos estudantes utiliza o computador e a internet. Deste modo, pôde-se supor que
eles possuíam certa familiaridade com estes recursos.
Observando as respostas dos alunos desta turma, mesmo sem ter acesso
ao computador, todos são unânimes sobre a importância deste na sua
aprendizagem. A internet traz uma variedade muito grande de informações. Escolher
bem suas fontes para pesquisa é de fundamental importância. Aqui, vale ressaltar o
papel do professor para bem orientá-los durante as pesquisa na Internet, buscando
materiais mais significativos para que aprendam a diferenciar informações
relevantes de informações obtidas em textos ou sites sem referência, ajudando o
aluno a encontrar uma lógica dentro do caos de informações da rede. Ensinar a
pesquisar na rede ajuda muito os alunos na realização de atividades virtuais,
contribuindo para que depois se sintam mais seguros na pesquisa individual e grupal
(MORAN, 2004). Nesse sentido, as atividades propostas aos alunos foram
planejadas com o intuito de que o uso do computador e da internet fosse orientado,
com objetivos claros relacionados à aprendizagem.
Após esse (re)conhecimento inicial dos alunos e de suas relações com o
computador e internet, as atividades foram desenvolvidas conforme explicitado a
seguir.
3.2. Atividade 1: Questionário Inicial
Com o objetivo de conhecer as concepções iniciais dos alunos a respeito da
Química Orgânica e sua relevância para os estudos, um questinário foi entregue aos
alunos para ser respondido individualmente durante a aula. Neste momento,
ressaltou-se que o questionário se tratava de uma forma de avaliar o trabalho do
professor e, também, os conhecimentos dos próprios alunos. As questões
abordadas não se referiam a um conteúdo específico previamente estudado, mas
seria uma maneira interessante dos alunos fazerem uma autoavaliação de sua
aprendizagem ao terminar seus estudos. Estes esclarecimentos foram importantes
para aliviar as preocupações dos alunos na realização desta primeira atividade em
relação a acertos e notas. Após o questionário, as respostas (apresentadas a seguir)
foram socializadas e discutidas com o grupo.
Na primeira questão, Para você, o que é Química Orgânica?, as respostas
foram analisadas como Elaboradas (02), Adequadas (10), Ingênuas (10),
Insatisfatórias (04) e 1 não soube responder.
0123456789
101112131415
elaboradas
adequadas
ingênuas
insatisfatórias
não responderam
Gráfico 1: Respostas dadas pelos alunos à questão: Para você, o que é Química
Orgânica?
Na categoria “elaboradas”, foram incluídas respostas aceitas como corretas
e que foram complementadas com exemplos ou explicações. Como exemplo tem-se
a resposta de um dos alunos que escreveu que “a Química orgânica estuda os
compostos formados por carbonos, suas cadeias as funções álcool, aldeídos,
cetonas, etc.” (Aluno 1). Nas “adequadas”, foram consideradas as respostas
corretas, mas sem uma explicação mais profunda, como: “estuda o carbono, as
ligações simples, duplas e triplas, as substâncias orgânicas” (Aluno 6). Na categoria
“ingênuas”, foram enquadradas as respostas que apenas citaram exemplos, como
as seguintes respostas: “alimentos e lixo orgânico”, “a natureza”, “coisas de utilidade
para a sociedade”, e “a reciclagem”. Nas respostas “insatisfatórias” foram
consideradas aquelas que não respondiam, de forma alguma, à questão, como, por
exemplo, referências ao estudo de organismos e estudo dos gases.
Nas respostas apresentadas pelos alunos, 52% que corresponde às
categorias ingênuas e insatisfatórias relacionaram a Química Orgânica a compostos
que são saudáveis, úteis ou recicláveis. Uma das razões para o resultado obtido
pode ser o estudo formal de Química Orgânica, que pode ter sido pouco significativo
para os alunos, a outra é que os alunos, mesmo ao assimilarem conceitos e
representações do modo pretendido nas aulas,quando se encontram diante de uma
problema que tenham que explicar tendem a considerar relevantes as idéias
intuitivas próprias e não o que lhes foi ensinadas (ROSA e SCHNETZLER, 1998).
Na segunda questão, A Química Orgânica é uma química diferente da
química que você já estudou? Por quê?, 28 alunos responderam que sim e
apenas 04 responderam que não.
85%
15%
sim
não
Gráfico 2: Respostas dadas pelos alunos para a questão: A Química
Orgânica é uma química diferente da química que você já estudou? Por quê?
