38
1 Índice Pág. 1- ESTACÃO DE AVISOS DE LEIRIA 2 1.1- Historial 2 1.2- Recursos humanos e técnicos 3 1.3- Rede biológica/fenológica e meteorológica 3 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo vegetativo das culturas 9 2.4- Evolução dos inimigos das culturas 10 2.4.1- Vinha 10 2.4.1.1 – Pragas 10 2.4.1.2 – Doenças 13 2.4.2- Pomóideas 18 2.4.2.1- Pragas 18 2.4.2.2- Doenças 26 2.4.3- Olival 29 2.4.3.1- Pragas 29 2.4.3.2- Doenças 33 2.5- Balanço fitossanitário 35 3- OUTRAS ACTIVIDADES 37 3.1- Condicionamento da vinha 38 3.2 – Acções de sensibilização/divulgação de 38 metodologias dos avisos 3.3- Ensaios inseridos na candidatura da ex-DRABL ao Programa Agro 38

relatorio actividades ealeiria - DRAP C · 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo

  • Upload
    others

  • View
    6

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: relatorio actividades ealeiria - DRAP C · 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo

1

Índice Pág. 1- ESTACÃO DE AVISOS DE LEIRIA 2

1.1- Historial 2

1.2- Recursos humanos e técnicos 3

1.3- Rede biológica/fenológica e meteorológica 3

2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5

DE LEIRIA

2.1- Boletins emitidos 5

2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5

2.3- Ciclo vegetativo das culturas 9

2.4- Evolução dos inimigos das culturas 10

2.4.1- Vinha 10

2.4.1.1 – Pragas 10

2.4.1.2 – Doenças 13

2.4.2- Pomóideas 18

2.4.2.1- Pragas 18

2.4.2.2- Doenças 26

2.4.3- Olival 29

2.4.3.1- Pragas 29

2.4.3.2- Doenças 33

2.5- Balanço fitossanitário 35

3- OUTRAS ACTIVIDADES 37

3.1- Condicionamento da vinha 38

3.2 – Acções de sensibilização/divulgação de 38

metodologias dos avisos

3.3- Ensaios inseridos na candidatura da ex-DRABL ao Programa Agro 38

Page 2: relatorio actividades ealeiria - DRAP C · 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo

2

1- ESTACÃO DE AVISOS DE LEIRIA

1.1- Historial

A Estação de Avisos de Leiria é um serviço da responsabilidade do Ministério da

Agricultura, está afecta à Direcção Regional de Agricultura da Beira Litoral (DRABL) – Divisão

de Protecção das Culturas – e é supervisionado pelo Serviço Nacional de Avisos Agrícolas

(SNAA).

Territorialmente inclui a área dos concelhos de Leiria, Ansião, Pombal, Marinha

Grande, Batalha, Porto de Mós e Alvaiázere, dispondo de uma rede meteorológica e

biológica/fenológica. As principais culturas abrangidas, desde o início, são as pomóideas, a

vinha e o olival.

O papel dos Avisos consiste na emissão de uma circular de aviso com indicação para a

realização dos tratamentos nas alturas mais oportunas bem como listas para os produtos

fitofarmacêuticos homologados, dentro de uma boa prática agrícola.

1995 foi o ano de inauguração desta Estação de Avisos. Instalaram-se 8 Estações

Meteorológicas Automáticas (EMAs), foi adquirido material informático (computador e

impressora) e material de laboratório de apoio: frigorífico, estufa, microscópio, lupa biocular,

pinças, bistoris etc…

Em 1996 e 1997 decorreram as fases experimentais desta Estação através da testagem

do software das EMAS.

Em 1998 esta Estação de Avisos entrou oficialmente em funcionamento, formada por

dois técnicos, tendo contado nas campanhas de 1998 e 1999 com a colaboração de uma

técnica profissional.

Em 2001 e 2002 esta Estação teve a colaboração de uma estagiária mas desde então

restringe-se aos dois técnicos.

Page 3: relatorio actividades ealeiria - DRAP C · 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo

3

1.2- Recursos humanos e técnicos

Desde 1995, fazem parte desta Estação de Avisos 2 elementos: Marta Maria Filipe de

Oliveira Caetano (Eng.ª Agrária) e José Manuel Heleno Batalha (Engº Técº Agrário).

A Estação de Avisos ocupa dois gabinetes do Edifício da DRABL em Leiria, sendo um dos

quais um pequeno laboratório onde se encontra o material técnico usado na execução dos

trabalhos:

- 1 microscópio Olympus Ch-2, lâminas e lamelas

- 1 lupa binocular Olympus SZ60

- 1 máquina dobradoura de papel

- 1 Estufa Heraeus

- 1 Frigorífico Edesa

- 1 computador Azus Version New PCB R2.0

- 1 impressora/ scanner/ copiadora hp750

- 8 Estações Meteorológicas Automáticas (EMAs): 6 da marca Campbell e 2 da Vórtice

- 1 insectário

- 1 termopluviohumectógrafo

- Material de laboratório (pinças, agulhas, placas de petri, lâminas, lamelas…)

1.3- Rede meteorológica e biológica/fenológica

Para a elaboração dos boletins fitossanitários, a Estação de Avisos de Leiria, a mais

recente estação pública, está equipada com 8 EMAs (não possuindo nenhuma estação

meteorológica clássica de apoio) e vários postos de observação biológicos para as culturas

que supervisiona (Fig. 1).

Em 2007, a transmissão de dados das Estações Automáticas passou a ser feita via GSM

tendo sido substituído o modem e requalificadas todas as Estações, algumas delas

deslocalizadas. Na requalificação, os sensores de humidade e temperatura e folha molhada

foram calibrados assim como os hudómetros. Para além desta tarefa, a empresa “Quantific”

ficou também responsável pela manutenção de todo o equipamento. Toda esta remodelação

Page 4: relatorio actividades ealeiria - DRAP C · 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo

4

ficou abrangida pelo projecto AGRO 8.2 no que diz respeito à modernização do Serviço

Nacional dos avisos Agrícolas e só ficou concluída em finais de 2007, pelo que até meados

deste ano apenas era possível aceder aos dados de 4 EMAs tal como em 2006.

As estações emitem dados diários e horários de temperatura (máxima, mínima e

média), humidade e precipitação que chegam ao computador central da Estação de Avisos via

modem. Os sensores de folha molhada permitem determinar o número de horas que a folha

permaneceu molhada no dia. Este valor deverá ser comparado com o obtido no

termopluviohumectógrafo para averiguar a sua fiabilidade.

A Estação de Avisos recorre ainda a uma rede de postos de observação biológicos

(POB), onde são colocadas armadilhas para acompanhamento do voo das pragas e onde se

observam semanalmente os vários órgãos da planta de acordo com o estado de

desenvolvimento da planta e o dos seus inimigos. Esta informação é depois cruzada com os

dados climáticos extraídos das EMAS e com os conhecimentos sobre bioecologia dos inimigos

para os quais emitimos avisos, permitindo, depois, determinar as alturas mais oportunas para

a realização dos tratamentos.

Figura 1 – Rede meteorológica e biológica/fenológica da Estação de Avisos de Leiria em 2009.

Page 5: relatorio actividades ealeiria - DRAP C · 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo

5

2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS DE LEIRIA

2.1- Utentes inscritos e boletins emitidos

Em 2009 registaram-se 164 inscrições, número que se tem mantido sensivelmente igual

desde à alguns anos e que traduz a fidelidade dos utentes a este serviço. Com a ajuda ao

arranque da vinha que teve início este ano e que permanecerá por mais 3 anos, prevê-se que o

número de utentes possa diminuir. É notório o desânimo sentido por parte dos agricultores

devido à falta de rendimento que esta actividade confere. A sua dureza e exigência em termos

humanos e a falta de quem lhes suceda no sector tem poderá agravar ainda mais esta situação.

Se antes sentiam esse trabalho monetariamente compensado, e eram muitos os que viviam

exclusivamente dela, actualmente não conseguem competir com a elevada concorrência do

mercado externo e os preços dos produtos não pagam, na maior parte das vezes, os encargos

subjacentes.

Num inquérito efectuado em 2005, por esta Estação de Avisos aos seus utentes, era-lhe

reconhecido valor na sua actividade. Em 2006 voltamos a questionar se estavam satisfeitos com

o serviço e quais as sugestões que propunham para melhorá-lo e sentimos que este serviço era

muito importante para todos, no entanto, dada a conjuntura desfavorável que este sector

atravessa, teme-se uma quebra sentida na adesão a este serviço.

Os utentes incluem: agricultores, cooperativas e adegas, serviços oficiais e particulares,

que por sua vez fazem chegar os avisos a outros agricultores não inscritos pelo que o número de

agricultores a beneficiar deste serviço é muito superior ao número de utentes inscritos. O valor

da assinatura anual foi de 13,31€.

Foram emitidas 18 circulares contendo avisos para o tratamento das principais pragas e

doenças das pomóideas, vinha e olival, bem como a indicação dos produtos homologados para o

seu combate e informações para alguns inimigos do pessegueiro e citrinos.

2.2- Resumo do Ano Agrícola 2009

As condições atmosféricas são determinantes não só no desenvolvimento dos inimigos

das culturas como das próprias culturas existindo fases particularmente sensíveis,

nomeadamente altura do vingamento e crescimento dos frutos, quer na fase inicial, para

Page 6: relatorio actividades ealeiria - DRAP C · 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo

6

impedir que eles se deformem, quer na final para se atingirem bons calibres e índices de

maturação.

