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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSEQUÍMICA ORGÂNICA EXPERIMENTAL VI
TURMA CBPROFESSOR: NELSON ANGELO DE SOUZA
MARCEL DA SILVA AMORIM GOMES
RELATÓRIO DE QUÍMICA ORGÂNICA EXPERIMENTAL VI
SÍNTESE DO COMPOSTO: CLORETO DE TERC-BUTILA
NITERÓIMAIO DE 2013
1 – INTRODUÇÃO
Reações de Substituição Nucleofílica Alifática
A substituição nucleofílica em carbono saturado é uma das mais estudadas classes
de reações orgânicas. A reação inicia no ataque de um nucleófilo, espécie que tem um
par de elétrons não compartilhados, ao substrato pelo deslocamento do grupo de saída
(G) através da quebra da ligação carbono–G do substrato que sofre heterólise. O grupo
de saída (G) é afastado na forma de um íon e o par de elétrons não compartilhado do
nucleófilo é usado para formar uma nova ligação com o átomo de carbono.
Fig. 1 – Substituição Nucleofílica
Em virtude da reação de substituição iniciar-se por um nucleófilo, é denominado
reação de substituição nucleofílica.
A cinética das reações de substituição, como em qualquer outra reação, pode ser
expressa por fatores importantes que influenciam o mecanismo destas reações, como:
frequência de choques, fator de energia, fator de orientação e a natureza do substrato, do
nucleófilo e do grupo de saída. De acordo com essas variáveis, uma reação de
substituição nucleofílica pode ocorrer através de dois mecanismos principais: SN1
(substituição nucleofílica unimolecular) e SN2 (substituição nucleofílica bimolecular).
No mecanismo SN1, a velocidade da reação independe da concentração do
nucleófilo, dita como cinética de 1ª ordem, já que a sua velocidade depende apenas da
concentração do substrato.
A velocidade total do processo é determinada pela cisão lenta da ligação C-G,
que exige fornecimento de energia, com formação do carbocátion que reage
rapidamente. A energia necessária para a cisão é gerada a partir da formação de
numerosas ligações íon-dipolo entre as duas espécies de íons e o solvente.
A etapa lenta envolve a formação de um carbocátion, tal mecanismo é
predominado por substrato que são capazes de formar um carbocátion estável, a ordem
de reatividade de um substrato nas reações de SN1 é idêntica à ordem de estabilidade dos
respectivos carbocátions:
Terciário > Secundário > Primário > Metila
Na reação, à medida que a carga positiva se desenvolve no átomo de carbono no
estado de transição, ocorre a dispersão da carga pelos mesmos fatores – efeito indutor e
ressonância – que estabilizam o carbocátion formado completamente.
Fig. 2 - Reação de substituição unimolecular (SN1) - duas etapas
O mecanismo SN2 segue uma cinética de 2ª ordem, isto é, a velocidade da reação
depende tanto o nucleófilo quanto o substrato que participam da etapa lenta da reação.
Como, no estado de transição, o nucleófilo e o grupo de saída (G) estão ligados ao
átomo de carbono sp3, os fatores estéricos são importantes. No ataque ao substrato, o
nucleófilo se mantém bastante afastado do grupo de saída (G), isto é, o nucleófilo ataca
a molécula pelo lado oposto. A carga negativa do nucleófilo encontra-se atenuada
devido ao compartilhamento de elétrons entre ele e o átomo de carbono; no átomo
retirante ocorre formação parcial de uma carga negativa, devido ao seu afastamento do
átomo de carbono com o par de elétrons. Este estado possui o maior valor de energia
potencial.
Este mecanismo é, portanto, favorecido em substituições nucleofílicas que
ocorrem em carbono metílico, primário ou secundário. No mecanismo SN2 é observado
a inversão de configuração.
Fig. 3 - Substituição Nucleofílica Bimolecular (SN2).
Os haletos de alquila são normalmente utilizados na fabricação de refrigerantes,
solventes, agentes de explosão, propelentes em aerossol e meios de extinção de
incêndio. O cloreto de terc-butila especificamente é muito útil na síntese de sabores
como o xileno de almíscar, em aplicações agrícolas (pesticidas), em produtos
farmacêuticos como o broncodilatador albuterol (sambutamol), a buprenorfina - um
narcótico usado para dependência opiácea – e em outros produtos de química fina.
2 – OBJETIVO
Sintetizar o cloreto de terc-butila a partir do álcool terc-butílico, com a utilização
de HCl concentrado, via reação de substituição nucleofílica de primeira ordem (SN1).