Nas respostas afirmativas, as justificativas dadas foram que a Química
orgânica estuda nomenclaturas, estuda coisas relacionadas à natureza, é uma
química mais teórica enquanto que “nas outras químicas” havia mais cálculos. Nas
respostas negativas, a justificativa dada pelos alunos foi que faz parte do conteúdo
de química e também tem elementos como o carbono, oxigênio e hidrogênio.
Para os 15% de alunos que responderam sim, os conteúdos estudados a
cada ano são isolados, e não fazem parte de um todo que é a Química como
Ciência. Os 85% que responderam não, conseguem ver a Química Orgânica como
uma parte da Química, mesmo que não consigam explicar facilmente a diferença.
Esta situação também é um reflexo do modo como os conteúdos são trabalhados
pelo professor, a cada ano, de forma estanque.
A terceira questão foi: Como você pode relacionar a Química Orgânica
com seu dia a dia? Explique. Da mesma maneira que na primeira questão, as
respostas foram analisadas como Elaboradas (01), Adequadas (09), Ingênuas (08),
Insatisfatórias (07) e 01 aluno não soube responder.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9Elaboradas
Adequadas
Ingênuas
Insatisfatórias
Não souberamresponder
Gráfico 3: Respostas dadas pelos alunos à questão: Como você pode relacionar a Química Orgânica com seu dia a dia? Explique.
Na categoria “elaboradas”, foram consideradas respostas que citaram a
presença dos compostos orgânicos em mais de grupo de substâncias, como, por
exemplo, a resposta do Aluno 1 que citou os alimentos, medicamentos,
combustíveis, composição dos objetos e em nosso corpo como o hormônio
Adrenalina. Na categoria “adequada”, foram incluídas respostas aceitas como
corretas e que citaram apenas algumas substâncias estudadas formalmente, como o
álcool e acetona. Na categoria “ingênuas”, foram incluídas as respostas que
relacionaram a Química Orgânica com os alimentos e lixo orgânicos, produtos
saudáveis e os seres vivos. Na categoria “insatisfatórias” foram incluídas as
respostas que não explicavam ou exemplificavam nenhum composto orgânico,
como, por exemplo, “são compostos químicos que estão no nosso dia a dia”.
A quarta questão foi: “Como é possível distinguir substâncias
inorgânicas das orgânicas?”. Nas respostas, 04 alunos relacionaram a presença
do carbono como indicativo da diferença, 03 alunos colocaram que é através de
suas fórmulas, funções, mas sem citar nenhum elemento especificamente. Os
demais alunos relacionaram as substâncias orgânicas com o que é saudável, faz
bem ao meio ambiente, é possível reciclar. Como exemplo, a resposta do aluno 22
foi: “Inorgânicas é o que não é bom e orgânico é que faz bem”.
Na quinta questão, “O termo Orgânico(a) tem o mesmo significado nas
expressões “Química Orgânica”; “Alimentos orgânicos” e “Lixo Orgânico”?
Justifique.”, 22 alunos responderam sim, 09 não e 02 alunos não souberam
responder.
64%
29%
7%
sim
não
Não souberamresponder
Gráfico 4: Respostas dos alunos à questão: “O termo Orgânico(a) tem o mesmo
significado nas expressões “Química Orgânica”; “Alimentos orgânicos” e “Lixo Orgânico”? Justifique.”
Como exemplo de justificativa às respostas afirmativas tem-se que a
Química Orgânica “trata de coisas que provém da natureza e se que deteriora com o
tempo” (Aluno 12) e que “os alimentos e o lixo orgânicos usam conceitos e
aplicações de Química Orgânica” (Aluno 03). Entre as respostas negativas, o Aluno
18 citou que a “Química Orgânica estuda os compostos formados de carbono
enquanto que os alimentos orgânicos são os que não contêm agrotóxicos e que os
lixos orgânicos são resíduos orgânicos do dia a dia”.
Na sexta questão Para você, é importante estudar Química Orgânica?
Por quê? Todas as respostas foram afirmativas. O Quadro 2 apresenta as
principais respostas obtidas e sua frequência.
Exemplo de resposta Frequência
... porque são substâncias presentes no dia a dia. 37%
... porque é importante conhecer os materiais orgânicos e inorgânicos.
18%
... porque tudo relacionado a química é importante, aumenta nossos conhecimentos.
14%
... porque preserva o ambiente. 04%
... ajuda a conhecer a natureza, as plantas. 7,5%
... seus estudos beneficiarão o mundo. 04%
... nos faz conhecer os nomes e os efeitos das substâncias orgânicas.