As condições atmosféricas ocorridas em 2009 estão resumidas nas figuras 2, 3 e 4 que

revelam a temperatura e precipitação ocorridas em duas EMAs situadas em Leiria e Porto

Mós.

A precipitação durante a campanha não foi tão contínua como em 2008 e 2007, tendo

chovido de forma mais intensa nos meses de Janeiro e Fevereiro. Na Primavera apesar dos

períodos chuvosos terem sido intensos, não foram tão frequentes como no ano passado

permitindo aos agricultores a realização dos tratamentos atempadamente. O Verão não foi

tão seco mas os meses de Setembro e Outubro foram, não facilitando a instalação de fungos e

podridões, parasitas habituais nesta altura do ano, em vinha e olival, e facilitando a vindima e

a apanha da fruta e da azeitona.

Relativamente à temperatura, o Verão foi um pouco mais quente do que 2008 mas

sem picos pronunciados que provocassem escaldão na fruta. O Inverno foi muito rigoroso. As

baixas temperaturas começaram a sentir-se logo no início de Novembro e o frio manteve-se

até Fevereiro com as temperaturas a descerem abaixo dos 0º durante dias seguidos.

0

5

10

15

20

25

30

020406080

100120140160

mm

Meses

PrecT MinT MáxT Med

ºC

Fig 2- Média da temperatura máxima, mínima e média e precipitação total registados no posto meteorológico de Azoia, concelho de Leiria, em 2009.

Page 7: relatorio actividades ealeiria - DRAP C · 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo

7

0

5

10

15

20

25

30

35

020406080

100120140160180

mm

Meses

Prec

T Min

T Máx

T. Med

ºC

Fig 3- Média da temperatura máxima, mínima e média e precipitação total registados no posto meteorológico de Regueira de Pontes, concelho de Leiria, em 2009.

0

5

10

15

20

25

30

0

50

100

150

200

250

300

mm

Meses

Prec

T. Min

T Máx

T. Med

ºC

Fig 4- Média da temperatura máxima, mínima e média e precipitação total registados no posto meteorológico da Eiras da Lagoa, concelho de Porto Mós, em 2009.

Nas pomóideas registou-se um aumento de produção. As boas condições

meteorológicas registadas, nomeadamente a temperatura amena sem grandes oscilações na

fase de floração dos frutos e depois, favoreceu o vingamento. Estas condições mantiveram-se

durante toda a campanha favorecendo o desenvolvimento da fruta e contribuindo para um

aumento da produção.

No fim da campanha apesar do tempo seco atingiram-se bons calibres devido ás

reservas de água no solo, à rega e à monda de frutos que os agricultores já se habituaram a

realizar e a aceitar como prática necessária para se atingir uma boa qualidade de fruta.

Em termos sanitários o pedrado surgiu em toda a região mas não da forma tão intensa

como em 2008. Não se registaram tantas infecções como em 2008, no entanto, as infecções

Page 8: relatorio actividades ealeiria - DRAP C · 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo

8

ocorridas foram mais graves uma vez que os períodos chuvosos foram intensos. É muito

importante segurar a doença logo de início tratando com oportunidade e com os produtos

adequados. Quem assim o fez não teve grandes problemas. Para além do pedrado, o cancro

teve boas condições para se dispersar principalmente nas variedades vermelhas. Segundo os

técnicos das fruteiras a incidência de bitter-pit não foi tão evidente como em 2008,

contribuindo para isso as menores oscilações de temperaturas ocorridas durante a campanha.

Na vinha, e no que respeita á produção, o ano revelou-se melhor que o anterior com a

produção a registar um aumento. O ano não foi tão seco no final da campanha como em 2008

e correu bem na altura da colheita permitindo uma vindima sem complicações.

Ao contrário do ano anterior, os cachos apresentavam-se cheios. Os períodos de chuva

intensa contribuíram para atestar o nível freático dos terrenos compensando as alturas de

menor queda pluviométrica. O Verão também não foi tão seco como em 2008.. Em termos

gerais a qualidade foi superior à colheita de 2008, tanto nos brancos como nos tintos, que já

por si tinha sido melhor que em 2007.

Quanto aos inimigos das culturas, o míldio manifestou-se de forma muito pontual e

sem prejuízo para quem tratou atempadamente e o tempo assim o permitiu.

Os sintomas que apareceram foram facilmente controlados e no final as perdas devido a esta

doença foram insignificativas.

O bago negro “black rot” continua a aparecer embora de forma muito esporádica e

por essa razão voltou a não ser feita qualquer referência a ele nas nossas circulares.

O oídio é considerado nesta região o principal inimigo da vinha e este ano a sua

manifestação foi mais evidente comparativamente ao ano anterior. Em vinhas pouco arejadas

onde os cachos permanecem escondidos, esta doença contribuiu para uma perda significativa

da produção.

No olival, o rendimento e principalmente a qualidade do azeite foram ainda melhores

do que em 2008, apesar da azeitona se apresentar ligeiramente engelhada no final da

campanha devido a alguma falta de água, no entanto, no lagar apresentou bom rendimento.

Com o tempo seco a decorrer ameno, a azeitona apresentou alguns sintomas de gafa mas

sem causar estragos a considerar. O azeite revelou ser de grande qualidade com um índice de

acidez rondando os 0,5%. Em 2007 esta doença foi responsável em certos casos por perdas

quase totais de produção e por azeites de má qualidade. A incidência da mosca foi baixa

Page 9: relatorio actividades ealeiria - DRAP C · 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo

9

desde o início. O frio sentido durante o Inverno provocou uma elevada mortalidade das pupas

(forma hibernante deste insecto durante o Inverno) e o nível populacional baixou.

A produção no geral foi muito boa, o tempo uniforme ocorrido por altura da floração

contribuiu para um bom vingamento dos frutos, contrariamente ao ano anterior onde as

chuvas ocorridas nesta altura contribuíram para a ocorrência de bagoinha e a produção no

geral não foi uniforme. O rendimento, mesmo na galega foi acima da média. Como vem sendo

habitual na zona de Pombal a produção foi menor do que em Porto de Mós.

2.3- Ciclo vegetativo das culturas

Vinha- As datas representam uma média na região uma vez que ela é distinta, constituída

por vários microclimas, e para além disso as castas encontram-se misturadas. Na figura 4

estão definidas as datas dos estados fenológicos da vinha em geral.

O abrolhamento tem acontecido tardio nos últimos anos, nestes dois últimos

antecipou-se: 2 semanas em 2008 e uma semana este ano. O pintor teve início uma semana

antes comparativamente a 2008. O tempo frio ocorrido no Inverno antecipou o abrolhamento

em 3 semanas comparativamente a 2007, no entanto não se registaram grandes diferenças

nas alturas em que ocorreram os restantes estados fenológicos e o pintor teve início apenas

uma semana depois do que é normal para esta região. Mantém-se a irregularidade da

rebentação.

Macieira – Tal como na vinha, as macieiras rebentaram mais cedo, a floração e a maturação

foram também mais precoces. As temperaturas amenas puxaram bem pela fruta que

adiantou em toda a região, em certos locais em 3 semanas. Dado não terem ocorrido picos de

Vindima E. F. A C E F H I J K L M Data Fev 9-Mar 23-Abr 6-Abr 13-Abr 12-Mai 25- Mai 15- Jun 23-Jun 13 –Jul 20-Jul 17 - Set

Fig 4- Datas dos estados fenológicos (E. F.) dominantes nas vinhas da região de Leiria em 2009.

Page 10: relatorio actividades ealeiria - DRAP C · 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo

10

calor nos últimos dois anos, não se verificaram perdas por escaldão. Na figura 5 estão

referenciadas as datas dos estados fenológicos da macieira. Os calibres foram razoáveis

devido à monda que já está praticamente instituída entre os agricultores. A maturação

depende das variedades, mas nas dominantes nesta região, esta fase decorre entre fins de

Julho e meados de Outubro.

Oliveira – O abrolhamento é normalmente tardio, mas este ano embora se tenha

antecipado em 1 semana, mais tarde acabou por atrasar um pouco. As azeitonas começaram

a pintar ao mesmo tempo que no ano anterior. Na figura 6 pode observar-se os estados

fenológicos da oliveira e respectivas datas dominantes na região. A colheita acabou por

acontecer mais cedo do habitual devido à queda de frutos que se começou a verificar e à qual

ainda se desconhece a razão. Em meados de Novembro os olivais da região de Leiria e Porto

Mós estavam com a azeitona colhida, enquanto em Alvaiázere e Ansião a colheita só

aconteceu início de Dezembro, por serem zonas mais tardias. O rendimento em azeite mesmo

na variedade galega foi bastante bom.

E. F. A B C E F I J

Data Mar 19 –Mar 23 –Mar 4–Mai 11- Mai 28 –Mai 10–Jun

Fig 6 – Datas dos estados fenológicos da oliveira dominantes na região de Leiria em 2009.

E. F. A C D E E2 F G I J

Data Fev 2–Mar 9–Mar 23-Mar 30-Mar 30-Mar 6–Abr 13–Abr 30-Abr

Fig 5 – Datas dos estados fenológicos dominantes da macieira na região de Leiria em 2009.

Page 11: relatorio actividades ealeiria - DRAP C · 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo

11

2.4- Evolução dos inimigos das culturas

2.4.1- Vinha

2.4.1.1- Pragas

Traça da uva (Lobesia botrana)

O voo da traça tem, desde 2006, vindo a diminuir de incidência. Este ano aquela curva

foi ainda menos pronunciada do que a observada em 2008, em todos os postos de

observação biológicos (fig. 8), sendo que, no posto de Pombal, desde 2007 que o voo da traça

é insignificante.

