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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS – UFAL CENTRO DE TECNOLOGIA – CTEC CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL RELATÓRIO FINAL DE TRABALHO SOBRE “LEVANTAMENTO DE DIFERENTES OPÇÕES DE TRATAMENTO DE LÂMPADAS FLUORESCENTES – ESTUDO DE CASO: UFAL” JÉSSICA FRANCYNE FRIAS

Relatório

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS – UFALCENTRO DE TECNOLOGIA – CTEC

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

RELATÓRIO FINAL DE TRABALHO SOBRE “LEVANTAMENTO DE DIFERENTES OPÇÕES DE TRATAMENTO DE LÂMPADAS

FLUORESCENTES – ESTUDO DE CASO: UFAL”

JÉSSICA FRANCYNE FRIAS

MACEIÓ, AL 26 DE JUNHO DE 2009.

RELATÓRIO FINAL DE TRABALHO SOBRE “LEVANTAMENTO DE DIFERENTES OPÇÕES DE TRATAMENTO DE LÂMPADAS

FLUORESCENTES – ESTUDO DE CASO: UFAL”

JÉSSICA FRANCYNE FRIAS

ORIENTADORA: KARINA RIBEIRO SALOMON

___________________________________________________Assinatura

MACEIÓ, AL 26 DE JUNHO DE 2009.

Relatório da Bolsa de Iniciação Acadêmica da área de Ciências Exatas, referente ao período do 1º semestre do ano letivo de 2009.

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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO............................................................................................................3

2. CARACTERIZAÇÃO E OBJETIVOS DO TRABALHO...........................................4

3. CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES........................................................................4

4. ATIVIDADES EXECUTADAS...................................................................................4

5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA......................................................................................55.1. FUNCIONAMENTO..............................................................................................55.2. TIPOS DE LÂMPADAS FLUORESCENTES.......................................................55.3. DESTINAÇÃO........................................................................................................6

5.3.1. PROCEDIMENTOS ADEQUADOS DE DESCARTE E ARMAZENAMENTO.............................................................................................7

5.4. TRATAMENTOS...................................................................................................75.4.1. DISPOSIÇÃO EM ATERROS......................................................................85.4.2. MOAGEM SIMPLES.....................................................................................95.4.3. MOAGEM COM TRATAMENTO TÉRMICO..........................................115.4.4. MOAGEM COM TRATAMENTO QUÍMICO...........................................125.4.5. TRATAMENTO POR SOPRO....................................................................135.4.6. SOLIDIFICAÇÃO / ENCAPSULAMENTO...............................................13

5.5. IMPACTOS AMBIENTAIS.................................................................................145.6. LEGISLAÇÃO VIGENTE....................................................................................155.7. EMPRESAS BRASILEIRAS................................................................................18

5.7.1. APLIQUIM...................................................................................................185.7.2. MEGA RECICLAGEM...............................................................................205.7.3. BRASIL RECICLE......................................................................................215.7.4. NATURALIS BRASIL................................................................................225.7.5. TRAMPPO...................................................................................................225.7.6. BULBOX......................................................................................................23

6. METODOLOGIA........................................................................................................23

7. RESULTADOS...........................................................................................................24

8. PROPOSTAS...............................................................................................................25

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................25

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................26

11. ANEXO I...................................................................................................................27

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1. INTRODUÇÃO

Este relatório visa apresentar o Levantamento de Diferentes Opções de Tratamento de Lâmpadas Fluorescentes, realizado como pesquisa de iniciação acadêmica entre 2008 e 2009.Devido às crescentes necessidades de consumo adquiridas pela população, especialmente a urbana, torna-se necessário o desenvolvimento de tecnologias que atendam a estas necessidades; porém, esta tecnologia precisa ser bem administrada, pois seus resíduos são altamente danosos ao meio ambiente.Nesse contexto, se enquadram as lâmpadas fluorescentes. Sendo comercializadas desde 1938, as lâmpadas fluorescentes são consideradas um marco na evolução dos sistemas de iluminação por emitir mais energia em forma de luz que de calor. Neste período, elas foram sendo modificadas para otimizar a economia de energia elétrica e proporcionar maior conforto nos ambientes onde estejam instaladas. Porém estas lâmpadas tão revolucionárias contêm em seu interior o mercúrio, metal pesado altamente tóxico para os seres humanos e o meio ambiente.A quantidade de mercúrio em cada lâmpada varia conforme o tipo desta, mas uma quantidade mínima deste metal é suficiente para causar grande prejuízo. Por conta disso, é necessário descartar adequadamente todos os materiais que contenham mercúrio, especialmente as lâmpadas. Normalmente, devido a fatores diversos, estas lâmpadas acabam indo para lixões junto com o resíduo doméstico, causando grande perigo às pessoas que entrem em contato com este ambiente, e contaminando o solo e a água próximos a estes locais. Entretanto, existem aterros específicos para este tipo de resíduo, bem como diversos tipos de tratamento para minimizar seu impacto no ambiente, ou mesmo reutilizar este material.Diversos municípios e estados brasileiros já criaram leis especificas para o descarte de lâmpadas, e existem algumas leis federais que regulam a disposição de mercúrio no ambiente. Há ainda empresas no Brasil que trabalham com o tratamento de lâmpadas, embora a maior parte das empresas neste ramo se encontre fora do país.No Campus A. C. Simões o descarte adequado de lâmpadas ainda está em fase de planejamento, e espera-se que seja implantado o mais rápido possível, visto que a quantidade de lâmpadas descartadas é grande.

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2. CARACTERIZAÇÃO E OBJETIVOS DO TRABALHO

O presente trabalho se caracteriza como uma pesquisa voltada para a área de gestão de resíduos sólidos e perigosos, tratando-se especificamente das lâmpadas fluorescentes e os danos causados por seu principal componente tóxico: o metal pesado mercúrio.A primeira etapa consiste de uma pesquisa bibliográfica sobre o tema, incluindo os principais tratamentos e impactos ambientais causados pelas lâmpadas. A segunda etapa visa analisar o manejo deste material dentro do Campus A. C. Simões, especificamente na Unidade Acadêmica do Centro de Tecnologia e, se possível, estendendo-se para outras Unidades.Este trabalho está sendo realizado com o objetivo de reunir a maior quantidade de informações atualizadas sobre as diferentes opções de tratamento de lâmpadas fluorescentes, bem como os impactos de uma destinação inadequada das mesmas no meio ambiente e os danos que isto pode causar aos seres humanos.

3. CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES

Ano 2008 / 2009Meses e Atividades

Ago Set Out Nov Dez Janeiro Fev Mar Abr Mai JunhoRevisão Bibliográfica

Elaboração do relatório

parcialColeta de dados

Avaliação dos

resultadosElaboração do relatório

final

4. ATIVIDADES EXECUTADAS

Durante a primeira etapa do trabalho, foi feita uma pesquisa em livros, artigos e sites, compondo assim a revisão bibliográfica sobre o tema.Na segunda etapa foi realizada a coleta dos dados relacionados ao descarte de lâmpadas no Campus A. C. Simões, por meio de entrevistas aos funcionários responsáveis.

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5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA:

5.1. Funcionamento

O princípio de funcionamento das lâmpadas fluorescentes é o sistema de descarga a baixa pressão, no qual a eletricidade passa por um reator, que joga para dentro da lâmpada uma tensão acima do normal, quebrando a resistência dielétrica do gás e permitindo que o sistema dê a partida. Além de dar a partida, o reator também serve como um limitador de corrente, que de certa forma protege o circuito como um todo. Nos sistemas chamados convencionais, além do reator é colocado um starter (disparador) em separado para auxiliar na partida da lâmpada. Esse sistema é mais econômico que o de partida rápida (que possui apenas o reator), porém no Brasil só foi usado na região nordeste. Mesmo assim, ambos os sistemas, que utilizam reatores eletromagnéticos, têm dado lugar definitivo aos reatores eletrônicos.Nas extremidades das lâmpadas fluorescentes existem filamentos (eletrodos de tungstênio, níquel, cobre ou ferro) recobertos por uma pasta emissiva. No instante da partida do sistema, os filamentos começam a lançar elétrons de um lado para o outro que, se chocando com uma gota de mercúrio contida no bulbo da lâmpada, combinam-se com este e por processo de mudança de órbitas vaporizam o mercúrio, acontecendo então uma radiação ultravioleta. Esses raios ultravioletas, atravessando o bulbo pintado da lâmpada, geram luz visível. Caso o bulbo da lâmpada fluorescente não esteja pintado com essa tinta branca, composta de sais de fósforo (além de Alumínio, Antimônio, Cádmio, Bário, Chumbo, Cromo, Manganês, Níquel e Mercúrio), não teremos luz gerada pelo sistema, mas apenas o raio ultravioleta que tem até utilização industrial, entre outras, mas não haverá geração de luz.