04%
... para conhecer e utilizar corretamente os compostos, cadeias e soluções que estão em nós e nos utensílios.
04%
... não souberam justificar. 7,5% Quadro 2: Exemplos de respostas à questão: Para você, é importante
estudar Química Orgânica? Por quê?
Nesta primeira atividade, os alunos mostraram-se apreensivos, inicialmente,
preocupados com o que se respondiam estava certo ou errado, estavam sempre
querendo consultar o caderno, o livro ou o colega e até mesmo querendo ajuda do
professor, demonstrando muita insegurança. Após, serem esclarecidos dos
objetivos, se acalmaram e colaboraram. Durante toda a atividade, a professora foi
solicitada para esclarecer dúvidas e comentar as respostas.
As questões desta atividade tinham como objetivo verificar se os alunos, em
vias de terminar o ensino médio, aprenderam alguns conceitos químicos
importantes. No entanto, 60% dos alunos deram respostas consideradas como
“ingênuas” e “insatisfatórias”, relacionando a Química Orgânica com alimento e lixo
orgânico. Somente 30% dos alunos conseguiram identificar compostos orgânicos no
dia a dia. Sobre o termo “Orgânico, 64% responderam que tem o mesmo sentido
quando aplicado aos alimentos e ao lixo. 74% dos alunos responderam que
inorgânicos são substâncias que não podem se decompor ou não são saudáveis.
Todos afirmaram que é importante estudar Química Orgânica.
Observando as respostas destes alunos percebe-se que em todos estes
anos de estudos, mais da metade dos alunos não tem claros alguns conceitos
básicos de Química e responderam às questões como faria uma pessoa que não
teve contato com a disciplina de Química, baseando-se mais no senso comum que
em seus conhecimentos escolares (ROSA e SCHNETZLER, 1998).
3.3. Atividade 2: A Química Orgânica e sua importância
Utilizando um texto sobre a importância da Química Orgânica3 e do vídeo
intitulado “Aí tem Química”4, foi discutido com os alunos qual seria a definição de
Química Orgânica e sua importância na vida diária, o carbono, suas ligações e
propriedades. Após essas atividades, os alunos retomaram a discussão sobre as
questões da Atividade 1, analisando suas respostas e, em seguida, responderam
novamente, conforme apresentado a seguir.
Ao rever suas respostas os alunos fazem uma autoavaliação, o que é
importante, pois eles também são responsáveis pelo o que aprendem e pela
qualidade com que aprendem.
A primeira questão da Atividade 1 foi retomada (Para você, o que é
Química Orgânica?). Da mesma maneira realizada na análise dos dados obtidos
anteriormente, as respostas dadas a esta questão foram classificadas como
Elaboradas (02), Adequadas (21), Ingênuas (04) e Insatisfatórias (0).
3 Química Orgânica: Introdução. QI Educação. Disponível em: <http://www.qieducacao.com/2011/05/quimica-
organica-introducao.html>.
4 Aí tem Química. Produção da PUC-RJ. Disponível em: <http://web.ccead.puc-
rio.br/condigital/video/ai%20tem%20quimica/quimica%20organica/quimica%20do%20carbono/video%20para
%20web/video.html>.
0
5
10
15
20
25
atividade 2
Elaboradas
Adequadas
Ingênuas
Insatisfatórias
Não responderam
Gráfico 5: Respostas dadas pelos alunos na Atividade 2 à questão: Para você Para
você, o que é Química Orgânica?
Na categoria “elaboradas”, como exemplo tem-se a resposta “A Química
orgânica estuda os compostos formados por carbonos, presentes nos sabões,
detergentes, combustíveis como a gasolina e o álcool, corantes e polímeros” (Aluno
3). Na categoria “adequadas”, foram aceitas as respostas corretas, mas sem uma
explicação mais profunda, como: “estuda os compostos formados de carbono”
(Aluno14). Na categoria “ingênuas”, foram enquadradas as respostas que apenas
citaram exemplos, como as seguintes respostas: “alimentos que depois viram lixo
orgânico”, “o ambiente”, “ componente essencial a vida humana (DNA)”, e
“organismos vivos e suas propriedades”. Não houve respostas que pudessem ser
incluídas na categoria das respostas insatisfatórias.