Este ano a primeira geração foi a mais forte das três gerações que constitui o ciclo de

vida desta praga, contrariamente ao que se tem passado em 2007 e 2008. Esta geração ataca

as inflorescencias e o seu ataque tem o efeito de monda natural impedindo que os futuros

cachos não fiquem demasiado compactos pelo que normalmente não se aconselha tratar tal

como foi avisado a 15 de Abril (circular n.º 6). Apesar das capturas terem atingido

150/semana em Porto Mós, nos restantes Postos de Observação Biológicos (POBs) as

capturas situaram-se entre 50 e 100/semana. Foram observados poucos ninhos nesta

geração, tal como em 2008, e não se atingiu o NEA em qualquer POB. O acréscimo de

incidência desta praga na primeira geração obrigou a uma maior vigilância para as duas

gerações seguintes. O pico do voo desta geração foi atingido na terceira semana de Abril, 1

mês mais tarde do que em 2008.

A segunda geração foi muito inferior à primeira e dentro dos mesmos valores do

observado em 2008 para todos os POBs, com um pico pouco saliente a ser atingido na

segunda semana de Junho e o posto de Pombal, contrariamente a 2007, novamente a registar

o menor número de capturas. A 16 de Junho foi emitido um aviso que referia já ter sido

atingido o pico da geração da traça em alguns postos aconselhando a realização de um

tratamento com um produto larvicida devendo, no entanto, observar 2 cachos em 50 cepas e

tratar se observarem posturas em 5 a 15% dos cachos. Esta geração não foi superior a 2008. O

nível de posturas nos bagos foi baixo e não se fez referência a esta praga nas circulares

emitidas.

Page 12: relatorio actividades ealeiria - DRAP C · 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo

12

0

20

40

60

80

100

120

140

160

N.º

Cap

tura

sCurva de voo da traça - 2009 ALCANADAS

P. MÓS

MOURÃ

POMBAL

Figura 8- Curva de voo da traça da uva registada em postos biológicos da região de Leiria em 2009.

Em 2006 a terceira geração foi fraca, comparativamente às anteriores. Em 2007 e 2008

esta situação inverteu-se e este ano voltou novamente a verificar-se aquela situação, o que

reforça mais a ideia da não existência de uma ligação directa nas capturas entre gerações,

uma vez que a primeira foi forte mas as duas seguintes foram bem mais fracas. A última

geração foi sensivelmente idêntica à segunda com o posto de Porto Mós a não atingir as 40

capturas semanais, ao passo que em 2008, Pombal registou este valor mas todos os outros

postos se situaram entre as 120-240 capturas por semana. O voo teve início no final de Julho,

tal como em 2007 e 2008 e atingiu um pico em meados de Agosto. No dia 16, referia-se no

aviso a baixa intensidade deste voo e baixo nível de posturas, aconselhando-se a tratar só nos

locais onde habitualmente esta praga causa estragos. O NEA que nesta fase é muito curto: 1 a

10% de bagos atacados e foi atingido nos postos de Alcanadas (Batalha) e Porto Mós, mas

com menos posturas comparativamente a 2008.

Nesta fase, é necessário ter cautela nos tratamentos, uma vez que estamos já perto

da colheita a temos que atender aos Intervalos de Segurança (I.S.) dos produtos. O

tratamento aqui, mais do que evitar perdas de produção, vai prevenir a instalação da

podridão que aproveita as feridas provocadas pelas lagartas nos bagos para se desenvolver.

No final da campanha os estragos causados pela traça foram mínimos.

Page 13: relatorio actividades ealeiria - DRAP C · 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo

13

Cochonilha algodão (Planococcus ficus)

O panorama desta praga continua a ser o mesmo de anos anteriores. É uma praga que

se apresenta muito localizada nas vinhas da região mas que se não for tratada pode dar cabo

da produção.

O tratamento de Inverno passa pela descamação da casca, uma vez que as cochonilhas

se instalam debaixo do ritidoma, seguida de uma pulverização molhando bem o tronco com

óleo de Verão a alta pressão. Esta indicação foi dada a 22 de Janeiro. Na altura das vindimas

devem-se marcar as árvores que apresentem sintomas de ferrujão – presença de fumagina.

A baixa incidência desta praga não justificou a sua referência nas nossas circulares.

2.4.1.2- Doenças

Míldio (Plasmopora viticola) 2009 foi um ano de pouco míldio, menos ainda que 2008. A doença surgiu de forma

muito pontual nos vinhedos e os agricultores que trataram nas alturas devidas não tiveram

qualquer problema em controlar esta doença.

Como vem sendo habitual, os oósporos começaram a ser colocados na estufa em

meados de Fevereiro demorando mais de 4 dias a germinarem a uma temperatura de 22ºC. A

partir de 15 de Março o tempo de germinação diminuiu para 3 dias, tendo-se observado

zoósporos no dia 18. A germinação em menos de 24 horas só aconteceu no início do mês de

Abril, mais tarde duas semanas do que é habitual, em Leiria. Os insectos de solo dificultam

esta operação uma vez que roem e destroem as folhas.

Em 2008 ficaram definidos 8 períodos de infecção desta doença e este ano este

número diminuiu para 6 que podem ser observados ao longo do ano e que estão distribuídos

na escala temporal definida na figura 9. O início de cada período está assinalado com um

círculo oval, que corresponde ao dia em que ocorreu infecção, e termina com a data prevista

para o aparecimento das manchas. Estão indicadas com setas as 7 circulares de avisos com

referência a esta doença.

Page 14: relatorio actividades ealeiria - DRAP C · 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo

14

As vinhas e as culturas no seu geral, adiantaram-se este ano. Esta situação foi referida

a 2 de Abril (circular n.º 5), onde os pâmpanos já apresentavam crescimentos superiores a 10

cm, fase a partir da qual a cultura fica susceptível a esta doença. Previa-se a ocorrência de

chuva para a semana seguinte e aconselhava-se a tratarem antes, no caso daquela previsão se

confirmar. Foi enviada uma listagem de substâncias activas e produtos homologados para a

cultura da vinha.

O primeiro período real de infecção ocorreu na semana de 12-18 de Abril, com a chuva

a cair de forma continuada. A quantidade de precipitação foi muito superior a 10mm e os

crescimentos dos pampanos a rondarem os 15-20cm, e as temperaturas mínimas a situarem-

se nos 10ºC, estavam reunidas as três condições para a ocorrência de infecções provocada

por este fungo. Com o tempo frio que se fazia sentir, só se previa a eclosão das manchas daí a

mais de 2 semanas, pelo que a 15 de Abril, na circular n.º6, aconselhava-se os agricultores a

aguardarem por mais indicações. A 23 de Abril (circular n.º 7), mencionava-se para

protegerem as vinhas até ao final da semana antes da eclosão das manchas, previstas para 4

de Maio, resultantes da infecção de 12-18 de Abril.

O segundo período de infecção ocorreu entre 27 e 30 de Abril, prevendo-se o

aparecimento das manchas entre os dias 11 e 12 de Maio. A 8 de Maio foi emitido um sms

para cobrir as infecções deste último período e as que pudessem ter ocorrido no fim-de-

semana que se revelou chuvoso. Neste mesmo dia, foi ainda emitida uma circular de aviso

aconselhando um tratamento com um produto de acção mista, cobrindo este segundo

período de infecção.

A 11 de Maio, foi observada a primeira mancha de míldio na vinha das Alcanadas

(Batalha). Foram observados nesta vinha sintomas desta doença nos cachos, tendo sido o

Figura 9- Períodos de infecção de míldio registados ao longo do ano de 2009.

27 ABR 9 MAI 12 JUN 19 JUN SMS SMS 13 ABR 9 MAI 16 MAI 5 JUN 20 JUN 28 JUN 5 JUL

1 ABR 15 ABR 1 MAI 15 MAI 1 JUN 15 JUN 1 JUL 15 JUL

AVISO AVISO AVISO AVISO AVISO AVISO AVISO 2 ABRIL 15 ABR 23 ABR 8 MAI 15 MAI 27 MAI 1 JUL

Page 15: relatorio actividades ealeiria - DRAP C · 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo

15

posto que mais sinais de míldio evidenciou, doença que praticamente não se manifestou

durante o ano.

Em 9 e 10 de Maio ocorreu um terceiro período de infecção com a previsão da saída

das manchas para 23 de Maio. O tratamento aconselhado na circular de 15 de Maio vai cobrir

este período de infecção onde se aconselhava os utentes a manterem a vinha protegida

devido á instabilidade do tempo que se sentia na altura.

A 27 de Maio como se previa um agravamento do estado do tempo para a semana

seguinte, aconselhava-se à realização de um tratamento preventivo antes da chuva.

Confirma-se esta previsão na semana seguinte com a precipitação a ocorrer entre os dias 5 e

8 de Junho, dando início ao quarto período de infecção. Este período ficou, contudo, coberto

pela referência a esta doença na circular n.º 10 de 27 de Maio.

A baixa incidência da doença, nas vinhas da região, não justificou a sua referência nas

circulares de 11 e 16 de Junho.

O quinto período de infecção ocorrido entre 12 e 14 de Junho, não foi portanto,

coberto com qualquer tratamento.

O sexto e último período de infecção desta doença deu-se entre 28-30 de Junho, com

as temperaturas médias a rondarem os 18-19º. A previsão da saída das manchas era para 5 e

6 de Julho e ficou coberto pela circular n.º 12 de 1 de Julho onde se aconselhava a tratarem

contra esta doença.

