Upload
others
View
6
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
1
Índice Pág. 1- ESTACÃO DE AVISOS DE LEIRIA 2
1.1- Historial 2
1.2- Recursos humanos e técnicos 3
1.3- Rede biológica/fenológica e meteorológica 3
2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5
DE LEIRIA
2.1- Boletins emitidos 5
2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 5
2.3- Ciclo vegetativo das culturas 9
2.4- Evolução dos inimigos das culturas 10
2.4.1- Vinha 10
2.4.1.1 – Pragas 10
2.4.1.2 – Doenças 13
2.4.2- Pomóideas 18
2.4.2.1- Pragas 18
2.4.2.2- Doenças 26
2.4.3- Olival 29
2.4.3.1- Pragas 29
2.4.3.2- Doenças 33
2.5- Balanço fitossanitário 35
3- OUTRAS ACTIVIDADES 37
3.1- Condicionamento da vinha 38
3.2 – Acções de sensibilização/divulgação de 38
metodologias dos avisos
3.3- Ensaios inseridos na candidatura da ex-DRABL ao Programa Agro 38
2
1- ESTACÃO DE AVISOS DE LEIRIA
1.1- Historial
A Estação de Avisos de Leiria é um serviço da responsabilidade do Ministério da
Agricultura, está afecta à Direcção Regional de Agricultura da Beira Litoral (DRABL) – Divisão
de Protecção das Culturas – e é supervisionado pelo Serviço Nacional de Avisos Agrícolas
(SNAA).
Territorialmente inclui a área dos concelhos de Leiria, Ansião, Pombal, Marinha
Grande, Batalha, Porto de Mós e Alvaiázere, dispondo de uma rede meteorológica e
biológica/fenológica. As principais culturas abrangidas, desde o início, são as pomóideas, a
vinha e o olival.
O papel dos Avisos consiste na emissão de uma circular de aviso com indicação para a
realização dos tratamentos nas alturas mais oportunas bem como listas para os produtos
fitofarmacêuticos homologados, dentro de uma boa prática agrícola.
1995 foi o ano de inauguração desta Estação de Avisos. Instalaram-se 8 Estações
Meteorológicas Automáticas (EMAs), foi adquirido material informático (computador e
impressora) e material de laboratório de apoio: frigorífico, estufa, microscópio, lupa biocular,
pinças, bistoris etc…
Em 1996 e 1997 decorreram as fases experimentais desta Estação através da testagem
do software das EMAS.
Em 1998 esta Estação de Avisos entrou oficialmente em funcionamento, formada por
dois técnicos, tendo contado nas campanhas de 1998 e 1999 com a colaboração de uma
técnica profissional.
Em 2001 e 2002 esta Estação teve a colaboração de uma estagiária mas desde então
restringe-se aos dois técnicos.
3
1.2- Recursos humanos e técnicos
Desde 1995, fazem parte desta Estação de Avisos 2 elementos: Marta Maria Filipe de
Oliveira Caetano (Eng.ª Agrária) e José Manuel Heleno Batalha (Engº Técº Agrário).
A Estação de Avisos ocupa dois gabinetes do Edifício da DRABL em Leiria, sendo um dos
quais um pequeno laboratório onde se encontra o material técnico usado na execução dos
trabalhos:
- 1 microscópio Olympus Ch-2, lâminas e lamelas
- 1 lupa binocular Olympus SZ60
- 1 máquina dobradoura de papel
- 1 Estufa Heraeus
- 1 Frigorífico Edesa
- 1 computador Azus Version New PCB R2.0
- 1 impressora/ scanner/ copiadora hp750
- 8 Estações Meteorológicas Automáticas (EMAs): 6 da marca Campbell e 2 da Vórtice
- 1 insectário
- 1 termopluviohumectógrafo
- Material de laboratório (pinças, agulhas, placas de petri, lâminas, lamelas…)
1.3- Rede meteorológica e biológica/fenológica
Para a elaboração dos boletins fitossanitários, a Estação de Avisos de Leiria, a mais
recente estação pública, está equipada com 8 EMAs (não possuindo nenhuma estação
meteorológica clássica de apoio) e vários postos de observação biológicos para as culturas
que supervisiona (Fig. 1).
Em 2007, a transmissão de dados das Estações Automáticas passou a ser feita via GSM
tendo sido substituído o modem e requalificadas todas as Estações, algumas delas
deslocalizadas. Na requalificação, os sensores de humidade e temperatura e folha molhada
foram calibrados assim como os hudómetros. Para além desta tarefa, a empresa “Quantific”
ficou também responsável pela manutenção de todo o equipamento. Toda esta remodelação
4
ficou abrangida pelo projecto AGRO 8.2 no que diz respeito à modernização do Serviço
Nacional dos avisos Agrícolas e só ficou concluída em finais de 2007, pelo que até meados
deste ano apenas era possível aceder aos dados de 4 EMAs tal como em 2006.
As estações emitem dados diários e horários de temperatura (máxima, mínima e
média), humidade e precipitação que chegam ao computador central da Estação de Avisos via
modem. Os sensores de folha molhada permitem determinar o número de horas que a folha
permaneceu molhada no dia. Este valor deverá ser comparado com o obtido no
termopluviohumectógrafo para averiguar a sua fiabilidade.
A Estação de Avisos recorre ainda a uma rede de postos de observação biológicos
(POB), onde são colocadas armadilhas para acompanhamento do voo das pragas e onde se
observam semanalmente os vários órgãos da planta de acordo com o estado de
desenvolvimento da planta e o dos seus inimigos. Esta informação é depois cruzada com os
dados climáticos extraídos das EMAS e com os conhecimentos sobre bioecologia dos inimigos
para os quais emitimos avisos, permitindo, depois, determinar as alturas mais oportunas para
a realização dos tratamentos.
Figura 1 – Rede meteorológica e biológica/fenológica da Estação de Avisos de Leiria em 2009.
5
2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS DE LEIRIA
2.1- Utentes inscritos e boletins emitidos
Em 2009 registaram-se 164 inscrições, número que se tem mantido sensivelmente igual
desde à alguns anos e que traduz a fidelidade dos utentes a este serviço. Com a ajuda ao
arranque da vinha que teve início este ano e que permanecerá por mais 3 anos, prevê-se que o
número de utentes possa diminuir. É notório o desânimo sentido por parte dos agricultores
devido à falta de rendimento que esta actividade confere. A sua dureza e exigência em termos
humanos e a falta de quem lhes suceda no sector tem poderá agravar ainda mais esta situação.
Se antes sentiam esse trabalho monetariamente compensado, e eram muitos os que viviam
exclusivamente dela, actualmente não conseguem competir com a elevada concorrência do
mercado externo e os preços dos produtos não pagam, na maior parte das vezes, os encargos
subjacentes.
Num inquérito efectuado em 2005, por esta Estação de Avisos aos seus utentes, era-lhe
reconhecido valor na sua actividade. Em 2006 voltamos a questionar se estavam satisfeitos com
o serviço e quais as sugestões que propunham para melhorá-lo e sentimos que este serviço era
muito importante para todos, no entanto, dada a conjuntura desfavorável que este sector
atravessa, teme-se uma quebra sentida na adesão a este serviço.
Os utentes incluem: agricultores, cooperativas e adegas, serviços oficiais e particulares,
que por sua vez fazem chegar os avisos a outros agricultores não inscritos pelo que o número de
agricultores a beneficiar deste serviço é muito superior ao número de utentes inscritos. O valor
da assinatura anual foi de 13,31€.
Foram emitidas 18 circulares contendo avisos para o tratamento das principais pragas e
doenças das pomóideas, vinha e olival, bem como a indicação dos produtos homologados para o
seu combate e informações para alguns inimigos do pessegueiro e citrinos.
2.2- Resumo do Ano Agrícola 2009
As condições atmosféricas são determinantes não só no desenvolvimento dos inimigos
das culturas como das próprias culturas existindo fases particularmente sensíveis,
nomeadamente altura do vingamento e crescimento dos frutos, quer na fase inicial, para
6
impedir que eles se deformem, quer na final para se atingirem bons calibres e índices de
maturação.
As condições atmosféricas ocorridas em 2009 estão resumidas nas figuras 2, 3 e 4 que
revelam a temperatura e precipitação ocorridas em duas EMAs situadas em Leiria e Porto
Mós.
A precipitação durante a campanha não foi tão contínua como em 2008 e 2007, tendo
chovido de forma mais intensa nos meses de Janeiro e Fevereiro. Na Primavera apesar dos
períodos chuvosos terem sido intensos, não foram tão frequentes como no ano passado
permitindo aos agricultores a realização dos tratamentos atempadamente. O Verão não foi
tão seco mas os meses de Setembro e Outubro foram, não facilitando a instalação de fungos e
podridões, parasitas habituais nesta altura do ano, em vinha e olival, e facilitando a vindima e
a apanha da fruta e da azeitona.
Relativamente à temperatura, o Verão foi um pouco mais quente do que 2008 mas
sem picos pronunciados que provocassem escaldão na fruta. O Inverno foi muito rigoroso. As
baixas temperaturas começaram a sentir-se logo no início de Novembro e o frio manteve-se
até Fevereiro com as temperaturas a descerem abaixo dos 0º durante dias seguidos.