A segunda questão respondida pelos alunos foi: “Como você explica as
propriedades de tetravalência e encadeamento do carbono?”. Dezessete alunos
responderam corretamente que “o carbono sempre faz 4 ligações”; 02 alunos
responderam que o carbono faz 3 ligações, 07 alunos responderam que são
ligações do carbono, um respondeu que é importante para a nomenclatura dos
compostos e 02 alunos não responderam. Sobre a propriedade de encadeamento,
08 alunos responderam que é o carbono se ligando a outros carbonos numa cadeia
de carbonos, 19 alunos não fizeram referência ao encadeamento nas suas
respostas e 02 alunos não responderam.
Durante as discussões sobre as questões, muitos alunos revelaram que se
esqueceram de responder sobre o encadeamento. O mesmo acontece em
atividades onde é solicitado, por exemplo, a fórmula estrutural e o nome de uma
determinada substância, muitos somente fazem a estrutura e se esquecem dos
demais itens solicitados. Os alunos, ao realizar uma atividade, geralmente o fazem
com pressa, sem ler atentamente os enunciados, querem terminar o mais rápido
possível. Na sala de aula é bem comum o professor escutar “o que é pra fazer aqui”
ou “não entendi essa questão” e muitas vezes apenas uma leitura por parte do
professor resolve.
Na terceira questão, Quais tipos de ligações, o carbono pode fazer?, a
maioria dos alunos (22) respondeu que as ligações do carbono podem ser simples,
duplas e triplas; 03 alunos responderam que as ligações podem ser simples ou
compostas; 01 respondeu que são ligações com o oxigênio e com o hidrogênio e 01
respondeu que são “várias, todas”.
Na quarta questão, A Química Orgânica é uma química diferente da
química que você já estudou? Por quê?, também presente na atividade 1, 19
alunos responderam que sim, 05 não e 04 colocaram outras respostas consideradas
incoerentes ou contraditórias. Nas justificativas das respostas negativas temos
respostas como: Química Orgânica também estuda compostos, soluções, faz parte
da Química, é um aprofundamento da Química dos outros anos. Para justificar as
respostas afirmativas tem-se que Química Orgânica baseia-se nos compostos de
carbono, está presente em quase tudo do nosso dia a dia, tem como foco o carbono,
ela é mais específica focando o carbono.
Todas as respostas para a questão “No seu dia a dia, onde a Química
Orgânica está presente?” citaram compostos orgânicos corretamente, como os
combustíveis, alimentos, vestuário, remédios, corantes, etc... Ao responderem a
essa questão na atividade1, ao alunos citaram 1 ou 2 exemplos. Na atividade 2,
todas as respostas continham de 4 a 5 compostos exemplificando a questão,
indicando que o trabalho desenvolvido permitiu aos alunos ampliarem seus
conhecimentos de alguma forma.
A sexta questão foi: “Como é possível distinguir substâncias inorgânicas
das orgânicas?”. Quinze alunos responderam que é possível fazer esta distinção
através da presença do carbono na composição dos compostos orgânicos e pela
falta deste nas inorgânicas, 02 alunos responderam que a distinção é feita
observando suas fórmulas e aplicações, 04 responderam que as substâncias
orgânicas estão presentes no nosso dia a dia e as inorgânicas não, 03 pela
decomposição das substâncias e 03 citaram outras respostas.
Da mesma forma que na Atividade 1, todos os alunos responderam ser
importante estudar química orgânica, na questão: “Para você, é importante
estudar Química Orgânica? Por quê?”. Vinte alunos responderam que é
importante, pois está presente no nosso dia, nas substâncias que nos rodeiam
predominam os compostos orgânicos, 02 responderam para passar no ENEM e
vestibular, 04 para saber coisas que não conhecem.
Foi possível perceber que os alunos demonstraram mais segurança e
estavam mais calmos ao realizar esta atividade, quando comparada à primeira, pois
não chamavam tanto a professora para perguntar. Outro ponto a destacar, foi a
qualidade das respostas. Como pode ser observado no Gráfico 6, sobre as
respostas dadas à questão Para você, o que é Química Orgânica?, o número de
respostas consideradas como adequada aumentou significativamente.
0
5
10
15
20
25
atividade1 atividade 2
Elaboradas
Adequadas
Ingênuas
Insatisfatórias
Não responderam
Gráfico 6: Comparação das respostas dos alunos à questão Para você, o que é Química Orgânica? na atividade 1 e 2.