A baixa incidência desta doença não justificou a emissão de mais nenhuma circular

durante o resto da campanha.

Em 2007 manifestou-se um descontrolo no controlo desta doença a partir do início de

Junho até ao fim da campanha. Em 2008 a incidência desta doença foi muito menor, tendo

sido bem controlada logo de início e não gerou prejuízos no fim. Este ano, praticamente não

se observaram sinais de míldio. Verificaram-se 6 períodos de infecção, menos dois que em

2008, um deles a descoberto e fez-se referência a esta doença em 7 circulares.

OÍDIO (Uncinula necator)

Este é considerado o inimigo chave da vinha nesta região. Em 2007 e 2008 os anos

decorreram húmidos e apesar do crescimento exuberante dos lançamentos que fecharam as

copas das vinhas, os ataques de oídio não foram tão intensos como em anos anteriores. A

Page 16: relatorio actividades ealeiria - DRAP C · 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo

16

chuva, contrariamente ao míldio, não favorece o desenvolvimento desta doença. Os

agricultores encontram-se já muito sensibilizados através de acções que já foram realizadas e

pela referência nas nossas circulares no sentido de despamparem as vinhas favorecendo

desta forma o arejamento e diminuindo a incidência desta doença.

Foram observados ataques intensos entre finais de Maio até meados de Agosto. Este

ano a expressão desta doença agravou-se e nas vinhas onde habitualmente se forma o

chapéu devido à rama excessiva, registaram-se elevados prejuízos de oídio. As referências a

esta doença tiveram início a 2 de Abril na fase de cachos visíveis, fase muito sensível da

doença e aconselhava-se à realização de um tratamento à base de enxofre em pó na dose de

25kg/ha, deixando uma fina camada em cima das folhas. A partir desta fase e até ao pintor e

desde que haja condições de humidade é necessário que as vinhas estejam protegidas,

existem contudo, alturas de maior sensibilidade a esta doença.

Aconselhou-se um segundo tratamento a 15 de Abril num período em que ocorreram

muitas infecções de míldio e se aconselhava a aguardar pelo tratamento daquela doença

juntando um produto à base de enxofre.

A 23 de Abril (circular n.º 7) aconselhava-se a juntar um anti-oídio à calda do míldio.

A 15 de Maio (circular n.º 9), referia-se que a partir da floração/alimpa até ao pintor, é

uma fase muito sensível a esta doença, e dado que esta região oferece nesta altura um clima

muito favorável ao seu desenvolvido, aconselhava-se à utilização de enxofre em pó se o

tempo não decorresse chuvoso. Os produtos sistémicos sé devem ser utilizados quando a

pressão da doença é muita e desde que não haja focos declarados de infecção devido aos

problemas de resistência que podem causar. A 16 de Junho (circular n.º 11), as vinhas

encontravam-se numa fase bastante sensível aos ataques deste fungo e a pressão da doença

era muita devido aos orvalhos matinais serem nesta altura frequentes. Os enxofres molháveis

nesta fase são pouco eficazes.

A 1 e 23 de Julho fazia-se referência fazia-se referência a continuarem a manter as

vinhas protegidas devido à instabilidade meteorológica aconselhando a aplicação de produtos

à base de enxofre em pó ou dinocape evitando as horas de maior calor.

PODRIDÃO CINZENTA (Botrytis cinérea)

Page 17: relatorio actividades ealeiria - DRAP C · 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo

17

O ano voltou a decorrer sem problemas com esta doença, uma vez que o tempo que

antecedeu as vindimas e as próprias vindimas decorreram sem chuva, proporcionando uvas

de elevada qualidade. Os casos pontuais que ocorreram deveram-se ao descuido em relação

aos tratamentos e ao facto de manterem a vinha muito fechada impedindo o arejamento.

Apesar da elevada incidência de oídio, a traça foi um inimigo cuja presença foi pouco

significativa. Estes dois inimigos são percursores da podridão, no entanto, foi a ausência de

chuva a principal responsável pela baixa incidência desta doença.

27 de Maio (circular n.º 10) as vinhas encontravam-se no estado fenológico

floração/alimpa, fase muito sensível a esta doença devido ao risco do fungo poder ser

arrastado para as sementes, pelo que se aconselhava a tratarem.

A 23 de Julho (circular n.º13) e nas castas mais sensíveis aconselhou-se outro

tratamento antes do fecho do cacho. Tinham-se já observado ataques deste fungo no cacho e

a Primavera chuvosa provocou um desenvolvimento exuberante das cepas formando o típico

“chapéu”. Para uma maior eficácia dos tratamentos aconselhava-se a arejarem os cachos

fazendo uma desfolha gradual começando pelo lado nascente e mais tarde do poente

evitando assim o escaldão nos cachos.

Com a entrada do pintor a sensibilidade a esta doença aumenta. Apesar do tempo não

se apresentar favorável ao desenvolvimento desta doença, para castas mais sensíveis

aconselhava-se a tratar até 3 a 4 semanas molhando bem os cachos e a respeitar o Intervalo

de Segurança (IS) dos produtos. Considerou-se que a doença se encontrava controlada uma

vez que o tempo permaneceu seco.

Nos nossos postos de observação foram detectados ataques pontuais de botrytis nos

finais de Maio. Entre Maio e Agosto apenas foram detectados focos muito esporádicos que

não justificavam qualquer tratamento.

ESCORIOSE (Phomopsis vitícola)

É uma doença em progressão na região que deixou de ser exclusiva de vinhas velhas. A

proliferação de viveiristas que vivem à margem da lei e que não cumprem os requisitos

necessários na produção de garfos sanitariamente isentos de doenças, tem favorecido a

disseminação desta doença. Vinhas com dois e três anos apresentam já sintomas de escoriose

comprometendo logo de início o vigor da videira, a sua formação e o rendimento. A poda

Page 18: relatorio actividades ealeiria - DRAP C · 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo

18

curta, a talão, a mais generalizada na região e a que apresenta menos custos por não

necessitar de empa, pode ser muito prejudicial para o rendimento da vinha uma vez que em

cepas com escoriose, os gomos da base podem não abrolhar e, a acontecer em talões, a

produção fica logo comprometida.

Apesar da Primavera não ter sido muito chuvosa é conveniente que nas vinhas

atacadas sejam efectuados tratamentos. Não se considera que esta doença tenha progredido

muito devido à sensibilidade cada vez maior dos agricultores relativamente a ela. Insistiu-se

novamente nas medidas profilácticas na altura da poda de forma a evitar a sua propagação e,

tratamentos químicos preventivos no estado D – E – Saída das folhas – folhas livres.

Informaram-se os agricultores das medidas profilácticas a implementar contra esta

doença em 22 de Janeiro onde se chamava a atenção para:

a) podar as videiras mais infectadas no fim, deixando nestas mais dois gomos para o

caso dos da base não rebentarem,

b) queimar a lenha da poda,

c) não enxertar com garfos infectados,

d) desinfectar com lixívia o material de poda depois de podar videiras infectadas para

videiras sãs.

Na luta química preventiva, aconselhou-se tratar a 17 de Março (circular n.º 4) dando

à escolha duas estratégias:

a) duas intervenções com produtos não sistémicos (enxofre, folpete, mancozebe,

metirame, propinebe), sendo uma no estado D (saída das folhas) e outra no estado E (folhas

livres), ou

b) uma só intervenção com um produto sistémico (azoxistrobina, famoxadona + fosetil

de alumínio, folpete + fosetil de alumínio, mancozebe + fosetil de alumínio) no estado E

(folhas livres).

2.4.2- POMÓIDEAS

PRAGAS

BICHADO (Laysperesia pomonella)

Page 19: relatorio actividades ealeiria - DRAP C · 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo

19

Esta praga continua a ser muito importante, mas desde que tratada na altura oportuna

não causa grandes prejuízos. Nos últimos anos o bichado tem mantido voos ininterruptos sem

picos bem definidos durante toda a campanha. Em 2008 registaram-se 4 picos bem definidos

na curva de voo, mas este ano os picos não são tão bem definidos como em 2008 embora

exista alguma semelhança (Fig. 10). Verificou-se um ligeiro pico no início de Maio e outro em

meados de Junho. Os dois primeiros picos referem-se à primeira geração desta praga e as

capturas seguintes à segunda. As armadilhas foram colocadas no início de Abril, mais cedo do

que em 2008.

Na circular de 8 de Maio referia-se que já se tinha iniciado o voo da primeira geração e

já tinha ocorrido condições para postura pelo que se aconselhava a tratar com um produto de

acção larvicida. Esta recomendação foi repetida na circular seguinte, para quem não tinha

efectuado o tratamento anterior. No posto das Cortes, o nível de capturas foi ligeiramente

inferior ao registado em 2008, mantendo os outros dois postos o mesmo nível de incidência.

A 16 de Junho o voo da primeira geração continuava activo apesar dos estragos serem

pouco visíveis, e na circular n.º 11 aconselhava-se a observar 1000 frutos ao acaso no pomar e

a tratar se 0,5 a 1% se encontrassem atacados.

Foram colocados casais em mangas de posturas a 23 de Abril, no entanto, não

resultaram posturas possivelmente devido ao facto das temperaturas serem baixas ao

crepúsculo e que impede o acasalamento deste insecto. Este facto foi visível pela observação

dos 1000 frutos, onde não se atingiu o NEA em nenhum dos POBs.