5.2. Tipos de Lâmpadas Fluorescentes

As lâmpadas em questão foram evoluindo ao longo do tempo para proporcionar maior economia e uma emissão de luz capaz de reproduzir melhor as cores. As mais antigas, de 20 e 40 w, têm seu bulbo pintado com pó standard (tinta contendo fósforo) e reproduzem deficientemente as cores; quando substituídas por lâmpadas mais modernas, com IRC (índice de reprodução de cor) maior e cujo bulbo é pintado com pó trifósforo (combinação de fósforo, antimônio e manganês) causam estranhamento, pois nos acostumamos a ver as pessoas sob uma luz que as confere uma aparência pálida, e ao vê-las com suas cores naturais, temos a impressão de que a nova lâmpada as deixa avermelhadas.A classificação das lâmpadas fluorescentes tubulares é feita de acordo com o tamanho da bitola do bulbo em relação à polegada, ou seja, suas dimensões. As fluorescentes T12 e T10 (12/8 e 10/8 de polegada) têm alta eficiência energética, mas por serem pintadas com pó standard, apresentam IRC baixo. Já as mais modernas, T8 e T5, têm ótima reprodução de cor, cerca de 85%. São um pouco mais curtas e apresentam uma vida útil muito longa, 7.500 e 16.000 horas, respectivamente.Além destas, existe também a endura, apelidada de lâmpada imortal por causa de sua vida útil de até 60.000h. Isso é possível pelo fato de esta lâmpada não utilizar filamentos elétricos, tendo no lugar destes, pequenas bobinas magnéticas para excitação das moléculas de mercúrio.As fluorescentes compactas são classificadas de acordo com o formato e aplicação, recebendo diversas nomenclaturas que variam para cada empresa fabricante.

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Além das fluorescentes, outros tipos de lâmpadas contêm mercúrio, em quantidades relacionadas na tabela 1, abaixo:

Tabela 1: Variação da quantidade de mercúrio de acordo com o tipo de lâmpadaTipo de lâmpada Potência Quantidade média

de mercúrioVariação das

médias de mercúrio por

potênciaFluorescentes

Tubulares15 W a 110 W 0,015 g 0,008 g a 0,025 g

Fluorescentes Compactas

5 W a 42 W 0,004 g 0,003g a 0,010 g

Luz Mista 160 W a 500 W 0,017 g 0,011 g a 0,045 gVapor de Mercúrio 80 W a 400 W 0,032 g 0,013 g a 0,080 g

Vapor de Sódio 70 W a 1000 W 0,019 g 0,015 g a 0,030 gVapor Metálico 35 W a 2000 W 0,045 g 0,010 g a 0,170 g

Logo, de acordo com a tabela 1, pode-se perceber que as lâmpadas com maior eficiência com relação ao mercúrio são as fluorescentes compactas.

5.3. Destinação

As lâmpadas fluorescentes contêm o mercúrio metálico, substância tóxica nociva ao ser humano e ao meio ambiente. Enquanto intacta a lâmpada não oferece risco; entretanto, ao ser quebrada, uma lâmpada fluorescente emite vapores de mercúrio que são absorvidos pelos organismos vivos, contaminando-os. Se forem lançadas em aterro as lâmpadas contaminam o solo e, mais tarde, os cursos d'água, chegando à cadeia alimentar. Ainda que o impacto causado por uma única lâmpada possa ser considerado desprezível, o somatório das lâmpadas descartadas anualmente (cerca de 40 milhões só no Brasil) terá efeito sensível sobre os locais onde são dispostas. Por esse motivo, ainda na origem as lâmpadas que contêm mercúrio devem ser separadas do lixo comum, seja orgânico ou materiais recicláveis, como vidro, papel e plásticos. Essa prática já é adotada em diversos países e, no Brasil, muitas indústrias, universidades, órgãos públicos e empresas concessionárias de energia elétrica já proíbem a disposição de suas lâmpadas no lixo. Estes, por serem grandes usuários industriais, têm suas atividades regulamentadas por uma legislação ambiental rigorosa e por práticas de normatização e qualificação, o que os obriga a dispor de políticas próprias eficientes de gerenciamento dos resíduos de lâmpadas fluorescentes, depositando-as temporariamente e remetendo as mesmas para empresas recicladoras.Embora, no nosso país, as leis raramente sejam cumpridas, especialmente as que se referem ao meio ambiente, elas existem e são conhecidas apenas a nível industrial, o que torna os consumidores residenciais grandes poluidores por simples ignorância. O desconhecimento dos potenciais impactos causados pelas lâmpadas ou desinformação sobre as possibilidades de reciclagem, aliados à ausência de qualquer política pública voltada para a questão do gerenciamento, faz com que a população prossiga quebrando as lâmpadas sem quaisquer cuidados, ou misture as lâmpadas queimadas com os resíduos atóxicos. Este procedimento é inadequado, pois acaba tornando resíduos perigosos todos os demais itens constituintes do descarte, devido à contaminação de todos.

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Resulta disto que a maior parte das lâmpadas de uso residencial é enviada, junto com o lixo doméstico, para depósitos em aterros ou mesmo lixões; nestes, propiciam elevada contaminação ambiental pela falta de cuidados sanitários; Nos aterros, onde são instaladas mantas de impermeabilização de fundo e efetuados controles sanitários e adequados monitoramentos ambientais, os efeitos da mistura das lâmpadas ficam restritos às contaminações que o mercúrio causa nos demais resíduos.

5.3.1. Procedimentos adequados de descarte e armazenamento

Quando houver quebra acidental de uma lâmpada o local deve ser bem limpo por aspiração. Os cacos devem ser coletados de forma a não ferir quem os manipula e colocados em embalagem vedada, com possibilidade de ser lacrada, a fim de evitar a contínua evaporação do mercúrio liberado.É recomendável que as lâmpadas a descartar sejam armazenadas em local seco, nas próprias caixas de embalagem original, protegidas contra eventuais choques que possam provocar sua quebra. Essas caixas devem ser identificadas para não serem confundidas com caixas de lâmpadas novas. Em nenhuma hipótese as lâmpadas devem ser quebradas para serem armazenadas, pois essa operação é de risco para o operador e acarreta a contaminação do local. Também não se deve "embutir" os pinos de contato elétrico para identificar as lâmpadas fluorescentes inutilizadas, prática condenada pois os orifícios resultantes nos soquetes das extremidades da lâmpada permitem o vazamento do mercúrio para o ambiente.As lâmpadas que se quebrem acidentalmente deverão ser separadas das demais e acondicionadas em recipiente hermético como, por exemplo, um tambor de aço com tampa em boas condições, que possibilite vedação adequada. As lâmpadas inteiras, depois de acondicionadas nas respectivas caixas, podem ser armazenadas em contêineres metálicos. Tais contêineres, fabricados para os diversos tamanhos padronizados de lâmpadas fluorescentes, eliminam quase por completo o risco de ruptura no transporte e dispõem internamente de um filtro de carvão ativado capaz de reter eventuais emanações de mercúrio das lâmpadas que se rompam durante o transporte.

5.4. Tratamentos

Segundo pesquisa feita na Pontifícia Universidade Católica de Campinas, em 2004, apenas 3% das lâmpadas fluorescentes descartadas no Brasil têm destinação ambientalmente adequada por meio do processo de destruição e descontaminação. Atualmente estima-se que este valor tenha sido elevado para aproximadamente 6%. Este descarte é feito voluntariamente por empresas que possuem um sistema controlado de disposição de seus resíduos e/ou por aquelas interessadas em certificação pelas normas da série ISO 14.000.Devido a isto, torna-se necessário ampliar e divulgar as alternativas adequadas para disposição das lâmpadas. No que se refere às alternativas de destino para lâmpadas pós-uso, a reutilização poderia ser a solução mais eficiente em termos de matérias-primas, mas ainda não é tecnologicamente muito viável devido ao desenho atual das lâmpadas; deste modo, o maior esforço tem sido ao nível da prevenção e da reciclagem. Notar que o termo reciclagem utilizado aqui não se refere a fazer a lâmpada queimada reacender (pois para isso seria necessário abri-la, com perda da pressão baixa em seu interior e de mercúrio para o meio ambiente, procedimento este que não apresenta a menor eficácia), mas sim reaproveitar os materiais constituintes das lâmpadas para outras aplicações.