Houve uma significativa melhora no desempenho dos alunos, estes
demonstraram um interesse maior ao realizarem as atividades propostas. Após o
uso do vídeo e do texto, as respostas insatisfatórias e que não responderam
inexistem e as respostas da categoria “adequadas” correspondeu à maioria das
respostas. Esta diferença se explica, pois o uso do vídeo promove uma variedade de
estímulos aos sentidos do aluno, diferentemente da exposição oral do professor o
que facilta aprendizagem do conteúdo apresentado pelo professor. Sobre o uso do
vídeo nas aulas, Moran comenta:
[...] O vídeo parte do concreto, do visível, do imediato, próximo, que toca todos os sentidos. Mexe com o corpo, com pele – nos toca e “tocamos" os outros, estão ao nosso alcance através dos recortes visuais, do close, do som estéreo envolvente. Pelo vídeo sentimos, experienciamos sensorialmente o outro, o mundo, nós mesmos. (MORAN, 1995, p.28)
Além disso, a quebra de ritmo provocada pela apresentação de um
audiovisual é saudável, pois altera a rotina da sala de aula e permite diversificar as
atividades ali realizadas. Portanto, o produto audiovisual pode ser utilizado como
motivador da aprendizagem e organizador do ensino na sala de aula (ARROIO,
2006).
3.4. Atividade 3: Produtos Orgânicos e Não Orgânicos
Nesta atividade, foi usado um vídeo sobre agrotóxicos5 como recurso
didático com o intuito de distinguir os produtos orgânicos e não orgânicos, seus
meios de produção bem como as vantagens e desvantagens da utilização de cada
um. Após o vídeo, houve um debate sobre o tema e os alunos responderam
algumas questões, que serão apresentadas a seguir.
Os Produtos Orgânicos estão presentes na vida das pessoas que estão
preocupadas em consumir o que é mais saudável e que não prejudique o meio
ambiente. Estes produtos ocupam, a cada dia, um espaço maior nos
5 Agrotóxicos. Disponível em:< http://www.youtube.com/watch?v=Z1YoMdxx4ww&feature=related>.
supermercados, ainda que não se possa prescindir dos produtos cultivados de forma
convencional.
O que são produtos orgânicos? Para esta questão, as respostas a seguir
foram as mais representativas dentre as apresentadas pelos alunos: “são produtos
sem agrotóxicos, produzidos de forma mais natural, são mais saudáveis” e “são os
alimentos cultivados sem nenhum tipo de veneno químico, os agrotóxicos”.
Alimentos que não são orgânicos podem ser considerados
inorgânicos? Você acha que a composição química desses alimentos é
diferente da composição dos alimentos orgânicos? Explique. Nesta questão, 27
alunos responderam que não, e 02 não souberam responder. Quanto à composição
dos alimentos ser diferente, 25 alunos responderam que não, pois o agrotóxico age
externamente, atuando somente nas pragas; 02 alunos responderam que sim,
justificando que o aspecto e o sabor do alimento é um pouco diferente e, por isso, a
sua composição deve ter sido alterada e 02 alunos responderam não sem justificar
sua resposta.
Após a discussão das questões anteriores, qual é a principal diferença
entre os produtos denominados orgânicos e os não orgânicos? A resposta mais
frequente, dada por 26 alunos, indica que os orgânicos são produzidos sem
agrotóxicos e não orgânicos tem agrotóxicos. Outras duas respostas dadas, por um
aluno cada, foram: “orgânicos são produzidos naturalmente e os não orgânicos
usam venenos químicos” e “fazem bem a saúde porque não usam agrotóxicos e os
não orgânicos não fazem bem ficam agrotóxicos”.
O vídeo mostra que, tanto os produtos orgânicos como os não
orgânicos apresentam vantagens e desvantagens. Complete o quadro. No
Quadro 3, estão reproduzidas as respostas dadas pelos alunos a esta questão, em
que deveriam preencher quais as vantagens e desvantagens de cada produto.
PRODUTO VANTAGEM DESVANTAGEM
NÃO ORGÂNICO
- o preço mais barato - a quantidade produzida e encontrada nos mercados - produtos são mais vistosos, maiores - a produção não dá tanto trabalho - precisa de menos cuidado
- não serem saudáveis - seu sabor não é tão bom - alguns alimentos têm muito resíduo de veneno - os agrotóxicos contaminam o solo e as águas - seu consumo pode causar câncer
ORGÂNICO
- mais saudáveis - mais saborosos - não tem resíduos de agrotóxicos
- sua produção é pequena - são mais caros - não são tão vistosos
Quadro3: respostas dos alunos sobre as vantagens e desvantagens dos produtos orgânicos
e não orgânicos.