0

5

10

15

20

25

30

N.º

Cap

tura

s

Curva de voo do Bichado - 2009 CORTES

P. MÓS

CONQUEIROS

Figura 10 - Curva de voo do bichado em postos biológicos na região de Leiria em 2009.

Page 20: relatorio actividades ealeiria - DRAP C · 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo

20

Na segunda geração, o voo não registou dois picos bem definidos, como em 2008,

mas antes um crescendo gradual entre finais de Junho até à primeira semana de Setembro.

Na circular n.º 13 de 23 de Julho, referia-se que o voo do bichado continuava muito elevado

mas os ventos sentidos estavam a prejudicar a postura, aconselhava-se a observar 1000

frutos e a tratar se 5 a 10 frutos se encontrassem atacados, situação esta que foi reforçada na

circular n.º 14 de 7 de Agosto.

Por enquanto não se observa muita quebra de eficácia dos insecticidas utilizados no

seu combate.

LAGARTA MINEIRA (Phyllonorycter blancardella)

Confirma-se que desde que os pesticidas utilizados no combate a outras pragas sejam

oportunos, pouco agressivos para a fauna auxiliar e se rodem as famílias químicas dos

produtos, esta praga é perfeitamente controlável com poucos ou nenhum tratamento.

O desaparecimento do mercado de certas substâncias activas muito tóxicas para os

predadores desta praga fez descer significativamente a importância do seu ataque, de tal

maneira que nos últimos dois anos raramente verificamos ataques significativos desta lagarta.

Este ano a lagarta manteve-se em níveis pouco preocupantes e semelhantes ao

registado em 2008 (fig. 11). O posto das Cortes registou um aumento de capturas este ano

(mais de 400 capturas) ao passo que no posto dos Conqueiros o voo desta praga diminuiu.

Apesar do aumento do aumento do nível de capturas nas Cortes em meados de Julho,

não foi enviada uma circular de aviso a referir esta praga uma vez que não se atingiu o NEA

em nenhum dos postos observados: 100 galerias em 100 folhas.

Page 21: relatorio actividades ealeiria - DRAP C · 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo

21

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

N.º

de

capt

uras

Curva de voo da lagarta mineira - 2009 CORTES

P. MÓS

CONQUEIROS

Figura 11 - Curva de voo da lagarta mineira em postos biológicos na região de Leiria em 2009.

MOSCA DA FRUTA (Ceratitis capitata)

A mosca é considerada uma praga chave da macieira por atacar com intensidade

muito perto da colheita, existirem poucas soluções e o intervalo de segurança dos produtos

não permitir ao agricultor o seu combate de forma eficaz. Nesta região a praga encontra

hospedeiros e condições climáticas muito favoráveis ao seu desenvolvimento. Em 2008 o ano

não foi tão mau em macieiras como se esperava devido aos ataques inesperados em

variedades precoces do grupo gala. Os prejuízos apesar de existirem não foram maiores dos

observados em anos anteriores devido não só à grande sensibilização por parte dos

agricultores na aplicação no cedo de insecticidas bem como a utilização da captura em massa

e uso de medidas culturais para diminuir a densidade populacional desta praga.

Quer em 2007, quer em 2008, o voo teve início em meados de Julho, antecipando-se

um mês comparativamente a 2006, que foi um ano de baixa incidência da mosca. Este ano a

praga situou-se em níveis muito baixos. Só em meados de Setembro se registou um aumento

de capturas deste insecto, tendo sido até aí praticamente inexistente. O aumento registado

foi notório no posto dos Conqueiros que no final do mês registava 30 capturas/semana, ao

passo que em 2008 por esta mesma altura o nível de capturas era de 8 moscas. Este ano, no

posto de Porto Mós, no final de Setembro a armadilha sexual registava 10 moscas, valor

Page 22: relatorio actividades ealeiria - DRAP C · 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo

22

semelhante ao do ano anterior. Por último o posto das Cortes que em 2008 registou 30 a 35

moscas, nesta fase não passou das 5 moscas/semana.

0

5

10

15

20

25

30

35

N.º d

a cap

tura

s

Curva de voo da mosca da fruta - 2009 CORTES

P. MÓS

CONQUEIROS

Figura 12- Curva de voo da mosca da fruta em postos biológicos da região de Leiria em 2009.

É característico nesta praga ela intensificar-se a partir de meados de Setembro, altura

em que a maioria das variedades de maçã na região estão a entrar na maturação ou já se

encontram maduras e ficam mais susceptíveis. Este ano, os tratamentos para as variedades

do grupo gala e até das golden foram perfeitamente dispensáveis, o mesmo já não se poderá

dizer das fuji que são colhidas em finais de Outubro e onde os ataques da mosca justificavam

uma intervenção.

Na circular n.º 13 de 23 de Julho, aconselhou-se a não tratarem as maçãs uma vez que

não se justificava.

A 7 de Agosto referíamos que dado o rigor do Inverno, o nível de infestação desta

praga tinha baixado consideravelmente e que não se justificava a realização de qualquer

tratamento.

A 26 de Agosto, apesar do voo estar muito baixo, fizemos uma ressalva para quem

tivesse a variedade golden e desejasse tratar por forma a respeitar o IS dos produtos.

A ausência de ataques nos figos e nas prunóideas faziam adivinhar um ano sem

grandes problemas no combate a esta praga.

O frio excessivo que se fez sentir desde Novembro a Fevereiro com temperaturas

negativas e a chuva durante dias seguidos causou uma elevada mortalidade nas pupas, forma

através da qual esta praga permanece de um ano para o outro, resultando numa população

Page 23: relatorio actividades ealeiria - DRAP C · 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo

23

final muito baixa. Esta situação foi semelhante à observada em outras regiões do país

normalmente

Em todos os avisos emitidos se chamou a atenção para o cumprimento para com os

Intervalos de Segurança dos produtos uma vez que o ataque da mosca acontece junto à

colheita.

Em 24 de Outubro avisava-se os fruticultores a não deixarem frutos no chão dos

pomares ou das árvores, constituindo esta situação um viveiro para a mosca. Aconselhava-se

a enterrar ou destruir a fruta para diminuir a densidade populacional da praga para o ano

seguinte.

COCHONILHA S. JOSÉ (Quadraspidiotus perniciosus)

Continua a ser uma praga interdita na comercialização da fruta e como tal de

tratamento obrigatório nos pomares onde está instalada. Com a saída do mercado do

metidatião, uma das substâncias activas que melhor a combate tem-se manifestado uma

evolução da população em vários pomares da região.

A cochonilha apresenta-se muito localizada quer na região, quer mesmo dentro dos

pomares, obrigando o agricultor a fazer observações de forma a ficar a conhecer e a marcar

as árvores contaminadas.

A 17 de Março, perto do início da rebentação, altura em que as formas hibernantes

estão mais sensíveis, deu-se a indicação para ser feito um tratamento dirigido ao tronco e

pernadas com óleo de verão misturado com um produto à base de uma das duas substâncias

activas: clorpirifos ou fenoxicarbe.

Nesta Estação de Avisos o acompanhamento desta praga passa pela observação das

eclosões das jovens larvas conjuntamente com a temperatura média acumulada acima dos

7,3ºC, a partir de 1 de Janeiro. A curva de voo dos adultos machos nunca se conseguiu traçar

por a armadilha sexual com feromona, por razões que desconhecemos, não os capturar.

Colocaram-se as cintas armadilhas brancas à volta dos troncos no princípio de Abril e

detectaram-se as primeiras larvas em meados de Abril. Na circular n.º 7 de 23 de Abril referia-

se esta situação e aconselhava-se à realização de um tratamento nos postos onde ela se

localizava. Para o efeito o agricultor devia confirmar a presença da praga com a ajuda de uma

Page 24: relatorio actividades ealeiria - DRAP C · 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo

24

lupa de bolso. A temperatura estava a subir e a saída das larvas dá-se de forma mais rápida. A

temperatura acumulada para essa altura era de 521,8ºC e 606,5ºC em duas EMAs localizadas

em Leiria e Porto Mós, respectivamente, situando-se o primeiro valor dentro do intervalo de

valores estudado (500-525º) e o segundo acima.

A eclosão da segunda geração deu-se em meados de Julho com fraca incidência, tal

como vem sendo habitual nesta praga, e a 23 de Julho (circular n.º13) aconselhava-se a tratar

esta praga nos pomares onde ela estivesse presente. A temperatura acumulada rondava

nessa altura os 1170ºC em Leiria e os 1357ºC em Porto Mós, valores respectivamente abaixo

e acima do estudado -1270ºC- mas que não fogem muito daquele valor.

Todos os tratamentos são apenas dirigidos aos pomares onde se verifique a presença

da praga.

AFÍDEOS (Aphis spp.; Dysaphis plantaginea)

Dos vários piolhos que atacam as pomóideas o mais preocupante é sem dúvida o

cinzento devido à deformação que provoca nos raminhos terminais e frutos que acaba por os

proteger dos tratamentos. A sua presença nos nossos postos de observação não tem

alcançado níveis preocupantes, no entanto, todos os anos fazemos referência a este afídeo. A

23 de Abril a circular de aviso aconselhava à observação de 100 folhas e a tratar o piolho

verde se 15% dos ramos estivessem infestados, ou, no caso do piolho cinzento à sua presença

antes das folhas começarem a ficar enroladas.

Novamente este ano detectamos uma elevada infestação de afídeos em Abril

ultrapassando o NEA em todos os nossos postos de observação. Esta praga aprecia órgãos

verdes e tenros e a chuva ocorrida na Primavera favoreceu este desenvolvimento. A 8 de

Maio (circular n.º 8) mantinha-se a recomendação da circular n.º 7. O tempo continuava

chuvoso e os pomares verdejantes.