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A gestão de resíduos em alguns países da Europa e dos Estados Unidos segue alguns princípios, que se enquadram nos parâmetros de prevenção à poluição: Redução da produção, em termos quantitativos e qualitativos, através da substituição por outras fontes de iluminação que contenham menores quantidades de mercúrio e semelhante impacto ambiental. Os dados divulgados pelos fabricantes de lâmpadas têm indicado uma redução sistemática dos teores de mercúrio utilizados; Coleta seletiva, separando as lâmpadas fluorescentes das incandescentes, de modo a prevenir a contaminação de solos e águas, e riscos diretos para a saúde das pessoas expostas ao seu manuseio; Valorização por reciclagem, dos materiais constituintes, sempre que técnica e economicamente viável; Sujeição a tratamento prévio, podendo a sua deposição em aterro ser utilizada apenas como último recurso.As alternativas existentes em todo o mundo para destinação final ou tratamento (remoção do mercúrio) são: Disposição em aterros (com ou sem um pré-tratamento); Moagem simples (com ou sem separação dos componentes); Moagem com tratamento térmico; Moagem com tratamento químico; Tratamento por sopro; Solidificação / Encapsulamento (cimento e ligantes orgânicos);A descrição de cada alternativa foi extraída do artigo “Reciclagem de lâmpadas: Aspectos Ambientais e Tecnológicos”, desenvolvido por estudantes de engenharia ambiental da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, e é mostrada a seguir.

5.4.1. Disposição em aterros

O uso de aterros para a disposição de resíduos vem sendo usado ao longo da evolução humana, pois à medida que evoluía, o ser humano passou a ter consciência de que manter seus resíduos dispostos a céu aberto implicava em uma série de inconvenientes – cheiros desagradáveis, proliferação de insetos, atração de animais predadores, entre outras. Então, há milênios o homem passou a enterrar seus dejetos para se livrar de inconvenientes.Esta mesma sistemática continua sendo adotada até hoje, mesmo para resíduos químicos e perigosos. No início do século 20, muitas indústrias do primeiro mundo enterravam seus resíduos dentro de seu próprio terreno, ou em outras áreas então não habitadas, sem qualquer preocupação quanto aos impactos ambientais envolvidos. Esta sistemática trouxe muitos inconvenientes para nossa geração, desde o grande número de passivos ambientais que só agora estão sendo identificados, como casos em que houve real contaminação da população. Ainda que nos dias de hoje existam aterros específicos para resíduos perigosos, a disposição de resíduos contendo mercúrio nos mesmos é polêmica, por uma série de fatores. Em primeiro lugar, o mercúrio é um metal volátil, e estudos recentes indicam que ele pode se difundir através do solo, posteriormente volatilizando-se para a atmosfera. Segundo, o mercúrio tem grande facilidade em se transformar, através da ação de bactérias, em compostos orgânicos são solúveis e muito mais tóxicos que o próprio mercúrio metálico. Ainda que aterros modernos possuam tecnologia para realizar a captação do chorume, formado pela mistura das águas de chuva que se infiltrem nas células dos aterros com o líquido originado dos processos biológicos, químicos e físicos da decomposição dos resíduos orgânicos, as tecnologias existentes e

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comercializadas para o tratamento do chorume não são eficazes para a recuperação do mercúrio.Um fato adicional é que cerca de 99% dos constituintes das lâmpadas são materiais facilmente recicláveis, a saber: Mercúrio pode ser reutilizado na construção de novas lâmpadas, termômetros e outros produtos; Vidro pode ser utilizado na fabricação de contêineres não alimentícios, misturado ao asfalto e manilhas de cerâmica; Alumínio pode ser reciclado e utilizado para qualquer fim.Assim, ainda que seja uma alternativa controlada, aterros possuem variáveis ambientais que ainda não foram quantificadas, e é incerto se a disposição de mercúrio metálico nos mesmos não irá acarretar em um problema ambiental ainda maior no futuro. Além disso, a disposição no aterro do vidro, do alumínio e do mercúrio é contrária a filosofia do desenvolvimento sustentável, que busca justamente minimizar a extração de matérias-primas do meio ambiente.

5.4.2. Moagem simples

O processo de moagem simples visa realizar a quebra das lâmpadas, utilizando-se um sistema de exaustão para a captação do mercúrio existente nas mesmas. Usualmente, as tecnologias empregadas não se preocupam em separar os componentes, visando apenas à captação de parte do mercúrio existente nas lâmpadas. Deste modo, o teor mercúrio ainda presente no produto da moagem é inferior ao anteriormente encontrado nas lâmpadas quando inteiras, com a vantagem de inexistir riscos de ruptura das lâmpadas e emissão de vapores quando da disposição destes resíduos em aterros.O mais popular sistema de moagem simples foi desenvolvido pela Air Cycle Corp., dos Estados Unidos, e é conhecido mundialmente como “Bulb Eater” (comedor de lâmpadas). O equipamento consiste em um moinho de lâmpadas montado sobre um tambor metálico, com sistema de exaustão para captura de vapores de mercúrio (Figura 1). Os gases exauridos pela unidade passam por um filtro de tecido, e um filtro de carvão ativado (no qual são agregados 15% em peso de enxofre amarelo), antes da emissão para a atmosfera. O enxofre combina-se com o mercúrio, formando sulfeto de mercúrio, composto insolúvel e não volátil. O sistema trabalha com uma vazão de exaustão de 68 m³/h.

Figura 1: Sistema Bulb Eater de Moagem de Lâmpadas(Reciclagem de Lâmpadas: Aspectos Ambientais e Tecnológicos – PUC Campinas)

Estudos desenvolvidos pela EPA americana indicam que a concentração de mercúrio nos gases antes do tratamento nos filtros é de 4 mg/m³, e após o tratamento dos gases esta concentração cai para 0,045 mg/m³ – uma eficiência no controle dos gases de

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98,9%. Porém, isto ainda representa uma taxa de emissão de 3,06 mg de mercúrio por hora.A popularidade do Bulb Eater é decorrente de sua praticidade: é um equipamento pequeno, de fácil operação e mobilidade, e proporcionalmente mais barato que outras tecnologias. Existem processos similares, em modo fixo ou móvel, como o apresentado nas figuras 2 e 3, abaixo.

Figura 2: Outros sistemas de moagem simples(Reciclagem de Lâmpadas: Aspectos Ambientais e Tecnológicos – PUC Campinas)

Figura 3: Sistemas de moagem simples sem uso de tambor (Reciclagem de Lâmpadas: Aspectos Ambientais e Tecnológicos – PUC Campinas)

É possível realizar a moagem simples com separação contínua dos componentes – mas não no processo Bulb Eater. Em equipamentos fixos, pode-se adaptar um leito vibratório na saída dos materiais, seguido de uma peneira para separação dos mesmos. A figura 4 apresenta uma das alternativas existentes comercialmente.

Figura 4: Moagem simples com separação dos componentes(Reciclagem de Lâmpadas: Aspectos Ambientais e Tecnológicos – PUC Campinas)

Vale salientar, porém, que a literatura mundial indica que o mercúrio nas lâmpadas, quando estas estão apagadas, encontra-se primordialmente na forma líquida, depositado sobre as paredes internas do vidro. Deste modo, a moagem simples não faz a remoção de todo o mercúrio da lâmpada, apenas evita que o mercúrio que se encontra na forma gasosa escape para o meio ambiente. Além disso, a menos que a instituição possua uma

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unidade de tratamento térmico, todo o mercúrio recuperado nos filtros acabará disposto em aterro junto com os respectivos filtros.Apesar disto, esta é, no momento, a única tecnologia que permite a recuperação de mercúrio a partir de lâmpadas fluorescentes compactas.

5.4.3. Moagem com Tratamento Térmico

Este é o processo de reciclagem mais usual e em operação em várias partes do mundo. Encontra-se apresentado na figura 5 abaixo, e envolve basicamente duas fases: fase de esmagamento e fase de destilação do mercúrio – daí o nome tratamento térmico.Na fase de esmagamento as lâmpadas usadas são introduzidas em processadores especiais para esmagamento, quando então os materiais constituintes são separados em cinco classes:• terminais de alumínio;• pinos de latão / componentes ferros-metálicos;• vidro;• poeira fosforosa rica em mercúrio e• isolamento baquelítico.