Esta atividade foi bem significativa para os alunos, pois muitos deles
trabalham ou tem alguém da família que trabalha com agricultura e vendem seus
produtos na feira aos sábados. Trabalhar os conteúdos de forma contextualizada
permite o aluno possa desenvolver uma visão crítica do mundo que o cerca,
possibilitando analisar, compreender e utilizar este conhecimento em seu cotidiano,
no exercício da sua cidadania (SANTOS e SCHNETZLER, 2003).
3.5. Atividade 4: Conhecendo Compostos Orgânicos
Nesta atividade, os alunos foram divididos em pequenos grupos e
analisaram algumas embalagens de produtos usados no dia a dia (alimentos,
xampu, margarina, adoçante, álcool, acetona) observando a composição das
embalagens e do produto em si. Em seguida, no laboratório de informática,
pesquisaram a fórmula molecular e estrutural desses produtos. Ainda pesquisaram o
termo orgânico aplicado ao lixo e aos alimentos. Um exemplo dessa atividade foi
com o adoçante artificial a base de sacarina, muito utilizado por quem é diabético ou
faz dieta. As figuras 1 e 2 são exemplos das fórmulas apresentadas pelos alunos
após a pesquisa.
Embalagem: PET1
Fonte: Blog do Colégio Aplicação da UFRJ6
Composição: sacarina
Figura 2: fórmula estrutural da sacarina Fonte: Site a Graça da Química7
Muitos compostos orgânicos se diferenciam uns dos outros pela sua fórmula
estrutural, conhecer as diversas formas representar uma molécula desses
compostos, pode tornar a química mais fácil de ser compreendida pelos alunos, pois
existe toda uma linguagem específica para esta disciplina. Nesta atividade, foi
possível aos alunos relacionar os materiais do dia a dia, como a embalagem do
adoçante e a sacarina, um material macroscópico, concreto, com as suas
representações microscópicas, as fórmulas estruturais, nas suas diversas
representações (ROQUE e SILVA, 2008).
6 Disponível em: <http://quimica-cap-22abc.blogspot.com.br/2008/06/plstico-pet.html> 7 Disponível em: < http://www.agracadaquimica.com.br/index.php?&ds=1&acao=quimica/ms2&i=20&id=504>
Figura 1: fómula estrural do PET1
3.6. Atividade 5: Questionário sobre Plantas Medicinais
Com a finalidade de avaliar o grau de conhecimento e envolvimento dos
alunos com o tema “Plantas Medicinais”, foram formadas 15 duplas de alunos para
responderem algumas questões relacionadas ao uso das plantas medicinais. As
perguntas realizadas aos alunos e suas respostas serão apresentadas e discutidas a
seguir.
Na primeira pergunta, “Quando você tem algum problema de saúde, que
tipo de remédio costuma utilizar?”, uma dupla citou apenas remédios
convencionais. As outras 14 duplas responderam fazem uso frequente de remédios
caseiros, sendo a forma de chás a mais utilizada. Os chás para gripe, como chá de
alho, guaco, da folha de laranja, mel e limão e problemas estomacais, como o chá
de boldo, foram os mais citados. Se os sintomas persistem, ou sentem algo mais
grave, procuram o médico.
Com exceção de uma dupla de alunos, todos os outros responderam
afirmativamente à questão: “Você, ou alguém da sua família, já utilizou plantas
medicinais pra tratar algum problema de saúde?”. Entre as plantas utilizadas e
citadas nas respostas dos alunos estão limão, boldo, guaco, cammomila, capim
limão, hortelã, babosa, erva cidreira, losna, quebra pedra, “artimige” (Artemísia) e
maçanilha. O chá foi a forma de uso indicada em todas as respostas.
A quarta questão foi: “O que são remédios “FITOTERÁPICOS”?”. Entre as
respostas obtidas estão: remédios caseiros, remédios naturais, remédios extraídos
de plantas que ajudam o organismo a se recuperar, plantas, terapias onde são
usadas várias plantas medicinais, ervas utilizadas para tratamento em longo prazo,
remédios feitos apenas de ervas medicinais, produtos naturais. Os exemplos citados
pelos alunos foram:
Hortelã, camomila: chá para dor de barriga, principalmente em crianças
(lombrigas).
Boldo, Pau amargo, Losna: chá para dor de estômago.
Folha de chuchu, folha de abacateiro: chá para pressão alta.
Eucalipto, alho, folha de laranja, limão: chá par gripe.