A 16 de Julho notava-se um ataque intenso desta praga em alguns pomares, na maior

parte dos casos de piolho verde aconselhava-se novamente à observação de 100 rebentos e a

tratar se mais de 15% estivessem atacados.

Page 25: relatorio actividades ealeiria - DRAP C · 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo

25

ÁCAROS (Panonychus ulmi Koch)

As eclosões nas tabuinhas tiveram início no princípio de Abril, mais tarde do que em

2008 devido ao frio que se fez sentir. O pico das eclosões ocorreu em meados de Maio,

embora no campo não se tenha verificado este facto. Detectamos no posto dos Conqueiros a

6 de Abril a presença de aranhiço, com intensidade, em variedades vermelhas. Como o seu

controlo deve ser feito logo de início, aconselhou-se, a 23 de Abril, à realização de um

tratamento referindo a saída das ninfas que com o aumento da temperatura se iriam

intensificar. Devia o agricultor de observar 100 folhas do terço inferior do ramo e tratar se 50

a 65%, ou, 40% em pereira, se encontrassem infestados. Esta população manteve-se baixa nos

postos biológicos. Os pomares encontravam-se verdejantes, a chuva não favorece o

desenvolvimento desta praga exercendo antes um efeito de lavagem. A 8 de Maio (circular

n.º 8), mantinha-se a recomendação da circular n.º 7.

A 16 de Junho (circular n.º 11), refere-se a observação de focos de infecção em alguns

pomares recomendado vigilância através da observação de 100 folhas seguindo os mesmos

moldes das circulares anteriores, acrescentando ainda que o tratamento deverá ser feito caso

a caso e nas primeiras fases do desenvolvimento, a tratar se observassem, com a ajuda de

uma lupa de bolso. Detectamos a sua presença em todos os pomares em níveis mais elevados

do que em 2008, no mês de julho. O tempo durante a campanha foi mais favorável e os níveis

populacionais atingiram o NEA nos nossos postos de observação. A aplicação de produtos à

base de abamectina também têm contribuído para manter a praga em níveis aceitáveis.

A 23 de Julho (circular n.º 13) voltou-se novamente a referir esta praga. Verificavam-se

ataques intensos em pomares alguns deles já bronzeados, caso dos Conqueiros, fase onde o

seu controlo já não é possível. Aconselhava-se a intervir se observassem 2 a 3 formas móveis

em 45-50% das folhas do terço superior dos ramos, na macieira, ou em 30% das folhas na

pereira.

Os níveis desta praga foram superiores este ano comparativamente a 2008. Em Agosto

registavam-se infestações com alguma intensidade nos postos de Conqueiros, Cortes e Porto

de Mós.

Page 26: relatorio actividades ealeiria - DRAP C · 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo

26

2.4.2-2- DOENÇAS

PEDRADOS (Venturia spp.)

Desde 2006 que, devido às Primaveras chuvosas, o pedrado se tem manifestado de

forma mais ou menos intensa nos nossos pomares. O seu controlo apertado logo de início é

preponderante para dominar este inimigo.

Apesar da chuva ocorrida, este ano o pedrado não foi tão difícil de controlar como em

anos anteriores. Valendo para o efeito um controlo apertado logo de início de forma a evitar a

instalação da doença nos pomares. Quem assim fez chegou ao final sem grandes prejuízos.

O aumento de produção registado este ano, devido às boas condições de temperatura

e humidade ocorridas durante a floração e vingamento, obrigou a uma monda de frutos que

incidiu naqueles que apresentavam sintomas de pedrado, compensando esta perda no maior

calibre registado pelos outros frutos.

Este ano não foram detectados tantos períodos de infecção como em 2008, no

entanto, a chuva caiu de forma intensa gerando infecções mais graves (Fig. 13).

A 6 de Março foi enviada a circular n.º 3, onde se fez referência às variedades de

macieiras mais precoces que se encontravam no estado fenológico C3-D (escarchamento do

gomo – botão verde) e aconselhava-se a tratar se as condições climáticas decorressem

desfavoráveis ao desenvolvimento desta doença. Enviou-se aqui a listagem das substâncias

activas homologadas para o pedrado.

A 2 de Abril, circular n.º 5, referia-se que os pomares se encontravam de uma forma

geral adiantados aumentando também a sua susceptibilidade à doença. Apesar da Primavera

não estar a ser muito chuvosa, foi detectada a primeira mancha de pedrado nas pereiras a 30

de Março, devido aos orvalhos matinais que se fizeram sentir. A previsão de chuva para a

semana seguinte justificava um tratamento preventivo.

O primeiro período de infecção ocorre entre 12 e 18 de Abril onde a chuva caiu de

forma consecutiva provocando infecções graves. Como o tempo decorria muito frio só se

esperava o aparecimento das primeiras manchas a partir dia 29 de Abril tendo-se deito

referência a esta data na circular n.º 6 de 15 de Abril. A circular de 23 de Abril (n.º 7),

lembrava ao agricultor o tratamento daquele dia. Só a 4 de Maio foram observadas manchas

de pedrado em macieira no pomar das Cortes.

Page 27: relatorio actividades ealeiria - DRAP C · 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo

27

O segundo período de infecção ocorreu de 27 a 30 de Abril devido às chuvas ocorridas

em vários locais da região. Previa-se o aparecimento de manchas a 9-10 de Maio. Foi enviado

um sms a 8 de Maio para travar essas infecções e as que pudessem ter ocorrido no fim-de-

semana como tratamento stop. Neste dia foi ainda enviada uma circular de aviso (n.º 8) a

referir esta situação mencionando, para quem não tivesse tratado, a efectuá-lo com um

produto de acção mista.

A chuva que caiu entre os dias 11 e 17 de Maio, foi inconstante em vários locais da

região e deu início ao terceiro período de infecção desta doença. A instabilidade que se sentia

nessa altura e o elevado número de manchas verificado nos pomares da região, justificou a

referência a esta doença na circular de 15 de Maio. A previsão das manchas a 23 de Maio

justificava a renovação do tratamento aconselhando-se um produto sistémico ou misto.

Na circular de 27 de Maio mencionava-se a previsão de chuva a partir da próxima

semana e aconselhava-se à renovação do tratamento de forma a prevenir esta infecção que

se veio a confirmar a 5 de Junho com as manchas a preverem surgir a 15 de Junho. Este

quarto período de infecção ficou, portanto, coberto para quem tratou.

As chuvas ocorridas entre os dias 11 e 13 de Junho provocaram infecções. Dá-se início

ao quinto período de infecção. Foi emitido um sms para tratarem de forma a travar a infecção

nas 24-48 horas seguintes com um produto de acção curativa. Na circular n.º 11 de 16 de

Junho, referia-se para quem não tivesse efectuado o tratamento por aquela via, para tratar de

imediato com u produto de acção curativa.

A partir de 28 de Junho choveu durante alguns dias dando início ao sexto período de

infecção. A circular n.º 12 de 1 de Julho, aconselhava a tratarem os pomares que se

encontrassem desprotegidos contra esta doença. Embora nesta fase os frutos já se

encontrassem menos sensíveis ao pedrado, o mesmo não acontecia com as folhas e é sobre

elas que permanece o inóculo de um ano para o outro. Previa-se a ocorrência de manchas

para o dia 6 de Julho.

A 23 de Julho, circular n.º 13, informava-se que quem tivesse tratado a quando da

emissão do sms, a 20 de Julho, se encontrava protegido relativamente às infecções ocorridas

nos dias anteriores. Este foi o último período de infecção que teve início a 20 de Julho e se

previa a ocorrência de manchas no final do mês. Aconselhava-se, aqui, à realização imediata

de um tratamento para quem o não tivesse efectuado na altura em que foi emitido o sms.

Page 28: relatorio actividades ealeiria - DRAP C · 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo

28

O último aviso para o pedrado foi enviado a 11 de Novembro onde se aconselhava a

realização de um tratamento à base de ureia a 5% molhando bem as folhas nas árvores, bem

como as já caídas, favorecendo a sua decomposição.

sms sms

27 9 12 20

sms

12 29 11 23 5 15 28 6 20 28

1 MAR 15 MAR 1 ABR 15 ABR 1 MAI 15 MAI 1 JUN 15 JUN 1 JUL 15 JUL 1AGO

CANCRO (Nectria galigena)

Nos anos chuvosos e nas variedades mais susceptíveis sabe-se que esta doença se

desenvolve mais activamente.

Como não existem produtos que combatam esta doença, o modo de actuação passa

pela aplicação de medidas profilácticas que controlem a sua dispersão.

O tempo chuvoso, a geada e o frio são factores que aumentam o risco de

disseminação pelo que, a 22 de Janeiro foi dada uma indicação para limpeza de feridas e

aplicação de cobres de forma a impedir a entrada dos esporos.

A 11 de Novembro chamava-se à atenção para limparem e desinfectarem bem as

feridas existentes bem como as provocadas pela poda. As feridas causadas pela queda das

folhas também são uma porta de entrada a este agente e que este tratamento também vai

proteger. A queima dos ramos com cancro também vai cortar o ciclo de vida deste parasita.

Figura 13- Períodos de infecção de pedrado ocorridos em 2009.