3 – MATERIAS E MÉTODOS
3.1 Materiais
- Equipamentos e vidrarias utilizadas:
Tabela 1 – Equipamentos e Vidrarias utilizados no experimento
Equipamentos e Vidrarias Quantidade
Béquer 3
Erlenmeyer 4
Proveta 4
Funil de Separação 1
Funil de líquido 1
Suporte Universal 1
Espátula 1
Tubo de Ensaio 1
Argola com mufa 1
- Reagentes utilizados:
Tabela 2 – Reagentes utilizados e suas constantes físicas
Substância MolÍndice de Refração
PF (°C) PE (°C) Densidade Solubilidade
Álcool terc-butílico
74,12 1,38468 25,6 82,41 0,78581Solúvel em água, etanol e éter
Ácido clorídrico 36,47 1,256 -114,22 -85,05 1,17Solúvel em água, etanol, metanol e éter
Bicarbonato de sódio
84,01 - 270 - -Insolúvel em etanol e solúvel em água
Cloreto de cálcio anidro
110,99 - 772 >1600 2,512Pouco solúvel em água e etanol
3.2 - Procedimento Experimental
Primeiramente distribuiu dentro da capela certo volume dos reagentes em
erlenmeyer coberto por béquer. Com ajuda de provetas foi retirado e medico de cada
erlenmeyer o volume utilizado para cada reagente.
Em um funil de separação de 250 mL com torneira fechada, colocou-se 15,4 mL
(0,16mol) de álcool terc-butílico e 50 mL (0,56mol) de ácido clorídrico 35% (d = 1,17
g/mL). Agitou-se levemente por um minuto mantendo o funil aberto. O funil foi
arrolhado, invertido e aberto para diminuir a pressão interna.
Com cuidado agitou-se por 5 minutos, frequentemente liberava-se a pressão com
cuidado abrindo a torneira do funil na posição invertida, após a agitação, deixou-se o
funil descansar em uma argola com mufa presa em um suporte universal, até que
houvesse a separação de duas fases e descartou-se a fase aquosa.
Para descobrir qual era a posição da fase orgânica foi adicionada em um tubo de
ensaio gotas da fase inferior e uma pequena quantidade de água destilada, a fase aquosa
é solúvel em água.
Então, à fase orgânica no funil, adicionou-se 20 mL de solução aquosa saturada
de carbonato de sódio. Agitou-se suavemente até cessar a fervura com o funil
destampado. Em seguida, arrolhou-se o funil e agitou-se vigorosamente controlando a
pressão.
O funil foi deixado para descansar até que novamente houvesse separação das
fases e desprezou-se a fase inorgânica. Lavou-se o produto com 20,00 mL de água
destilada e o recolhemos em um frasco de Erlenmeyer seco e seguida foi adicionado o
agente secante cloreto de cálcio anidro (CaCl2). Filtrou-se em um funil de líquido
coberto com uma pequena quantidade de algodão e coletou-se o filtrado em uma
proveta graduada e foi analisado o volume de produto bruto formado no experimento.
4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Principais reações e mecanismos:
A reação para a síntese do cloreto de terc-butila utiliza-se de ácido clorídrico e
2-metil-2-propanol (álcool terc-butílico).
A reação ocorre através da substituição do grupo hidroxila (OH -), do álcool terc-
butílico, por um átomo de cloro, proveniente do ácido clorídrico. Quando álcoois
reagem com haletos de hidrogênio ocorre formação dos produtos haleto de alquila e
água. A equação química que descreve a reação de substituição nucleofílica do tipo SN1
do cloreto de terc-butila é a seguinte:
As reações dos haletos de alquila por um mecanismo SN1 são favorecidas pelo
uso de substratos que formam carbocátions relativamente estáveis, pelo uso de
nucleófilos fracos e solventes bastante ionizantes.
1ª Etapa: Formação de um bom grupo de saída
Na primeira etapa da reação, o grupamento hidroxila é uma base forte e um
péssimo grupo de saída. A primeira etapa é necessária que ocorra a protonação do
álcool, tornando o grupo de saída uma base fraca que estabilize a carga negativa de
maneira eficaz. A estabilidade dessa carga negativa diminui a energia de ativação desta
etapa.
O meio ácido foi propicio para a protonação do grupamento OH-, já que o grupo
H2O+, por ter como base conjugada a H2O, que é neutra, torna-se um bom grupo de
saída.