0
5
10
15
20
25
30
020406080
100120140160
mm
Meses
PrecT MinT MáxT Med
ºC
Fig 2- Média da temperatura máxima, mínima e média e precipitação total registados no posto meteorológico de Azoia, concelho de Leiria, em 2009.
7
0
5
10
15
20
25
30
35
020406080
100120140160180
mm
Meses
Prec
T Min
T Máx
T. Med
ºC
Fig 3- Média da temperatura máxima, mínima e média e precipitação total registados no posto meteorológico de Regueira de Pontes, concelho de Leiria, em 2009.
0
5
10
15
20
25
30
0
50
100
150
200
250
300
mm
Meses
Prec
T. Min
T Máx
T. Med
ºC
Fig 4- Média da temperatura máxima, mínima e média e precipitação total registados no posto meteorológico da Eiras da Lagoa, concelho de Porto Mós, em 2009.
Nas pomóideas registou-se um aumento de produção. As boas condições
meteorológicas registadas, nomeadamente a temperatura amena sem grandes oscilações na
fase de floração dos frutos e depois, favoreceu o vingamento. Estas condições mantiveram-se
durante toda a campanha favorecendo o desenvolvimento da fruta e contribuindo para um
aumento da produção.
No fim da campanha apesar do tempo seco atingiram-se bons calibres devido ás
reservas de água no solo, à rega e à monda de frutos que os agricultores já se habituaram a
realizar e a aceitar como prática necessária para se atingir uma boa qualidade de fruta.
Em termos sanitários o pedrado surgiu em toda a região mas não da forma tão intensa
como em 2008. Não se registaram tantas infecções como em 2008, no entanto, as infecções
8
ocorridas foram mais graves uma vez que os períodos chuvosos foram intensos. É muito
importante segurar a doença logo de início tratando com oportunidade e com os produtos
adequados. Quem assim o fez não teve grandes problemas. Para além do pedrado, o cancro
teve boas condições para se dispersar principalmente nas variedades vermelhas. Segundo os
técnicos das fruteiras a incidência de bitter-pit não foi tão evidente como em 2008,
contribuindo para isso as menores oscilações de temperaturas ocorridas durante a campanha.
Na vinha, e no que respeita á produção, o ano revelou-se melhor que o anterior com a
produção a registar um aumento. O ano não foi tão seco no final da campanha como em 2008
e correu bem na altura da colheita permitindo uma vindima sem complicações.
Ao contrário do ano anterior, os cachos apresentavam-se cheios. Os períodos de chuva
intensa contribuíram para atestar o nível freático dos terrenos compensando as alturas de
menor queda pluviométrica. O Verão também não foi tão seco como em 2008.. Em termos
gerais a qualidade foi superior à colheita de 2008, tanto nos brancos como nos tintos, que já
por si tinha sido melhor que em 2007.
Quanto aos inimigos das culturas, o míldio manifestou-se de forma muito pontual e
sem prejuízo para quem tratou atempadamente e o tempo assim o permitiu.
Os sintomas que apareceram foram facilmente controlados e no final as perdas devido a esta
doença foram insignificativas.
O bago negro “black rot” continua a aparecer embora de forma muito esporádica e
por essa razão voltou a não ser feita qualquer referência a ele nas nossas circulares.
O oídio é considerado nesta região o principal inimigo da vinha e este ano a sua
manifestação foi mais evidente comparativamente ao ano anterior. Em vinhas pouco arejadas
onde os cachos permanecem escondidos, esta doença contribuiu para uma perda significativa
da produção.
No olival, o rendimento e principalmente a qualidade do azeite foram ainda melhores
do que em 2008, apesar da azeitona se apresentar ligeiramente engelhada no final da
campanha devido a alguma falta de água, no entanto, no lagar apresentou bom rendimento.
Com o tempo seco a decorrer ameno, a azeitona apresentou alguns sintomas de gafa mas
sem causar estragos a considerar. O azeite revelou ser de grande qualidade com um índice de
acidez rondando os 0,5%. Em 2007 esta doença foi responsável em certos casos por perdas
quase totais de produção e por azeites de má qualidade. A incidência da mosca foi baixa
9
desde o início. O frio sentido durante o Inverno provocou uma elevada mortalidade das pupas
(forma hibernante deste insecto durante o Inverno) e o nível populacional baixou.
A produção no geral foi muito boa, o tempo uniforme ocorrido por altura da floração
contribuiu para um bom vingamento dos frutos, contrariamente ao ano anterior onde as
chuvas ocorridas nesta altura contribuíram para a ocorrência de bagoinha e a produção no
geral não foi uniforme. O rendimento, mesmo na galega foi acima da média. Como vem sendo
habitual na zona de Pombal a produção foi menor do que em Porto de Mós.
2.3- Ciclo vegetativo das culturas
Vinha- As datas representam uma média na região uma vez que ela é distinta, constituída
por vários microclimas, e para além disso as castas encontram-se misturadas. Na figura 4
estão definidas as datas dos estados fenológicos da vinha em geral.
O abrolhamento tem acontecido tardio nos últimos anos, nestes dois últimos
antecipou-se: 2 semanas em 2008 e uma semana este ano. O pintor teve início uma semana
antes comparativamente a 2008. O tempo frio ocorrido no Inverno antecipou o abrolhamento
em 3 semanas comparativamente a 2007, no entanto não se registaram grandes diferenças
nas alturas em que ocorreram os restantes estados fenológicos e o pintor teve início apenas
uma semana depois do que é normal para esta região. Mantém-se a irregularidade da
rebentação.
Macieira – Tal como na vinha, as macieiras rebentaram mais cedo, a floração e a maturação
foram também mais precoces. As temperaturas amenas puxaram bem pela fruta que
adiantou em toda a região, em certos locais em 3 semanas. Dado não terem ocorrido picos de
Vindima E. F. A C E F H I J K L M Data Fev 9-Mar 23-Abr 6-Abr 13-Abr 12-Mai 25- Mai 15- Jun 23-Jun 13 –Jul 20-Jul 17 - Set
Fig 4- Datas dos estados fenológicos (E. F.) dominantes nas vinhas da região de Leiria em 2009.
10
calor nos últimos dois anos, não se verificaram perdas por escaldão. Na figura 5 estão
referenciadas as datas dos estados fenológicos da macieira. Os calibres foram razoáveis
devido à monda que já está praticamente instituída entre os agricultores. A maturação
depende das variedades, mas nas dominantes nesta região, esta fase decorre entre fins de
Julho e meados de Outubro.
Oliveira – O abrolhamento é normalmente tardio, mas este ano embora se tenha
antecipado em 1 semana, mais tarde acabou por atrasar um pouco. As azeitonas começaram
a pintar ao mesmo tempo que no ano anterior. Na figura 6 pode observar-se os estados
fenológicos da oliveira e respectivas datas dominantes na região. A colheita acabou por
acontecer mais cedo do habitual devido à queda de frutos que se começou a verificar e à qual
ainda se desconhece a razão. Em meados de Novembro os olivais da região de Leiria e Porto
Mós estavam com a azeitona colhida, enquanto em Alvaiázere e Ansião a colheita só
aconteceu início de Dezembro, por serem zonas mais tardias. O rendimento em azeite mesmo
na variedade galega foi bastante bom.
E. F. A B C E F I J
Data Mar 19 –Mar 23 –Mar 4–Mai 11- Mai 28 –Mai 10–Jun
Fig 6 – Datas dos estados fenológicos da oliveira dominantes na região de Leiria em 2009.
E. F. A C D E E2 F G I J
Data Fev 2–Mar 9–Mar 23-Mar 30-Mar 30-Mar 6–Abr 13–Abr 30-Abr
Fig 5 – Datas dos estados fenológicos dominantes da macieira na região de Leiria em 2009.
11
2.4- Evolução dos inimigos das culturas
2.4.1- Vinha
2.4.1.1- Pragas
Traça da uva (Lobesia botrana)
O voo da traça tem, desde 2006, vindo a diminuir de incidência. Este ano aquela curva
foi ainda menos pronunciada do que a observada em 2008, em todos os postos de
observação biológicos (fig. 8), sendo que, no posto de Pombal, desde 2007 que o voo da traça
é insignificante.
Este ano a primeira geração foi a mais forte das três gerações que constitui o ciclo de
vida desta praga, contrariamente ao que se tem passado em 2007 e 2008. Esta geração ataca
as inflorescencias e o seu ataque tem o efeito de monda natural impedindo que os futuros
cachos não fiquem demasiado compactos pelo que normalmente não se aconselha tratar tal
como foi avisado a 15 de Abril (circular n.º 6). Apesar das capturas terem atingido
150/semana em Porto Mós, nos restantes Postos de Observação Biológicos (POBs) as
capturas situaram-se entre 50 e 100/semana. Foram observados poucos ninhos nesta
geração, tal como em 2008, e não se atingiu o NEA em qualquer POB. O acréscimo de
incidência desta praga na primeira geração obrigou a uma maior vigilância para as duas
gerações seguintes. O pico do voo desta geração foi atingido na terceira semana de Abril, 1
mês mais tarde do que em 2008.