AVISO AVISO AVISO AVISO AVISO AVISO AVISO 6MAR 2 ABR 8 MAI 15MAI 27MAI 16JUN 1 JUL

Page 29: relatorio actividades ealeiria - DRAP C · 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo

29

2.4.3- OLIVEIRA

2.4.3.1- PRAGAS

TRAÇA DA OLIVEIRA (Prays oleae)

Esta praga tem 3 gerações distintas e o seu desenvolvimento está estreitamente ligado

à fenologia da cultura.

As larvas da geração filófaga começaram a aparecer no início de Março, altura em que

terminam a fase mineira e começam a roer as folhas e os rebentos dos ramos jovens para

completarem o seu desenvolvimento. Na observação de 100 raminhos, o número de galerias

observadas atingiu um máximo no início de Abril. O tratamento a esta geração só se justifica

em olivais novos por poder comprometer a sua formação.

Se em 2008 o índice de capturas foi significativamente abaixo do observado em 2007,

em 2009, este índice foi significativamente mais elevado nas duas últimas gerações. Registou-

se uma primeira geração –a antófaga- que foi fraca e que decorreu entre meados de Março e

início de Maio (Fig. 14), com o posto de Pombal a assinalar o maior índice de capturas. Os

adultos da geração filófaga fazem as posturas nos botões florais e as lagartas alimentam-se

das peças florais tecendo de seguida uma teia à sua volta para puparem. A oliveira floresceu

muito, as condições meteorológicas foram favoráveis na altura da floração-vingamento dos

frutos pelo que a 23 de Abril (circula n.º 7), se referia que o tratamento só deveria ser

realizado em olivais com um baixo índice de floração. Não se atingiu o NEA. Normalmente

esta geração funciona como uma monda natural dos frutos.

0

50

100

150

200

250

300

Alcanadas

Porto Mós

Pombal

Alvaiázere

N.º

de

Capt

uras

Figura n.º 14 - Curva de voo da traça da azeitona em Leiria em 2009.

Page 30: relatorio actividades ealeiria - DRAP C · 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo

30

A segunda geração, a carpófaga, ataca os frutinhos e provoca a sua queda quer à

entrada como à saída das larvas. O voo da segunda geração foi mais intenso este ano do que

em 2008, 2007 e 2006 nos postos de Porto Mós e Alvaiázere e menos intenso em Pombal.

Este tratamento deve posicionar-se logo a seguir ao pico de voo antes da lenhificação do

caroço. O pico do voo deu-se sensivelçmente a 9 de Junho, e a 16 (circular n.º 11) foi referida

esta situação e aconselhava-se a tratarem quando o fruto tivesse dimensão de um grão de

pimenta.

Tem-se verificado que os ataques de traça não causam prejuízos de maior na região e

os tratamentos só pontualmente se justificam, no entanto, dada a complexidade das

observações a efectuar, não é possível ao agricultor acompanhar a praga sozinho pelo que, na

dúvida, trata.

Como já vem sendo habitual, durante os meses de Julho e Agosto não se registaram

praticamente capturas nas nossas armadilhas, e a última geração – filófaga- registou valores

elevados em Alvaiázere, atingindo as 250 capturas numa semana quando em 2008 não

passou das 50.

MOSCA DA AZEITONA (Dacus oleae)

A mosca continua a ser a praga chave dos olivais da região e responsável por perdas

de produção. Este ano o voo da mosca foi significativamente mais baixo comparativamente a

2008, assim como o número de frutos atacados.

A curva de voo deste ano (Fig. 15), comparativamente a 2008, revela um índice de

capturas de adultos nas armadilhas inferior, assim como o índice de frutos de picadas nos

frutos, apesar das condições de temperatura terem sido favoráveis às posturas não se tendo

verificado picos de calor que em 2006 foram responsáveis pela elevada mortalidade de ovos e

larvas.

Existe uma certa sincronia nos picos de mosca registados entre os postos de

observação, mas surgiram mais tarde comparativamente a 2008 e em maior número. Este

ano o primeiro pico comum a todos os postos surgiu no início de Setembro, ao passo que em

2008 foi em Junho. O índice de capturas foi sensivelmente igual ao do ano anterior com um

máximo de captura entre 50 e 70 por semana a ser atingido no posto das Alcanadas e porto

Mós.

Page 31: relatorio actividades ealeiria - DRAP C · 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo

31

A 7 de Agosto, referia-se no aviso que apesar do voo da mosca se encontrar abaixo do

que é habitual, tinha-se atingido o NEA: 8 a 12% de formas vivas, em alguns postos e

aconselhava-se, nas variedades mais precoces, ou em olivais para conserva, à realização de

um tratamento.

Na circular de 6 de Agosto (n.º 15), referia-se que o voo continuava baixo, alertando

para estar atento ao aumento de picadas e a tratar se verificar esse aumento.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100 Alcanadas

Porto Mós

Pombal

Alvaiázere

N.º

de

capt

uras

Figura n.º 15 - Curva de voo da mosca da azeitona em Leiria em 2009.

A 24 de Setembro (circular n.º 16), referia-se que o voo desta praga se situava abaixo

de que é habitual contribuindo para isso o rigor do Inverno, baixas temperaturas durante dias

consecutivos juntamente com o ocorrência de chuva que provocaram uma elevada

mortalidade das pupas. Verificava-se nesta altura uma humidade relativa muito baixa, apesar

da temperatura não ser muito elevada, e que limita muito a taxa de sobrevivência desta

praga. O voo da praga tinha aumentado nessa semana, assim como o número de frutos

picados com elevado número de ovos, sinal de que nova geração se estava a iniciar. Chamava-

se a atenção para a realização de um tratamento aos olivais que se encontravam

desprotegidos.

Quer nos olivais tratados quer nos não tratados, a azeitona não se apresentou muito

picada este ano comparativamente a 2008.

Na circular de 15 de Outubro (n.º 17) referia-se que devido ao bom tempo que se fazia

sentir, muito favorável ao desenvolvimento da praga, tinha-se atingido um pico de voo,

observando-se também um aumento do número de frutos com ovos e larvas vivas. O NEA foi

Page 32: relatorio actividades ealeiria - DRAP C · 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo

32

atingido em todos os postos de observação biológicos. Aconselhava-se a tratarem tendo

atenção ao IS dos produtos a aplicar.

O panorama desta praga não foge ao observado em anos anteriores. Quem trata tem

azeitona de boa qualidade e azeite de baixa acidez, quem não trata tem muita queda de fruto

e azeite de péssima qualidade.

CARUNCHO (Phloeotribus scarabaeoides Bernard)

Não foi um ano onde os ataques desta praga se tivessem observado de uma forma

especial como em anos anteriores. Os agricultores começam a ter a noção correcta de que

deixar a lenha da poda no olival é fomentar o desenvolvimento desta praga.

Não existem produtos químicos homologados para o combate do caruncho, passando

o seu controlo pela aplicação de medidas culturais. Nesse sentido foi aconselhado a 6 de

Março para não deixarem a lenha da poda junto ao olival pois é nessa lenha que este parasita

se desenvolve.

A 15 de Abril (circular n.º 6) aconselhava-se a queimar a lenha da poda se observasse

serrim, sinal da sua actividade, antes de os adultos saírem para atacar a rebentação nova na

axila dos ramos, comprometendo a formação a produção, principalmente em árvores jovens.

COCHONILHAS

As cochonilhas que se acompanharam com mais atenção no olival são o algodão e a

cochonilha negra. Ambas devem ser combatidas respectivamente antes da formação do

algodão e da carapaça que as protege contra os tratamentos impedindo que os produtos as

atinjam directamente.

O algodão tem cerca de uma a três gerações por ano e inicia a sua actividade em fins

de Fevereiro início de Abril. A 23 de Abril deu-se indicação para tratarem o olival, caso

observassem mais de 25% de inflorescências atacadas em 120 observadas pulverizando em

alta pressão sobre as colónias caso apresentasse ataques desta praga, mas de forma

localizada, com um produto que combatesse simultaneamente a traça.

O tratamento da cochonilha negra (H), que habitualmente apresenta uma

geração/ano, passa pela detecção da saída das larvas e deve incidir quando se atinge o pico

Page 33: relatorio actividades ealeiria - DRAP C · 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo

33

da sua saída para abranger um maior número de larvas. Quando estas se fixam e começam a

ganhar a carapaça ficam imunes aos tratamentos. São marcados alguns ramos com fêmeas

adultas para facilitar a detecção daquele momento. Este ano o aviso saiu a 16 de Junho, na

mesma altura que em 2008-, aconselhado a observarem as pequenas larvas junto às fêmeas

adultas. Esta eclosão poderá demorar cerca de 3 semanas, portanto, em olivais muito

atacados poderá justificar um segundo tratamento.

Os ataques desta praga são pontuais e controláveis, apesar dela se encontrar em

progressão nesta região. O ferrujão que ela provoca, devido à formação de fumagina, é

responsável por uma diminuição da produção por interferir com a fotossintese dificultando

que a seiva elaborada chegue a todos os órgãos da árvore.

2.4.3.2- DOENÇAS

GAFA (Gloeosporium spp)

A gafa é uma doença de grande importância económica. Ataca os frutos que ficam

enrugados e acabam por cair com facilidade. Se o ataque é intenso os ramos podem ficar

desprovidos de folhas acabando por secar. Cultivares como a galega são muito susceptíveis

aos ataques da gafa.

O ano de 2009 não foi tão seco como 2008 no Verão, mas os meses de Setembro e

Outubro foram secos e quentes, não facilitando o estabelecimento desta doença que

necessita de água da chuva para dissolver a massa gelatinosa que envolve os esporos

deixando-os livres para efectuarem as contaminações.