2ª Etapa: Formação do carbocátion
A formação do carbocátion é a etapa lenta da reação e, portanto determinante da
velocidade, sendo assim esta reação é denominada SN1. Esta etapa só ocorre porque o
carbocátion formado tem sua carga positiva estabilizada pelos grupamentos metila
ligados ao carbono central. A densidade de elétrons é deslocada fazendo com que este
carbono se torne um pouco menos positivo.
3ª Etapa: Formação do cloreto de terc-butila
Na formação do haleto de alquila, o carbocátion reage com o nucleófilo (Cl -) em
uma reação SN1.
A reação entre o álcool terc-butílico e o ácido clorídrico foi realizada em um funil
de separação com constante agitação. A reação é notada a partir da formação de duas
fases, esse fenômeno ocorre porque o HCl é solúvel em água, assim como o álcool terc-
butílico a partir das ligações de hidrogênio. No início da reação existe apenas uma fase,
com o decorrer da reação ocorre à formação do cloreto de terc-butila que pela perda das
interações de hidrogênio, diminui a sua solubilidade em água formando uma fase que é
menos densa do que água.
Assim a fase aquosa foi descartada, como foi utilizado HCl em excesso, após a
reação de SN1 adicionou-se carbonato de sódio à fase orgânica, com o propósito de
neutralizar a solução, retirando o excesso de HCl presente na mesma. Observou-se uma
efervescência, caracterizando a liberação de CO2(g) de acordo com a reação:
Novamente a fase aquosa foi descartada e à fase orgânica restante foram
adicionados 10 mL de água, para a retirada de impurezas inorgânicas.
Foi realizada a separação e ao cloreto de terc-butila foi adicionado com uma
espátula CaCl2 anidro, com o objetivo de retirada de água do meio. O CaCl2 é um bom
agente secante para líquidos orgânicos por ser bastante higroscópico, não reagir
quimicamente com nenhum dos componentes da mistura e ser de fácil aquisição. O
mesmo forma com a água um sal Hexa-hidratado (CaCl2.6H2O), em temperatura
inferior a 300C
Ao final do processo foram obtidos 9,0 mL de cloreto de terc-butila bruto.
4.2 Cálculo do Rendimento:
Analisando a relação estequiométrica entre o álcool terc-butílico e o cloreto de
terc-butila, através da reação, podemos afirmar que a proporção é de 1:1.
Assim, temos:
1 mol de álcool terc-butílico – 1 mol de cloreto de terc-butila
0,16 mol de álcool terc-butílico – 0,16 mol de cloreto de terc-butila
74,12 g de álcool terc-butílico – 92,57 g de cloreto de terc-butila
11,84 g de álcool terc-butílico – x g de cloreto de terc-butila
x = 14,8 g de cloreto de terc-butila
1 mL de cloreto de terc-butila – 0,847 g de cloreto de terc-butila
9,0 mL de cloreto de terc-butila – y g de cloreto de terc-butila
y = 7,62 g de cloreto de terc-butila
14,8 g de cloreto de terc-butila – 100%
7,62 g de cloreto de terc-butila – z%
z = 51,5% de rendimento de cloreto de terc-butila
5 – CONCLUSÃO
A síntese do cloreto de terc-butila foi realizada com êxito, porém por falhas
técnicas o rendimento obtido foi de 51,5% e, de acordo com a literatura, o rendimento
esperado seria de aproximadamente 75%. Esse valor experimental inferior ao esperado
se deve ao fato de sucessivas perdas ao longo do procedimento experimental,
principalmente durante a separação das fases no funil de separação.
6 – BIBLIOGRAFIA
1. MORRISON, Robert T; BOYD, Robert N. Química Orgânica. Volume Único. 5º Edição. 1972. Editora Fundação Calouste Gulbenkian. Av. de Berna, Lisboa. Págs: 535 a 556.
2. Solomons, T. W. G., Fryhle, C., B., “Química Orgânica” – Vol 1, 8º ed., Rio de Janeiro, LTC Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 2005.
3. Silverstein, R. M., Bassler, G. C., Morril, T. C., “Identificação Espectrométrica de Compostos Orgânicos”, 4º Edição, Rio de Janeiro, Editora Guanabara Koogan S. A., 1994.
4. The Merck Index of Chemical and Drugs; Rahway, New Jersey< Merck and Co., Inc.
5. Soares, B., de Souza, N. A., Pires, D. X., “Química Orgânica”, Rio de Janeiro, Editora Guanabara S.A., 1988.
6. VOGEL, A.I. Química Orgânica Volume 2: Análise Orgânica Qualitativa. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico S.A.,1990.