Figura 5: Tratamento Térmico de lâmpadas(Reciclagem de Lâmpadas: Aspectos Ambientais e Tecnológicos – PUC Campinas)

No início do processo, as lâmpadas são implodidas e/ou quebradas em pequenos fragmentos, por meio de um processador (britador e/ou moinho). Isto permite separar a poeira de fósforo contendo mercúrio dos outros elementos constituintes. As partículas esmagadas restantes são, posteriormente, conduzidas a um ciclone por um sistema de exaustão, onde as partículas maiores, tais como vidro quebrado, terminais de alumínio e pinos de latão são então separados e ejetados para fora do ciclone, onde então são separados por diferença gravimétrica e por separação eletrostática. A poeira fosforosa e particulados são coletados em um filtro no interior do ciclone. Posteriormente, por um mecanismo de pulso reverso a poeira é retirada deste filtro e transferida para uma unidade de destilação para recuperação do mercúrio (2ª fase do processo). O vidro, em pedaços, é então limpo, testado e enviado para reciclagem. A concentração média de mercúrio no vidro não excede 1,3 mg/kg. O vidro nesta circunstância pode ser reciclado para ser reutilizado, por exemplo, na fabricação de produtos para aplicação não - alimentar. O alumínio e pinos de latão, depois de limpos, podem ser enviados para reciclagem em uma fundidora. A concentração média de mercúrio nestes materiais não excede 20 mg/kg. A poeira de

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fósforo é normalmente enviada a uma unidade de destilação (retorta), onde o mercúrio é extraído. O mercúrio é então recuperado e pode ser reutilizado. A poeira fosforosa resultante pode ser reciclada e usada, por exemplo, na indústria de tintas. O único componente da lâmpada que não é reciclado é o isolamento baquelítico existente nas extremidades da lâmpada.A fase subsequente neste processo de reciclagem é a recuperação do mercúrio contido na poeira de fósforo (fase de destilação). A recuperação é obtida pelo processo de retortagem, onde o material é aquecido até a vaporização do mercúrio (temperaturas acima do ponto de ebulição do mercúrio - 357o C). O material vaporizado a partir deste processo é condensado e coletado em coletores especiais ou decantadores. O mercúrio assim obtido pode requerer tratamento adicional, tal como borbulhamento em ácido nítrico para remover impurezas. Emissões fugitivas durante este processo podem ser evitadas usando-se um sistema de operação sob pressão negativa.Este processo foi desenvolvido na década de 70, pela Mercury Recovery Technology – MRT, estabelecida em Karlskrona - Suécia. O principal impacto ambiental deste processo provém do processo a seco – devem ser tomados cuidados para não haver emissões fugitivas de mercúrio.O custo operacional do processo térmico é ainda elevado em decorrência da estrita dependência de importação de equipamentos. Para a sua auto-sustentação, a atividade necessita ser alavancada pelo tratamento de outros tipos de resíduos de mercúrio. A técnica de termodessorção revelou que as maiores concentrações de mercúrio na matriz de pó de fósforo de lâmpadas fluorescentes usadas/queimadas (material potencialmente perigoso e poluente) estão associadas às condições onde prevalecem formas oxidadas (Hg1+ e Hg2+). As temperaturas de dessorção do mercúrio contido na matriz do pó de fósforo e no vidro podem alcançar 450°C e 800-850°C, respectivamente. Essas temperaturas devem ser levadas em consideração por ocasião do tratamento térmico.Ainda assim, o processo térmico, desde que devidamente controlado, é a melhor alternativa existente no momento. Promove a recuperação do mercúrio, a reciclagem dos constituintes das lâmpadas e não gera resíduos perigosos que seriam destinados a aterros. Tal geração de resíduos ocorre nas demais alternativas.

5.4.4. Moagem com Tratamento Químico

O processo químico (Figura 6), assim como o térmico, pode ser dividido em duas etapas – fase de esmagamento e fase de contenção do mercúrio. A fase de esmagamento difere do tratamento térmico por ser realizada com lavagem do vidro. Assim, a quebra das lâmpadas ocorre sob uma cortina de água, evitando que o vapor de mercúrio escape para a atmosfera. A mistura de vidro e partes metálicas é então lavada, separando-se vidro e metais para reciclagem.O líquido de lavagem contendo o mercúrio e o pó de fósforo é então filtrado ou precipitado, separando-se o pó de fósforo. O líquido já filtrado/separado passa então por um tratamento químico com Na2S, Na2SO3 ou NaHSO3; o mercúrio é transformado em HgS (precipitado), um composto sólido insolúvel em água. Após o tratamento, uma nova filtragem separa o mercúrio precipitado como HgS da água. A água pode ser reutilizada no processo.Tanto o pó de fósforo quanto o mercúrio precipitado podem ser tratados por destilação, recuperando-se o mercúrio metálico que é encaminhado para reciclagem. Algumas empresas, porém, encaminham ambos os materiais para aterros.

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Figura 6: Processo Químico Ecolux 2000(Reciclagem de Lâmpadas: Aspectos Ambientais e Tecnológicos – PUC Campinas)

Um fator adicional a ser comentado é que, no processo químico, existe a utilização de água – um bem natural que tem se tornado mais e mais escasso ao longo das décadas. É importante que tais processos promovam a contínua reciclagem interna das águas de lavagem, para minimizar possíveis impactos ambientais.

5.4.5. Tratamento por sopro

O processo de tratamento por sopro surgiu como uma alternativa para a reciclagem do vidro. Este processo, utilizado exclusivamente para tratamento de lâmpadas fluorescentes tubulares, visa manter a integridade do tubo de vidro, encaminhando-o ainda na forma tubular para a reciclagem. Neste processo, as duas extremidades contendo os soquetes de alumínio são quebradas, através de um sistema de aquecimento e resfriamento. Em seguida, o tubo de vidro já sem os soquetes recebe um sopro de ar em seu interior, arrastando-se assim o pó de fósforo contendo mercúrio. O pó removido pelo sopro passa por um sistema de ciclones, e a corrente de ar passa em seguida por um sistema de filtros de carvão ativado.Algumas empresas fazem a moagem do vidro mesmo após a separação do mercúrio, utilizando a tecnologia por sopro em função da menor possibilidade de contaminação do vidro por partes metálicas dos soquetes – aumentando, assim, o valor do vidro para a reciclagem. Ainda assim o sistema por sopro não faz a remoção de todo o mercúrio da lâmpada, apenas evita que o mercúrio que se encontra na forma gasosa escape para o meio ambiente. A menos que a instituição possua uma unidade de tratamento térmico, todo o mercúrio recuperado nos filtros acabará disposto em aterro junto com os respectivos filtros.

5.4.6. Solidificação/Encapsulamento

O processo de solidificação possui etapas similares aos processos de tratamento químico e tratamento térmico. Há uma fase de esmagamento, no qual a lâmpada pode ser quebrada por via seca ou úmida. Os materiais resultantes, porém, são encapsulados em concreto e/ou ligantes orgânicos, e então destinados a aterros.Os impactos associados são similares aos da disposição convencional em aterro. Não há estudos que o encapsulamento em concreto seja suficiente para a contenção do mercúrio no aterro. Além disso, o encapsulamento do vidro, do alumínio e do mercúrio é

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contrário a filosofia do desenvolvimento sustentável, que busca justamente minimizar a extração de matérias-primas do meio ambiente.

No Brasil, as lâmpadas só puderam ser tratadas adequadamente a partir de 1993 (segundo o trabalho Reciclagem de Lâmpadas: Aspectos Ambientais e Tecnológicos – PUC Campinas), ano em que surgiram várias empresas no mercado se propondo a tratar adequadamente das lâmpadas de mercúrio. Tratar-se-á das empresas de maior destaque mais adiante.

5.5. Impactos Ambientais

Todos os materiais que constituem as lâmpadas causam algum impacto ambiental, como o alumínio, que demora de 200 a 500 anos para ser decomposto, e o vidro, que possui tempo indeterminado de decomposição (Extraído de: Ambiente Brasil). Apesar disto, o mercúrio é considerado o elemento potencialmente mais perigoso entre os constituintes das lâmpadas, encontrando-se num estado e composição bastante volátil nas condições normais de pressão e temperatura.Por ser um metal pesado, não é biodegradável e seu potencial de biomagnificação (sua concentração cresce ao passar pelos níveis da cadeia alimentar) causa um maior impacto nos seres humanos que nos outros seres vivos ou no ambiente, por estarmos no topo da cadeia alimentar.O mercúrio contido nas lâmpadas usadas ou quebradas não é assimilado pelas bactérias decompositoras e, caso estas lâmpadas não recebam o tratamento adequado, o mercúrio poderá ser liberado ao meio ambiente, seja através das indústrias de tratamento de efluentes e incineradores de resíduos sólidos, ou através da água lixiviada de aterros sanitários e lixões, o que provocará a contaminação de cursos de água, solos e ecossistemas, com graves consequências para o meio ambiente e à saúde humana.O ciclo de intoxicação do mercúrio causado pelo descarte inadequado de lâmpadas fluorescentes pode ocorrer por via cutânea, devido ao manuseio inadequado, e por via respiratória, ao inalar vapor de mercúrio. Esta inalação pode causar dor de estômago, gosto de metal na boca, diarreia, tremores, depressão, ansiedade, sangramento nas gengivas, insônia, falhas de memória, fraqueza muscular, nervosismo, mudanças de humor, agressividade, dificuldade de prestar atenção e até a demência. Além disso, as lâmpadas fluorescentes descartadas inadequadamente causam danos ambientais a plantas e animais, os quais podem ser ingeridos pelo homem. A intoxicação por ingestão apresenta efeitos desastrosos, podendo afetar o sistema nervoso do homem, causar vida vegetativa ou, dependendo da concentração de mercúrio no corpo, levar até mesmo a morte.Um dos mais trágicos exemplos de envenenamento pelo mercúrio aconteceu na Baía de Minamata (Japão), na década de 1950 (Extraído de: Wikipédia), onde diversas pessoas, especialmente mulheres grávidas foram expostas a altos níveis de mercúrio através do consumo de peixes contaminados. Como resultado desta exposição, várias pessoas morreram e seus descendentes desenvolveram múltiplos sintomas físicos e neurológicos (retardo do crescimento intra-uterino, subdesenvolvimento da mandíbula, fenda palatina, desenvolvimento anormal dos ossos do crânio, defeitos da coluna vertebral, defeitos do ouvido, pé torto, microcefalia, hipoplasia e atrofia do cérebro).