Erva cidreira, Capim limão: chá calmante.
Babosa: uso direto para queimadura, queda de cabelo, auxilia na
cicatrização.
Quebra pedra: chá para problemas renais.
O uso de plantas medicinais como alternativa para tratamento de doenças,
ou o seu uso como primeira medida em algum mal estar é uma prática comum ,
especialmente das pessoas que moram a zona rural, como os alunos da turma na
qual foi feita a implementação.
De acordo com RICHETTI e ALVES FILHO (2009), quando utilizamos temas
relacionados à Ciência e à Tecnologia para os conteúdos de Química, dá-se a
oportunidade ao aluno de compreender os fenômenos químicos mais diretamente
ligados à sua vida cotidiana dando significado a estes conteúdos, estimulando uma
tomada de decisões frente aos problemas sociais relacionados à Química.
3.7. Atividade 6: Webquest
Foi realizada, com os alunos, uma leitura comentada do texto intitulado
Plantas Medicinais8 sobre a importância dessas plantas, principais grupos e seus
respectivos princípios ativos. Em seguida, no laboratório de informática, os alunos
fizeram uma webquest sobre o mesmo tema. Esta webquest9 traz a influência dos
índios e africanos no uso dessas plantas, a elaboração de um catálago com plantas
utilizadas, resolução de uma cruzadinha sobre plantas medicinais e produção de
texto do mesmo tema sugerindo alguns sites para pesquisa.
8 Plantas Medicinais. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/284-2.pdf> 9 7Webquest : Plantas Medicinais. Disponível em: <http://www.ich.pucminas.br/pged/db/wq/cb/2006-1/1-7/index.htm >.
Figura 3: Cruzadinha sobre plantas medicinais da Webquest utilizada pelos alunos Fonte: Webquest Plantas Medicinais10
Esta atividade foi realizada em duplas e os alunos ficaram bastante
envolvidos com ela, embora tivessem bastante dificuldade em utilizar o computador
para elaborar seus textos. Nesse contexto, a ajuda da professora foi solicitada
diversas vezes, principalmente para tirar dúvidas a respeito da digitação e como
salvar as imagens. Foi possível perceber que os alunos não eram acostumados a
utilizar a internet e os softwares para escreverem e formatarem textos. Diante da
acessibilidade desses alunos a essas tecnologias, como constatado em questionário
prévio às atividades, pode-se concluir que eles as utilizam para outros fins. Isso
reforça a importância de atividades como esta na escola para o desenvolvimento de
outras habilidades frente ao computador.
3.8. Atividade 7: O que é natural não faz mal?
10 Disponível em: < http://www.ich.pucminas.br/pged/db/wq/cb/2006-1/1-7/index.htm>
Para discutir os cuidados com a utilização das plantas medicinais foi
utilizado o vídeo “Bom para Quê”11 sobre o uso de plantas medicinais pra o
tratamento de doenças e a importância dos testes para seu uso. Em seguida, foi
discutido com os alunos se o que é natural não faz mal, em seguida os alunos, em
duplas, responderam à questão: Em sua opinião, o que é natural não faz mal?
Os alunos elogiaram o vídeo e citaram vários outros casos do uso das
plantas como remédios e que é comum entre eles, por serem da zona rural, a
presença do “curador” e do “benzedor”, pessoas quase sempre de mais idade que
são consultadas quando se tem algum problema de saúde. Ao responderem à
pergunta, salientaram a importância de moderação no uso de plantas como
remédios, pois mesmo sendo natural pode fazer mal e também a importância da
ciência para bem utilizar estas plantas.
3.9. Atividade 8: Pesquisa na internet
Nesta atividade os alunos foram divididos em 7 grupos e levados ao
laboratório de informática para pesquisar os grupos de plantas medicinais: o
princípio ativo de cada grupo e as funções orgânicas presentes.
Esta atividade foi bastante trabalhosa, os óleos essenciais e alcalóides,
foram bastante fáceis de encontrar. As funções orgânicas foram facilmente
identificáveis. As saponinas, cumarinas e mucilagem foram as mais difíceis, as
plantas destes grupos não são tão comuns. Cada grupo fez de 4 a 5 slides sobre
seu grupo de planta e apresentou à turma utilizando a TV Pendrive ou o Datashow.
Alguns grupos trouxeram amostras de plantas.