A segunda geração foi muito inferior à primeira e dentro dos mesmos valores do
observado em 2008 para todos os POBs, com um pico pouco saliente a ser atingido na
segunda semana de Junho e o posto de Pombal, contrariamente a 2007, novamente a registar
o menor número de capturas. A 16 de Junho foi emitido um aviso que referia já ter sido
atingido o pico da geração da traça em alguns postos aconselhando a realização de um
tratamento com um produto larvicida devendo, no entanto, observar 2 cachos em 50 cepas e
tratar se observarem posturas em 5 a 15% dos cachos. Esta geração não foi superior a 2008. O
nível de posturas nos bagos foi baixo e não se fez referência a esta praga nas circulares
emitidas.
12
0
20
40
60
80
100
120
140
160
N.º
Cap
tura
sCurva de voo da traça - 2009 ALCANADAS
P. MÓS
MOURÃ
POMBAL
Figura 8- Curva de voo da traça da uva registada em postos biológicos da região de Leiria em 2009.
Em 2006 a terceira geração foi fraca, comparativamente às anteriores. Em 2007 e 2008
esta situação inverteu-se e este ano voltou novamente a verificar-se aquela situação, o que
reforça mais a ideia da não existência de uma ligação directa nas capturas entre gerações,
uma vez que a primeira foi forte mas as duas seguintes foram bem mais fracas. A última
geração foi sensivelmente idêntica à segunda com o posto de Porto Mós a não atingir as 40
capturas semanais, ao passo que em 2008, Pombal registou este valor mas todos os outros
postos se situaram entre as 120-240 capturas por semana. O voo teve início no final de Julho,
tal como em 2007 e 2008 e atingiu um pico em meados de Agosto. No dia 16, referia-se no
aviso a baixa intensidade deste voo e baixo nível de posturas, aconselhando-se a tratar só nos
locais onde habitualmente esta praga causa estragos. O NEA que nesta fase é muito curto: 1 a
10% de bagos atacados e foi atingido nos postos de Alcanadas (Batalha) e Porto Mós, mas
com menos posturas comparativamente a 2008.
Nesta fase, é necessário ter cautela nos tratamentos, uma vez que estamos já perto
da colheita a temos que atender aos Intervalos de Segurança (I.S.) dos produtos. O
tratamento aqui, mais do que evitar perdas de produção, vai prevenir a instalação da
podridão que aproveita as feridas provocadas pelas lagartas nos bagos para se desenvolver.
No final da campanha os estragos causados pela traça foram mínimos.
13
Cochonilha algodão (Planococcus ficus)
O panorama desta praga continua a ser o mesmo de anos anteriores. É uma praga que
se apresenta muito localizada nas vinhas da região mas que se não for tratada pode dar cabo
da produção.
O tratamento de Inverno passa pela descamação da casca, uma vez que as cochonilhas
se instalam debaixo do ritidoma, seguida de uma pulverização molhando bem o tronco com
óleo de Verão a alta pressão. Esta indicação foi dada a 22 de Janeiro. Na altura das vindimas
devem-se marcar as árvores que apresentem sintomas de ferrujão – presença de fumagina.
A baixa incidência desta praga não justificou a sua referência nas nossas circulares.
2.4.1.2- Doenças
Míldio (Plasmopora viticola) 2009 foi um ano de pouco míldio, menos ainda que 2008. A doença surgiu de forma
muito pontual nos vinhedos e os agricultores que trataram nas alturas devidas não tiveram
qualquer problema em controlar esta doença.
Como vem sendo habitual, os oósporos começaram a ser colocados na estufa em
meados de Fevereiro demorando mais de 4 dias a germinarem a uma temperatura de 22ºC. A
partir de 15 de Março o tempo de germinação diminuiu para 3 dias, tendo-se observado
zoósporos no dia 18. A germinação em menos de 24 horas só aconteceu no início do mês de
Abril, mais tarde duas semanas do que é habitual, em Leiria. Os insectos de solo dificultam
esta operação uma vez que roem e destroem as folhas.
Em 2008 ficaram definidos 8 períodos de infecção desta doença e este ano este
número diminuiu para 6 que podem ser observados ao longo do ano e que estão distribuídos
na escala temporal definida na figura 9. O início de cada período está assinalado com um
círculo oval, que corresponde ao dia em que ocorreu infecção, e termina com a data prevista
para o aparecimento das manchas. Estão indicadas com setas as 7 circulares de avisos com
referência a esta doença.
14
As vinhas e as culturas no seu geral, adiantaram-se este ano. Esta situação foi referida
a 2 de Abril (circular n.º 5), onde os pâmpanos já apresentavam crescimentos superiores a 10
cm, fase a partir da qual a cultura fica susceptível a esta doença. Previa-se a ocorrência de
chuva para a semana seguinte e aconselhava-se a tratarem antes, no caso daquela previsão se
confirmar. Foi enviada uma listagem de substâncias activas e produtos homologados para a
cultura da vinha.
O primeiro período real de infecção ocorreu na semana de 12-18 de Abril, com a chuva
a cair de forma continuada. A quantidade de precipitação foi muito superior a 10mm e os
crescimentos dos pampanos a rondarem os 15-20cm, e as temperaturas mínimas a situarem-
se nos 10ºC, estavam reunidas as três condições para a ocorrência de infecções provocada
por este fungo. Com o tempo frio que se fazia sentir, só se previa a eclosão das manchas daí a
mais de 2 semanas, pelo que a 15 de Abril, na circular n.º6, aconselhava-se os agricultores a
aguardarem por mais indicações. A 23 de Abril (circular n.º 7), mencionava-se para
protegerem as vinhas até ao final da semana antes da eclosão das manchas, previstas para 4
de Maio, resultantes da infecção de 12-18 de Abril.
O segundo período de infecção ocorreu entre 27 e 30 de Abril, prevendo-se o
aparecimento das manchas entre os dias 11 e 12 de Maio. A 8 de Maio foi emitido um sms
para cobrir as infecções deste último período e as que pudessem ter ocorrido no fim-de-
semana que se revelou chuvoso. Neste mesmo dia, foi ainda emitida uma circular de aviso
aconselhando um tratamento com um produto de acção mista, cobrindo este segundo
período de infecção.
A 11 de Maio, foi observada a primeira mancha de míldio na vinha das Alcanadas
(Batalha). Foram observados nesta vinha sintomas desta doença nos cachos, tendo sido o
Figura 9- Períodos de infecção de míldio registados ao longo do ano de 2009.
27 ABR 9 MAI 12 JUN 19 JUN SMS SMS 13 ABR 9 MAI 16 MAI 5 JUN 20 JUN 28 JUN 5 JUL
1 ABR 15 ABR 1 MAI 15 MAI 1 JUN 15 JUN 1 JUL 15 JUL
AVISO AVISO AVISO AVISO AVISO AVISO AVISO 2 ABRIL 15 ABR 23 ABR 8 MAI 15 MAI 27 MAI 1 JUL
15
posto que mais sinais de míldio evidenciou, doença que praticamente não se manifestou
durante o ano.
Em 9 e 10 de Maio ocorreu um terceiro período de infecção com a previsão da saída
das manchas para 23 de Maio. O tratamento aconselhado na circular de 15 de Maio vai cobrir
este período de infecção onde se aconselhava os utentes a manterem a vinha protegida
devido á instabilidade do tempo que se sentia na altura.
A 27 de Maio como se previa um agravamento do estado do tempo para a semana
seguinte, aconselhava-se à realização de um tratamento preventivo antes da chuva.
Confirma-se esta previsão na semana seguinte com a precipitação a ocorrer entre os dias 5 e
8 de Junho, dando início ao quarto período de infecção. Este período ficou, contudo, coberto
pela referência a esta doença na circular n.º 10 de 27 de Maio.
A baixa incidência da doença, nas vinhas da região, não justificou a sua referência nas
circulares de 11 e 16 de Junho.
O quinto período de infecção ocorrido entre 12 e 14 de Junho, não foi portanto,
coberto com qualquer tratamento.
O sexto e último período de infecção desta doença deu-se entre 28-30 de Junho, com
as temperaturas médias a rondarem os 18-19º. A previsão da saída das manchas era para 5 e
6 de Julho e ficou coberto pela circular n.º 12 de 1 de Julho onde se aconselhava a tratarem
contra esta doença.
A baixa incidência desta doença não justificou a emissão de mais nenhuma circular
durante o resto da campanha.
Em 2007 manifestou-se um descontrolo no controlo desta doença a partir do início de
Junho até ao fim da campanha. Em 2008 a incidência desta doença foi muito menor, tendo
sido bem controlada logo de início e não gerou prejuízos no fim. Este ano, praticamente não
se observaram sinais de míldio. Verificaram-se 6 períodos de infecção, menos dois que em
2008, um deles a descoberto e fez-se referência a esta doença em 7 circulares.