5.6. Legislação Vigente

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(Extraídas dos sites das empresas Tramppo e Bulbox)

No Brasil ainda não existe uma legislação federal que regule o descarte de lâmpadas fluorescentes, visto que o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), órgão responsável por estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente, não dispõe de uma legislação específica para as lâmpadas fluorescentes.Apesar disto, alguns estados possuem leis que regulamentam a disposição de lâmpadas fluorescentes e, graças a Norma ABNT NBR 10.004, estas lâmpadas passam a ser enquadradas em diversas leis nacionais.

* Norma ABNT NBR 10.004 – Norma Brasileira de Resíduos Sólidos - Os resíduos de lâmpadas de mercúrio são resíduos perigosos – Classe I, porque apresentam concentrações de mercúrio e chumbo que excedem os limites regulatórios estabelecidos pela Norma Brasileira de Resíduos Sólidos – ABNT NBR 10.004 - limite regulatório (100 mg de Hg/kg de resíduo). (Norma em processo de revisão).

* Agenda 21 (Rio-92) – Acordos Internacionais – Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - Em síntese, através do MMA e IBAMA o Governo Federal está desenvolvendo um projeto para caracterizar os resíduos industriais através de um inventário nacional, para traçar e desenvolver uma política de atuação, visando reduzir a produção e destinação inadequada de resíduos perigosos.> Capítulo 19 – Manejo Ecologicamente Saudável das Substâncias Químicas Tóxicas, incluindo a Prevenção do Tráfico Internacional Ilegal dos Produtos Tóxicos e Perigosos.> Capítulo 20 – Manejo Ecologicamente Saudável dos Resíduos Perigosos, incluindo a Prevenção do Tráfico Internacional Ilícito de Resíduos Perigosos.> Capítulo 21 – Manejo Ambientalmente Saudável dos Resíduos Sólidos e Questões Relacionadas com os Esgotos.

* IBAMA – Brasil secretaria Especial do Meio Ambiente> Portaria – 000003 – Considerando que a poluição causada pelo mercúrio e seus compostos é extremamente grave pelas conseqüências que acarretam à saúde humana e as comunidades biótica das águas principalmente tendo em vista a capacidade desses poluentes se concentrarem na cadeia alimentar da fauna aquática, estabelece a concentração de mercúrio em mananciais de abastecimento público, com base no Environmental Protection Agency dos Estados Unidos.

* Resolução CONAMA Nº 357, de 17/03/2005 – "Dispõe sobre a classificação das águas doces, salobras e salinas do Território Nacional" – (Dispõe sobre limites de concentração de mercúrio (Hg)).

* Governo do Estado de Rio Grande do Sul> Lei 11.187/98 – 07/07/1998 - É alterada a Lei n° 11.019, de 23 de setembro de 1997, acrescentando normas sobre o descarte e destinação final de lâmpadas fluorescentes, baterias de telefone celular e demais artefatos que contenham metais pesados, no Estado do Rio Grande do Sul, metais pesados, metal pesado, lixo doméstico, lixo comercial, componentes eletrônicos, máquinas fotográficas, relógios, pilha usada.> Projeto de Lei - 235/97 – 20/05/2002 - Dispõe sobre o descarte e destinação final de lâmpadas fluorescentes, baterias de telefone celular e demais artefatos que contenham metais pesados, Estado do Rio Grande do Sul.

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Lei Municipal de Caxias do Sul> Lei n º 5.873 – 16/07/2002 - Disciplina o descarte e o gerenciamento adequado de pilhas, baterias e lâmpadas usadas no Município de Caxias do Sul e dá outras providências.Art. 1º Todas as pilhas e baterias, independentemente de composição, e em especial as que contenham em suas composições chumbo, cádmio, mercúrio e seus compostos, necessárias ao funcionamento de quaisquer tipos de aparelhos, veículos ou sistemas, fixos ou móveis, bem como os produtos eletroeletrônicos que as contenham integradas em sua estrutura de forma não substituível, e as lâmpadas fluorescentes, as lâmpadas de vapor de mercúrio, as lâmpadas halógenas dicróicas, as lâmpadas de vapor de sódio, as lâmpadas de luz mista e outras lâmpadas contendo mercúrio, após seu esgotamento energético deverão ser entregues pelos usuários aos estabelecimentos que as comercializam ou à rede de assistência técnica autorizada pelas respectivas indústrias, para repasse aos fabricantes ou importadores, para que estes adotem, diretamente ou por meio de terceiros, os procedimentos de reutilização, reciclagem, tratamento ou destinação final ambientalmente adequada.

*Governo do Estado do Rio de JaneiroLei nº 276/2007 – 14/03/2007 - Art. 1º - Ficam os fabricantes, distribuidores, importadores, revendedores e comerciantes de lâmpadas fluorescentes situados no Estado do Rio de Janeiro, obrigados a colocar a disposição dos consumidores, recipientes para a sua coleta, quando descartadas ou inutilizadas.Parágrafo Único - Os recipientes de coleta deverão ser instalados em locais visíveis e, de modo explícito, deverão conter dizeres que venham alertar e despertar a conscientização do usuário sobre a importância e necessidade do correto fim dos produtos e os riscos que representam à saúde e ao meio ambiente quando não tratados com a devida correção.

*Lei Municipal do Rio de Janeiro> Lei nº 298/2001 – 01/12/2001 - Dispõe acerca do descarte de lâmpadas fluorescentes, no âmbito do Município do Rio de Janeiro, e dá outras providências.Art. 1º Os estabelecimentos que comercializem lâmpadas fluorescentes ficam obrigados a manter, em local visível e de fácil acesso, recipientes especiais para o seu recolhimento.Parágrafo único. As lâmpadas fluorescentes recolhidas deverão ser encaminhadas pelos estabelecimentos comerciais ao respectivo fabricante ou seu representante legal para reciclagem ou incineração.Art. 2º Fica o Poder Executivo autorizado a instituir meios para o transporte seguro e eficaz, bem como instalações adequadas para o depósito, armazenamento e destinação final das lâmpadas fluorescentes por ele utilizadas ou que, de qualquer modo, venham a ficar sob sua responsabilidade.

*Governo do Estado de Santa Catarina> Lei 11.347 – 17/01/2000 - Dispõe sobre a coleta, o recolhimento e o destino final de resíduos sólidos potencialmente perigosos que menciona, e adota outras providências.Art. 1º - As pilhas, baterias e lâmpadas, identificadas no art. 3º desta Lei, após seu uso ou esgotamento energético, são consideradas resíduos potencialmente perigosos à saúde e ao meio ambiente, devendo a sua coleta, seu recolhimento e seu destino final, observar o estabelecido nesta Lei.

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Art. 2º - Os produtos discriminados no artigo anterior, após sua utilização ou esgotamento energético, deverão ser entregues pelos usuários, aos estabelecimentos que as comercializam ou à rede de assistência técnica autorizada para repasse aos fabricantes ou importadores, para que estes adotem, diretamente ou por meio de terceiros, os procedimentos de reutilização, reciclagem, tratamento ou disposição final ambientalmente adequada.

* Governo do Estado de São Paulo> Decreto 45.643 - 26/01/2001 – Dispõe sobre a obrigatoriedade da aquisição pela Administração Pública Estadual de lâmpadas de maior eficiência energética e menor teor de mercúrio, por tipo e potência, e dá providências correlatas.> Lei n.º 10.888/01 – 20/09/2001 - Dispõe sobre o descarte final de produtos potencialmente perigosos do resíduo urbano que contenham metais pesados (regulamentação de empresas, coleta, recipientes que acondicionem o referido lixo, pilhas, baterias, lâmpadas fluorescentes, frascos de aerossóis, fabricantes, distribuidores, importadores, comerciantes, revendedores, descontaminação, destinação final, meio ambiente, Unidades Fiscais do Estado de São Paulo - UFESPs).>Lei n º 621/05 – 28/09/2005 - Dispõe da obrigatoriedade da Prefeitura do Município de São Paulo, autarquias, órgãos municipais da administração direta e indireta e empresas municipais a coletar lâmpadas fluorescentes defeituosas ou que não mais acendem para reciclagem e reaproveitamento em todas as dependências públicas da Cidade de São Paulo.