3.10. Atividade 9: Avaliação
11 Vídeo “Bom para Quê”. Disponível em: < http://www.youtube.com/watch?v=UOdrKi088-M>
Para avaliar a aprendizagem dos alunos foi realizada uma avaliação sobre
funções orgânicas. Os alunos realizaram individualmente e sem consultar livros,
colegas, anotações ou professor. A avaliação consistiu em questões do vestibular,
do ENEM, entre outras. Como resultado, 21 alunos (78% da turma) acertaram mais
da metade das questões, o que reforça a contribuição da unidade didática
desenvolvida para o aprendizado dos alunos envolvidos.
4. Considerações Finais
As atividades desenvolvidas durante a implementação deste trabalho,
utilizou o tema Plantas Medicinais, o que, por si só, já despertou o interesse da
classe. Além de se tratar de um assunto que os alunos possuem familiaridade, o uso
dos recursos multimídias - vídeos, textos e computador – tornou a aula dinâmica,
proporcionando aos alunos uma aprendizagem mais rica e significativa, o que pode
ser observado pela participação destes nas discussões em sala, nos resultados dos
questionários realizados nas atividades com respostas mais elaboradas e na
avaliação feita ao final do trabalho. Aulas vinculadas aos conhecimentos e conceitos
do dia-a-dia dos estudantes em vez de aulas com simples memorização de nomes e
fórmulas podem ajudar justificar e motivar o ensino de Química (STRUGINSKI,
2008).
Numa abordagem mais tradicional dos conteúdos, geralmente, os mesmos
seriam transmitidos pela exposição oral do professor e os alunos quase sempre
ficariam passivos, esperando que o professor trouxesse tudo pronto. As respostas,
por sua vez, comumente seriam mais curtas e menos elaboradas, pois os alunos
estariam mais acostumados a reproduzir o que foi estudado. Com as atividades
desenvolvidas neste tipo de trabalho, de forma contextualizada e com recursos
multimídias, o aluno é estimulado a pensar, buscar por si as respostas, tem uma
participação ativa na aprendizagem.
Os recursos multimídias enriqueceram a aula com imagens e sons, o
computador com a internet, deixando os assuntos tratados à distância de um clique.
Constituem um recurso a mais que o professor pode e deve utilizar em suas aulas.
Por melhor que seja a exposição oral do professor, que este fale mil e um exemplos
de aplicação de determinado conteúdo, um vídeo ou uma imagem, estimulam vários
sentidos do aluno ao mesmo tempo.
Embora as tecnologias ainda sejam um mistério para muitos e que alguns
professores relutem em utilizá-las, para os alunos, elas são um estímulo, uma
oportunidade de utilizar uma linguagem a qual muitos estão acostumados. Ao
contrário do que muitos pensam, as tecnologias não ocupam o lugar do professor,
mas mudam sensivelmente sua maneira de atuar.
5. Referências Bibliográficas
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GOVERNO DO PARANÁ, Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica do Estado do Paraná de Química. Curitiba. 2008. Disponível em: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/diretrizes/dce_quim.pdf Acesso em 27/05/2012
MORAN, J.M. Os novos espaços de atuação do professor com as tecnologias. Revista Diálogo Educacional, v.4, n.12, p.1-9, maio-agosto, 2004.
MORAN, J.M. O vídeo na sala de aula. Comunicacão e Educacão, São Paulo,p. 27-35, .jan./abr. 1995 Disponível em: <http://revistas.univerciencia.org/index.php/comeduc/article/viewFile/3927/3685> Acesso em 09/07/2012.
RICHETTI, G.P.; ALVES FILHO,J.P. Automedicação: um tema social para o ensino de química na perspectiva da alfabetização científica e tecnológica. Alexandria Revista de Educação em Ciência e Tecnologia, v.2, n.1, p.85-108, mar., 2009.
ROQUE, N. F.; SILVA,J. L.P. B. A linguagem química e o ensino da química
orgânica. Química Nova; v. 31, n. 4, p. 921-923, 2008.
ROSA, M.I.F.P.S.SCHNETZLER, R.P. Sobre a importância do conceito transformação química no processo de aquisição do conhecimento químico. Química Nova na Escola. n.8, nov., 1998.
SANTOS, W. L. dos; SCHNETZLER, R. P. Educação em Química: compromisso com a cidadania. 3 ed. Ijuí: Editora UNIJUÍ, 2003.
STRUGINSKI, Ambrósio. Química na formação do cidadão - compreendendo tópicos de Química para se tornar um cidadão mais crítico. Disponível em: Http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1881-8.pdf Acesso em: 10/07/2012.