OÍDIO (Uncinula necator)
Este é considerado o inimigo chave da vinha nesta região. Em 2007 e 2008 os anos
decorreram húmidos e apesar do crescimento exuberante dos lançamentos que fecharam as
copas das vinhas, os ataques de oídio não foram tão intensos como em anos anteriores. A
16
chuva, contrariamente ao míldio, não favorece o desenvolvimento desta doença. Os
agricultores encontram-se já muito sensibilizados através de acções que já foram realizadas e
pela referência nas nossas circulares no sentido de despamparem as vinhas favorecendo
desta forma o arejamento e diminuindo a incidência desta doença.
Foram observados ataques intensos entre finais de Maio até meados de Agosto. Este
ano a expressão desta doença agravou-se e nas vinhas onde habitualmente se forma o
chapéu devido à rama excessiva, registaram-se elevados prejuízos de oídio. As referências a
esta doença tiveram início a 2 de Abril na fase de cachos visíveis, fase muito sensível da
doença e aconselhava-se à realização de um tratamento à base de enxofre em pó na dose de
25kg/ha, deixando uma fina camada em cima das folhas. A partir desta fase e até ao pintor e
desde que haja condições de humidade é necessário que as vinhas estejam protegidas,
existem contudo, alturas de maior sensibilidade a esta doença.
Aconselhou-se um segundo tratamento a 15 de Abril num período em que ocorreram
muitas infecções de míldio e se aconselhava a aguardar pelo tratamento daquela doença
juntando um produto à base de enxofre.
A 23 de Abril (circular n.º 7) aconselhava-se a juntar um anti-oídio à calda do míldio.
A 15 de Maio (circular n.º 9), referia-se que a partir da floração/alimpa até ao pintor, é
uma fase muito sensível a esta doença, e dado que esta região oferece nesta altura um clima
muito favorável ao seu desenvolvido, aconselhava-se à utilização de enxofre em pó se o
tempo não decorresse chuvoso. Os produtos sistémicos sé devem ser utilizados quando a
pressão da doença é muita e desde que não haja focos declarados de infecção devido aos
problemas de resistência que podem causar. A 16 de Junho (circular n.º 11), as vinhas
encontravam-se numa fase bastante sensível aos ataques deste fungo e a pressão da doença
era muita devido aos orvalhos matinais serem nesta altura frequentes. Os enxofres molháveis
nesta fase são pouco eficazes.
A 1 e 23 de Julho fazia-se referência fazia-se referência a continuarem a manter as
vinhas protegidas devido à instabilidade meteorológica aconselhando a aplicação de produtos
à base de enxofre em pó ou dinocape evitando as horas de maior calor.
PODRIDÃO CINZENTA (Botrytis cinérea)
17
O ano voltou a decorrer sem problemas com esta doença, uma vez que o tempo que
antecedeu as vindimas e as próprias vindimas decorreram sem chuva, proporcionando uvas
de elevada qualidade. Os casos pontuais que ocorreram deveram-se ao descuido em relação
aos tratamentos e ao facto de manterem a vinha muito fechada impedindo o arejamento.
Apesar da elevada incidência de oídio, a traça foi um inimigo cuja presença foi pouco
significativa. Estes dois inimigos são percursores da podridão, no entanto, foi a ausência de
chuva a principal responsável pela baixa incidência desta doença.
27 de Maio (circular n.º 10) as vinhas encontravam-se no estado fenológico
floração/alimpa, fase muito sensível a esta doença devido ao risco do fungo poder ser
arrastado para as sementes, pelo que se aconselhava a tratarem.
A 23 de Julho (circular n.º13) e nas castas mais sensíveis aconselhou-se outro
tratamento antes do fecho do cacho. Tinham-se já observado ataques deste fungo no cacho e
a Primavera chuvosa provocou um desenvolvimento exuberante das cepas formando o típico
“chapéu”. Para uma maior eficácia dos tratamentos aconselhava-se a arejarem os cachos
fazendo uma desfolha gradual começando pelo lado nascente e mais tarde do poente
evitando assim o escaldão nos cachos.
Com a entrada do pintor a sensibilidade a esta doença aumenta. Apesar do tempo não
se apresentar favorável ao desenvolvimento desta doença, para castas mais sensíveis
aconselhava-se a tratar até 3 a 4 semanas molhando bem os cachos e a respeitar o Intervalo
de Segurança (IS) dos produtos. Considerou-se que a doença se encontrava controlada uma
vez que o tempo permaneceu seco.
Nos nossos postos de observação foram detectados ataques pontuais de botrytis nos
finais de Maio. Entre Maio e Agosto apenas foram detectados focos muito esporádicos que
não justificavam qualquer tratamento.
ESCORIOSE (Phomopsis vitícola)
É uma doença em progressão na região que deixou de ser exclusiva de vinhas velhas. A
proliferação de viveiristas que vivem à margem da lei e que não cumprem os requisitos
necessários na produção de garfos sanitariamente isentos de doenças, tem favorecido a
disseminação desta doença. Vinhas com dois e três anos apresentam já sintomas de escoriose
comprometendo logo de início o vigor da videira, a sua formação e o rendimento. A poda
18
curta, a talão, a mais generalizada na região e a que apresenta menos custos por não
necessitar de empa, pode ser muito prejudicial para o rendimento da vinha uma vez que em
cepas com escoriose, os gomos da base podem não abrolhar e, a acontecer em talões, a
produção fica logo comprometida.
Apesar da Primavera não ter sido muito chuvosa é conveniente que nas vinhas
atacadas sejam efectuados tratamentos. Não se considera que esta doença tenha progredido
muito devido à sensibilidade cada vez maior dos agricultores relativamente a ela. Insistiu-se
novamente nas medidas profilácticas na altura da poda de forma a evitar a sua propagação e,
tratamentos químicos preventivos no estado D – E – Saída das folhas – folhas livres.
Informaram-se os agricultores das medidas profilácticas a implementar contra esta
doença em 22 de Janeiro onde se chamava a atenção para:
a) podar as videiras mais infectadas no fim, deixando nestas mais dois gomos para o
caso dos da base não rebentarem,
b) queimar a lenha da poda,
c) não enxertar com garfos infectados,
d) desinfectar com lixívia o material de poda depois de podar videiras infectadas para
videiras sãs.
Na luta química preventiva, aconselhou-se tratar a 17 de Março (circular n.º 4) dando
à escolha duas estratégias:
a) duas intervenções com produtos não sistémicos (enxofre, folpete, mancozebe,
metirame, propinebe), sendo uma no estado D (saída das folhas) e outra no estado E (folhas
livres), ou
b) uma só intervenção com um produto sistémico (azoxistrobina, famoxadona + fosetil
de alumínio, folpete + fosetil de alumínio, mancozebe + fosetil de alumínio) no estado E
(folhas livres).
2.4.2- POMÓIDEAS
PRAGAS
BICHADO (Laysperesia pomonella)
19
Esta praga continua a ser muito importante, mas desde que tratada na altura oportuna
não causa grandes prejuízos. Nos últimos anos o bichado tem mantido voos ininterruptos sem
picos bem definidos durante toda a campanha. Em 2008 registaram-se 4 picos bem definidos
na curva de voo, mas este ano os picos não são tão bem definidos como em 2008 embora
exista alguma semelhança (Fig. 10). Verificou-se um ligeiro pico no início de Maio e outro em
meados de Junho. Os dois primeiros picos referem-se à primeira geração desta praga e as
capturas seguintes à segunda. As armadilhas foram colocadas no início de Abril, mais cedo do
que em 2008.
Na circular de 8 de Maio referia-se que já se tinha iniciado o voo da primeira geração e
já tinha ocorrido condições para postura pelo que se aconselhava a tratar com um produto de
acção larvicida. Esta recomendação foi repetida na circular seguinte, para quem não tinha
efectuado o tratamento anterior. No posto das Cortes, o nível de capturas foi ligeiramente
inferior ao registado em 2008, mantendo os outros dois postos o mesmo nível de incidência.
A 16 de Junho o voo da primeira geração continuava activo apesar dos estragos serem
pouco visíveis, e na circular n.º 11 aconselhava-se a observar 1000 frutos ao acaso no pomar e
a tratar se 0,5 a 1% se encontrassem atacados.
Foram colocados casais em mangas de posturas a 23 de Abril, no entanto, não
resultaram posturas possivelmente devido ao facto das temperaturas serem baixas ao
crepúsculo e que impede o acasalamento deste insecto. Este facto foi visível pela observação
dos 1000 frutos, onde não se atingiu o NEA em nenhum dos POBs.
0
5
10
15
20
25
30
N.º
Cap
tura
s
Curva de voo do Bichado - 2009 CORTES
P. MÓS
CONQUEIROS
Figura 10 - Curva de voo do bichado em postos biológicos na região de Leiria em 2009.
20
Na segunda geração, o voo não registou dois picos bem definidos, como em 2008,
mas antes um crescendo gradual entre finais de Junho até à primeira semana de Setembro.