Lei Municipal de São Paulo > Lei Municipal 12.653/98 – 06/05/1998 - Fixa normas para o descarte como lixo de lâmpadas fluorescentes, e dá outras providências: Art. 1º Fica proibido o descarte como lixo comum de lâmpadas fluorescentes.Art. 2º Fica o Poder Público Municipal proibido de recolher lâmpadas fluorescentes descartadas como lixo comum.Parágrafo único. A proibição contida neste artigo estende-se às empresas concessionárias do serviço de coleta de lixo comum.Art. 3º Fica o Poder Executivo obrigado a criar um serviço voltado à coleta do lixo especial constituído por lâmpadas fluorescentes descartadas. O lixo recolhido nos termos deste artigo deverá ser, quando possível, destinado à reciclagem, nos termos mais vantajosos para o Poder Público Municipal, ou depositado em local próprio adequado para lixo tóxico.Art. 4º Fica o Poder Público obrigado a executar campanha de esclarecimento da população sobre o perigo para a saúde pública do mercúrio usado nas lâmpadas fluorescentes quando inadequadamente utilizadas e sobre o caráter tóxico dessas mesmas lâmpadas quando descartadas como lixo.

Lei Municipal de Campinas>Lei nº 11.294 – 27/06/2002 - Dispõe sobre a destinação de lâmpadas fluorescentes no município de Campinas. Art. 1 º - Fica proibido, no âmbito do Município de Campinas, o depósito de lâmpadas fluorescentes que utilizam mercúrio metálico e similares em aterros sanitários.Art. 2 º - O Poder Executivo tomará as providências necessárias no sentido de obrigar as empresas contratadas para a realização do serviço de coleta do lixo no Município de Campinas a recolherem em separado, nos veículos coletores, as lâmpadas e similares usadas, dando às mesmas uma destinação final adequada.

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Art. 3 º - O Poder Executivo recolherá e remeterá à destinação final adequada todas as lâmpadas utilizadas em próprios públicos municipais.

Lei Municipal de Botucatu>Lei 4.752 – 21/12/2006 - Dispõe sobre a responsabilidade da destinação de pilhas, baterias e lâmpadas usadas e dá outras providências:Art. 1º. Ficam as empresas fabricantes, importadoras, distribuidoras ou revendedoras de pilhas, baterias e lâmpadas, com sede no município, na forma especificada no parágrafo único deste artigo, responsáveis por dar destinação ambientalmente correta e dentro das normas e tecnologias atuais, a esses produtos e equipamentos, mediante procedimentos de coleta, reutilização, reciclagem, tratamento ou disposição final, após seu esgotamento enérgico ou vida útil e a respectiva entrega pelos usuários aos estabelecimentos que as comercializam ou à rede de assistência técnica autorizada.

5.7. Empresas Brasileiras

5.7.1. Apliquim(Extraído do trabalho: Reciclagem de Lâmpadas: Aspectos Ambientais e Tecnológicos – PUC Campinas)

Fundada em 1985, a Apliquim foi a primeira empresa do Brasil a realizar tratamento de resíduos contendo mercúrio. Suas atividades iniciais envolveram a recuperação de mercúrio a partir de resíduos da fabricação de cloro-soda, termômetros, pesticidas agrícolas a base de mercúrio e resíduos da fabricação de lâmpadas. Em 1993, passou a realizar o tratamento de lâmpadas contendo mercúrio, tornando-se a primeira instituição no hemisfério sul a desenvolver tal atividade.Como reconhecimento por suas atividades e pelo domínio da proteção ambiental, a Apliquim foi selecionada pela CEPAL (Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e o Caribe) como uma das empresas líderes no desenvolvimento e difusão de tecnologias ambientais na América Latina.Outros reconhecimentos por seu trabalho pioneiro em prol do meio ambiente incluem: - I Prêmio Nacional de Conservação Ambiental e Desenvolvimento da Gazeta Mercantil, em 1992;- Prêmio ECO 94 de preservação Ambiental, da Câmara Americana de Comércio;- Prêmio de melhor Desempenho de 1997, da FIAT Automóveis SA;- Prêmio de Saúde, Segurança e Meio Ambiente de 1999, da Petrobrás – Bacia de Campos;- Prêmio Von Martius 2000, da Câmara Brasil – Alemanha de Comércio e Indústria;E, no plano internacional:- Prêmio Thomas Kuhn Hope for the future for Sustainability 2001, conferido pela International Academy os Science e pela IUAPPA – União Internacional das Associações de Prevenção da Poluição do Ar e Proteção Ambiental.A Apliquim é licenciada pela CETESB e credenciada pelo IBAMA para processar resíduos mercuriais, tendo entre seus clientes mais de 1.200 instituições de todo Brasil.A Apliquim utiliza dois sistemas de tratamento (Figura 7). Para lâmpadas fluorescentes tubulares, circulares e lâmpadas de bulbo (vapor de mercúrio, vapor de sódio, Luz Mista, Vapor Metálico), emprega o tradicional método de moagem com tratamento térmico. Lâmpadas fluorescentes compactas são tratadas pelo método de moagem simples.

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Figura 7: Fluxograma de tratamento de lâmpadas – processo Apliquim(Reciclagem de Lâmpadas: Aspectos Ambientais e Tecnológicos – PUC Campinas)

O vidro recuperado pela Apliquim é encaminhado para fabricação de esmaltes cerâmicos. Metais são encaminhados para recicladores de metais, e o mercúrio é comercializado para instituições que o utilizem em seu processo, com devida autorização do IBAMA (órgão que fiscaliza a comercialização do mercúrio no Brasil).A empresa possui plano de monitoramento ambiental de seu entorno, contemplando solo, águas superficiais, emissões atmosféricas e qualidade do ar. Seu sistema de gestão ambiental foi certificado de acordo com a NBR ISO 14.001, em 2001, e manteve sua validade até 2004. A renovação da certificação do SGA não foi possível em virtude de interdição efetuada nos equipamentos da Apliquim, em julho de 2004, situação já plenamente sanada. A empresa informou que sua auditoria de re-certificação foi agendada para janeiro de 2005. Até o momento, não se sabe se a certificação foi conseguida.A Apliquim foi a única empresa identificada que alegou possuir destilador licenciado para a recuperação do mercúrio metálico. A Apliquim é a única empresa que comercializa containeres especiais para o transporte de materiais. Em alguns casos, o container fica com o cliente para que a armazenagem seja feita no próprio local, de forma segura.A capacidade de tratamento da Apliquim é de 18.000.000 lâmpadas/ano para tratamento. Seus principais clientes são: 3M, Alcan, Alcoa, Bahiasul, Bosch, Daimler

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Chrysler, Du Pont, Ferteco, Kellogg, Nestlé, Petrobrás, Polibrasil, OPP, Ripasa, SESC, Vicunha, Volkswagen, Volvo, entre outros.

5.7.2. Mega Reciclagem(Extraído do trabalho: Reciclagem de Lâmpadas: Aspectos Ambientais e Tecnológicos – PUC Campinas)

A Mega Reciclagem iniciou suas atividades em Curitiba em 1998, percebendo a carência do mercado em empresas especializadas na destinação final de lâmpadas de vapores metálicos e na descontaminação do mercúrio e outros metais pesados.A empresa é voltada exclusivamente ao bloqueio da toxicidade de lâmpadas inservíveis, destruindo-as e gerando subprodutos reutilizáveis em processos de manufatura industrial (Figura 8). Oferece também orientação quanto ao manejo, acondicionamento, estocagem, transporte e legislação aplicável. O processo consiste, basicamente, na triagem e descontaminação das lâmpadas, que são quebradas por submersão em meio líquido, onde reagentes químicos separam os materiais tóxicos do vidro e dos metais (processo de Moagem com Tratamento Químico). Os subprodutos gerados pelo processo são encaminhados para diversas empresas de diversos segmentos para que possam ser reciclados.

Figura 8: vista do equipamento da Mega Reciclagem(Reciclagem de Lâmpadas: Aspectos Ambientais e Tecnológicos – PUC Campinas)

Após o processo de descontaminação, o mercúrio é encaminhado para uma empresa especializada na tridistilação e que posteriormente o comercializa. A Mega possui todas as licenças para comercialização do mercúrio. Contatos realizados com clientes da Mega não disponibilizaram detalhes quanto ao receptor do resíduo de mercúrio, e não foi identificada no mercado qualquer empresa, além da Apliquim, especializada na destilação do mercúrio.Sua capacidade de tratamento é de 7.000.000 lâmpadas/ano, conforme informações colhidas a partir de algumas empresas identificadas que lhe encaminham lâmpadas. Seus principais clientes são CEMIG - Companhia Energética de Minas Gerais, COPEL - Cia. Paranaense de Energia Elétrica, Electrolux do Brasil S/A, Elektro Eletricidade e Serviços S/A, Eletropaulo Metropolitana Eletricidade de São Paulo S/A, Ultrafertil S/A, entre outros.