A gafa não foi problema na região que se traduziu na boa qualidade de azeite na

região, contrariamente ao que aconteceu em 2006, onde a queda de chuva de forma contínua

provocou graves ataques em zonas do país onde habitualmente ela não é problema. Os

agricultores encontram-se muito sensibilizados para esta doença pelo que iniciam os

tratamentos mais cedo reduzindo o risco de desenvolvimento desta doença.

Fez-se uma primeira referência a esta doença a 24 de Setembro (circular n.º 16). A

azeitona estava a mudar de cor e previa-se a ocorrência de chuva para o fim-de-semana

aconselhando-se a aplicação de produtos à base de cobre. Os orvalhos e nevoeiros matinais

quando contínuos também podem provocar infecções. A 15 de Outubro (circular n.º 17)

emitiu-se uma circular a referir esta doença, o olho de pavão e a cercosporiose, todas

Page 34: relatorio actividades ealeiria - DRAP C · 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo

34

desencadeadas através da queda da chuva. Como se previa queda de chuva a partir da

próxima semana com um fungicida à base de cobre.

Foram observados alguns ataques pontuais de gafa. O posto de Porto Mós foi aquele

que mais focos de infecção revelou tendo sido também onde o ataque de mosca foi mais

intenso.

OLHO DE PAVÃO (Spiloceae oleagineae)

Esta doença desenvolve-se melhor com a Primavera e Outono chuvosos e

temperaturas entre os 10 e 15ºC. Tal como em 2008, a Primavera foi chuvosa mas o final do

Verão foi muito seco equilibrando a incidência desta doença. Alguma desfoleação observada

no início vegetativo, bem como contaminações que permaneceram latentes durante o Verão,

não se manifestaram de forma intensa no final do ciclo da cultura. A variedade galega

apresenta-se muito resistente a esta doença contrariamente à cobrançosa e picual.

Foi aconselhado um tratamento a 6 de Março referindo a necessidade de proteger o

olival nesta fase contra o olho de pavão a fim de evitar futura queda das folhas, utilizando

produtos à base de cobre, zirame ou difenoconazol. Este ano não reforçámos tantas vezes

esta doença como em 2008 uma vez que a Primavera não foi tão chuvosa. A variedade

cobrançosa está muito difundida pela região e é muito susceptível aos ataques deste fungo.

No final de Verão a 15 de Outubro (circular n.º 17) referia-se que o tratamento para o

olho de pavão e cercosporiose é preventivo, devendo acontecer antes das primeiras chuvas

pelo que se aconselhava a fazê-lo pois a previsão era de chuva para os próximos dias.

É importante que o agricultor recorra às práticas culturais de forma a favorecer a

ventilação das copas através de uma poda arejada, prevenindo a incidência de doenças.

CERCOSPORIOSE (Cercospora cladosporioides)

É normalmente no Outono que esta doença ganha expressão ficando a página inferior

das folhas enegrecidas e a página superior amarelecida ocorrendo depois a desfoleação. Este

ano devido à Primavera chuvosa começaram a verificar-se fortes ataques de cercospora no

cedo.

No final de Verão a recomendação de 15 de Outubro para o olho de pavão e gafa fazia

também referência a esta doença. Não se fazem tratamentos exclusivos para a cercospora

Page 35: relatorio actividades ealeiria - DRAP C · 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo

35

uma vez que os produtos que combatem a gafa e o olho de pavão também a controlam.

Considera-se importante a sua referência para a sua correcta identificação. A variedade

galega é susceptível a esta doença principalmente em zonas húmidas como é o caso dos

olivais da região de Ansião.

2.5 – Balanço fitossanitário

Quadros resumo dos tratamentos

Nos quadros n.º 1, 2 e 3 estão indicadas as datas em que foram emitidos avisos com

referência, respectivamente, aos inimigos da vinha, pomóideas e olival, abrangendo todas as

estratégias de luta. Estão definidos o número de tratamentos para cada inimigo. Os

tratamentos condicionados estão identificados por alguns símbolos.

Quadro 1- Quadro resumo das datas dos avisos referentes à vinha na campanha de 2009.

Data/ inimigo

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez N.º de trat.

Míldio 2,23

8, 15 27

1 5

Escoriose M.P. 22

17 1

Botrytis 27 23 26 3

Oídio

2,23

15,27 16 1, 23

7

Traça 15 16* 26 2+1*

Coch. Algodão

22* 1*

*-Tratamento condicionado M.P. –Medidas Profilácticas

VINHA

Page 36: relatorio actividades ealeiria - DRAP C · 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo

36

Quadro 2 - Quadro resumo das datas dos avisos referentes à macieira em 2009.

Data/ Inimigo

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez N.º de trat.

Cancro 22 11 2

Pedrado 6* 2,23

8, 15 27

16 1, 23 11* 8+2*

Aranhiço vermelho

INV 17

23* 8* 27*

16* 23* 1+5*

Piolhos INV 17

7, 23*

8* 16* 2+3*

Coch. S. José

INV 17

23* 23 2+1*

Bichado 8, 15*

16* 23* 7* 1+4*

Mosca da Fruta

28* 1*

* -Tratamento condicionado INV. –Inverno; MC – Medidas Culturais

Quadro 3- Quadro resumo das datas dos avisos referente ao olival em 2009.

Data/ Inimigo

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez N.º de trat.

Cercospori- ose

15 1

Gafa 24 15 2

Olho de pavão 6 21 15 3

Mosca 7, 26*

24 15 3+1*

Traça 23* 1

Caruncho 6

15 MP

1

Coch. negra 16* 1*

Coch. Algodão 23* 1*

MP- Medidas Profilácticas

Pomóideas

Oliveira

Page 37: relatorio actividades ealeiria - DRAP C · 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo

37

3- OUTRAS ACTIVIDADES

3.1- Condicionamento da vinha

Em 2009 continuámos a assegurar o serviço do condicionamento do plantio da vinha

na região de Leiria. Teve início este ano o primeiro período de candidatura ao arranque

definitivo da vinha que decorreu entre 1 de Junho e 31 de Julho.

A afluência de pessoas não foi tão elevada como em 2008 e todos os utentes foram

atendidos em tempo útil. A candidatura ao arranque da vinha pressupõe a regularização de

todo o património vitícola do candidato, ou seja, todas as parcelas de vinha devem ter

enquadramento legal. Todos os procedimentos são efectuados numa aplicação informática

sendo no final atribuído ao agricultor o registo vitícola do seu património.

- Não se verificou desfazamento entre a atribuição do registo vitícola e o período de

candidatura. A actualização do registo vitícola efectuou-se sem compassos de espera,

contrariamente ao que verificou em 2008.

- Continua a faltar meios informáticos, nomeadamente um computador e daqui para a frente,

de meios humanos, uma vez que os dois técnicos já têm a seu cargo outro serviço e

compromissos que não podem ser descurados, de forma a tornar o serviço mais expedito.

- O período de candidatura incidir numa altura de férias não é deforma alguma uma vantagem

para a execução deste serviço sem contratempos.

- Continuou a verificar-se alguma, descoordenação entre os serviços, nomeadamente IVV e

DRAPCentro, na delegação de alguma informação.

Este período de candidatura beneficiou de não ser o primeiro, e da maioria das

situações serem idênticas às registadas à do ano anterior.

Para além do registo vitícola, ficaram os técnicos com a responsabilidade de

recepcionar as candidaturas fazendo uma primeira abordagem aos documentos exigidos na

candidatura, ficando um dos técnicos com a responsabilidade de analisar

pormenorizadamente cada candidatura e observar se toda a documentação estava conforme

e caso assim não se encontrasse redigir cartas de audiência prévia a solicitar a documentação

em falta num prazo definido.

Page 38: relatorio actividades ealeiria - DRAP C · 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5 2.3- Ciclo

38

As vistorias ao campo ficaram a cargo dos técnicos do condicionamento da vinha e

foram feitas a 30% dos candidatos ao prémio de arranque tendo sido seleccionados de forma

aleatória.

Foram efectuadas as vistorias pós arranque a todos os candidatos do período de

candidatura 2008/2009, não existindo nenhuma situação irregular ou de conflito. Até ao fim

do ano, apenas 3 dos 22 candidatos ainda não tinham recebido o prémio ao arranque devido

a questões alheias a este serviço, relacionados com a atribuição do NIFAP.

3.2- Acções de sensibilização / Divulgação das metodologias utilizadas nos

avisos

A Estação de Avisos de Leiria interviu em diversas acções de sensibilização/divulgação

que visaram o esclarecimento de algumas metodologias aplicadas por esta Estação de Avisos:

- 5.º Encontro da Estação de Avisos de Leiria – 12 de Março – St. Antão - Batalha

- Visita de estudo à Estação Meteorológica de Abiul – 8 de Outubro - Pombal

3.3 – Ensaios inseridos na candidatura da ex-DRABL ao Programa Agro

Na sequência da candidatura da ex- DRABL à acção 8.2 – Medida 8 do Programa AGRO

que visou a Modernização e Reforço da Capacidade do Serviço Nacional dos Avisos Agrícolas,

a Estação de Avisos de Leiria participou em vários ensaios, que tem mantido, destacando-se

este ano:

- Na oliveira, a validação da captura em massa, como método biotécnico alternativo ao

controlo da mosca da azeitona.

- Nas pomóideas, o estudo comparativo de dois métodos de captura em massa com recurso

a garrafas de polietileno e copos tephry no controlo da mosca da fruta.

Estes trabalhos foram fruto de relatórios à parte.