Na circular n.º 13 de 23 de Julho, referia-se que o voo do bichado continuava muito elevado
mas os ventos sentidos estavam a prejudicar a postura, aconselhava-se a observar 1000
frutos e a tratar se 5 a 10 frutos se encontrassem atacados, situação esta que foi reforçada na
circular n.º 14 de 7 de Agosto.
Por enquanto não se observa muita quebra de eficácia dos insecticidas utilizados no
seu combate.
LAGARTA MINEIRA (Phyllonorycter blancardella)
Confirma-se que desde que os pesticidas utilizados no combate a outras pragas sejam
oportunos, pouco agressivos para a fauna auxiliar e se rodem as famílias químicas dos
produtos, esta praga é perfeitamente controlável com poucos ou nenhum tratamento.
O desaparecimento do mercado de certas substâncias activas muito tóxicas para os
predadores desta praga fez descer significativamente a importância do seu ataque, de tal
maneira que nos últimos dois anos raramente verificamos ataques significativos desta lagarta.
Este ano a lagarta manteve-se em níveis pouco preocupantes e semelhantes ao
registado em 2008 (fig. 11). O posto das Cortes registou um aumento de capturas este ano
(mais de 400 capturas) ao passo que no posto dos Conqueiros o voo desta praga diminuiu.
Apesar do aumento do aumento do nível de capturas nas Cortes em meados de Julho,
não foi enviada uma circular de aviso a referir esta praga uma vez que não se atingiu o NEA
em nenhum dos postos observados: 100 galerias em 100 folhas.
21
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
N.º
de
capt
uras
Curva de voo da lagarta mineira - 2009 CORTES
P. MÓS
CONQUEIROS
Figura 11 - Curva de voo da lagarta mineira em postos biológicos na região de Leiria em 2009.
MOSCA DA FRUTA (Ceratitis capitata)
A mosca é considerada uma praga chave da macieira por atacar com intensidade
muito perto da colheita, existirem poucas soluções e o intervalo de segurança dos produtos
não permitir ao agricultor o seu combate de forma eficaz. Nesta região a praga encontra
hospedeiros e condições climáticas muito favoráveis ao seu desenvolvimento. Em 2008 o ano
não foi tão mau em macieiras como se esperava devido aos ataques inesperados em
variedades precoces do grupo gala. Os prejuízos apesar de existirem não foram maiores dos
observados em anos anteriores devido não só à grande sensibilização por parte dos
agricultores na aplicação no cedo de insecticidas bem como a utilização da captura em massa
e uso de medidas culturais para diminuir a densidade populacional desta praga.
Quer em 2007, quer em 2008, o voo teve início em meados de Julho, antecipando-se
um mês comparativamente a 2006, que foi um ano de baixa incidência da mosca. Este ano a
praga situou-se em níveis muito baixos. Só em meados de Setembro se registou um aumento
de capturas deste insecto, tendo sido até aí praticamente inexistente. O aumento registado
foi notório no posto dos Conqueiros que no final do mês registava 30 capturas/semana, ao
passo que em 2008 por esta mesma altura o nível de capturas era de 8 moscas. Este ano, no
posto de Porto Mós, no final de Setembro a armadilha sexual registava 10 moscas, valor
22
semelhante ao do ano anterior. Por último o posto das Cortes que em 2008 registou 30 a 35
moscas, nesta fase não passou das 5 moscas/semana.
0
5
10
15
20
25
30
35
N.º d
a cap
tura
s
Curva de voo da mosca da fruta - 2009 CORTES
P. MÓS
CONQUEIROS
Figura 12- Curva de voo da mosca da fruta em postos biológicos da região de Leiria em 2009.
É característico nesta praga ela intensificar-se a partir de meados de Setembro, altura
em que a maioria das variedades de maçã na região estão a entrar na maturação ou já se
encontram maduras e ficam mais susceptíveis. Este ano, os tratamentos para as variedades
do grupo gala e até das golden foram perfeitamente dispensáveis, o mesmo já não se poderá
dizer das fuji que são colhidas em finais de Outubro e onde os ataques da mosca justificavam
uma intervenção.
Na circular n.º 13 de 23 de Julho, aconselhou-se a não tratarem as maçãs uma vez que
não se justificava.
A 7 de Agosto referíamos que dado o rigor do Inverno, o nível de infestação desta
praga tinha baixado consideravelmente e que não se justificava a realização de qualquer
tratamento.
A 26 de Agosto, apesar do voo estar muito baixo, fizemos uma ressalva para quem
tivesse a variedade golden e desejasse tratar por forma a respeitar o IS dos produtos.
A ausência de ataques nos figos e nas prunóideas faziam adivinhar um ano sem
grandes problemas no combate a esta praga.
O frio excessivo que se fez sentir desde Novembro a Fevereiro com temperaturas
negativas e a chuva durante dias seguidos causou uma elevada mortalidade nas pupas, forma
através da qual esta praga permanece de um ano para o outro, resultando numa população
23
final muito baixa. Esta situação foi semelhante à observada em outras regiões do país
normalmente
Em todos os avisos emitidos se chamou a atenção para o cumprimento para com os
Intervalos de Segurança dos produtos uma vez que o ataque da mosca acontece junto à
colheita.
Em 24 de Outubro avisava-se os fruticultores a não deixarem frutos no chão dos
pomares ou das árvores, constituindo esta situação um viveiro para a mosca. Aconselhava-se
a enterrar ou destruir a fruta para diminuir a densidade populacional da praga para o ano
seguinte.
COCHONILHA S. JOSÉ (Quadraspidiotus perniciosus)
Continua a ser uma praga interdita na comercialização da fruta e como tal de
tratamento obrigatório nos pomares onde está instalada. Com a saída do mercado do
metidatião, uma das substâncias activas que melhor a combate tem-se manifestado uma
evolução da população em vários pomares da região.
A cochonilha apresenta-se muito localizada quer na região, quer mesmo dentro dos
pomares, obrigando o agricultor a fazer observações de forma a ficar a conhecer e a marcar
as árvores contaminadas.
A 17 de Março, perto do início da rebentação, altura em que as formas hibernantes
estão mais sensíveis, deu-se a indicação para ser feito um tratamento dirigido ao tronco e
pernadas com óleo de verão misturado com um produto à base de uma das duas substâncias
activas: clorpirifos ou fenoxicarbe.
Nesta Estação de Avisos o acompanhamento desta praga passa pela observação das
eclosões das jovens larvas conjuntamente com a temperatura média acumulada acima dos
7,3ºC, a partir de 1 de Janeiro. A curva de voo dos adultos machos nunca se conseguiu traçar
por a armadilha sexual com feromona, por razões que desconhecemos, não os capturar.
Colocaram-se as cintas armadilhas brancas à volta dos troncos no princípio de Abril e
detectaram-se as primeiras larvas em meados de Abril. Na circular n.º 7 de 23 de Abril referia-
se esta situação e aconselhava-se à realização de um tratamento nos postos onde ela se
localizava. Para o efeito o agricultor devia confirmar a presença da praga com a ajuda de uma
24
lupa de bolso. A temperatura estava a subir e a saída das larvas dá-se de forma mais rápida. A
temperatura acumulada para essa altura era de 521,8ºC e 606,5ºC em duas EMAs localizadas
em Leiria e Porto Mós, respectivamente, situando-se o primeiro valor dentro do intervalo de
valores estudado (500-525º) e o segundo acima.
A eclosão da segunda geração deu-se em meados de Julho com fraca incidência, tal
como vem sendo habitual nesta praga, e a 23 de Julho (circular n.º13) aconselhava-se a tratar
esta praga nos pomares onde ela estivesse presente. A temperatura acumulada rondava
nessa altura os 1170ºC em Leiria e os 1357ºC em Porto Mós, valores respectivamente abaixo
e acima do estudado -1270ºC- mas que não fogem muito daquele valor.
Todos os tratamentos são apenas dirigidos aos pomares onde se verifique a presença
da praga.
AFÍDEOS (Aphis spp.; Dysaphis plantaginea)
Dos vários piolhos que atacam as pomóideas o mais preocupante é sem dúvida o
cinzento devido à deformação que provoca nos raminhos terminais e frutos que acaba por os
proteger dos tratamentos. A sua presença nos nossos postos de observação não tem
alcançado níveis preocupantes, no entanto, todos os anos fazemos referência a este afídeo. A
23 de Abril a circular de aviso aconselhava à observação de 100 folhas e a tratar o piolho
verde se 15% dos ramos estivessem infestados, ou, no caso do piolho cinzento à sua presença
antes das folhas começarem a ficar enroladas.
Novamente este ano detectamos uma elevada infestação de afídeos em Abril
ultrapassando o NEA em todos os nossos postos de observação. Esta praga aprecia órgãos
verdes e tenros e a chuva ocorrida na Primavera favoreceu este desenvolvimento. A 8 de
Maio (circular n.º 8) mantinha-se a recomendação da circular n.º 7. O tempo continuava
chuvoso e os pomares verdejantes.
A 16 de Julho notava-se um ataque intenso desta praga em alguns pomares, na maior
parte dos casos de piolho verde aconselhava-se novamente à observação de 100 rebentos e a
tratar se mais de 15% estivessem atacados.