5.7.3. Brasil Recicle(Extraído do trabalho: Reciclagem de Lâmpadas: Aspectos Ambientais e Tecnológicos – PUC Campinas)

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A Brasil Recicle começou a atuar neste mercado em 2000, em consequência da necessidade de vidros para outro negócio, a Murano – empresa no segmento de produtos para animais de estimação, principalmente bebedores para passarinho. Como tinham a necessidade da matéria-prima vidro, surgiu a idéia de recolher lâmpadas queimadas para retirá-lo. No entanto, as lâmpadas fluorescentes continham mercúrio, não bastando recolhe-las apenas, mas tratá-las também.Possui o Certificado de Recepção e Responsabilidade (CRR) reconhecido e autenticado pela FATMA – Fundação do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina.O processo tem início quando as lâmpadas fluorescentes são levadas em pallets para a descontaminação, onde existe uma leve pressão negativa para expurgo dos resíduos (Figura 9). O processo é basicamente feito através de sucção (Tratamento por sopro), não gerando efluentes líquidos, evitando com isso a contaminação dos solos e rios.

Figura 9: vista do equipamento da Brasil Recicle(Reciclagem de Lâmpadas: Aspectos Ambientais e Tecnológicos – PUC Campinas)

Resíduos como alumínio, terminais de contato, polímeros e bulbos são separadamente armazenados e os subprodutos, após o laudo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) da Faculdade Universitária Regional de Blumenau, são comercializados.O conceito adotado de recuperar e reciclar todos os materiais que constituem a lâmpada, em vez de simplesmente descartá-los, é muito importante visto que protege os aterros (e lixões), evitando a formação de passivos ambientais que poderão, um dia, recair sobre a municipalidade local.O mercúrio é separado finalmente da corrente de ar através de filtros especiais onde é amalgamado. Para assegurar que o ar despejado na atmosfera esteja livre de uma quantidade de partículas de mercúrio superior à permitida pelas leis de meio ambiente, existe em linha um sistema de amostragem comparando os índices medidos com os permitidos. O sistema de controle, em caso da existência de mercúrio em valores superiores ao permitido, realiza um “by pass” impedindo a saída de gases ao exterior e logo desligando todo o sistema automático de produção. Após a sua retirada, é enviado ao IPT para análise e possível reaproveitamento.Novamente, clientes desta empresa que foram contatados não souberam informar se a Brasil Recicle possui sistema para recuperação do mercúrio (destilador). Sua Licença de Operação, disponibilizada no web site da empresa, apesar de mencionar todos os demais equipamentos, não faz menção a nenhum equipamento de recuperação de mercúrio.A capacidade de tratamento é de 3.000.000 lâmpadas/ano. Seus principais clientes são Brasil Telecom, Firestone, GE, Petrobras, Sadia, Souza Cruz, Telefônica, Tigre Tubos, Votorantin Cimentos e Conexões, entre outros.

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5.7.4. Naturalis Brasil(Extraído do trabalho: Reciclagem de Lâmpadas: Aspectos Ambientais e Tecnológicos – PUC Campinas)

Dentre as suas diversas atividades, a Naturalis Brasil, localizada em Jundiaí - SP atua na busca de alternativas que colaborem para que empresas e instituições ecologicamente conscientes possam dar um destino ambientalmente seguro a seus resíduos, e um dos maiores exemplos deste esforço é o seu exclusivo sistema de descarte "in company" de lâmpadas fluorescentes, a Operação Papa- Lâmpadas.Com seu exclusivo sistema de unidades móveis de descarte, a Naturalis Brasil leva o equipamento até a unidade geradora de lâmpadas queimadas, qualquer que seja o porte dessa empresa, escola, órgão público ou instituição, e ali se encarrega de todo o processo de descarte, desde a manipulação das lâmpadas, trituração, até a destinação dos resíduos gerados.Como o próprio site da instituição afirma, é utilizado o sistema “Bulb Eater” de moagem de lâmpadas, sem separação dos componentes. Deste modo, não ficou claro como a empresa efetua a recuperação do mercúrio a partir dos vidros moídos e dos filtros que retiveram os vapores de mercúrio metálico.É curioso salientar também que, enquanto todas as outras instituições que realizam tratamento de lâmpadas no Brasil são obrigadas a possuir licenciamento ambiental em seus respectivos estados, a Naturalis possui uma carta de dispensa de licenciamento. Em outras palavras, sendo uma empresa isenta de licenciamento, a mesma não possui acompanhamento e monitoramento efetuados pelo órgão ambiental do estado.

5.7.5. Tramppo(Extraído do site da empresa Tramppo)

A empresa existe desde 1986 e a partir de 2000 focou-se na área de reciclagem de lâmpadas. Em 2003 incubou-se no Cietec (Centro Incubador de Empresas Tecnológicas) / USP (Universidade de São Paulo). Em 2004 obteve financiamento FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) para desenvolvimento do equipamento de reciclagem de lâmpadas. Em 2005 solicitou a patente do equipamento, (Equipamento 100% tecnologia nacional Tramppo); ainda este ano, venceu o New Ventures Brasil / FGV (Fundação Getúlio Vargas). Em 2006 iniciou as operações em escalas comerciais.A tecnologia Tramppo, com equipamento de 100% desenvolvido internamente, baseia-se em um processo de produção mais limpa, com reciclagem total da lâmpada, sem descartes em aterros, minimizando o volume do nosso lixo e principalmente evitando a contaminação dos solos e águas. Tecnologia aliada à sustentabilidade.Participa do programa New Venture Brasil de apoio a empreendedores, e Venceu o Modelo de Negócios em Desenvolvimento Sustentável no Brasil do II Fórum de Investidores em Negócios.

5.7.6. Bulbox(Extraído do site da empresa Ambiensys)

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A empresa brasileira Ambiensys, especializada na criação e implantação de soluções ambientais desde sua criação em 1997, aliou-se a uma empresa de Curitiba, divulgando um sistema de reciclagem de lâmpadas chamado Bulbox, criado pela empresa curitibana, que nada mais é do que um veículo que leva o sistema "Bulb Eater" até seus clientes.

6. METODOLOGIA

A revisão bibliográfica foi realizada a partir de pesquisas em livros, artigos e sites.A pesquisa de campo foi feita a partir de entrevistas: pessoalmente, via e-mail e por telefone aos funcionários responsáveis pelo manejo das lâmpadas no Campus A.C. Simões, visando levantar a situação deste material na universidade, constando das seguintes perguntas:

1. Nome2. Formação3. Há quanto tempo trabalha no gerenciamento das lâmpadas do Campus?4. Quantas lâmpadas, aproximadamente, existem no CTEC? E na UFAL?5. Quantas delas são fluorescentes? De que tipo?6. Quantas lâmpadas são descartadas por ano?7. Qual porcentagem das descartadas corresponde às fluorescentes?8. Que destinação é dada a estas lâmpadas?9. Sabe que tratamento é dado neste local?10. Conhece os danos que uma lâmpada fluorescente descartada inadequadamente pode causar?11. Conhece as opções adequadas de tratamento?12. A proporção fluorescentes/incandescentes é a mesma que no CTEC ou há algum bloco que tenha mais de um determinado tipo?13. Consumo de energia no CTEC e no Campus.

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7. RESULTADOS

Até novembro de 2008, a Universidade Federal de Alagoas não possuía o cargo específico de engenheiro eletricista, sendo criado nesta data e ocupado pelo engenheiro Lucas Ferreira do Amaral. Indicado pelo senhor José Ulisses Filho, diretor de serviços gerais da SINFRA (secretaria de infra-estrutura da UFAL), o eng. Lucas respondeu o que foi possível do questionário (Anexo I). A maior parte dos dados, porém, só pode ser obtida por telefone, em entrevista ao ex-chefe de manutenção, Valdomiro Sarmento Ferreira.No Campus A. C. Simões existem cerca de 20 mil lâmpadas fluorescentes (quantidade subestimada), e entre 1000 e 1100 lâmpadas de outros tipos, entre vapor metálico, vapor de sódio e vapor de mercúrio. (Gráfico 1)No CTEC são cerca de 3000 lâmpadas, todas fluorescentes tubulares.

Gráfico 1

Fluoresc. 95%

Outras 5%

Por ano, são descartadas em média: 4000 lâmpadas fluorescentes; 400 lâmpadas de vapor de mercúrio; Entre 400 e 500 lâmpadas de vapor de sódio e Cerca de 50 lâmpadas de vapor metálico. (Gráfico 2)

Gráfico 2

V. Metal 1%V. Sódio 9%

V. Merc. 8%

Fluoresc. 82%

Apesar dos responsáveis conhecerem os danos causados pelo mercúrio, cerca de 75% destas lâmpadas são descartadas ainda no campus, quebradas e/ou jogadas no lixo comum. Os outros 25% são recolhidos por “uma pessoa que recicla”.A maior parte dos blocos tem somente lâmpadas fluorescentes, e os que possuem outros tipos de lâmpadas estão em processo de mudança, para que fiquem apenas as fluorescentes.