25
ÁCAROS (Panonychus ulmi Koch)
As eclosões nas tabuinhas tiveram início no princípio de Abril, mais tarde do que em
2008 devido ao frio que se fez sentir. O pico das eclosões ocorreu em meados de Maio,
embora no campo não se tenha verificado este facto. Detectamos no posto dos Conqueiros a
6 de Abril a presença de aranhiço, com intensidade, em variedades vermelhas. Como o seu
controlo deve ser feito logo de início, aconselhou-se, a 23 de Abril, à realização de um
tratamento referindo a saída das ninfas que com o aumento da temperatura se iriam
intensificar. Devia o agricultor de observar 100 folhas do terço inferior do ramo e tratar se 50
a 65%, ou, 40% em pereira, se encontrassem infestados. Esta população manteve-se baixa nos
postos biológicos. Os pomares encontravam-se verdejantes, a chuva não favorece o
desenvolvimento desta praga exercendo antes um efeito de lavagem. A 8 de Maio (circular
n.º 8), mantinha-se a recomendação da circular n.º 7.
A 16 de Junho (circular n.º 11), refere-se a observação de focos de infecção em alguns
pomares recomendado vigilância através da observação de 100 folhas seguindo os mesmos
moldes das circulares anteriores, acrescentando ainda que o tratamento deverá ser feito caso
a caso e nas primeiras fases do desenvolvimento, a tratar se observassem, com a ajuda de
uma lupa de bolso. Detectamos a sua presença em todos os pomares em níveis mais elevados
do que em 2008, no mês de julho. O tempo durante a campanha foi mais favorável e os níveis
populacionais atingiram o NEA nos nossos postos de observação. A aplicação de produtos à
base de abamectina também têm contribuído para manter a praga em níveis aceitáveis.
A 23 de Julho (circular n.º 13) voltou-se novamente a referir esta praga. Verificavam-se
ataques intensos em pomares alguns deles já bronzeados, caso dos Conqueiros, fase onde o
seu controlo já não é possível. Aconselhava-se a intervir se observassem 2 a 3 formas móveis
em 45-50% das folhas do terço superior dos ramos, na macieira, ou em 30% das folhas na
pereira.
Os níveis desta praga foram superiores este ano comparativamente a 2008. Em Agosto
registavam-se infestações com alguma intensidade nos postos de Conqueiros, Cortes e Porto
de Mós.
26
2.4.2-2- DOENÇAS
PEDRADOS (Venturia spp.)
Desde 2006 que, devido às Primaveras chuvosas, o pedrado se tem manifestado de
forma mais ou menos intensa nos nossos pomares. O seu controlo apertado logo de início é
preponderante para dominar este inimigo.
Apesar da chuva ocorrida, este ano o pedrado não foi tão difícil de controlar como em
anos anteriores. Valendo para o efeito um controlo apertado logo de início de forma a evitar a
instalação da doença nos pomares. Quem assim fez chegou ao final sem grandes prejuízos.
O aumento de produção registado este ano, devido às boas condições de temperatura
e humidade ocorridas durante a floração e vingamento, obrigou a uma monda de frutos que
incidiu naqueles que apresentavam sintomas de pedrado, compensando esta perda no maior
calibre registado pelos outros frutos.
Este ano não foram detectados tantos períodos de infecção como em 2008, no
entanto, a chuva caiu de forma intensa gerando infecções mais graves (Fig. 13).
A 6 de Março foi enviada a circular n.º 3, onde se fez referência às variedades de
macieiras mais precoces que se encontravam no estado fenológico C3-D (escarchamento do
gomo – botão verde) e aconselhava-se a tratar se as condições climáticas decorressem
desfavoráveis ao desenvolvimento desta doença. Enviou-se aqui a listagem das substâncias
activas homologadas para o pedrado.
A 2 de Abril, circular n.º 5, referia-se que os pomares se encontravam de uma forma
geral adiantados aumentando também a sua susceptibilidade à doença. Apesar da Primavera
não estar a ser muito chuvosa, foi detectada a primeira mancha de pedrado nas pereiras a 30
de Março, devido aos orvalhos matinais que se fizeram sentir. A previsão de chuva para a
semana seguinte justificava um tratamento preventivo.
O primeiro período de infecção ocorre entre 12 e 18 de Abril onde a chuva caiu de
forma consecutiva provocando infecções graves. Como o tempo decorria muito frio só se
esperava o aparecimento das primeiras manchas a partir dia 29 de Abril tendo-se deito
referência a esta data na circular n.º 6 de 15 de Abril. A circular de 23 de Abril (n.º 7),
lembrava ao agricultor o tratamento daquele dia. Só a 4 de Maio foram observadas manchas
de pedrado em macieira no pomar das Cortes.
27
O segundo período de infecção ocorreu de 27 a 30 de Abril devido às chuvas ocorridas
em vários locais da região. Previa-se o aparecimento de manchas a 9-10 de Maio. Foi enviado
um sms a 8 de Maio para travar essas infecções e as que pudessem ter ocorrido no fim-de-
semana como tratamento stop. Neste dia foi ainda enviada uma circular de aviso (n.º 8) a
referir esta situação mencionando, para quem não tivesse tratado, a efectuá-lo com um
produto de acção mista.
A chuva que caiu entre os dias 11 e 17 de Maio, foi inconstante em vários locais da
região e deu início ao terceiro período de infecção desta doença. A instabilidade que se sentia
nessa altura e o elevado número de manchas verificado nos pomares da região, justificou a
referência a esta doença na circular de 15 de Maio. A previsão das manchas a 23 de Maio
justificava a renovação do tratamento aconselhando-se um produto sistémico ou misto.
Na circular de 27 de Maio mencionava-se a previsão de chuva a partir da próxima
semana e aconselhava-se à renovação do tratamento de forma a prevenir esta infecção que
se veio a confirmar a 5 de Junho com as manchas a preverem surgir a 15 de Junho. Este
quarto período de infecção ficou, portanto, coberto para quem tratou.
As chuvas ocorridas entre os dias 11 e 13 de Junho provocaram infecções. Dá-se início
ao quinto período de infecção. Foi emitido um sms para tratarem de forma a travar a infecção
nas 24-48 horas seguintes com um produto de acção curativa. Na circular n.º 11 de 16 de
Junho, referia-se para quem não tivesse efectuado o tratamento por aquela via, para tratar de
imediato com u produto de acção curativa.
A partir de 28 de Junho choveu durante alguns dias dando início ao sexto período de
infecção. A circular n.º 12 de 1 de Julho, aconselhava a tratarem os pomares que se
encontrassem desprotegidos contra esta doença. Embora nesta fase os frutos já se
encontrassem menos sensíveis ao pedrado, o mesmo não acontecia com as folhas e é sobre
elas que permanece o inóculo de um ano para o outro. Previa-se a ocorrência de manchas
para o dia 6 de Julho.
A 23 de Julho, circular n.º 13, informava-se que quem tivesse tratado a quando da
emissão do sms, a 20 de Julho, se encontrava protegido relativamente às infecções ocorridas
nos dias anteriores. Este foi o último período de infecção que teve início a 20 de Julho e se
previa a ocorrência de manchas no final do mês. Aconselhava-se, aqui, à realização imediata
de um tratamento para quem o não tivesse efectuado na altura em que foi emitido o sms.
28
O último aviso para o pedrado foi enviado a 11 de Novembro onde se aconselhava a
realização de um tratamento à base de ureia a 5% molhando bem as folhas nas árvores, bem
como as já caídas, favorecendo a sua decomposição.
sms sms
27 9 12 20
sms
12 29 11 23 5 15 28 6 20 28
1 MAR 15 MAR 1 ABR 15 ABR 1 MAI 15 MAI 1 JUN 15 JUN 1 JUL 15 JUL 1AGO
CANCRO (Nectria galigena)
Nos anos chuvosos e nas variedades mais susceptíveis sabe-se que esta doença se
desenvolve mais activamente.
Como não existem produtos que combatam esta doença, o modo de actuação passa
pela aplicação de medidas profilácticas que controlem a sua dispersão.
O tempo chuvoso, a geada e o frio são factores que aumentam o risco de
disseminação pelo que, a 22 de Janeiro foi dada uma indicação para limpeza de feridas e
aplicação de cobres de forma a impedir a entrada dos esporos.
A 11 de Novembro chamava-se à atenção para limparem e desinfectarem bem as
feridas existentes bem como as provocadas pela poda. As feridas causadas pela queda das
folhas também são uma porta de entrada a este agente e que este tratamento também vai
proteger. A queima dos ramos com cancro também vai cortar o ciclo de vida deste parasita.
Figura 13- Períodos de infecção de pedrado ocorridos em 2009.
AVISO AVISO AVISO AVISO AVISO AVISO AVISO 6MAR 2 ABR 8 MAI 15MAI 27MAI 16JUN 1 JUL
29
2.4.3- OLIVEIRA
2.4.3.1- PRAGAS
TRAÇA DA OLIVEIRA (Prays oleae)
Esta praga tem 3 gerações distintas e o seu desenvolvimento está estreitamente ligado
à fenologia da cultura.
As larvas da geração filófaga começaram a aparecer no início de Março, altura em que
terminam a fase mineira e começam a roer as folhas e os rebentos dos ramos jovens para
completarem o seu desenvolvimento. Na observação de 100 raminhos, o número de galerias
observadas atingiu um máximo no início de Abril. O tratamento a esta geração só se justifica
em olivais novos por poder comprometer a sua formação.
Se em 2008 o índice de capturas foi significativamente abaixo do observado em 2007,
em 2009, este índice foi significativamente mais elevado nas duas últimas gerações. Registou-
se uma primeira geração –a antófaga- que foi fraca e que decorreu entre meados de Março e
início de Maio (Fig. 14), com o posto de Pombal a assinalar o maior índice de capturas. Os
adultos da geração filófaga fazem as posturas nos botões florais e as lagartas alimentam-se
das peças florais tecendo de seguida uma teia à sua volta para puparem. A oliveira floresceu
muito, as condições meteorológicas foram favoráveis na altura da floração-vingamento dos
frutos pelo que a 23 de Abril (circula n.º 7), se referia que o tratamento só deveria ser
realizado em olivais com um baixo índice de floração. Não se atingiu o NEA. Normalmente
esta geração funciona como uma monda natural dos frutos.
0
50
100
150
200
250
300
Alcanadas
Porto Mós
Pombal
Alvaiázere
N.º
de
Capt
uras
Figura n.º 14 - Curva de voo da traça da azeitona em Leiria em 2009.
30
A segunda geração, a carpófaga, ataca os frutinhos e provoca a sua queda quer à
entrada como à saída das larvas. O voo da segunda geração foi mais intenso este ano do que
em 2008, 2007 e 2006 nos postos de Porto Mós e Alvaiázere e menos intenso em Pombal.
Este tratamento deve posicionar-se logo a seguir ao pico de voo antes da lenhificação do
caroço. O pico do voo deu-se sensivelçmente a 9 de Junho, e a 16 (circular n.º 11) foi referida
esta situação e aconselhava-se a tratarem quando o fruto tivesse dimensão de um grão de
pimenta.
Tem-se verificado que os ataques de traça não causam prejuízos de maior na região e
os tratamentos só pontualmente se justificam, no entanto, dada a complexidade das
observações a efectuar, não é possível ao agricultor acompanhar a praga sozinho pelo que, na
dúvida, trata.
Como já vem sendo habitual, durante os meses de Julho e Agosto não se registaram
praticamente capturas nas nossas armadilhas, e a última geração – filófaga- registou valores
elevados em Alvaiázere, atingindo as 250 capturas numa semana quando em 2008 não
passou das 50.
MOSCA DA AZEITONA (Dacus oleae)
A mosca continua a ser a praga chave dos olivais da região e responsável por perdas
de produção. Este ano o voo da mosca foi significativamente mais baixo comparativamente a
2008, assim como o número de frutos atacados.
A curva de voo deste ano (Fig. 15), comparativamente a 2008, revela um índice de
capturas de adultos nas armadilhas inferior, assim como o índice de frutos de picadas nos
frutos, apesar das condições de temperatura terem sido favoráveis às posturas não se tendo
verificado picos de calor que em 2006 foram responsáveis pela elevada mortalidade de ovos e
larvas.
Existe uma certa sincronia nos picos de mosca registados entre os postos de
observação, mas surgiram mais tarde comparativamente a 2008 e em maior número. Este
ano o primeiro pico comum a todos os postos surgiu no início de Setembro, ao passo que em
2008 foi em Junho. O índice de capturas foi sensivelmente igual ao do ano anterior com um
máximo de captura entre 50 e 70 por semana a ser atingido no posto das Alcanadas e porto
Mós.
31
A 7 de Agosto, referia-se no aviso que apesar do voo da mosca se encontrar abaixo do
que é habitual, tinha-se atingido o NEA: 8 a 12% de formas vivas, em alguns postos e
aconselhava-se, nas variedades mais precoces, ou em olivais para conserva, à realização de
um tratamento.
Na circular de 6 de Agosto (n.º 15), referia-se que o voo continuava baixo, alertando
para estar atento ao aumento de picadas e a tratar se verificar esse aumento.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100 Alcanadas
Porto Mós
Pombal
Alvaiázere
N.º
de
capt
uras
Figura n.º 15 - Curva de voo da mosca da azeitona em Leiria em 2009.
A 24 de Setembro (circular n.º 16), referia-se que o voo desta praga se situava abaixo
de que é habitual contribuindo para isso o rigor do Inverno, baixas temperaturas durante dias
consecutivos juntamente com o ocorrência de chuva que provocaram uma elevada
mortalidade das pupas. Verificava-se nesta altura uma humidade relativa muito baixa, apesar
da temperatura não ser muito elevada, e que limita muito a taxa de sobrevivência desta
praga. O voo da praga tinha aumentado nessa semana, assim como o número de frutos
picados com elevado número de ovos, sinal de que nova geração se estava a iniciar. Chamava-
se a atenção para a realização de um tratamento aos olivais que se encontravam
desprotegidos.
Quer nos olivais tratados quer nos não tratados, a azeitona não se apresentou muito
picada este ano comparativamente a 2008.
Na circular de 15 de Outubro (n.º 17) referia-se que devido ao bom tempo que se fazia
sentir, muito favorável ao desenvolvimento da praga, tinha-se atingido um pico de voo,
observando-se também um aumento do número de frutos com ovos e larvas vivas. O NEA foi
32
atingido em todos os postos de observação biológicos. Aconselhava-se a tratarem tendo
atenção ao IS dos produtos a aplicar.
O panorama desta praga não foge ao observado em anos anteriores. Quem trata tem
azeitona de boa qualidade e azeite de baixa acidez, quem não trata tem muita queda de fruto
e azeite de péssima qualidade.
CARUNCHO (Phloeotribus scarabaeoides Bernard)
Não foi um ano onde os ataques desta praga se tivessem observado de uma forma
especial como em anos anteriores. Os agricultores começam a ter a noção correcta de que
deixar a lenha da poda no olival é fomentar o desenvolvimento desta praga.
Não existem produtos químicos homologados para o combate do caruncho, passando
o seu controlo pela aplicação de medidas culturais. Nesse sentido foi aconselhado a 6 de
Março para não deixarem a lenha da poda junto ao olival pois é nessa lenha que este parasita
se desenvolve.
A 15 de Abril (circular n.º 6) aconselhava-se a queimar a lenha da poda se observasse
serrim, sinal da sua actividade, antes de os adultos saírem para atacar a rebentação nova na
axila dos ramos, comprometendo a formação a produção, principalmente em árvores jovens.
COCHONILHAS
As cochonilhas que se acompanharam com mais atenção no olival são o algodão e a
cochonilha negra. Ambas devem ser combatidas respectivamente antes da formação do
algodão e da carapaça que as protege contra os tratamentos impedindo que os produtos as
atinjam directamente.
O algodão tem cerca de uma a três gerações por ano e inicia a sua actividade em fins
de Fevereiro início de Abril. A 23 de Abril deu-se indicação para tratarem o olival, caso
observassem mais de 25% de inflorescências atacadas em 120 observadas pulverizando em
alta pressão sobre as colónias caso apresentasse ataques desta praga, mas de forma
localizada, com um produto que combatesse simultaneamente a traça.
O tratamento da cochonilha negra (H), que habitualmente apresenta uma
geração/ano, passa pela detecção da saída das larvas e deve incidir quando se atinge o pico
33
da sua saída para abranger um maior número de larvas. Quando estas se fixam e começam a
ganhar a carapaça ficam imunes aos tratamentos. São marcados alguns ramos com fêmeas
adultas para facilitar a detecção daquele momento. Este ano o aviso saiu a 16 de Junho, na
mesma altura que em 2008-, aconselhado a observarem as pequenas larvas junto às fêmeas
adultas. Esta eclosão poderá demorar cerca de 3 semanas, portanto, em olivais muito
atacados poderá justificar um segundo tratamento.
Os ataques desta praga são pontuais e controláveis, apesar dela se encontrar em
progressão nesta região. O ferrujão que ela provoca, devido à formação de fumagina, é
responsável por uma diminuição da produção por interferir com a fotossintese dificultando
que a seiva elaborada chegue a todos os órgãos da árvore.
2.4.3.2- DOENÇAS
GAFA (Gloeosporium spp)
A gafa é uma doença de grande importância económica. Ataca os frutos que ficam
enrugados e acabam por cair com facilidade. Se o ataque é intenso os ramos podem ficar
desprovidos de folhas acabando por secar. Cultivares como a galega são muito susceptíveis
aos ataques da gafa.
O ano de 2009 não foi tão seco como 2008 no Verão, mas os meses de Setembro e
Outubro foram secos e quentes, não facilitando o estabelecimento desta doença que
necessita de água da chuva para dissolver a massa gelatinosa que envolve os esporos
deixando-os livres para efectuarem as contaminações.