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8. PROPOSTAS

Os pesquisadores Roberto Naime e Ana Cristina Garcia propõem, para os consumidores residenciais, uma campanha que estimule a entrega da lâmpada usada na compra de uma nova. O gerenciamento global do sistema deveria ficar sob a coordenação da ABILUX (Associação Brasileira da Indústria de Iluminação). A rede de distribuição formada por supermercados e lojas, sempre que vendesse uma lâmpada nova, exigiria como contrapartida a entrega de uma lâmpada fluorescente usada, que em tese seria a lâmpada que está sendo substituída. Estes vendedores fariam um cadastro junto ao fabricante, criando um sistema de comercialização autorizado pela ABILUX.A partir destes procedimentos, seria incluído o preço da reciclagem ao valor da lâmpada nova, com o fabricante repassando a lâmpada e o valor recebidos do comercializador ao reciclador de sua preferência.Caso o usuário não entregasse a lâmpada usada, ou no caso de novas lâmpadas, o usuário ficaria obrigado a recolher previamente um valor como multa pela não entrega da lâmpada usada, ou ação de educação ambiental, para que passe a armazenar e trocar suas lâmpadas fluorescentes usadas, auxiliando no manejo ambiental do produto.Em Maceió, a Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (SLUM) orienta os consumidores a entregar as lâmpadas queimadas em sua sede, localizada na Avenida Fernandes Lima, nº. 1448, Farol. Lá, este material é armazenado e, quando atinge determinada quantidade, é enviado para uma empresa de reciclagem em São Paulo, já que em Alagoas não há empresas neste ramo.

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a realização deste trabalho, pode-se concluir que apesar de existir muita tecnologia, o tratamento dado as lâmpadas fluorescentes ainda é precário, necessitando de divulgação e conscientização da sociedade quanto aos riscos potenciais. No Campus A. C. Simões, fica evidente a necessidade da implantação de um manejo adequado das lâmpadas fluorescentes, visto que além de descartá-las inadequadamente, há dificuldade até na obtenção de dados sobre estas.Para solucionar estes problemas, poderia ser mantido um arquivo digital atualizado com os dados, e a formação de uma parceria com a SLUM para o descarte adequado das lâmpadas. Além disso, a quantidade de lâmpadas poderia ser reduzida, já que em cada sala de aula do CTEC há cerca de 40 lâmpadas, o que é um exagero.A UFAL, por meio da Pró-reitoria de Gestão de Pessoas (Progep) vem realizando cursos de gerenciamento de resíduos sólidos com técnicos e servidores; espera-se que, após este curso, o problema das lâmpadas seja sanado.

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10. REFERÊNCIAS

SILVA, Mauri L. Luz, lâmpadas & iluminação. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna Ltda., 2004.

Lâmpadas Fluorescentes como tema motivador no Ensino Médio. Acesso em: 29 de agosto de 2008.

<sec.adtevento.com.br/eneq2008/2008/resumos/R0137-1.doc>

NAIME, Roberto e GARCIA, Ana Cristina. Propostas Para o Gerenciamento dos Resíduos de Lâmpadas Fluorescentes. Acesso em 28 de outubro de 2008.

<http://www.ccs.uel.br/espacoparasaude/v6n1/propostas.pdf>

SANCHES, Everton de Sá Segóbia. Logística Reversa de Pós-Consumo do Setor de Lâmpadas Fluorescentes. Acesso em 06 de janeiro de 2009.

<http://portal.anhembi.br/publique/media/artigo-conem2008.pdf>

Banco do Planeta (Bradesco). Acesso em 06 de janeiro de 2009.<http://bradescobancodoplaneta.ning.com/profiles/blog/show?

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Tramppo: Recicla Lâmpadas. Acesso em 09 de janeiro de 2009.<http://www.tramppo.com.br/legislacao.html>

ZANICHELI, Claudia. PERUCHI, Ivan Bueno. MONTEIRO, Luis Augusto. SILVA JOÃO, Suely Aparecida da. CUNHA, Vitor Flávio. Reciclagem de Lâmpadas: Aspectos Ambientais e Tecnológicos. Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Acesso em 24 de outubro de 2008.

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11. ANEXO I:

Bolsa de Iniciação AcadêmicaRelatório Sobre as Diferentes Opções de Tratamento de Lâmpadas Fluorescentes

Parte 2: Pesquisa de CampoQuestionário

1. NomeLucas Ferreira do Amaral

2. FormaçãoEngenharia elétrica

3. Há quanto tempo trabalha no gerenciamento das lâmpadas do Campus?Nunca trabalhei com isso no Campus. Assumi o cargo de Eng. Eletricista da UFAL em novembro de 2008. Antes disso não existia este cargo na universidade. No momento estou cuidado das contas de energia e de água, além de estar viabilizando os contratos de energia elétrica com a CEAL e fazendo alguns projetos de subestações de energia para novos prédios do campus (Reuni) e para a reforma de subestações antigas e inadequadas. Estou tentando, também, viabilizar um projeto de manutenção da rede de média tensão do campus (13,8 kV). Enfim, existe um sistema de energia com mais de 40 anos acumulados de coisas para fazer... Gostei do seu questionário, mas como desconheço tal procedimento, só poderei responder a última pergunta. Não posso afirmar isso, mas acredito que tais procedimentos não vêm sendo adotados. De qualquer forma, gostaria de ter acesso ao resultado do seu trabalho, e, caso ele gere um protocolo ou sugestões de procedimento sobre como deve ser feito este descarte, pode contar comigo para a gente tentar mobilizar a UFAL para implementar.

4. Quantas lâmpadas, aproximadamente, existem no CTEC? E na UFAL?

5. Quantas delas são fluorescentes? De que tipo?

6. Quantas lâmpadas são descartadas por ano?

7. Qual porcentagem das descartadas corresponde às fluorescentes?

8. Que destinação é dada a estas lâmpadas?

9. Sabe que tratamento é dado neste local?

10. Conhece os danos que uma lâmpada fluorescente descartada inadequadamente pode causar?

11. Conhece as opções adequadas de tratamento?

12. A proporção fluorescentes/incandescentes é a mesma que no CTEC ou há algum bloco que tenha mais de um determinado tipo?

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13. Consumo de energia no CTEC e no Campus.Não existe um medidor de energia específico para o CTEC. A medição do campus é feita em média tensão, ou seja, em 13,8kV. Temos e posso te fornecer apenas os valores de consumo para o campus como um todo, incluindo o H.U.

Vamos lá:A demanda contratada de energia para o campus era de 2.200 kW em março, mas aumentamos para 2.400 kW em abril. Isso vezes 22,742633 (preço do kW contratado) dá um valor mais ou menos fixo de R$ 54.580,00. Digo mais ou menos fixo porque os valores destas constantes são modificados todo mês, isso porque incidem impostos que variam mensalmente e são informados à concessionária de energia pela ANEEL. Este contrato de demanda é obrigatório por resoluções da ANEEL, e guarda relação com a potência dos equipamentos instalados e não diretamente com o consumo.Para o mês de março, o consumo no horário “Fora Ponta” foi de 597.903 kWh. O que, dá aproximadamente mais R$ 78.000,00Para o horário de “Ponta” foi de 65.025 kWh, o que resulta em mais cerca de R$ 88.000,00.Bom, o que eu te disse, é um mês mais ou menos mediano, existem consumos inferiores e superiores a este. Se você necessitar de algum dado mais elaborado neste sentido pode pedir.

Não sei se você está acostumada com este tipo de fatura. O horário de ponta constitui-se de 3h definidas pela concessionária local (no caso de Maceió vai de 05h30min da tarde até 08h30min da noite) em que o consumo da região como um todo é mais alto, normalmente coincide com o horário que os consumidores residenciais consomem uma quantidade maior de energia. Neste horário, o valor da energia pago pelos grandes consumidores é bem maior (cerca de 10x) que fora desse horário. Isso serve de incentivo para as indústrias e demais consumidores de grande porte reduzirem seu consumo neste horário de sobrecarga do sistema.

Isso ajuda no sistema como um todo porque ele precisa ser projetado para atender o pico e não a média de consumo. Explicando, no momento em que mais se consome energia no dia é preciso que existam disponíveis no sistema de geração um número x de geradores ligados que atendam a toda esta demanda de energia. À medida que os consumidores vão reduzindo o consumo ao longo do dia, alguns geradores vão sendo desligados. Mas de qualquer forma o sistema precisa ter estes geradores disponíveis para atender o pico de consumo, ficou claro? Vamos colocar assim, se conseguirmos reduzir o pico achatando ele para perto da média, conseguiremos ter uma necessidade menor de construção de usinas geradoras, mesmo com o crescimento da média de consumo...

Bom, acho que o que eu tinha para contribuir era isso. Espero ter ajudado.

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Assinatura da Diretora da Unidade Acadêmica

ALINE DA SILVA RAMOS BARBOZA

Orientadora do Trabalho

KARINA RIBEIRO SALOMON

Aluna

JÉSSICA FRANCYNE FRIAS

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