A gafa não foi problema na região que se traduziu na boa qualidade de azeite na
região, contrariamente ao que aconteceu em 2006, onde a queda de chuva de forma contínua
provocou graves ataques em zonas do país onde habitualmente ela não é problema. Os
agricultores encontram-se muito sensibilizados para esta doença pelo que iniciam os
tratamentos mais cedo reduzindo o risco de desenvolvimento desta doença.
Fez-se uma primeira referência a esta doença a 24 de Setembro (circular n.º 16). A
azeitona estava a mudar de cor e previa-se a ocorrência de chuva para o fim-de-semana
aconselhando-se a aplicação de produtos à base de cobre. Os orvalhos e nevoeiros matinais
quando contínuos também podem provocar infecções. A 15 de Outubro (circular n.º 17)
emitiu-se uma circular a referir esta doença, o olho de pavão e a cercosporiose, todas
34
desencadeadas através da queda da chuva. Como se previa queda de chuva a partir da
próxima semana com um fungicida à base de cobre.
Foram observados alguns ataques pontuais de gafa. O posto de Porto Mós foi aquele
que mais focos de infecção revelou tendo sido também onde o ataque de mosca foi mais
intenso.
OLHO DE PAVÃO (Spiloceae oleagineae)
Esta doença desenvolve-se melhor com a Primavera e Outono chuvosos e
temperaturas entre os 10 e 15ºC. Tal como em 2008, a Primavera foi chuvosa mas o final do
Verão foi muito seco equilibrando a incidência desta doença. Alguma desfoleação observada
no início vegetativo, bem como contaminações que permaneceram latentes durante o Verão,
não se manifestaram de forma intensa no final do ciclo da cultura. A variedade galega
apresenta-se muito resistente a esta doença contrariamente à cobrançosa e picual.
Foi aconselhado um tratamento a 6 de Março referindo a necessidade de proteger o
olival nesta fase contra o olho de pavão a fim de evitar futura queda das folhas, utilizando
produtos à base de cobre, zirame ou difenoconazol. Este ano não reforçámos tantas vezes
esta doença como em 2008 uma vez que a Primavera não foi tão chuvosa. A variedade
cobrançosa está muito difundida pela região e é muito susceptível aos ataques deste fungo.
No final de Verão a 15 de Outubro (circular n.º 17) referia-se que o tratamento para o
olho de pavão e cercosporiose é preventivo, devendo acontecer antes das primeiras chuvas
pelo que se aconselhava a fazê-lo pois a previsão era de chuva para os próximos dias.
É importante que o agricultor recorra às práticas culturais de forma a favorecer a
ventilação das copas através de uma poda arejada, prevenindo a incidência de doenças.
CERCOSPORIOSE (Cercospora cladosporioides)
É normalmente no Outono que esta doença ganha expressão ficando a página inferior
das folhas enegrecidas e a página superior amarelecida ocorrendo depois a desfoleação. Este
ano devido à Primavera chuvosa começaram a verificar-se fortes ataques de cercospora no
cedo.
No final de Verão a recomendação de 15 de Outubro para o olho de pavão e gafa fazia
também referência a esta doença. Não se fazem tratamentos exclusivos para a cercospora
35
uma vez que os produtos que combatem a gafa e o olho de pavão também a controlam.
Considera-se importante a sua referência para a sua correcta identificação. A variedade
galega é susceptível a esta doença principalmente em zonas húmidas como é o caso dos
olivais da região de Ansião.
2.5 – Balanço fitossanitário
Quadros resumo dos tratamentos
Nos quadros n.º 1, 2 e 3 estão indicadas as datas em que foram emitidos avisos com
referência, respectivamente, aos inimigos da vinha, pomóideas e olival, abrangendo todas as
estratégias de luta. Estão definidos o número de tratamentos para cada inimigo. Os
tratamentos condicionados estão identificados por alguns símbolos.
Quadro 1- Quadro resumo das datas dos avisos referentes à vinha na campanha de 2009.
Data/ inimigo
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez N.º de trat.
Míldio 2,23
8, 15 27
1 5
Escoriose M.P. 22
17 1
Botrytis 27 23 26 3
Oídio
2,23
15,27 16 1, 23
7
Traça 15 16* 26 2+1*
Coch. Algodão
22* 1*
*-Tratamento condicionado M.P. –Medidas Profilácticas
VINHA
36
Quadro 2 - Quadro resumo das datas dos avisos referentes à macieira em 2009.
Data/ Inimigo
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez N.º de trat.
Cancro 22 11 2
Pedrado 6* 2,23
8, 15 27
16 1, 23 11* 8+2*
Aranhiço vermelho
INV 17
23* 8* 27*
16* 23* 1+5*
Piolhos INV 17
7, 23*
8* 16* 2+3*
Coch. S. José
INV 17
23* 23 2+1*
Bichado 8, 15*
16* 23* 7* 1+4*
Mosca da Fruta
28* 1*
* -Tratamento condicionado INV. –Inverno; MC – Medidas Culturais
Quadro 3- Quadro resumo das datas dos avisos referente ao olival em 2009.
Data/ Inimigo
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez N.º de trat.
Cercospori- ose
15 1
Gafa 24 15 2
Olho de pavão 6 21 15 3
Mosca 7, 26*
24 15 3+1*
Traça 23* 1
Caruncho 6
15 MP
1
Coch. negra 16* 1*
Coch. Algodão 23* 1*
MP- Medidas Profilácticas
Pomóideas
Oliveira
37
3- OUTRAS ACTIVIDADES
3.1- Condicionamento da vinha
Em 2009 continuámos a assegurar o serviço do condicionamento do plantio da vinha
na região de Leiria. Teve início este ano o primeiro período de candidatura ao arranque
definitivo da vinha que decorreu entre 1 de Junho e 31 de Julho.
A afluência de pessoas não foi tão elevada como em 2008 e todos os utentes foram
atendidos em tempo útil. A candidatura ao arranque da vinha pressupõe a regularização de
todo o património vitícola do candidato, ou seja, todas as parcelas de vinha devem ter
enquadramento legal. Todos os procedimentos são efectuados numa aplicação informática
sendo no final atribuído ao agricultor o registo vitícola do seu património.
- Não se verificou desfazamento entre a atribuição do registo vitícola e o período de
candidatura. A actualização do registo vitícola efectuou-se sem compassos de espera,
contrariamente ao que verificou em 2008.
- Continua a faltar meios informáticos, nomeadamente um computador e daqui para a frente,
de meios humanos, uma vez que os dois técnicos já têm a seu cargo outro serviço e
compromissos que não podem ser descurados, de forma a tornar o serviço mais expedito.
- O período de candidatura incidir numa altura de férias não é deforma alguma uma vantagem
para a execução deste serviço sem contratempos.
- Continuou a verificar-se alguma, descoordenação entre os serviços, nomeadamente IVV e
DRAPCentro, na delegação de alguma informação.
Este período de candidatura beneficiou de não ser o primeiro, e da maioria das
situações serem idênticas às registadas à do ano anterior.
Para além do registo vitícola, ficaram os técnicos com a responsabilidade de
recepcionar as candidaturas fazendo uma primeira abordagem aos documentos exigidos na
candidatura, ficando um dos técnicos com a responsabilidade de analisar
pormenorizadamente cada candidatura e observar se toda a documentação estava conforme
e caso assim não se encontrasse redigir cartas de audiência prévia a solicitar a documentação
em falta num prazo definido.
38
As vistorias ao campo ficaram a cargo dos técnicos do condicionamento da vinha e
foram feitas a 30% dos candidatos ao prémio de arranque tendo sido seleccionados de forma
aleatória.
Foram efectuadas as vistorias pós arranque a todos os candidatos do período de
candidatura 2008/2009, não existindo nenhuma situação irregular ou de conflito. Até ao fim
do ano, apenas 3 dos 22 candidatos ainda não tinham recebido o prémio ao arranque devido
a questões alheias a este serviço, relacionados com a atribuição do NIFAP.
3.2- Acções de sensibilização / Divulgação das metodologias utilizadas nos
avisos
A Estação de Avisos de Leiria interviu em diversas acções de sensibilização/divulgação
que visaram o esclarecimento de algumas metodologias aplicadas por esta Estação de Avisos:
- 5.º Encontro da Estação de Avisos de Leiria – 12 de Março – St. Antão - Batalha
- Visita de estudo à Estação Meteorológica de Abiul – 8 de Outubro - Pombal
3.3 – Ensaios inseridos na candidatura da ex-DRABL ao Programa Agro
Na sequência da candidatura da ex- DRABL à acção 8.2 – Medida 8 do Programa AGRO
que visou a Modernização e Reforço da Capacidade do Serviço Nacional dos Avisos Agrícolas,
a Estação de Avisos de Leiria participou em vários ensaios, que tem mantido, destacando-se
este ano:
- Na oliveira, a validação da captura em massa, como método biotécnico alternativo ao
controlo da mosca da azeitona.
- Nas pomóideas, o estudo comparativo de dois métodos de captura em massa com recurso
a garrafas de polietileno e copos tephry no controlo da mosca da fruta.
Estes trabalhos foram fruto de relatórios à parte.